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=|CIDADANIA _|E TEORIA DEMOCRATICA Wiadimir Rodrigues Dias Cidadania e democracia s30 conceitos que tém percursos historicos interligados. A ideia de democracia perpassa as, sociedades contemporaneas, ainda que somente se pos- sa estabelecer algum consenso sobre seu contetido em linhas bastante gerais e amplas. Cidadania é, igualmente, elemento de base nas organizagées politicas modernas, expressando, no plano conceitual, situaco politico-social, do individuo em fungao dos direitos que detém e da con- sideracao social a que se sujelta. Reflete, pols, condicao Ue inaiy ou inetioy igualdade que enivulve, ent complexe relacéo, teias de direitos civis, politicos e socias. Conquanto cidadania e democracia nao sejam termos ‘unlvocos, ¢, todavia, cabivel o estabelecimento de discur- sos descritivos em torno de suas possibilidades conceitu- ais, tanto mais em um cenario no qual a filosofia politica, se desenwolve no dominio da histéria conceptual! Cidadania pode, nesse sentido, ser definida como um "es- ‘atuto oriundo do relacionamento existente entre pessoa ‘er am: PRES, EB Eri de um programs de flsoia politi. Reta itsoca de Coma, r. 36, p. 259296, 2009, formar. p. 260, Nase sari, cor fome 0 aii 0 “edaecerconcatos nose domino Sniicaia aproptat une twadcio ela evden: un enredo temo, em que nos props nes Starrs. O saber iosonco-pto seta una vara eleva Jo set St fe imporseia ua ands do presente mediante o exdarecrento ca fetividade histérca do pasado" [ics onatesnocti natural, ordem politica e sociedade, fundamentado no direito e no principio da igualdade.”? Envolve, assim, um sentido geral entremeado por dimensoes distintas a que 0 cidado se sujeita nas searas politica, jurdica, filos6fica ou econémica. Perpassa-o, de um lado, uma ideia de igual dade, de sujeicdo de todas as pessoas a um mesmo esta- tuto no ambito da comunidade politica. De outro lado, complementarmente, ha 0 entendimento da cidadania como "0 direito a ter direitos.”? E 0 cidadao 6, assim, “um membro de uma comunidade politica com direitos e deveres associados a esse fato."* Casimiro Ferreira recorda que, ligados ao termo, com- Gem um portfolio mais ou menos amplo valores como universalismo, comunidade, identidade e pertenca, além de instituigdes como o Estado Nacional, o Estado de Direi- 10 €0 Welfare State, Envolvem pertencimento simultaneo a sociedade civil e 8 comunidade politica, © que implica uma cidadania sedenta por politicas de reconhecimento, ¢ incluso ‘A cidadania moderna comporta dois aspectos, a saber: tum, de matriz republicana, inerente aos compromissos, morais do individuo com a coletividade a que pertence; e outro, relacionado a seu direito de participar da definicao, dos rumos da sociedade politica, o que conduz ao vinculo, entre cidadania e democracia © SWAB (Cord. Deer de tach deo FO MEC 1987 B ARENDT, 0 stem train. Lisboa: Dom Quato, 1978 GIDDENS, A. Socio, Lisboa Fundacso Cause Gulbenion 2013. . 1223. FERERA, AC. ote «sozscade tora zeci tara de austere, Po Veda condmica, 2004 BROGAN, D.W iicanshiotody. Chapel Hi: Uni. Noth Carlin res, 1960 \Verifica-se nas primeiras décadas deste século um proces- 0 de afirmacéo da cidadania e consolidaco do modelo democratico em escala mundial, na sequéncia de uma di- ‘Fuso em espiral das democracias de massa no século XX.” Estabelecer a democracia como principio legitimador € unificador de uma gramatica politica conducente & universalizagio" nfo sé dissimula sua polissemia, como suscita atengao sobre seus contextos de aplicagao.® Im- ée, ainda, a possibilidade de reflexdo ampliada sobre 0 tema", posicionando-o além do modelo basico estandar- tizado pela cultura politica norte-ocidental, e ensejando disputas alargadas em tomo de sua apropriacao social ‘Apesar de a experincia historico-social evidenciar, desde © século XIX, 0 crescimento de um tipo de organizacso, politica dito democratico, a discusso sobre seus limites, sua eficacia 0 acompanha, mormente desde meados do seculo XX. Irata-se, Tundamentaimente, de um pro- cedimento constituido por eleigdes livres a intervalos re- gulares, segundo regras socialmente reconhecidas, culos, resultados devem ser pacificamente acatados pelos con- tendores, em um contexto de pretensa universalizacdo da cidadania." Pugna-se, conforme tal modelo, pela prevaléncia de um principio de garantias miituas entre adversarios, 0 que SANTOS, WG. doe: Govemabiesao 0 aamcracia natural iso ana 2007. p69 HELD, D. Medel af democracy. Sanford alt: Sanford Univesity Pres, 1987. ESPANA A.M. Cura jure europea ints de un ini, Lisboa Euepa ‘ec, 2003p. 1920. SANTOS, 8. des. AMRITZER.L (Org). Democtizna demacac: 9 caminhas da ‘emocraca particpatv. Ro de ln: Catzach Baa, 2009, ‘SANTOS, WG. dos, op. p70. Pécs ents senate implica nao apenas a transitoriedade de quem exerce © poder, mas a expectativa de que cidadéos e grupos politicos minoritérios possam se tornar ~ e, eventual & efetivamente, se tornem -, maioria a governar. Nao hd preocupacao de conferir um sentido forte a nogéo de ci dadania ou dimensées mais densas 2 ideia de governo do ovo, mas, pelo contrério, muitas vezes se admite uma concepgso democratica de cardter elitista, restrita @ re- presentacao politica e 3 agenda formulada por governos, © agéncias estatais. ssa posi¢éo consolidada decorre de um percurso histori co recente, mediante 0 qual, desde o século XIX e até as, primeiras décadas do século XX, a conveniéncia da demo- cracia fol debatida.” A partir da metade do século passa- do e, de maneira mais contundente, desde a década de 1970", a leaitimidade de qualauer reaime politico passa a requerer uma justficagao democratica, assim como, no plano da teoria politica, a democracia ¢ tematizada, po- dendo-se alocar experiéncias e desenvolvimentos tebricos, rnesse campo consoante posicBes assumidas em torno de conceito, contetido e alcance do termo, Ha, atualmente, intensa discussao a respeito da demo- cracia, nomeadamente as experiéncias empreendidas sob a formula representativa desde aproximadamente duzentos anos, Debate-se certa exaustdo desse modelo, no bojo de uma crise mais ampla das instituices jurid co-politicas de base ocidental. Busca-se, adicionalmente, alternativas capazes de superar seus limites, pela via da ampliagao da cidadania, incluindo-se a adoc3o de po- liticas de incluséo social, de reconhecimenta e didlogo 12 era espe, entre curs, em MUL 1980) TOCQUEVILE 1977, WEBER (1905, SCHUMBETER (7961), PRRETO (1968), KELSEN (2000), MICHELS 2002) 13. SANTOS, WG. dos opt multicultural, e, ainda, pelo alargamento da participacso democratica E que, mesmo ante o apontado prestigio da democracia, (05 modelos vigentes tém se defrontado com imputacdes acerca de sua legitimidade e funcionalidade."* Apontase ‘um esgotamento dos modelos restrtivos de democracia, a qual é afirmada como deficitaria,ilegitima, em crise e submissa & funcao de regulacSo social’, pressionada, ain- da, pelo individualismo extremo e por fundamentalismos, de toda sorte." ‘As propostas que ambicionam permitir uma cidadania en corpada e induzir mais participacéo na esfera politica, em espagos tradicionalmente ocupados pela representac3o eleita, tém origem diversa, mas confluem no sentido da adocéo, institucional e procedimentalizada, de instrumen- lus yur pertiten au cidadau uu a yrupes suis, orga = zados ou nao, atuar diretamente em parcela dos negécios piblicos a contribuir para escolhas e decisées no sisterna politico. afrontando as linhas limitadoras que demarcam a democracia representativa AA formula tradicional de democracia representativa tem alicerce na experiéncla de determinados Estados europeus @ americanos e em concepcbes tedricas que a justficam. Sob essa concepcgo, cidadania consiste em liberdade DIAS, WR. Daexracia na sokade conternperdnea. Cobra: Cento de stu os Sec Unease Combra, 2015, Paper. SAQTDS, 8. eS. Renarar 2 tori erica a enna a emancpagso soc Sto Paulo Botempe, 2007 MOURE, C. Deliberative democracy and agonistic democracy. Vina: tite of ‘vanced Stuies, 2000, [és snate snort ws 7 8 19 » a individual e igualdade juridica, em uma sociedade que nao se reconhece como comunidade politica, mas que a ela se ope, No por acaso, a cidadania civil se sobrep6e @ po- Itica, no mais das vezes limitada & participacao eleitoral Na ideia de governo representativo, tal como concebida nos debates e nas teorlas que surgiram nos séculos XVII e XIX, ha evidente propésito de incitar a formacgo de go- ‘vernos limitados e responséveis, embora no propriamen- ‘te democraticos"” ou identificados com a ampla difusso da cidadania Essa concepg3o combina dois tipos de fundamentos."* Um, que adota uma viséo da representacao como dele- gacdo, e que defende a existéncia de instancias de poder elitizadas e concentradas, aliada a eleicéo de represen- tantes, como momento legitimador. E outro, no qual 0 papel Ya civarlania € ines relevarite, Yue reiviniva uiia organizagao do poder de forma a harmonizar represen tantes eleitos, insttuigSes formais e intervencao de atores, socials. ainda que informalmente. na arena deliberativa. 8 maneira da conjugacao de eleic6es periddicas ¢ interacao, comunitaria a que se refere Paine'®, ou da cidadania ativa no republicanismo de Condorcet.” Mecpherson®" recorda a presenca de autores como James Mill e J, Bentham a forjar uma tradicao de democracia re- presentativa alicercada na cidadania eleitoral. Também na 6rbita das fontes que orientaram a edificacgo das derno- TIN, HF Roprosanraan: alas, nstuigaes oils Lua Nowa Sao Pao 67, p. 1547, 2006. LURBIVAT, MO que tama a representgso emacs? Lum Nov, S30 Pal, 67, p. 191.227, 2006. PANE. senso comum ea ere. Bras: UnB, 1982 CCONDORCET, M.J.A.N.de C., Marguts de. Ging mamotes sur inseucton publ (ue Paris Gene amenaron, 1988 MACPHERSON, . 8. demacacs beral Ss Paul: Za, 1978. eoR cracias representativas, Madison? confere centralidade a0, estabelecimento de governo legitimo, somado 2 medidas, tendentes a evitar 0 uso tirénico e arbitrério do poder. Para 0 federalista, quanto mais 0 conjunto de cidadsos © interesse geral estivessem espelhados na representacéo, ‘maior seria a imunidade contra 0s particularismos e 0 fac cionismo. © vinculo entre a representacéo e o interesse geral minimizaria o risco de eventual abuso de poder por parte de grupos determinados. Se, em uma democracia de fato, deveria ser 0 conjunto de cidadaos a administrar pessoalmente a coisa publica, o que seria factivel apenas rnas comunidades compostas por poucos cidadaos, nas sociedades mais populosas, diversificadas € complenas, seria inescapavel a divisdo em faccdes e 0 estabelecimen- ‘to de governos ordenados pelo polo majoritério.”? No iaddy madivniany, wijuyanrse una cidedaiia Ge vil pretensamente igualitaria e estendida a todos” e uma cidadania politica restrita, centrada em eleig6es e na for maco de um governo representativo. do qual participa ‘um pequeno grupo de cidadaos eleitos para 0 exercicio temporério do poder. A legitimidade da representacao estaria em sua origem, j4 que do processo eleitoral po- deriam participar todos os cidadéos, ainda que cidadania, naquela altura, fosse atributo de poucos. ‘A democracia representativa em Madison 6 resposta prag- mética ante a impossibilidade de uma democracia pura € aberta a todos 05 cidadios, € antidoto republicano contra, 0 interesses das facgbes, por ele definidas como grupos, de cidadaos, majoritarios ou minoritarios na sociedade, [MADSON, J, HAMICION, JA, feast Camas: uss, 203, MADISON, 1, AMITON, A: JY, 09. 82 ‘Acne, oda, que nagule contest 2 rag prealcene de estan un ‘essalzad io cogtave aang escrac, exo, tampouo, meres. Pécs nate snort 2 6 u 28 que se unem em tomo de objetivos comuns, opostos ou indiferentes aos direitos dos outros cidadaos e aos interes- ses permanentes e coletivos da comunidade.® Segundo 0 autor, @ aplicagéo do principio republicano implica contro- le sobre as faccbes, compelidas a respeitar a Constituicao 0 “governo popular” e, mesmo quando majoritarias, a curvarse ante o bem publico e 05 direitos dos outros, cidadaos."* Madison define-se, entdo, pela repuiblica em face da de- mocracia, sob a ameaca das faccoes, resguardando a base comunitaria da cidadania. Realca, todavia, a ques- t80 da escala em que a forma de governo ¢ aplicada, esclarecendo que a forma federativa € mais convenient, nos Estados mais amplos, nos quais “os interesses maio- res e de conjunto s4o tratados pelo Legislativo nacional; 05 locais e particulates, pelos estaduals."2” Haverd, nessa 6tica, cidadania ativa na proporcéo da proximidade do cidadao com a organizacéo politica que exerce autor dade e poder. No século seguinte, Stuart Mili? oferece uma verso mais, sofisticada de democracia, também com perfil republica- 1, a exigit envolvimento do cidadao na coisa publica com o fim de produzir uma democracia “desenvolvimentista” Para 0 pensador, a cidadania orbitaria a disputa entre I berdade e autoridade, caracteristica marcante na trajeté- ria politica das sociedades, a infundir urna aspiracao geral a que 05 governantes, representantes da coletividade, passassem a atuar, de fato, por delegacso, suscetivels a controles e mesmo a destituicao.” MADISON. HAMITON, A; JAY, op. 9.78279. MADISON, 1; HAMILTON, A; AY, opt 9.0, MADISON. 1; HAMILTON. AJAY... ct. 82. MLL 1.5. Consiates sobre o govemo representa, Basta: Ur, 1980, MLL. op. ot a 2 Sob tal racionalidade, Mill assinala 0 papel das democra- cias representativas, com governos eleitos por prazo certo, instados a agir em nome do interesse pablico. Essa mol dura institucional, no entanto, néo seria suficiente para a defesa do interesse geral e das liberdades individuais, ‘cumprindo adotar, conseguintemente, uma formula que aliasse ampliagéo de cidadania e democracia a suficientes controles sobre a representacao.” Tenrias dacce napa constitiriam a hase sobre a qiial, de meados do século XIx até a primeira metade do século XX, ocorrem desdobramentos no plano da experiéncia hist6- rica, beri como no da produgio teérica. Correm a par & ppasso os debates sobre democracia e cidadania, aquela a relacionar legitimidade e eficacia governativa, esta a in- corporar atributos™, sendo pontuada pela perspectiva da cunflueticia Ue Ue diner nde Utnien & complet eta entre si, quais sejam a civil, a politica e a social? ‘As democracias contemporaneas tém como base uma c. Aces em: 71 mao 2014 [icin enate snort vera B 5 direito de escolha pelos cidados ser instrumento suficiente contra eventuais abusos e arbitrios por parte dos gover. nantes.» Assim, a teoria democratica passa a apartar as democracias modernas do modelo fixado pela antiguidade grega, que dependia de intervencéo diteta dos cidadéos na Polis, ainda que sob varios mecanismos de participacao.* Nao obstante essa diferenca de fundo, com a oposicgo entre principios da identidade e da representacso", a de- mocracia dita representativa seria, para seus arautos, 0 sucedineo moderno da experiéncia grega, em vista da complexidade da sociedade contemporsnea e da alegada impossibilidade operacional de se organizar a politica por meio de procedimentos de participagSo direta do cidadso nas atividades publico-estatais. A defesa da democtacia representativa sob base compe- Utiveretitste ten em J. A, SUnuripeter unin de seu prin pals expoentes, a preconizar um tipo de democracia minimalista e procedimental, focada na representacdo & na cidadania limitada. € uma formula politica elitizada. restritiva, todavia concorrencial, que funcionaria tanto, melhor quanto mais efetiva fosse a competitividade na arena politica. Seu niicleo é a legitimidade elettoral e a pri- rmazia do controle parlamentar sobre os atos de governo. uma posicdo que, assumidamente, confere prioridade no & democracia, enquanto participacéo dos cidadéos nos negécios puiblicos, mas a escolha de governos. MACPHERSON, C. 8 op. ct FINLEY, M. Demecacs anes © modems. io de anec:Grl,198, SCHMITT. C0 corcato a pli. Penpals: Vor. 1992 Segundo Set. 3 dead demorratn tains na a cde qu doo que iterate 30 E {ado como ata do poder etal goveno pamanece dato da homogeneds {esnsandal odo panama danoersta Se move, cm daa neces th lias de manda Enda: democra @ ena de dormant e comrades, govetnantese goers caqusles que mandom e dues que cbse. SCHUMPETE, A Capitattmo socitsme ederrecraca Rode Jno: Fund de Cua, 1964 seg Para Max Weber, a moderna democracia de massas ca racteriza-se pela diversidade e por uma multiplicidade de perfis e interesses”, raz3o pela qual converge com pro- «ess0s burocratizantes, que a tensionam, porém a viabill- zam. € um ambiente social complexo, no qual 0 exercicio, da cidadania ocorre de forma difusa e as decises da ma- cropolitica ficam a cargo de poucos. Essa caracterizaca0 contrasta com a perspectiva de governo autonomo e de- ‘mocratico visto em pequenas unidades politcas, nas quais, 2 cidadania € orientada por um sentido de homogeneida de, simetria nas relacdes sociais, e conexio comunitaria Nao a toa, 0 autor considera contrario a cidadania 0 uso de instrumentos de democracia direta em uma sociedade complexa.* ‘A obra de Weber expressa a improbabilidade de interven- Zo direta do cidadéo nas democracias de massas, reduzi- das a dimensdo eleitoral.* Sao as eleicbes o elemento que legitima a politica democratica, ¢ 0 exercicio das funcées de governo ¢ atribuiggo de politicos profissionais.” De- mocracia, segundo Weber, é, assim, reduzida a um proce- dimento" que legitima a representacéo politica, possibili- ta acdes de governo e resguarda a cidadania ‘A perspectiva individualista de Kelsen® possui pontos de contato com as abordagens de Weber e Schumpeter. Kelsen assume como premissas a identidade entre Esta- do e ordem juridica, forjada pelo normativismo, e certa WEBER, Mi. C..Palamentarisno egoverno numa Alamanhe reconstuda: uns ortbuco 3 cia poi do fundonaso eda pola parts, ln: Weber, {Catgao Os Praren,So Pols Abe, 1978p. 1-85. WEBER, MCE. op. ct. 81 ete LGDOENS, A Pate, scene tana social eo Paulo: Une, 1998.33. DDENS. A. op. ct, 1998, p51. COHEN. Moral pluralism and politcal consensus. I: COP® De ab. Thee oF occ. Cambridge: Cmte Univers Pres, 1983 p.270.29%, EISEN, H.A democac, So Palo Matin Fontes, 2000 Pécs nate snort 6 a tenséo entre ordem social e liberdade individual. Como Schumpeter, também advoga a pretensso de uma teoria descritiva @ neutra, despida de contetido ideolégico. Sua concepgao de cidadania é limitada, ligada ao exercicio de escolhas, por individuos racionais, nos campos politico & juriico-civil* (© modelo de democracia kelseniano é procedimentalista e relativista, Permite, em tese, a participacéo alargada dos cidadéos, especialmente no processo eleitoral, bem como a proteco juridico-constitucional das minorias.“* Nesse aspecto, a obra de Kelsen influenciara o trabalho de int- eros autores posteriores, sendo visivel, por exemplo, na concepgdo democratica de Bobbio", que, sob fundamen to kelseniano', busca assentar-se na conjugacéo de uma cidadania composta por competicéo politico-eleitoral, li berdade individual e protecso a direitos fundamentais.” No século XX, a ideia hegeménica de democracia no pen- samento politico ocidental combinou liberalismo @ urna visdo elitista de sociedade e poder. Trabalhos como os de Weber e Schumpeter® estao na raiz das chamadas teorias das elites. Por essa via, toda democracia possivel DIAS, W.R. A dameocrada no pensamento do Hans Klen. lus Navignd, Tosa, v.16,0. 2930, 2011 ELSEN, HO que sia: a sia, deta ea potica no esplho do cca Sao Palo Marin Fontes, 200 ORKIO, N. Liberal edemocac. Sao Pal: Basins, 1988 BOBEIO,N. Teva gar! pttca fia de ano: Campus, 2000. OBEIO, N.Ofturo a demacracis: ua defer ds regis do jogo. Ro dean 10, Paze Tara, 1988, WEBER, M,C. Glance pottn: duas wocaces, So Paul:Cute, 1900; WE- BER, MCE, op. ct, 1974 SCHUMPETER, JA. op. a 52 serd representativa, com os direitos de cidadania distribut- dos de forma desigual e 0 poder exercido por poucos. Na base dessa vertente teérica, ha uma concepcao de desi- gualdade inerente a condic3o do homem em sociedade, a resultar diferentes maneiras de realizacao, em concreto, da cidadania. Apesar das ja aludidas semelhancas e dife- rengas entre Weber e Schumpeter, a desigualdade ¢ 0 ano de fundo imanente as duas concepcies, das quais, deriva, necessariamente, uma perspectiva politica elitista 2, em termes, excludente As teorias elitistas conferem papel central 8 desiqualdade estrutural da sociedade, a qual operaria nas esferas eco- némica, politica, cultural @ social. Essa ideia de desigual- dade tanto atende as necessidades de um sistema liberal, ‘no qual cidadania consiste em liberdade individual atrela- da a igualdade juridica, quanto justifica a necessidade de © poder politico ser dirigido por quadros minoritatios Na obra da conhecida triade fundadora® da teoria das, elites encontram-se sofisticados argumentos em torno da desigualdade fundamentando a ordem politica. E uma abordagem que abre pouco espaco para democracia e ch dadania, ja que 2 forma representativa comparece como ‘modo inevitavel de estruturacdo do poder. A "teoria natural de talentos”, de Pareto™, concebe a sociedade sob a direco de uma elite, classe integrada Poor talentos que, em cada segmento da atividade huma- na, sobressaem e tomam posigéo de comando, coorde- nagéo e lideranca. A cidadania, nesse caso, ¢ apenas a OSE. LH A mt pla ava ct dono ra Bs: UB DAHL, RA. Um pri ova democratic Ri ano: Zaha, 1989. PARETO,V Texts elecionados In: RODRIGUES, (01a). Paeto: socio, S40 Paulo Aca. 1984p 8, oferta ans tabaos de Paco, G. Mosca eR. Nichols PARETO,V. Tat de soclgi gnarl. Genera: Droz, 1968 [écouter 7 base minima de igualdade, liberdade e direitos conferidos, a todos, em uma sociedade dividida. Nao ha qualquer pre- tensio de democracia mais densa, ja que dessa diviso re- ferida decorre 2 formacao de grupos e liderancas politicas, que competirao pelo poder em eleicoes massificadas. Essa disputa servira, por sua vez, para distinguir 0 grupo que governaré do que no 0 fara. Tais grupos devem alternarse no exercicio do poder, mas sempre como “circulacio das elites”, uma vez que democracia de fato seria impossivel ‘Ao contrario de Pareto, Mosca" néo produz uma teoria social ampla, mas se concentra na seara politica. Justi fica instituigbes © 6rgéo0s politicos elitizados em funcao da maior capacidade de acéo coordenada das minora. Tal acéo eficaz demarca a diferenca entre essa elite po- litica e 0s grandes contingentes massificados, os quais, ‘mesmo em um ambiente de cidadania aeneralizada, no lograriam ultrapassar uma heterogeneidade impeditiva de rmobilizacéo eficiente e organizada A pratica social, na visdo do autor, registra o poder sob essa minoria de cida- dos, que assume ares de superioridade e fundamenta seu agir em um discurso baseado em principios morais, universalizados."* Trilhando outra senda, ha, no 4mbito da teoria da derno- cracla, autores que tendem a reduzir a cidadania a seu aspecto civil, posicionando a liberdade individual como, PARETO, V, op. ot, 1968, MOSCA, 6. Eement df scons pot, Ba: Lata, 1953. MOSCA. op. ot 58 MIGUEL L FTeoria democrtia sta: hogs de mapeamento, Reva asia nfo Board em Cees Sa, 9, 542, 2008 288 @ a escopo da politica e o mercado como espaco vital da so- ciedade moderna. Neste caso, a democracia € mero ins- trumento orientado para a protecéo do cidadao-individuo e dos grupos minoritarios contra os riscos de eventuais, excessos das maiorias.** Do ponte de vista politico, prevalece a defesa normativa de um modelo minimalista de cidadania e democracia, organizadas em torno de um sistema juridico voltado 8 pprotecéo das liberdades negativas. Aqui, o viés liberal se combina com 0 diagnostico tormulado, por exemplo, ‘nas obras de Weber e Schumpeter. A base madisoniana sobressai, notadamente no realce que atribui aos meca- nnismos da freio do poder. Postula-se, afinal, um Estado ‘minimo, imitado pela Constituicéo e pelo direito, no qual, atividades politicas e de governo ocupem espaco restrito, e controlado.® Em tal modelo, privilegia-se a cidadania chil eos direitos, de primeira geracdot". Nele, “a democracia néo & um fim. fem si mesmo, mas um meio, um instrumento util para salvaguardar a mais elevada finalidade politica”. Tem-se a prevaléncia de um Estado minimo®, no qual se confina a cidadania politica a espaco reduzido e a segundo plano, @ se desconhece a nocéo de cidadania social. HAYEK 0s fundoments dl bende, asa UB, 1983. HAYEK 0 camino a sro. Roe ana: sso Libel, 1990. ‘A ideia de “gnracses de dees" na maderidade ecsntl conte no proceso ‘e amplacso adatvae cura deconunts de ets relaconadds 3 Wer {aceInavioiale 3 gualdade formal 9230205 dln socas2" tao), sos inereses oatios uss (grag), e cuts que se segura. O cones ‘sna certs palsies com se menace ncaa cerca oe H tasnat ter soo opjo de aeosta occas, ns modisam que Ceauconita © omptientala datos qe deve sr prebids em unde sstémca Sobre tama, ver em: BOHEIO, H.-A era doe dts, Ro de Janero: Campue, 1992 YVASAK,K: Human righ: thr ea struggle: the sustained efor to give fece flo the Univarsal Dacron of Human igs UNESCO Gouner, Pts. 30 837-880, now 1977 HERD, D, op. ci. 1987 NOZICK, RAnarqui, estdo © utops, Ro de Jano: Zaha, 1991, Pécs nate snoctia 6 a Trata-se de um modelo fortemente despolitizado™, no qual a democracia néo se encontra na cidadania polit ca, status de igualdade no trato dos negécios puiblicos, mas em sua auséncia, substituida pelas liberdades civis € pela igualdade juridica. Afirma-se a primazia da lei como, instrumento de regulagéo de condutas, especialmente a estatal, submissa & rule of law. Nesse enfoque, a politica nao deve buscar 0 interesse coletivo ou uma ordem social de bem-estar, mas apenas a protegao para as liberdades e projetos individuais de vida." ‘A democracia econémica guarda semelhancas com 0 modelo liberal desde seus fundamentos de base, uma vez que é teorizada a partir do individuo racional como premissa. Também nesse caso, prevalece a concepcéo de Held” acrescenta a énfase em arranjos nos quais 0 po- der seja colocado de forma competitive e nao hierarquica. Przeworski"* afirma, assim, que a questo da democrati- 2aco consiste na escolha de instituices, as quais caberia a tarofa de induzir, nas modernas poliarquias, boas pri- ticas na confluéncia das tradigées liberal, republicana € democratica.”* ‘A negociagio democratica esti no cerne do modelo plu ralista™, que repele posic6es restrtivas e elitizantes. Com- preende, assim, um pluralismo que admite cidadania en- corpada, sob uma viséo ampliada do mercado eleitoral e da competitividade exigida por este em um cenario demo- cratico Nao obstante, concebe uma democracia como DAHL, R.A, op. ot, 1997. DAHL, RA, opt, 1989, DAHL. R.A. op. 2001, p 49:50, HAD, D, opt, 1987 PRZEWORSK! A.A escola de institu na transi para a democraca: ume Bordagem da ton os fags. Dados Reva de lca Soca, lo Se ano, WS m1 p 5-48 099 Inonmacio p67 C'DONNELL, Gullo, Account hxizonta eros polaues. La Nova. 44,0, 27-54, 1958. BY.1.H, 0p. dt; DAHL R.A. op. 1989. HAD, D. Pica theory and the modern sate. Stanford: SUP 1988, Pécs ene snort wong governo de cidados agregados ern miitiplas rinorias, va- riaveis em numero, tamanho, mobilidade e diversidade.®* A perspectiva liberalpluralista nao apenas se op6e ao eli tismo, mas a certo monolitismo presente na teoria demo- qiatica tradicional. Trabalha-se com viés institucionalista e com a ideia de racionalidade e autonomia do cidadao no seio da pélis. Objetiva-se restaurar a “competéndia” politica desse cidadéo, bem como adotar um critétio so- cietario, e no apenas procedimental, para se estabelecer, las deriniatics 10. A critica aos modelos tradicionals de democracia repre- sentativa e cidadania restita, com a densificagao de uma renga em torno de sue insuficiéncia como fonte de legi- timidade e de dacisOes eficientes e condizentes com a ex- pectativa da sociedade, leva, também, a busca de alterna- tivas, entre as quais a chamada democracia deliberativa.” ‘A questo posta pela critica deliberativsta no se resume as dilemas da representaco formal, mas incide sobre as, perspectivas da democracia representativa como forma po- ltica que conjugue cidadania ativa com participacao politi a, mediante uma arquitetura institucional vinculada 2 ideia de controle e superviséo do poder pablico pelos cidadsos * Cabe assinalar indmeras referéncias teéricas a sustentar © primado da democracia deliberativat, assim como a DAIL, RA, op. ct, 1909. RYZE, J Discurve democracy. Cambie: Canibrige Unversity Press, 1900. URBIVAT. Hop. HABERMAS, J. roto @ democaca: ene a facidade evade. Ri defn to. Fanpo Siasero, 1937, COHEN, | Deietaton and democrat egtimacy HAMN, A: PETIT 8. The god polly normative anal ofthe stat: Now Yo: Baal Eladaval, 1989, DRVZek. | Deierabe domocracy and bejond: Roe, ts, and contestatons, Odor Oxford Unies Pss, 2000 perspectiva de radicalizacao democratica que ultrapassa a mera deliberacéo, observada, por exemplo, na obra de Ranciere'®, de Mouffe”, ou em Santos™, que explora as possibilidades da cidadania em torno da formacao de de- mocracias de alta intensidade. Pode-se afirmar que a defesa da democracia deliberativa se assenta em um “conjunto de pontos de vista segundo © qual a deliberacio piiblica de cidadéos livres e iguais, € 0 centro do processo legitimo de tomada de decisso politica e do autogoverno."* Hé, tangenciando o mode- lo, a possibilidade de se alcancar, mediante a deliberacso participativa, um bem coletivo®, insuscetivel de se atingir pela representagéo tradicional."" Tem-se a pretensdo de cidadania alargada, a partir da inclusdo de todos os submetidos a uma dada deciso pulitita nw provessy de luinada dessa devinau, teride em vista a probabilidade de esse procedimento afetar a decisio politica final. 0 modelo se constitui mediante a RANCIEE, | 18 haine ao cemocrati, Pars La abn, 2005. MOUFE, . The democrat pavado. Lond: Vaso, 2000 18. SANTOS, 8. de S; AVRITZER, (Orgs). Democrat a democac os caminnos a domocracaparicata.ho do lant: Cikzac20 Basi, 2008, 89 BORMAN, Survey are: the coming of age of delberatve democracy, The our a of alia Pifospty 6,4, p 400425, 1998. Caan: p. 401 90. Dscte se, no campo tin, arvana de se wabalar cam o conceit de bens 1 2 Cele pros. qu prods modelos shar efoto obras ou de Se prozroeifoque eto sobre a eat, dstingundo possbiicades de bes lets mouros ORENSTEN, 1933). Um bem coleto puro pode se carace 2 corso sulado da azo governmental dota de nese, how ‘lsiedadee possbidade deus ou apropriago socal oy clea. Asi, o barn “cltvo deve poder se fruldounivesainents, or todos os Gdados. Sepundo ‘gon (1937, i um problema de acto clea quando es 220 € reaver are 23 formacz de um bem publes. € que se dove segura supimarte ive © ‘2 por eo de esctasreazadas por agentes que, mero stuaes neers ble, mura: ves se aspoem a ating cjetwes pares DDRYZEK, J, op 200. [MAMI 8. The nisl of representative goverment. Cambgge:Cancridge nwerity Pres, 1007; COHEN, J, opt 18; DAVEE, 1, op- ct, 2000. GUIMAN, A; THOMPSON, D.Damecray and disagreement. Cambridge: Harvard Univers Pes, 1995, ecient snort 9s adoco de proceso coletivo de deliberacio, que levard a decisoes informadas por intensa troca argumentativa * Admite-se a ideia de consenso racional entre cidadéos € de serem possiveis decisbes adequadas derivadas de debate justo e racional * Nocoes como bem comum e interesse pablico informam, © processo deliberativo, que & impulsionado pela pers- pectiva de densificaco da cidadania e aprimoramento da democracia. O método ¢ procedimental, com argumen- taco dialégica exposta em relacoes intersubjetivas.°* O debate argumentativo ¢ considerado a forca motriz da deliberacéo, sobrepondo-se aos interesses em jogo.” Distinguem-se, no ambito dessas teorias, uma corrente Que justifica a deliberagao por seu valor intrinseco, e outra que o justifica por sua instrumentalidade.® Ha- bernie, precuisyr diosa verlerite, Lurpigiia 4 passibi- lidade de o proceso deliberative, como ago comu- nicativa que pretende ser, gerar decisoes a expressar uma raz3o publica intersubjetivamente compartilhada entre cidadaos livres e iguais, inclusive na apropriacéo simétrica das condig6es de comunicagéo que regem © debate publico.® Ter-seia decis6es tomadas me- diante procedimento deliberativo e dotadas de valor MANN 6; STEIN, E; MANSBRIDGE, 1 On legtimacy and pital celbarstin Peal Toy. Vp PRSER, Aly TOR? torre pS? to CCHRSTIANO, The sigitiance of public deliberation. In: BOHIAAN, 1; REHG, W. (Org), Deratve domecray says on reason and polis. Camere: Mil Pres, 1997, HABERMAS. Theon of commence action. Boston: Beacon Pes 984. 1, HABERMAS, |. unchsto oo out: etter de toi plies So Pal: Loot, 2002; COHEN, J Pocedeento eavttanoa na democrac leat WER: IE D.L; MELO, R'S (Org) Demacacadetberata, S30 Pauc Esra Pubic, 2007, p 115.144 GGUTMAN, A; THOMPSON, . 00. BOMMAN, J, op, ct; CHISTIANO, The utery of cemowacy. The Juma! of Potato, v.12, 3, . 266-20, Sept. 2008 HABERMAS, 1, op. 1987, 1 epistémico, assim como de legitimidade democratica e efetividade politica," Tal concepeao de democracia toma necessérias redefini- {es institucionais, com © objetivo de adequar os proce- dimentos politicos a novos componentes verificados no contexto contemporaneo e, especificamente, de permitir 20 conjunto de cidadéos atuar diretamente na arena pi blica, a moda de um quarto poder." Pressupde-se a insu- ficigncia da dimensao eleitoral isoladamente, conquanto seja bem recebida a combinacao de sutragio com a acdo deliberativa e participativa." [A funcio da deliberacéo piiblica é, de um lado, balance- ar a democracia representativa, e, de outro, criar meios para ultrapassé-la." Trata-se, assim, de institucionalizar procedimentos aptos a organizar a deliberacéo no espaco piblico™, a conectar a participagéo direta do cidadao & representagio, & burocracia e aos sistemas peritos que in- formam 0 objeto da deliberacéo. 11. ‘Também como contraponto as fontes de cariz liberal, mas igualmente em debate com a corrente deliberativsta, 100 MANIN, 8. op cit, 1987; ESTLUND, D. Who's afraid of deliberative demo ‘acy? On the stategicdelberatie dichotomy in recent constitutional urs prudence. Tas law Review, Austin. 71, p. 1437-1477, tue 1933, HINO, C'S ta consttucion defo damocraia datberatna, Barcelona Gedo, 1937 COHEN, Joshua. An epistemic conception of democracy. Ethics, 97... 26.38, 1986, 101 SNTOMER,¥; GRET,M.P.A.A esparancs do uma cura democrai For: Cam. pods Leva, 2003, 102 BOHMAN. J. op. ct. 415, 103 SNTOMER,¥; GRET MPA. op. cp. 146, 104 SNTOMER,Y; GRET.M.P.A. op. tp. 148 és ents snort autores como Chantall Mouffe™® ou Iris Young! pro- blematizam alguns de seus pontos fundamentais, sejam pressupostos epistemoléaicos, sejam quest6es a envolver, a efetividade da democratizacao proposta e da cidadania alcancada. Moutfe critica, nos deliberativistas, as aspiracbes de ar gumentacgo racional e deliberacdo livre entre cidadgos. Assinala a improbabilidade de haver, em um contexto de complexidade social, pluralidade politica e muiticulturalis mo, ambiente para 0s jogos de linguagem universalizados, que devem nortear a deliberacéo politica, concluindo pela impossibilidade de consenso na esfera pablica."” Adota, por essa razdo, 0 modelo dito agonistico™, que, alternar tivamente, admite 0 conflito como base para a democrat 105 MOUFE, Cop ct 2000a. a aca tama absowe un componente piste. rmaige fers mpugna porto de eta aera 0 deters em ngs is promis inatuaitas quo adam (MOUFFE, Corum medlesgeisico ie democraaa esta de Sovolega Poca, n 25, p. 11-23, 2005). A daogar ‘om autores como Grams, Wesgentin «Roy, Meutle choca premisas po ps do aconelro moderna, que a disoda no da dela ds epee, or proceso ergumentato, diloge eseddo ou Gsausointasubjetharerte fondo, 105 YOUNG, LM. Atvschalengos to detbertve democray Pca! Thay, v 20, 7.5, p 670.690, Oct 2001; YOUNG, | M4, Comunncaaa 0 cute: alom dado Imocraca deliberate. in SOUZA, J. (rg). Democacs hae novos desis pata 3 eos demectea contempornes. rai: UB, 2001 . 365-85, 107 MOUFFE,C, opi, 2000a, 108 a porto de wsta pressupée 0 confio 0 purse e asia a parcpario edad ata coma smanto extuturante do andro democratic. Sua propa Imlca cons entre opestares na campo pall, seen so ambos ace. Str delferetesconeapgoesem crfito, mas vinculados entresi peas rereas ® valores carts em torno da dsputa que os enol (MOUFFE, Cop. (t, 2005; MOUFF,C, 2000), Notese qué o contin se sobrepbe ao Consens ‘deco accra neste ase Apo er Roy, a autoaecoa que io poste cera ua flosafa eral unverl do flenfa da ingunge, moth plo qua tino aa nanatess da inguager cae ein, pot 5 a stporcidade da democaca bral (MOUFF, C.Descostucca, pragma mo‘ poltea cela deocaca, I MOUFFE,C. (0%). Deconsiuccn y poo ‘re. Buenos Ae: Palos, 1998.13.33). Pao fibsofoamerano, nama Inocraia madara esulad de aianos Soca ogists, noma stags Tera ofrecem uma suc raconal 2 proba david em sacedae RORTY, Neto, unueraiade = pica democrat i SOUL, #09) Hosa racenaldade, daexrac: 0 debs Rot Haberns. S30 Pal: Una, 2005, 247-270), cia, na auséncia de pretens6es a representacao geral, com © estabelecimento de consensos provisérios e hegerno- nas temporérias." Tem-se, sob esse angulo, uma nocso de cidadania a ser exercida no conflito dial6gico, cujo pro- duto ndo serd consensual ou conclusivo, mas constituldo de posigées méveis e parciais dentro de um processo em. curso permanente, A opcso democratica passa a ser, entéo, no decorréncia de uma racionalidade, mas de uma crenca compartihada, porque a democracia no necessita de justificaggo com base em uma teoria da verdade, mas de uma variedade de praticas cidadas e movimentos sociais destinados a persu- adr as pessoas acerca de seu compromisso com as demats Para Moutfe'”®, em dialogo com Rorty, democracia implica ‘40 somente a opcao por determinadas estruturas e jogos, de linguiagem pexsivaic A autora expla, taravia, que a democracia rortyana no leva em consideracso a comple- xidade da sociedade hipermoderna, com sua dinamica de diferenciaco e especializacdo em um ambiente no qual cidadania é permeade por pluralismo, multiculturalismo e diversidade social. Por isso, sua opco pelo modelo ago- nistico e sua critica ao representacionismo liberal e ao deli berativismo, ambos insuficientemente abertos e atrelados @ agendas e possibilidades de decisao previa mente fixadas, por uma elite que remanesce a frente do sistema politico. A critica de iris Young as formulas deliberativas passeia poor terreno andlogo. A autora recorda que, apesar do aparente consenso da teoria deliberativa quanto 8s virtu- des de seus arranjos ~ dos quais ela desconfia -, existem espacos ocupados por um exercicio ativo e nao institucio- nal da cidadania que no sao alcancados por estratégias, 109 MOUFE,C, op. ct, 2005, . 14417 110 MOUFE, Cop. ct, 1998. Pécs enter 195 de institucionalizacéo."" Esse ativismo importa porque, a0, contrario da deliberacao procedimentalizada, é mais vigo- 1050 20 exibir desigualdades sociais, econémicas, politicas, e jurtdicas que limitam a cidadania e condicionam proces- 505 ditos democréticos, oferecendo contraponto externo, desobrigado de limites determinados em ritos formats. Complementarmente, Young esclarece que, a0 contrario, do que se possa argumentar, 0 cidadéo ativista avesso a instiuicées néo ¢, necessariamente, movido por autoin- teresse ou beneficios corporativos."” Afinal, vasto seria o elenco de casos nos quais prepondera o ativismo voltado, para temas geras, interesses coletivos e difusos, ou ideais «que passam além dos interesses pessoals dos cidadéos. Por esses motivos, a autora coloca em duvida que féruns deli bberativos ou experiéncias de participacéo possam suplan- tar 05 esforcos ativistas. Trata-se de uma dimenséo que 1néo poderia ser desconsiderada ou ultrapassada pela te- oria democratica, mormente se cidadania ¢ tomada como um componente essencial para a democracia. Adicionalmente, Mouffe afirma a importancia de elemen- tos de base cultural para a democracia!?, o que no costu- ma ser considerado pela radionalidade deliberativa, todavia influencia as experiéncias de democracia e cidadania'™, dada a importancia conjunta de instituic6es, discursos & formas de sociabilidade que fomentem a identificacgo do cidadéo com valores democraticos."**Nessa linha, ris Young observa que tais elementos se postam frente a contetidos 111 YOUNG, |, op. ct, 20012 112 YOUNG, | op et, 200ta 113 Sobre o papel da utr cvs nas pts democrit, ve, por expo, emt PUTNAM, Re Democracies in fur the eiluton f socal captain contemporary society New York. Onford Univers res, 2002; PUTNAM Comunnage ea ‘mocrac, S50 Pou FV. 1996, 114 MOUFFE,C, op. 2005. 115 MOUFFE,C, op. 2005. ideol6gicos ¢ hegemdnicos, em situacso de conflto, o que toma ainda mais incertos os processos deliberativos em so- iedades marcadas por desigualdades estruturais."* Para a autora, praticas ativistas n3o podem ser sobrepostas por procedimentos insitucionalizados em dinamicas de modift- «ages na politica, reconhecimento de direitos e ampliac30, da cidadania'”, tendo em vista que a incorporacéo do at vismo por deliberagées institucionalizadas poderia fragilizar tais praticas, bem como legitimar decisdes que, ao chegar em foruns deliberatwvos, ja estao devidamente cemarcadas por instancias decisérias no democréticas superpostas. 12. © ativismo e a participacao cidada comparecem na so- ciedade, especialmente no sistema politico, redefinindo espacos de emancipacio social e se estabelecendo so- bre a diluicso do poder politico tradicional e 0 compar tilhamento de relagées de autoridade."™ Nese ponto, Santos se refere a formas de resistencia que se colocam em face de estruturas de dominacéo estabelecidas, a constituir © que denomina uma “constelagao de prati- «as emancipatérias”™*, com origem nos movimentos so- ciais™, tanto a exercer pressio por transformacSes sociais, @ inovag6es institucionais, quanto a resgatar tradig6es lo- «ais de compartilhamento e democracia 116 YOUNG, LM, 20%, 177 YOUNG, M200 118 SANTOS, 8. de. Para uma caneogo mutt doses humancs. Conta tolmteraconal Rode lao, «23.1. 7-34, jndun. 2001 119 SANTOS, B. de, op. ct, 2001, p. 269 120 SANUS, 8. de Para uma socologte das ausencas € uma sonoioga das emer gins. est Chica de Cnc Soca, 63, . 237-280, Out 2002 forma Gop. 71 Pécs nates 197 am, g Santos propée uma distin¢do basica entre democracia representativa e democracia participativa’™, esta organ! zada e hierarquizada em funcao de seu maior ou menor potencial de inclusdo de cidadéos no processo decisério, publico, e aquela segundo sua capacidade de gerar go- vernabilidade politica e uma sociedade aberta fundamen- tada em mercados livres transnacionais."” Aponta, ade- mals, novas experiénclas de democracia™, hoje vistas em diferentes escalas e por todas as partes do mundo, ‘Assume-se como premissa fundamental a necessidade de aportar mais conteudo & democracia, que nao ficaria restrita a procedimentos legais ou método eleitoral, mas, constituiria um tipo de sociedade, realizando um conjunto amplo de relagSes sociais."* A proposta trata, assim, de resclar participacéo, como exercicio de cidadania ativa, & representacso tradicional. reconhecida como necesséria, mas nao suficiente.'"= Ao explorar possibilidades semelhantes, Ranciére"* redis- cute 0 conceito de democracia. que deveria ser compre- endida como forma de vida social. A reducso da demno- cracia a modelos excludentes, ainda que nominalmente democraticos, consistria em estratégia antidemocratica destinada a perpetuar situacoes de seletividade © opres- so. Rosanvallon, por seu tuo, assinala a importancia de qualquer experiéncia democratica levar em conta a pri raza da cidadania igualitaria.™” Para 0 autor, igualdade 12 SANTOS 8. eS. Pesaro yl sociedad desatios actus, Buenos Aires ‘iat, 2008 122 SANTOS, de. opt, 208, p. 482 123 SANTOS. de. op. ct, 2002 p.237-280 124 MACPHERSON, C8, op ct, 6.13 125 MACFHERSON,C. 8, op. ct . 101 126 RANCIERE 1, opt 127 ROSANVALLON, Pa conte-domocrat: a pltique a age ela dance, Pars Saul 2006 6 elemento fundante na democracia, a estabelecer uma sociedade na qual, tendencialmente, todos os cidadaos sejam iguais em direito e em estatuto politico, estando em analogas condig6es de respeito social, autonomia indivi- dual e participacéo polltica. 13. ‘As experigncias de democracia participativa procuram adi cionar legitimidade ao sistema politico mediante a amplia- «20 concreta de direitos de cidadania, assegurando-se di. reito Ue pattitipayau nus neydtivs pablicus 4 unm Conjunto, alargado de intervenientes."""Em varios casos, atinge-se, igualmente, objetivos de boa governacéo, especialmente mediante © cruzamanto democritico de perspectivas © culturas alternativas.' Os esquemas deliberativos e participativos exercem fun- Bo ora de balancear a democracie representative, ora de ultrapassé-la, conforme a opcdo estabelecida,™® Nota-se, alids, a abertura de trajet6rias cumulativas, nas quais pré- ticas de participacéo cidada e de deciséo compartilhada ‘operam como espacos pedagogicos de construcso pollti- cae fomento a cultura civica™", a impulsionar um movi- mento constante de inovacéo institucional, com cidada- nia alargada e ampliacdo democratica."” 128 OS, WR. A damocracia partite no paramere. Combra: Cento do Et os Seis. Universidade de Cobra, 20153. 129 ALLEGRETT, G; HERZBERG, C.Paripstry Gudgets in Europe: beteen ef tency an groan eel demerag, Aan TM, 2008, 130 SNTOMER,¥; GRET M.P.A. op. cp 146 131 MOBS, (Or). Demacace econfane: por qu os edadaes desconfam ds Irstuigbes pea? Sto Paulo: Esp, 2010 132 ALLEGRETT, G,; FRASCAROLL E. Pacors condi rence lines, 2006, écouter vera Umberto Allegrett indica como principios condutores da democracia participativa a cidadania inclusiva, a institu- cionalizaco flexivel, a incluso, a participaggo corpora: tiva, 0 compromisso institucional, a confianga mutua, a definicdo das instancias participativas, a participacso con- tinuada, a deliberacao, a capacidade de decisao e a impo- sicao de formas de monitoramento." ‘As formas participativas podem ser caracterizadas se- undo algumas linhas basicas, a saber: objeto definido & ‘tempo determinado para sua realizacSo; consciéncia das atividades a serem deserwolvidas e de seu caréter publico; foco sobre problemas especificos e singulares, afetos aos, cidadéos participantes; organizagéo, em geral, por iniciar tiva das autoridades institucionais; ocorréncia sob regras compartilhadas e aceitas; existéncia de assessoramento, ‘técnico 0s participantes: envolvimento ou chamamento de todos os atingidos pelas consequéncias das decisbes; processo a combinar espacos de proposi¢ao, argumenta- (0 e deliberacgo."™ Afirma Carole Pateran que “somente se 0 individuo tiver, @ oportunidade de participar de modo direto no processo de decisao e na escolha de representantes nas areas ab temativas € que, nas modetnas circunstancias, ele pode esperar ter qualquer controle real sobre sua vida ou sobre co desenvolvimento do ambiente em que vive.” Os meios de democracia participativa deveriam, assim, ser institut dos para proteger 0 cidadéo contra decisées arbitrarias, dos lideres eleitos e para a protecio de seus interesses 133 ALLEGRETT, U. nstuments of partptory democacy in Ray. Paces on Fedral, tn 1, 2012 1134 MANNARN, La panecpaion clalogic liperatva. I: CATELLAN, : SENSA. 15, G.(Org) Pensare, dre, fare polit. Mino: Crt, 2011, p 215-232. 135 PATEMAN,C,Partcpaoe tera democrat, Rode anc: Pa Tera, 1992, 200 ps — privados.”™ Ha, nessa perspectiva, claro reforgo a cidada- nia, j4 que seu intuito é estabelecer a participacSo como limite representac3o, com a retomada, pelos cidados, de certo ndimero de possibiidades de decisdo ou veto. E distintivo aqui a referéncia & cidadania em construcso. @ a0 autogoverno™, assim como a aspectos praticos da democracia, vista no propriamente como forma de orga- nizacéo, mas como processo de democratizacéo."™ Dife- rentemente de outros modelos, aqui ha a necessidade de se unir democracia a uma concepco de cidadania ativa, que induza a participacao concreta dos varios atores so- ciais na esfera publica, enredando perspectivas individuais, coletivas de vida social"* © ponto central nessa perspectiva ¢ o revigoramento da cidadania por meio da participacdo direta do cidado nos pruvensyr pulilicus. Enfalizerse a yuestay du enpuderar mento, da reconfiguracdo da cidadania e dos direitos a si inerentes, a fundar uma legitimidade politica mais am- pla." Nesse diapasao, Santos demanda um novo contrato social democratico, cuja tOnica seria a inclusdo e a emancipacso social, abrangendo mais participagéo cidadé na esfera pi blica, bem como reconhecendo miltiplos interesses, cub turas e pautas relvindicatérias."* Tratase de um contexto ‘no qual seriam instaurados mais conflitos, e em diferentes, 136 PATEMAN, Cp. cit,p. 25. 137 BARBER, 8. & Song democracy. pacar pls for anew age. Beka: Une Cfo res, 2003 138 ALLEGRETTU. Democaca partes e proces i democratizaione, Demo fran e Dio, m2 175217, 2008, 139 BARBER... op. ct. 224 {MO ALLEGRETT,U, opt, 2008, 14 SANUS, 8. 8S. tstadonetrogeneo eo pain dc, In-SANTOS, TRNDADE, JC. (Ed). Cnfto e wansfermagso sola pasagem ds tas fen Mogambigie. Porto. Attontamants, 2003p. 47-95, Pécs ene snot 201 escalas, com énfase nas relacbes entre as escalas politicas, local, nacional e global, € nos diferentes mecanismos de democratizagao a serem implementados por intermédio de desenhos institucionais alternativos e formas diversas, de cidadania ativa. Democracia, como poder do povo, deve se situar além das formas institucionais, a fim de ampliar o publico ou comum a todos os cidados, e retirar 0 exercicio da dania dos limites impostos pela dicotomia entre espacos, piiblico e privado.'* A construgéo democratica passa, as- sim, pela emancipacao da cidadania dos poderes oligar- quicos™, e por seu espraiamento na sociedade, tangen- ciando a légica dos varios sistemas socais la 14. Desde os anos 1990, t8m prolferado, pelo mundo, formas, de exercicio da cidadania em experiéncias de democracia participativa. Prédigas em nuancas, tais praticas tém em comum a introduco de iniciativas politicas com o objetivo de abrir © poder institucionalizado aos movimentos sociais, € cidadaos."* Sao iniciativas que se juntam a formas mais, tradicionais e esporddicas de intervencdo direta do cidadao, como 0 plebiscito, 0 referendo, 0 veto popular e 0 recall. Trata-se de mudancas que ocorrem tanto em atendl- mento as reivindicagbes sociais por mais participacso nas 142 SANTOS, 6.0. ep. 2007 143 RANCIERE 1, opt 110 RANCERE 1, opt. MS MANIVARN, er, Promuoveteconvverzanteazon dalogiche 8 proces co- rescenca nae expnence gover patedpst. Facog d Comunt, ¥2. 148, 20115, "Mi BECAK, .Irumartos de emocracapariopatia, Rests de Cris us Wm 2p. M153, fon, 2008, decisoes politicas, quanto em uma tentativa de restaurar a legitimidade das instituicoes ante a crise de confianca por que passa a democracia representativa."”” Apontam 1no sentido da instauracéo de um sistema alargado de go- verno, mediante instrumentos que permitem a cidadania como incluso de diversos atores sociais em um processo decisério até entao privativo da representacio tradicional Fonte importante na origem dessas experiéncias de par ticipagdo é a América Latina." Atualmente, todavia, s80 vistos em todos 0s continentes casos os mais variados, envolvendo democracia deliberativa e participativa, com exemplos em paises distintos como EUA, Sulca, Italia, Hranga, Australia e China, entre outros. [esse sentido, Smith destaca como inovac6es insttucionais ‘no campo da participagao 0 orcatnento participativo no Bra- Sil, as assembleias de cidados no Canada, a legislacSo dire- tana California e na Sulca, além de diversas experiéncias de cidadania pela via da e-democracia."* Allegrett e Sintomer, ppor seu turno, elencam dezenas de experiéncias que vém ‘ocorrendo na Europa, mediante diferentes modalidades de praticas e sob diversificada forma institucional, tendo como pponto de inflexao a participacéo ampliada e uma ideia de interesse pUblico dissociada da légica do mercado."* s processos de orgamento participativo encontram-se na vanguarda dessa proliferacdo de experiéncias.'"! No {MT CATALD, .Pomese iit dea democacis delbertva: naman ala de- ‘mocaca del volo? Mido, Cen ina, 2008. 148 MALINARIT, op. 2011 149 SNH, Graham. Democrat inovatons: desgnieg estilo fo cizon parca tion. Cane: Combrege Uivesty Pes, 2009 150 ALLEGRETT, G SNTOMER, Yc partcpst n Europa. Roma: Fae, pone 151 WAMLER, nsitues, ssa aes no oso parcpabvo de Soule n:AVRITZER,L (Org) A partpao er So Paulo. So Paulo: UNESP 2008, p.371-407, Pécs nate snot 203 vo Brasil, essa modalidade foi dos primeiros instrumentos, adotados'®, ao lado das ouvidorias da participacéo de cidadéos nos conselhos de politcas publicas"™, a compor um vasto catdlogo de experiéncias participativas relevan- tes, como consigna Cabanes'™, ao tratar dos mutirées na esfera habitacional em Fortaleza, 0 caso de Porto Alegre é emblemitico e, a0 lado de ou- ‘ros que se the seguiram, estabeleceu meios de inducéo & participacéo direta com determinadas caracteristicas, entre as quais se destacam formalizacso de procedimentos, par ticipacio de técnicos e da burocracia e acompanhamento, ppela representacéo formal, além da fixacdo de regras e ritos claros, a favorecer a deliberacéo e a tomada de decisio pe- los cidados, em um processo cumulativo, dotado de lagica interna, com gradativo aperfeicoamento da participacéo."* Pratikes nase campy hie elau eoproiaas pur pabe Ua ‘América Latina e da Europa, além da Africa e da Asia. Em- bora a énfase seja na esfera local, experiéncias no dmbito, nacional ou subnacional. como nos parlamentos de Minas Gerais, Andaluzia ou Toscana, so igualmente importan- tes, Neste Ultimo caso, tem-se um texto legal que funda- menta esses eventos e elenca, de forma clara, direitos de cidadania ativa e instrumentos de participacéo democrati- ca disponibilizados. 152 (RA, RPO conan dials do Pama # do cid wa dra pat ‘pata. Revie de ntrmacao egsaina Sasi, 33,0. 130,175 18D, 0) inn. 1986. 153 TAIAGIA, LA isttunaizao da partiopacto: conselnos muricoas de pot ‘aspsicas n dade de Ss Paul. AVRITZER, (00) A parca em So Paul. Sao Paulo, UNESP, 2001p. 323370 154 CABANNES, ¥ Métds, instumetose indicadores pa medion de os pre- Supuesosparbopates como insvumanto de ha cota a exluson socal ‘enti Conftrel, Papa Seminario nrnacoral Rade bal “returns de artculstoentePangaento Titre Oxameto Particpatio" reat ‘a Muni de elo Horizonte, Blo Hozonte, 25 out 2007 195 SNTOMER, ¥;GRET M, 0. ot, p. 148. 196 ALLEGRETT, G; FRASCAROL,E, op. ct Com efeito, hé alguns anos modelos de orcamento par ticipativo na esfera local, que ja vinham ocorrendo na ‘América Latina, passaram a ser incorporados as praticas desenvolvidas na Europa”, podendo-se destacar exer- plos em diversos paises, entre os quais Portugal, Italia, Espanha, Franga e Alemanha. Muitas dessas préticas centram-se em questées que envolvem a participacéo de diferentes estratos sociais na deliberacao sobre politicas socials, econémicas e ambientais, Entre os exemplos de espacos de deliberacéo, cabe citar, adicionalmente, os jris de cidadgos, com origem em pes ‘uisas realizadas pelo Jefferson Center (EUA), 05 quais, trabalham com amostras de cidadaos e suas posigoes em. ‘tomno de temas da agenda publica, com o objetivo de produzit um juizo informado por parte dos cidadsos"*, assim como as sondagens deliberativas @ os canais do participagao em meio eletr6nico, como 0 “Eletronic Town Meeting” e 0 “Open Space Technology”. No campo da chamada e-democracia, merece destaque 0 desempenho de Bolonha (italia), na vanguarda do aprofundamento dos, meios de participacéo via digital." Na América Latina, a participacdo dos cidadaos esta presen- tena maioria dos paises, ainda que em graus de desenvolv- mento variados. Alicia Lissidini apresenta levantamento de casos de reconhecimento juridico-constitucional de meca- nisnos de democracia participativa em paises subamerica- nos, ainda que nao necessariamente concretizados."° 157 ALLEGRETT, 6; HERZBERG, Cop. 158 CHAR, Aberto. Come valutare un process delberatv? Paper. Come annu ‘Se cola Soceta alana d Scanza otic, Pav, 2008 159 GUD L, E-democraca em Bologna: Yee ca parol, ecomo constr uma co- rmunkiade paricpatva enn. Ivornates Pa «3. 40-70, Mao 2001 110 USIDIN, La demacrataacon de democrace en Amaia ati mas an USSIDIN, A; WEE ¥, ZOVATTO, D. (Ora). Denexraca recta er (stream, Buenos Aes: Promete, 2008, 9 13-62 Pécs ents snort 205 Na Colémbia, por exemplo, a Lei n° 134, de 1994, dis ée sobre instrumentos de consulta popular nos niveis, nacional, departamental, municipal, dstrital e local." Ja @ Constituigdo da Venezuela traca, no campo da partic} pacéo, duas formas basicas, quais sejam, as politicas e as, econémicas. Naquelas se inciuem o referendo, a consulta popular, a assembleia aberta e a dos cidadéos, com caré- ter vinculante. Estudo envolvendo nove Estados latino-americanos revela ue dificuldades contextuais de toda ordem, como ma- terial e informacional, além das condigées assimétricas, de patticipacéo, constrangem 0 exercicio da cidadania €¢ minimizam 03 efeitos positives desses procedimentos, democraticos." Fung e Wright, que destacam experiéncias locais sob a perspectiva do empoderamento democratico'™, exploram 195 casos dos conselhos de bairro em Chicago, do orga mento participative em Porto Alegre, e também os dos estados de Bengala Ocidental e Kerala, na India Intimeros e variados s0 0s casos de participagao levanr tados na China, uma ordem juridico-politica que nao se amolda aos termos democraticos e na qual se vive sob cidadania restringida. Sao significativas tals experiéncias, principalmente no nivel local, as quais tém como ponto- -chave a participacdo para o desenvolvimento de politicas, publicas. Hé audiéncias publicas e consultas populares, com uso de televisdo e internet, além de debates em tor no da escolha de obras publicas e da destinacao de do- tages orcamentarias. © caso chin@s retine experiéncias, 161 ARADIO, ££. FERNANDES, J ML S; FEDALTO, T.Instumentes de democraia ‘het Abie Latina, Pars Elotral, Cutts, 1n.2,p. 71-182, 2012 162 ARADIO, EB; FERNANDES, J M.S; FEDALTO,T, op. c8. 163 FUNG, A; WRIGHT. E 0. (rg). Despenng democay-istutonal inmotion 206 empower paricsiony goremance New Yo Vers, 2003, — de participacao tanto em consultas publicas quanto na realizagao de escolhas efetivas, podendo-se constatar a natureza evolutiva de um processo ainda incipiente, mas tendente a se espraiar.' 15. Dentre as experiéncias de democracia participativa, mere- cem realce aquelas ocorridas no Poder Legisiativo. Entre ‘outras ag6es, ter-se verificado um alto indice de adeséo 8 Declaragao de Transparéncia Parlamentar por casas le- iclativas espalhadas pr tndns as cantinontas YA finae lidade explicita 6 a adocdo de mecanismos tendentes a possibiltar mais transparéncia nas atividades parlamenta- res e mais participaco da sociedade nos trabalhos leais- lativos. €, de fato, sensivel a necessidade do incremento da participacao cidada nos parlamentos como forma de regeneracdo democratica.' Na Espanha, por exemplo, as principais experiéncias no campo parfamentar vém das assembleias das comunida- des autonomas. Rozas e Cano citam os casos da Anda- luzia, com a participagao direta do cidadio, a dialogar com representantes governamentals; da Cantabria (parla- ‘mento abierto) e da Galicia (participacién ciudadana), que ermitem intervencées no processo legislativo mediante coleta de sugestées ou propostas acoplavels a proposi- ‘Goes em tramitaco; e do Parlamento Basco, que institulu 164 ALLEGRETT.G,Panecpazionee debeazionssoni erent da acu pec ors ces Qual lt, Rema, 3p. 287-302 2008. 165 Vere: OPENING Paramentog. Acasa em 25 at 2015 16 ROZAS, ML AG; CAND, C. Inoatias ols paramos para promonee partopacon cudadanz: buanes pacias. n- CONGRESO INTERNACIONAL EN {GOBIEO, ADNINSTRACION Y POLTICAS PUBLICA, 4, Mach, 2013, Pécs enemas 207 208 e um procedimento participativo em trés etapas, uma de coleta de sugest6es, outra de debates e, 20 final, uma de intervencao concreta.'®” No mesmo sentido, Garcia elenca determinadas formas de participacéo cidada previstas em leis e regimentos das, casas legislativas espanholas'® destacando-se 0 direito, de peticio, a iniciativa legislativa popular, e as audiéncias piiblicas e 05 comparecimentos no curso do processo le- Gislativo, com fins de levar as contribuicées dos cidadéos, @ das organizagées sociais para a discussao das matérias, em tramitacéo. Verifica-se, ainda na Espanha, que grande parte das as- semblelas das entidades subnacionais possul uma comis- so destinada a receber e processar peticdes apresenta- das por cidadéos.'® Nas assembleias da Andaluzia, das, linas Canarias e de Murcia ha previsao de recebimento, e respostas a perguntas de iniciativa popular. Nos par lamentos do Pais Basco, da Catalunha, de Valencia, das, llhas Candrias @ da Extremadura ha mecanismos de e-de- mocracia, com 0 uso de novas tecnologias, notadamente a internet, para promover a participacgo da sociedade no processo legislativo. O parlamento aberto, na Galicia, inspirado em praticas colhidas no Brasil, ¢ outro exemplo, de abertura a participaco." Lewanski, por seu turno, recorda o grande numero de es- pagos de deliberagao democritica que tém sido criados 167 ROZAS, M.A. G: CANO, G,C, 0. 165 GARCIA £6. La parepacen curteaara onl asreeno paamentn span. CONGRESO INTERNACIONAL EN GOBIERNO, ADMINSTRACION Y POLTICAS PO- UCAS, 4, Madd: 2012. 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