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CADERNOS EBAPE.BR ‘a’ FGV EBAPE Estrutura de classe e mobilidade social no processo de inserc¢ao profissional de jovens no Brasil: reflexées e agenda de pesquisa BIBIANA VOLKMER MARTINS * CAMILA SCHERDIEN ? SIDINE! ROCHA-DE-OuvEIRA? * UniveRsioAo€ 00 VALE 20 Rio 00s SINOs {UNISINOS) / PROGRAMA DE POs-GRADUAGAO EM ADMINISTAAGRO, PORTO ALEGRE RS, BRASIL ? UnIVERSIOADE FEDERAL 00 RIO GRANDE DO SU (UFRGS} / PROGRAMA DE POS-GRADUAGAO EM ADMINSTRAGAO, PORTO ALSGRE ~ RS, BRASIL Resumo Diante do contexto de aumento do ndmmere de matriculas no Ensino Superior brasileiro e do discurso organizacional de falta de mo de obra ualificada no mercade de trabalho brasler, cresce aimportancia de estudos acerca e insercdo profisional no pats. Contuda, grande parte dos jd existentes se refere a pesquises empiricas, sem contemplar particularidades como as especifcidades socioecandmicas e a recente expansio do Ensino Superior. Assim, este artigo discute © processo de insercdo profisionalintegrando-o aos conceitos de mobilidade & classe social & ur das teorias de Pierre Bourdieu e Jessé Souza. A partir disso, prope-se que a insercSo profisional sejaanalisada corna um ‘momento que pode sumentar as chances de mobilidade socal evando-se em conta as singularidades histricase socials do Brasil essa construgio. Tl entendimento pode contrbuir para o desenvolvimento de ume teoria acerca dainserglo profssionalno pals, ao evidenciar 3 cexistenc'a de outras elementos, para além da ormacSo, que podem interferr esse processo, rebatendo o discurso da meritocracia ineivicual ‘no acesso dos jovens ao mercado de trabalho Palavras-chave: Mercado de trabalho. InsercSo profisional Classe socal. Mobilidade socal ovens. Class stratification and social mobi research agenda Ly in the transition from school to work of Brazilian youths: reflections and Abstract There is 3 growing demand for studies onthe transition from school to workin Bail. This comes ata time that there is anincrease in enrollment for higher education and when there isa lack of skilled labor force inthe country. However, many of the exsting studies refer to empirical research, without considering some particularities of this transition process, such as socioeconomic specificities and the recent increase in ‘access tohigher education in Brazil Ths arte aims to discuss the conceot of transition from school to wor, integrated with other concepts ‘such as social mobilty and socal class, based on Pierre Bourdieu’s and Jessé Souza's theories. tis progosed that the transition from school to work tarts tobe seen as an important period fo social mobiity, taking into account the Brazilian historical and social singulartes in its theoretical construction. Such understanding may contcbute tothe development of @ Brazilian school-to.work transition theory, since i Contains other elements besides qualification thet interfere in ths process, countering the discourse of individual meritocracy for entering the labor market. Keywords: Labor market, Transition school to work. Socal class. Social Mobility, Young people. Estructura de clases y movilidad social en el proceso de insercién profesional de jovenes en Brasil: reflexiones y agenda de investigacion Resumen [Ante el cantexto de aumento del nimera de matrculas en a educaci6n superior brasileia al tiempo que se destaca falta de mano de obra calificada,crece la importancia de los estudios sobre la insercién profesional en el pals. Sin embargo, gran parte de los existentes se refiere 2 Investigaciones empiricas, sin considerar las pecularidades de este proceso, tales como las especificidades socioecondimicas y la recente ‘expansion de la educacién superior si, este artcula se propone discutr el praceso de insercion profesional integréndolo alos concepts cde movildad y clase socal, @\v7 de teorias de Pierre Bourdieu y Jessé Souza, Se sugiere que la insercién profesional sea vists como un periodo importante para ia movildad social y que tenga en cuente las singularidades hstéricas y sociales de Brasil en esa construccién, Tal tentendimiento puede contribuir al desarrolo de un teoria sobre laintegracion profesional ene pas, agartir del momento en que evidencia Ja exstencia de otros elementos, mas ali de la formacién, que pueden interferr en ese proceso, ebatiendo el ciscurso dela meritocracia Ingvdual en el acceso Ge los jvenes ei mercado de trabajo. Palabras clave: Mercado laboral. Insercidn profesional, Clase social, Moulidad social. J6venes ‘aig submetido em 02 de dezemba de 2017 e acto para publcago em 29 de noverbro de 2018, OI: hex org/101580/1679-295173103 Se ST seviewsss: EDI seu Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insergdo proissional de jovens no Brasil: reflexdes Camila Scherdien ce agenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira INTRODUGAO Nas tiltimas décadas, nota-se uma série de transformacdes no acesso ao sistema de formagio e no mercado de trabalho brasileiro. 0 pais passou, dos anos 2000 até meados de 2014, por um crescimento das taxas de emprego, ainda que os novos postos de trabalho fossem predominantemente atividades de curta durac#o, com menores garantias sociais e baixa remuneraco (POCHMANN, 2012). Sem melhorar a qualidade dos postos de trabalho, a partir de 2014, os rumos da politica nacional foram alterados e as polticas de ajuste econémico fizeram com que o pais entrasse novamente em um periodo de recessio. Com sso, as taxas de desemprego se elevaram a patamares semelhantes aos do final do século passado, atingindo a marca de 13,1% no inicio de 2018 (IBGE, 2018). Nesse cenario, jovens e adultos competem pelos empregos existentes, sendo que os primeiros tém a falta de experi@ncia e redes de acesso mais restritas na disputa por oportunidades (ROCHA, 2008; GUIMARAES-DOS-SANTOS, 2013). Ha consenso ro pais de que o proceso de insersao dos jovens brasileiras no mercado de trabalho é inseguro e precitio, no momento ‘em que parte considerdvel deles recebe baixos saldrios, tem vinculos informais e jornadas de trabalho que no permitem a conciliagao com os estudos (GANZ LUCIO, 2013). Tal situaco de dificuldade no acesso ao mercado de trabalho por parte dos jovens nao é restrita a0 contexto brasileiro, uma vez que a taxa global de desemprego juvenil, segundo a Organizac3o, Internacional do Trabalho (ILO, 2017), é de 13,1%, No entanto,o Brasil apresentou, em 2016, pouco mais do que o dabro da taxa mundial, chegando a 27,1% de jovens desempregados (ILO, 2017) ‘Apesar do aumento da taxa de desemprego juvenil, 0 contexto sécio-histérico do pals na ultima década foi marcado pelo crescimento do tempo médio de estudos e aumento do ntimero de ingressantes no Ensino Superior, a partir da ampliacao no ndimero de vagas e matriculas, principalmente em instituigSes privadas. Contudo, percebe-se que, apesar do salto de cerca de 3 milh&es de matriculas em 2001 para mais de 8 milhbes em 2015 (BRASIL, 2016), a escolaridade deixa de ser elemento determinante para a conquista de postos de trabalho, como fora em décadas anteriores (SPOSITO, 2005). A emergéncia desse padrdo de ingresso no mercado de trabalho tem revelado contradigdes entre as expectativas profissionais (FRANCO, MAGALHAES e PAIVA, 2017) e valores (PAIVA, FUJIHARA e REIS, 2017) dos jovens que entram no mercado de trabalho, bem ‘como 0 processo de adoecimento psiquico destes jovens (SOUZA, HELAL € PAIVA, 2017) Diante do contexto de ampliaco no acesso ao Ensino Superior, novas formas de trabalho e os reflexos delas nas trajetérias juvenis, ganha importéncia a discusséo sobre 0 processo de inser¢o profissional no Brasil, como sugerem Rocha-de-Olivelra € Piccinini (2012a). Todavia, os autores tamiaém apontam que os estudos acerca do tema tém se limitado, majoritariamente, ‘a pesquisas empiricas, no sendo acompanhados de discussdes tebricas que busquem desenvolver um conceito de inser¢30 profissional que contemple as especificidades socioeconémicas e a recente expanstio do Ensino Superior no pais. De modo a avancar teoricamente em relacdo 8 temtica, este ensaio teérico se prope a discutir a insercdo profissional no contexto brasileiro, integrando-o aos conceitos de mobilidade e classe social. Com isso, almeja-se colocar em evidéncia a importincia de uma construgio teérica e metodolégica brasileira de inser¢o profissional, a partir dos aspectos histéricos, sociais e econdmicos do pais. [Apesar de muitos pesquisadores terem considerado os estudos acerca dos temas de classe e mobilidade social ultrapassados ‘endo mais pertinentes apés a vigéncia do periodo de Bem-Estar Social nos paises centrais (PEUGNY, 2014), nos iltimos anos tais temas tém-se mostrado ainda relevantes e atuais, devido ao aumento do nivel de desigualdade nesses paises (OECD, 2015). No cenério internacional, destacam-se os trabalhos de Chan e Goldthorpe (2007), Peugny (2007, 2014), Masson e Suteau (2010), Anthias (2012), Chan e Boliver (2013), Beaud (2014), Abrahansen e Drange (2015), Atkinson (2015), Friedman (2016), Friedman, O’Brien e Laurison (2017). No cenério nacional, trabalhos como os de Scalon (2003), Ribeiro (2006, 2012), Ribeiro e Scalon (2001), Ribeiro e Schlegel (2015) e Souza (2006, 2012) como amostra do modo como o tema vem sendo discutido no pals Destarte, este estudo divide-se em quatro segSes além desta introducdo. A primeira traz reflexGes acerca de inser¢do profissional. © segundo t6pico langa mao dos conceitos de mobilidade e classe social. A terceira segdo discutea importancia esses conceitos para o desenvolvimento de uma teorizagao brasileira sobre inser¢0 profissional, Por fim séo apresentadas as consideragées e uma proposta de agenda de pesquisa Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 565-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo. Bibiana Volkmer Martins de inserso profissional de jovens no Brasil: rflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira INSERGAO PROFISSIONAL Em ambito muncial, as discusses sobre o processo de transi¢So entre 2 formagio e a entrada no mercado de trabalho como tema de pesquisa sao relativamente recentes ~ década de 1960 ~e originaram diversos termos com miltplas interpretacées, Neste artigo, optamos pelo terma insercdo profissional, o qual nasceu na Franca nos anos 1970, em substituicao a entrada na vida ativa, pois entendemos que esse conceito, em sua construgo sociolégica (DUBAR, 2001; ROCHA-DE-OLIVEIRA e PICCININI, 2012b) possibilta compreender o proceso de transicdo do sistema universitério ao ingresso no mercado de trabalho brasileiro. termo inser¢io profissional surge no momento em que se acentuam as dficuldades enfrentadas pelos jovens ao concluirem sua formagao escolar e ingressarem no mercado de trabalho, passando a ser esse um pracesso longo e complexo, de idas e vindas entre atividades tempordrias e desemprego (ALVES, 2007). Par esse motivo, crescem os estudos acerca do tema na Franga, principalmente em torno de duas linhas teéricas: a de base econémica, com autores como Vincens (1997) e Verniéres (1997); ea de base sociolégica, com autores como Dubar (1994, 2001), Galland (2000, 2007), Nicole-Drancourt (1996) e Nicole- Drancourt e Roulleau-Berger (2001). A primeira, por possuir um viés macroeconémico e longitudinal, possibilita, segundo Rocha-de-Oliveira e Piecinini (2012a, 2012b), acompanhar as mudancas de mercado em um momento no qual a continua crise do emprego e as transformacées do trabalho tornam a anélise ainda mais complexa. Todavia, centra-se em demasia na ‘maximizag0 da capacidade produtiva do individuo, limitando-se a mecanismos econémicos de compreensio de um mercado de concorréncia perfeita. Entre os autores de vertente socioldgica, destaca-se Dubar (2001), ao estudar a insercao profissional dos jovens quando esta se tornou um problema social na Franga, na metade da década de 1970. O autor entende que a concepedo da inser¢30 profissional é uma construgdo histérica, pois resulta de duas rupturas, tendo a primeira acorrido a partir da segunda metade do século XIX, com a separagao entre o espaco de formagdo (Instrugo e educago) eo espace de trabalho (emprego e renda), produzindo um corte entre a vida privada, sem trabalho e centrada na familia, ea vida profissional (DUBAR, 2001). A segunda ruptura se deu mais recentemente e caracteriza-se pela descontinuidade entre a saida dos estudos e a entrada no mercado de trabalho, pelo fato do diploma ter deixado de assegurar a entrada no mercado de trabalho em uma vaga que corresponda ao nivel de formaco, Criou-se, assim, um novo espaco intitulado pés-escolar,caracterizado pela competigao pelo emprego, assim come pela escolha de um(a) parceiro(a), pela saida da casa dos pais e pela deciséo de construir uma familia, Galland (2000}, 2 partir de pesquisa realizada na Franca nos anos de 1992 1997, apontou que tal etapa de transigao estaria sendo postergada devido a um prolongamento do tempo de estudos. Tal prolongamento pode ser explicado, segundo Nicole- Drancourt e Roulleau-Berger (2001), em parte, pelas reformas ocorridas no sistema de ensino francés, entre os anos de 1950 € 1975, Tais reformas foram responsaveis pela massiva entrada de jovens no sistema formal de ensino, primeiro no nivel secundario e na sequéncia no nivel superior. No ambito da sociedade civil, a educacdo formal era vista, tanto pelos jovens ‘como por suas familias, como um investimento que poderia levé-los 8 mobllidade e & ascensSo social (NICOLE-ORANCOURT © ROULLEAU-BERGER, 2001], sendo por isso almejada, sobretudo, pelos filhos de operérios. © prolongamento do periodo de estudos, atrelado maior dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, acabou repercutindo na postergago da saida da casa dos pals e na constituico de uma vida conjugal. Segundo Alves (2007) a partir dos anos 1970 se verificou uma degradacio das condicées de insercio profissional dos jovens na Franca, relacionada a0 aumento da precariedade e do desemprego, & diminuido dos salarios pagos aos trabalhadores jovens e & precarizacdo das condigdes de trabalho, que tiveram como consequéncia a dificuldade de estabilizac3o da populagao jovem no mercado de trabalho. Tal fator contribuiu para que os jovens permanecessem mais tempo no sistema de ensino, com a expectativa de conseguirem empregos melhores com o aumento do numero de anas de formacio. Entretanto, hoje, os franceses jd esto convencidos de que a geracdo posterior a daqueles que se inseriram no mercado de trabalho nos anos 1960, mesmo tendo permanecido mais tempo em processo de formagao, nao conseguird alcancar os mesmos patamares de renda e qualidade de vida que seus pais, vivendo sob o medo do rebaixamento social (PEUGNY, 2014). Galland (2000) ressalta que tal situa¢o néo pode ser encarada como tendo o mesmo sentido para todos os jovens, reforcando ‘que a juventude nao constitul um grupo homogéneo. Aqui, 0 autor trae relevante contribuigo para o entendimento de insergao profissional, ao apontar que outros elementos socials como género, nivel de formagao, atividade e nacionalidade dos pais influenciam o proceso de entrada na vida adulta Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insereo profissional de jovens no Brasil: rflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira Vale referir que as dificuldades encontradas pelos jovens para se inserir no mercado de trabalho também tém consequénclas no acesso “|... ao estatuto de cidado de pleno direito, conferido pela inscricdo na sociedade salar” (ROCHA-DE-OLIVEIRA PICCININI, 2012a, p. 68), a partir do entendimento da insercio profissional como processo, além de historicamente situado, também marcado pelo contexto social no qual se insere (DUBAR, 2001). Para Dubar (2001), dizer que o termo inseredo, profissional é socialmente construldo significa que é historicamente inscrito em uma conjuntura politica e econdmica, atrelado 42 uma arquitetura institucional que expressa relacdes especificas (entre educacdo, trabalho e remuneracdo), submetido 4s estratégias dos atores, as quais estio ligadas as trajetérias biogréficas e, principalmente, as desigualdades socials e 20 desempenho escolar dos alunos. Tal perspectiva possibilita que vejamos a inser¢do profissional como um concelto que vai além da relagdo econdmica de oferta e procura. Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2012a) mencionam que a vertente sociolégica permite que se desvele a existéncia de diversos elementos que esto atrelados as dimensées culturais e simbdlicas, as quais habitualmente nao sdo contempladas em levantamentos estatsticos. No Brasil, as pesquisas sobre o tema comecam a proliferar no inicio do século XXI, constituindo-se, basicamente, por estudos ‘emplricos. Alguns autores focavam “[..] sua anélise na dicotomia inser¢o-exclusSo ..", enquanto outros concentravam “[.] suas pesquisas nos egressos do Ensino Superior, considerando a inser¢ao como um processo homogéneo, vivenciado por todos 0s individuos [..” (ROCHA-DE-OLIVEIRA e PICCININI, 2012a, p. 63). Um novo levantamento bibliografico realizado para este artigo mostrou que a situago do campo de estudo se modificou pouco, estando os trabalhos dispersos em varias éreas, ‘como educacéo, economia e administrago, e tendo a maioria destes nao desenvolvido o conceito de insercdo profissional Embora 0 interesse no trabalhador jovem como foco de estudo tenha crescido recentemente (so exemplos os trabalhos de OLIVEIRA e HONORIO, 2014; AMARAL ¢ OLIVEIRA, 2017; FRANCO, MAGALHAES e PAIVA, 2017; PAIVA, FLJIHARA e REIS, 2017; SOUZA, HELAL€ PAIVA, 2017), ainda hé poucos trabalhos que buscar discutir conceitualmente o processo de ingresso no mercado de trabalho, Com focono aprofundamento teérico, merecem destaque os textos de Franzoi (2011) e Rocha-de- Oliveira e Piccinini (2012b). ‘Adotamos nesse ensaio 0 conceito de inserso profissional de Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2012, p. 49), que a entendem: [..1 um processo individual, coletivo, histérico e socialmente inscrito. Individual porque diz respetto a ‘experiéncia vivenciada por cada sujeito na esfera do trabalho, suas escolhas profissionais e expectativas de carreira. € um processo coletivo por ser vivenciado de maneira semelhante por uma mesma geracio, ‘ou no interior de grupos profissionais. E histérico, pots se desenvolve ac longo de um perfodo da vida do sujeito, sob a influéncia de elementos que marcam determinado momento no tempo e no espaco, ‘como politicas puiblicas, mercado de trabalho, organizagio do sistema de ensino e politicas de recursos humanos eos pontos de vista "empresariais” sobre as relagBes entre educago e trabalho. Estéinscrito ‘em um dado contexto socioeconémico e cultural, em que, além dos elementos institucionais, ha influéncia das construgdes e das representages sociais que os individuos desenvolvem em relacdo a cesta insergio profissional, © conceito apresentado busca articular 3 dimensdes: a primeira, individual est ligada & origem sociale & trajetéria laboral de cada um, onde iro emergir representacdes sobre o trabalho e expectativas profissionais; a segunda integra aspectos institucionais, notadamente a ago das empresas por meio das politicas de esto de pessoas e das politicas governamentais voltadas 8 educagao e ao trabalho; por fim, a dimenso contextual que integra aspectos sociais, econémicos ¢ politicos da formagao histérica do mercado de trabalho, bem como elementos conjunturals (ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2012) ‘Assim, para refletir acerca da inseredo profissional é necessério ponderar sobre os elementos sociais que influenciam os jovens na construgio de suas variadas trajetérias profissionais. Para tanto, aproximamo-nos da visio sociolégica de inserg50 profissional, de modo a trazer novos elementos para a anélise do fendmeno, Posto isso, 0 préximo tépico discute classe social, articulando-a ao conceito de mobilidade social, sendo esta vista como um caminho necessério para aprofundar a compreensio sobre insercio profissional Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 567-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insereo profissional de jovens no Brasil: reflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira MOBILIDADE E CLASSE SOCIAL Os estudos acerca do tema de classe e mobilidade social vém ressurgindo no Ambito internacional nos uiltimos anos, com destaque para os trabalhos de Sam Friedman (FRIEDMAN, 2016; FRIEDMAN, O'BRIEN e LAURISON, 2017], apoiados na base teGrica de Pierre Bourdieu. A discussio sobre classe social pode ser compreendida a partir de diferentes perspectivas tedricas (ATKINSON, 2015), sendo comumente associada a0 pensamento marxista, que se centra na visio de antagonismo social entre 0 detentores dos meios de produc e aqueles que vendem sua forca de trabalho. No entanto, outros autores cldssicos, ‘como Max Weber, e alguns contempordneos, como Pierre Bourdieu, Camille Peugny, Sam Friedman e Will Atkinson, discutem ‘tema a partir de diferentes abordagens epistemolégicas. Para Peugny (2007), estratificago e mobilidade social so conceitos indissocidvels, jé que esto na origem da teoriza¢lo ‘contemporanea das ciéncias sociais, por permitirem penetrar 0 cerne de como se organizam as sociedades, uma vez que os recursos ¢ as posigbes sdo distribuidos socialmente de maneira desigual. Para o autor, apesar dos critérios que diferenciam ‘0s estratos sociais se modificarem ao longo do tempo e conforme a sociedade & qual nos referimos, a légica da estratificac3o, se conserva. Todavia, a mobilidade social como campo de pesquisa é recente, tendo nascido durante o século XIX e estando cenraizada nas sociedades industriais ocidentais, uma vez que organizagGes sociais anteriores no ofereciam, de forma sisterntica, a possibilidade de mobilidade social, sendo a condigao social determinada no momento do nascimento e estendida até a morte do individuo. Assim, a mobilidade social, ou seja, a circulagdo de pessoas entre diferentes camadas da sociedade, sé comesa a ser possivel com as revolugées politicas e econdmicas que ocorrem ao longo do século XIX (PEUGNY, 2007). Pastore e Valle Silva (2000) postulam que os estudos acerca da estratificacio e mobilidade social inca suas ralzes em Karl Marx e Max Weber, contudo, os primeiros trabalhos sobre mobilidade com base empirica representacional surgiram somente apés a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de técnicas de coleta e andlise de dados. © trabalho de David Glass, ‘em 1949, foi pioneiro, assim como o trabalho de Blau e Duncan, em 1967, o qual fol apontado como de grande contribulgso para os estudos contempordneos de mobilidade social, ao langar novas técnicas de andlise de dados, por meio da investigagao de trajetrias. Para eles, caracteristicas adquiridas, como a educagao, deveriam predominar sobre as caracteristicas atribuidas, como a origem social, a etnia, a regio de nascimento e a familia -, pois os critérios de selegao seriam mais universalistas ra sociedade industrial (SCALON, 1999) John H. Goldthorpe desenvolveu junto com outros pesquisadores da Universidade de Oxford, em 1972, um esquema intitulado Comparative Analysis of Social Mobility in industrial Nations (CASMIN), para a anélise de mobilidade social em paises industrializados (SCALON, 1999). Com base em Marx e Weber, 0 esquema CASMIN se apoia na distingSo entre dois tipos de relacao de emprego: proprietarios (empregadores e auténomos) e empregados (distintos segundo contratos de trabalho restritos e contratos que delegam ampla responsabilidade aos empregados). Segue, ainda, a diviséo entre trabalho no manual urbano, manual urbano ¢ rural, entretanto, nao inclui varidveis como educagio e renda (RIBEIRO, 2006). Este ‘esquema é largamente utilizado no Brasil (RIBEIRO e SCALON, 2001; PERO, 2008; RIBEIRO, 2006, 2012, 2014), por permitir ‘comparages internacionais, todavia, é considerado insuficiente neste estudo, no momento em que se entende a posic¢30, ‘ocupada no mercado de trabalho como nao satisfatéria para entender os fluxos de mobilidade social Ganzeboom, De Graaf e Treiman (1992) desenvolveram a escala International Socioeconomic Index of Occupational Status ((Se!), atribuindo notas para 271 categorias distintas de ocupagao, com base nos cédigos ocupacionais da International Standard Classification of Occupations (ISCO 88). Segundo Flor, Laguardia e Campos (2014), tal escala é constituida pela ponderac3o, de caracteristicas socioecondmicas — em geral, educagao e renda — das pessoas inseridas em determinada ocupagio. Assim, essa classificacdo “[...J permite a anzlise de trajetdria para determinar 0 peso das caracteristicas sociais e dos fatores de esstratificagdo no processo de obtengao de status [.." (FLOR, LAGUARDIA e CAMPOS, 2014, p. 1871). Dessa forma, tal escala amplia 0 leque de elementos sociais analisados, em relagéo & escala CASMIN, mas ainda no contempla outros elementos socioecondmicos, razéo pela qual é também considerada insuficiente neste artigo. Visto que compreendemos o processo de insergo profissional como um momento importante para a mobilidade social e ‘no qual se percebem possiveis desigualdades de oportunidades de ascensio social, consideramos que a reflexo acerca de mobilidade social a partir da teorizagao de Pierre Bourdieu e Jessé Souza sobre classes socials é a mais adequada para analisar ‘o contexto sécio-histérico brasileiro. Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 568-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo. Bibiana Volkmer Martins de inserso profissional de jovens no Brasil: rflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira Souza (2012) entende que tanto 0 economicismo liberal quanto 0 marxismo tradicional percebem a estrutura de classes sociais de modo econémico, o primeiro vinculando classe social & renda e o segundo ao lugar no processo produtivo. Tais abordagens no contemplam “|. os fatores e precondigdes sociais, emocionais, moras e culturais que constituem a renda diferencial |...” (SOUZA, 2012, p. 22). Sendo os estudos de mobilidade social fundamentais para o entendimento dos processos de desigualdade, esconder os fatores ndo econdmicos faz com que, segundo Souza (2012, p. 23), invisibilizem-se "[.] as duas ‘questdes que permitem efetivamente ‘compreender’ o fendmeno da desigualdade social: a sua genese e a sua reprodugo no tempo |...". Poder-se-ia dizer, nos termos de Bourdieu (2008), que a posicdo ocupada pelos sujeitos na sociedade se relaciona com suas disposicées (habitus), e serd essa posicéo ocupada que iré determinar quais capitais esse agente possui (cultura, politico, econémico ete) Annogao de habitus de Bourdieu, entendida como “ |... uma forma pré-reflexiva de introjecdo e inscri¢ao corporal de disposigBes que condicionam um estilo de vida e uma visio de mundo especifica [..." possibilita uma redefiniglo de classe social, conferindo sentido & naglo de habitus de classe, que Seria justamente o compartilhamento desse habitus individual. A classe passa a ser percebida, entdo, no como o conjunto de propriedades, mas como praticas socials similares (SOUZA, 2006, .57). Bourdieu (2015) afirma que uma classe no € definida somente por sua posigio nas relagées de produgio ~ profisséo, renda, nivel de instrugSo ~ “|..] mas também pela proporc3o entre o nimero de homens e mulheres, correspondente a determinada distribuicio no espaco geogréfico[..1", que, para o autor, nunca é neutra, e por “|... um conjunto de caracteristicas auxiliares que, a titulo de exigéncias técitas, podem funcionar como principios reais de selegdo ou exclusdo ser nunca serem formalmente enunciados [..", como a idade, sexo, origem social ou étnica (BOURDIEU, 2015, p. 97) Contudo, para o autor, esse conjunto de propriedades ainda néo é suficiente para definir classe, o que depende da estrutura de relacdes que se forma entre todas as propriedades, Assim, o autor constréi uma anélise sistematica que engloba profisso, nivel de instrugao, “..1 0s indices disponiveis do volume das diferentes espécies de capital, assim como o sexo, a dade e a residéncia J" (BOURDIEU, 2035, p. 515). Além disso, em sobreposicdo ao grafico que constréi com as propriedades referidas, a5 quais intitula posigdes sociais, Bourdieu (2015) constr6i um grafico com os espacos dos estilos de vida, analisando as preferéncias manifestadas, as quais denomina gostes. Para Souza (2006), o gosto constitui em Bourdieu "[...]a competéncia estética, como elemento generativo das distingSes sociais no capitalismo avancado [...]" (SOUZA, 2006, p. 53), servindo como marca de classe ou fragdes de classes. Apesar da semelhanga entre as nogdes de classe de Souza e Bourdieu, o primeiro faz uma transposiggo importante da teoria de Bourdieu para a realidade histérica e social brasileira. Segundo Souza (2006), a teoria bourdieusiana é demasiado contextualizada na andlise da classe trabalhacora francesa eisso a impede de perceber processos coletivos de aprendizado moral {que transcendem a barreira de classes. Segundo o autor, existe um consenso transclassista, que permite o compartilhame! do que intitula habitus priméirio, que vai diferenciar sociedades como a francesa da brasileira e que é anterior a0 habitus de classe Seria o que diferencia a codigo de cidado, a qual possuem todos os franceses, da condigio de individuos e grupos sociais precarizados, que se constituem como subcidaddos na sociedade brasileira, Por fim, é relevante trazer a critica de Souza (2012) & crenca de que todas as barreiras de sangue e de origem existentes nas sociedades pré-modernas foram superadas e que hoje apenas 0 desempenho individual € o que diferencia e classifica 605 individuos, a0 apontar as precondigSes socials necessérias para que os individuos possam atingir o sucesso individual, considerando a classe social e mesmo a familia da qual o individuo é oriundo. Tal afirmacdo vai ao encontro do estudo feito por Bourdieu e Passeron (2013), na década de 1960, acerca da reproducdo das desigualdades socials percebidas no sistema de ensino francés, no qual os autores analisam que a escola reproduz a ordem estabelecida, reforgando as relagdes de forca presentes na sociedade, esse modo, o desempenho individual néo seria suficiente para superar barreiras de classe, fazendo com que a ampliago do volume global da populago escolarizada no ensino nfo seja o mesmo que democratizagao do ensino, sendo necesséria a igualdade de oportunidades escolares dos individuos provenientes de diferentes classes sociais. Dito isso, o préximo tépico associa as teorias apresentadas 8 no¢ao de insercdo profissional, com vistas a propor uma abordagem que leve em conta as cespecificidades brasileiras para o entendimento desse proceso. Tau, 0 autor sere 205 caps, social cultural, ecandmico esimblo,concets aue pod se etomades em Bourdie (2009 esidadescltras relacionados dietamente ao grou de escolaridade e 8 socazaio friar (SOUZA, 2008) Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 569-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insereo profissional de jovens no Brasil: rflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira A IMPORTANCIA DOS CONCEITOS DE MOBILIDADE E CLASSE SOCIAL PARA UMA TEORIA DE INSERGAO PROFISSIONAL BRASILEIRA Ocontexto que nos leva a refletir sobre o proceso de inser¢ao profissional no pais é aquele em que impera o discurso acerca de falta de mio de obra qualficada para suprir os postos de trabalho em aberto, ao mesmo tempo que se constata o aume’ a precariedade do trabalho e do desemprego juvenil ea expanso sem precedentes do acesso ao Ensino Superior (ROCHA- DE-OLIVEIRA e PICCININI, 2012a; VOLKMER MARTINS e ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2017). Cardoso (2008) postula que o pracesso de transicio entre escola/universidade e trabalho é um dos processos que pode revelar a constituigao mais profunda de uma sociedade no que se refere a sua estrutura de posi¢des e de oportunidades {que sao abertas ou fechadas aos individuos. A forma como se organiza a divisdo social do trabalho confronta, de um lado, as demandas das empresas e de outro as preferéncias, aspiragdes e qualificacdes dos individuos (CARDOSO, 2008). Contudo, ‘como 0 mercado de trabalho, sob a perspectiva de um campo nos termos de Bourdieu (2001), nao ¢ uma relagao de equiliorio entre oferta e demanda, ele também ird refletir a estrutura sécio-historica que o constitu Dessa forma, 0 que nos interessa 20 estudar a insercdo profissional no é fazer um levantamento numérico que mostre somente 0 quanto o ingresso dos jovens no mercado de trabalho se tornou mais complexo atualmente, mas entender qual cconstrugio sécio-histérica esté por trés desse processo. Assim, de modo a buscar avancar em termos conceituais a respelto da insercéo profissional, entendemos, aqui, que além de um processo individual, coletivo, histérico e socialmente inscrito (ROCHA-DE-OLIVEIRA e PICCININI, 2012a), ela constitul um momento no qual é possivel a apreensao da mobilidade social de uma sociedade, a qual pode reproduzir ou ndo as desigualdades sociais existentes. Em um cenario no qual cresce o discurso da educago como propulsora das chances individuais de inserco no mercado de trabalho (LEMOS, DUBEUX e PINTO, 2009), ela passa a ser vista, em consonancia com 0 que postulam Nicole-Drancourt ¢ Roulleau-Berger (2001) como investimento que pode levar os jovens & mobilidade e & ascensio social. O processo de transi¢ao entre formagao de nivel superior e entrada para o mundo do trabalho seria, ento, o momento possivel para verificar o papel a formagao e qualificacdo na mobilidade social dos individuos e se existem outros elementos, além da formaco, que teriam influéncia na mobilidade. Vale referir que, no Brasil, odiscurso de equivaléncia entre qualificaco profissional e acesso ao emprego ainda se realize entre aqueles com maior ntimero de anos de estudo, principalmente os individuos pertencentes as classes mais altas, contribuindo para a manutengao da faldcia do poder da educago como garantidora de acesso aos postos de trabalho (OLIVEIRA e SOUSA, 2013). Entretanto, pesquisas realizadas na primeira década do século XX! apontaram um niimero significative de brasileiros mais escolarizados que nao conseguiam obter colocacbes correspondentes as suas qualificagbes (LEMOS, DUBEUX e PINTO, 2003). Em consondncia, Sposito (2005) acrescenta que as mudancas ocorridas nas duas iltimas décadas do século XX e no inicio do século XX! afetaram diretamente o trabalho assalariado e, consequentemente, modificaram os carminhos e contornos para a entrada na vide adulta, a qual se tornou menos linear e mais complexa. Assim, a escolaridade jé ndo se apresentava ‘como elemento garantidor da entrada no mundo do trabalho, o que tendia a ocorrer, principalmente, em relacdo ao acesso 8 vages formals Se aformagio nfo garante a insergio profissional, o que faz com que alguns jovens consigam se inserir no mercado e outros 10? Por que uns conseguem uma insergSo mais qualificante do que outros"? Aereditamos que aresposta aessas questées possa ser dada por estudos que lever em conta as diferengas entre as classes sociais nos termos de Bourdieu (2015) e Souza (2012), desvelando as stuagBes de desigualdade e sua reprodugio ao longo do tempo Propriedades de classe apontadas por Bourdieu (2015), como idade, sexo, origem sociale étnica, so defendidas aqui como importantes para entender as diferencasindivduais no processo de inser e entre os diferentes grupos socials, contibuindo para uma versao alternativa ao argumento do desempenho individual como diferenciador e classificador dos individuos. Além disso, a distribuicSo de capitais eas praticas culturaise socais de classe também seriam responséveis por determinar oacesso 20 Ensino Superior brasileiro, que estaria passando por um processo de hierarquizacéo, ao criar novas diferenciagbes entre cursos (graduagaoe tecnolégico, presencial ea distancia) einstituigdes, de modo a reorganizar a reprodugSo das desigualdades ée acordo com a formago recebida no Ensino Superior. Tal fenémeno jé ocorreu na Franca, onde, emora tenha aumentado Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 570-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insereo profissional de jovens no Brasil: reflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira ‘oacesso a formagao ¢ o numero de anos de estudo, os melhores cursos ¢ instituigdes seguiram sendo destinados aos filhos das classes superiores (PEUGNY, 2014). ‘Também merece destaque 2 ado das organizagBes para a producio e reproducao de padrées de desigualdade, muitas vezes recorrendo ao discurso da igualdade e meritocracia (HELAL, 2015). Nesse sentido, Cordeiro (2002) ressalta que a acdo das organizacGes, por meio das politicas de gestdo de pessoas voltadas ao ingresso no mercado de trabalho, tém construido processos distintos de insercao, um qualificante, onde predominam postos de trabalho com maior remuneragéo, autonomia e possibilidades de crescimento profissional, e outro néo qualificante, marcado por vagas de contratos temporirios, nas quais predorinam baixos salérios, reduzida autonomia e pequena possibilidade de permanéncia na organizacio e desenvolvimento profissional, Como exemplo caracteristico de inser¢o qualificante no Brasil Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2012b) apontam o modelo de estagios que predomina na rea de administrago. ‘Assim, a insergao profissional necessitaria ser analisada como um processo no qual a reproducdo das desigualdades nio se d8 somente na safda do Ensino Superior, mas no acesso as diferentes etapas de educacdo formal, culminando em diferencas de oportunidade no acesso ao mercado de trabalho e na forma como as organizagbes contribuem para a manutengo ou transformacéo da realidade dos jovens trabalhadores que nelas ingressam. Portanto, considerar a classe de origem do individuo © as dlferengas entre as diversas classes no processo de inser¢ao poderia clarear @ compreensio das diferentes formas de insergao profissional. Além disso, revela-se a reproducio de desigualdades ao longo de toda a formacao, nao limitadas a0 momento de ingresso no nivel superior, a partir do entendimento de que criancas advindas de meios sociais com pouco acesso a capitais econdmicos e culturais esto, desde o inicio de sua trajetdria, em desvantagem diante de outras (PEUGNY, 2014) Reforcando esse argumento, Peugny (2014) apresenta a glarificagio do mérito como consequéncia da invisibilidade social, jd que 6 a partir da negacio dos antagonismos sociais que cada um pode ser responsabilizado por suas escolhas, sucessos & fracessos de maneira individual. Tal responsabilizacdo segue injusta, apesar da reducSo das desigualdades quantitativas, pois, ‘so mantidas as desigualdades qualitativas, uma vez que se amplia o acesso ao nivel de forma¢ao, mas nem todos tém acesso ‘20s mesmos tipos de diplomas e carreiras profissionais (PEUGNY, 2014), perpetuando as formas de segregac3o no mercado de trabalho. Em estudo realizado na Franga em 2013, com egressos do Ensino Superior de 2010, constatou-se que entre os filhos de pais que ocupam a categoria de funcionérios de direcdo, de comando ou controle, com salarios mais elevados, 62% concluiram pelo menos 0 bacharelado; em comparacéo 2 25% dos filhos de operérios, No que se refere ao tipo de diploma acessado, enquanto 49% dos formados em escolas de comércio, que dao acesso aos melhores postos de trabalho, s30 filhos de pais das categorias profissionais mais elevadas, apenas 5% dos filhos de operdrios tém acesso a esse tipo de formacdo, Além do status socioocupacional, a pesquisa também revela desigualdades entre os filhos de franceses e de estrangeiros, em relacdo ao local de residéncia no momento do Ensino Superior e ao diploma dos pais (CEREQ, 2014), ‘Apesar da realidade social francesa ser distinta da brasileira, tais dados apontam que é necessério voltarmos a atengao ‘rigem social dos individuos ~ a qual se prope neste artigo que seja realizada por meio da discusséo de classe social 8 qual (0s jovens pertencem — para que possamos entender suas trajetérias de insergao profissional e possibilidades de mobilidade social. Chan e Boliver (2013) reforcam esse argumento, mostrando que a posi¢o acupada se relaciona & origem social dos individuos, que é forte delimitadora dos destinos socials. Portanto, apesar dos estudos franceses apontarem alguns elementos socials para pensarmos a insergao profissional, como género, nacionalidade, nivel de formacio e atividade dos pais, acreditamos que existem outros elementos, a partir das especificidades brasileiras e dos trabalhos de Bourdieu (2015) Souza (2012), que devem ser trazidos a tona, a saber: tipo de instituigdo de formacSo (puilica/privada), se concilia estudo/ trabalho, idade, raca, regio de origem, gostos, diferentes capitais (socials, culturais, econémicos) e comportamento religioso, Acredita-se que a mobilizacéo das propriedades de classe possa ajudar a entender as diferencas entre os processos de inserco profissional vivides pelos jovens, bem como de mobilidade social intergeracional, adotando-se a constatago de Masson € Suteau (2010) de que existe uma conjungio de elementos variados que, combinados, determinam a influéncia da formac3o sobre as trajetdrias profissionais, ‘Ademais, Beaud (2014) chama atencdo para a Importancia de considerar o contexto histérico e politico no qual se analisa ‘a mobilidade social ea insercio profissional, pois eles influenciam, por exemplo, a relacio entre as instituigées de ensina e ‘© mercado de trabalho (MASSON e SUTEAU, 2010}. Isso enfatiza o argumento de Souza (2006), de que além das diferencas entre classes & necessiirio prestar atengo aos processos coletivos de aprendizado moral que as transcendem, como, por ‘exemplo, a questo de raca no Brasil e como esta influencia as diferentes classes sociais brasileiras, jé que atravessa a noc de classes, constituindo a hist6ria e origem do pais. Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) s71-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo. Bibiana Volkmer Martins de inserso profissional de jovens no Brasil: rflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira 0s fatores acima mencionados so importantes na medida em que permiter a reflexdo sobre aspectos para além da formacio ‘que podem influenciar 0 processo de insercdo profissional. A partir disso, pode-se questionar a recente expansio do Ensino ‘Superior brasileiro como um processo efetivo de democratizacéo do ensino, capaz de oferecer iguais oportunidades a jovens de diferentes origens sociais. Além disso, pode-se perceber a necessidade de pensar politicas pUblicas de ensino que levem em conta a diversidade existente entre os estudantes e que permitam maior aproximagao entre formacao e mercado de trabalho, possibilitando a redugdo das desigualdades no acesso aos capitais socials e culturals. ‘CONCLUSOES A expansio do Ensino Superior ocorrida no Brasil, em especial na ultima década, e 0 aprofundamento das dificuldades encontradas pelos jovens egressos desse nivel de ensino ao ingressarem no mercado de trabalho, indicam a necessidade de ampliac3o dos estudos acerca da insercdo profissional no pais. Embora tenha crescido o ntimero de estudos com jovens trabalhadores como objeto de estudo (OLIVEIRA e HONORIO, 2014; AMARAL e OLIVEIRA, 2017; FRANCO, MAGALHAES & PAIVA, 2017; PAIVA, FUJIHARA e REIS, 2017; SOUZA, HELAL e PAIVA, 2017, entre outros), ainda se mostra necessédrio um aprofundamento tedrico sobre a inser¢do profissional no contexto nacional produzindo uma apropriagao nacional sobre 0 construto, o que poderia ajudar na compreensio de especificidades socioeconémicas, histéricas e culturais do pais. Assim, este artigo buscou contribuir para a produgdo teérica no campo da inser¢ao profissional, integrando as nodes de mobilidade e classe social, @ fim de auxiliar na construgéo de uma teoria de insercdo profissional que leve em conta as peculiaridades do contexto brasileiro. Para tanto, buscamos articular a construcio de inser¢o (DUBAR, 2001) e classe e mobilidade social (SOURDIEU, 2015; PEUGNY, 2014) com a discussao realizada por autores brasileiros nesses campos. Assim, destacamos as contribuigdes dos trabalhos de Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2012a) € Lemos, Dubeux e Pinto (2008) para a formagao de uma teoria de insergdo profissional que contemple a realidade do pais e os trabalhos de Souza (2012) e Helal (2015) na discusso de como a nose de classe social pode desvelar qual contexto é esse e, além das representagdes sociais os individuos, expor os habitus de classes que podem interferir no processo. ‘Assim, apesar do discurso que promove o prolongamento da formacdo como meio para melhor inserco profissional, & necessério discutir outros elementos que possibilitam alguns obterem insergdes mais qualificantes (CORDEIRO, 2002) do ‘que outros, mesmo tendo acesso ao mesmo nivel de formagio. Esse olhar se mostra fundamental para que o discurso da meritocracia no acesso a0 mercado de trabalho seja desconstruido, deixando & mostra a reprodugao social e as desigualdades de oportunidades que, muitas vezes, slo encobertas pela justificativa do merecimento, Como agenda de pesquisa, sugerimos que futuros estudos abordem: a) A exoanséo e diversificacao do acesso ao Ensino Superior no pals, a partir da origem social dos jovens ¢ suas chances de mobilidade social; b) © papel das organizagées na formagio dos diferentes percursos de inser¢o; ©) O proceso de insercéo profissional em diferentes areas, a partir do olhar de classe e origem social dos diferentes jovens que as compdem; 4) A problematiza¢ao do discurso meritocritico na sociedade brasileira; €) Comoasinterseccionalidades de origem social, raga, género, orientagao sexual se articular no processo de inser¢30 profissional, levando a producao de estratos de diferenca e segregacao, Entendemos que, para alcangar essa agenda de pesquisa, é necessdrio langar mao de diferentes recursos metodolégicos. Para analisar os efeitos da diversificaco e expansdo do Ensino Superior no processo de insergao profissional e mobilidade social (2) © 0 papel das organizacées (b), sao importantes estudos longitudinais quantitativos para que se possa acompanhar @ evoluco dda questo ao longo do tempo. Para compreender 0 processo de inser¢io.em diferentes Areas (c), prablematizar odiscurso da meritocracia (4) e, articular a discusséo sobre interseccionalidades (e), acredita-se que sejam necessérios estudos qualitativos ‘em profundidade como historias de vida (BERTAUX, 1980), narrativas (RIESSMANN, 2000) ou retratos sociolégicos (LAHIRE, 2004). Assim, o aprofundamento empirico do tema perpassa diferentes abordagens metodolégicas tanto para produzir dados rnuméricos quanto para que se compreenda melhor as particularidades vivenciadas no processo de inser¢ao. Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 572-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo Bibiana Volkmer Martins de insereo profissional de jovens no Brasil: reflexdes Camila Scherdien ‘eagenda de pesquisa Sidinei Rocha-de-Oliveira Também sugerimos a interseccionalidade do discurso da meritocracia com o que trata da incluso, a exempio do texto de Franco, Magalhdes, Paiva et al. (2017), de modo a olhar para além da insergao dos jovens, o lugar que eles ocupam no contexto ‘organizacional a partir da sua origem social. Ademais, o discurso meritocratico trazido aqui ainda pode dialogar com estudos como o de Lima e Helal (2016), que traz o capital social vinculado meritocracia para entender a ascensio de servidores pdblicos a cargos de chefia, de modo a trazer para a discussdo, ainda, a existéncia de disputa politica dentro das organizagées. Por fim, vislumbramos como possibilidade de avango no tema outros estudos tedricos, além de estudos empiricos que tomem ‘como base o olhar eas vivencias dos diferentes grupos sociais e suas trajetérias. Acreditamos que esse é um passo iniial para uma teorizagdo acerca da insercao profissional que leve em conta as especificidades brasileiras, sendo necessérios outros, trabalhos tedricos e empiricos, assim como frequentes discussdes sobre as diferentes juventudes que compéem o pais e as desigualdades que estejam sendo reproduzidas e invisibllizadas no pracesso de acesso a formacio de nivel superior e de transigo para o mercado de trabalho. Cad. BBAPE BR, v.17, n°, Rio de Janet Jul /Set 2018 (mo) 813-576 Estrutura de classe e mobilidade social no processo de insereo profissional de jovens no Brasil: reflexdes ‘eagenda de pesquisa REFERENCIAS ABRAHAMSEN, B.; DRANGE, | Ethnic minority students’ career ‘expectations in prospective professions: navigating between ambitions and aisrimination. 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