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As Sete Maravilhas de Don Quixote
As Sete Maravilhas de Don Quixote
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Artist
Johann Baptist Zwecker (1814–1876)
Object type painting
Date 1854
Dimensions 71×91 cm
Source/Photographer https://www.auktionshaus-stahl.de/
Permission
(Reusing this file) This is a faithful photographic reproduction of a two-dimensional, public domain work of art. Th
reason:
The author died in 1876, so this work is in the public domain in its country of origin
the author's life plus 100 years or fewer.
The official position taken by the Wikimedia Foundation is that "faithful reproductions of two-d
This photographic reproduction is therefore also considered to be in the public domain in the
may be restricted; see Reuse of PD-Art photograp
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Artist
Johann Baptist Zwecker (1814–1876)
Date 1854
Dimensions 71×91 cm
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pt.wikipedia.org
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As sete maravilhas de Don Quixote
Passam 400 anos desde que Miguel de Cervantes entregou a alma ao criador. Para
assinalar a data, Bruno Vieira Amaral regressa à obra-prima do maior génio da literatura
de língua espanhola
Dom Quixote, tal como todos os clássicos que chegaram até nós, é um
livro infinito porque infinitas são as leituras possíveis e porque
Cervantes combinou elementos tão diversos que é impossível reduzi-
lo a uma única dimensão, tema ou estilo.
Índice
1. A dupla D. Quixote e Sancho Pança
2. Dulcineia de Toboso
3. A estrutura
4. A Novela do Curioso Impertinente
5. Os moinhos de vento
6. O discurso das armas e das letras
7. A ilha de Barataria
À medida que a narrativa avança, o fiel escudeiro vai sendo contagiado
pela loucura do amo, primeiro por solidariedade, depois como
reconhecimento de que a crença de D. Quixote nas ficções afecta a
realidade. Na leitura que o romantismo alemão fazia da obra de
Cervantes, D. Quixote era o “espiritualista” e Sancho Pança, “o
materialista”, interpretação reproduzida por Garrett em Viagens na
Minha Terra. Porém, sendo muitas as diferenças, desde logo as físicas
(D. Quixote é seco de carnes e Sancho é anafado), há uma ligação
profunda entre os dois, de amizade e de mútua proteção, a tal ponto
que um só faz sentido com o outro. O jogo de contrários, que dá azo a
muitas situações cómicas, também permite que, a cada momento,
vejamos o mundo tal como é e o mundo tal como D. Quixote o imagina.
Dulcineia de Toboso
Se Borges dizia que na obra de Quevedo não existia nenhum exemplo
de sentimentalismo, Milan Kundera, em A Imortalidade, afirmou que
ninguém penetrou o “homo sentimentalis com mais perspicácia do que
Cervantes”. Na definição do romancista de origem checa, o homo
sentimentalis não é a pessoa que experimenta sentimentos, mas aquela
que “os erigiu em valores.” Ou seja, é o homem que quer experimentar
o sentimento porque lhe associa um valor. O objecto amado é, assim,
um tanto indiferente. Pode ser Aldonça Lorenzo, a jovem camponesa
por quem em tempos Alonso Quijano (o verdadeiro nome de D.
Quixote) esteve apaixonado, ou pode ser Dulcineia de Toboso, produto
da imaginação cavaleiresca do idealista. É por ela que o desgraçado
Cavaleiro da Triste Figura se aventura pelas paisagens da
Mancha a fim de “desfazer agravos”, “reparar injustiças” e
“obrigar os maus a saldar seus tortos”. Quer, à viva força, que os
desconhecidos com que se cruza nas suas andanças “confessem que
não há no mundo inteiro donzela mais formosa que a imperatriz da
Mancha, a sem par Dulcineia de Toboso”.
Miguel de Cervantes: presume-se que terá nascido Alcalá de Henares,
a 29 de setembro de 1547, e morreu em Madrid a 22 de abril de 1616,
com 68 anos
Os moinhos de vento
De todas as imagens de D. Quixote, a mais universal será a do homem
que luta contra os moinhos de vento. É o símbolo das causas perdidas
ou quase impossíveis de concretizar, mas é também uma inspiração
para sonhadores e idealistas, aqueles que se vêem como descendentes
espirituais do cavaleiro manchego. Como acontece com todos os
clássicos, os séculos e os múltiplos exegetas acrescentaram à cena um
significado que parece não estar lá. A aventura acontece no capítulo
VIII, na segunda saída de Dom Quixote com o seu escudeiro, Sancho, à
procura de aventuras. A certa altura, deparam-se com trinta ou
quarenta moinhos de vento. O cavaleiro diz-se com sorte porque vai
poder enfrentar aqueles gigantes. Sancho não percebe:
– Atente bem, Vossa Mercê. O que se descortina além fora não são
gigantes, mas moinhos de vento. E o que parecem braços não são senão
as velas que, sopradas pela aragem, fazem girar as mós.”
A ilha de Barataria
No capítulo XLV da segunda parte de Dom Quixote, Sancho Pança tem
finalmente a oportunidade de governar a ilha que o seu amo lhe
prometera no início. A ilha de Barataria é outra ficção no interior da
ficção. Neste caso, é uma criação dos misteriosos duques que aparecem
na segunda parte e que, tendo lido a primeira e conhecendo as manias
e comportamentos do amo e do seu escudeiro, se divertem a pregar-
lhes partidas. São eles que lhe oferecem a ilha de Barataria, terra fértil
e generosa, onde o camponês, bem desempenhadas as suas funções,
poderá conquistar uma parcela do céu que, como bom cristão, tanto
deseja.