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Documento Assinado Digitalmente por: Ana Cristina Tinoco Porto
INTEIRO TEOR DA DELIBERAÇÃO

23ª SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA CÂMARA REALIZADA EM 19/07


/2022

PROCESSO TCE-PE N° 22100239-0


RELATOR: CONSELHEIRO MARCOS LORETO
MODALIDADE - TIPO: Medida Cautelar - Medida Cautelar
EXERCÍCIO: 2022
UNIDADE(S) JURISDICIONADA(S): Consórcio de Transportes da Região
Metropolitana do Recife - Grande Recife

INTERESSADOS:
BILHETAGEM ELETRONICA
JOAO VITOR NUNES DE HOLANDA (OAB 41198-PE)
FLÁVIO ANTÔNIO COSTA MIRANDA SOTERO

DESCRIÇÃO DO OBJETO

Processo de Medida Cautelar visando à suspensão imediata das


transferências para a Urbana de antecipações de crédito baseadas na
Portaria 095/2021 até que sejam comprovados a correspondência entre os
déficits apurados pelo CTM mês a mês e as respectivas transferências
realizadas, os tempestivos repasses diretos correspondentes a cada
operadora pela Urbana, bem como a gestão do uso dos créditos
correspondentes pela Secretaria de Administração, gerenciadora do contrato
de vale-transporte do Estado. PROCESSO N. 20100727-7.

RELATÓRIO

Trata-se da apreciação da Medida Cautelar que concedi, em 16/06/2022


(doc. 7), oriunda da área técnica deste Tribunal de Contas, para “suspensão
imediata das transferências para a Urbana de antecipações de crédito
baseadas na Portaria 095/2021 até que sejam comprovados a
correspondência entre os déficit’s apurados pelo CTM mês a mês e as
respectivas transferências realizadas, os tempestivos repasses diretos
correspondentes a cada operadora pela Urbana, bem como a gestão do uso
dos créditos correspondentes pela Secretaria de Administração,
gerenciadora do contrato de vale-transporte do Estado”, pedido esse que
teve como base o relatório técnico elaborado no processo de Auditoria
Especial TCE-PE n° 20100727-7, também sob minha relatoria, que ainda se
encontra em tramitação neste TCE.
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Importa registrar que as falhas apontadas pela área técnica deste Tribunal
na Auditoria Especial antes referida foram as seguintes:

- Não divulgação dos extratos bancários da Conta Garantia;

- Não divulgação da comercialização e resgate dos créditos eletrônicos


(VEM);

- Não divulgação dos impactos dos benefícios tarifários;

- Deficiência no controle das receitas advindas da comercialização dos


créditos eletrônicos e do pagamento das passagens em espécie;

- Deficiência no uso do sistema Mercury Report Center – MRC;

- Deficiência nos controles das obrigações previstas na Portaria n° 95/2021; e

- Sistema de gestão e governança inadequado para garantir a propriedade


dos dados.

Como responsáveis, foram apontados Erivaldo José Coutinho dos Santos


(Diretor-Presidente - CTM de 17/01/2019 a 02/08/2021), Flávio Antonio
Costa Miranda Sotero (Diretor-Presidente - CTM a partir de 02/08/2021),
Tomé Barros Monteiro da Franca (Secretário da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano a partir de 01/06/2021), João Henrique Alves de
Lira (Diretor de Gestão Organizacional a partir de 24/08/2021),
André Samico de Melo Correia (Diretor de Gestão Organizacional de 01/02
/2019 a 02/04/2020), José Augusto Cabral Sarmento (Diretor de Gestão
Organizacional de 01/04/2020 a 24/08/2021), Raul Goiana Novaes Menezes
(Diretor de Tecnologia da Informação de 01/02/2019 a 05/04/2021), Claudio
Danilo de Almeida Pernambuco (Diretor de Tecnologia da Informação a partir
de 05/04/2021) e Urbana - PE - Sindicato das Empresas de Transportes de
Passageiros no Estado de Pernambuco (cujo Representante Legal é o Sr.
Luiz Fernando Bandeira de Mello).

Em 16/06/2022, acompanhando o entendimento do Diretor do Núcleo de


Auditorias Especializadas (doc. 4), que, anuindo com o opinativo constante
no despacho da GATI, “haja vista presentes o periculum in mora e o fumus boni
iuris ante o descontrole da movimentação dos recursos apontados no
relatório da auditoria bem como a inexistência do periculum in mora reverso”,
entendeu pelo cabimento da expedição de Medida Cautelar, deferi, ad
referendum desta Primeira Câmara, a medida pleiteada, como posto na parte
inicial deste voto, concedendo, naquela oportunidade, o prazo de 5 (cinco)
dias para que o Consórcio de Transportes Metropolitanos – CTM se
pronunciasse sobre tal medida, bem como sobre o relatório técnico que
seguiu em conjunto.

Em 28/06/2022 o CTM apresentou sua peça defensória (doc. 10, anexos nos
docs. 11/80) e a URBANA, em 05/07/2022, a sua defesa (doc. 88, anexos
nos docs. 89/96).
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Atendendo solicitação desta Relatoria, em 15/07/2022 a auditoria expediu
Parecer Técnico (docs. 127 e 128).

É o que importa relatar.

VOTO DO RELATOR

De logo, destaco que, por força do disposto no art. 18, § 2º, da Lei Estadual
nº 12.600/2004 (Lei Orgânica do TCE-PE) e considerando o art. 13 da
Resolução TC nº 155/2021, a presente Medida Cautelar tem que ser
submetida à apreciação da Câmara competente até a 3ª sessão posterior, o
que no caso concreto está sendo atendido.

A decisão interlocutória ora submetida à homologação deste Colegiado foi


por mim expedida nos seguintes termos:

(...)

Os requisitos, necessários à concessão da Medida de Urgência requerida,


arguidos pela equipe técnica, foram os seguintes, conforme documento 3
dos autos:

Periculum In Mora:

Consistente no fato de que atualmente vêm sendo realizados


pagamentos mensais de R$ 8.000.000,00 em média na aquisição de
créditos eletrônicos para garantir o cumprimento da frota, sem que
haja comprovação do integral repasse da Urbana às operadoras
deficitárias, conforme previsto no art. 3º da Portaria 095/2021, fato
constatado pelas cópias dos Comprovantes de Transferência de
conta corrente para conta corrente disponibilizadas pela Urbana, as
quais abrangem o período de novembro/2021 a fevereiro/2022 e
totalizam apenas R$ 20.803.140,79, devendo ser destacado o fato de
que a Urbana não disponibiliza ao CTM os extratos bancários da
conta onde são realizados os depósitos das antecipações de créditos
do governo. Faz-se necessário ressaltar também que, embora o valor
total dos déficits para o ano de 2021, conforme os cálculos realizados
pelo próprio Consórcio nas PLANILHAS DE APURAÇÃO DE
CUSTOS, tenha atingido a cifra de R$ 90.755.735,62, o total
transferido pelo CTM para a Urbana, a título de antecipação de
crédito referente ao ano de 2021, atingiu o montante de R$
122.641.067,47, ou seja, houve transferências indevidas de R$
31.885.331,85 (122.641.067,47 - 90.755.735,62) para as contas da
Urbana, sem nenhum amparo legal ou regulamentar. (vide Achado A2.
3)

Fumus Boni Iuris:


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Permitir a continuidade das transferências para a Urbana de
antecipações de crédito baseadas na Portaria 095/2021, sem
qualquer garantia acerca de seus posteriores e devidos repasses
para as respectivas operadoras, nos estritos termos calculados pelo
CTM, não ajuda a garantir o cumprimento da frota por parte das
operadoras deficitárias, tendo em vista que o Consórcio não controla
nem acompanha o uso dos créditos adquiridos com base no art. 3º da
Portaria 95/2021 (vide Achado A2.3), em total dissonância com o que
preconiza o artigo 253, inciso VIII, do Regulamento do STPP/RMR,
que atribui ao CTM a competência para o rastreamento dos créditos
eletrônicos desde a sua geração até o seu resgate ou cancelamento,
conforme o caso. Além disso, é importante ressaltar que, conforme
declaração constante no Termo de Adesão do Sindicato das
Operadoras, contida no Anexo 3 da Portaria nº 095/2021 (DOC. 46)
do CTM, a Urbana anuiu que o descumprimento de quaisquer dos
termos da referida Portaria implicaria na não aquisição de créditos na
forma estabelecida pela Portaria.

Ausência de Periculum In Mora Reverso:

Não há grave risco de ocorrência de dano irreparável no cumprimento


da medida cautelar uma vez que as aquisições de crédito antecipado
que vêm sendo realizadas mensalmente junto à URBANA não estão
sendo devidamente fiscalizadas pelo CTM. Conforme apontado no
Achado A2.3, há evidências de que a Urbana não conseguiu
demonstrar que realizou a transferência integral dos valores
recebidos para as operadoras. O risco de que as operadoras
deficitárias não estejam recebendo integralmente os repasses que
para elas deveriam ser realizados pela Urbana é razão suficiente a
demonstrar a necessidade de suspender as antecipações justamente
para se garantir o cumprimento da frota por parte dessas empresas.

Ainda, a equipe técnica, ao elaborar o relatório de auditoria do Processo de


Auditoria Especial acima citado, que deu origem ao presente Processo de
medida cautelar, concluiu da seguinte forma o ponto 2.1.6 – Deficiência nos
controles das obrigações previstas na portaria n° 95/2021 (Pag. 74 a 100 do
relatório):

1- O CTM não detém o controle dos repasses relativos à Antecipação


de Crédito do Governo prevista na Portaria 095/2021 para cobrir os
déficits mensais calculados pelo próprio CTM.

2- Dos R$ 122.662.467, recebidos como Antecipação de Crédito do


Governo (vide ANEXO I), a Urbana incluiu no MRC, como vendas do
período, as antecipações realizadas em janeiro e fevereiro/2021, que
totalizaram R$ 10.000.000,00. Este procedimento caracterizou um
desvio da finalidade das Antecipações de Crédito do Governo
previstas no art. 3º da Portaria 095/2021. Estas inclusões permitiram
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que os valores recebidos pela Urbana, que deveriam ser repassados
diretamente às operadoras autorizadas para cobrir déficits apurados
pelo CTM, fossem rateados normalmente entre todas as operadoras.

3- O CTM não controla nem acompanha o uso dos créditos


adquiridos com base no art. 3º da Portaria 95/2021 (DOC. 46),
relativos ao processo extraordinário de compra de valetransporte com
antecipação de pagamento pelo Poder Executivo estabelecido pelo
Termo de Compromisso (Doc. 238), assinado em 19/06/2020, firmado
entre o Estado de Pernambuco como COMPROMITENTE e a Urbana
como COMPROMISSÁRIA. Esta omissão contraria o artigo 253,
inciso VIII, do Regulamento do STPP/RMR, que atribui a competência
ao CTM para o rastreamento dos créditos eletrônicos desde a sua
geração até o seu resgate ou cancelamento, conforme o caso.

4-A Urbana não mantém uma conta única e específica para a


operacionalização do processo extraordinário de vale-transporte, que
inclui a transferência dos valores relativos às antecipações de
créditos do governo, conforme disposto na Portaria 095/2021 (Doc.
46) e no Termo de Compromisso (Doc. 238), assinado em 19/06
/2020, embora a Urbana tenha afirmado, através de uma carta (Doc.
260), que “desde o dia 07/03/2022, a Urbana/PE passou a utilizar
uma conta corrente específica para movimentação dos recursos
recebidos do CTM”.

5-Mesmo tendo atingido o limite total correspondente aos déficits das


operadoras apurados nas PLANILHAS DE APURAÇÃO DE CUSTO,
o CTM continuou a transferir para a Urbana valores baseados na
Portaria 095/2021, totalizando um excesso de R$ 36.175.944,68
correspondentes a transferências indevidas, o que permitiu que a
Urbana recebesse para o exercício de 2021 um montante de R$
126.953.348,45 (122.662.735,62 empenhados em 2021 +
4.290.612,83 empenhados em 2022) para cobrir o acumulado de R$
90.755.735,62 apurado pelo próprio CTM.

6-O CTM realiza pagamentos de Antecipações de Crédito em valores


superiores ao deficit apurado pela PLANILHA DE APURAÇÃO DE
CUSTOS dentro de um determinado mês, conforme foi detectado
para o mês de novembro/2021, quando foram pagos R$ 7.648.237,73
para cobrir um déficit calculado de R$ 7.045.837,90.

7- O CTM não utiliza uma descrição clara e padronizada em suas


notas de empenho e respectivas ordens bancárias, que permitam
uma verificação transparente do objeto da transação, dificultando
saber, por exemplo, a que meses se referem os pagamentos
realizados a título de Antecipação de Crédito do Governo.

8- O CTM não utiliza o acesso à base de dados da rede terceirizada


através do sistema NETSALES e seus respectivos relatórios,
conforme garantido pelo Termo de Compromisso (Doc. 25) assinado
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em 19/04/2021, entre o CTM, a Secretaria de Desenvolvimento
Urbano - SEDUH, e a Urbana.

9- O CTM não exige os relatórios de auditoria independente sobre o


sistema de bilhetagem, conforme previsto no Termo de Compromisso
assinado em 19/04/2021, e no Termo de Adesão da Urbana, contido
no Anexo 3 da Portaria nº 095/2021 (DOC. 46) do CTM. Quando o
fez, aceitou uma carta sem maiores detalhes, emitida por uma
empresa cuja qualificação não fica clara no documento, não podendo
a indigitada carta ser entendida como parecer de auditoria
independente. 10.

10- O CTM não dispõe de rotinas automatizadas que tratem,


armazenem e recuperem informações necessárias para gerar os
relatórios de controle, incluindo as informações relativas às
Antecipações de Crédito do Governo previstas na Portaria 095/2021
para cobrir os déficits mensais.

Após receber este processo, determinei a notificação imediata do Consórcio


de Transportes Metropolitano - CTM para apresentação de Contrarrazões.
Após transcorrido o prazo legal, verifica-se que não foram apresentadas.

É, resumidamente, o relatório. Decido.

Para concessão de medida de urgência, como a que se pleiteia nos


presentes autos, sabe-se, necessário se torna a demonstração inequívoca
da existência dos seus pressupostos, quais sejam: o fumus boni Iuris e o
Periculum in mora.

Pois bem, a equipe de auditoria, após detida análise dos procedimentos


adotados pelo CTM, em conjunto com o sindicato das empresas de
transporte – URBANA, demonstrou que os citados requisitos estão
presentes.

Esclareceu a equipe que, a princípio e em juízo não definitivo por parte


deste julgador, está havendo o descumprimento reiterado da portaria 095
/2020 (Prorrogada pela portaria 150/2021), que trata de medidas
extraordinárias, incluindo aquisição antecipada de créditos eletrônicos para
garantir o cumprimento da frota, enquanto perdurarem os efeitos da
pandemia COVID-19, consoante estabelecido no Decreto Estadual nº
51.342, de 14/09/2021 e Decreto Estadual nº 51.488, de 29/09/2021.
Transcrevo a parte que interessa das citadas normas:

Decreto Estadual nº 51.488/2021

Art. 1º Fica declarada a existência de situação anormal caracterizada


como “Estado de Calamidade Pública” em razão do Desastre de
Doenças Infecciosas Virais (COBRADE 1.5.1.1.0), por um período de
90 (noventa) dias, nos Municípios do Estado de Pernambuco e no
Distrito Estadual de Fernando de Noronha.
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Portaria 95/2021

Art. 3º. O Consórcio Grande Recife procederá à aquisição de créditos


eletrônicos do Sindicato das Empresas Operadoras do STPP/PE, que
realizará repasse dos valores adquiridos na forma desta Portaria,
diretamente às empresas operadoras autorizadas do STPP/RMR,
cujos custos necessários para cumprimento da frota estabelecida
pelo CTM sejam superiores à receita tarifária arrecadada no período
de apuração, de acordo com a metodologia elaborada pelo CTM.

§1º. Considera-se período de apuração o mês de realização dos


serviços, podendo ser realizada a aquisição direta correspondente ao
período a partir de 1º de dezembro de 2020, tendo em vista que a
revisão tarifária procedeu ao reequilíbrio do COVID referente ao
período até 30/11/2020.

A equipe técnica, em sequência, demonstrou em seu relatório de auditoria


(Doc. 01), elaborado inicialmente para instruir o processo de auditoria
especial TC n° 20100727-9, que a portaria acima transcrita está sendo
reiteradamente descumprida, havendo um completo descontrole entre os
valores repassados pelo CTM à Urbana, posteriormente repassados às
empresas de transporte, e sua comprovação, como determina a citada
portaria. Destaco trechos do citado relatório:

Diante da falta de correspondência entre o DÉFICIT APURADO e as


ANTECIPAÇÕES DE CRÉDITO, a auditoria solicitou através do
Ofício NAE-GATI nº 22032 (Doc.159), cópia de todas as PLANILHAS
DE APURAÇÃO DE CUSTOS PORTARIA 95/2021, abrangendo todo
o período dos anos 2020 e 2021. Em resposta o CTM encaminhou
todas as planilhas relativas ao ano de 2021 (Docs 161 a 167) através
do Ofício nº 343/2022 (Doc. 160). A consolidação mostrada na tabela
14 confirma a falta de correspondência entre o déficit apurado e os
valores transferidos mês a mês do CTM para a Urbana.

Conforme ficou demonstrado, para cobrir apenas os déficits


calculados para o ano de 2021, o CTM deveria transferir R$
90.755.735,62 para a Urbana a título de Antecipação de Crédito do
Governo. Todavia, ficou evidenciado através da tabela 15 que
existem pagamentos efetuados, com base na Portaria 095/2021, que
se referem ao ano de 2020, num total de R$ 21.400.00. Portanto,
para o ano de 2021 foram registradas transferências num valor total
de R$ 122.662.467,47 - R$ 21.400,00 = R$ 122.641.067,47. Nota-se
então que foram transferidos indevidamente R$ 31.885.331,85 para
as contas da Urbana a título de Antecipação de Crédito no ano de
2021 (122.641.067,47 - 90.755.735,62). A situação pode se agravar
se considerarmos que no ano de 2022, conforme demonstrado na
tabela 13, já foram empenhados R$ 4.290.612,83 com a mesma
finalidade, citando como competência os meses de novembro e
dezembro/2021, o que elevaria as transferências indevidas relativas
às Antecipações de Crédito para R$ 36.175.944,68.
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Perguntado através do Ofício NAE/GATI nº 042/2022 (Doc. 210)
sobre a possibilidade ou justificativa para pagamentos em valores
superiores aos déficits apurados nas PLANILHAS DE APURAÇÃO
DE CUSTOS, o CTM respondeu através do Despacho 40 (Doc. 240),
encaminhado através do Ofício nº 476/2022 (DOC. 239) que “Antes
de julho de 2021, a apuração do déficit era feita pela SEDUH, e tais
processos não vinham com as planilhas de apuração do déficit, a
partir de julho de 2021 essas planilhas passaram a serem feitas pelo
CTM/DOP/GECO e anexadas nos processos do SEI, a partir de
então, a GFIN pode afirmar que não há pagamentos superiores aos
déficits”. Fica claro aqui que a GFIN nada pode garantir em relação
aos pagamentos efetuados anteriormente ao mês de julho/2021.
Como prova do seu controle, foi referenciado o documento 22061088
do Processo SEI nº 0050500003.005221/2021-41 (Doc. 241). Trata-
se de uma nova planilha contendo a relação das ordens bancárias
pagas pelo CTM no exercício de 2021 relativas às Antecipações de
Créditos do Governo, totalizando R$ 93.233.067,97. A própria GFIN
informa que só consegue informar o mês de competência para os
pagamentos realizados a partir de julho/2021, mês em que o CTM
passou a elaborar as planilhas de apuração do déficit.

Percebem-se aí três inconsistências. Em primeiro lugar, a soma dos


déficits calculados pelas PLANILHAS DE APURAÇÃO DE CUSTOS,
conforme demonstrado na Tabela 14, totaliza R$ 90.755.735,62, valor
inferior ao total de R$ 93.233.067,97 agora informado pelo CTM. Em
segundo lugar, conforme já foi demonstrado, com base em
informações anteriores do próprio CTM consolidadas no APÊNDICE I,
após validação no sistema e-Fisco, a soma de pagamentos feitos à
Urbana a título de Antecipação de Crédito do Governo totaliza R$
122.662.467,47. Nenhuma explicação foi encaminhada para
esclarecer a diferença de R$ 29.429.399,50 entre as duas versões de
controle encaminhadas (122.662.467,47 - 93.233.067,97).
Finalmente, embora o CTM afirme que só tenha começado a elaborar
as planilhas de apuração do déficit a partir de julho/2021, as demais
planilhas relativas aos meses anteriores estavam disponíveis (Docs
161 a 167), conforme ficou demonstrado pelo envio realizado através
do Ofício nº 343/2022 (Doc. 160).

……

Quando reiterada a demanda pelas cópias dos extratos bancários da


conta corrente da Urbana onde são movimentados os recursos
recebidos do CTM, a título de Antecipação de Créditos do Governo,
através do Ofício NAE/GATI nº 042/2022 (Doc. 210), aquele
Consórcio enviou, através do Ofício nº 421/2022 (Doc. 211), cópias
de extratos bancários relativos à agência 3175, conta corrente nº
34434-4 do Banco Itaú S.A. (Docs.212 a 235). Constatada a falta de
coincidência entre os números das contas correntes informadas e não
sendo possível identificar nos extratos recebidos os créditos
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correspondentes às Antecipações de Crédito realizadas e
confirmadas no e-Fisco, esta auditoria comunicou o problema ao
CTM, através do Ofício NAE/GATI nº 045/2022 (Doc. 236), reiterado
através dos ofícios NAE/GATI nº 052/2022 (Doc. 243) e 054/2022
(Doc. 247) solicitando que o próprio Consórcio identificasse os
créditos correspondentes às Antecipações de Crédito eventualmente
contidas nos extratos encaminhados através do Ofício nº 421/2022
(Doc. 211).

Em resposta, através do Ofício Nº 540/2022 (Doc. 248), o CTM


apresentou um conjunto de documentos, fornecidos pela Urbana, que
incluía o relatório RAZÃO (Docs 249 a 258) daquele sindicato, bem
como os extratos bancários (Doc. 259), cobrindo os meses de março
a dezembro/2021 , tarjando em amarelo as supostas movimentações
relativas às antecipações extraordinárias de crédito, conforme fora
solicitado pela auditoria. Após verificação dos documentos
apresentados, foi possível constatar as seguintes irregularidades:

1- Os documentos apresentados com as identificações


solicitadas cobrem o período de 2021 apenas a partir do mês
de março. Como já foi evidenciado nesta auditoria e confirmado
pelo CTM, ocorreram antecipações extraordinárias de crédito
nos meses de janeiro e fevereiro/2021, totalizando R$
10.000.000,00, conforme demonstrado na Tabela 12. Portanto,
verifica-se de antemão que os documentos recebidos estão
incompletos e o CTM apenas os encaminhou, sem realizar
nenhuma verificação.

2- A consolidação dos valores destacados no relatório RAZÃO


para os débitos, que correspondem aos valores do CTM
(APÊNDICE II) totalizam R$ 91.262.467,45, indicando uma
disparidade com os valores anteriormente repassados a esta
auditoria pelo CTM, através do Ofício CTM nº 2713/2021 (DOC.
65), R$ 122.662.467,47, e do Ofício nº 476/2022 (DOC. 239),
R$ 93.233.067,97.

3- Os documentos recebidos até o momento não permitem


fazer nenhum cruzamento confiável com os valores
movimentados, uma vez que os extratos e o documento
RAZÃO não fazem nenhuma referência às ordens bancárias
que o CTM utiliza para consolidar os valores. Tampouco se
encontram correspondências quando se procura identificar os
valores de uma ordem bancária relacionada nos APÊNDICES I
e II com os lançamentos tarjados pela Urbana em seu relatório
RAZÃO ora apresentado.

…….

Demonstrando absoluta alienação sobre como são controlados e


usados os créditos adquiridos com base na Portaria 095/2021,
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correspondentes ao processo extraordinário de compra de
valetransporte com antecipação de pagamento pelo Poder Executivo,
estabelecido pelo Termo de Compromisso (Doc. 238), assinado em 19
/06/2020, o CTM apresentou quatro respostas diferentes, quando
indagado por esta auditoria em momentos diferentes:

1- Ofício NAE-GATI nº 21079, solicitando esclarecimentos


sobre Antecipação de Crédito do Governo concedida pelo
Governo para as operadoras de acordo com a Portaria CTM 095
/2021, detalhando valores, datas, e aplicação (VC, VE, VT),
bem como o processo de controle do uso desses créditos.

Resposta: Ofício CTM nº 2713/2021 (DOC. 65) - A GFIN não


tem o controle do rateio dos créditos antecipados, pois o
pagamento é feito à Urbana, que posteriormente realiza
repasse dos valores diretamente às empresas operadoras
autorizadas do STPP/RMR, conforme art. 3º da Portaria nº 095
/2021.

2- Ofício NAE-GATI nº 22030 solicitando esclarecimento sobre


os controles exercidos pelo CTM para garantir o cumprimento
do art. 3º da Portaria CTM 095/2021

Resposta: Despacho 26 da DICG (Doc.158) - A GFIN realiza os


pagamentos dos valores para aquisição antecipada de créditos
eletrônicos do Vale Transporte, porém os cálculos dos mesmos
são efetuados por outra gerência conforme parâmetros
estabelecidos no art. 3º da Portaria CTM 095/2021.

3- Ofício NAE-GATI nº 22033, reiterando a pergunta do Ofício


NAE-GATI nº 22030 (Doc. 156) e solicitando que fosse enviada
ao setor encarregado pelo controle sobre o efetivo repasse das
antecipações diretamente às empresas operadoras por parte da
Urbana.

Resposta: Ofício nº 341/2022 (Doc. 169) - A minuta da


Resolução que substituirá a Portaria de antecipação de créditos
ora vigente contemplará o controle e monitoramento do fluxo de
repasses, por parte deste CTM”, evidenciando assim que
atualmente não existe nenhum processo de controle do efetivo
repasse dos valores referentes às Antecipações de Crédito do
Governo para as empresas operadoras, a despeito dos altos
valores já consumidos.

4- Ofício NAE/GATI nº 042/2022, indagando sobre como será o


processo de negócio de carga dos créditos correspondentes às
Antecipações de Créditos adquiridos pelo CTM, ou seja, como
serão controlados e usados no futuro os créditos adquiridos
pelo CTM com base na Portaria 095/2021
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Resposta: Ofício nº 421/2022 (Doc. 211) - Antes mesmo da
emissão da Portaria 26/2021, foi celebrado Termo de
Compromisso da Urbana com o Consórcio de Transporte
Metropolitano, a Secretaria de Controladoria Geral do Estado, a
Secretaria de Administração e a Secretaria de Desenvolvimento
Urbano e Habitação para acompanhamento e uso dos créditos.
A Secretaria de Administração como gerenciadora do contrato
de vale transporte do Estado, realiza a gestão do uso desses
créditos, até janeiro/2022 já foram usados mais de 40 milhões”.

O que se pretende destacar é que o valor de R$ 115.844.645,37,


correspondente à diferença entre a RECEITA TOTAL e a RECEITA
DE USO, no período de dezembro/2020 a novembro/2021, conforme
informado em Nota Técnica pelo CTM (ANEXO II), deve ser um
indicador de que as empresas deficitárias identificadas nas
PLANILHAS DE APURAÇÃO DE CUSTOS elaboradas pelo CTM não
estão recebendo as transferências, conforme previsto no art. 3º da
Portaria 095/2021. Caso as transferências estejam ocorrendo, existe
um lapso no controle que deveria ser realizado pelo CTM sobre as
mesmas. Enquanto isso, continuam ocorrendo transferências mensais
a título de Antecipação de Crédito do Governo, mesmo após ter sido
atingido o limite total acumulado de R$ 90.755.735,62, correspondente
aos déficits das operadoras apurados nas PLANILHAS DE
APURAÇÃO DE CUSTO. O Consórcio continuou a transferir para a
Urbana valores baseados na Portaria 095/2021, atingindo um total de
R$ 122.662.467,47 em 2021, sem nenhum amparo legal ou
regulamentar.

Para trabalhar com Antecipação de Crédito do Governo prevista no


art. 3º da Portaria nº 095/2021 (DOC. 46), esta auditoria entende que
o CTM necessita de maior controle sobre as vendas efetivamente
realizadas, utilizadas na elaboração das PLANILHAS DE APURAÇÃO
DE CUSTOS, onde é feita a comparação das Receitas X Custos,
além de um maior controle sobre a elaboração das MEMÓRIAS DE
CÁLCULO que são apresentadas pela Urbana.

Sendo assim, acatando os argumentos da equipe técnica desta Corte, resta


demonstrado o completo descontrole, por parte do CTM, dos valores
repassados, a título de antecipação de créditos, à Urbana, chegando à casa
das dezenas de milhões as diferenças evidenciadas e que, até o momento,
carecem da devida apresentação de documentação comprobatória de que
os recursos foram totalmente utilizados, como rege as normas sobre a
matéria. Lembre-se, por oportuno, que essa atribuição do CTM está posta
no Termo de Compromisso, assinado em 19/06/2020, entre o Estado de
Pernambuco como COMPROMITENTE e a Urbana como
COMPROMISSÁRIA.

Além disso, essa inoperância do CTM, contraria o artigo 253, inciso VIII, do
Regulamento do STPP/RMR (Sistema de Transporte Público de
Passageiros da Região Metropolitana do Recife), que atribui a competência
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ao CTM para o rastreamento dos créditos eletrônicos desde a sua geração
até o seu resgate ou cancelamento, conforme o caso. Comprovado, pois, o
fumi boni Iuris.

O periculum in mora está caracterizado porque, mesmo com as diferenças


apuradas pela equipe técnica, e que foram demonstradas acima de forma
resumida (O texto completo sobre o ponto encontra-se no relatório de
auditoria, doc. 1), os repasses a título de antecipação de créditos continuam
a ser realizados.

Lembre-se, novamente, que o CTM, apesar de devidamente notificado,


restou inerte quanto a apresentação de contrarrazões.

Isto posto,

CONSIDERANDO o previsto no art. 71 c/c 75 da CF/88; art. 18 da Lei


Estadual nº 12.600/2004 e Resolução TC nº 155/2022;

CONSIDERANDO que restaram demonstrados os requisitos necessários à


concessão da Medida de Urgência;

CONSIDERANDO que, tratando-se de recursos públicos, a transparência e


a devida comprovação de sua aplicação são regras intransponíveis, que
obrigam o gestor público e/ou quem os administra;

CONSIDERANDO que a equipe técnica comprovou, após exaustivas


solicitações ao Consórcio de Transportes Metropolitanos, que existem
diferenças, dos valores repassados a título de antecipação de créditos à
URBANA, na casa de dezenas de milhões de reais, que precisam ser
devidamente explicados quando a sua aplicação de acordo com as normas
regentes da matéria, notadamente a portaria 095/2020;

CONSIDERANDO que o artigo 253, inciso VIII, do Regulamento do STPP


/RMR (Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região
Metropolitana do Recife), que atribui a competência ao CTM para o
rastreamento dos créditos eletrônicos desde a sua geração até o seu
resgate ou cancelamento, conforme o caso, não está sendo observado;

CONSIDERANDO que, a despeito do descontrole constatado pela equipe


quanto a comprovação da aplicação dos recursos, valores ainda estão
sendo repassados mensalmente por parte do CTM à Urbana;

CONSIDERANDO que, mesmo devidamente notificado, o interessado se


mostrou inerte quanto a apresentação de contrarrazões ao relatório técnico.

DEFIRO, ad referendum da primeira Câmara deste Tribunal de Contas, a


Medida Cautelar pleiteada para suspender as transferências para a Urbana,
por parte Consórcio de Transportes da Região Metropolitana – CTM, de
antecipações de crédito baseadas na Portaria 095/2021, e suas
prorrogações, até que sejam comprovados:
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1- a correspondência entre os déficits apurados pelo CTM, mês a mês, e as
respectivas transferências realizadas, conforme consta no relatório técnico
(Doc. 1 do Processo);

2- os tempestivos repasses diretos correspondentes a cada operadora pela


Urbana;

3- a gestão do uso dos créditos correspondentes pela Secretaria de


Administração, gerenciadora do contrato de vale-transporte do Estado.

Por fim, fica o Consórcio de Transportes Metropolitanos – CTM, notificado


para apresentação de defesa no prazo de 5 (cinco) dias.

Em sua peça defensória (doc. 10), petição acompanhada dos anexos


referentes aos docs. 11 a 80, o CTM afirmou que, diante da crise que
assolou o transporte público de passageiros depois da eclosão da pandemia
da COVID-19 e contando com a chancela de pareceres emitidos pela
Procuradoria Geral do Estado, optou-se pela aquisição de créditos de Vale-
Transporte para manter os serviços de forma equilibrada emergencialmente,
tendo o Estado o direito de usar futuramente os créditos adquiridos. Esse
mecanismo então teria sido utilizado pelo CTM entre junho/2020 e fevereiro
/2021, mediante a aquisição de R$ 31,4 milhões em créditos de Vale-
Transporte, o que teria sido essencial para a continuidade do STPP/RMR.
Nesse período, esses créditos eram distribuídos entre as operadoras de
forma proporcional à quantidade de passageiros transportados por cada uma
delas, sem levar em conta quais delas eram deficitárias.]

A partir de março/2021, as antecipações de créditos passaram a ser


lastreadas pela Portaria 095/2021, sendo os déficits calculados mensalmente
por operadora e a totalização sendo realizada apenas entre as operadoras
deficitárias, ou seja, os superávits alcançados por operadoras em
determinados meses não são compensados com os déficits. Aplicado esse
critério, o somatório dos déficits de dezembro/2020 a dezembro/2021 atingiu
o montante de R$ 96.310.491,48 (nesse valor estaria refletido ajuste no mês
de agosto/21 de R$ 3.152,09 referente à correção de km cumprida pela
empresa Borborema).

Segundo o CTM, os recursos repassados correspondem aos déficits


efetivamente apurados nos termos da Portaria 095/2021, com “creditação
dos valores ao Governo de Pernambuco e sua utilização de acordo com
gestão da Secretaria de Administração” (doc. 10, página 16). Através da
mencionada Portaria, teria sido viabilizada “a ampliação e estabilização dos
serviços ofertados num cenário extremamente adverso” (doc. 10, página 16).

Na visão do Consórcio, houve equívoco no Relatório de Auditoria que


ensejou a presente Medida Cautelar quando foram apontados valores que
teriam sido transferidos indevidamente à URBANA, uma vez que tais valores
foram antecipados com fundamento no Parecer PGE nº 228/2020,
posteriormente ratificado pelo Parecer PGE nº 500/2020.
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Informou ainda que, em decorrência das recomendações deste Tribunal de
Contas e com o objetivo de aperfeiçoar o controle da antecipação e
utilização dos vales-transportes adquiridos, foi desenvolvido pela URBANA-
PE o sistema intitulado VEM FINANCEIRO, com acesso pleno e irrestrito por
parte do Governo do Estado, tendo sido juntadas amostras e
documentações que demonstrariam “o controle de todas as movimentações
de crédito e débito da metodologia de aquisição antecipada de Vale-
Transporte” (doc. 10, página 15).

Segundo o CTM, haveria periculum in mora inverso, uma vez que, em virtude
desta Medida Cautelar, haveria uma “drástica redução da frota de transporte
público coletivo da RMR” e a “desestabilização dos serviços prestados de
uma forma geral, inclusive em razão da escalada do preço do diesel e
demanda ainda distante daquela existente no período anterior à pandemia”
(doc. 10, página 16).

Em relação ao fumus boni iuris, argumentou que o Relatório de Auditoria


trouxe incertezas e imprecisões, quando deveria ter sido demonstrada de
forma certa e precisa a plausibilidade do direito substancial, ressaltando que
uma Medida Cautelar não pode ser concedida em face de “receio, dúvidas
ou mesmo o desconhecimento do Sistema de Transporte”, mas diante de
“uma situação objetiva, demonstrável por meio de algum fato concreto'' (doc.
10, página 17).

A URBANA, por sua vez (doc. 88: defesa; docs. 89/96: anexos), alegou que
a decisão cautelar concedida estaria alicerçada em entendimento
equivocado da Auditoria segundo o qual a Portaria 095/2021 estaria sendo
reiteradamente descumprida, havendo completo descontrole por parte do
CTM em relação aos valores repassados pelo Consórcio de Transportes à
URBANA, aos valores posteriormente transferidos do Sindicato às empresas
de transporte e à sua comprovação, como determina a mencionada Portaria.

Para o Sindicato, não estariam presentes quaisquer dos requisitos


ensejadores à concessão da medida cautelar, em especial o periculum in
mora; haveria, na verdade, o periculum in mora reverso, posto que:

A suspensão dos repasses para as operadoras aderentes às antecipações


de créditos implica em grave prejuízo ao desenvolvimento das atividades
dessas, sobretudo diante da necessidade de manter a continuidade do
regular funcionamento da frota, nos termos do compromisso assumido na
adesão pelas operadoras à Portaria nº 095/2021. (doc. 88, página 18)

Através da aquisição antecipada de vales-transporte, estariam “os créditos à


disposição do Estado para utilização futura, de maneira que, ainda que se
admitisse eventual aquisição em valores superiores ao déficit apurado (o que
NUNCA teria ocorrido, segundo a URBANA), não haveria a caracterização
de qualquer dano ao erário, visto que os referidos créditos continuarão
passíveis de utilização a qualquer tempo” (doc. 88, página 13).
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No que toca ao fumus boni iuris, cuja existência, na decisão cautelar, teria
sido fundamentada no fato de que a continuidade das transferências para a
Urbana de antecipações de crédito baseadas na Portaria 095/2021 se daria
sem a garantia de que seriam efetivados os devidos repasses para as
operadoras, a URBANA juntou aos autos declarações das operadoras em
que estas afirmam que são regularmente cientificadas dos valores dos
déficits apurados pelo CTM e têm ciência prévia dos dados operacionais e
de receita auferidos, sendo os valores de fechamento, após validação,
correspondentes ao efetivo repasse realizado pela URBANA. Além disso,
essas declarações seriam corroboradas pelos comprovantes dos repasses
mensais realizados pela URBANA em favor das empresas beneficiárias, que
foram juntados pelo CTM na sua manifestação e que seriam realizados "nos
exatos termos do art. 4º, IV, da Resolução CSTM nº 003/2022” (doc. 88,
página 14).

Alegou que, diversamente do que foi indicado pela Auditoria, haveria


efetivamente controle da aquisição e utilização dos créditos, através do
sistema denominado VEM FINANCEIRO. Além disso, quanto à afirmação da
auditoria de que a continuidade das transferências para a URBANA sem
garantia de que haveria os devidos repasses para as operadoras não
ajudaria a garantir o cumprimento da frota por parte das operadoras
deficitárias, diante da falta de controle e acompanhamento do uso dos
créditos por parte do CTM, a URBANA aduziu que houve ampliação da frota
graças à edição da Portaria 095 /2021. Afirmou também que a suspensão
dos repasses decorrente da “Medida Cautelar vigente acarretará na imediata
redução da frota disponibilizada, prejudicando diretamente toda a população
usuária” (doc. 88, página 19).

Detalhando melhor sua visão, argumentou que não haveria divergência entre
os déficits apurados pelo CTM e as transferências realizadas, o que se
demonstra por meio de toda a documentação comprobatória constante nos
autos. Disse que não houve descumprimento das normas constantes na
Portaria nº 095/2021, tendo sido realizadas as transferências à Urbana/PE e
desta às operadoras de acordo com a sistemática de apuração dos déficits
estabelecida na referida Portaria, destacando que, como observado pelo
CTM na sua manifestação, “atualmente a Região Metropolitana do Recife
oferta mais de 95% dos serviços de transporte público de passageiros” (doc.
88, página 28).

Por fim, a URBANA argumentou que não houve descumprimento ou


inobservância ao Regulamento do STPP/RMR no que diz respeito à
competência do CTM no acompanhamento dos créditos eletrônicos, seja na
sua geração ou no resgate, restando demonstrados nos autos os diversos
meios de controle e fiscalização por parte do CTM, em especial o “sistema
desenvolvido pela Urbana/PE, denominado VEM FINANCEIRO, que
possibilita ao Governo do Estado acesso pleno e irrestrito aos processos de
antecipação e utilização dos vales-transportes adquiridos” (doc. 88, página
29).
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Em 15/07/2022, atendendo solicitação deste Relator, foi expedido Parecer
Técnico pela auditoria deste Tribunal (docs. 127 e 128), nos seguintes
termos:

2.1. Contrarrazões trazidas pelo CTM

(...)

2.1.2. ANÁLISE TÉCNICA

A alegação do CTM de que valores repassados correspondem aos déficits


efetivamente apurados nos termos da Portaria 095/2021 não encontra
respaldo nas informações obtidas pela auditoria no transcurso do Processo
nº 20100727-7, que deu origem à Medida Cautelar, tampouco na
documentação encaminhada como anexo da presente manifestação, como
demonstrado no Quadro 1. Na documentação ora encaminhada, o CTM
anexou registros de ordens bancárias cobrindo o período de junho/2020 a
junho/2022 (docs. 11/34), e comprovantes de remessa da URBANA para as
operadoras cobrindo o período de março/2021 a abril/2022 (docs. 35/50). A
documentação do CTM trouxe informações sobre os déficits mensais
apurados, porém, nada foi encontrado sobre os déficits relativos a maio e
junho/2022. Por esse motivo, a análise será realizada para os meses entre
março /2021 e abril/2022, período em que será possível enxergar o ciclo
completo, visando comparar as remessas da URBANA com os déficits
operacionais das operadoras calculados mensalmente e as OBs pagas pelo
CTM com fundamento na Portaria 095/2021.

TRANSFERIDO PARA AS
MÊS SALDO/DÉFICIT CALCULADO TOTAL OBs PAGAS
OPERADORAS

mar./21 -4.815.634,04 7.673.858,14 7.673.858,15

abr./21 -14.520.406,26 7.339.269,29 7.339.269,29

mai./21 -12.329.813,49 14.583.231,76 14.583.411,76

jun./21 -11.451.451,19 12.184.931,61 12.184.931,60

jul./21 -8.362.731,12 11.607.032,68 3.813.079,48

ago./21 -7.086.277,35 8.362.731,12 5.570.828,80


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set./21 -6.676.718,36 5.231.391,38 8.060.494,27

out./21 -10.618.199,27 8.716.769,90 1.854.885,98

nov./21 -7.648.237,75 6.246.834,91 13.108.718,84

dez./21 -2.540.703,77 30.195.607,91 9.316.416,66

jan./22 -16.131.975,52 5.058.724,10 3.917.313,19

fev./22 -17.474.105,10 10.485.784,09 11.627.195,00

mar./22 -2.736.092,32 14.487.787,74 14.487.787,72

abr./22 -13.349.352,55 9.259.742,29 9.761.895,57

TOTAL -135.741.698,09 151.433.696,92 123.300.086,31

Quadro 1

Fontes de informação para o Quadro 1:

1. Déficit mensal de mar/2021 a dez/2021: Imagem de planilha


incluída na defesa do CTM (doc. 10, pág. 8).

2. Déficit mensal de jan/2022 a abr/2022: Documentos contidos nos


comprovantes das remessas realizadas pelo CTM à URBANA, a
saber - jan/2022 (doc. 31, pág. 6), fev /2022 (doc. 33, pág. 20), mar
/2022 (doc. 33, pág. 25), e abr/2022 (Doc.34, pág. 23).

3. Total de OBs pagas: Documentação encaminhada na


manifestação do CTM - Remessas Efetuadas para a URBANA (Docs.
11 a 34) e planilha contida no texto da manifestação da URBANA
(doc. 10, pág. 8).

4. Transferências para as operadoras: Documentação encaminhada


na manifestação do CTM - Comprovantes de transferência realizados
pela URBANA (Docs. 35 a 50).

Os valores repassados pelo CTM para a URBANA, a título de Antecipações


de Crédito relativas à Portaria 095/2021, totalizam R$ 96.321.191,57 no
período de março/2021 a janeiro/2022, de acordo com a imagem de uma
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planilha contida no documento (doc. 10, pág. 8). Esse valor é bem próximo
do total dos déficits mensais das operadoras calculados para o mesmo
período, que totalizam R$ 96.310.491,48, informado numa segunda imagem
da planilha (doc. 10, pág. 8). Todavia, comparando a documentação
apresentada, foi possível constatar que existem divergências em relação ao
que foi informado para a auditoria no Processo nº 20100727-7. As ordens
bancárias disponíveis nos autos daquele Processo (Docs. 111 a 120 no
presente Processo) foram verificadas e confirmadas pela auditoria no
sistema e-Fisco e os valores foram sintetizados no APÊNDICE I (doc. 121).
Foram selecionadas apenas as ordens bancárias onde a descrição permitiu
garantir que se tratava de antecipação de crédito relativo à Portaria nº 95
/2021. O Quadro 2 apresenta o resultado desse filtro. O comparativo com o
Processo nº 20100727-7, com base no APÊNDICE I (doc. 121), permitiu
identificar a ausência, na planilha contida na manifestação ora analisada, de
12 ordens bancárias pagas em 2021, totalizando R$ 20.879.191,23.

ORDENS BANCÁRIAS NÃO INFORMADAS NA MANIFESTAÇÃO DO


CTM, COM A COMPETÊNCIA A PARTIR DE MARÇO/2021

Nº da OB Data Pagto da OB Valor Pago COMPETÊNCIA

1 2021OB010751 2021-12-29 945.827,93 mai./2021

2 2021OB010752 2021-12-29 1.830.859,89 jun e jul/2021

3 2021OB010753 2021-12-29 1.313.850,69 ago./2021

4 2021OB010754 2021-12-29 945.255,56 set./2021

5 2021OB010755 2021-12-29 1.445.842,31 out./2021

6 2021OB010756 2021-12-29 1.234.635,24 nov./2021

7 2021OB010757 2021-12-29 1.293.986,12 dez./2021

8 2021OB010762 2021-12-29 5.627.248,69 out./2021

9 2021OB010764 2021-12-29 2.462.329,22 out./2021


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10 2021OB010758 2021-12-30 153.192,33 jan./2021

11 2021OB010759 2021-12-30 2.021.299,28 mar./2021

12 2021OB010760 2021-12-30 1.604.863,97 abr./2021

20.879.191,23

Quadro 2

Constatada e confirmada a ausência dessas ordens bancárias na


manifestação do CTM, torna-se necessário acrescentá-las, elevando o
somatório para R$ 117.200.382,80 (R$ 96.310.491,48 + R$ 20.879.191,23),
o que mostra desequilíbrio entre os déficits calculados e as transferências
ocorridas para a URBANA em 2021 com base na Portaria 95.

Considerando que a planilha contida no texto da manifestação contemplava


apenas ordens bancárias emitidas até janeiro/2022, torna-se necessário
atualizar a planilha para contemplar as ordens bancárias pagas até abril
/2022 que ainda não tenham sido informadas, conforme Quadro 3,
contendo o registro das ordens bancárias (Docs. 30 a 34).

ORDENS BANCÁRIAS NÃO INFORMADAS NA MANIFESTAÇÃO DO CTM


PAGAS ATÉ ABRIL/2022

Nº da OB DATA VALOR COMPETÊNCIA

1 2022OB001205 2022-02-11 10.485.192,26 jan./2022

2 2022OB001210 2022-02-11 591,83 jan./2022

3 2022OB001491 2022-03-04 4.027.350,00 jan./2022

4 2022OB001709 2022-03-15 738.527,77 jan./2022

5 2022OB002121 2022-03-24 731.570,96 fev./2022

6 2022OB002132 2022-03-28 8.990.339,01 jan./2022


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7 2022OB002188 2022-04-01 1.810.388,47 fev./2022

8 2022OB002300 2022-04-13 6.673.377,62 fev./2022

9 2022OB002301 2022-04-13 775.976,20 mar./2022

Total geral 34.233.314,12

Quadro 3

Assim sendo, restaram comprovadas, para o período de março/2021 a abril


/2022, conforme demonstrado no Quadro 4, a existência de 47 ordens
bancárias, totalizando R$ 151.433.696.

Nº da OB DATA VALOR COMPETÊNCIA

1 2021OB002017 2021-03-17 4.843.958,07 dez/20-jan-fev/2021

2 2021OB002018 2021-03-17 2.829.900,07 dez/20-jan-fev/2021

3 2021OB002461 2021-04-01 2.587.598,74 44256

4 2021OB002462 2021-04-01 4.751.670,55 44287

5 2021OB003394 2021-05-03 6.500.000,00 mar-abr/2021

6 2021OB003395 2021-05-03 326.141,86 abr./2021

7 2021OB003396 2021-05-03 2.660.730,71 mar-abr/2021

8 2021OB004299 2021-05-27 5.096.359,19 mai./2021

9 2021OB004431 2021-06-07 8.480.735,16 mai./2021

10 2021OB005264 2021-06-29 3.704.196,45 jun./2021


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11 2021OB006109 2021-07-20 7.793.953,19 mai-jun/2021

12 2021OB006221 2021-07-29 3.813.079,49 jul./2021

13 2021OB006447 2021-08-06 5.694.824,96 jul./2021

14 2021OB007176 2021-08-31 2.667.906,16 ago./2021

15 2021OB007487 2021-09-14 3.343.297,69 ago./2021

16 2021OB007547 2021-09-16 1.888.093,69 ago./2021

17 2021OB008453 2021-10-15 1.854.885,97 set./2021

18 2021OB008947 2021-11-04 1.646.834,91 out./2021

19 2021OB008968 2021-10-11 6.861.883,93 set./2021

20 2021OB009083 2021-11-10 4.600.000,00 set./2021

21 2021OB010058 2021-12-13 429.883,91 out./2021

22 2021OB010059 2021-12-13 3.756.315,34 nov./2021

23 2021OB010060 2021-12-13 5.130.217,43 nov./2021

24 2021OB010751 2021-12-29 945.827,93 mai./2021

25 2021OB010752 2021-12-29 1.830.859,89 jun e jul/2021

26 2021OB010753 2021-12-29 1.313.850,69 ago./2021

27 2021OB010754 2021-12-29 945.255,56 set./2021


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28 2021OB010755 2021-12-29 1.445.842,31 out./2021

29 2021OB010756 2021-12-29 1.234.635,24 nov./2021

30 2021OB010757 2021-12-29 1.293.986,12 dez./2021

31 2021OB010758 2021-12-30 153.192,33 jan./2021

32 2021OB010759 2021-12-30 2.021.299,28 mar./2021

33 2021OB010760 2021-12-30 1.604.863,97 abr./2021

34 2021OB010762 2021-12-29 5.627.248,69 out./2021

35 2021OB010764 2021-12-29 2.462.329,22 out./2021

36 2022OB000494 2022-01-18 2.518.020,33 dez./2021

37 2022OB000495 2022-01-18 1.772.592,50 dez./2021

38 2022OB000908 2022-01-31 768.111,27 mai./2021

39 2022OB001205 2022-02-11 10.485.192,26 jan./2022

40 2022OB001210 2022-02-11 591,83 jan./2022

41 2022OB001491 2022-03-04 4.027.350,00 jan./2022

42 2022OB001709 2022-03-15 738.527,77 jan./2022

43 2022OB002121 2022-03-24 731.570,96 fev./2022


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44 2022OB002132 2022-03-28 8.990.339,01 jan./2022

45 2022OB002188 2022-04-01 1.810.388,47 fev./2022

46 2022OB002300 2022-04-13 6.673.377,62 fev./2022

47 2022OB002301 2022-04-13 775.976,20 mar./2022

TOTAL 151.433.696,92

Quadro 4

O próximo passo foi sintetizar as transferências da URBANA para as


operadoras no período de março/2021 a abril/2022 a partir da
documentação apresentada pelo CTM (Docs 35 a 50), conforme
apresentado no APÊNDICE II - REMESSAS DA URBANA PARA
OPERADORAS (doc. 126).

Como ficou demonstrado, para o período de março/2021 a abril/2022, o


somatório dos déficits mensais das operadoras, calculado pelo CTM, atingiu
o montante de R$ 135.741.698,09. No mesmo período o consórcio
transferiu para a URBANA um total de R$ 151.433.696,92, enquanto a
URBANA transferiu R$ 123.300.086,31 para as operadoras.

No que tange ao controle executado através do sistema VEM


FINANCEIRO, disponibilizado pela URBANA, não restou demonstrada
ainda sua eficácia, considerando que o CTM não identificou através desse
sistema as transferências relativas às ordens bancárias ausentes na
planilha que comprova os pagamentos das antecipações de crédito à
URBANA, no exercício de 2021, num total de R$ 20.879.191,23.

Quanto ao controle das transferências realizadas pela URBANA às


operadoras, o CTM encaminhou a documentação, fornecida pela própria
URBANA, comprobatória dos repasses mensais efetivamente realizados em
favor das empresas permissionárias (Docs 35 a 50), compreendendo o
período de março/2021 a junho/2022, nos termos da Portaria nº 26 /2021 e
seguintes.

Também foi constatado que até fevereiro/2022 a URBANA utilizava a conta


corrente 34434-4, agência 3175, do Banco Itaú, para realizar os repasses
às operadoras. Trata-se da mesma conta corrente utilizada para a
movimentação bancária das vendas e repasses dos vales-transportes
controlados pelo sistema Mercury. Não foi possível identificar nos extratos
as ordens bancárias relativas às antecipações de crédito, a exemplo do que
já ocorrera na Auditoria Especial - Processo nº 20100727-7. A partir de
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março/2022 a URBANA passou a utilizar a conta corrente 45409-3 da
mesma agência e banco, conta corrente específica para movimentação dos
recursos recebidos do CTM, conforme informado em carta da Urbana (doc.
122). Todavia, continuou o problema de não ser possível identificar no
extrato os lançamentos correspondentes às Ordens Bancárias do CTM.

Ficaram assim evidenciadas ausências de ordens bancárias relativas à


aquisição de créditos antecipada com base na Portaria 095/2021, bem
como faltaram indícios da eficácia no uso do sistema VEM FINANCEIRO
para controle dos repasses às operadoras deficitárias. Essas evidências
configuram o fato concreto que o CTM alega não existir para a concessão
de Medida Cautelar.

Não restam dúvidas quanto ao fumus boni iuris em que se baseia a


cautelar, pois o CTM não conseguiu demonstrar em sua manifestação o
controle dos repasses para as respectivas operadoras, nos estritos termos
calculados através das Planilhas de Apuração de Custos, de forma a
garantir o cumprimento da frota por parte das operadoras deficitárias, dada
a inconsistência das informações apresentadas. A diferença evidenciada
entre o total dos déficits das operadoras (R$ 135.741.698,09) e o total
repassado pelo CTM ao sindicato (R$ 151.433.696,92) é mais um indício de
falhas no controle exercido pelo consórcio que permitem repassar valores
muito superiores aos déficits identificados das operadoras.

Já o periculum in mora que motivou a Medida Cautelar baseou-se no fato


de que havia transferências indevidas para as contas da URBANA, sem
nenhum amparo legal ou regulamentar, uma vez que o total dos repasses
eram superiores ao valor do déficit acumulado pelas operadoras. É fato que
a aquisição antecipada de créditos baseada na Portaria 95/2021 não se
caracteriza como subsídio, uma vez que o Estado poderá utilizar a qualquer
tempo os créditos adquiridos dessa forma. Porém, se os repasses ocorrem
sem estrita vinculação aos déficits calculados, a Portaria 95/2021 perde a
razão de existir. As evidências mostram que o CTM está repassando
valores que fogem à finalidade de garantir o cumprimento da frota por parte
das operadoras deficitárias, em detrimento de melhor utilização dos
recursos disponíveis.

Quanto ao periculum in mora reverso, o CTM alegou que a consequência


da Medida Cautelar seria uma drástica redução da frota de transporte
público, o que seria agravado em razão da escalada do preço do diesel e
da demanda ainda se encontrar distante da que havia no período anterior à
pandemia. Como ficou provado através da documentação fornecida pelo
próprio CTM, o total de R$ 123.300.086,3 repassado pela URBANA às
operadoras está próximo do déficit de R$ 135.741.698,09 acumulado
durante o período de março/2021 a abril/2022, e existe um saldo disponível
de R$ 28.635.403,88, fato evidenciado pela verificação de que foi
transferido, no mesmo período, para a URBANA, o montante de R$
151.433.696,92. Não deveria, portanto, existir redução da frota de
transporte público por conta de situação deficitária. Porém, considerando
que a média do déficit mensal calculado para o período analisado é de R$
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9.695.835,58, e o possível saldo disponível na URBANA é de R$
28.635.403,88, a falta das aquisições antecipadas de crédito por mais de
três meses poderia realmente causar prejuízo ao Sistema de Transporte
Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife - STPP/RMR.
Neste sentido – demora superior a três meses, é razoável o entendimento
de que existe o periculum in mora reverso.

2.2. Contrarrazões trazidas pela URBANA

(...)

2.2.2. ANÁLISE TÉCNICA

A manifestação apresentada pela URBANA não apresenta novidades em


relação ao CTM sobre a mesma Medida Cautelar. Inicialmente a URBANA
tenta argumentar sobre suposto equívoco da auditoria, quanto ao completo
descontrole entre os valores repassados pelo CTM à URBANA,
posteriormente repassados às empresas de transporte, e sua comprovação.

É oportuno esclarecer que, no transcurso do Processo nº 20100727-7,


apesar de reiteradas solicitações ao CTM da documentação relativa ao
acompanhamento das aquisições antecipadas pelo Governo do Estado,
incluindo as transferências dos déficits calculados para as respectivas
operadoras, bem como o resgate realizado pela SAD, as respostas nunca
foram satisfatórias. Para comprovar o repasse das antecipações de crédito
às operadoras deficitárias, o CTM enviou um conjunto de planilhas,
documentos internos da URBANA e alguns comprovantes de transferência,
todos disponíveis nos autos do Processo nº 20100727-7, misturados e sem
conexão com algum instrumento de controle por parte do CTM. Tais
documentos foram insuficientes para qualquer conclusão sobre a acurácia
dos valores. Também foi constatado que não havia controle nenhum por
parte do CTM para garantir que os valores informados nas planilhas de
Memória de Cálculo, elaboradas pela URBANA, sob a rubrica de CRÉDITO
ATRELADO AO GOVERNO, correspondiam, de fato, aos resgates relativos
às Antecipação de Créditos do Governo. Todas as conclusões foram
baseadas em fatos comprovados pela documentação que o CTM conseguiu
apresentar no transcorrer da auditoria. Portanto, não cabe a afirmação de
ter havido equívoco por parte da auditoria.

Quanto à existência do fumus boni iuris, do periculum in mora e do


periculum in mora reverso, vale o que já foi desenvolvido na análise técnica
sobre as alegações do CTM, no item 2.1.2.

Ao argumentar que, na eventualidade de aquisição em valores superiores


ao déficit apurado, não haveria a caracterização de qualquer dano ao
erário, visto que os referidos créditos continuarão passíveis de utilização a
qualquer tempo, a URBANA questiona o periculum in mora, cuja ocorrência
foi demonstrada no item 2.1.2, quando se explicitou a evidência de que o
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CTM está repassando valores que fogem à finalidade de garantir o
cumprimento da frota por parte das operadoras deficitárias, em detrimento
de melhor utilização dos recursos públicos disponíveis.

Para comprovação dos devidos repasses às operadoras, a URBANA citou


os comprovantes dos repasses mensais realizados em favor das empresas
beneficiárias, que foram juntados pelo CTM na sua manifestação e que
seriam realizados ”nos exatos termos do art. 4º, IV da Resolução CSTM nº
003/2022” (doc. 88, página 14). A análise técnica desses repasses está
contida no Quadro 1 do item 2.1.2, que diz respeito à manifestação do
CTM. Ficou evidenciado que, no período de março/2021 a abril/2022, o
CTM calculou um déficit total das operadoras permissionárias equivalente a
R$ 135.741.698,09, enquanto a URBANA recebeu um total de R$
151.433.696,92 e repassou R$ 123.300.086,3 para as operadoras
deficitárias. Não é possível concordar com a URBANA quando ela alega
que inexiste divergência entre os déficits apurados pelo CTM e as
transferências realizadas. Entretanto, ficou evidenciado que os valores
repassados às operadoras são próximos dos déficits calculados, inexistindo
qualquer pendência financeira nesse sentido. Resta, porém, o excesso de
transferências do CTM para a URBANA, que no período analisado totalizou
R$ 28.635.403,87.

Para comprovar que o CTM acompanha os créditos eletrônicos, incluindo


sua geração e resgate, a URBANA destacou o Sistema desenvolvido sob
sua responsabilidade, denominado VEM FINANCEIRO, que possibilita ao
Governo do Estado o acesso pleno e irrestrito aos processos de
antecipação e utilização dos vales-transportes adquiridos. O Manual de
Procedimentos desse sistema (Doc.123, pág. 5) informa que ele foi
elaborado em 26/06/2020. Porém, até o final da instrução do Processo nº
20100727-7, que ocorreu em maio/2022, o CTM continuava alegando que
“A Secretaria de Administração como gerenciadora do contrato de vale
transporte do Estado, realiza a gestão do uso desses créditos", sem
mencionar qualquer monitoramento por parte do consórcio, apesar de
questionado em quatro ofícios diferentes, conforme ficou evidenciado no
Relatório de Auditoria (doc. 1, pág. 93). Ademais, consoante a análise
técnica sobre as alegações do CTM, no item 2.1.2, o VEM FINANCEIRO
ainda não comprovou sua eficácia, considerando que o CTM não identificou
através desse sistema as transferências relativas às ordens bancárias
ausentes na planilha dos pagamentos das antecipações de crédito à
URBANA, no exercício de 2021, num total de R$ 20.879.191,23, conforme
demonstrado no Quadro 2.

Com essas considerações, a área técnica deste TCE concluiu seu parecer
nos termos adiante:

Por todo o exposto, opina-se pelo não provimento dos argumentos


apresentados pelo GRANDE RECIFE - CONSÓRCIO DE TRANSPORTES
DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE LTDA - CTM, CNPJ nº
10.309.806/0001-10, assim como dos argumentos apresentados pela
URBANA-PE – SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE
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PASSAGEIROS DO ESTADO DE PERNAMBUCO, CNPJ nº 09.759.606
/0001-80, no que diz respeito às alegações sobre inexistência do fumus
boni iuris e do periculum in mora trazidas em suas respectivas defesas
atinentes à Medida Cautelar concedida através do presente Processo.
Todavia, como já afirmado neste parecer, é razoável o entendimento de que
existe o periculum in mora reverso (caso haja demora de mais de 3 meses).

A decisão em que se baseia a Medida Cautelar para suspender as


transferências de antecipações de crédito para a Urbana, por parte do CTM,
baseadas na Portaria 095/2021 e suas prorrogações, estabeleceu a
necessidade de comprovar três requisitos para sua revogação:

1. a correspondência entre os déficits apurados pelo CTM, mês a mês, e as


respectivas transferências realizadas, conforme consta no relatório técnico
(doc. 1 do Processo);

2. os tempestivos repasses diretos correspondentes a cada operadora pela


Urbana;

3. a gestão do uso dos créditos correspondentes pela Secretaria de


Administração, gerenciadora do contrato de vale-transporte do Estado.

Analisando as defesas apresentadas foi possível identificar a seguinte


situação atual:

1. Não existe correspondência entre os déficits mensais apurados pelo CTM


e as respectivas transferências realizadas para a URBANA. Com base na
documentação apresentada pela defesa, foi demonstrado que, no período
de março/2021 a abril /2022, o somatório dos déficits mensais das
operadoras, calculado pelo CTM, totalizou R$ 135.741.698,09. No mesmo
período, foi transferido para a URBANA um total de R$ 151.433.696,92.

2. Com base nas informações recebidas, a URBANA tem repassado às


operadoras deficitárias valores próximos aos déficits mensais calculados
pelo CTM, tomando-se por base o acumulado no período analisado. No
entanto, considerando que as transferências recebidas se mostraram
superiores ao total do somatório dos déficits mensais calculados, existe um
saldo remanescente na URBANA, que corresponde à diferença entre o
montante recebido e o total repassado, equivalente a R$ 28.635.403,88
(151.433.696,92 - 123.300.086,3).

3. Foi comprovada nas defesas a existência de uma ferramenta capaz de


permitir ao CTM monitorar a gestão do uso dos créditos correspondentes
pela Secretaria de Administração, gerenciadora do contrato de vale-
transporte do Estado. Porém, o CTM ainda não conseguiu comprovar seu
uso eficaz, na medida em que repassou informações deficientes sobre o
total de ordens bancárias pagas no exercício de 2021 relativas às
antecipações de crédito com base na Portaria 95/2021.
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Entende-se, portanto, que se mantém o fumus boni iuris consubstanciado
no fato de que o CTM continua repassando à URBANA valores superiores
ao déficit operacional calculado pelo próprio consórcio. A diferença
evidenciada entre o total dos déficits das operadoras e o total repassado
pelo CTM ao sindicato é um indicador de falhas no controle exercido pelo
consórcio.

Da mesma forma, entende-se que permanece o periculum in mora,


ponderando que, com a ocorrência de repasses sem estrita vinculação aos
déficits calculados, a Portaria 95/2021 perde a razão de existir. As
evidências mostram que o CTM está repassando valores que fogem à
finalidade de garantir o cumprimento da frota por parte das operadoras
deficitárias, em detrimento de melhor utilização dos escassos recursos
disponíveis.

Quanto ao periculum in mora reverso, o CTM alegou que a consequência


da Medida Cautelar seria uma drástica redução da frota de transporte
público, o que seria agravado em razão da escalada do preço do diesel e
da demanda ainda se encontrar distante da que havia no período anterior à
pandemia. Como ficou provado através da documentação fornecida pelo
próprio CTM, o total repassado pela URBANA às operadoras supera o valor
total do déficit acumulado durante os últimos doze meses. Não deveria,
portanto, existir redução da frota de transporte público por conta de situação
deficitária. Considerando que o déficit das operadoras, até aqui
evidenciado, no período de março/2021 a abril/2022, atingiu o montante de
R$ 135.741.698,09, enquanto a URBANA repassou no mesmo período para
as operadoras o total de R$ 123.300.086,3, é possível deduzir que não
existe situação deficitária que impeça o cumprimento da frota. Porém,
considerando que a média do déficit mensal calculado para o período
analisado é de R$ 9.695.835,58, e o possível saldo disponível na URBANA
é de R$ 28.635.403,88, a falta das aquisições antecipadas de crédito por
mais de três meses poderia realmente causar prejuízo ao Sistema de
Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife -
STPP/RMR. Neste sentido, ou seja, caso a demora ultrapasse o período de
três meses, é razoável o entendimento de que existe o periculum in mora
reverso.

Um panorama mais exato da situação seria possível através da


formalização de um Processo de Auditoria Especial, de natureza contábil,
envolvendo a Secretaria de Administração - SAD e o Consórcio Grande
Recife - CTM, para analisar, quanto à eficiência e eficácia, os controles
relativos ao fluxo de repasses dos créditos adquiridos com base no art. 3º
da Portaria CTM 95/2021 e atinentes ao processo extraordinário de compra
de vale-transporte com antecipação de pagamento pelo Poder Executivo,
estabelecido pelo Termo de Compromisso assinado em 19/06/2020,
firmado entre o Estado de Pernambuco como COMPROMITENTE e o
Sindicato das Empresas Operadoras do STPP/PE - Urbana como
COMPROMISSÁRIO.
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Uma vez entendendo como presentes os pressupostos para a concessão da
medida de urgência a que se refere este feito (fumus boni iuris e periculum in
mora), como demonstrado pela área técnica deste Tribunal de Contas,
determinei a suspensão imediata das transferências para a Urbana de
antecipações de crédito baseadas na Portaria 095/2021 (doc. 7).

Importa destacar que tal medida visou assegurar a conformidade perseguida


nos autos da Auditoria Especial TCE-PE n° 20100727-7, ainda não julgada
por este órgão de controle externo.

Ademais, foi defendido pela auditoria desta Casa não existir periculum in mora
inverso, uma vez que não haveria “grave risco de ocorrência de dano
irreparável no cumprimento da medida cautelar uma vez que as aquisições
de crédito antecipado que vêm sendo realizadas mensalmente junto à
URBANA não estão sendo devidamente fiscalizadas pelo CTM”.

E ainda assim ponturam os auditores:

Conforme apontado no Achado A2.3, há evidências de que a Urbana não


conseguiu demonstrar que realizou a transferência integral dos valores
recebidos para as operadoras. O risco de que as operadoras deficitárias
não estejam recebendo integralmente os repasses que para elas deveriam
ser realizados pela Urbana é razão suficiente a demonstrar a necessidade
de suspender as antecipações justamente para se garantir o cumprimento
da frota por parte dessas empresas.

Também é pertinente ressaltar que, na hipótese de a medida acautelatória


ora em tela poder acarretar o risco de dano irreparável inverso, deve-se
exercer um cuidadoso juízo de proporcionalidade, para que não ocorram
prejuízos maiores do que os que se busca evitar.

E, como antes posto, após as manifestações da URBANA do CTM nestes


autos, a área técnica, nada obstante entender como ainda presentes o fumus
boni iuris e o periculum in mora, evoluiu seu entendimento quanto ao periculum in
mora inverso, vislumbrando a possibilidade de prejuízo ao Sistema de
Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife -
STPP/RMR (diminuição da frota) na hipótese da falta das aquisições
antecipadas de crédito por mais de três meses.

Nesse cenário, entendo ser mais prudente que este Colegiado não
homologue a medida cautelar por mim concedida, determinando, todavia, a
instauração de um processo de Auditoria Especial, de natureza contábil,
como sugerido no Parecer Técnico inserto nestes autos, com o envolvimento
da Secretaria de Administração - SAD e do Consórcio Grande Recife - CTM,
“para analisar, quanto à eficiência e eficácia, os controles relativos ao fluxo
de repasses dos créditos adquiridos com base no art. 3º da Portaria CTM 95
/2021 e atinentes ao processo extraordinário de compra de vale-transporte
com antecipação de pagamento pelo Poder Executivo, estabelecido pelo
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Termo de Compromisso assinado em 19/06/2020, firmado entre o Estado de
Pernambuco como COMPROMITENTE e o Sindicato das Empresas
Operadoras do STPP/PE - Urbana como COMPROMISSÁRIO”.

Ante o acima exposto,

VOTO pelo que segue:

MEDIDA ACAUTELATÓRIA. DANO


IRREPARÁVEL INVERSO.
POSSIBILIDADE. JUÍZO DE
PROPORCIONALIDADE. EVITAR
PREJUÍZOS.

1. A possibilidade de uma medida


acautelatória acarretar risco de dano
irreparável inverso exige cuidadoso
juízo de proporcionalidade, para que
não ocorram prejuízos maiores do
que os que se busca evitar.

CONSIDERANDO o Relatório de Auditoria da Gerência de Auditoria da


Infraestrutura e do Meio Ambiente (GIMA) inserto nos autos do processo de
Auditoria Especial TCE-PE n° 20100727-7 (doc. 1);

CONSIDERANDO as defesas apresentadas pelo CTM (doc. 10, anexos nos


docs. 11/80) e pela URBANA (doc. 88, anexos nos docs. 89/96);

CONSIDERANDO o Parecer Técnico da auditoria deste Tribunal de Contas


(docs. 127 e 128);

CONSIDERANDO a possibilidade de prejuízo ao Sistema de Transporte


Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife - STPP/RMR
(diminuição da frota) na hipótese de ser mantida a medida acautelatória
objeto deste feito (doc. 7);

CONSIDERANDO que a possibilidade de uma medida acautelatória


acarretar risco de dano irreparável inverso exige cuidadoso juízo de
proporcionalidade, para que não ocorram prejuízos maiores do que os que
se busca evitar;

CONSIDERANDO a necessidade de instauração de um processo de


Auditoria Especial, de natureza contábil, para analisar, quanto à eficiência e
à eficácia, os controles relativos ao fluxo de repasses dos créditos adquiridos
com base no art. 3º da Portaria CTM 95/2021 e atinentes ao processo
extraordinário de compra de vale-transporte com antecipação de pagamento
pelo Poder Executivo, estabelecido pelo Termo de Compromisso assinado
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em 19/06/2020, firmado entre o Estado de Pernambuco como
COMPROMITENTE e o Sindicato das Empresas Operadoras do STPP/PE -
Urbana como COMPROMISSÁRIO;

NÃO HOMOLOGAR a decisão monocrática sob exame.

DETERMINAR, por fim, o seguinte:

À Diretoria de Controle Externo:

1. A formalização de processo de Auditoria Especial de


natureza contábil, com o envolvimento da Secretaria de
Administração - SAD e do Consórcio Grande Recife -
CTM, para analisar, quanto à eficiência e à eficácia, os
controles relativos ao fluxo de repasses dos créditos
adquiridos com base no art. 3º da Portaria CTM 95/2021 e
atinentes ao processo extraordinário de compra de vale-
transporte com antecipação de pagamento pelo Poder
Executivo, estabelecido pelo Termo de Compromisso
assinado em 19/06/2020, firmado entre o Estado de
Pernambuco como COMPROMITENTE e o Sindicato das
Empresas Operadoras do STPP/PE - Urbana como
COMPROMISSÁRIO.

É o voto.

OCORRÊNCIAS DO PROCESSO

CONSELHEIRO MARCOS LORETO – PRESIDENTE E RELATOR:

Com a palavra o Dr. Cristiano Pimentel pelo Ministério Público.

DR. CRISTIANO PIMENTEL – PROCURADOR:

Só alguns comentários, senhor relator, é um processo muito complexo


e mesmo tendo recebido antecipadamente o relatório de V.Exa. é até
difícil fazer um juízo de valor sobre o que é que está acontecendo.

Eu só, não sei se seria possível ponderar uma sugestão, porque com a
revogação da cautelar as entidades vão receber aquele fluxo de
recursos definido na portaria. Eu não sei se seria possível incluir uma
observação que, caso o resultado da auditoria especial entenda por
eventual ressarcimento ao erário, por exemplo, essas entidades não
poderiam alegar no futuro que estavam de boa-fé ao receber esses
recursos a partir da decisão de V.Exa.
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Eu só tenho preocupação com essa observação, que no futuro se
alegue, eventualmente, que se estava de boa-fé no recebimento desses
valores, que a auditoria especial, salvo melhor juízo, haverá uma
auditoria especial?

CONSELHEIRO MARCOS LORETO – PRESIDENTE E RELATOR:

É uma auditoria especial contábil específica para esse fim. Isso pedido
pela equipe técnica mesmo.

DR. CRISTIANO PIMENTEL – PROCURADOR:

É, entendo. Eu não saberia exatamente onde encaixar isso, mas acho


importante registrar que caso a auditoria, eventualmente, indique a
devolução de valores, não se poderá alegar a boa-fé a partir do
momento da decisão monocrática de V.Exa., porque as possíveis
irregularidades estavam postas a partir do momento da formalização
desse processo da cautelar.

Então, que essas entidades fiquem notificadas de que as


irregularidades vão ser analisadas em auditoria especial podendo
implicar, eventualmente, inclusive em ressarcimento ao erário, sem
possibilidade de alegação de que esses recursos são irrepetíveis pela
boa-fé.

CONSELHEIRO MARCOS LORETO – PRESIDENTE E RELATOR:

O advogado na tribuna, Dr. Bruno Ariosto.

DR. BRUNO ARIOSTO LUNA DE HOLANDA - OAB/PE Nº 14.623:

Presidente, Bruno Ariosto representando a Urbana, é uma questão de


fato, rápida, e a respeito… coloco aqui, é uma ponderação em relação
ao comentário do ilustre representante do parquet.

Entendo que isso é um prejulgamento, você antecipa, e algo inusitado


até, parte-se do princípio, já está apontando uma má-fé.

O que eu trago aqui é que os elementos, como V.Exa. mesmo aponta,


foram fartas as documentações, os elementos trazidos aos autos, onde
demonstram a boa aplicação, reconhecida inclusive pela própria
auditoria. Registre-se, também, um instrumento e uma ferramenta que
foi colocada pela própria Urbana juntamente com o CTM,
disponibilizando em tempo real toda a documentação e todo fluxo de
aplicação.

Então, eu tenho que me insurgir contra a respeitosa posição do ilustre


representante do Ministério Público, mas entendo que isso é um
prejulgamento que não se aplica nessa oportunidade. A auditoria vai
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proceder o seu trabalho, em se evidenciando alguma irregularidade,
algum apontamento, vai se indicar a devolução.

Então, eu peço, com todas as vênias e respeito ao ilustre


representante, que não seja levado em consideração esse apontamento.

É isso Presidente.

CONSELHEIRO MARCOS LORETO – PRESIDENTE E RELATOR:

Já informando ao advogado também, acho que durante o processo de


auditoria tudo o que for preciso fazer, inclusive alertas, será feito, mas
dentro do processo, me foi falado em conversa, também, em
despachos com os advogados tanto da Urbana quanto do Consórcio da
dificuldade que o Tribunal até hoje teve, até… acesso às contas de
forma informal, já me falaram também que o momento hoje é outro, de
abertura, e o interesse total que sejam abertas, também, essas contas,
esse fluxo, como o advogado falou agora. E se em algum momento
forem encontradas dificuldades, no momento certo, também, serão
feitos, dentro do processo de auditoria, os instrumentos cabíveis.

Então nesse momento é a formalização da auditoria contábil e que se


houver dificuldades… até agora nós vimos conversando de forma, não
digo cotidiana, mas sempre que foi preciso esclarecimentos tanto da
parte do Tribunal quanto da Urbana e do Consórcio vem sendo feitos, e
espero que transcorra de forma normal e com abertura necessária para
que a auditoria transcorra de forma mais transparente possível, então…

DR. BRUNO ARIOSTO LUNA DE HOLANDA - OAB/PE Nº 14.623:

Esse é o compromisso e o desejo do meu cliente, Excelência.

CONSELHEIRO MARCOS LORETO – PRESIDENTE E RELATOR:

Agradeço ao advogado.

RESULTADO DO JULGAMENTO

Presentes durante o julgamento do processo:

CONSELHEIRO MARCOS LORETO , relator do processo , Presidente da


Sessão

CONSELHEIRO CARLOS PORTO : Acompanha


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Procurador do Ministério Público de Contas: CRISTIANO PIMENTEL

Houve unanimidade na votação acompanhando o voto do relator.


CONSELHEIRO VALDECIR PASCOAL : Acompanha

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