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Capitulo 11 As relagbes entre professores ¢ alunos, as formas de comunicagio, 0% aspectos afetivos e emocionais, a dindmica das manifestagdes na sala de aula fazem parte das condigdes organizativas do trabalho docente, a0 I: do de outras que estudamos, A interagao professor-alunos € um aspeeto fundamental da organiza~Zo da “situagio diditica’, tendo em vista aleangar os objetivos do. proceso de ensino: a transmissio e assimilagio dos conhecimentos, habitos € 12- bilidades. Entretanto, esse niio é o tinico fator determinante da organiza :30 do ensino, razao pela qual ele precisa ser estudads em conjunto com ou ros fatores, principalmente a forma de aula (atividade individual, atividade co. fetiva, atividade em pequenos grupos, atividade fora da classe etc.) Podemos ressaltar dois aspectos da interagiio professor-alunos no tra batho docente: o aspecto cognoscitive (que diz respeito a formas de co- municagio dos contetidos escolares e aS tarefus escolares indicadas aos aiuntos) € © aspecto sdcid-emocional (que diz. respeito as relagdes pess-ais entre professor e aluno e as normas disciplinares indispensiveis a0 trab ho dacente}. 29 Trataremos, neste capitulo, dos seguintes temas: 1D aspectos cognoscitivos da interagdo professor-alurio; aspecios sdcio-emocionais: 3a disciplina, Aspectos cognoscitivos da interagao Ententdemos por cognoscitivo 0 processo ou o movimento que trans- corre no to de ensinar e no ato de aprender, tendo em vista « transmisszio € assimilagio de conhecimentos, Nesse sentide, ao ministrar aulas, © pro- fessor sempre tem em vista tarefas cognoscitivas colocadas aos alunos: objetivos da aula, conteiidos, problemas, exercicios. Os alunos. por sua vez. dispiem de um grau determinado de potencialidudes cognoseitivas conforme o nivel de desenvolvimento mental, idade, experigneias de vida, cotthecimentos j4 assimilados etc trabalho docente se caracteriza por um constamte vaivém entre as tarefus cognoscitivas colocadas pelo professor e 0 nivel de preparo dos alunos para resolverem as turefas. Para isso 0 professor deve cuidar de apresentar os objetivos, os temus de estudo e as turefas mums forma de coniunicas3o compreensivel e clara, Deve esforgar-se em formular pergun- tas @ instugdes verbais que os alunos possum entender. Nio se espera que haja pleno entendimento entre professor ¢ alunos. mesmo porque a situag3o. pedagégica $ condicionada por outros fatores. Mas as formas adequadas de comunicugio concorrem positivamente para a interagdo professor-aluno, © professor ndo apenas trarismite uma informagao ou faz pergunias. mas também ouve os alunos. Deve dur-lhes atenedo e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opinides e dar respostas. O trabalho do- cente nunca é unidirecional. AS respostas e as opinides dos alunos mostram como eles esto reagindo & atuacio do professor. 3s dificuldades que en- contram na assimilagio dos conhecimentos. Servem, também, para diag- nosticar as causas que dio origem a essas dificuldades. Esta € uma das fungdes da avaliagdo diagndstica, Para atingir satisfatoriamente wins boa interagdo no aspecto cognos- citivo. & preciso fevar em conta: 0 manejo dos recursos da linguagem (variar © tom de voz. falar com simplicidade sobre temas complexos); conhecer bem o nivel de conhecimentos dos alunos: ter «im bom plano de aula e objetivos claros: explicur avs alunos o que se espera deles em relagio a assimilagtio da matéria 250 Além dessas exigéncias, € indispensivel que 0 professor use correta mente a Lingua Portuguesa, procurando nijo falar errado, pois isto se reflet. na incorregio da linguagem dos alunos, prejudicando a aprendizagem. Aspectos sécio-emocionais Os aspectos sécio-emocionais se referem a0 vincwlos afetivos entr> professor € alunos, como também ds normas © exigéncias objetivas qu: regem a conduta dos alunos na aula (disciplina). Nao estamos falando da afelividade do professor para cart determinsdos alunos, nem de amor pels criangas. A relagio maternal ou paternal deve ser evitada, porque a esco’a indo € um lar. Os alunos nao sto nossos sobrinhas e muito menos filho. Na sala de aula o professor se relaciona com o grupo de alunas. Ainca que 0 professor nevessite atender um aluno em especial ou que os alune s trabalhem individualmente, a interagdo deve estar voltada para a atividace de todos 0s alunos em torno dos abjetivos e do contéude da aula, Nesse sentido. 0 professor precisa aprender a combinar severidade ¢ respeito, Conforme estudamos anteriormente, o processo de ensino consis-¢ 40 mesmo tempo da direg3o da aprendizagem e de orientagio da stividate autGnoma € independente dos alunos. Cabe ao professor controlar es ie processo. estabelecer normas, deixando bem claro © que espera dos aluncs, Na sala de aula o professor exerce uma autoridude, fruto de qualidaces intelectuais, morais e técnicas. Ela € um atributo da condigio profission al do professor e & exercida como um estimulo e ajuda para 0 desenvolvimet to independente dos alunos. O professor estabelece objetivos socials © pet a- gégicos. seleciona e organiza os contetidos, escolhe métodos, organiz: a classe. Entretanto, essas agdes docentes devem orientar os alunos para cue respondam a elas como sujetes ativos e independentes. A autoridade deve fecundar a relagio educativa ¢ no cerced-la, Autoridade e autonomia sio dois pélos do processo pedagégico. A autoridade do professor ¢ @ autonomia dos alunos so realidades apar:n- temente contraditérias mas, de fato, complementares. O professor represe va a soviedade, exercendo um papel de mediago entre 0 individuo © a s0- ciedade, O aluno traz consigo a sua individualidade ¢ liberdade. Entretar to, a liberdade individual est4 condicionada pelas exigéncias grupais ¢ plas exigéncias da situugdo pedagdgica, implicando a responsabilidade. Nesse sentido, a liberdade € o fundamento da autoridade © a responsabilidace & a sintese da autoridade e da liberdade 251 Do ponto de vista das relagdes entre autoridade e autonomia, a interagdo professor-aluno nao esti livre de confticos ou deformagdes. Em nome da autoridade. o professor se apresenta com superioridade, faz imposigdes des- cabidas. humitha os alunos. Tais formas de autoritarismo — a exacerbagio da autoridade —nao sto educativas. pois no contribuiem para o crescimento dos ahinos. © professor autorititio no exerce @ autoridade a servigo do desenvolvimento dt autonomia e independéneia dos alunos, Transforma uma qualidade inerente 4 condigio do profissional professor numa atitude personalista Adisciplina na classe Uma das dificuldades mais comuns enfrentadas pelo professor ¢ 0 que se costuma chamar de “controle de disciplina”. Dizendo assim. daa im- pressao de que existe uma chave milagrosa que o professor manipula para manter a disciplina, Nio € assim. A disciplina da classe est ditetamente ligada ao estilo de pritica docemte. ou sejt, & autoridade profissionai, moral ¢ técnica do professor. Quanto maior » autoridade da professor ino sentido que mencionamos}. mais os alunos dardo valor As suas exigi wias A autoridade profissional se manifesta no dominio da matéria que ensina & dos métodos ¢ procedimentos de ensino. no tato em lidar com & classe e com as diferengas individuals. na capacidade de controlar ¢ avatar © trabalho dos alunos ¢ o trabalho docente A autoridade moral é 0 conjunto das qualidades de personalidade do professor: sua dedicagio profissional. sensibilidade, senso de justigu. tragos de carter A autoridade ienica constitui © Conjunto de cupacidades. habilidades ¢ habitos pedagégico-diditicos necessirios para ditigir com eficdcia a trans- missio ¢ assimilagio de conhecimentos aos alunos. A autoridade wenica se manifesta na capacidade de empregar com seguranga os prinespios di- diticos e 6 método diditico da materia, de modo que os alunos compreen- dam e assimilent os contetidos das matérias e suit Telagdo com a atividade humana e social, apliquem os conhecimentos na pritica e desenvolvam capacidades e habilidades de pensatem por si préprios, Um professor cam- petente se preocupa em dirigir e orientar a atividade mental dos alunos. de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ative e auténomo. A disciplina da classe depende do conjunto dessas caracteristicas d» professor. que The permitem orgamizar 0 proceso de ensino, Entre os re- quisitos para uma boa organizagiio do ensino destacum-se: um bom plano de aula, onde estdio determinadas os objetivos. os cor ~ twiidos. os métodes ¢ procedimentos de conducio da aula: sho dos aluno © controle da aprendizagem, inclaindy « avaliagio do rendiment> escolar at estimulaedo para a aprendizagem que suscite a motiv © conjunto de normas ¢ exigéneias que v3 assegurar o ombiente ce trahalho escolar favorivel ao ensina e controlar as agdes e 0 compe dararento dos alunos Além de determina’ 0 que furio 0 professor e os alunes no periow o 1.0 plano de aula t 0 do tempo, « passcigem plang} at dg uma atvidade para ourra. Desa forma, o professor e as alunos conn que anteeipans 0 andamento sistemstico da aula, redtizinde as interferéneit s sas inadeguadas & as desobediéncias. A motivagio dos alunos para a aprendizagem. através de comtetid ws sigaiticativos ¢ campreensivers para eles. assim come de métodos udeqe« sos. & Tutor prepondersnte na atitude de concentragio e atengio dos alunes Se estes estiverem envolvidos nas tarefas, diminuitio as oportunidades te Jo ¢ de indisciplina distr © comrole da aprendizagem exige todos esses mibém © permanente acompanhumento das agdes dos alunos, O trabol -o docente deve ter em vista a ajude wos alunos ras sts tarefas, O contr le sem ainda pode provecat inseguranga nos alunos. gue ds vezes se sent nm cobrados a um desempenho para ¢ qual no foram suficientemente pre s+ rados. Por outro lado. a aiuda sem controle rio estimula 0s alunos a p-o- redir e vencer ay dificuldades. A aprendizagem no € uma aividade cue hasce espontaneamente dos alunos: o estudo muitas vezes mio é uma tay sfa gue eles cumprem com prazer, Por mais que 0 professor consigata motivo © o empenta dos aiunos ¢ os estimule com elogios incentivos. freql n= temente deverd obtigd-los a fazer o que eles no querem. Nes:e caso alunos devem estar ciemtes de que 0 ndo-cumprimento das exi consegiiéncias desagradiveis. neias eri Além desses requisitos, que. bem encaminhados, contribuem para a manutengio do necessirio clima de waballio, Ad necessidade de nor nas explicizas de funcionamento da classe. Tais normas nao devem ser tom: das como 0 tinico meio de controje da classe. como fazem muitos profess:ires inseguros, mas como sfntese de requisicas anteriores. 253 Sugestées para tarefas de estudo Perguntas para o trabalho independente dos alunos 2 Em que condigaes os aspectos cognoscitives do ensino influem na interagdo professor-aluno? 3 Como a organizagio da aula em etapas ou passos dit manejo da classe? liticos afeta 0 © 0 planejamento ¢ a preparagio da aula podem influir no controle da disciplina? @ —Analisar ¢ fundamentar a resposta & seguinte questo: O professor deu ma tarefa para os alunos e sain da classe; pode-se afirmar que continuo havendo aula? m que sentido se pode afirmar que as formas de comunicagio docente € a linguagem sio importantes aspectos cognoscitives a considerar na dinamica das relagies professor-aluno? Explicar o sentido da expressio “interagio s6cio-emocional” do pro- fessor e dos alunos na sala de aula 5 Explicar como se deve combinar severidade e respeito, autoridade do professor e autonomia do aluno. © HG distingdes entre autoridade e autoritarismo? Fundamente a resposta. Em que condigdes se pode afirmar que a disciplina tem uma fungio edueativa? Temas para aprofundamento do estudo Observar uma sala de aula e procurar identificar causas dos problemas de disciptina devidas ao estilo de trabalho do professor naquela aula, 2 Distinguir, na mesma situagdo, aspectos de natureza cognoscitiva e de natuteza sdécio-emocional 5 Pesquisar em 2 ou 3 textos indicados na bibliografia complementar ‘ou pelo professor ¢ tema: “Que condigdes sao necessirias ao professor pura assegurar o bom manejo de classe?” 254, 1D Entrevistar professores tidos como “bem-sucedidos” sobre como lidar: com a classe. em termos de manejo e controle da disciplina. Procurs saber desses professores os principais problemas de disciplina que cor tumam ocorrer nas salts de aula, Temas para redagao © Autonomia do aluno e autoridade do professor, BO dilema severidade X respeito aos alunos. 2 Disciplina na classe e democratizagao do ensino. S — Relacdes professor-aluno e as caracteristicas do proceso de ensine = Ensino: questo de amor as eriangas ou competéncia profissional? © Fatores extemos ¢ internos no comportamento do aluno na sala ce aula. Bibliografia complementar BARRETO. Elba S. de Si, “Professora e Aluno na Escola Basica: Encontro: ¢ Desencomras”, Reviste fu Ande, (2): 42-48, Sio Paulo, 1981 FRANCO. Luis A. C. “A Diseiplina na Escola”. Revista dor Ande, (I): 62-7. Sho Paulo, 1986. MELLO, Guiomar N. de. “Ensino de 1° Grau: Diregai ou Espontanefsmo?”. Ca- demos de Pesquisa, Fundagio Carlos Chagas, (36%: 87-110, $30 Paulo, fv 1981 NOVAES. Maria E. “Professor Nao € Parente Postigo". Revista Ja And (4); 61-62, Sao Paulo, 1982 VEIGA, Ima P. A. (org.l. Repensando a Didiéricr. Sa0 Paulo. Papirus, 1988 ZIBAS. Dagmar M. L. “Relagdo Professor-Alura no Ensino de 1° Grau”, Revista de arate, (Ay: 57-59, Sao Paulo, 1982. 255

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