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Ni]CECAV Revista Brasileira de Espeleologia - RBEsp Iemma / Uf coxreoneoues esoves INSS 2179.4952 Sees Sido: 21 de outubro de 2020, Accito: 08 de dezembro de 2020, Pblicads INDICE GEOTECNICO DE CAVERNAS (IGC). NOVO SISTEMA DE CLASSIFICACAO GEOTECNICA DA ESTABILIDADE ESTRUTURAL DE, VAOS EM CAVERNAS FERRIFERAS CAVE GEOTECHNICAL INDEX (CGI). A NEW CLASSIFICATION SYSTEM FOR STABILITY ASSESSMENT OF IRON CAVES. Juri Viena Brandi Vale S.A. Geréncia de Espeleologia e Tecnologia de Ferrosos E-Mail: iuri bramdi@vate.com Marcelo Roberto Barbos Vale S.A. Geréncia ce Espeleologia e Tecnologia de Ferrosos E-Mail: Marcelo roberto. barbosat@vate.com Airton Barata da Silva Vale S.A ia e Tecnologia de Ferrosos fail airton barata(@vate.com Geréncia de Espeleo! EA Juliana Barbosa Timo Vale S.A. Geréncia de Espeleologia e Tecnologia de Ferrosos E-Mail: juliema.spelayon@gmail.com RESUMO Este trabalho de pesquisa propde uma nova metodologia para anélise dos niveis de suscetibilidade a instabilidade estrutural das cavernas em litologias ferriferas. A metodologia proporciona a identificago de pardmetros utilizados na estimativa de riscos geotéenicos de cavidades, favorecendo a classificagio dos diversos vaos que compoem as cavernas segundo um indice geotécnico de cavernas (IGC), a qual passa a representar 6 estado de equilibrio dos respectivos vios das cavernas estudadas. Como resultados, a classificagao dos vaos segundo o IGC permite uma efetiva antecipagio da possibilidade de impactos irreversiveis sobre as cavidades protegidas por lei. Com a aplicagao deste novo indice geotéenico seri possivel qualifiear o estado de equilibrio das cavernas em litologias ferriferas agir com medidas que atenuem os esforgos da mineragao sobre as cavidades subterrineas naturais. PALAVRAS-CHAVE: Cavernas ferriferas, previsibilidade de impactos, geotecnia. ABSTRACT This study proposes a new methodology for the analysis of susceptibility to impacts associated with geotechnical problems in caves with iron lithologies. The methodology provides for the identification of parameters used for the estimation of geotechnical risks of cavities, favoring a geotechnical classification of various cavities according to a geotechnical index of eaves (GIC). This approach deseribes the state of equilibrium of the respective spans in the studied caves. As a result, the classification of cavities or sectors according to indicators of susceptibility allows for effective anticipation of actions that may have irreversible impacts on cavities protected by law. With the application of the new geotechnical index for speleological structures, itis possible to qualify the steady state of the caves in iron formations and to act according to measures that attenuate the effects of mining efforts on natural underground structures, KEYWORDS: Iron caves; predictability of impacts; geotechnies. 1 As cavidades naturais subterrineas ou simplesmente cavernas so protegidas pela legislagdo federal brasileira e objeto de imimeros estudos téenico-cientificos requeridos nos processos de licenciamento ambiental que regulamentam a preservagao do patriménio espeleoligico brasileiro. As cavernas so abundantes em ambientes de minério de ferro e por isso pesquisas tém se intensificado em anos recentes para promover a evolugao do conhecimento acerea da manutencao do equilibrio mineragio e preservagao ambiental. A maioria das cavernas ferriferas no Brasil so encontradas nos dois grandes geossistemas fermuginosos, 0 Quadrilétero Ferrifero (MG) e Carajas (PA) (VALENTIM: OLIVITO, 2011). Atualmente, de acordo com pesquisas realizadas no Cadastro Nacional de Informagées Espeleologicas (CANIE) e no Anuério Estatistico do Patriménio Espeleologico Brasileiro, 2019, também do Instituto Chico Mendes de Conservagio da Biodiversidade (ICMBio), efetuando-se o eruzamento dos dados com mapas geologicos regionais, os registros somam mais de 2000 cavidades em litologias ferriferas em todo 0 tetritério nacional. A maior parte dessas cavidades foram cadastradas a partir do esforgo de prospecgdo em areas correlatas a processos de licenciamento ambiental de novos projetos de mineragio de ferro, 0 que demonstra o forte vinculo da evolugio do conhecimento da espeleologia nacional com a indiistria de mineragio. Conforme © Decreto 6.640/08 as cavernas devem ser classificadas segundo 11 atributos de cunho fisico, biolégico, ecolégico, e/ou histérico-cultural, para que se estabelega seu grau de relevaneia, os quais regulamentario a possibilidade de impactos ¢ consequentes compensagies (BRASIL, 2008). Também por orientagio legal (MMA CONAMA 347, 2004), deve-se resguardar uma area de 250 m no entomo de cada caverna, para que ela nio softa impactos ineversiveis, até que se defina sua real area de influéncia em processos de licenciamento ambiental. Essa condigao interfere diretamente 1nas operagdes minerérias, uma vez que essas areas nao sdo licenciadas até que estudos especificos de espeleologia, comumente de longo prazo, sejam feitos ¢ aprovados pelos 6rgios ambientais. Portanto, pelo aspecto fisico, é premente a motivagio da industria mineral em conhecer bem os mecanismos da geoteenia que regem as questdes de estabilidade estrutural das cavernas em regides de minas, além de buscar definir as principais variaveis que regem os processos fisicos envolvidos na manutengéo da integridade fisica estabilidade das cavernas, Este trabalho apresenta o indice Geotécnico de Cavernas (IGC), um inédito sistema de classifieagao geomecdnica de vaos de cavernas ferriferas que subsidia a avaliaglo da suscetibilidade 4 instabilidade estrutural. Este indice teve como referéncia, conceitualmente, o sistema de classificago geomecanica de qualidade de macigos de Bieniawski (1989), porém, é mais abrangente e voltado exclusivamente para aplicagao na espeleologia, considerando outras variveis imprescindiveis para a anilise de estabilidade dos vaos espeleolégicos que compéem as cavernas. O fluxo de construgio do IGC demonstrado na Figura | ‘iibuisdode |] Simuasio || Selogdo dos |[ Alien do Fommuagte |] etnigte || intrvalode || Pesce bate || doiGc || Pesce ttlnar |] perce apse ‘Dehngso [Laas Classes [L Valores es [Lconnecimerto [ft com [pf Aderentese tb ‘apicagao’ LIGC as das. |] Cisses das [[ (pesos || cenarce de |] “Lautsher direta de vaibves |) vaste || “vanes || propostos) || “pesos |] acoptado (pesos |] campo (pesos propesice || teércos) || calbrados) OIGC foi aplicado em 63 vaos de 27 cavernas estrategicamente selecionadas nas proximidades das minas de N4 e NS em Carajas, que serviram para a construgio, ajustes e calibragdes durante os anos de 2015 a 2018, eujos resultados sero apresentados discutidos no presente trabalho. 1.1 Cavernas Ferriferas Cavemas ferriferas, em geral, possuem teto pouco espesso, ¢ desenvolvimento de perfil concordante com o mergulho da encosta, Seus saldes so pequenos ¢ com morfologia irregular, apresentando controle estrutural e descontinuidades observadas nas paredes e nos tetos (PILO et al., 2015). Dutra (2017) relata que devido a evolugao natural das cavernas e ruptura das descontinuidades é comum observar fragmentos e blocos de material rochoso nos seus pisos. O mesmo autor também atribui a génese das cavernas fetriferas a quatro processos prineipais de geragdo de vazios nos macigos rochosos, quais sejam a erosio, lixiviacdo, dissolugao e biogénese. Esses processos, respousiiveis também por mecanismos de ruptura estrutural, so analisados juntamente as formas de evolugao dos ambientes cavernicolas, favorecendo a compreensio dos estudos geotéenicos anilise de estabilidade de vaos de cavemas, 1.2 Geotecnia Aplicada a Espeleologia ‘A maioria da literatura abordando estudos sobre estabilidade de cavernas é para terrenos carboniticos. Nesse tipo de litologia, Carter; Miller (1995) observaram existir alguma relagdo entre o teto e a largura na estabilidade das cavernas. Critérios baseados na classificagio de Bieniawski (1989) também foram utilizados em ‘mapeamento geotéenico dessas areas (SIEGEL; MCCRACKIN, 2001). Diversos fatores podem contribuir para instabilidade de cavernas em ambientes carbonaticos, dos quais é possivel destacar: agfo antropica, percolaglo de Agua, deslocamento de rocha que suporta 0 arco, ¢ movimentos tecténicos (SZUNYOGH, 2010). Zhou; Beck (2011) destacam que o colapso do teto de cavemnas depende diretamente das descontinuidades ¢ das suas relagdes espaciais. Além disso, a elevada variabilidade dessas estruturas e as formas de dissolugao também podem contribuir para essa instabilidade (DUTRA, 2017). Outros estudos estio relacionados 4 avaliagio da aplicabilidade de métodos tradicionais de avaliagio de estabilidade amplamente empregados na engenharia em cavernas naturais subterrineas. Portanto, hé um grupo de pesquisadores dedicados ao entendimento dos processos e fatores que influenciam a estabilidade de cavernas naturais subterraneas com foco na previsio de impactos negativos irreversiveis a0 patriménio espeleolégico (ARAUJO et al., 2016; BRANDI et al., 2015; DUTRA, 2017; LACERDA et al, 2017; RENO, 2016; SANCHEZ et al, 2007; SANTOS JUNIOR, 2017; VALENTIM, 2016). Para cavernas mais profundas, notifica-se que o aumento da carga na superficie do terreno é irrelevante na instabilidade dos tetos e paredes dessas cavemas, sendo essa observagio muito pertinente para cavernas em rochas caleérias. Entretanto, este acréscimo de carga pode induzir ao colapso de cavemnas rasas, como é 0 caso das cavernas em litologias de ferro, boa parte situadas em alta vertente, como também as paleotocas. A determinagao precisa da geologia das cavernas, definig’o dos contatos & delimitagio das estruturas geotéenicas muitas vezes requer profunda especializacio nas anilises, conforme deserito por Barbosa (2018). Pois, as cavernas s4o espagos individuais ‘que muitas vezes ndo correspondem a descrigdo geologica-geotéenica regional, ¢ por isso, deve ser dado énfase a sua geologia local, Dessa forma, esse autor menciona os trabalhos de geofisica rasa aplicada & caracterizagao geoestrutural com foco na estabilidade dos saldes ¢ vios, objetos da anilise de estabilidade. ‘Nove (2016) apresentou uma proposta de zoneamento geogrifieo de eavernas para suporte aos estudos geotéenicos. A partir dessa abordagem, elaborou-se uma anélise ‘geotécnica dos vaos de algumas cavernas ferriferas com base em sistemas de classificagdo geomecanica tradicionais da literatura e adaptados para cavernas. Em consonancia com essa pesquisa, os trabalhos de Araijjo (2016) e Valentim (2016) corroboraram para evolugao do tema geotecnia aplicada a espeleologia em cavernas ferviferas a partir, respectivamente, do levantamento de parimetros geomecdnicos com laser scanner 3D, @ da proposigao da classificagao geomecanica de uma caverna situada em So Gongalo do Rio Abaixo/MG, através do método de classificagao geomecanica de macigos adaptado para cavernas. Dutra (2017) avaliou a suscetibilidade geotéeniea de duas cavernas na regido da Serra do Gandarela a partir do mapeamento de descontinuidades; classificagao geomecanica do macigo pelos sistemas RMR de Bieniawski ¢ Q de Barton; mapa de espessura de teto; mapa de pontos de aporte de Agua (gotejamentos, espeleotemas, bacias), cones de sedimentos e incidéncia de raizes; procedendo também a caracterizagio da pluviometria e infiltragdo das aguas nas cavernas estudadas 2, AREA DE ESTUDO A Area de estudo esta localizada no sudeste do Estado do Para na Serra dos Carajas, nas minas de ferro N4 e NS. A selego das cavernas foi feita considerando-se a sua representatividade no ambiente espeleolégico da Provincia Mineral de Carajés, © a proximidade com areas de operagdo das 3 minas em atividade (N4EN, N4WS e NSS), de forma que abrangesse todo o conjunto de platés da regido. Foram selecionadas 27 cavernas as quais foram monitoradas entre 2015 e 2018 (Figura 2). A Tabela | traz os dados de relevancia, litologia e espeleometria das 27 cavernas deste estudo. Figura 2— Area de estudo nas minas N4EN, N4WS e NSS na Serra dos Carajis - PA. Tabela 1 — Dados litolégicos e espeleométricos das 27 cavernas do estudo. anc ‘tots PH Desnivel Area Volume Caverna —Relevancia—_—_Litotipo oa) mm) N4E_0015 Alta FFBeCanga 65 6 253 S47 NAE_0016 Alta FFB 3000320 3 N4E_0021 Alta FEB 41 66 164.330 N4E_0022 Maxima =“ FFBeCanga «175. 12.4. 1082750. N4E_0023 Maxima «=«FFBeCanga «655.6 274222 N4E_0026 Alta FFBeCanga 162 18 451.695 N4E_0027 Alta FFBeCanga 143,50 2429 N4E_0028 Alta FFB 25 2S 8113 N4E_0037 Alta FFBeCanga 1121.2 19 18 N4E_0039 Alta FFB 306 36 69 67 NAE_0044 Alta FFBeCanga 23.1 LL 48 31 N4E_0061 Alta FFBeCanga 35 1 2134 NAE_0086 Alta FFBeCanga 15.5 1,7 32 37 N4WS_0001 Alta FEB ce a N4WS_0008 Alta FFBeCanga 7 92 445-876 N4WS_0022 Alta FEB 10.5 29 31 91 N4WS_0050/51 Alta FFBeCanga 20,5 48 178207 NAWS_0059 Alta FFBeCanga 163.252 67 NAWS_0060 Alta FFB 125° 17 15 8 NAWS_0065 Alta FFB 135 18 15 12 NSS_0001 Alta FFBeCanga 163 31 40 0011 Alta FFBeCanga 104. 11. 471_— 898 5S_0023, Alta FEB 265 29 32 19 PH Desnivel Area Volume Cavema —_Relevinela_—_Litotipo hy Demat! (VN Nss0071 Alta ~—~=C*FRBeCanga~—=S33—~=~«~‘SSSCSSSSC*dS NSS_0072 Alta «= FFBeCangn «252 182 N5S_0073 Alta FFB,Maficae 49g 43 28 Canga NSS_0075___Alta_FFBeCanga 3237659 (GEB = Formagao Ferrifera Bandada) 2.1 Aspectos Geologicos A geologia da area ¢ caracterizada por depésitos de ferro distribuidos ao longo de uma estrutura conhecida como sinelinério ou dobra de Carajds, que se agrupa em conjuntos denominados Serra Norte, Serra Sul, Serra Leste ¢ Sao Félix. De forma mais especifica, as cavernas alvo do presente estudo se desenvolvem em litologias ferriferas da Formagao Carajas, que representa parte de um greenstone belt do Dominio Carajés. Nessa unidade estratigrifica estio incluidas formagdes ferriferas bandadas de facies xido com jaspilitos interdigitados a pacotes de metabasaltos ¢ metavulcdnicas dcidas, moderadamente a fortemente deformadas, metamorfisadas em facies subxisto verde a anfibolito (JUSTO; LOPES, 2014). Os altos teores de Fe das litologias da Formagaio Carajas propiciam a formagio de coberturas conerecionérias ferruginosas comumente denominadas “cangas”. Esses depésitos de idade cenozoica ocorrem na forma residual quando formados in situ pela lixiviagao das bandas de chert dos jaspilitos ou de outros minerais/constituintes de outras rochas com teor expressivo de Fe; ou se estabelecem na forma detritica quando a rocha de origem (rica em Fe) é desagregada, transportada e posteriormente cimentada, Essas coberturas podem constituir carapagas de alta rigidez que se constituem excelentes elementos de sustentagio para vazios subterrineos. A Figura 3 é uma representagio simplificada da Provincia Mineral de Carajds, evidenciando os grandes lineamentos estruturais regionais. Figura 3—Provinela Mineral de Carajis. Adaptado de Dardenne; Schobbenhaus (2001). INDICE GEOTECNICO DE CAVERNAS (IGC) 3.1 Formulagio e Definigao das Variaveis A iniciativa de desenvolver o indice Geotéenico de Cavernas (IGC) deu-se pela necessidade observada pelos autores de se ter um sistema de classifieagio geotéenica unicamente voltado para a ciéneia espeleologica, no trato exclusivo de vaos de cavernas ferriferas proximas a dreas de mineragiio, com o intuito de manter suas integridades fisicas preservadas, Apesar do significativo avango, nos iiltimos anos, dos estudos do meio fisico aplicados as questées estruturais de cavernas ferriferas, a sua maioria faz uso de consagrados sistemas de classificagdo geomecinica de macigos, com 0 foco na estabilidade de pontos determinados das cavernas objeto de anilise. © modelo de construgio do IGC foi inspirado na metodologia de classificagio geomecinica de Bieniawski (1989), com o somatério de classes de varidveis ponderadas segundo faixas ou intervalo de andlise e cujo resultado indicasse a qualidade geotécnica do material avaliado. As varidveis selecionadas para o IGC e suas classes contemplam diversas disciplinas (geomecinica, geotecnia, hidrogeologia, engenharia de minas, espeleologia), ¢ foram baseadas na experiéncia e conhecimento adquirido pelos autores em estudos e monitoramentos espeleol6gicos continuos, desde 2014, em cavernas localizadas proximo as areas operacionais de minas de ferro em Carajés - PA e no Quadrilatero Ferrifero - MG, bem como fundamentado na literatura cientifica, Foram interrelacionadas quatro variiveis, a saber: (1) Rock Mass Rating (RMR), base Bieniawski (1989), variivel Geomecinica que classifica a qualidade do macico rochoso onde cada vio da caverna esta contido, além das suas caracteristicas geoestruturais; (2) Raio Hidréulico (RH), varidvel da engenharia que considera a razio entre a rea e 0 perimetro de uma sego tipica de um va ; (3) Forma do Teto (FT), variavel da espeleologia que indica se a geometria de teto é favorivel ou desfavorivel 4 deformagao (colapso); ¢ (4) Espessura do Teto (ET), variavel da geoteenia que caracteriza a profundidade do teto do vio em relagao & superficie do terreno. Buscou-se, entio, a partir da selecdo dessas variaveis principais relacionadas as deformagdes dos vios espeleologicos, construir um sistema de classifieagao simples ¢ de ficil aplicagdo. O sistema é regido por uma equagilo que considera a somatéria de classes de varidveis ponderadas cujo resultado leva a uma classifieagao da qualidade estrutural dos vaos de cavernas, medindo sua suscetibilidade a instabilidade estrutural, A formula do IGC é demonstrada na Equagio 1 IGC=a RMR +f RH+7FT+5ET — (Equagio 1) Onde: a RMR = Peso atribuido a classificagio Rock Mass Rating (BIENIAWSKI, 1989); B RH = Peso atribuido ao Raio Hidréulico (LAUBSHER, 1990); y FT = Peso atribuido 4 Forma do Teto; e 8 ET = Peso atribuido & Espessura do Teto A soma dos pesos das 4 varidveis foi definida com 0 valor maximo 100 (cem), que representa o melhor cenirio do vao de muito baixa suscetibilidade a instabilidade estrutural, e por outro lado, o pior cenério é o valor minimo 0 (zero), indicando muito alta suscetibilidade a instabilidade estrutural. A Tabela 2 traz as cinco classes do IGC e os respectivos intervalos de niveis de suscetibilidade a instabilidade estrutural dos vaos. Tabela 2 - Faixas de classificagdes da suscetibilidade do IGC a instabilidade estrutural dos Vios e respectivos intervalo de pesos. Suscetibilidade a Instabilidade Estrutural do Vio da Caverna 60 80 40 <1GC> oo 20 <1GC > 40 3.2 Definigao das Classes das Variaveis 3.2.1 Rock Mass Rating (RMR) Desde a década de 40, diversos autores convergiram seus esforgos para a concepgao de indices geotéenicos que permitissem prever o comportamento dos macigos rochosos, especialmente quando expostos a esforgos de origem antrépica, como -mineragao e escavagdes para tineis (EDELBRO et al., 2006). Estes autores ainda fazem uma compilagio de sistemas de classificagio geomecinica aplicados as obras de engenharia. Para a composigao do IGC, foram testados 3 sistemas considerados como os mais apropriados pelas suas abordagens de qualidade de macigo e aplicagao em ambientes subterrineos, como ¢ 0 caso das cavemas ferriferas rasas da area de estudo. Foram testados 05 Sistemas Q de Barton (1974), RMR de Bieniawski (1989) e 0 MRMR de Laubsher (1990). Os testes foram realizados com a aplicago direta dos sistemas sobre as 27 cavernas selecionadas para este estudo, fazendo-se uma correlagéo com a realidade observada nos mapeamentos geoestruturais de campo. Os resultados apresentaram similaridades, porém o Sistema RMR de Bieniawski foi percebido como o mais aderente (DE PAULA, 2018) ¢ que ofereceu um melhor detalhamento dos contatos para compor ° 1Gc A BIENIAWISKI A i Figura 4 mostra um exemplo do resultado do mapeamento nos 3 sistemas para a cavidade N4E_0026. BARTON BIENIAWISKI ~ Figura 4 - Mapas de classificagio geomecénica da cavidade N4E_0026 pelos Sistemas Q de Barton (1974). RMR de Bieniawski (1989) e Laubsher (1990), 10 Bieniawski propés este sistema em 1973, e desde la ele vem sendo aprimorado até atiltima revisio do autor, em 1989. E composto pela andlise de nove parametros relativos 20 macigo rochoso e as descontinuidades nele contidas, sendo que a cada parimetro & atribuido um peso ¢ 0 somatorio é o resultado do sistema de elassificacao. Antes de ser aplicado, © macigo rochoso deve ser dividido em setores estruturais com caracteristicas semelhantes, ea classificagao se aplica a cada um desses setores. Apés obtidos os valores dos pesos para os nove parametros relativos a qualidade geomecinica do macigo rochoso e as descontinuidades, Bieniawsk (1989) sugere realizar uma corregio relacionada a orientagdo das descontinuidades de acordo com sua influéncia na estabilidade da estrutura, O resultado desse sistema de classifieagio de qualidade geomecanica do macigo foi dividido em cinco classes com intervalos especificos, tendo sido integralmente aproveitado para a composi¢ao do IGC, sendo: Muito Bom (100 a 81), Bom (80 a 61), Regular (60 a41), Ruim (40 a 21), € Muito Ruim (20 a 0) (Tabela 4). Tabela 4 - Resultados do sistema de classifieagdo geomecanica (RMR) do macigo. Adaptado de Bieniawski (1989) e incorporado ao IGC, Somatorio 100-81 80-61 60-41 40-21 <20 ‘Nimero da classe T ii 1 Vv Vv Deserigao Muito Bom Bom Regular Ruim Muito Ruim 3.2.2 Raio Hidraulico (RH) Em termos de geometria de segdes horizontais, diversos pesquisadores propuseram indices/parimetros a serem levados em consideragdo na avaliagdo de estabilidade de espagos subterrineos. Dentre esses, destacam-se dois: © Largura do Vao ou Span Width, estudado por Barton et al. (1974) e Hutchinson; Diederichs (1996), entre outros. © Raio Hidrdulico, estudado por Laubscher (1990); e Villaescusa (1996), entre outros. Largura do Vio ou Span Width Milne (1997) relata que a abordagem que relaciona a condigao de suporte a largura do vio é empregada ha décadas e um dos registros mais antigos remonta a Terzaghi, (1949). Esse método & empregado, principalmente, em projetos de ttineis e pode ser a efetivamente relacionado 4 estabilidade, jé que a largura da abertura define a distancia entre os prineipais elementos de suporte de um ttinel, que so as paredes laterais. Raio Hidraulico O termo “Raio Hidréulieo” ou, em alguns casos, “Fator Forma” tem sido empregado na avaliagao de estabilidade de estruturas subterrineas desde 1977, sendo o pesquisador D. H. Laubscher o primeiro a aplicar essa metodologia, Milne (1997) destaca que este termo foi inicialmente aplicado na dindmica de fluidos para comparar o fluxo em. tubos de segiio quadrada com o fluxo em tubos de segdo circular. Esse pesquisador esclarece o motivo pelo qual um parimetro inicialmente aplicado na hidrdulica apresenta relagio com a estabilidade de escavagies subterrineas, © Raio Hidrdulico & obtido pela razio entre a area e © perimetro da segio analisada. Essa razio pode expressar também a distancia entre 0 centro do espago subterrineo as estruturas de suporte, além da abordagem pertinente quando se trata de eseav ees com formas imegulares, e quando o comprimento da estrutura é até trés vezes maior que a largura, jd que, diferentemente de outros, esse parimetro considera todas as faces da escavagio como capazes de oferecer suporte efetivo, conforme menciona Milne (1997). De acordo com a classificagio do maciga proposta por Laubscher (1990), & sugerida a relagio entre o Raio Hidriulico, também denominado indice de Estabilidade, € 0 seu indice de classificagao geomecdnica, Mining Rock Mass Rating ~ MRMR, para analise de auto portabilidade de vaos em minas subterraneas. Baseado em dados de 11 minas em quatro paises, foi gerado um Abaco, classificando pontos como estiveis, transicionais ou instaveis. Jordé-Bordehore (2017) avalia a estabilidade de uma amostra de 137 cavernas naturais com amplos vaos com base na abordagem empirica, baseada no Qde Barton (1974), e na largura do vio. Esse pesquisador propde também uma curva de estabilidade, No caso dessa variavel, as rugosidades das paredes ¢ a presenga frequente de reentrineias nas cavernas naturais foram desprezadas, considerando-se apenas 0 “vio efetivo”. Como essa variivel esti sendo adquirida a partir do escaneamento a laser, essas feigdes ja estio de alguma forma representadas, Para a composigao do IGC, essa varidvel geométrica sera incorporada segundo 3 classes (Pequeno, Médio e Grande), que irto representar seus respectivos tamanhos na unidade métrica. Para cada uma das 27 cavernas estudadas foi elaborado um mapa com a diviséo de vaos considerados no caleulo do 2 respective Raio Hidréulico. Como exemplo, tem-se o mapa de vios da cavema N4E_0026, conforme a Figura 5 - Mapa de vis da caverna NSE_0026. Figura $ - Mapa de vos da caverna N4E_0026 3.2.3. Forma do Teto (FT) Peck et al. (2013) afirmam que a forma do teto é um fator chave para a avaliagio de estabilidade de uma escavagao subterranea, juntamente com as caracteristicas geolégicas e as condigdes gerais do terreno. Esses pesqnisadores comparam a performance de formas retas (planas) ¢ arqueadas (abébadas) em escavagdes rasas, coneluindo que areas de instabilidade esto normalmente associadas as geometrias planas, salientando que as formas de teto estaveis sio similares & configurago pés-ruptura - abébadas. Parise & Lollino (2011) avaliaram os mecanismos de fatha em uma mina de calearenito abandonada e registraram os resultados das rupturas, observando que os mecanismos de falha também podem promover formas arqueadas. Diederichs; Kaiser (1999, apud Peck et al. 2013) sugerem que a ocorréncia de intersegdes reduz.a capacidade de rocha de formar um arco estavel; estendendo a zona de deformagao, que equivale a relaxar os suportes de uma seca do tiinel, indicando, novamente, que a forma do teto que 3 apresenta maior estabilidade é a abobadada. De forma similar, Fiore et al. (2018) avaliam a suscetibilidade a ruptura de minas subterrineas de calearenito em uma regio na Itdlia, apontando a geometria do teto como um fator importante, Para a composigio desta varidvel no IGC, cada um dos 63 vaos das 27 cavernas do estudo foi analisado em suas formas de teto em segdes 3D a laser, confirmados nos levantamentos de campo e nos perfis dos mapas espeleométricos. Foram consideradas 3 classes (Absbada, Planar ¢ Abdbada Invertida). A Figura 6 contempla as segdes tipo (contomos) dessas classes PAIRS OES AY Qo Figura 6 - Segdes tipo das 3 classes da variivel Forma do Teto, extraidas das segdes 3D laser das cavernas de estudo. 3.2.4 Espessura do Teto (ET) Diversos pesquisadores sugerem que, em se tratando de escavagdes rasas, quanto mais proximas a superficie, menor estabilidade essas estruturas apresentam (CARTER, 2014). Yardimei et al. (2016) relatam a tentativa para a avaliaglo de estabilidade a partir do método Crown Pillar. Basicamente, esse método estabelece uma relago entre sistemas de classificago geomecénica, como o RMR (BIENIAWSKI, 1973) ¢ 0 Q (BARTON et al., 1974) e a geometria dos espacos subterrineos, levando em consideragzio a espessura do teto, Carter; Miller (1995) propuseram diretrizes aceitaveis de exposigaio a0 risco, dividindo segdes de minas subterraneas em classes de qualidade. Trata-se de um método pritico dependente de retro andlises de casos historicos de falhas. Carter (2014) apresenta uma equacao que correlaciona fatores geométricos e espessura de teto para caleular o fator Cs (Scaled Span). Dessa forma, pequenas espessuras de teto geram altos valores de Cs, 0 que implica instabilidade. Parise; Lollino (2011) também relacionam a espessura de teto com a estabilidade de espagos subterrineos. Fiore et al., (2018) acreditam que a varidvel espessura de teto ¢ fundamental para a avaliagdo de estabilidade de espagos subterrineos quando se trata de estruturas rasas. 14 Vale ressaltar que a International Society for Rock Mechanics (ISRM, 2014) endossa as técnieas de laser scanner 3D como geradoras de imagens associadas de alta velocidade e preciso para servigos geotécnicos. Para a composigo desta variavel no IGC, foi utilizado escaneamento a laser para aquisigdo dos dados topogréticos. Além disso, os servigos com a tecnologia LIDAR também fazem o georreferenciamento de precisio das cavernas topografia local; fazem o levantamento da superficie do terreno de entorno das cavernas; e geram mapas 3D (internos e extemnos s cavernas). A partir da nuvem de pontos foi gerado um modelo de elevacdes do teto das cavernas e subtraido do modelo digital de elevagao de terreno, obtendo-se os valores de espessura de teto. Por meio de andlise estatistica ponto a ponto foi possivel calcular o valor médio para espessura de teto de cada vio, A Figura 7 mostra a espessura de teto para a cavidade N4E_0026 em um modelo 3D. Figura 7 - Mapa de espessura de teto para a cavidade N4E_0026. 3.3 Intervalos de valores das classes das variaveis (tratamento estatistico) Para definir com precisdo o intervalo de valores das classes das 4 varidveis do IGC foi desenvolvido um tratamento estatistico no software MiniTab a partir dos dados levantados nos 63 vaos das 27 cavernas do estudo, conforme Figura 8. 15 Guam J 8 ‘Rar [aio Harsco Espessura do Toto |tdeosieacSo) {Bleniavshl wn) (nt ron i = ite e neo z © 2a 1s wee i a i ie st z 7 Tost z ca 28 a 3 a ‘it ts al ¢ a 25 ar = at a oe a & Be See t = ies 7 z a a7 ae he ones t = ss a n = 35 ‘ast e_oe 1 cs 15 3 Hea 7 Te 278 ar 7 ee ae is ie ones z ae ast eon H ee a 25 ss z = aie 2s Te o a ar ss ie H z tz aie i os at z = 36 a says. ote [—z a usr Hr t = 2 met i = ick az 2 es 1a tis saws. oososi] a 1 Bas t e a7 ee Ta, H a iia Tv ne H cs s 1 VE OE i cl ae Ee t a ag oe - A cs a Sat t Es 2 HI z 7 Br at 3 2 a n s ie aes i te ae cs z er ast 7 a t ae ae is z et as 35 ar a = wae ase sa H = r 2st sa 1 = ia a tse i ra ss a1 ss 2 e i ee Figura 8 - Dados levantados das 4 varidveis do IGC para os 63 vaos das 27 cavemas deste estudo, A Tabela 5 mostra os resultados dos intervalos para cada uma das 4 classes do IGC apés tratamento estatistico Tabela 5 - Intervalos de classe para cada uma das 4 variaveis do IGC. Rock Mass Rating (RMR) Raio Hidraulico (RH) Forma do Teto (FT) Espessura do Teto (ET) 16 + Muito Bom (81 - 100) + Bom (61-89) + Pequeno (0,0-0,91m) + Aboboda + Grande (7,65-10m) + Regular (41-60) * Médio (0,92-1,82m) + Planar * Média (3,32-7,64m) + Aboboda + Ruim (21-40) + Grande (1,83-3,0m) Invertida + Pequena (0,0-3,31m) * Muito Ruim (0-20) Legenda: Melhor Classe Média Classe Pior Classe 3.4 Ponderagao das variaveis 3.4.1 Pesos propostos — atribuigao base conhecimento Entende-se como peso, um maior ou menor valor influenciador a ser atribuido a cada variavel, que, apés somatério, sera revelador da pior ou melhor qualidade geotéenica do vio, ou seja, da sua suscetibilidade a instabilidade estrutural. Para fundamentar a proposig&o dos pesos foram primeiramente definidos quatro cenarios com os maiores valores de pesos que representassem sua preponderancia de uma varidvel sobre as demais, em acordo com as condigdes reais observadas nas cavernas deste estudo e no tratamento estatistico realizado. A Tabela 6 mostra essa distribui¢ao dos maiores pesos para as melhores classes de cada varidvel do TGC nos 4 cenatios que serio simulados Tabela 6 - Distribuigao dos maiores pesos para as melhores classes de cada variével do IGC nos 4 cenarios simulados. Variavel IGC (peso Cenario proposto) 1 Cenirio2 — Cenario3——Cenario 4 Rock Mass Rating(RMR) 25 50 60 Cy Raio Hidréulico (RA) B B 2 25 Espessura do Teto (ET) 25 3 5 3 Forma do Teto (FT) 25 17 15 10 ‘Soma 100 100 100 100 Legenda: Melhor Classe v7 ‘Uma andlise da Figura 9 demonstra que, exeluindo-se 0 Cenério 1 de igualdade entre os pesos para todas as variveis, nota-se que a varidvel Rock Mass Rating (RMR) possui um peso preponderante sobre as demais variiveis, uma vez que ela é a tinica que revela a qualidade geotécnica do macigo rochoso do vio, envolvendo as questdes estruturais ¢ hidrolégicas do meio fisico, As demais variéveis IGC sio igualmente importantes, porém com distribuigao de ponderagSes _menores. Com base nessas premissas, a Figura 9 mostra a distribuigao completa dos pesos propostos para todas as classes das variaveis IGC para a simulagao dos cenétios. Valores de Pesos Progostos para as Classes das Variéveis IGC para Simulacio dos & Censrios eniriot | cendioz | cenarios | cendnoa Varievelig Casse {peso propose) | (peso proposto} | (peso proposto) | (peso proposto) Tato nam 7 . 7 2 Sum a5 BE 2 2 fecmstsing | a z = = com a5 as se a to Bom 2 0 eo mI Pequeno 2 2s 20 2 Raio Hidraulico (RH) Médio 12,5 14 12 15 Grande ° 0 ° 0 Pequeno ° 0 3 Espessura do Teto (ET) | Médio 12,5 25 3 3 rand = = TAbsbada a 77 = 7 Forma do eto (7) lanar as a5 3 n Wobada inverda ° ° ° 0 Legenda: Melhor Classe Média Classe Plor Classe Figura 9 - Distribuigdo dos pesos propostos para todas as classes das variiveis IGC nos 4 cenérios que serio simulados. 3.4.2 Pesos tedricos - melhor aderéncia ao Abaco de estabilidade de Laubsher adaptado O Sistema IGC foi simulado com os pesos dos 4 cenirios para os 63 vios das cavernas em estudo, e 05 resultados foram inseridos e analisados no abaco de estabilidade/instabilidade de Laubsher, 1990. Este abaco é uma ferramenta consagrada na geotecnia mundial dividida em trés classificagdes de estabilidade: Instavel, Transigao & Estavel, que avaliam, de forma empirica, a estabilidade de areas subterraneas. Com isso, procura-se associar o novo IGC a ferramentas similares, maduras e largamente citadas na literatura, buscando rigor cientifico. A partir dos resultados do IGC dos vaos inseridos no abaco de Laubsher, foi entio possivel inferir as curvas das 5 classificagdes de suscetibilidade a instabilidade do IGC, criando um abaco combinado denominado “Laubsher Adaptado”, A Figura 10 mostra 18 como ficou essa inferéncia no abaco adaptado e como os valores dos pesos IGC ficaram coerentemente distribuidas. As classificagdes IGC dos vaos de muito alta suscetibilidade a instabilidade estrutural ficaram dentro da zona instivel de Laubsher; os vos com classificagdes muito alta a alta suscetibilidade IGC, ficaram dentro da zona transigao de Laubsher, e por fim, as classificagdes IGC dos vios, moderada, baixa muito baixa, ficaram dentro da zona estivel de Laubsher. Legenda Laubsher, 1990 1%) Limite Laubsher o| © Estivel A Transigio x) im Instavel Legenda IGC ime ise Cavidade (com 1G¢) Shaecoo.e = Naws_ooos SNazlooa: 7 News e022 Tnaelooa2 = News oosoys: i Neelooss = Nawsleoss, mag_ooaé 3 News ooo 2 Naecoos? y = Naeloos7 = Naelooss = Naecooss Shaklesse Mining Rock Mass Rating (MRMR) 0 » 0 5 © Raio Hidréulico Figura 10 - Abaco de estabilidade/instabilidade de Laubsher adaptado, Coma adaptacto foi possivel inferir as curvas das 5 classificagdes de suscetibilidade a instabilidade do IGC. Esta checagem da aderéncia dos pesos propostos através do abaco de Laubsher adaptado faz parte do fluxo de construgdo do IGC para a definigdo dos pesos tedricos a serem efetivamente utilizados. Dos 4 cenérios simulados, o cendrio 4 foi o mais aderente a0 dbaco adaptado, resultando que, dos 63 vios classifieados com 0 IGC, 29 vaos, ou 46%, ficaram na zona de mesma classificacdo quando inseridas no abaco (Tabela 7). Tabela 7 — Nimero de vaos classificados com © IGC (pesos propostos) por cenirio simulado, e sua aderéncia ao abaco de Laubsher adaptado. Notar 0 cendrio 4 como 0 mais aderente. Aderéncia da Laubsher (total Cenario Cenario 63 vios) Cenirio1 — Cenario 2 3 4 N° de vaos aderentes 7 24 26 29 19 °% de vaos aderentes 27% 38% a Com a aderéneia verifieada para o cenirio 4 os pesos propostos passam a ser considerados pesos tedricos que serdo utilizados na continuidade da construgio do IGC. A Figura 11 mostra a listagem das cavernas simuladas, comparando as classificagdes do IGC ede Laubsher. A aderéncia de 46% entre 0 IGC e Laubsher adaptado foi considerada como extremamente satisfatoria, uma vez que ambas tém a mesma fungao de elassificagzio de estabilidade, e utilizam o indice RMR de Bieniawski, 1989, porém incluem outras diferentes variiveis especificas e peculiares e, portanto, nfio se deveria esperar uma aderéncia mais elevada, f | cove metabo | casstcaxzo (oesoreicoy | emer 7 Tae pose [2 Gene | ro awe o0oe [2 [ales Ae 7 ss{-news-oo0s [3 | —anina | Moderna 7 ews oe | $| —toseress | Ate Trews coso/st[ x [oak [wuts babe news ooso/si[ 2 | Moserads [63a | s7[ews-oosorsi| 3 [saa wut bane frews 00ssi| «| Mune baia [Muito babe ews o0sosi[ 5 | Mune baie Muto babe fal news ose [sei 5| aw oes [1 [Baten >| —Nssoo01 [>| i bans — Baie nss-00u [2 Moser 1s_c0 | 3 Moserses 7 vss.00n1 | # Bains 3] nes_oon | 6 Eo ss_0ou [7 Mosersss nss.oms [2 Tito bane ss_o025 [2 Muito ban 2 nss-oo71 [5 Mosersse | Ps] vssoore [sf [ae[—rss-oors [3 Figura 11 - Listagem das cavernas com a classificagtio TGC com os pesos mais aderentes ao abaco de Laubsher adaptado que passam a ser considerados pesos te6ricos. Por fim a Figura 12 resume como fiearam os pesos tedricos apés a anilise, visando a proxima etapa, de aplicagiio em campo, no mapeamento das 27 cavernas deste estudo, 20 realizando 0 iiltimo processo na construgio do IGC para definigao dos pesos ealibrados, aqueles que iro compor a formulagio oficial do novo indice vaitwticc | classe | Interalode Gasse | POISE {eso ebro) tiatokam —[—o—[ —75 2 ui ar [ 0) a Rock Mas Rating Regular [oo = (woe) Bom [0 Se Wako tom —| — i | —s00 oo qonaas Bequeno —[ om | Gore [2 dautce |" nccio | ogam [ arm | as (we) “crande [18 [3m o pan vafPeauena—[— om | 331m © nes Maio | 3stm | rem [3 Tarnde [785m | 10, s Tero | Abobada 0 — Planar 6 [aba invert © Legere: Mor Canie Mécia ne forme Figura 12 - Listagem das cavernas com a classificago IGC com os pesos mais aderentes a0 abaco de Laubsher adaptado que passam a ser considerados pesos tebricos. 3.4.3 Pesos calibrados - ajuste apés aplicacao direta de campo Este € 0 tiltimo proceso do fluxo de construgao do TGC, quando se parte para a aplicagio direta em campo no mapeamento das cavernas e a classificagdio dos vios. 0 objetivo & checar se com os pesos tedricos definidos até esse estigio da pesquisa conseguem coeréncia com a realidade, ou precisam ainda ser ajustados. © mapeamento executado nos 63 vaos das 27 cavemas do estudo mostrou que houve coeréncia entre a realidade mapeada e as classificagdes IGC para a maioria das cavernas. Entretanto, foi observado que em 26 vios de 17 cavernas, © IGC poderia ter sido mais rigoroso em funcdo de aspectos estruturais de fragilidade observados, os quais no refletiram a classificagio do indice, ou seja, as classificagdes ficaram melhores do que deveriam ser. Em funclo da necessidade de aumento do rigor da classificagao do IGC, foram testadas diversas redugGes nos pesos de todas as classes até que os novos resultados das classificagdes estivessem compativeis com a realidade do mapeamento de campo (relembrando, que, por definigao, baseado em Bieniawski, 1989, a classificagao tende a ser pior quanto menor o peso atribuido). ‘A Figura 13 apresenta a melhor alternativa implementada para os pesos calibrados, tendo sido feita uma pequena redugao (entre 15 a 30%) nos valores dos pesos das variaveis RMR, Espessura do Teto e Forma do Teto. A varidvel Raio Hidraulico nado a teve seus pesos alterados devido as redugdes testadas nfo terem contribuido para melhorias na classificagao final do TGC e, dessa maneira, essa variavel nfo foi alterada em seus pesos. ‘Valores de Pesos Teoricos ¢Calibrados abs 0 mapeamento ISC para as Classes das Varidvels IGC i pesoisc | Pesoicc — |varlacao| Vatiével ac asse —_|igcrotecncolf (peso cabrado)| mom [6 2 ‘a zn =p tock as Ratng fear | 5 sos (awa) Bom Sa 4s a7 Tato tow —[ 60 o Pee [ae = Roti | "cia = ra nde a ° soo . Espessura do Teto Pea a Bi z en Grande s s Tommadorece | —200ease [0 = - [Abébada invertida| 0 o Legenda: Melhor Classe Mésl Classe_Pior Classe Figura 13 - Rediugdo nos valores das classes dos pesos tedricos para as variveis RMR, Espessura do Teto ¢ Forma do Teto, definindo-se 0 peso ealibrado do IGC (linhas em destaque amarelo) Apés a definicao dos pesos calibrados, todas as 27 cavernas foram novamente mapeadas ¢ classificadas pelo Sistema IGC, demonstrando uma maior assertividade entre 08 resultados das elassificagdes e a realidade mapeada, A Figura 14 traza listagem das 17 cavernas cujas classificagdes iniciais das suscetibilidades dos vaos nao haviam se mostrado adequadas, confirmando 0 aumento do nivel de rigor do IGC, levando todas as classificagdes para um nivel pior do que anteriormente classificado, notando-se inclusive dois vaos realmente criticos do ponto de vista de fragilidade estrutural mapeados, que sairam de uma classificagao de alta para muito alta suscetibilidade a instabilidade estrutural. 2 Ww] cavidade | vio] Classiicagao 1GC] Classificagao 16¢| (peso tecrico) | (peso calibrado) T Baia Moderada 1 Baia TNae_0022_| 2 | Moderada 2 | ae "0022 [3 [Mito baie Nae_0022 | 4 ‘Ala Naé_o022 | 6 | Moderada 3] nae 0023_[-1 | Moderada “a [NE 0026 [2 Baixa nuae_0026 | 6 Alta S| _Nae_0027_[1 | Mito baixa S| _Nae_0037 [1 | Muito baixa 7] _Nae_0039 [3 | Muito baixa 3 [Nae 008 [a Baia Naé_00aa |? Baixa 9 Lsaws_c008 [3 Baia ‘naws_0008_| 5 | Moderada To} _Naws_0022_ [1 | Muito baixa i] Naws_0050/51| 5 | Muito baba 12]_Naws 0060 [1 [a3] nss_o001_[3 550023 | 1 24)" wss_0023_| 2 ns5_0071_| 1 ns5_0073 | 1 550075 1 VF ss"0075 [2 Figura 14 - Relagio dos 26 viios das 17 cavernas elassificadas das pesos te6ricos sem coerénein com a realidade e a classificagao com 08 novos pesos calibrados mais préximos da realidade. Em resumo, utilizando-se os pesos definitives calibrados, das 27 cavernas do estudo, 63% tiveram aumento na sensibilidade do indice, ¢ dos 63 vaos classificados, 41% aumentaram seu nivel de suscetibilidade a instabilidade estrutural, mais aderente a realidade observada no mapeamento de campo (Figura 15). 27 Cavernas 63 Vaos ae 37/59) IGC-Cavernas sem modificaglo de suscetibilidade GC Vos sem modificario de suscetibilidade IGC -Cavernas com aumento da suscetibidade a instablidade _ ® !GC- Vlos co toda suscetibldade a instabildade jgura 15 - Com uso dos pesos calibrados, das 27 cavernas estudadas, 63% tiveram aumento na sensibilidade do indice, e dos 63 vos classificados 41% aumentaram seu nivel de suscetibilidade a instabilidade estrutural, mais coerente com a realidade de campo. 23 3.5 Fluxograma de Construgao do IGC A Figura 16 mostra o diagrama completo do fluxo de processos utilizado para a construgio do IGC e descrita neste capitulo. Fluxo de Construgao do indice Geotécnico de Cavernas - IGC Formulagio e detinigio das varvels (base conheciment = estudos/monitoramentos espelecliicos em areas operacionais de ina ieratura ints) Gcomecinica Troerhora Fipelecloaia Geaeenia Rock Mas ating (Beniowist 1989) aio Hdeuico Ferma da Teta spessua do Tet (non) (wo) ail on IGC = « RMR +6 RH +y FT +6 ET (soma de pesos dos vrives com valor miximo de 100) —— Defnigfo das clases das varivese seus valores Dito dos pros das caries das varies basead ma (estttica de 63 vos de 27 cavernasrepeesenttias dos eas ‘spliagio deta decompo operacionas) {comportamentoestruturl real dos 63 vcs) (pesos eaibrades) a (dofnigbo de 4 cenris de pesos base connecimento) {pesos proportos) Simul classi do GC ds os aca un ds 4 canis we t = ‘Selegio dos pesos do cendris mai adevente ao deco de ‘estabidadefnstabiidode Lautner (190) adptade [peroeeércos) Figura 16 — Fluxo de Constigio do indice Geotéenico de Caveras ~1GC 24 IeMBio nna ‘Recebido: 21 de outubro de 2020. Aceito: 09 de dezembro de 2020. Publicado: 31 de margo de 2021 4. DISCUSSAO E RESULTADOS Para medir 0 grau de eficiéneia do indice, todas as 27 cavernas de estudo com seus 63 vios foram classificadas com o IGC e tiveram acompanhamento de campo continuo ao longo da pesquisa entre os anos 2015 e 2018, durante regime regular de lavra das minas a0 entorno das cavernas. O acompanhamento do meio fisico das cavernas foi executado através de monitoramentos fotograficos, sismogeficos e prineipalmente o geoestrutural, sendo este iltimo utilizado para medir o grau de eficiéncia do IGC, através da observacao das alteragdes fisieas das cavernas antes dos colapsos. Importante registrar que o colapso dos vos objeto de anilise dessa pesquisa foram devidamente autorizados pelo IBAMA, ‘05 quais passaram a servir de referéncia para os estudos de geotecnia e mecdnica de rochas aplicados a espeleologia. Considera-se, a partir do estudo, que as cavernas da Provincia de Carajas tém a mesma génese e caracteristicas geoestruturais semelhantes. Da mesma forma, a metodologia ja vem sendo aplicada a cavidades ferriferas do Quadrilitero Ferrifero— MG, obtendo resultados satisfatdrios em termos de eficacia na previsibilidade de deformagdes geomecinieas Durante 0 processo de aproximagio da lavra sobre as cavernas foram registradas alteragdes fisicas, que nesse trabalho so representadas por abatimentos de fragmentos ou blocos, geralmente de forma localizada, ou ainda abertura de fraturas. O conjunto de atividades realizadas nessa fase da pesquisa foram momentaneamente denominadas de supressdes assistidas, as quais permitiram avaliar in loco e em tempo real o comportamento geotéenico das estruturas fisicas espeleolégicas submetidas a esforgos até 6 limite de ruptura. Das 27 cavernas estudadas, os resultados foram os seguinte: = 8 cavernas (30%) nfo apresentaram qualquer alteracao fisica e permaneceram estaveis e em monitoramento; + LL cavernas (40%) apresentaram colapso direto, ou seja, ni mostraram alterago fisica ou qualquer comprometimento da estabilidade até o momento do colapso, quando as operagdes ou estavam bem proximas ou por cima da cavema, e: * 8 cavernas (30%) apresentaram alteragdes fisicas sendo que 2 permaneceram estaveis e em monitoramento e 6 colapsaram ao longo do tempo com a maior aproximacio da lavra, A Figura 17 traz a relacio das 27 cavemas estudadas e grifico com os respectivos status das alteragdes fisicas frente a aproximagio da lavra ao longo da pesquisa. Notar que apenas 8 cavernas apresentaram alterages fisieas. Sem tery Fc este em menieraers) comcast Com Abra ie (exe een merken) 1 conte ic fom ee pase Figura 17 - Relagao das 27 cavemnas estudadas ¢ o grifico com 0s respectivos status das alteragdes fisicas frente & aproximagao da lava, Na anilise do gréfico da Figura 17, chama a atengio 0 fato de 11 eavernas (40%) terem softido colapso direto sem terem apresentado alteragdes fisicas durante a aproximagao da lavra, ¢ s6 foram colapsadas quando as operagdes estavam em cima da caverna, © que confirma que cavernas ferriferas slo, de uma forma geral, muito resistentes. Caso esse montante seja somado aos 30% de cavernas que nao sofreram qualquer alteragio fisica, teremos 70% das cavernas mostrando-se altamente resistentes estiveis, embora se apresentem com operagdes de lavra em seus entomnos. Para estimar 0 grau de eficiéneia do IGC, nesse caso, observou-se que as 11 cavernas com colapso direto detinham 16 vaos. Deste total de vos, apenas 1 havia sido classificado como de alta suscetibilidade a instabilidade estrutural pelo IGC, porém 15 ‘vos foram acertadamente classificados como de moderada a muito baixa suscetibilidade, on seja, a eficiéneia do indice foi de 94%, indicando, no mapeamento, a baixa possibilidade de ocorrerem alteragGes fisicas nos respectivos vios (Figura 18). 26 cum Ju] casei | beatae | . ewe - de Caverascom Coo ito Se Ta 1 =e = de Ves das 1 Cera com Colpo Delo ser || a A == | We scons beta comune Wat asi) Modeada = 15/908, > a = de Vosc Colpo Diet on ices IC Abit ta mo = 1% Sats me Be as ea Figura 18 - Relagdo dos 16 vaos que tiveram colapso direto sem mostrar alterasao fisica durante o avango da Lavra (0 que indica alta resistencia), Fazendo-se outra anilise, agora levando-se em consideragio 0 total de 63 vaos estudados, os resultados foram os seguintes: + 27 vios (43%) nio apresentaram qualquer alteragao fisiea ¢ permaneceram estéveis e em monitoramento; + 16 vaos (25%) apresentaram colapso dieto, 5 + 20 vios (32%) apresentaram alteragies fisicas. A Figura 19 traz a relagdo dos 63 vaos estudados e 0 grifico com os respectivos status das alteragdes fisicas frente 4 aproximagao da lavra ao longo da pesquisa. Notar ‘que no interior de algumas eavernas nem todos os seus vaos sofreram alteragdes fisicas. Sem Alterac Fisica (estivel e em moniteramento) Com Coapso Dreto Com Atera;ao Fisica estveleem monitoramento) Figura 19 - Rela¢ao dos 63 vos estudados o grafico com os respectivos status das alteracdes fisicas frente 4 aproximagto da lavra a0 longo da pesquisa 7 Para estimar o grau de eficiéncia, nesse caso, observou-se que as 8 cavemas que apresentaram alteragao fisiea possuem um total de 26 vaos, e desses, 20 sofieram efetivamente alteragdes. Essas alteragdes fisicas, quando contabilizadas, somam um total de 68 registros, ou seja, foram 68 vezes que essas alteragdes ocorreram repetidamente no interior dos vios. Desse total de registros, 76% ocorreram em vios acertadamente clasificados com 0 IGC de Alta a Muito Alta suscetibilidade a instabilidade estrutural, atestando a confiabilidade e o grau de eficiéncia do método (Figura 20). Caveat com Ateragio Fea a1 IN" de Vs dos 8 Caveras 26 ] ‘de Vaios Com Alteragao Fisica 20 WN" de Restos do AleragBes Fas os Vos das Cavdades com Aerio Fisica = J WN de Regios de Alters Fics com Suscetibldae IC: Mito Soa /Baba/Moderads 16/2 Nd Regios de Aeros sas com Surat: Aa/Mito A Figura 20 - Grifico demostrando que dos 68 registros de alteragies fisicas que ocorreram em vos das cavernas do estudo, 76% ocorreram em vaos acertadamente classificados com um IGC de Alta a Muito Alta suscetibilidade a instabilidade estrutural, A Figura 21 mostra os mapas com a classificagtio IGC das 8 tinicas eavernas que apresentaram alteragdes fisicas do conjunto total de 27 cavernas desse estudo. Os mapas trazem em detalhe a separagdo dos vos ¢ os locais onde cada alteragio ocorreu. 28 ae 038 ae ote ae oat ae Figura 21 - Mapas com a classificacdo IGC das 8 tinicas cavernas que apresentaram alteragdes fisicas ‘razendo em detallie a separagao dos Vos e os locais onde cada alteragdo fisiea ocorret. 5. CONCLUSOES © novo indice de classificagao geotéenica (IGC) apresentado nesse trabalho permite combinar conceitos de disciplinas como a geomecénica, engenharia, espeleologia € geotecnia com o empirismo da pesquisa que 0 tema espeleologia requer. A facilidade de elaboragio e aplicagio do indice na pritica foram objetivos iniciais da pesquisa e alcancados como demonstrado através dos resultados obtidos. A amostra de 63 vaos de 27 cavernas situadas no entorno das minas em operagao permitiu o desenvolvimento de um modelo de avaliagiio geomecanica especifico para cavidades em litologias ferriferas, bem como a otimizagio dos métodos de lavra e ‘operagdes de mina, aprimorando os sistemas de previsibilidade de impactos em cavernas e-as respectivas anzlises de riscos pertinentes. A permissio do IBAMA para supressio de 12 cavernas presentes na amostra da pesquisa possibilitou que o monitoramento trouxesse um caréter de ineditismo ao trabalho, facultando andlises geotéenicas em tempo real urante as operagdes de supressio, ora denominadas de supressio assistida, De uma forma geral, a alta eficigncia do indice de classificagao geotécnica aleangada tanto na aplicagio para cavernas submetidas a esforgos de deformagio até os limites de ruptura (94%), caso das supressdes assistidas, quanto para as cavernas que apresentaram deformagGes localizadas (76%), demonstraram a acuracia do método como sistema preditivo de anslise de impactos e riscos geotécnicos e ambientais. 28 Dessa forma, a partir dos resultados positivos alcangados, os quais sto extremamente motivadores, e pelo pioneirismo do método, ¢ sensato reconhecer que 0 aprimoramento do IGC requeira o adensamento do banco de dados para sua evolucio técnica © correspondente eficdcia. Entende-se que, com a frequéncia de uso e sua aplicagio em um maior niimero de cavernas situadas em dreas de minas em opera uma abordagem mais especifica no campo da geotecnia aplicada a espeleologia sera requerida, Entretanto, considera-se para © momento, uma significativa contribuigao para a espeleologia e a sustentabilidade na mineragdo, favorecendo a evolueao dos estudos de estabilidade, previsibilidade de impactos e anzlise de seguranea geotéenica de cavemas ferriferas. 6. AGRADECIMENTOS Agradecemos & Diretoria da Vale S.A. pela oportunidade de realizar esse trabalho, as empresas Tetratech e Spelayon pelas contribuigdes técnicas e trabalhos de campo, a0 IBAMA pelas autorizagdes ¢ confianga na forma de trabalho estabelecida para evolugaio do conhecimento ¢ & Universidade Federal de Ouro Preto pelo suporte académico e cientifico REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ARAUJO, R. N... 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