You are on page 1of 11
proleiria lutando precisamente onde a opressio se exercetobre ees [Ks mulheres, os prisionetros, os soldedos, os doentes nos hosptas, ‘of homosrexusisiniciaram uma lutaespeefia contra a forma part tala de poder, de coeredo, de controle que se exere sobre ees. Estas, {tas fazem parte atualmente do movimento revelucionério, com's ‘condigio de Que telam radicals em compromaso nem reformismo, fem tentativa de reorgenizar o mesmo poder apenes com uma Mt: danga de titular E, na medida em que deverncombater todos 08 con tebles ecoeredes que reproduzem 9 mesmo poder em todos os Tuga "es, esses movimentos esto ligados ao movimento revolucionério do proletariado. Isto quer dizer que a generalidade da lta cetamente nfo se faz por meio totalizagio de que vod falava hd pouco, por melo da te- {aliznedo teérics, da "verdade". O que dd genetalidade luta € 0 pré- pila sistema do poder, odes as suas formas deexercicioe aplicagio. G.D. nto se pode tocar em neahum ponto de aplicasto do poder San ie defrontar com ete conjunt dfuso que, partir deenttose teeesariamentelevado & querer explodit a partir da menor evin Cocdo. Tada defers ou ataque rvoluconéri parcias te Une, deste smodo, &luta opera. 2 de margo de 1972. * v O NASCIMENTO DA MEDICINA SOCIAL Analsarei, nesta conferéncia, o nascimento da medicing social. Eneontas,reaentomens, em certs elon dx moda atl ¢ ‘dela de ques medicina antiga ~grega eepipcla~ou as formas de me- dicina das sociedades primitivas so medicinas socials, coletivas, nfo entradas sobre o individuo, Minha lenorinela em etnologiee egip= tologie me impede de opincr sobre o problema, O pouca conkes: ‘mento que tenho da historia prega me debxa perplexa, pole nfo vejo ‘omg se pode dizer que a medicine gregn era coletiva e social, ‘Mas no sio esses os problemas importantes. A questio ¢ de sa- ber se a medicina modezna, cientifea, que nasceu em fins do séeulo XVIII entre Morganie Bichat, com o aparecimento da anatomia pa- tol6gica,¢ ou nbo individual. Pode-se dizer ~ como dizem alguns, em luma perpectiva que pensain ser poles, mas que nfo € por ndo ser histrica ~ que a medicina moderna ¢ individual porque penetrou no interior das relagbes de mercado? Que a medicina moderna, na med dda em que éligada a uma economia enpitaista,€ ume medicine indi- vidual, indvidualiste, conbecendo unicamente a relagio de mercado so medic com o doen, igorando «dimendo global, colev, du Sociedade? Procurarei mostrar o contrério: que a medicina moderna é uma ‘medicina socal ue tem por background urna certa tecnologia do cor- ‘po social: quea medicina €ume pratica soclal que somenteem um de Scus aspectos ¢ individualista« valoriza as telagBes medico-doente, ” ue a medicina medieval era de tipo indi coletivas da atividade médica extrasrdinaria: Minha hipétee & que r va para una medicinaprivada, mas acter, Ptallsmo, desenvalvendo seem nso sey de uma medicina clot \eo-contririo: que aca XVIII infeto do sscut io XIX, soc limitadas om o eapitalismo nfo se deu epassagem izou um primo objeto que for §,cofPo enguanto forga de producto, Targa de trabalho, O omer &t sosiedade sobre of individuos nfo se opera simplesmene oy consciéneis ou pel ideologis, mas come Ro bioldgico, no somtco, no corpor tie a sociedade capitalista. © corpo € uma fe medicina & uma estratépia bio-plitica, Como foi fetta esta sovialsagto? \Gostaria de tomar posto com relagdo a certas hipStesesgeal- mente acstas, E verdade que 0 corpo fol investido poltea steerer, mente como forsa de trabalho. Mat, o que patees faracirkties ay tyolucdo da medicing social, isto 6 da propria medicinas no Ocdess te: € que no foi a principio como forea de produgso que o core cia atinside pelo poder médico, Nilo fol o corpo que trabaihuro por {do proletirio que primeiramente fol assumido Fela neato Fae mente em dlimo Iugar, na 2" metade do agoule XIX. aus oe ee ‘problema do corpo, da saidee do nivel da forea prodation ace oe aisiduos, ‘dese, grosso modo, resonsituir tts etapas na formato da modicina social medicina de Estado, edicina urbana e, finalmente, ‘medicina da forga de trabalho. 1 = A medicina de Estado, que te desenvolveu sobretudo na ‘Aleman no comeso do século KITT Sobre exse problema especticondo & vlido dizer, como Mare, {845 eeonomia ra inglesa, a politica, francesa ee Gonos slemy, Pols, fol na Al he que se mou, no século XVII, bem antes da pode chamar de ciéncia do Estado. {tiado de sua populacto, mas também o funcionemento geral de seu gpateiho politic. Os inguértos sabre os recursoneo funciona snes (dos Entados foram uma especialidade, uma discipina some aeies v 4 expresalo significa também 0 conjunto ‘agora os histo. Fjadores nio se ocuparam muito do problema do nascent oa Atemanha, de uma ciéncia do Estado, cltnca etatal s sobre eat 0, Crsio gus iso se deve wo fato da Alemanha 36 let se oraadeney Estado unitirio durante 0 século XIX, antes existindo unieerenns lma justapsicio de quasecstados, paeido-siados, de peguente ot dsdes muito pouco estatais Justamente quando es formes de tates Se nicavam, desenvolveram-se estes onhecimentor cae es Breocupacio com o proprio funcionamento do Estado. At pequenes simensies dos Estados, suas justaposigbes, seus perpétucs confor cus afrontamentos, a 'balanca de forgas sempre escouiiontie & ‘utantes, fzeram com que eles estivestem oorigades te wesie Se comparar, imitar seut metodos. tent es de forea. Enquanto os grander Evtadoc come terra podiam funcionar a um nivel relativarmente ne dotando-se de grandes aparelhos como 0 excrete cure Policia, na Alemanha a pequena dimensio dos Evtudos Gree nce iti e assivel essa conscincia dscursiva do funclonamenes oeeeal da socledade. Quita razio dese desenvolvimento da citncia do Estado & 0 ‘fo-desenvolvimento esondmico ou a esagnagio do deaenenttanere na soils soonémico fl loguce o.n0 século XVI, ao podendo encontrar de que ts oop eae sistit no comércio, na manufatura e na industria nascente Procurou, fatdo,apoie nos soberanos se constuindo em um carey oe hee nos disponves para os aparethos de Estado gue he Steen, am obrigudos a orgniar para modifiar em seo moni sae 8d forva com or visit. Entre uma burguesa omen gee desocupads soberanos em lta estuaghe Se srosree se ee a tos se produziu uma cumplicdade a burguesa oferéceu seus ho- ‘ens, sua capacidade, seus recurs, et, b orgeniagto dos Estado Dal ofato deo Estado, no sentido moderne do terme, com seus apa Felhos, seus funcionérios, seu saber estatl, terse deseavelvice'ea ‘Alemanha, antes de se desenvolver em paises mais poderos0s polit camente, como a Franga, ou economicamente mats descavoleiden, como a Inglaterra, 0. politica ou desenvolvimento econdmico e precisamente por esas razbes Neg, y3s. A Prissia, o primeiro Estado moderno, nesceu no coragas da Earopa mais pobre, menos desenvolvida economicemente ¢ male confltuads politicamente. E enguanto a Franga ea lnglaters tr {tavam suas velhas estruturas, a Pisa foo primeiro modelo de {ado moderne, Estas andliseshistricas sobre o nascimento da cidncia e da re flexio sobre o Estado, no séoulo XVIII tem somente por objeiva lear como e porque a medicina de Estado pode sparecer primer Iente na Alemanha, Desde o final do século XVI e comego do século XVII nagdes do mundo europeu se preocuparam com o estado de snide de 41 populacio em um clims politica, econbmico ¢ cientifico earace {erstco do periodo dominado pelo mercantilismo, O mercantlismo ‘fo sondo slmplesmente uma teorla eeonomnies, Mas, antennas Pritica poten que consste em controlar os fluxos monetatios entre snagbes, os flunos de mercadorias correlatos ee alvidade Proscay, 1348 popdlato, police mercitilita conte estencalmenteom majorar a produsto da populagio, a quaatidade de populaglo atv 4 Brodueho de cade individuo ativo e, partir dal estabeleer fluxes somerciais que possbilitem a entrada na Estado ds maior quanti de possivel de moeda, graces a que se poder! pagar os exéreiees tudo 0 que assegure a (orca real de um Entado Com relaglo S08 our Nesta perspectiva, a Franca, 2 Inglaterra e4 Austria comesaram aaleulara forca ative de suas populacdes.E sim que, ne Fe 4 telecom esata. de nancimentot mataidade ena Ing terra, as grandes contabilidades de populagio aparecem'no seculo XVUL Mas, tanto as Franga quanto na Inglaterraca Unica preocupa, ho sanitdria do Estado fol o estabelecimento dessastabcias de nee lidade e mortalidade, indice da saude da populagio e da preocspagto ‘em aumentar a popuiagto, sem entretanto, nenhums intervensto ie, tiva ou organizads para clevar 0 seu nivel de sade. Na Alemacha, os 20 contririo, se desenvolverd uma pritica médica efetivamente cen- {ada na mehoria do nivel de sede da populagto, Al, por exemplo, propuseram entre 1780. 1770, programas efcivos dde melhoria da sadde da populagdo, o que se chamou, pela primeira ‘ez, politica médica de um Estado, A oglo de Medizinichepoltce, Police médica, fo riada em 1768 por W-T. Rate trata de algo dite: Fente de uma contabildade de mortalidade ou natalidade A policia médica, ue é programada na Alemanba, em mesdos do séclo XVIII, eque sera efetvamente posta em aplicagio no final 449 séeulo XVILi e comego do séeulo XIX, consists em 1») Um sistema muito mais completo de observagio da morbi- dade do que os simples quadros de nascimento e morte. Observanto «da morbidade pela contablidade pedida aos hospitals e aos medicos ue exercem a medicina em diferentes cldades ou regides © registro, 40 nivel do proprio Estado, dos diferentes fendmenos epidemicos Ou endémioos obrervador. 2) Um fendmeno importante de normalizagto da pritice © do saber médicos, Procura-e deixar 4s universidadese sobretud & pro- pia corporagio dos médicos oencargo de deidit em que consstird & Tormagdo médica e como serdo atribuldos os diplomas. Aparece & {déia de uma normalizagio do ensino médieo e, sabretudo, de um controle, pelo Estado, don programas de ensine eda auriougae dot Aiplomas.'A medicine & 0 medico slo, portant, o primelro objeto d normalizagio, Antes de aplica? a nogdo de notial ao doents ve co- mega por aplicé-la 20 medieo, © médico fol o primeira individu ‘ormalizado na Alemane Esse movimento de normalizacto na Europa € algo a serestuda- do por quem se interesse por histéia das cies. Howe «normal ‘acho dos méatoos na Alemanha, mas oa Franc, por exemple, cima dda tl oad a pine Pio, indistria mtr. Normalzou-aeprimeio a produgdo dos {es os a om meadow do hla NV a fn de spur” Ullzagio por qualquer soldado de qualquer tipo de fui topes fo, de gusiuercanido er qualquer ois, ee, Depol de tn Inalizado os canhdes, «Franta normalinu ius protestors As pe ‘eras Escolas Normals, detnadas dara todos os protesotes¢ ‘mesmo tipo de formacto e por consegunte, o mesmo vel de quale feago, aparecerem em torno de 1778, antes de sur nattuciondion gdoem 1790 ou 1791. A Franca normlizu pus cenhes eeu po: festores @Alomanns normaltou teu medicos 8 3) Uma organizacio administrativa para controlar a atividade os médicos, Tanto na Prissia quanto nos outros Estados lec ne 49 nivel do Ministécio ou da administragto centel, um departensee to especializado é encarregado de acumuler as informaghes money ‘médicostransmitem, ver como & realizado 0 esquadrinhaments ma dco de populagio, verificar que tratamentos sto diapenstdes con ‘se reage ao aparecimento de uma doengaepldémice, cer & Maine, fg emiti ordens em fungdo dessus informaySes centslizadan Sones Ainacto, portanto, da pritica médica a um poder administeaive on, peor, 4) A crinedo de funciondrios médicos nomeados pelo governo com retponsablidede sobre uma redo, seu dominio de poder ou oe, sarcicio da autoridade de seu stber.£ assity que um proeseaec de pela Prissia, no comego do século XIX. implica tine pdscae \demédicos, desde médieos de distrito que tem « esponsabifdade oe usta populacdo entre seis e dez mil habitantes até ofichte meaiece, ‘esponséveis por uma regido multo malor © ume populagte tae tri iquenta mil habitantes, Apsrece, neste momento, © ‘médico como administrador de sade, ‘Como organizagio de um saber médico esata, a normalizagdo. 4 profissio médica, a subordinagdo des médicos aumba edministrasdo setirle fnalmente, a integragdo de vdrios medicos sm me ores zacio médica estat, tem-se uma série de fendmenos invekoetong novos que caracerizam o que pode ser chamada a medicine de Bt Essa medizina de Estado que aparece de mancira bastante pre- Sa amte mame da formacto dt grande medline ones Morgane Bichat, no tem, de modo tlgum, por bets ornaees de/uma forea de trabalho adaptada is eccosdades que se deseavolviam neste momento, Ndo €o corpe ove take 2190 do protetsrio que éasumido por ens adminatinctoceater as salle, mato proprio corpo dos inividgos enguento conan ake bulmente.o Estado: 6a forca,ndo do trabalnos man castal fens Estado em seus confiton economies, polkicos, com seus vizio. esa forgaetatal que a medicna dere aperegoaredesenvolver, Ha uma especie de solduridede cone co-poltics nesta preocupacio da meticina de Eniado Scie to also liga isto a0 culdado imediato de obter ums fosea de eat io Sona © sremplo da Aleman éiguaimente importante por mostrar como, de mancra paradonal, se encontra, noice de medias a, derma, © maxim de estatizacto, Desde esses projetos que foram rea lizados em grande parte no final do séeulo XVIIl ¢comego Jo sbealo ‘XIX, desde a medina de Estado alemf, nenhum Estado eusou pro Por ima medicina Zo ntidamente funcionarizada, coletviendat latizsda quanto'a Alemanha desta época, Ve-ve, por conseguinte, {Que no se passou de uma medicina individual a ua medicinn pou! ‘0 a pouco ecada vex mais etatzada, socilizada, O que xe encont antes da grande medicina clinica, do sdculo XIX, é ume medicina so {atizada a0 maximo. Os outros modelos de medicina social, dos sést- los XVIIle XIX, sio atenuagdes deste modelo profundamente ex re de endmenos a que pretendia me referc, ‘que 0s historiadores da medicina em geral negligenciaimto: talmente, mas que foi estudado de perto por George Rosen na de estudos sobre as relagdes entre o eameralismo, o mereantitame ‘osdo de polica médica. Ele esereveu em 1983 um artigo sobre 9 problema no Bulletin of history of medicine, ittalado "Cameras End the Concept of Medical Police” ¢ 0 esudou penerioe na feu livio A History of Public Health, de 19 1A segunda diregdo no desenvolvimento da medicina social & presentada pelo exemplo ga Prange, onde, em fins do. século XVIIL aparece uma medicina social que ndo parece ter por suporie ‘strutira do Estado, como na Alemanha, mas um fendmeno frciee. ‘mente diferente: # urbantzagao, £ com "o desenvolvimento das er lruturas urbanas que se desenvol social. ‘Como © por que isso acontecet? Retomers¢ umm pouco a hind: fa. E preciso se representar uma grande cidade franosea no final do século XVIII, entze 1730 e 1760, ndo como ume unidade territorial, ‘mas como mulliplicidades emaranhadas de territrios heterogeneos Doderesrvais. Pais, por exemplo, do formave ums unidade tert al ma regido em gue se exereia um dnico poder. Mas um sonjunto 4e poderes tenhoriais detidos por leigos, pea lgria, por comunidas es relgionas © corporagdes, podetesesles com autonomia juris so propria, E, alem disso, ainda existiam os representantsr Jo to Ser esata: o representante do tei, ointendente Ge pollen, os epee: sentantes dos poderesparlamenteres,O rio Sena, porensmplo, easy 1 te Da Polis Mie d Madina Socal Rio, rat, 1979 8s ‘argens, estava sob a soberania do prévbt des marchands. Mas basta: va ultrapassaressas margens para se estar sob outrsjursdiedo,@ Jo Iugar-tenente de poliia ou ado perlamento, (Ora, na segunda metade do seculo XVI, se colocou o proble- ‘ea da unifleagho do poder urbano, Sentiv-ae hecesidade, a0 menos nas grandes cidades, de constituir «cidade como unidade, de organi. 1aF 0 corpo urbano de modo coerente, homogeneo, depeadende de ‘um poder ‘nico e bem regulamentadc, isso por vérias razdes. Em primeito lugar, certamente, por ra- 20es econdmicas. Na medida em que a cidade setoras um importan- te lugar de mereado que unifiea as relapbes comercias, nio simples: mente a nivel de uma regito, masa nivel da naglo e mesmo interna ional, a multiplicidade de jursdicdoe de poder tornrseintolerive A indistrianascente, 0 fato de que a ce ‘de mereado, mas um lugar de produghd, faz com que se recor ‘anismos de regulacdo,homogéneos ¢ coerentes, ‘A segunda razio & politica, O desenvolvimento das cidades, 0 sparecimento de uma populagio operéria pobre que val lornars, nc séoulo XIX, 0 proletariado, aumentard a tensdes politica no in: terior da cidade, As relagdes entre diferentes pequenoy prupon cor. pracdes,oficios, ete =, que se opunham uns gos outros, mis se ea litravam e se neuiralizavarn, comecam a se smplificar em uma eopecie deafrontamento entre rico pobre, plebee burgués, que se manifete raves de agitagdese sublevagdes urbanee cade vet mais numeron ¢ Treqdentes. As chamadas revoltas de subsisnesao fal Ge que ‘um momento de alt de pregos ou bain de slarios, os mais oben, ‘fo mais podendo se alimentar, saquelam eeleivos, mercadon, Go at ¢ entrepostos, slo fendmenos que, mesmo nfo sendo inteiramen- tenovos, no séouio XVIII, ganham intensidade cada vee maior econ.

You might also like