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LUC BOLTANSKI AS CLASSES SOCIAIS EO CORPO, ag de Regina Machado Orpen detent de Mari Andrea Loyola € Regina A Machado ae iii ee mt matvenbptenacca te indice PARTE I~ A DBSCOBERTA DA DOENGA — ae rage que adem procuar os conse dos médica neh sare dure seus pres exorgando-se por escuer, bases MENS aan utah, aqucles que ocupam o centr do came ri 0 rar a ota do medic ere consideravelmente conte ase ora 2 ame. Delierada nas asses superiors, esa esol € feta em ‘eral, nas classes populares, “ao aeaso" ou sea, em fungio de etrios Independentes de quem escolhe' © dos quais © mals importante € sem wha 2 dstnla peogris, ‘Como nio possuem os eitériosespeciticos que hes permit medie 4 eompeténcia profisonal do médica, o& membros das classes populares 56 oxi avallitos em fungio daquees erties difusos, usados cui hamente na apreciago de outeem: 3 “amabiidade", 2 "boa vontade", a ‘complacenda" ‘Asi, os membros das clases populares sto os mas numesonn «men: slonat nite as mis nmpertates qualidade do mio, “devant {mendonade por 59% don agricatores. 33% dos operas 39% apenas de execs € membrow das profit Mera) ecto connate a0 loeate”(mendonad por 1% dos oper conta 7% agents dos exec vos € membros das profes Hera Inveramen, tm mem ds ls ‘ex populares soos ue aterm mencsimportinca ay qualdadesespet [so mete pinggalmente 8 “erahd80 do dagnsic”(nenconads or 85% de eles easlaradose membros das poise Metals ont 59% dos operon e 59% dos agettres) (2-1) “ExOW mu sates om rns mec €jver spn «ga er i int sede as seramivel com agent” (ats mulher de ona, 28 anon) “Now f-éamivel Biase um amig a fi em gene que no goa dele que aca apres, cle val mult dpe nas vty oa alle ees ean, acne dee seta pata converse fas, malr de ape inde agouti, 33 a9. Se 0s doentes das clases populares si particularmente sensives aos mods" dos medicoseprontos 3 reparar em todas as nuances de saat tude em relag3oa ees, de sua “Yamiioidad’, ou “amabildade” a0 “ong Tho", ou “arroganca, talver sea também porque tém uma aguda cas ‘ena da distancia social que os separa do medio, porque estdo em situagio de saber, ou pelo menos de prestentir, que a relagao doente ‘medio € uma rlagio de clase que o medio ada um comportamen to diferente conforme a cass social do doente Firemos uma perguna 20 médic sobre a time do ca Ble esvon a conversa, Tinhamos impress que ena 8 vontad co ‘onc para falar dso. Hedeve falar dso om pessoas de outa le mas ‘fo cononc. Uma ver cstivamios no consulta eperando eeu que ele seam Na mator parte dos casos mec €Imedaramente peril pels membros das classes populares como o represenante de umn univers ‘Strano, como tum membro dessa vasta ‘maganaria™ “is uuttn". Porque, pata OS membros das classes populates. 0 univeso soda dvi eessencaimente, como mostou R. Hoggan, em dois grupos — “mis” « ox cures”. “OS outros" Go todos aqueles, patties, professors, css ros de pola, médicos que, membros dos cs superiores (ou das clases Ios, sin Contato relativamente reqientes com as dass popltes so, junto a estes, os representantes da Iegalidade, ox guards da orden Socal” Goma os “outros” si0 0+ membros © 0s representantes Je 'srupo estanho, como suas exigncias tose motivos que os movem per ‘anecem em geral mistrioss ou incompreensiveis s membros das las Ses populares atebuem-thes famente uma diposigo hort os, pla menos, manipuladora, Sabe-se, com efelo, que “os oulrex” pons onbecimentos, mien materia e dveitos que les conferem exten poder. © diolhes a possldade de manipulagi ou entio, neesuaia tment, a vontade de manipula. Mas como a relagto de for aqui ds Slodo desguale para desmasarar al manipulago ou evitila seria preci So possuir podetes equivalentes aos do manipulador, oe membros day ‘lasses poplars ndo tem outos teeutsos para se defender es ass Sendo a desconsanga © a eagonda, 0 mau humor e a suspelta. sa deseo fiangaexprime-se paricularmente em relagio ao prego pedo pelo med co. Conttaiamente aos srviges do eltricta, do garagsta ou do bomb 1 ujon estos os operiios podem avai, comparando-0s 20 preo B28” or seu pepo trabalho, os servigos médicos si difes de serem ape Sados. Realmente, como saber se 2 importénea peda coresponde a0 servi pesado, ou se servigo prestado etd na medida das necesidades flo dente essa maneira, os membros das clases populares tém mui {as vezes osentimento de que o prego do servigo medico & estabelecido de ‘manera totalmente arbitra, o medic detinind 0 toa de ses honors tor segundo sua Vontade ou humor do momento, mais dretamente pea cara do clente™ Por vero um men que wabalha em conv, vl cobra Ws ‘uty que wabatha cere, vat pei es mil pela mesma cobs. Quaid io ext convénio, cles pedem o preg que querem. Dever ser mais modesos.Algns peer cinco mi semis ma anes anos at. ‘ns to pla care do cent, Uma lila dag fol» uma mee, hava uma condessa ants dea = quem cobras eis mil a la quatro mil francs. Nem mesmo o meio seemirava mae perguntou “ust ea the ‘be dita ver” xstem medio que pot ua doen baal fem a see volar rs ov quavovezes para nada. Pata volar ao taba, let, ‘obram. As ezesa ent tem med quando ena ns dees, € uma at tte. (Pas, muter de opti, 39 anes, Do mesmo modo, para os membros das clases populares ndo existe ‘enhum outro meio de saber se es medicamentos cars presto pelo ‘médicnsio todos necesros a0 restabelecimenta da sade seo medi) ‘io os presceveu de propdste, ou por indiereng, ou porque recebe ina ‘spe de “comissdo" ou porcentagem sobre sua vende.” "© méiaem que eu eae ina dado menos remés Ese agora Ss ves eo quegstar inte ml anc! Eun cnager. Tver le tena sna oreenagem™. (Verne mulher de oper #2 nos 1h), 0s médics deveram dat wm remo para usa, em er sempre and eos asim. Hes alngar a vif fae ganhae mal” (er ins muer de oped, 42 ano, 1 lo). 2. RELAGAO DOENTE - MEDICO F COMUNICAGAO Porém o que os doentes das classes populates reprovam essenca: ‘mente ao médica € “no ser ranco", nia dizer dete oquea gente tem", ‘nfo mostrar “tudo o que eté pensando", © o mutsino do medleo 36 pode teforcar aansiedade dos membros das clases populares face 3 dovign © sua desconfanea dese juz cuj veredcto se ignora Quando dé um medicament, 9 méco nunc dS extagbes. BS 9 ‘emi pronto: tome fe vl depos de ama Nunca le porgue 3 fee esi doen. 0 Jeo dee Eu gotra que ele cxleane man cas mene. Mas agente nio € mesmo capar de compreener mais do que Ss xaos costumes les nio lerem mate naa. (Mule de catvedon Fontainetes-ervin, 38 anon “0 mica no € agate. Fab pean ‘erste mas eu no ten corager de the fazer mult peut le io ta muito que he ag perguns. Te apres eis sen ss “ez, mas no gosta que Ihe fam perguna. “A senor pec x {a dizem eles nfo em que far enpunando o que em. Agente tr $= detuar gular pr eles ter conan, e58.Toma stl emedo semi = {para eo ou squela cols" (Vern, lhe de oped ¥7 anes, Baer sea acamular os exempos dese po ess espe parece a rs Sas entrevista ea nea clases poplars, Ene reads so com ‘aos pela pesquisa do ror “Les franga et eur medi, Esa peso mi tea que a proporgio daquces que dedlavam que “mético no thes dt ‘ante explagde”aumenta em alta proporgio quando se passa ds dass serine clases poplars (2:2) Se, aporentemente alnda hoje os membros das lasses baiastemem 2 Dhositazacao para les nesmos mas alvez ainda mals para seus prion porque a inttuigio hespltalar. que cola um grande mimeo de inter ‘medlsos entre 0 medio, personage considerado intocveleinvisvel © © doente ou sua familia, e que limita e regulamenta os conatosentre 9 oem e seus médics, 2 famflas eo doen, aumenta aslo a ase: ‘dade dos membros das lasses bala Irene & Jocnga e3 medina” Sea convinent esutar esta mulher de oper falar eng dese Imai: “eat meu maid quase more elevaam-no ara host de le Lem Lille, no host amb no me dim nad, 86 gue m ‘ao gave, “64m ao que tem que sr asmpanhad”ecomo usa pl. was ques gente no conc! Une ver w Poe. le ds“ mit rave! Depot da tent eve, mas sabe, so proesores Sempre oe. fre. Ro pe the prpnar nada, Crus com leno cored, havi tan [sions esutando, ele nada dse dante dls. Mesmo s0 meu mai le ‘io die nada NS0 0 punha apr de nade. O metico dag € 4 mesia ‘iss, nb dz muito depos no se cmpeeende ado. Compress ape nas que crag est cansado, Eu Ihe ag perguntar ew resp“ ‘maid um pobre inf mas paradzer que est aconecend ele te (eins, mulher de opera, 26 a). ‘em primeiro lugar uma bareta lingisica que separa © médico dv ent das cases populares, pos a uiliagio pelo médco de um vocab lite especiliado redobra a distinc linguistic, devida a0 mesmo tempo 4 ilerengaslesieoiicasesintatcas, que separa lingua das lasses cul tas da lingua das eames populares” A pesguis do wo, mena, revea que a proporst dos ave aha «que mio term tendénci aempregatpalvasincompreensves” dcr ‘ce eoulamente quando se pasa don picuores 49%) para or operon (47%), pra os naan do rerio (36%), pra ox nls «gener salads e membros das proses Meas (239) 231 Poném, nia basta mosrar que o médico €o doente das clases popu lates do falam a mesma lingua! As explicagies dada pelo medio 20 doentevariam,efetivamente, em facia da classe social do pacent; os ‘meds, em geral. no dio longs expeacies sendo aqueles que jalgam “hastante evols para compreenr que vai hes se expicado”. Para ‘© médico, letvamentc, 0 docnte das classes populates € em prmeto Tuga um membro de ama case inferior 3 sa, post mas bao nivel de insrugio, € qu, fechado na sa jgordncia seus preconcetos, NBO ‘ests portanto em estado de comprecnider a inguager eas explcagdes do medic, ca quem, se se quer faercompreender conven dar ozdens Sem ‘omentirion cm vez de coelhosargumentados. ‘Asim, um certo nimero de médios (20%), sleagedoe pr ums pet vetlangs quase copy" ou 36 infrmar aqules que lpn capanes de flames wupesns. Hetvament ze vies dels, Sea pee ie 0 oer tivesem pelo menos o nie ins pare cmpreener 6 que Ihe Alu autoriia do més frente aos membros da classes opt lave, Sua reserva em fornceer hes aquea inorragio minima, a nice «qe Ines permiira dar tm sentido aos tose 35 misteriosaspresrigdes Jo ‘médieo, nunca aparece to daramente quanto no exerecio da mena preventiva ‘medieina da said", que exge, ao entamto para se completa fotalmente, uma estrcta colaboragio entre © médco, encareyado de Aiud as regras de higiene © aqueles que devem pls em pric ‘Assim, por exemple, nas clinics de lactentesIreqiemadas essence te por membros ds classes populares, agullo que devesa Ser wansmitido rioridade, ou ea, a raades eos conhecimentos que fundamentam € ‘lio sentido ds eptos de evtagho ordenadas pelo médica ca sempre ipl ‘i, enquanta om age come se a mde ose Hil a gs higiene posteriana, a0 pedithe que fer a mamadelea antes de cada releigio.F mais ainda, se por aaso.0 médicoencontrae percebe resin ‘Gas por parte da mie, nunca € através de wma expleagio do que const tue principio de efciénla do reméio preserto ou da regra enunciada ‘que cle procuraeliminar esse objegies, mas através do enuncado das Sngies que decortero automaticamente da dsobedléncia, pela enue racio das conseqhénclas, que nao altar sobre a saide da eranga em ‘onseqdéncia da transgresso da norma “A senbora the dard sem faa ‘sss ilaminas, Sendo ele tera perma fracas. ‘ergo de 30 consis com ums dag de ino a inte min tos ca elas em jul de 1967 no ube parense eens "nase ue exchnivarente pr mulheres se wablnadres raga ede ope fos smn que 374 ds cts day forma pelos mde, autor de 73% {saves promuniass durante dlp cor ae. Em 17% dos 50 ‘ovens etn pls mcs erga dhs de. em 27% ‘dco, comes ood, em 23% eas consti sabre 08300 ‘deste do Be als oro se € bot” “ele Hea be pele em gust ents em 30% dow au apenas, respesas s quests da me. En ‘be mio dow quale a mere mio ens S80 um SIN UN "| pea em S00 do osm pegs das ao mec a tn de ote cu um ‘Moleneno de nformagSo oa prescegio de um remédo speci. Como se vé no exemplo acima, a vontade de proeder 3 “educagio sanitéia do pablico™, ou Sea, em iltima ands, de produairususrios facionais econformes com a medina moderna e 9 recusa ern ans {30 publico o prinipios médicos que fundamentam € sbentendem as fondens ea resegbes do médico, no so incompatives, pois a educagio Snitiia pode tmbem ser feta de mancira puramnente autora ecco ‘nomizando um desio pels principios contentarse em irdo particular 30 particular au da culpa &sangio.” Seas retiendas em fornecer ao doente Informagdes propriamente médicas mantém-se mesmo quando s¢ ests pretend lutar contra “or preconceitos ea lgnoranda do publica” ese 2 dcoogie que exaa a educagiesaitéia combina muito ber com 2 que ‘esaprova a “divugagio" « que ¥€ no gosto pela divulgagio médlea 0 fesulad de “mia atragSo nav © peegosa" S80 acoteee etm preity Tar porque per mec, pata se exereer plenamente pres de um deste edad, as que em pos dea dese cunforar ena vez Informado,permanece tio modesto to ingénuo, to conflate na presen ‘do médico quanto 0 ra na sua total ignordnc. Enfim, © poder me f, que da mesma maneita que o poder relgioso, sempre teme ver uma Suiotdade concorrente levantarse conta ee, 86 pode ser plenamente “exert fazendo de seus sacerdoes os detentores de segredes inacesiveis 08 prolanos." f exaamenteainguagetn eign da protangso que os macs ul am pra lar da diva nia “Nad por do que a melons; — ‘ecto um crude —em ver de aprender poses ee, aprende-s ito ‘inal. in verde imarae a nogies dehigine geal elementare moral em ‘erde aprender ay cones desstons do shot do fo, chee [prods na tte erates up date do coral, das gi i {gum pode nem deve cmpreendcr Pada, rcrand om 0 fc a mast poner liner dome onde 3 masa das meds M30 € eet ‘na: "0 progres ds nformaco = dvlgaao dos conecimenos em fel — sear um ic det — dru da medina seu erter um fouo extant, Publando suas ise wgredos ea Tor desgojada de muito desea presi so, paradoxalmente 0 momen to em que comega er te instrumentals guna bso pote tes!" A ermuete eas em Bordo sbwe a ates dox meds face 3 Infonmasio medics do publi ada, mosta que 80% doe msn roaios “so slramente Hoste qualquer wea de informa priv do pli, ¢ ue 159% 8 seem com masta sera." “Pars muitos — ‘revere autores da pesuisn cea normagio representa in consa Simento no exerci de ss prs. ina ver em dass dedaram kes, o» ‘oente ao saber nada e achar que ser do. Ele nos ae peng tas mponivels a objeqi bea, arescemam of ute, parece: nos et Ipades deteriorgio da contin ie seria ata or ese intormagio de 3, AS CATEGORIAS DA PERCEPGAO MEDICA Longe de ser uma simples lao “de homem para home” ou, como ‘quer eideologia médica — que ensina a ver no doente apenas um ser abs {rato ¢inferenciado, sem evar em considera, por exemple sua cas Ne ovial ou sua relgiio “0 encontea de uma conslenela ede uma con Tlange! on ard, cm deserevenn alguns solos, pein a engl centre um especilisa © um profano, a relagio deente-médco € também Sempre uma rlagdo de classe, modiicando-se a atitude do médico em fungi prncipalmente da classe socal do doente." ‘Mas, como 4 contisio de uma modificagio no comportamento do médico conlorme a classe soll do daent via contradizer os princiios| ‘de uma etic medica de inspragoevangélica, para a qual os doente, des Doiados se seus atbutos sols desde o instante em qu tram sas rou as slo, nessa nude todos quals peranteo médco: mas iualmente tal Ver porque otpo de formacio que reeberam ea ideologa que € sua, ‘os pedipicm a manifestarem mals interesse peas dferengas psicogicas ‘do que pela diferengas soils, or médicorpreterdem adapt suas at dds ndo as caracersicas sci de seus docnes, mas a0 “crater” parti larde cas um dels ou, se preferirmos. a “natura” Tudo se passa Ino enfant como sa percepio que tem ome do doente longe de ser Imediata eespontinea,fsse uma percepgioseetivae organiza, que se ‘operas raves de um mimerolitado de categorids que ojovem med co adquire durante sia formagio e ses primeizos anos de exercico da profsdo" e que Ihe permite catalogar os doentes deny de um nimero restito de tipos psiolgios. Asi, um “Pécs dengue smdilgig” mito iia, odo du tor Gas Lyon, ensina a ovem médn © proceso segundo o qual eve Aesearlarse 3 comma mii, e3aitade que deve aloatem telagio 30 “oent. Fores lg dine ao aprendix de medic uma espe de vent fo dor “por de dente” ensna gai snals 0 ajudatbo a recohecer o cope, doentedepuvid de iniginsa que no entende a per sunt mat cars" eo “doce demasiado negete que Interne 0 ue ‘como a percepgfo que 0 médico tem do doente operas naturalmen- te através de tas categoria, sua experignciacatidans no apenas nunca desmente 4 leitimidade da tipologia que eecebeu durante 2 educagio media € que herdou de ses antecessores, mas anda afar, exempll- ficandosa "| ‘Do mesmo modo, os contatesprofisslonas ou amigives com coegas formadon na mesma escola vém perpetuamente reaiva as epresentaghes| ‘ue m medic fem de downto dos daents tipo, c justice, Tudo tec inca que ess polo polos lngamente india ent ‘one medic reobe,paialmente pelo menos, wa pola socal ue Jomais ¢explckamente definia como al Asim, por exemplo, 0 dente se descteve como “desprvide de inteligénca e que ndo compreende {i quests mals evidentr" tem todas as chanees de pertencer 3s asses ‘populares, enquanto que.n “pscopata’, ou sea, aquele que etd atento 3s Imensagens do corpo e hes presta uma atengZ0 apaixonaa, ¢ 0 doente “que interpreta o que diz o médico™ ou sea, aguele que poss elemen- os exparse de conhecimentos medicose que se interes pea “dvulg ‘ho medic", encontramse essencalmente nas clases médias. O primel= to no merece, faclmente concordaia com iso, explicacies que “no, ‘omprcendera e que nem sequer desea obter, quanto 20 segundo, “aio, Se pode sem pergo forecerIne uma informagio médica que aimenta ‘a Sua mania ou relorgara sua pretensio"" ‘Asim, ndo convém negligenlar a importncia da inerogacio do ‘doente, qe prehadia a consulla médica. Se sua utliade para a formacio th dagnostco € hoje, com o desenvolvimento dos exames de labora ‘menos importante de que fo! nos grandes momentos da clinica médica, Sua fungio social permanece no entanto tot] justi a imporncia ‘que Ihe aribuer os medcos. Eletvamente, sea maioe parte dos médios, Spressadas e corrantes quando se rata de se daa 3s fantsias dos doen {es respondendo ds suas pesgunias,decara que se deve interrogar cuida osamente-o doente no inicio da consulta ¢ dei falar lvremente mesmo se sas palaveasndo troaxerer informaciesdrcas sobre a doen {Gh 80 se ds, pelo menos em pare, porgue o iatrrogatrio do médico € 2 “entrevista dng aque submeteo doente, fomecem-Ine a informs ‘es inispensives para define o “tipo piclgien” ou sea, social a que perience v daente, A fica que o médicoconstul sobre o done, nd qual ‘to consignados seus “antecedentes”e que ele completa a cada nova ‘iii. ow a carta que habitualmente acompana o doente de um médico ‘outro, epresentam, mutatis macands um papel déntico ao do itera {i, fomecendo toda uma ste de inormagtesSlecionadas, que orien tama percep que o medica tem do doente e que, reunindo-Se como as [pease um suebra-cabeg, tracer uma imagem soda do doente, con forme as expectativas do médieo 4, AS ESTRATEGIAS DO MEDICO ‘cm fungi dese inagern sca que # mie dei sia frente aw docnte as diversas eseateylas ponies visa, hal ‘mente, mas em graus diferentes segundo a dass social do doen, a faze. The reconhecer a autordade do medio ¢acear sua vontade todo pode rosa, desapropriando-o de sua doenge eaté mesmo, de cero mado, de seu corpo e sensagies ‘Assim, 30 doente “desprovido de intcliginia ¢ que nfo sabe se express” sugerem-e sensages sintomalas, ermpregando-seem geral os ters usados nas elses babxas quando alam de seus males uagem msi, Como dea um cin parense “Ee exprimem mutt hal ets toma, rns odes da enema tani, cota dé para entender. "em um modo ead, msn norma, de expres © que sete O més ode ent get ao dente poo fala as sensagies que noxmalent a ang, © mc ating peta pesquisa e que nos amin cons ess coca", respond 3 muh. Atma ora doen, tambem pee ceeds clases bas sero também sgeridassensagies de coca" ou de ‘Quando o doente foi dassifeado pelo médico na categoria dos “pico pata", ou apenas dos “doentes que prestam demasiada atengio a s px ros", @estratega uilzada pelo medio serd versa & que fora no «350, precedente recusande-e go dent odieito de semi as sensagies mir ‘bias que desceve.sejasdieulanizando-as, sje, mls simplesmente. ne fando sua existéncis, podendo a chamada 3 ordem ir desde a simples repreensio, eo doente aeetanio mis pestar tanta atengio as proprio fu, pelo menos, nBo mals if comunicar a0 médico tudo 0 que “ouviu Azer até a wansferéncia do doente para um psigulatza se se obstna em ‘A técnica utlizada pelo médic para reduzt a0 slncio doente que “presta demasiadaatenglo a st proprio” consist gvalmente em suspeiar Sstemarcamente da leyimidade de suas afimagies. Verse bem 80 non dois slog aba 1 fone {tates de una mulerde72 anos, aposentads, que inh uma oa Ae oupa detaiao e gue, seg omc, "una doco funconal ena: {kplan po soso”) aa mo em ash ts semanas ive tae de dons ag (mos tare. Yeo de repete- Ua dr vag 0 ome qe suena cme prvoca es wos mua ens segues ‘dum dvarranjo esl, ct © que que senor nhs como na vpera?Algum pat pss aor tice enbora esavapreaupada naquele moments? tea agora, como est se sentnds? er dep de comer me sn melhor, «2 horas eomecam o males, tr nsuscas os slugs mc ec fl ver pens em uma er, Stas ter examina «doce, om naw tae conant No € one: que ees sentido dor? mae sou! cr senhora ets esa 2 rc: (uma dante de 34 ano, seladoa de mn pein, qu di esa com feb ht semanas) Como sabe gue es com ere? roc ets vend, como pad aber que et com febne? Shea, eu ponca pao emmeto ants, mas usamente apa eu (ou pond. Sencar dels de er examinalo a does) no acho nada, acho que a Senora nfo et com ere ‘meetin, dutor, eu med antes de wi agu eta com 382°. eters termaeetoao st qucbrad? Doone no doutor eu teno cera que elena est quebrad. eco (aos ter poset uma rece epedido umn exame). Eu cent {ue no haverd nada no ead dos exameseque tudo fas em dem nin € pec fcr mult preocupada Pee nti, quando 0 doente, segundo 0 médieo, pertence categoria dos ents que "se acham intligentese empregam palavas complcada” ‘aalquer uiizago peo doente de termes tomados a inguagem médica ¢ iimeditamente sandonads,o médicolembrando ao daente que € 0 dni ‘om diteto de ular essa linguagem © que deém © monopstio dos ‘onhecimentos médcos. ox pores sioaquees que se rer ingen, que empregam pl ‘as complica. So aie ein ov mi gnorates. No eda, fem France Sir 9 do” elise, 55 anos suo paren) fn de rede 3 mots ea submis o doen jada “pete” 0 él ‘ex exige dele por exempla, 4 defn ds ters emprezades yore ne¥ar the que et uizandopalavas ej sentido inora,ou, melhor ainda ae ‘so tem eid nenbur, como mostam slags seuines: 1 orn: (tase de um mprea de itt, com 30 anos de ae) wt lego 20s medieaments dou enc meuseabor 0 que €e alle? oe: oto meu mEdco que de que eu Su lp, dot. 2 oes: (uma mater de 76 anos, ex opera nama bia dein) et ‘om dora pont do iad, door. nico conde €0 se indo, minha senor? oes: endo com um a embarcade) me. svc com € que senbora pode dizer que et om doe ma pnt ot ose nem weer abe onde es 9 Hud ore: (ateando a parte deca do vee, ma altura da era) sin sr ‘co com um tm doula exspeado) mas 0 ato m ‘aia enor, Fora estas téeniasexpeifcas de manipulagSo, 0 mein gealente sata em relagin ao dente da lasses populares ou da fea inferior das ‘ass min, tna ma série de atddes bastante pateulares, desde trineadeiasiniatlsnes at uma representa de Brutalidade que ca ‘eauran © consceatemente xe dstnguen da aides cosiumente ad tadas nos principals tpos de relagies individuals em uso na vida cota ra, que vse Lemar 20 docnte a espcicdade da relagio doente Iédio ea superiridade deste" Assim, por exemplo, os medics que pide observar no exericio de suas fungi, wiz vias vores ere tes durante a consulta médica, conforme se dram ao doen, a um Ow Imenibro do pessoal médico,enfermeira ou medica presentes 3 cons, ‘ou ainda 8 st propros. Vor fone e breve, de entonag®es bern mareadas, pata se dig a0 doente; vor cuchichada, confidence cheia de nuances, pata se digit & enfermeita ov a0 cogs. Os médicos, requentemente, com efeto,agem como se doente, por uma espéie de surdezsletva flo pudesse ouvir as poavres“cochihadas” em vor alta © ineigivl Ba fa presenga, mas que nose dexinam diretamente a el, conforme a ta Aig tetral que faz com que ov atores possam digi-se em apartes 20, piblico sem seem ouvidos pelos outros protagonists da aco. ‘Alm dit, as caractericas propriamentetéenicas da telacBo tera éutica, que a tomam wma relagio assimetic ede dependénca, na qual tum dos pareiron,o docnte, representa efetivamente 0 papel de objet, {avoreces manipulagio moral do doente pelo médcn, O doente nu, dt tado,iméveleslenciow é realmente, objeto das manipulagies Isicas do medio, que, ves, de pee com seus gests lives, ausculta- ou apa pavo, ondenavihe que sete, que estenda as pernas pare de respirar ou usw Se €verdade que exisem normas estas definindo os hmites do Jireito do médica 4 manipulagotsica do doente eo protegem conta toa ‘exploragio posvel por pate do médico, que nio pode transredi esas rormas sem perder toalmentea estima des doentes ede seus colepas até ‘er objeto de sangies penas, nda & menos verdade que 9 médic sempre pode “aprovetarse da stuagio" e, passando da manipulago tics 3 ‘manipulagio moral, aumentar no doente, por meio de tenis sts, © Semimento de dependéncia ede sugestio. lum exame dif para iad do dente, cme a reloscapa. A psig A dente, durante ene exame, na veradepatuarmente constanged rac huminane: no até a catura@ dente ade quato sobre a mesa de ‘kame, ftsmente vel ede eabega ttt O mee, durante fa exate Ine se maar execlnene reo, omen, como Be veesacontee Shmentar conangincnto do dente stave de flexes neadeiat Ma stimente, 0 mco pode aumentratensto propa alsa io, igo ignore wulmentee connuando, por exempl, durante © ‘rame, com convert sca ou brincaderes como assent ou a eferme {income “como va seu mat? A, sin. ele pos no exe! Mas Asim, também, 2 -personalizagio” da relagio doente:médico que, contrariamente As idlas feta, € muito mais obra do mesic do que do tloentee que —teazendo wma mdanga bral de regen € a pasagem ‘de uma relagioespectca de médica a doente,centada na doen uma felagio difusa de "pessoa a pesos”, visa exsencalmente a “dstender” 0 ‘doen, ou sj, a eliminar say siimasdetsas frente 0 médico — esta também consi reqentemente uma tecnica de manipula.” Eleva ‘ent, na maior parte dos casos € 0 médico e no, como quer a delogla ‘médica, odoente, que vem "pesonalizar” a conversa e itera aque: las poquenas oservagesacessrias eines sobre “0 tempo", “a pouleso sonora” ou "os benelicos do laze trados da agatlagem cota, a3 ‘és das quai protende adaplar seu discus a cada caso e cada individu em particular De modo ma geal dose past como sea, asian funda no melo médin(e ainda por certor socio} "segundo a qual os doen tes procoram transforma ea parent pofisnal do meeoe do reciente numa reac peal ou pesonazads ase dvesaente ver (ei conforma cae wil do dace "A pesgisa do wo sate “0 ances €9 meio" mosta que a POR lo don qu declare falar de seus problemas pessoas com o med sume 1S sensemente com a dase sol pasando de 36% para os operas 2 ‘8% para cr mers das aes superiors (2-4 " Se os dacntes das clases populares se sentem pouco inclines ase ‘onfiar a0 médica, € €m prinezo lugar porgue nao possuem o equi ‘mento lings ©, mas partiularmente 0 Voabuléro da inrspecyin ‘ca Tinguagem das emogbes que thes ela necessria para abi- a0 med ‘co sobre seus problemas preaeupagbes mas intimos.”Etamibem por Sev dvds, bstiulos putamente matenas como por exemple ‘hs contain com médica ou a pou duragao de cada entrevista, te ‘den o doente din classes populares de porenalia 9 rela qe manent ‘om ayuce.Pincramente, om meee a esses pple, aba ores agricola €apenrios, consult 0 méiico mals raramente do que 05 tas clases superfores, Em segundo higar a duraglo da consulta médica parece diminuir bastante com a dass socal do doemte Apes do casio are o consumo médica Fan, ela em 190-1, nna que o at méto (vtaeeconsulas) S80 em mimero de 185 por peso por ano pa ox rabalhadnes gas. 241 ra es a fulton 48 panto perio, 402 par o ens e diigenesasalan fs e membon dis prfiwes beri (1-3). pesqusa doo sobre 05 Franesese o médico most. por cute do, qu oe operitsso os que em ‘mar mer, ula exame én uit epi 2-5) 0 “coldquio singular” do médico & do doente” reuse, assim, na salor parte das vere, 20 mondlogo do médico, que, como um pesquls dor, drgee cond a seu bel-prazer uma conversa aparentemente lve, ‘eu desentola obrigatrio vai das perguntas que marcam sew ino até 2s ordens que a terminam.* Frente i estatias sus do médieo, de cuj exsincia mnlas vezes| ‘esconfia sem conhecer a exata naureza ou funcionament, membros {as asses populares tm poucos recursos, Ser thes aelevamente neces ‘Siro, para claborarestratigas contri, em primero lugar conhecee © econfecer as extratépas do med, e, em segundo lugar, possi senso tim conhecimento médco propriamente dito, pelos menos uma autorda- de qualquer por exemple, aque ¢fornecida por um alto nivel de educa ‘io. propciando os melor de laborar ui dscurso com uma cet orga € Coerdnci que pudesse se opor a0 dacurso médic. Como iss ndo conte ‘ee no podem fazer um controle racional dos fatose dos estos meicos, ‘os doentes das classes popes ndo tm outtos recursos alem da dvida “io metSdleae a vaga desconfionga daquees qu. lace a especaliias manipuladores, verdedores de cars de segunda-mao, cobradores Ou médicos, nfo querem -sedeizar leva” sem eonhecer muito bem a nat feaa ea extensio das maipulgies de que sao objeto. A png: acha gue o én 8s vere eengana™ na operiin de ss anoeresponde “Sn, m so gente muna sate. ce nunc dio que ess raven nis nn psd prva te nada, pos elem di mada” (ee ‘mulher de oped ani) kamen scat Ge a0 ew cx manips io om mes dae lanes populares aa ws de rape al “Mina ard dla fe a deioagho aor nfo bebe mas out dia ce etava doen odowtr vio ede ‘Smo senor ands ets bende" AR, eu alo gst dso, i pode a fe alguém a confer cosas qu ao so verdadeas” (Verve, muler de oper, 49 ano, lon), 5. © CURANDEIRO Compreenderse-i melhor arelago que os memibros das lasses pop lures mantém com © médico estdando suas attades em relagio 3 ese concortent legal e landesino do médico que € 0 curandeire.Contara- ‘mente 3s ila correntes no meio mic c, em gral entre “as pesoas cselarecias" ou Sja essencialmente nas cases superores€ numa pare das clases médias, que véem na procura do curandeiro o resultado de uma “mentaldade magica" e de uma atragio iacional pelo obscure 0 mise sioso, parece que um dos principals méritos que os membros das cases populares receshecem a9 curanéiro reside, princpaimente, no ato de {ue ele expla ao doente a doenga de que ee sole. Além disso 0 cura deco usliza uma linguagem imesiatamente acesivel aos miembros dat “dass populares € fornece expeasies que contém representacbes da ‘doenga que despertam agua cota no capita dos membros das dass liza: as representaes da doenga que o curandeio tem so eletivamen te proxima das rprenentagdeslatentes dos membros das classes pops, sendo a dferengas ene umas © outst mais de ordem quantiatva do ‘que qualitatva, caractenzando-se-esencalmente as representagies do ‘rand peo seu mais alto nivel de elaboragioe de verbalzacio.” fee com uma placa ele vé odo 0 nero Eu unba Wo, pores de uns ‘ros cds ceva sem que eu dese um dom que ee em, um do ‘que existe nle. Para esto, le nos expla 0 qu st azendo Enso {uu pe ma coisa redonda de espuma,enfana ¢ Levanta 0 «x80 20 Imex tempo. Ts ds depos apr e nove das mal te, pra est ‘irado, He expe que pestimagp€ come uma bla Sees ol eda taco gon sips fra. Com eos 63 mesma cosa, Eso arama ‘es ni compartments que € comp humana Sea Kole se ala. o jo carm ea wie em yor wr operas He oe ade ue omer Conereo corpo too, cme o ute. Mew mario tna ido v-to por cause tao corp, o nome don ws ds dus no pscogo. Tudo! Conhece tie que ina canis. Sto ano omercanes. Seve a gente com omapas de out, eam cm mes (Vern, mult de care, 42 aes. ‘De manera mais gral, o que, aos olhos das asses populares, conte re a0cutandeioo essendal de seu valor € que mesmo sendo um especa ls qualiiado para identifica e curer a docnga cle € ainda asim om _membro das classes populares, de cyjo modo de vida ede pensamento ele Damicia. E, de fat, cntreramente a0 médico, 0 curandeito perience ‘mesma dasse que © doente. na maior parte do tempo exerce como ele ‘uma profsge manual. requenta o mesmo meio socal & trequentemen te reeutado dentro da familia ou no ciclo de relagbes. Se os membros das clases populares fala com admiagio da cicia do cuandel, isis {indo 20 mesmo tempo no carter inato de sua céncs, no sendo 0 ‘onhecimenta deste, como 0 do medio, resukante de um aprendizado ‘scolar mas a conseqdéncia de un dom, € porque @ cuando, bio, ‘que nada aprendeu e que, peemanccendo no meio dos ignorantes,iguala {u uleapasa © médica, fa com iso uma espe de vinganea de dass: omece« prova de que o médica alo € nem ifalivel nem tno depo- sluso do conhecimente médice, edi exemplo de um profano que, Por uma espécie de vitude ininseca ou escola, tomou-se dono do discus -néaleo. Asim, as peesegugdes de que si objeto os curandeites, 30 mu tas vers assinilladas pelos membros das dasses baikas 2 uma espéce de perseguglo exereda sstematicamente por medicos cumentos de suas rerrogatvas embuldes do espinto de casa.” Mas, paradoxalmente dado ‘que a posse de um dom ou de uma graga paricular por ss nao consi {em nossa soiedade, uma fonte de autoridade sufcient,capse de se igualar 3 autordade cnferda 90 médico pela freqdénca 3 instal ‘scolar € 2 caug3o da cidadela iemiea, ox membros das classes populares patecem sempre esperar que o valor do curandeto sea econeeido elas inal eminentes membros da cdadela clenifia, pelos “profeseores™, con 122.8 oplalio de “simples médicos, como aquele curandelro de Mazamet ‘que segundo o inormante “fol reconhecido oflalmente por um profes Sor de Toulouse, que reconheceu seu remedio” 4o ca. f um mien que na pedo caeio far mal a5 pen fea oucas Faece que 6 tm uma pessoa que sabe curs, € um cs fei. Um ear ev «di: eu urate joa Pela ancl ot net ‘ado no hospital eo pera lazer hada pore. O cuanto pas aad (fle original ig dpa, Etavs chado em fos estuvs oman g mbroe tudo Houve ua gta enite@ crm ‘osdoutors de Maret. Ma le fl econo olcaiment, Urs pes ter de Toulouse eeconiceu orem. Para agile heme, mes ts ‘epi, comegou 2 pos Na ina fe, hava pesos Qbear xs ts, Ele curou them outs doents Bu, petal, ft carat {rm masagta io dglomado, um simples operino Tinh deseo Tas de Agus 0 door dia que evo ear mane © que acotee fe ‘om gine sexes no manage gel cada Eve cuando ne tine apenio, Dit que eam dom. como tem alguns gue mds para patra le nha um dom para so Pars arco, 39am Mas a renga efciia das wénicas de tatamentoutllzadas plo rani no tem como conseqignca una reeigo da medicna ofl, 4 busce do curandiro no exe 0 recurso a0 medleo,ndo se cnside fando absolutamente a medicinaexetelda pelo medio €a que € pratca {a pelo curandeiro como antagonicas. Quando, numa stuaao de pest Sa,0s membros des clases populates so obrigados a excolher ene « rmédico eo curandeiroe dizer se gem na efciia das técnica wilzadas por ese resposta em gral € dada em termos ambiguos. porgue asta ‘Gio de pesquisa, reativando a consciénca da legimidade do medic, les bra que este € 0 dco autrizado a trata, ma traz também o relat das ‘ura eletuadas pelo curandeito, Como se vers no exerplo a sexu. os ‘gente: sal parecem posui ros conjuntos diferentes de racials _sio, que se superpoem stm interferirem ns sore oul0s. ASI, 20 a8 ‘mento incre: "e preciso acreitar para lazer eleto,sucede a rela das curas obtidas pelo curandeo,e nalmente a afimacio que “deve cexitr dons especais” tim evema, fv at ue el io far nao cand. Ba acre. Se {ain messes se cle mre ial Na Tan or rani a ean, i come a le rita bos para um memo desloado 0 luxad, A dears do cent ‘nfs fo. Mew mando ft quando quctrounio slo qué Ea rconhece har sem ter estado. cero que deve ext dons. Teno una pra {ue teve us pn cid ela nip daw nada masse o qve Fn ‘has no sate tate como o crane, O carandeio dav wma porto de ‘emédion umes coisa om len. Pode or tom pata sues cosas (a ‘ler de empreai do comer, 30 a) 6, RELAGAO DOENTE-MEDICO E NIVEL. DE INSTRUGAO Para compreender ese aparente paradoxo, € prelso examinar de pertoa atude dos membros da dasses populares em velag a0 conheet ‘mento médica © aos derentores deve saber Os membros das cases pop lures, sempre que possve, evita levar Be ctimas consequéncis a ques $0 da verdade do conhecimento médicn do cutandeiro ow do médica, A “renga” na elciéndia do medic au curandeir € realmente sida como ‘uma “rende,incontolivel por delinigio e portanto pertencent, como ‘uma infinidade de outascrengas (o que se costuma chamar “superstgio", por exemple,” 20 deminlo do “dlzem que", “azem assim’, ou sea, ase ‘ast conjunto de coisas sabias por ouvir dizer e praticadas por habit, {que se tem implictamente por inverficivelse que no tem que ser abso- Ttamente verdadeiras ou abslutamente falas, Do mesmo modo, se 08 membros das clases populares fm uma cena descntianga em relagi0 20 médico, esa desconfianga exerce-se mas sobre 0 médicoe suas manipu- lagies do que sobre a conhecimento medio proprimente dit, sobre 0 ‘ual no se emite nenhurm julgamento porque escaa 8 relexio endo € ‘ome outros conheciments, como por exemplo ot que se reterem 20, aro, 3s ferramentas mais comuns ou A pesca, om sia, aqueles que 3 fexperiénca catidiana pode contimmar ou desmentir. Asim Sendo, 08 ‘membros das clases bans, em geral, no adotam uma attude eres ‘elagdo ao cohecimento médico, nem aque attuderaconal que cons {ria em to com faso ou verdadero ou, pelo menos, em supar que ee dleverla necesalamente ser uma cosa ou out, ‘De modo mas gral. tudo parece indica que os membros das classes populares estdo poco familaizados com as nogdes de “problema” ot ‘mesmo de “causalidade™. Se no parecem posit o que se chama hab funkmente “esprit ertico, & porque sea dapesgfo mental lange de ser ‘yualmente repartida nee felon, € em prmelr Inj sia dsp sdquirida eo resutado da aso formadora da escola. Ente oconjunto das ftitdes mentate queso transmiidas pela escola, a mas essence mas ‘elada €talvee a propria intengo intelectual. O que a escola transmit € fem primeieoTvgar uma postuta intelectual: € a Idea de que nao existe nada que nio possa ser objeto de uma interogacio eta € omarse ‘objeto de um combecimento raion. Assim, a prolongacio da esoarida ‘tra uma mudanga de aitude frente ao mundo e espedalmente em relagio ie céndas¢ Ieencs,incleando aida de que tudo pode sero tomarse objeto de nea, que exisiem clsas absolutamente verdadetas aye foram objeto de uma verlicago experimental e coisas absoutamen te fans, enim, que oconhecimento € cumulative que a coisa nova & por isso mesmo, unt progress. Nas classes superores, o médico poe fazerse ouvir peo doentee o doeate susctaro interes e mesmo a ami zade do médic, porgue eles falam a mesma linguagem, tm os mesmos habitos ments, ullaam cateporias de pensamento semelhantes ‘nfm, solreram a influcla da mesma frgaformadora de habits” que ‘no caso, osstema educacona." Ese os membros das classes superiors se dizem e de lato esto, pelo menos na maior parte dos casos, aarente Inente “de perfeito acordo como médico", € em primeio higar porgeo rngdlco © seu chente das cases supeiores Pertencem mesina classe socal, ot seja, a0 mesmo “meio”, sendo frequentemente 0 médicy da fama um amigo da familia ou mesmo um de seus membros: 0 mic um aig nos. No enconramos nu ‘cul de asa « durante multe anos nor vimos como amigo, Dep, LOMOU Se Hes Isc, Do pon de its medio, ouvir ber dl - do pont Wista moat aredamos que € um sue sco. um rapa que fem ma aes levads desu pron, que tem uma eons extaordinina Cm ‘eo igo € ls ais, ds nos ataros de vac. Concord em ‘doses plano (Pars mulher dedrgente alia, 54 ano, os)” Ime € um amie deifincade meu mad, ele ver pr cra da a: {Ge Meu mardo em confine, su melhor amigo Paani, veto Sing ds fr (Prt, nur de igent aang, 32 anos 2 on) ‘Un cero aero de nds revels famllardade de case ue une en te yetencent clases superione ao meen A pesquisa do ii at ferormcnt, montage om cee aalariad ebr das os cas seo em ae mer, v0 unineme ao mee para (Wo%), cm verde la um penn ou pal A pergunta“eere a ek repre de a sx pa sree so pels sas dsp de sae coma ves més no per ser rcmbosao?", or menos das ater superiors 0 = gue, fem malor numero (43%). respondem que peferem consular spenss seu Inco pesos Podesecompreender aso dio, se sae que gusse toalilade (90%) aba wna yond apna a ato de pode eee leemente « mesic". Ass. or membros dor lanics supers cm geal ‘sem es men detr de ee rapes de lage: em 32% dos esos “por recomendaso de preter ami em 24% don esos ete cus amis pessoa Compreendes, nets condi, eat es em mala Init prncrament conbece 9 apartament pesoa doc (67%), ‘também 3 seninseemboragads na momen de“pergunlr a0 EK ‘van Ihe deve (12%). Por nio permitrestabeleer relages de amlzade com o médico € falarthe de igual para igual, como alvea os casos “mals diverses"€ 05 individvos mais diferentes scalmente, a consulta hospitalar€raramente {reqentada pelos membros das classes superiores, que, erm ver desa re ferem a consulta particular; aqueles que, excepcionalmente, so obrigados 2 experimentila, deserevem-na em terms indignadosecaasricos Paderimos ao bot nas ag um escndaoa espera de es tna fuel menos de uo segundo com © mii, dante de vine € ‘ing etants Por asa de um deo odo do gat, efetra obe feu ara soupt gc! cosa les faze deste na ene de oo ‘tun uns desragados de es toro: deve se hori ar les! Disera ‘me pata volar dent dees meses. Nunca mas pon o ss. Os ow {as do realmente hares cles pie junto cos mi vero” (Pars, mulher de dgente asain, 31 atom 2 bon Quando ea eava pe Tao bebe, fl fre ua ona no Hosp Foc © howe taser a ee cspera horas so para chesa ante de um ni rodeado de ‘te ferme com ara formar ama cna voce eect dante de toma ease! A sue des desanine compeament, AL eu uel {0 ‘iru meédicoparicuar pra me sen un noimee” (ar mulber Se odesamparo dos membros das dasses populares dante da dongs ‘no tenn equivalente nas cess superiors em primeito lar porque O ‘médico, pata estas ima, no €o delgado adn da nstuigso me (as im personayet liar do qual se pad aprecara camp {co valor. ¢em quem se pode apeciar a qualidade do homem ates do pr Hisional. Deduz-se dai que em relagio a0 dscurso medio, havers ins Ailerenga entre as duas dsses — 0 médco fomecers aos membros ‘lasses Superiores certasexplcages e manter em sua presenga um ds ‘curso edulcoradoe vulgarizado,dando-Ihes uma especie de deegaci se poder que s autoza a manipula om prdénca ceras partes do disci somédico. Poi o desprezo do especialita peo profan nao se api ial 'mente 2 todos, mas varia em lunge da “ntligendia” det, de su bo senso ou de seus “meésitos", enfi de sew valor socal Notas 1.0 mesmo padese det pate vit ous “exe grins 3 dn ‘studs, pot da tsa CEM de Sain Marin Latur de nen ‘del secon aire an es es de cen Rev aa se 5. C1 Hoggan De of a,b bk Hamano 99K “Os membros ds des popes ade ma atid seta hy ‘songs de rn. Come red sero meio peg dn see flideseapeca ewvalor De muni easel deemed ac ta Mesa mic. el nec, ma perience ger te (evel interna, que pn foe face tm epee ‘Sehecimenia specie anal un pron a ita do re ‘em per prove nag ene a mar aan ce Cpe td ea pe our Botan eC. chamboreon La ete cnt mon an Inga ice mincolad do Cert de Soop Européen: Ph 5 ten de agers es ug eo ng de re na ‘ootadnris ~ Kg do einteeve uma aver two pon doe) Taconic do ttre sents (oer pote is «slim {dena cons (par dic’) eee se dni de sb ‘ecovths eas(odeto mee} ede fora ado (a deg ni ‘Sram od a se deena emplens (gb a eer stn a ‘hn gman desta sen Hie lg ne nano, permanccepeeamente legal ex se mates por un ace de 0 ‘sim, cos mos omgram um atta de ogra ¢ axes ssteatareste {ma odgrata dos doenes que vd comune como dear im dees ‘neta paras re" lhe le nl embledo pla revo (ores Panga ear mde’ he taba sf feo melhor pose do poo devs do ps ti at Inu ao qe alguna cosas ea pte iia nisin do dcr O does ‘eveda™ Os dons so mn eer andor pa xame de uns pa tuo, sem expe, nu tm inperino eta En tua sumenta an ae ‘speran durant hots os domes ds casts populares eo et gl Yevlods po er qu eee pes ates dee, ma ng ex exp © Pog fn entree dar ponder Alm do quam se Sendo pee chap to Ines de in peeenc hos qs tm conflans, Quand os emer das ca Ss supers enarzamac em stg salar poe em dele sae tern qu lhe peri fra seca fe of btn tn 8 er ‘modes nformayies que pode Incmota o esa mosque tinue ‘eal Cheon 4 mmo de 1967 7-6) {cL FBourdiaJ.¢ Pra, Me Saat Main Rape Pda Cm a Moto, Pr 1968 a aes erred Sec Burpee 3 ‘lors La eget ew mec eo TO" CL CBaly ae Syine amis: ges C Klackec, Pr 1 De Pca at Cerbee Pre ormaton ms aie evhcan, appr nma) Re slue matinal e Polge me, 12 Sore mein a ae". fou, “Léducton male d publ see dangerese onal elie d Bord 5, be 195 180810. rons “ni asd ges esas tre eco eden espa | ids do tr mae mata ana" ¢ cf, gue al dames de parca 0 orc sem zero desi pla er univer que amen» ngage 25 ($6: (CUE Durem, Leda ran sal, Par 1960p) 1M Rae eacartenda 3 medina ocala da aso lt de eo “ines como de rca carotene as es populares ao sig or et ‘Gipiver doe cer. ander cor de trarer "ous pq ec Stiraem-e um poaco do chara rin dt pnacit Con seve ‘Arun bale de Rode, cdo por G.Duveu Le pom wri eet ewan Soe Rpt Se pe aes Donat Monin, Fa 1947 pi2h, eam exatament at anger guage de se motores he

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