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L. X. NEPOMUCENO Consultor em Acdstica e Tecnologia Ultra-Sénica Tecnologia Ultra-Sonica | | “y | EDITORA EDGARD BLUCHER LTDA. CIP-Brasil. Catalogagio-na-¥onte Canara Brasileira do Livro, SP Nepomuceno, Lauro Xavier, 1922- 362 Tecnologia ultra-sonica / L. X. Nepomucena. c> Sao Paulo : Edgerd Bilcher, 1980. Gibliografia. 1. Ondas ultra-sinicas,- Aplicacdes indus- triais 2. Ultra-sons I. Titulo. CD0-620.28 80-0696 Indices para catalogo sistematico: 1. Tecnologia ultra-sanica 620.26 Ultra-sons :,Aplicagdes industriais : Enge- nharia acustica 620.28 © 1980 Editora Edgard Bliicher Ltda. E proibida a reprodugito total ou parcial por quaisquer meios Sem autorizacdo eserita da editora EDITORA EDGARD BLUCHER LTDA. 01000 CAIxA PosTAL $450 END. TELEGRAFICO: BLUCHERLIVRO SAO PAULO — SP — BRASIL. Impresso no Brasil Printed in Brazil PREFARCIO Considero uma honra ter sido convidado para prefaciar o livro "TECNOLOGIA ULTRA-SONICA" do eminente Professor Lauro Xavier Nepo- muceno. Este trabalho € o fruto de trés dacadas de exaustivos estudos tedri- cos, vasta experiéncia em laboratdrios, em institutos de tecnologia e num grande ndmero de indistrias do Brasil e do exterior, E da maior importancia e oportunidade o assunto tratado neste livro e, sem divida, vem de encontro as necessidades dos mosses Engenhei- ros, técnicos e estudantes. 0 método de ensaio nao destrutivo por meio dos ultra-sons, a cada dia que passa, amplia as suas aplicagées e tem reduzidas as suas limitagdes. Torna-se necessario, entretanto, que to- dos os engenheiros e tacnicos envolvidos nos ensaios dos materiats pe- los ultra-sons, conhegam profundamente a teoria e as modernas t@cnicas utilizadas nesse método. Desempenham os livros técnicos um papel fundamental no desenvolvimento tecnolégico dos patses. Para se escrever um livro técnico especializa- do ha varios caminhos, dos quais o mais acertado embora seja o mais di ficil, fof o que seguiu o autor deste livro, isto @, 0 de acumular por longos anos uma enorme bagagem tedrica com vasta experiancia conquista da no trabalho contfnuo, aliando a tudo isto os dons natos de excelen- te professor que.sempre foi e continua a ser. 0 "Curriculum Vitae" do professor Nepomuceno & invejavel, pois além de muitas atividades profissionais desempenhadas no nosso pa?s e no exte- rior, conta com mais de oitenta trabalhos publicados sobre diversos as suntos ligados @ eletrdnica, acistica e as vibragdes mecanicas. Assim, a coletividade técnica do Brasil esta de parabéns pelo apareci- mento deste livro t&cnico que, estou certo, muito contribuird para o desenvolvimento cientTfico e tecnolégico de nosso pais. PAULO GOMES DE PAULA LEITE I, INTRO a1 I]. ONDA Ts Il. is Il. 1. I. ie I IT]. TRA It III HI TI 11 WI Iv. ANAL Ty. ly 1. Ts: Ty. ry Iv. Iv. Iv, ry, Iv. rv. -8 + Bibliografia . «2 - Apresentagio dos resultados .. 3 4 5 6 - Campo prdximo e campo distante ...........65 7 8 CONTEUDO DUGAD - Bibliogrefia S ULTRA-SONICAS .... - Largura do Feixe Sénico . - Reflexdo, Refracdo e Transmissao - Campo prdximo e Campo distante .. Difraca’o das ondas ultra-sonicas - Absorcgao e atenuagao de ondas ultra-sOnicas ... - Trens de ondas - Ondas estactonarias Naoko nh NSDUTORES : aes ates «1 - Cristais piezoelétricos e Ceramicas eletrostriti vas .2~ Wateriais magnetostritivos - piezoceramicas .3.- Cermicas ferroelétricas .....s <4 = Ressonancia «5 - Sereias, jatos e apitos 6 = Bibliografia ........4. ISE SONICA - DETEGRO E DEFEITOS ....... 1 - Excitag3o do transdutor. Recepgao de ultra-sons - Equipamento comercial : - Transdutores espectais para inspegao ultra-sonica. - Aspectos essénciais da inspecio ultra-sGnica - Avaliagdo e cdlculo da Srea de defeito .......eeee - Ilustracgées praticas de inspecéo - Inspegio de soldagens ........... 10 - Inspegio de tubos ..... 11 - Inspegdo de forjados 12 - Inspegio de fundidos we 48 53 59 62 65 73 76 79 84 a5 99 115 124 127 136 157 175 179 188 1¥.13 Iv.14 TV.15 1V.16 IV.17 1V.18 1V.19 Iv.20 1V.21 IV.22 1V.23 v.24 1.25 Técnicas de inspecdo por imers8o .......... idestine tees Ecos esparios Técnicas de medidas de espessura, Controle da Corrosao Inspegao ultra-sGnica na indlistria ferroviaria ....... Inspegéo na aeronautica Aplicagdes especiais A emiss3o aciistica na inspe¢o nao-destrutiva Técnicas de holografia ultra-sOnica we... Calibragao do equipamento segs TNORENG HE Blocos para determinar a resolucdo de ondas transver- SOUS wees cece eae a eens oH Se ee eee Bloco para determinagao da zona morta dos cabegotes .. Propriedades fisicas dos materiais .e.isseceeeeseeueee Bibliografia L._INTRODUGAO As técnicas ultra-sénicas apareceram como resultado de varios anos de estudo e pesquisa aplicada, baseada numa série apreciavel de conheci- mentos cientTficos de descoberta recente. Hoje sao utilizadas na in- distria, como ferramenta utilissima nao somente para a analise de ma- teriais como em processamento Principalmente apds a segunda guerra, as aplicacdes que estavam limi- tadas a uns poucos Jlaboratérios de Universidades, entraram na indas- tria. Foram assim desenvolvidas as pesquisas para construcao de equi- pamentos, instrumentos e sistemas que envolveram grandes somas e grandes interesses, funcionando sempre independente do estado de es- pirito do operador ou interessado em realizar estudos no limiar do conhecimento. Uma primeira divisao do estudo das vibragdes mecanicas, baseadas em razoes historicas, classificou as vibracdes relacionando unicamente as faixas de freqléncias, ou sejam, as faixas infra-sdnica, audiofre- qlléncias, ultra-sdnica e hiper-sénica. Houve uma interpenetracio de conhecimentos e técnicas diferentes que passaram a operar nas freqlencias de audio, t@cnicas utilizadas an- teriormente em ultra-sons, assim como varias técnicas © disnositivos aparentemente reservados aos trabalhos de ultra-sons, que passaram a ser aplicados no estudo das vibracdes mecdnicas dentro da faixa de au diofregdéncia. Por sugestdo de Hueter e Bolt, no First International Congress on Acoustics realizado em Frankfurt em 1953, sob os auspicios da ICA/UNO, foi apresentada uma nova classificacao das vibracdes em duas partes: Acistica e SOnica. Ficando como estudo de Aciistica, toda e qualquer vibracao ou movimen- to vibratério que tivesse relagdo com a sensa¢éo de ouvir ou como or ganismo vivo, © como estudo da Sénica todas as vibracdes ow movimentos vibratérios que nao estivessem assim relacionados, Essa divisdo @ valida para qualquer freqdéncia, uma vez que os trans- dutores originados dos estudos feitos. embora inicialmente utilizados Somente em técnicas ultra-sdnicas, foram aplicados operando em fre- qdéncias que variam entre 650 Hz a 2.500 Hz (perfuragéo de pocos de pe trdleo © Agua em grandes profundidades, bombas sdnicas para extracdo de lfquidos, etc.), ow seja dentro da faixa de audiofreqiiéncia. Por outro lado, foram realizados estudos para determinar os efeitos de Sons e vibracgao, como freqléncia da ordem de 25 KHz a 60 KHz, no orga- nismo humano, € portanto dentro da faixa ultra-sonica. Como tais efeitos pertencem ao estudo de Aciistica, seria ildgico falar em "Acistica Ultra-sdnica", tomando como base tal divisao, que além de necesséria, & essencial. As vibracdes mecanicas sio estudadas, en- tao, nas seguintes subdivisdes: Aclistica Musical e Psicoacastica Acistica Fisioldgica Aciistica Subjetiva Aciistica das Construgdes © Arquitetdnica Acistica a a Qelistica Médico-bioldgice Acustica das Comunicagdes Poluigo Sonora Vibragdes Mecdnicas Detecgso de Defaitos oo Propriedades dos Ma- Analise SE1C04 taniais Sonica Técnicas Sonicas Emissdo Acdstica Processamento Aciistica Fisica-Ffsica dos Sdlidos Contréle Sénico Sismologia E preciso considerar que, dado o desenvolvimento atual, a Tecnologia Sdnica estuda, como meio e fim, a produgio e@ aplicagao de sons e ultra-sons para a determinacao de defeitos num material ou peca, con trole da qualidade e/ou da corroséo, sendo sempre aplicagbes para verificar a integridade de um determinado material ou componente. Nu ma fase mais avangada, a Tecnologia Sénica & utilizada com grande su cesso na verificacdo das propriedades ffsicas e quimicas dos materi ais, constituindo a Andlise Sonica, cuja fungéo € verificar a compo- sigio, dureza, tratamento térmico, etc., dos materiais e componentes. Esta segunda parte esta tentando se iniciar em nosso meio, embora a detecgio de defeitos, inspecdo ultra-sonica como & conhecida, j& es- teja relativamente desenvolvida. Isto porque j& contamos com algumas centenas de aparelhos de inspecdo ultra-sénica, embora a maioria de- Jes esteja sendo utilizada em menos de cinco por cento das possibili dades. Existe, como € Sbvio, o fator econdmico. Quando a inspecdo ultra-sé nica evita que sejam usinadas peas defeituosas, @ economia de using gem representa um valor que nao pode ser desprezado. No caso, 0 cal~ culo @ feito verificando-se o custo da inspecao versus custo da usi- nagem e a decisdo final & adotar o que for economicamente mais inte- ressante. Quando o problema & de seguranca, como o estado das longa~ rinas ou trens de aterrisagem de um avido, a corrosao de uma caldei- ra ou tubulagdes de alta pressdo em indistrias quimicas ou petroquT- micas, estado das soldagens em reatores nucleares, etc., 0 fator cus to passa a ocupar um papel secunddrio, embora esteja presente. Opor- tunamente, verificaremos as implicagoes ecandmicas da inspecio ¢ a- plicagées da Tecnologia Sdnica ao meio industrial. As demais aplica- gdes nfo foram siquer iniciadas em nosso meio, sendo a maioria delas praticamente desconhecida e, por tais motivos, nao serao abordadas. recon 1 ote eLeraooihweo chwanas nessonsnres pucccutrnico | visnaocnce ueciiasos ne e @. B % a 5, “Macnerosraniy9 rama fwreagon puooeneoiénes || _uurRa-sow _carapones manéneos gwstoormagio — iSMres 2 PIEZOELETAIGO MAO-RESSONANT ED: B | orn oruses rezornco-mamyces a _guexeroerumyos MEETS mae ie aa ROR | gt OP Pe Mere sw ssa! 5 5S® SG? cm Gwe an? oa? 900% ESPECTRO SONICO 1_+ Bibliografia aane 10 - 12 - Hunter ~ Electroacoustics - John Wiley Sons, New York - 3/50, 1954. Hueter and Bolt - Acoustics and Sonics - I International Congress on Acoustics - ICA/UNO - June 1953, Acoustics, 1/13 - 1954. Winkler - Klangwelt unter den Lupe - Brauschweig Verlag, 1940. Morse - Acoustics and Basic Physics - J.A.S.A. 27, 213/216 - 1955. Skudrzyk - Die Grundlagen der Akustik - Springer Verlag. Wien -1954 Lindsay, Chairman - Symposium on Unsolved Problems in Acoustics - J.A.S.A, 30, 373/398 - 1958. Boemmel und Dransfeld - Erzeugung und Ausbreitung von Hyperschall- welien - 3rd. Internationaler Kongtess fuer Akustik - Stuttgart, 1/8 september 1959. Lucas - Acoustique, 1/3 - Ecole Polytechnique, 1958. Gooberman - Ultrasonics, Theory and Application - The English Uni- versities Press, 1968. Reichardt - Grundlagen der technischen Akustik- Akademische Verlag, Leipzig, 1968. Nepomuceno - Acustica Técnica - ETEGIL., Sao Paulo - 1968. Ensminger - Ultrasonics: The Low and High-Intensity Applications- Marcel Dekker, Inc. New York, 1973. II_-_ONDAS ULTRA-SONICAS E bastante conhecido o fendmeno de formagao de ondas sonoras tanto no ar como nos sdlidos e liquidos. Sabemos que tais ondas se propagan com uma velocidade bem determinada, velocidade essa que depende do ma terial onde a vibracaéo se propaga, da temperatura, do tratamento tér- mico do material, etc. Todo corpo & formado por particulas unidas por forcas de coesdo, permanecendo a substancia no estado sélido, ITquido ou gasoso, dependendo da temperatura. Embora seja bastante comum a idSia intuitiva que os gases s30 formados por moléculas “livres",os liquidos por moléculas "nao tao livres", e os sdlidos por moléculas "Fixas" em determinadas posigdes, sabemos que todos eles séo forma- dos por moléculas que apresentam uma certa mobilidade em torno de uma posicdo de equiljbrio. Nos gases e liquidos ha uma troca continua en- tre os lugares das moléculas que os constituem; tal troca ngo existe normalmente no estado sdlido. De qualquer maneira, independente do es tado fisico do corpo, as moléculas que o constituem podem mover-se em torno de uma posicao de equiltbrio. Para 0 nosso caso, consideraremos as moléculas todas como localizadas em posigdes determinadas, podendo se deslocar de uma certa distancia, voltando & posicado anterior, Des~ ta forma, podemos estudar as vibracgdes e perturbacoes considerando to. das as moléculas ou partTculas como iguais © indiferenciaveis uma da outra. Sob a acao da vibragao mecdnica, as moléculas ou particulas sao leva- das de um lugar a outro, voltando & posigao anterior por forgas elas~ ticas. Ha entéa duas velocidades durante o processo vibratorio: a pri. neira € a velocidade de propagagdo do som no meio onde @ gerado ou de tetado, sendo tal velocidade conhecida como velocidade de propagacao do_som (c) ou simplesmente velocidade do som; como as vibragdes dao origem a um deslocamento das partTculas de sua posiggo de equilibrio, tal deslocamento € realizado como uma certa velocidade, que @ a segun da velocidade existente no processo © que € denominada yelocidade das partfculas (u) ou rapidez. Com a finalidade de evitar confuséo entre as duas grandezas, adotare- mos os termos yelocidade do som (celeritas, constans) e rapidez (velo citas, variabilis), termos adotados pela International Standards Orga nization, IS0/UNO e, como tais aprovadas pela ABNT. Sabemos que quando um pistao se move, as partTculas que 0 compoe mo- vem-se em sincronia, @ as partTculas do meio adjacente acompanham o pist&o com a mesma velocidade, transmitindo as particulas seguintes a mesma rapidez, isto &, 0 mesmo movimento. Quando o pistdo valta a po- sigdo inicial, as partTculas adjacentes voltam com ele, sucedendo o mesmo com as seguintes ocasionando assim, uma propagacado do movimento do pistdo as partTculas mais afastadas. Mantem-se assim uma série de compressdes na mesma frequéncia de oscilacao do pistio. E preciso considerar que para uma onda se propagar no ar, quando ha um maximo de pressao, as particulas sdo estacionarias; quando as par- ticulas, devido a tal pressdo, se afastam de sua posicdo de equilT- brio, a pressao atinge o valor minimo. Ha entdo uma defasagem de "/2 vad entre a pressdo e 0 deslocamento das particulas (1). E preciso considerar que as variagdes podem se dar tanto em alta como em baixa frequéncia. Nas oscilagées de baixa frequéncia, ha tempo para que o calor, devido ao excesso de pressio se espathe ao redor do local da compressao, permanecendo a temperatura constante. No entanto, se as variagoes forem muito raépidas, nao ha tempo para se estabelecer equi- Tfbrio térmico, mantendo-se o calor constante, isto é, 0 processo é adiabitico. Nos processos sénicos que nos interessam,mesmo nos metais, ndo ha tempo para o equilibrio térmico, de modo que as oscilacées se- rao todas consideradas adiabaticas, No movimento vibrat6rio, a onda se propaga numa certa direcao © as par ticulas podem se mover no mesmo sentido ou podem se mover num angulo de "/2 rad em relacao @ propagacao do som. Quando o movimento das partfculas @ executado na mesma direcao da propa- gacdo do som, as ondas sdo longitudinais. Tal tipo de onda @ também co~ nhecido como onda compressional ou de compressao ou ainda irrotacional. Quando o movimento das partfculas € realizado em a@nguio reto com a dire do de propagagao de movimento vibratério, tem-se ondas transversais. Ta is ondas sdo também conhecidas como ondas distorcionais, de distorgao cu ainda ondas de cizalhamento. E preciso reconhecer que os sdlidos admitem ambos os tipos de ondas, tanto longitudinais como transversais, sendo ta is ondas importantissimas no exame de materiais por ultra-sons. Os dois tipos de ondas mencionados sao os tipos primarios ou fundamentais, sendo os demais tipos de ondas secundirias ou derivadas. Como ondas secundarias tem-se os tipos de Flexio, de torgdo, de dilatacdo e superficiais. Limi- tar-nos-emos apenas aos tipos primarios, com somente idéies sobre ondas superficiais @ ondas de placas, pela importdncia que as mesmas apresen- tam na andlise sonica Sob certas condigdes convenientemente satisfeitas, @ possivel haver propa gacao de ondas ultra-sénicas de amplitude consideravel na superftcie dos materiais. Esses ondas sao conhecidas como ondas superficiais © as mesmas se apresentam em trés tipos ou classes: ondas de Rayleigh, ondas de Love e ondas de Lamb. As ondas que se propagam na superficie de um sdlido, em que a dimensdo normal 2c sentido de propagagéo seja muito maior que o com primento da onda, sao do tipo Rayleigh. AS ondas que se observam na super ficie das Zguas sé an@logas as ondas de Rayleigh, sendo o movimento das particulas, tanto longitudinais como transversais em relacdo @ direcao de propagagao do som, i.8,, da onda. 0 movimento das particulas € executado no plano que contém a diregéo de propagagdo do movimento vibratorio e a normal @ superficie. Ha uma grande atenuacdo nas oscilacées realizadas no plano normal @ superficie do material, e nao ha deslocamento das particu- las na superficie normal 3 direcdo de propagagdo, & importante observar que, a velocidade de propagagao das ondas do tipo Rayleigh nao & a mesma observada no mesmo material quando o tipo de onda @ outro. As ondas de Rayleigh se propagam nos metais com uma velocidade de cérca de 0,9 da ve~ locidade das ondas transversais. Quando a espessura do material € da mesma ordem que o comprimento de on- da, as ondas sao do tipo Lamb. Qualquer lamina ou placa fina @ capaz de transmitir um nimero infinitemente grande de ondas do tipo Lamb. A veloci dade de propagacado das ondas de Lamb @ dispersiva, sendo diretamente pro- porcional ao produto da espessura do material pela frequéncia da vibragdc utilizada. Quando a onda superficial se propaga na superficie sem compo- nente normal alguma, tem-se uma cnda Love. Para obter tais ondas, ha ne- cessidade de uma espessura pequena de um material de densidade menor jun- to ao material em vibracao. A velocidade de propagagdo das ondas de Love € uma funco direta da frequéncia, aumentando com esta. FIG. 1.1 Dos tipos de ondas mencionados acima, & importante observar que os séli- dos admitem todos os tipos de ondas. 0s gases admitem somente ondas lon- gitudinais; os liquidos por sua vez, admitem ondas superficiais devido @ tensdo superficial. Na interface sélido-lfquido, @ possivel a existéncia de ondas transversais no sdlido, mas nao no Ifquido, por nao admitirem os fluidos tensdes transversais. A tabela da Fig. 2.1, ilustra os tipos de ondas mencionados, assim como as expressdes das diferentes velocidades de Propagacdo e as condicdes de existéncia das mesmas. Vejamos as expressdes da velocidade de propagagao das diferentes on- das. I) Ondas Longitudinais a) Barra cujo diametro seja menor que X, i.€., d << i 1/2 a 11) Ondas Transversais 111) Ondas Rayleigh Ca = Bey = 0,9 cy Nas expressdes acima, & E = Modulo de Young p = Densidade o = Relagdo de Poisson 6= E 2 (14a) B = raiz da equagao e® - ep4 2 +8( 3-202) Be +8 (ae -2)-0 sendo a uma constante do material, descrita por uma expressao conheci- da da teoria da elasticidade: 172 “ 1-20) (2-26) Quando utilizarmos os conceitos acima nas aplicacdes de andlise e pro- cessamento, verificaremos @ importancia de cada tipo de onda para de- terminados fins praticos. Verificaremos ainda que os tipos de ondas descritas aparecem em grau maior ou menor em todos os processos sdni- cos, dando origem a interpretagdes nem sempre faceis, principalmente nos casos de inspecao por meio de ultra-sons pulsados. I1.1 - Largura do Feixe Sénico As ondas ultra-sdnicas séo, em geral, de alta freqiléncia e os compri- mentos de ondas sio curtos, sendo obedecida a relacdo fs £ Q A velocidade de propagagao ¢ depende somente do meio e do tipo de on- das. Quando hd propagacdo de um meio a outro a yelocidade varia, vari- ando também o comprimento de onda. Entretanto, a freqléncia permanece constante. Sendo os comprimentos de onda curtos, as ondas ultra-sdnicas se propa- gam praticamente em linha reta, sendo pouco comum nas freqléncias usu- ais os fendmenos de espathanento. Quando © processo & de andlise © os defeitos a detetar slo da ordem do Comprimento de onda, o espalhamento torna-se importante pois pode dar crigem @ indeterminacdo ou néo detectabilidade do defeito na fregllén- cia utilizada. Interessa-nos no momento saber o Angulo de abertura do feixe sdnico produzido por um radiador qualquer, um cristal piezoele- trico ou ferroelétrico nos casos de inspecdo ou transdutor ferroelétri co, magnetostritivo, piezomagnético ou eletrodinamico nos casos de pro cessamento. Pelo principio de Huyghens, sabemos que a radiagdo produzi da por um pistao circular num abafador infinite, pode ser analisada pe Ja adigao das contribuigdes de uma distribuicao adequada de fontes se- jJecionadas em amplitude e fase de dimensoes puntiformes. A solugdo ana litica do problema @ oossivel somente em alguns tipos de fontes, sendo 0 processo grafico utilizedo na grande maioria dos casos. Para um pis- tio de raio a vibrando num abafador infinito, Fig. 2.2, a pressao num ponto B no campo situado a distancias grandes em relacio a 2a. @ dada pela expressdo: 23,( ka sen 0 ) r ka sen © p.edlat - kr) * % onde @ pg @ pressio no ponto B , p, a pressdo na superficie do pistao ra distancia da superffcie do pistdo ao ponto B, k = STL = = St o nimero de onda, © 0 Angulo entre a normal e o raio, vetat do centro do pistéa ao ponto B € J, a funcio de Bessel de primeira espécie (2) A fungdo diretividade D, se anula para argumentos da funcéo de Bessel iguais a 3,83; 7,02; 10,15 etc. Nessas condigdes, 0 lobo principal es- tara dentro do angulo send = 2283. . 9,6) 4— ka a -----— a aexyz) | FIG. 01.2 A expressao acima € conhecida como formula de Fraunhoffer e utilizada comumente para a determinacao do Gngulo de abertura de uma fonte cir- cular vibrando como um pistao num abafador infinito. Pela expressao de Fraunhoffer, observa-se jmediatamente que para um pistao de didme- tro arbitrario, a medida que a freqlencia das oscilacdes cresce, a ra diacdo se aproxima da propagagao retilinea. Entretanto, ha sempre um certo Angulo de abertura, angulo ésse que diminue a medida que a fre- quéncia aumenta, mas nao atinge o valor nulo para freqdeéncias finitas Ou para pistdes de ciadmetro finito. A abertura do anguio do feixe ul- tra-sOnico apresenta importancia marcante na analise sOnica, uma vez que a abertura do ngulo pode alterar de maneira decisiva o resultado co exame. Un enissor qualquer apresenta a funcdo diretividade Dy funcdo diretividade D., quando funcionando como receptor. Um mesmo transdutor para a mesma freqléncia, apresenta sempre De = Dy. Caso existam dois transdutores, um funcionando como emissor com a funcao diretividade D, e outro como receptor e coma funcao diretividade Dy, a diretividade do sistema sera D = DgD,. Quando o mesmo transdutor é utilizado tanto como emissor quanto como receptor, a diretividade do sistema é Este sistema & 0 utilizado comumente na inspecdo por wltra-sons pulsa- dos ou continuos € no sonar. Veremos oportunamente maiores detalhes do metodo. A Fig. 2.3 ilustra o Angulo de abertura do feixe para um emissor com varios didmetros e oara varias freqhéncias. Observa-se imediatamente que o angulo de abertura varia apreciavelmente tanto com o diametro do transdutor, quanto com freqlencia de operacao do mesmo CAMFO PREKIMO CAMPO DISTANTE~ FIG. 1.3 E importante saber com alguma precisao a abertura do feixe ultra-soni, co para a realizagio pratica de transdutores para fins especificos, uma vez que o campo que se deseja produzir é uma fungéo da abertura do feixe. Quando se deseja um campo difuso, coma energia sonora pro vindo de todos os pontos ¢ em todas as direcdes ( seja na transmissao ou recepgao) & importante produzir elementos sensiveis que irradiem isotropicamente dentro de ambiente com paredes fortemente refletoras ¢ ieregulares. Um exemplo comum do efeito da abertura do Gngulo dos emissores sonoros, € o sistema utilizado comumente na reprodugao em alta fidelidade. 0 al tofalante para baixas freql@ncias @ de qrande didmetro e o para altas Frequéncias € de pequeno diametro, procurando-se dessa forma, atenuar os efeitos da variagdo da diretividade do conjunto em funcgdo da fre- quéncia quando se esta em frente aos altofalantes do que sob um certo Angulo com a normal ao eixo do sistema. A tabela 1 ilustra os angulos de abertura © 0 campo prdximo de transdutores mais comuns e utilizados na inspecao ultra-sdnica. Verificaremos, oportunamente, o significado e@ a importancia do campo prdximo na inspecdo ultra-sOnica. A Fig, 2.4 ilustra a diretividade para um transdutor em fungao de d/X. Varios autores chamam de &ngulo de abertura aquele delimitado pelo va- lor I/f7 *e & entdo seno = = Frequéncia Diametro @| Campo préximo | 2 no Ago Angulo de mz mm nn am abertura 0,25 34 afi 4 24 32 0,50 35 25 12 24 - 1,00 25 26 6 12 +—— a 1,60 25 | a 3,75 10 2,00 25 54 3 8 2,00 10 8 3 20 2,25 25 60 | 2,6 8 2,25 10 2,6 2.6 18 7 + 3,00 +25 78 2 5°30! + 3,00 + 10 12,5 2 13°45! 3,50 25 a1 1? 4°30! 4,00 25 108 1,8 4 4,00 10 19 1,8 9 an 5,00 25 130 1,2 4 5,00 10 20 1,2 eo1s' 6,00 25 162 1 6,00 10 28 1 6 7,50 25 195 0,8 2°12! 7,50 10 31 0.8 5°30" 10,00 10 a 0.6 4 20,00 10 83 0,3 2 Reflexac, Refracdo e Transmis 0 campo ultra-sénico & descrito pela velocidade do som, pela rapidez ¢ pela pressdo (ou tensdo mecanica nos sdlidos) em fungdo do tempo, pela expressao = pc = 7 2.2 que € a impedancia caracteristica do meio. Caso a onda nao seja plana, @ expressdo 2.2 & mais complicada, valendo, no entanto, os mesmos con- ceites. A intensidade €, por definic&o, 2 quantidade de energia que atravessa a superficie ‘ 2.3 @ no caso de ondas planas, 1-1 py 2.4 2 € das expressdes 2.2 e 2.4 obtem-se 2 2 t.—P - wu pe 2.5 2p 2 E bastante comhecido o fenémeno de reflexdo luminosa; quando um feixe Ge luz incide sob um angulo # com a normal & superficie, o raio se re flete em parte e em parte se transmite ao segundo meio, fazendo um an gulo diferente do Gngulo de incidéncia. Analogamente, quando o som ao Se propagar num meio qualquer, encontra um meio diferente, ha uma re- flexdo do som e uma transmisséo ao segundo meio. £ importante observar Que quando @ incidéncia @ normal, ha sempre uma reflexdo e uma trans- missao. A quantidade de energia que & refletida ou transmitida depende da impedancia acistice especifica de ambos os meios. A impedancia a- cistica especTfica & definida pela expressao 2.2, Dois meios de impedancia aciistica especifica 2) @ 2) dao origem a uma reflexao re uma transmissao 1 dadas pelas expressoes: 2 —— : 17 2 2.6 1? +25 . 42, 1, 22 24 1 a "> (24+2,) +4, As expressdes acima mostram que dois materiais qualquer refletem e transmitem a energia sonora incidente idependentemente de onde o som esta incidindo, ou seja quer o som parta de um dos meios e incida no outro, a reflexao e a transmissao sera a mesma no caso do sentido de propagacao ser invertido. Nessas condigées, a quantidade de som que € refletida, quando se propagando no ar encontrar a dgua, @ a mesma que sera transmitida quando se propagando na agua encontrar o ar. Na inspecdo ultra-sdnica, assim como nos processos que operan com um re ceptor sintonizado, como no sonar e dispositivos analogos, o cristal receptor responde & amplitude do sinal recebido e nao 3 energia inci dente. Nessas condicdes, a amplitude que aparece na tela do tubo de Braum, seja de um refletoscdpio ou detetor de cardumes de peixes ou sonar, € proporcional & raiz quadrada da intensidade, uma vez que o cristal detetor @ excitado pela rapidez e nao pela intensidade. Como @ amplitude do sinal proporcional & rapidez e est& ligada a inten- sidade sonora pela expresso onde € 1 a intensidade sonora e u a rapidez, tal fato € justificado. Os interessados nos aspectos tedricos dos problemas devem recorrer a literatura indicada (12.3). Considerando a incidéncia como normal, i.8., que o feixe sénico esta ¥ distancia tal que a abertura do feixe pode ser considerada como nula (feixe paralelo), podemos considerar o exemplo seguinte: Suponhamos que um cristalem{tindo numa freqéncia de 6 MHz esta sendo utilizado para inspegdo ultra-sénica de peas que, para melhorar o a- coplamento, estdo submersas. Suponhamos que as impedancias do materi- a1 em inspecao e do ITquido apresentem uma relacio de impedancias tal que 0 coeficiente de reflexao liquido-pega @ de 0,65, ou seja, refletida 65% da energia incidente. No final da peca, suposta uma cha pa plana (estamos considerando somente incidéncia normal) ha uma cama da de ar, dando origem a uma reflexdo total, dada a diferenca de impe dancia entre a chapa e o ar. Considerando que a amplitude do pulso que aparece na tela do tubo de Braum & proporcional ao deslocamento da face de cristal, ou seja, @ rapidez, tal amplitude @ proporcional a ue nao at, o que torna nao tao importante as propriedades de re- Fletividade e transmissibilidade. Entretanto, € importante saber de onde o pulso sénico se origina e o quanto & devolvido ao detetor. No exemplo em pauta, do ultra-som que atinge a superficie da chapa, 65% @ refletido e 35% penetra na chapa de aco. Do que penetra na chapa 100% € refletido na interface liquido-ar e volta em direcio ao cris- tal. Entretanto, ao encontrar a separacio liquido-aco, @ refletido 65% do incidente, ou seja, 65% de 35%, i.8., 23% © atravessa a inter- Face 35% de 35%, i.€., 12% do som incidente. Nessas condigdes, o dete tor sera excitado por dois pulsos, o primeiro de 65% do pulso emitido € © segundo correspondente ao final da chapa (interface ago-ar) .con- tendo. 12% da intensidade emitida. Na tela do tubo de Braum, no entan- to, a amplitude do pulso sera proporcional a ue nao a I. Como ambas as grandezas estao ligadas pela expressio (1,2,3} 2 2.8 1 T= —Z.u 2 obteremos imediatamente, Amplitude do Eco u Entao, no nosso exemplo, o tubo de Braum indicara para a amplitude cor respondente ao eco 17quido-aco uma amplitude A, = 100. ¥0,65 = 81% e@ para a interface chapa de aco-ar a amplitude Ay = 100.¥ 0,12 = 35% da amplitude de um eco com reflexdo total. Observa-se que a amplitude do eco que aparece no tubo de Braum @ muito superior a que seria obti- da se o sinal fosse proporcional 4 intensidade de energia sonora inci- dente e nao a rapidez. A Fig. 2.5 ilustra o problema ilustrativo des- crito.; Liquipo AR FIG. 0.5 As expressdes 2.6 e 2.7 dio 0 comportamento matematico dos indices de reflexdo e transmissao, respectivamente, para meios ilimitados e inci déncia normal. Quando a incidéncia @ feita sob um angulo 9 coma nor mal, Fig. 2.6, abtem-se as expressdes z, cos @-z a 1 Z, cos + 2, - 20 = 42, cos @ 2, 2.7ea ym (2, cos @ + Zp)? E preciso considerar, no entanto, que o tipo de onda pode ser altera- do conforme 0 angulo de incid&ncia, como veremos mais tarde, passando ume onda de puramente longitudinal a uma onda puramente transversal ou a uma mistura dos dois tipos de ondas. Por tais razées, @ muito impor tante que se procure manter o tipo de onda e quando se constate uma alteragdo, esta seja determinada para uma inspecdo confiavel. Poste- riormente voltaremos ao assunto. FIG. 1.6 Considerando os fendmenos no campo distante, a amplitude do eco prove niente de um defeito, seja ele trinca, fissura, incrustagdo ou inclu S80, @ que determina as providéncias a serem tomadas. E Sbvio que @ amplitude dependera, além da rapidez do pulso incidente no cristal, da amplificagado do aparetho detetor. Mantendo tais variaveis constantes, @ amplitude dependerd ainda das grandezas seguintes: Diametro do transdutor Diametro normal do defeito Comprimento de onda Distancia do transdutor ao defeito Atenuac&o do som no material Ra yoa Como a poténcia emitida ou recebida por transdutor € Proporcional a quarta poténcia do diametro (1,2,3 ), a sensibilidade de um transdutor que opera alternativamente como transmissor e receptor obedece a tal lei. = fi - Nessas condigoes um transdutor de diametro 25 mm emite uma po cerca de 40 vezes maior que o transdutor de mesma freqiencia, parér de 10 am de diametro. ConseqUentemente, a rapidez sera maior @ a an- plitude do pulso recebido sera maior, Além disso, para que o pulso sdnico seja refletido, € necessario que o obstdculo tenha dimenso: maiores que o comprimento de onda, uma vez que uma anda se propagan- do num meio discreto da origem ao espalhamento. A experiéncia mos- tra que & possivel detetar un defeito somente se a area normal do de feito for tal que um cfrculo de mesma area tenha um diametro maior que 4/2. Caso tal condigdo nao seja satisfeita, o espalhamento da on da ultra-sGnica torna a detecdo inconfiavel. Por tais razdes & que nao sao utilizadas freqléncias muito elevadas no sonar, com a finali dade de evitar que peixes esparsos dem origem a ecos cuja interpreta ao pode dar consequéncias economicamente prejudiciais. A Fig. 2.7, ilustra esquematicamente a relacao funcional entre a amplitude do e- co recebido e€ a relacdéo entre o didmetro do defeito (ou refletor) e¢ o comprimento de onda. Observa~se imediatamente que podem ser cansta- tadas quatro Zonas no grafico, nas quais a detecdo passa de inconfia- vel a perfeitamente confiavel . Quando D/A € muito menor 0,5, nao é@ obtida indicagao alguma e nao @ possTvel detetar o defeito. Admitindo 0 defeito, suposto normal ao raio sonoro e de raio menor que 2/4, 7. D<<< 4/2, com dimensdes superiores a 1 mm para serem rejeitados, deve ser detetavel defeitos com didmetro até 1 mm. Nessas condicoes tal div mensdo estipula a freql@ncia minima a ser utilizada como sendo A FIG. 1.7 III 11 I Frequéncia Minima A mm Material em Inspegao 3 MHz 2 aco 3 MHz 2 aluninio 2 MHz 2 cobre 2 MHz 2 bronze 3 MHz 2 niquel 1,8 MHz 2 prata 1 Nz 2 chumbo 1,7 MHz 2 ferro fundido As freqdéncias acima séo as minimas a serem utilizadas, caso se preten da detetar defeitos com area igual ou maior que 1 mm. No caso do ferro fundido em particular, usam-se frequéncias que variam de 0,5 MHz a 1,0 MHz, uma vez que o tamanho da granulacdo e da grafite € da ordem de lum, 0 que torna a inspecao diffcil para defeitos do tamanho menciona do. Na segunda zona, a amplitude do eco detetado cresce com o quadrado da relagdo D/A, ou seja, com a area normal do defeito, sendo possfvel o estadelecimento de tabelas com pouca confiabilidade e que relacionam a amplitude do eco com a area do defeito. Depois de um certo ponto, a a- rea do defeito passa a ser téo grande ou maior que a area do feixe sé- nico e entao o eco perde a proporcionalidade com @ area, uma vez que a sua amplitude passa a depender da distancia entre o transdutor e o de- feito, diminuindo a rapidez e, consequentemente, 2 amplitude do pulso recebido, em fungdo da atenuacao do som no material. Suponhamos um feixe sonoro incidindo numa superficie que delimite trés meios distintos de impedancias Z), Z, e Z3. Caso seja 2, diferente e Z] = Z3. teremos o caso comum de propagacdo e transmissao do som atra- vés de uma placa. - 23 Por Algebra elementar obtem-se ('>?>3) para a reflexdo @ para a trans- missdo, pondo-se Z. gees g as expresses - 2.9 “placa ~ 2 an ane : ler 2.9 lace laca P P 2 2204 2.2. 2204 4n° cos ( y+ (m2 +1)” sen?y ) oy) ie Interessa verificar qual a espessura da placa que di o maximo de refle- xdo € 0 maximo de transmissao. Das expresses (2.4) e (2.5) ; 2 ne . 7 placa_ * 2.10 maximo 1 n+ a Tt =n Xe PlaCaa sy imo 2 2.11 A Fig. 2.8 ilustra a variacio de roy 4.4 © Tpyacq om funcdo da espessu- ra da placa, espessura em unidades de comprimento de onda da energia sonora. As variagdes observadas, torna muito importante verificar a es pessura do meio onde o ultra-som @ aplicado, uma vez que, dependendo da freqweéncia, podera haver reflexdo excessiva ou transmissao excessi- va, com prejuizos na interpretacdo, principalmente na inspecdo de mate- riais. Nas expressdes 2.4 @ 2.8 €n = Z)/Z, = comprimento 2 eM um inteiro arbitrario. de onda no meio FIG. 1.8 A Fig. 2.9 ilustra um feixe sdnico incidindo numa supe 80 de dois meios de impedancias Z) ¢ Zp. 0 feixe foi raios que incidem na interfece nos pontos A, By e Cy ples mostra que, quando 0 raio incidente em A atingir gird C), Nessas condicdes uma simples construcdo geomé crever c 1 sendo c, a velocidade do som no meio Z,. Entao, r= tec ct sena = A- Cy cot seng = —2)_ A-C e entdo, tem-se a lei de Snell, rficie de separa- dividido em trés Um ractoctnio sim Ap 0 raio C atin- rica permite es- =~ 25 - sena _ © bet? sen B €2 e, se os meios forem iguais, tem-se a reflexao, i.@., sen a = sen a=8 FIG. 0.9 11.2.1 - Conversao de Modo no Contorn Em analogia com a optica, © possivel obter uma reflexao total. Quando uma onda, ao se propaga num meio, incide num segundo meio cuja velo- cidade de propagacdo @ maior, os raios afastam-se da normal @ 0 angu- jo 8 sera maior que a, 1.8., a < &. Se mantivermos dois meios de impe dincia Z, e 2) © os raios incidirem na interface de tal modo que a = 0, se aumentarmos a, 0 Angulo @ sera de "/2 antes que a atinga "/2. Tal Angulo € 0 @ngulo de reflexao total, indicado por a,- Qualquer que seja o valor de a entre a, e "/2, sera sempre ® = 7/2, Entdo, o angulo de reflexdo total @ satisfeito para ¢ sen a, = —L 2.13 <2 ‘A. FIG. 11. 10 Suponhamos duas vigas ligadas da maneira ilustrada na Fig, 2.10, Apli- cando-se uma pancada em A, as ondas serdo longitudinais © se propaga- rao em dirego a B, coma rapidez no mesmo sentido em que se di a pro- pagacao do ultra-som. Ao atingir 8, a segunda barra serdé excitada passardo a existir na mesma ondas do tipo transversal, como 6 obvio. Suponhamos agora que um feixe sénico incida numa interface sdlido - 17 quido, fazendo com a interface um angulo diferente de w/2. Caso a in- cidéncia se dé numa interface sdlido-sSlido , a Fig. 2.11.a ilustra o paralelograma das forcas, observando-se que o mesmo se desloca sem de formagio. Entretanto, se a interface for sSlido-lfquido, a componente da onda incidente pode ser decomposta em duas forcas segundo os eixos X @ y, como indica a Fig. 2.11.b. A componente normal equilibrada pe Ja reagao F', da compressdo do 1fquido mais as forcas elasticas do sé lido. Obviamente, como os ligquidos nao admitem tensdes transversais, a forca Fy deverd ser equilibrada pelas tenses de cizalhamento do séli do. Entao, um elemento de volume na interface sofrera um cizalhamento, além da compress#o. Nessas condicgoes, o elemento de volume passa a fun cionar como uma fonte de Huyghens de ondas longitudinais ¢, no sdlido, ter-se-ao dois tipos de ondas, as longitudinais e as transversais Como as ondas transversais tém uma velocidade de propagacéo menor, as mesmas séo refletidas sob um angulo menor que as ondas longitudinais. F , Liuoe Fy ty scLivo sino % £ re Fe FIG. 0 {oI —_—_—_—— ——— . NV Fie. Ut0) A Fig. 2.12 ilustra uma caso genérico de incidéncia de uma onda longi- tudinal e as posstveis componentes que aparecem por reflexao e refra- gio. A figura inferior ilustra o mesmo fendmeno para a incidéncia de uma onda transversal. E possivel calcular as amplitudes e os Angulos das ondas refratadas e refletidas, bastando para isso manter as gran- dezas fisicas constantes, tais como momento e rapidez, decomposta em suas componentes horizontal e vertical. Teoricamente, € possivel calcular a pressdo do some a intensidade no caso ‘de converséo de modo num contorno qualquer para incidéncia ob1T- qua, J que nao ha conversao na incidéncia normal. da verificamos que - 28 - os transdutores respondem 4 rapidez u, i.6., respondem 2 pressio e nao @ intensidade FIG. u.12 dono, 1s2 354) Pp pol 2.14 podemos calcular a variacdo observada na pressao do pulso sdnico quan- do 0 mesma passa da agua ao Plexiglass, num Angulo de incidéncia nulo. i.@., para incidéncia normal, usando as expressoes 2.6 © 2.7 Peransmitido _ 2 2 2 - 2.3.2 = 1.37 Pincidente Zptly 3,2 41,48 -~ 29 - ; 42, - 453,2-1,48 trans) tt= 4 = DIFRACAO DAS ONDAS ULTRA-SONICAS Quando o meio @ ilimitado e isdtropo, as ondas ultra-sdnicas se propa- gam em linha reta, assim como as ondas de luz. Quando ha obstaculos no percurso das ondas sénicas, dependendo do diametro da tais abstaculos, campo, ~ CAMPO. | PROXIMO DISTANTE WZ tt 2 5 10 4% 12 VA Fig, 19 | 8 | Bf ] las ‘geo 16 | 4a | Sa2 = ho. . 210 $10 + 4 | a ot a Zoe f a 4 —4 a 92) — Q 1) 08 06 OF 02 0 G2 o% O68 O8 10 Ye FIG, 120 pode haver reflexdo, espalhamento ou difracdo. Quando a @rea dos obsta culos @ muito maior que o comprimento de onda tem-se o fendmeno de re Flexdo, como foi visto em II.2. Quando o diametro @ da mesma ordem de grandeza e os obstaculos sao muitos, tem-se o espalhamento, gue @ 0 ca so onde a frequéncia utilizada @ da ordem do tamanho dos micro-cristei: do material em exame. Quando o obstaculo € da ordem do comprimento de onda, ha o fendmeno de difragdo, em tudo analogo @ difracao em Optica. 4 Fig. 2.21 ilustra o fendmeno da difracdéo para ondas ultra-sdnicas no caso geral. A Fig. por si explica porque os defeitos de tal grandezo sio praticamente indetetdveis pelos processos ultra-sonicos. por theaqnqey-pope-pore |] ozs FIG, 1.21 7NO_E ATENUACAO DE ONDAS ULTRA-SON No estuda desenvolvido até o presente, o meio onde a onda ultra-sénica se propaga foi considerado perfeitamente elastico @ homogéneo, com as particulas indistingutveis entre sf. As moléculas oscilam em torno de posigdes de equilibrio, sem perdas, adquirindo energia cinética devido ao movimento das moléculas adjacentes e a transformando em energia po- tencial que 6 armazenada nas forcas elasticas e, pela Lei de Hook, os- cila pela troca da energia potencial em cinética e vice-versa sem que hajam perdas na conversao. No caso real, as trocas se dao com perdas Por atrito viscoso, atrito interno, condutibilidade e transformacdo em energia térmica etc., observando-se uma perda de sneraia a medida que @ onda se propaga. A absorcio € medida em termos do "coeficiente de ab Sorgéo", definido como logaritimo de variacéo da intensidade por unida de de comprimento de onda, e 2.17 que, em termos da pressao ou tensdo mecanica pode ser escrito, 2.18 observa-se, imediatamente, que a = a € 0 coeficiente de absorgao de pende do meio © da freqliéncta, % medida que a freql@ncia aumenta, o cog ficiente x cresce linearmente e as perdes séo devidas praticamente ao atrito interno, atrito viscoso. Quando a freqincia cresce e 0 compri- Mento se aproxima do diametro dos gros, aparecem os fenadmenos de espa Thanento, difragio ¢ a absorcao passa a aumentar com a quarta poténcia da freqléncia. Nesse caso, 0 termo correto a ser usado @ "atenuacao" e nao “absorgao". Na pratica comum de inspecdo, & habitual o uso do coe ficiente de absorcao por unidade de comprimento de onda, ac 2.19 f © 0 coefictente de atenuacio de energia por comprimento de onda, Bead = = 1 e728 2.20 No caso mais geral, Krautkrdmer (3) utiliza a expressao onde a, @ a absorcado e a, a atenuacdo devido ao espalhamento, difragao e outros fendmenos fisicos. Nos capitulos seguintes veremos as aplica ges de tais conceitos em casos praticos de inspecio e processamento. - 39 - FIG Tree % a incaiaetiaienninaeiiiaaneel 11,6 - TRENS DE ONDAS Nas consideracoes feitas até o presente, as ondas que descrevem o cam- po ultra-sdnico foram cansideradas como progressivas e senoidais, con- forme a exoressio 2.1, onde X pode ser a tenséo mecanica nos sdlidos, a pressao nos fliidos ou deslocamento das particulas. Tal tipo de on- das € usado normalmente no processamento sonico mas, nos casos de ins- pecio e detecgao de defeitos, € mais comum o uso de trens de ondas ou trens pulsedos. E preciso observar, no entanto, que nos casos de andli se por interferdmetria, medida de dureza, determinacao das viscosida- des etc., sdo também usadas andas senoidais progressivas e continuas. Nos casos de trens de ondas ou pulsos, existem valores fundamentais ta is como a largura do pulso t ea freqdéncia de repeticao = 1/T 2.21 ty * Ty sendo T, 0 perfodo de repeticdo, Tats grandezas indevenden de freqién- cia da onda que compoe o trem f, € de seu perfodo T e da amplitude A. A amplitude do pulso & igual a amplitude da onda que compoe o trem, A No passado, os circuitos eletrdnicos que constituiam os excitadores eram bastante elaborados, para que fosse aplicado ao transdutor um trem de ondas tao retangular quanto possfvel. Observou-se, no entanto, que o proprio transdutor alterava o pulso, dando ao mesmo as caracte- risticas proprias do transdutor. Por tal motivo, os instrumentos moder nos produzem pulsos exponenciais descritos pela expressao et 2.22 2 em varios casos somente um pulso Unico com forma de pico. Dadas as dificuldades para descrever tal tipo de pulso, a largura do mesmo € con siderada desde o maximo até o tempo que a amplitude cai a 0,1 Ap. 11.7 - ONDAS STACIONARIAS Jd vimos em [1.2 que o som se reflete ao encontrar uma superficie cujo produto densidade x velocidade de propagagdo, 1.@., impedancia especT- fica seja diferente. MN ANAN yt ty UUUU FIG. 1.24 lo processamento ultra-sénico, & gerada uma quantidade de energia sono- a que se propaga através do liquido ou ar e, ao encontrar uma impedan- ja diferente se reflete, dando origem a uma interferéncia tal que en Iguns locais ha soma e em outros destruicao dos efeitos. F possivel alcular exatamente as dimensdes do tanque para que existam ondas esta- ionarias, que permitam a obtencao de pressoes de muito maior intensi- ade. Para isso @ necessdrio um conhecimento da frequéncia de operagao da velocidade de propagacio do som no lfquido. Como a existéncia de ndas estacionarias dé como consequéncia uma falta de uniformidade na impeza ultra-sonica, uma vez que existem no tanque regides onde a lim- eza é muito mais eficiente que em cutras,diminue-se o efeito das ondas stacionarias utilizando os artiffcios seguintes, isoladamente ou em ombinaca I) Uso de duas freqtencias diferentes, como 20 KHz e 44 KHz II) Modular o sinal que excita o transdutor pela baixa frequéncia da linha II1) Movimentar @ pega que esta sendo limpa para posicao diferente en movimento lento. IV) Variar a altura do liquido cantido na cuba por meio de bomba, de maneira lenta. V) Construir um tanque com paredes irregulares, evitando dessa forma paredes paralelas. De qualquer maneira, o uso de uma modulacdo em baixa freqleéncia @ o Processo mais em uso, por apresentar indmeras vantagens, a par de gran de economia de equipamento, TRANSDUTOR Ite 11.25 A Fig. 2.26 ilustra o aparecimento de dndas estacionarias nos casos m is comuns, assim coma ilustra um transdutor de ceramica, destinado produzir uma alta intensidade numa regido pequena. Tal concentracao de grande interesse em alguns casos de processamento sonico, podendo ser encontrado no mercado transdutores de ceramica moldados sob a for- ma de lente. Quando nao, & possivel construir uma cuba contendo varios transdutores planos na base e dispostos de tal modo a concentrar o fei xe sGnico numa regigo tao pequena quanto queira. Vy 2) 3) 4) 5) 6) 8) 9) 10} Wy) 12) 13) 14) - 43 - 11.8 = BIBLIOGRAFIA Beranek - Acoustics - NcGraw-Hill Book Co., New York - 1954 Nepomuceno - Acustica Técnica - ETEGIL - 1968. Lindsay - Mechanical Radiation - McGraw-Hill Book., New York - 1960. 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Como normal- mente os transdutores operam por meio de energia elétrica, podemos em primeira andlise dividi-los em dois grupos: reversiveis e irreversTve- is, Tais transdutores funcionam segundo a interacdo entre um campo (elétrico ou magnético) @ a mat@ria. As leis basicas que regulam a con versao sdo a Lei de Biot-Savart ¢ a Lei de Coulomb. Além disso, 05 transdutores eletro-acisticos podem funcionar através do préprio campo ou através de um campo externo. Camo @ conhecido da Fisica Elementar, as relagées entre as forcas @ os campos sao quadraticas, ou seje, re- presentadas por F~A*, e para que nao haja alteracdo de freqUéncia, a relaco deve ser linear. Assim sendo, a relacao entre a forca exercida num condutor de comprimento & imerso num campo magnético B devido a corrente i passando pelo condutor € dada por F = Bai Como 8 = uH e por outro lado H = ni, obtem-se Fe ci? Analogamente, num material magnetostritivo, a relacdo entre a deforma- do (aumento ou diminuicao de comprimento) ¢ a corrente € dada por uma expresséo do tipo AL No caso da Lei de Coulomb, tem-se também que a9 o PU ss pug? 2 © obtem-se uma relacao quadratica em fungao da carga. Se aplicarmos uma variacdo senoidal em tal campo, obtem-se imediatamente: 2 F-(A sen wt)® = A sen? wt = Ay + A, sen(2 wt) 0 passando a freqUéncia obtida a um valor igual ao dobro da freqléncia aplicada. No entanto, se aplicarmos um campo continuo de mesma natu- reza que A, porém muito maior que A, obteremos F-(Ap + A, sen ot)? = AZ + 2 AA, sen at + AY sen® ot 2th 2 1A2 1 e como A, >> A, obtem-se FrC. sen wt + € e+0 ea freqdancia € mantida. A Fig.3.2 ilustra graficamente o procedimen to adotado, quando ha e quando nao ha um campo constante, que € chama do polarizacao. ' ~ ¥ FIG, 1.2 De um modo geral, um transdutor @ um tetrapolo no qual & aplicada uma corrente e uma tensao num par de polos e aparecem nos outros dois po- los uma forga e uma velocidade, A Fig.3.1 ilustra, de maneira esquema tica, um transdutor genérico como um tetrapolo. De modo geral, 0 “te~ trapolo permite escrever as relacdes: ele 1 * Tem FIG. 1.1 0 simbolo Tom Tepresenta a tensdo elétrica que aparece na malha elétri- ca por unidade de velocidade aplicada aos terminais mecanicos, © Ty, re presenta a forca que aparece na malha mecanica por unidade de corrente que circula na maina elétrica, Obviamente o problema & bastante comple- XO, uma vez que o movimento produzido na malha mecanica devido a uma corrente na malha elétrica di origem a uma reflexdo, devido ao fator de transferéncia inverso, diminuindo a impedancia como vista nos terminais elétricos. Analogamente, a corrente gue aparece na malha elétrica devi- doauma velocidade na malha mecanica da origem a uma reflexdo, aparecen do uma velocidade produzida pela corrente gerada e, consequéntemente, a impedancia mecanica sera alterada. Nao entraremos em majores detalhes, uma vez gue, para nosso estudo, basta saber que o transdutor & um dispo sitivo eletro-mecanico, apto a receber uma energia elétrica e converte- Ta em mecnica e vice-versa. Os transdutores, como descritos, sao reversiveis, i.€., operam em ambos 0S sentidos, podendo funcionar como transmissores ou como receptores. Por outro lado, existem muitos dispositivos que operam num unico senti- Go sendo sempre transdutores. Nessa ordem de idéias, a laringe e o ouvi do sao transdutores irreversfveis, assim como o piano, a sereia, o ap to etc.. que sio emissores. 0 microfone a carvaéo, 0 mais comum e exis- tente em maior numero, @ um transdutor irreverstvel, funcionando somen- te como transmissor, De um modo geral, os transdutores utilizados em Tecnologia Ultra-sdnica sdo sintéticos, Presentemente, estado sendo realizados estudos e pesquises visando subs~ tituir o Zirconato de Chumbo e Bario por ceramicas sintéticas de maior eficiéncia, dos materiais seguintes: PSN (Potassio-Sddio Niobato}, Nio- bato de Litio, Oxido de Zinco, Sulfeto de Cadmio, Tantalato de Litio, Metaniobato de Chumbo, além de varios compostos de Arsénio, Silfcio, Te lirio, etc. Estio sendo desenvolvidos estudos visando aproveitar os se- mi-condutores como transdutores, obtendo-se resultados satisfatérios em varios casos. N&o eftraremos em outros detalhes, uma vez que nosso inte resse € 0 uso dos transdutores e nao a tecnologia de sua construcao. Ao se falar em transdutor eletro-acdstico, € preciso ter em mente que um transdutor recebendo energia elétrica a transforma em mecdnica. Tal energia mecanica, devido ao acoplamento com o meio da origem a vibra- goes no préprio meio (ar, 1Tquido ou sdlido) que entao se transforma em vibragdes sdnicas ou ultra-sdnicas. A transformagao direta da energia elétrica em sonora so @ possivel, e de maneira aproximada, no transdu- tor idnico, onde as variagées de tensdo sao acompanhadas pelos ions ga- sosos e transmitidas diretamente ao ar. Nos demais casos, a transdugao & feita em dois estagios: de elétrica para mecinica e da mecanica para sonora. Um exemplo tipico sio os transdutores utilizados ma inspecao e processamento sénicos. Em linhas gerais, 0 processo 6 0 seguint Energia elétrica <> energia mecanica «+ energia sonora Wy Ee Transdugao Transdugao eletro-mecanica mecano-acistica 0 processo inverso @ abservado na transformagao da energia sonora em e- nergia elétrica, como & feito pelos microfones, transdutores de inspe- cdo ultra-sonica, etc. - 48 - IIL.1 - CRISTAIS PIEZOELETRICOS E CERAMICAS ELETROSTRITIVAS Em fins do século passado, os Curie desenvolveram varios experimentos que terminaram com a descoberta do fendmeno piezoelétrico. A piezoele- tricidade, para o nosso estudo, significa simplesmente as variagées e- Vétricas que sao observadas num cristal quando sujeito a uma tensdo me canica. Ha o efeito inverso, i. €., quando aplicado um campo el@trico observa-se uma variagao nas dimensoes do cristal e, consequentemente, ha o aparecimento de uma tensdo mecdnica. Tal efeito utilizado ha muitos anos e 0 mesmo @ encontrado em varios cristaise,deum modo ge- ral, em ceramicas artificiais. Como as ceramicas, embora se deformem sob acdo do campo elétrico apresentam constituicao semelhante a dos ma teriais magnetostritivos, as mesmas serdo estudadas quando estudarmos os materiais magnéticos. Un cristal de quartzo apresenta uma estrutura cristalina anisotrépica nas propriedades mecanicas elétricas eopticas. Interessa-nos em parti- cular 0 corte onde as relagées entre a deformacdo e 0 campo aplicado (carga) seja miximo e tal eixo & chamado piezo-eixo ou eixo piezoelé- trico. A Fig. 3.3 ilustra um cristal piezoelétrico, indicando a figura os cortes possiveis e mais comuns. A Fig. 3.4 ilustra esquematicamente o funcionamento de um cristal pie- zoelétrico cortado segundo o eixo x, o mais comum para aplicagdes de ultra-sons. Como o cristal em corte x vibra como um pistdo quando su- jeito a um campo alternativo aplicado nas suas faces, tal corte da ori gem exclusivamente a ondas longitudinais. Durante a expansio do cris- tal sob a influéncia do campo elétrico, as dimensdes segundo os eixos y ez se contraem, gerando uma série de compresses e rarefacdes. Nes- sas condicées, os movimentos segundo os eixos ye z sd0 transmitidos ao sdlido em inspecao, porque os liquidos nao admitem tensdes de ciza- Thamento. Entretanto, podem ser transmitidas as ondas superficiais que, por sua vez, dio origem a ecos dos cantos e que podem dar origem a in- terpretagdes falsas. De um modo geral, num material piezoelétrico ou mesmo ceraémica ferroelétrica, interessam os coeficientes seguintes: caMeva oF Lee | Coeficiente de acoplamento eletro-mecinico 2 _ energia mecanica convertida em carga energia mecdnica aplicada ao cristal =. ehergia elétrica convertida em energia mecanica energia elétrica aplicada ao cristal Constante Dielétrica: Esta grandeza relaciona a quantidade de carga que uma das faces do cristal pode armazenar, em relacao @ carga ar- mazenada por um eletrodo idéntico ao do cristal, separado por uma distancia igual do outro eletrodo, porém contendo vacuo entre elese n@o o cristal. Existem duas constantes dielétricas, uma @ a constan te para o cristal livre e outra para o cristal bloqueado. - 50 - FIG, 0.4 Tem-se 2 Flivre (> kD = epi oqueado Para o efeito inverso ohtem-se uma relacao analoga. Fisicamente, se o cristal for tensionado mecanicamente e os eletrodos estéo livres ou bloqueados obtem=se a relacio ay Fcircuito aberto (1 - *) = Ecunto cireuito indicando E 0 médulo de Young. Como num cristal piezoelétrico a aplica sao de uma forca da origem ao aparecimento de uma certa carga nos ele- trodos e também a aplicacZo de um campo elétrico da origem ao apareci- mento de uma certa deformagao, ha necessidede da constante chamada pie Somddulo, dada pela expressao volts/metro e Newtons /m E 0 campo elétrico produzido por uma tensio mec&nica num cristal piezoelé trico @ indicado pela constante g. Tal constante esta ligada ao piezomd dulo por meio da expressao é ke €9 Norsalmente, g = 10°? m.volts/Newton e cg @ a permissividade do vacuo, igual a 9.107!2 farads/metro. E importante observar que para um piezomodulo grande g @ pequeno e vice versa. Nessas condicées, como as aplicacées dos ultra-sons sao ou de po téncia, onde ha necessidade de grandes deformacoes para campos elétri- cos tao pequenos quanto possiveis, ou sao aplicagdes de detecao, onde hd necessidade de grandes sinais de saida para deformagées pequenas, & importante conhecer g e 6 para a escolha do material. 0 quartzo apresen. ta uma constente § pequena por ter uma constante diclétrica baixa. As ceramicas artificiais podem ser fabricadas de modo a apresentar as vari agoes que se quiser (dentro de limites) em ambas as constantes. E possT vel adquirir no mercado ceramicas destinadas espectficamente a geragao de ultra-sons ou i sua detecdo. As constantes sdo ligadas pela relacao: 2 zg. 8 A tabela seguinte ilustra as principais propriedades dos cristais e ce- ramicas mais em uso e a Fig. 3.5 ilustra os limites de temperatura admi tidos pelos diferentes materiais [- NIOBATO DE QUARTZO | __TITANATO DE. aite0 App JSAL_DE ROCHELLE -275 -200 —100 0 4700 200 «300 400 500 FIG. 01.5 2 8D Na tabela, figuram os Indices dy, (correspondentes ao piezomédulo 6) 933- Tais Thdices referem-se & notagdo utilizada na teoria dos tensores, extensivamente usada no estudo dos cristais. No nosso estudo, interessa- nos saber que um cristal cortado segundo os eixos convenientes, pode ser representado num sistema ortogonal onde o eixo x é designado por 1, y por 2 z por 3. 0 primeiro niimero (eixo x) & a diregdo elétrica, 0 se- gundo niimero a direcio mecanica. . . Quartzo | Titanate) Zirconato-Tita |Metanio Propriedade Fisica | conte x [de Bario|nato de Chusbo|bato de| Unidades P2Té PZTS Chumbo Densidade 2,65 5,6 | 7,6 Ta 5,8 /10%kg/m? Impedincia Especif.| 15,2 24 30 28 16|10°kg/m?s Espessura.Frequénc.|2.870 2.740 |2.000 } 1.800 | 1.400] kHZ.mm Temperatura maxima | 550 7o/s0 | 250 | 290 500 Const, Dielétrica | 4,5 1.700 |1.300 | 1.700 225 : k33 0,7 0,48 | 0,64 | 0,67 0,42 Z Piezomiduio dz Bi 149] 285 | 374 25 |i07 ayy Temperatura Curie S75 115 | 320 365 550 Se 933 68 ua] 26 25 | 42,5 Jn» Wa NSdulo de Young a 2,9|10! Ow /m2 Nessas condicoes, yindicacdo dy, significa simplesmente a tenséo meca nica mo cristal segundo o eixo z, em consequéncia de uma tensao elétri- Ca aplicada segundo 0 eixo x. Conversamente, d3, indica a tensdo que apa rece na direcao do eixo x em consequéncia de uma tensdo el@trica aplica- da no eixo z. Obviamente, caso o segundo nimero seja 4 ou 5 ou mesmo 6, 9 mesmo indicara um cizalhamento en torno dos eixos x,y ou z. Nessas con digdes, 4,, indica o efeito de uma tensao elétrica, ou seja, carga elé- trica eplicada segundo 0 eixo perpendincular ao eixo z. Como as propriedades elétricas € mecdnicas nao sao as mesmas ac longo dos diferentes eixos, na caso géral dy), # d33- Enbora 0 estudo dos cristais piezoelétricos seja importantissimo na tec nologia ultra-sdnica, assim como das cerdmicas ferroelétricas que pra- ticamente j@ substituiram os cristais na maioria das aplicagdes, néo en traremos en meiores detalhes, devendo os interessados recorrerem 4 lite ratura indicada ‘17>'3)_ tnteressa-nos téo somente saber que, nas apli- cogdes de andlise, os cristais de quartzo séo ainda extensivamente usa~ dos, embora num grande niimero de cabecotes jé estejam sendo utilizadas ceramicas de maior eficiencia e de custo muito menor. Nessas condigées, vErios sistemas modernos de inspecdo que utilizam dois cabecotes, trans, missor e receptor, utilizam ceramicas diferentes em-cada um deles Existem ainda outras propriedades dos cristais mas néo entraremos em maiores detalhes. Durante o estudo da inspegao ultra-sémica, teremos @ oportunidade de verificar algumas propriedades importantes, quando tere mos ocasiao de yoltar ao assunto S MAGNETOSTRITIVOS - PIEZOCERAMICAS MATERI A magnetostricgao @ o fenomeno observado em certos materiais que apresen tam uma variacdo de suas dimensGes quando sujeito a campo magnético. Va rios materiais apresentam tal propriedade, sendo a mesma mais acentuada em uns que em outros. A Fig. 3.6 ilustra a variacdo relativa de compri- mento para alguns materiais em funcdo da magnetizagao aplicada. Observa se imediatamente que o niquel € o material que apresenta a maior varia- ¢30 em fungao do campo, motivo pelo qual o mesmo foi usado praticamente como material Gnico em tal tipo de trabalho. A grandeza de deformacado lustrada na Fig. 3.5 obedece aproximadamente a lei empirica Ag 2 = Tg = Constante.By 3.1 a que @ uma funcdo quadratica, como j& observamos em III. Na expressao a- cima, Ty @ a tenséo mecanica no material e By a densidade de fluxo pro- duzida pelo campo magnético aplicade, Ho. Lov ° 4 . 2 © 20 @) « 6? ——e x FIG. 0.6 Como sabido, a equacao' nfo se aplica nas proximidades da saturagdo. Caso o material, supondo uma barra, esteja livre, nao sao aplicados es forcos mecénicos externos, sendo todas as tensdes devidas Gmicae ex- clusivamente ao efeito magnetostritivo. Caso o valor da tensao seja Tg, Serd AT = dTy @ entdo AB = dBy, obtendo-se a equagdo basica damag netostricao AT = 2,Constante.By AB ou AT = Bus Pela lei de Hook, € deformagio _ __e. nddulo de Young E obtem-se a tensio devida & deformacio c. Se somarmos & tenséo acima o efeito magnetostritiva, obtem-se a tensdo mecanica total pela expressao € Tegean: Sg Pel a3 Os materiais magnetostritivos sao caracterizados por niimero de constan tes que esto tabeladas em varios tratados, tais como distorgao mecani. ca por unidade de indugdo magnética, permeabilidade magnética, forga mecanica exercida por uma barra com extremos fixos, etc, ee N&éo entraremos em tais detalhes, uma vez que nosso interesse limita-se as aplicagdes do ultra-some nao @ tecnologia dos transdutores. Por tais razées, cuidaremos somente dos aspectos fisicos do funcionanento dos transdutores. A constants y,s € a permeabilidade incremental na sa turacdo, que relaciona a inducdo magnética B & forca magnetizante H de vida a bobina de enrolamento, sendo H dado em ampér.espiras/m. 0 térmo “Permeabilidade incremental saturada", embora um tanto confuso, @ 0 que descreve o comportamento de uma barra nas proximidades da satu- racdo devido a um campo continuo forte (polarizacéo), sujeita a uma ex- citagéo alternativa na bobina. Normalmente, os magnetostritores tem a forma fechada, toroidal ou retangular, sendo aplicado na bobine um cam- po alternativo sobreposto a um campo continuo de polarizagao. Aplicando se uma corrente alternativa de modo que H varie numa diregdo e depois ha diregao contraria, a indugaéo magnétice B parte de zero e percorre a conhecida curva de histerese do material. E importante observar que pera H = 0 nao & obtido o valor B = GO. Se apli carmos uma corrente continua na bobina, a inducZo magnética B permanece v3 num ponto determinada B, e uma ‘corrente alternative aplicada na mes- ma bobina ou em dobina separada dara origem a uma curva de —histerese maior ou menor, A inclinagao da reta que une os extremos de tal curva de histerese menor & a chamada permeabilidade magnética. Chamando u,s a permeabilidade incremental e ug uma constante que ligue H 2 B obtem-se ¥owast A Fig. 3.7 ilustra a operagao de um transdutor magnetostritivo nas con- digdes de polarizacdo intensa B, e de baixa polarizaggo 8,. E importan- te observar que ha grande divergéncia entre os especialistas, uma vez que na opinido de alguns o campo de polarizagao deve ser tal que o B permanega no ponto de inclinacéo maxima da curva de histerese, onde se obtem o maximo de efeito magnetostritivo e outros, considerando que os magnetostritores trabalham geralmente ligadas @ concentradores, onde as limitagdes sdo impostas pela resisténcia & tensdo do material e, nesse caso devem também trabalhar com baixa saturacdo.

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