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ACERVO DIGITAL FUNDAJ Discurso do Dr. Joaquim Nabuce pronunciade na kermesse organisada pela h Comiss&o Central da Cruz Yermelha a favor dos feridos na guerra civil do Rio Grande do Sul, a 2 de julho de 1893 no Cassino Fluvinamtcio Joaquim Nabuco 4 www.tundaj.gov.br ae] «hh EA aie eas senate aeeinn ae 5: DISCURSO DR. JOAQUIM NABUCO PRONUNCIADO Na kermesse organisada pela commissdo central da Crux Vermelba A FAVOR DOS FERIDOS: GUERRA CIVIL DO RIO GRANDE DO SUL A 8 de Julho de 1893 CASSINO FLUMINENSE Rio pe JANeino ‘Typographla do Jornat do Commercto, de Rodrigues & C. 1803 Senhoras e Senhores, estou certo de que o movimento popular de sympathia yela revolucio Rio Grandense ha de ter produzido em todos vis a esperanca de que, apezar de separagdes profun- dag, 0 eoraedo brasileiro achara sempre que se trate de sua humanidads, modo de vibrar por algum seatimento que escape a toda coucgio imaginavel. Pedirio-me para fallar esta noite sobre a caridade, ¢ obedeci ao convite irreeusavel pela sua procedencia ¢ pelos ous motives; Tas DRO vos parece que Wao é dé caridade que se trata? Brasileiros que recolhem brazileiros feridos no campo de baialha nao fazem o papel do bom Sama- ritano; praticla um acto de solidariedade nagional. Eu julgo assim poder occuparme do assumpto que esti em todos os pensamentos, sem esquecer, Sobretudo nesta tri- ana ueutca, o que devo ao meu proprio retrahimento polities, Nio chegou, com effeito, odia em que os poli- ticos do antigo regimen que nao repudiérae o seu passado possio manifestarse em nenhuma questdo, sem prejudicar o lado que abracarem. Essa é o verdadeira morte civil que pesa sobre elles, porque nenhuma paralysia é mais invencivel, ainda que nenbuma seja meas mais subtil para todo aquelle que seate a suas responsabilidades intelle- etunes, do que o receio de tornar suspeita com a sua sym- pathia a liberdade, o direito ou a justica. Por isso tambem ha tres ou quatro annos que me iero habitnar a acompanhar as cousas do nosso paix apenas com esse interesse especulntivo com que o histo- riador no meio da sua bibliotheca se apaixona pelas f- grurag ¢ lutas do passada, |» « Como, porém, se hesitais em pronuneiar-vosem cau- sas do interesse publico, vos manifestais nesta ? » Por uma simples raziio : porque esta JA atravesson a phase em que as causas em litigio podem receiar suspeitas ¢ intrigas. Ella sémente corre hoje um azar, o de campo de batalha, Outros dirko tambem: « Se nada esperasseis desse Movimento, nao sentirieis sympathia por elle. » Que esperavamos nés, por exemplo, da victoria dos Congressistas Chilenos? Que esperava o mundo da Ji- berdade da Grecia, de Veneza, dos Estados do Danu- bio? Neste caso, como nos outros, 6 a propria emocao do drama representado perante nés que nos subjuga como espectadores. A plaiéa nio precisa de outro guia senio do seu proprio instineto para descobrir a fig que domina a scena. Quem desconheceri 0 protogonista historico do drama que se desenrola actualmente sobre as coxilhas ¢ camprs do Rio-Grande ? Os que condemnao # revolucdo politicamente por certas apprehensses, os que induzem o sen programma, a sua bandeira, a sua reaultante final do ascendente deste ou daquelle personagem, possuem ui sentido mais flac que o dos rastreadores da Pampa, porque julgao de um tropel distante por um rasto que ainda nio existe. Para mim a conclusio a que cheguei em materia de previsao politica é que os acontecimentos mao sio a ferramenta de quem os fabriea, mas de um poder oeeulto, do impre~ visto. Politicamente, a revolugao @ um corpo amorpho, éum puro movimento reflexo, 0 esforco que 0 organismo no qual falta o ar faz para respirar. Podemos, pois, deixar de lado os aspectos politicos da revelucio para estudar as causas da sympatia que clla inspica. Para isso é preciso comecar por afastar as pre- vengoes que se levantio contra ella, A primeira é que ella vein comprometter a paz publica. A verdade é que ella irrompeu de uma situacao profundamente conturbada. jie na qual os governos se sueeedigo como as lavas de uma cratera, O Rio-Grande exactameate por ter tomado a iniciativa de resistencia soy golpe de Estado devia ser o Estado onde aaccio po- a do centro chegaria mais tarde. Rio-Grandense seatia que devia m : intaeta mesmo porse haver mostrado necessaria. dofesa das {6rmas re- publicunas contra aecessos periolicos de dictadura. Atima de tudo, vis vos recordais, © que ferio @ coragio Drazilei o forao as seonas de sangwe de Porto-Alegre ¢ outras que forio explicadas como uma retaliagao comira atrocidades semelha.ites do lado contrario. [sso e a con fesar que o Rio-tirande era ums Corsega politica, oade 86 havia de p4a lei da vendetta, Nio havia, pois, ordem publica, Quando mesmo houvesse, os Rio-Graudeuses podiao aspirar aoutra esperio de ordem Operiodo critico do novo ensaio de go erno sao exacta- mente estes primeins anuos. (Jue especie d+ oidem brotari, neste solo da semente eaxe-tada que lhe confidrio t Sera. aordem qiealaste a America Latina? Eu teaho ouvido por vezes, ni Europa ¢ ein paizes’ americanos, 0 queo es- trangeiro desoja para elles. BE’ mito pouco: saber que 0 homem forte que uma vez ahi surgio naodesappareca m: EY assim que © Mexico inspira maior contianca do que a outras republicas, por causa de Porfirio. Diaz. Esso ho- mem nem sempre apparece ; a sociedade debilitada nao os pode dis vezes produzir, mas onde elle se mostra firma- uma dictadura espontanea em seu favor, provocadade fra pelo credico, de dentro pela ordem publica. Nin- guem mesmo péde facerse das candigaes que elles impoem para se responsabilisarem pela paz publica, é um pacto tacito entre elles é a communhio que renuncia a li- berdade para ter a ordem. E’ natural, porém, que 0 Rio-Grande nao se contente com essa baixa transaccio, que s¢ tornou normal em ® tantos paizes. A condieto do nosso sdlo é privileginda, como ado Chile, por cineoenta annosde cultura liberal ; temos elementos de liberdade, mesmo no exercito @ ar- mada que 86 fizerio guerras de libertagho, que nie podem. desapparecer de repente. A ordem que o torrao brazileiro deve querer produzir nao péde ser a. planta que eresee es- teril na America Latin, e sim a que no America Saxonia dia libsrdade como frueto. Renan figuca uma hypothese : Supponhamos as laranjeiras affectadas de uma doenca que 86 ge possa curar impedindo-as de produzir laranjas. Valeria acason pena? Eudirei tambem: Supponha-se a ordem affectada de um inal que <6 seja euravel impedin- do-+e-a de produ ir a liberdade, valeria a pena? Para tim haveria muito po ico interesse, fallando come brazi- Jeiro, nko como estrangeiro, em salvar a ordem que no pudesse dara Lberdade senfio como seu fructo, ao menos come a sua flor. O receio de perturbar a ordem é um. juste receio, mas tem limites naturaes. A guerra civil Chilena nao fezo mesmo mal ao credito exterior nem ao organismo interno do Chile que fez 4 Republica Argentina, por exemplo, a acquiescencia docil 4 sua ruima financeica, © papel que © Rio-Grnde pareee querer representar no processo dit. ficil da fundigdo republicaua étalvez o de impedir que o metal fundido corra todo de um jacto para um molde defi- nitive iusuilicionte para recebs-lo todo, porque nelle no vai sémente a ordem extremamente contratil, vio in- stinctos ¢ tradicGesde liberdade que nunca deixario de expandir-se entre nds. Outea prevencao & que as victorias sio ganhas contra o exercito. Ninguem leri sem peaar as noticias de baixas ¢ soffrimentos nos quadros do nosso exercito. Ha porem nas guerras civis umn terrivel divisto de sea- timentos no coracio do soldado. Na guerra esteangeira osen sangue the parece pouco para dar pela causa do eT 7 5 paiz. Na guerra civil elle muitas vezes, poram, combate por obrigacao contra uma causa que como cidadio de- seja ver triumphar. E por isso que nas guerras civis se devera enrolar a bandeir Na federagio, porém, a anomalia @ maior. Todos sabem como os Sulistas cobrem de #léres 08 tumulos dos seus grandes soldados da guerra de separacéo, So elles os herées nacionaes. Seri porque o Sul pense Sempre em separar-se, ou Iamente a escravidio per dida? Nao, é porque na Federagio, 0 cidadao, ¢ por= tanto, o soldudo, tem duas patrias, a menor que é seu Estado, a maior que é a Unitio, e tendo um 36 coracao elle © di todo ao torrao natal. Foi assim nos Estados Vnidos, seria assim na Suissa. Onde esse sentimento nao existe, a federacio ainda nao creou raizes. O que Os Snlistas honrio nos seis grandes soldados é apenas © patriotisme, como elle crystallisa em uma federacko yerdadeira. As guerras civis pertoncem 4 historia na- cional com tudo que ellas t€m de heroico ¢ de desinte- ressado de um e de outro lado. Outta prevengio 6 que a revolucéo vem do estran- Geiro. Mais de uma vez temos tido questoes graves com © valente © generoso Estado Oriental. Porque? Porque a sua zona da fronteira é poyoada por brazileiros. Foi assim em propriedades brazileicas, em fogoes brazileiros, que se organisou o movimento de regresso, chamado in- vasio. Isso prova sémente as amarguras soffridas e difli- culdades encontradas. Mas, além disso é muitas vezes nas fronteiras qué se abriga a liberdade foragida de uum povo. Esse direito de asylo tem mais de uma ves acolhido a causa republicans. Nos tempos de Rosas era na cmigraciio refuginda no Chile que estava a esperanca nacional argentina, Diz se por fim que do lado da revolugio nao so hater sémente republicanos indiscutiveis, mas republi 8 canos suspeitos ¢ até monarchistas. Essa é uma pre- vencio ‘piramente politica, que nfo affeeta o senti mento geral do paiz. Nos movimeutos nacionaes obli- terio-se as divisoes partidarias. Elles arrastio homens de todas as-crengas, nacionaes e estrangeiros, em sua onda. Republicanos e monarchistas combatéria juntos pela Independencia e soffrérao nas mesmas masmorras ; monarchistis e republic nos lutirio unidos pela abolicio entririo juntos no Pacoa 13 de Maio. Os principios eraes formicio durance um largo periodd a legitima inviolavel de inuitas geragoes- nossas. KE’ natural que todos tenhio o mesmo interesse nelle. Afastadas as preveneoes, de onde vem a sympathia? Ella procede, pode-se diser, da intervencde do centro que alterou o caracter da luta. Se a Unido nio se tivesse e1 volvido nesse duelo Rio Grandense, sendo como testemu_ nba e guarda do terreno, a Inta teria despertado pouco interesse além da feonteira do Rio Grande, e se durante ella surgisse algumn bandetra politica, como a parlamen- tar, por exemplo, as sympathiis do pais se grupaciao de modo diferente do que hoje estio. O dilemma do Governo era este: ou elle assamia no Rio Grande a dictadura da pacificacto, ou julgaado-se impotente para essa avoca- ia diffieil, tolhido de o fazer por algum fetichismo ou beocismo constitucional, deixava a sociedade Rio-Gran- dense, que afinal tem que viver juata na mesma casa, des- affroatar agua civilisagho de qualquer modo. « Ninguem é mais partidario do que eu, disse um dos actuaes ministros da Inglaterra, da applicacko a todo custo da lei, mas fica cerios, 86 ha um mado de levantar o alicerce de wma admi+ nistracdo fiemo, é sobce uma impareialidade de ferro. » Ao governo interventor faltava esse requisito, sem o qual nao ha paz publica, Entio o coracso do paix fixouse na designaldade dessa uta em que punhados de homens sem armas, sem ; munigdes, sem ragio, sem rowpa, sem abrigo, sem goldo, 8@ atreviio a contestar o dominio politieo do seu Estado, a6 exercito regular de uma grande nacio, Wf da natured humana admirar esses rasgos desinteress+dos. Quem dei xark de admirar por exemplo o mod® por que o Paraguay sacrificou até a ultima erianga, Iutando contra tres nacoes unidas ? A chamada invasio Rio Grandense 6 um desses movimentos que 0s poves fazem sem uma 86 contingencia asen favor para salvar o que vale mais que a vida de uma #eracao inteira, essa fibra sagrada, que 6 9 verdadciro ta- lisman de um paiz, porque 4 della exelusivamente que péde nascer a independencia, a liberdade ¢ 9 altives na- cional, Como entao nio se sentir commovide por esse esforco que estiy fazendo reviver aos olhos de toda a Pampa a tra co do valor Rio Grandense, que den ao paiz pelo menos a metade de suas legendas militares 2 A sympathia publica, porém, niio provém sémente da pelo heroisma e da convieeso do direito perfeito do Rio Grande & sua autonomia, provém tambem de um duplo receio. Muitas vezes a sympathia por uma causa é 0 proprio instincto de conservacao nacional que se revela. 0 primeiro receio 6 0 de ver afrouxar por uma rem vencin ingrata o sentiments que une o Brazil inteiro. A federacio ¢ a forma natural de governo em um paiz que € quasi um lemispherio, como o Brazil, mas a federacio, se ¢ a mais perfeita, ¢ tambem a mais ftagil de tod cohesdes nacionues. Desde que o centro exorbite, o Estado ‘autonomo tende a escapar pela tangente. Se os astros rolio Serenamen.e no espaco 6 porque ha grandes distan- cias entre elles. Um Rio Grande do Sul abafado, subja- gado como uma colonia politica, seria uma porta aberta, 8 portada desolacio,a qualquer tentativa contra o Brazil ; wun Rio Grande, separado, seria o Brazil desfeito de sul, a norte, 10 Ha ainda outro receio. En fallo impareialmente, porque reconheco as diffleuldades invenci dos que’ ‘estao querendo resolver um problema insoluvel. A ver- dade, porém, ¢ que nos estamos habituando a desarmar com uma indifferenga, que seri excellente optimismo in- ternacional, mas que nio 6 administragko, sobretudo i vista dos sacrificios que o paiz faz para se proteger. Foi assim que estivemos a ponto de ver afundar em nossa. bahia um, senio os dous, dos nossos- grandes couracados, que assistimos ao bombardeio da nossa prinéipal fortaleza, que temos tio 03 nossos corposde exercito distribuidos como guarni¢des politicas, Nenhum desarmamento, porém, é tio perigoso como essa ligito de cousas que estamos dando gratuitamente a0 estrangeiro sobre a nossa tactica, a nossa mobilisagio, 8 nossos recursos, 08 NOssOs generaes, no que poderia ser eventualmente 0 proprio theatro da guerra, Para o estado-maior de uma nucio que tivesse interesse nisso, o estado das operagses no Rio-Grande Seria um fico de e: larecimentos tio Iuminosos, como forko 08 combates em torno de Valparaizo, Para dispdt sua politica, eaptar suas amisades, preparar g seu futuro, ahi estio todas as informacoes precisas, 8d falta uma feliz- mente: a differenca entre:o que pode. uma nacho sob um impulso unanime e o que ella deixa de poder sob um constrangimento tambem unanime. Estao ahi o: motives da sympathia geral que a re+ volucio inspira. Isto nao quer dizer que a opiniao se pro- nunecie antecipadamente sobre o uso que os revolucio- narios possio fazer de sua vietoria, se a aleaucarem ; quer dizer, sim, que ella esté convencida de que a sua derrota deixaria uma lesio incuravel no seio da patria, no seu pro- prio coracko, que éa fronteira. Péde haver no fundo dessa emocio uma ou outra esperanca de liberdade ; no geral porémoqucha ¢ ad a0 pelo heroismo, senti- mento do direito da causa, ¢ receio de estremecimento na- a bed u tothe © interosse que todo Brazileiro sentiré sempre pelo soldado ou marinheiro na- jonal que cumpre ordens por mais ingratas que sejio. E' esse 9 brado de sympathia que parte desta re- unio. A commanhao brasileira esti preeisando de cul- tivar a tolerancia que lhe é innata porque ha presagios de sériasdifficuldades. O nosso paipel-moeda degenera em verdadeiros assignados ; 03 noss08 e.nprestimos eacalhio pela primeira ves no Stock Exchange de Londres; 0 orga~ mento como seu deficit caudal entra na casa dos irexentos mileontos; adivida publica é um labyrintho, a nacho jé nio sabe quanto deve, emprestimos externos, apolices de ouro e papel, emissdes banearias, lastrese bonus, garan- tins de juros, concessoes onerosis, indemnisagoes recla- madas, dividas federal, estadoal, municipal, municipio federal, 580 parcellas giganteseas, formio. algarixinos as tronomicos, causio aimpressio que devem ter sentido os nosso hos quando, baldado o emprestmo estrangeiro, vido que economicamente tinhio que se devorar entre si comoos naufragos da Medusa. Ao passo que as difficul- dades financeiras se accumulao, as classes pobres que ja mio se alimeatayay hem, Intao com os precos da carestia, ¢ tam diante de sia fome. Com 0 maior patriotismo, 08 melhores homens, a approximacao entre todos os espi- ritos desinteressados, a maxima liberdade, serifio sempre dias difficeis, e asphynge esqualida da bancarrota domi- naria muito tempo a estrada por onde o paiz todo tem que passar, antes que alguem Ihe deeifrasse o enigma. Na situacio, porém, em que nos achamos, com as idens admi istrativas que hae as paixoes politicas que as tornio Possiveis, sio dias verdadeiramente sombrios. A Cruz Vermelha surge neste momento como um symbolo nacional apropriado. E’ o signal de perigo que ge levanta em todas as pontas da costa a approximaio da 12 Dorrasca, Ainda que ensopada em sanguc, é sempre a eruz do Christo, Eu nto poderia pela minha parte negarthe o men eoneurso. Como Pericles disia da mocidade Atheniense sem Marathona — 0 anno perdeu a sua primacera, de um Rio-Grande do Sul, abatido sobre a sua lanca pelos mandlichers federaes, se podeck tambem dizer: o Brazil perdeu a sua Vanguarda. Infelizmente, o3 que temos a mesma conviccio estamos tolhidosde cooperar com os republicans nas causas lihemes, como outr'ora repme Dli¢anos cooperavia tomnoseo, pelo ex peita. Nao ha accusacio usivisme da sns= ue nip nos tenha sido feita ! Accusirio-nos de deprimir o cambio, jogando n Daixa, como se jogadores tivessem duvida por escru- pulos monarchicos de espeeular na alta, se vissem ten- dencia do mercado para subir. Avensirio-nos de des acreditar 0 Brazil na Kurop,, como se houvesse exempla de uma dynastia cahida que teuha respeitado com maior eserupulo no exilio a sitincao aflictiva de Aceusiriio-nos de ter quevido fazer eapital politico com 0 traiado das Missoes ¢ elle foi rejeitado quasi unanime- mente pelo Congreso Republicano. Accusirio-nos de explorar as exequias do Imperador, e ellas nao tiverio lugar, ¢ até hoje nenhuma voz se levantou para pedir que os restos de Pedro If fossem removidos do deposito mor- tuario dos reis portuguezes. De nada nos defendemos, porque comprehendemos que somos uma necessidade da administracéo republicaua, como os primeiros christios o ério da Roma imperial. Nao ha nada mais util para um governo do que ter 4 mao um grupo de homens sobre quem Janear todo resentimento publico. Eu pela minha parte me resigno aviver nesse circula de desconfianca = ha porém um extremo a que nenhum poder humano pdde chegar, 60 de exigir, como segundo a Divina Comedia o " exige a justica divina, dos que assistem a execucao dos seus actos, que nio siatko compaixao pelas vietimas. direito da sympnthia, da compaixiio, nie o re- nunciamos, ¢ foi ese 0 que exerci esia noite, Olhando para os campos tiladus do Rio-Grande do Sul, aeredi- tai que nao pronunciei uma sé palavra que nao ti- ‘vesse antes passada pelo erisol do angustioso sentimento que 0 poeta da Gallia devastada tao bem polio nos seus versos: « Guerras prolongadas defo: mario os teus bellos campos, mas quanto mais tristes, mais direito elles ém_ a0 nosso amor.... KE) crime menor esquecer oS seus eon- cidadaos na tranquilidade ; 9 infyrtunio publico reclama, porém, a fidelidade de todos. » Illa quidem loagis nimium deformia bellis, Sed, quam grata minus, tam miseranda magis. Securos levius crimen contemnere cives ; Privatam repetunt publica damua fidem,

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