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SANTO. A DOUTRINA CRISTA exegese e formacio crista o PATRISTICA APRESENTACAO Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na Franga, um movimento de interesse voltado para os anti 3 escrifores eristGos e suas obras conhecid nalmente, como “Padres da Igreja”, ou * Esse movimento, liderado por Daniélou, hhaje com mais de 400 tituios, alguns dos quais com varias edi 0 Coneilio Vaticano I, ativou-se em toda a Igreja 0 desejo e a necessidade de renovacao da litursia, da. exegese, da espiritualidade e «la teologia a partir das fontes primitivas, Surgiu a necessidade de “voltar as fon- tes” do cristianismo. ‘No Brasil, em termos de publicagao das obras destes autores antigos, pouco se fez. Paulus Editora procura, agora, preencher este vazio existente em lingua portugue- sa, Nunca é tarde ou fora de época pare rever as fontes da fé cristi, os fundamentos da doutrina da Igreja, especial- ‘mente no sentido de buscar nelas @ inspiragdo atuante, transformadora do presente. Nao se propée uma volta a0 pasado atranés da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrério, procura-se oferecer aquilo que constitui as “fontes” do cristianismo 2, as avalie e colha 0 essencial, oespirito que as produziu. Cabe ao leitor, portanto, a ta- refs do discernimento, Paulus Editora quer, assim, ofere cer ao puiblico de lingua portuguesa, leigos, clérigas, reli APRFSENTACAO josta pesquisa original se trad » despajada, pore cada obra terdo ipreensao do texto. O que retamente em contato ¢ feverd ter en de géneros literdrios, de est redigidas: cartas, se esforco de citagdes biblicas ow simp m-se ao fato que os Pa: dres ese? das maos. Tulgamos necess 2, patristica e padres ox pais da Igreja APRESENTAGAO hdlica” e da “tealogia ‘Padre ou Pai du Igreja” se refere @ escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antig sv espere encontrar neles dl ava ainda el rodoxia é, po santida- ao, fer basta de. Parao se estende seno (675-749) Igreja” sao, portanto, agueles que, ao iros séculos, foram forjando, cons sal es, e os dogmas cristéos, decidindo, as da Igreja, Seus textos se tornaram fontes de discussies, ga, a antiguidade de S, Joao Dame Os “Pais a ‘Além de sua importancia no ambiente eclestastico, os Padres da Igreja ocupam lugar proeminente na literatu ra e, particularmente, na literature ana, Sao eles 08 tiltimos representantes da Antiguidade, cuja arte literéria, nei tha nitidan obras, tendo influenciado todas as literaturas posterio- res. Formados pelos melhores mestres da Antiguidade cléssica, poe lavras e seus escritos a servigo d pensamento "De tudo 0 que foi dito, esta é a suma: que se por certo, nao entenda ser a plenitude w o fim da Lei, como meira linha, literatos, e sim, arautos da doutrina e moral de toda a Escritura divina, 0 amor aquela cristas. A arte adquirida, nao obstante, vem a Coisa que sera 0 nosso gozo, ¢ 0 amor dos que eles meio para aleangar este fim. (...) Ha de se thes apro- podem partilhar conosco daquela fi nar o leitor com o coragao aberto, ch © bent disposto & vertade cristt. As obras dos Padres se Ihe reverterdo, assim, em fonte de luz, alegria e edificaciio espiritual” (B, Altaner; A. Stuiber, Patrologia, S. Paulo, Paulus, 1988, pp. 21-22) “Ser orante, an es de ser orador” AV, 15,32), ABaditora, TINTRODUCAO 1, Dados e ocasibo da obra Santo Agostinho comegou a eserever o D infeio de seu episcopado, en doctrina 17. Redi obra em 426 ou 427, anexando mais 13 capitulos ao ter © livro © compondo sin obra que levou trinta anos para ser completada! Ao se dedicar & revisao de sens escritos, no fim da vida, const tando essa obra inacabada, quis termind-la, Diz-nos tex- tnalmente, nas Retractationes: “Tendo encontrado inacabades og livres de sa preferi wgem onde ¢ lem 0 da mulher 426 ou no inicio de 427, porque em IV,24,50 0 autor faz alusdo a um sermao qu Cos: DUCA longa interrupedo, nao parece provavel que a tenha remanejado. Limitou-se a mesmoo dca. O que nao impediu a divalgacao do livro incom- mos; aque a passagem de A doutrina crista (II,40, fala dos egipcios despojados pelos hebreus por ordem de a jd rade do- Faustum 22,91). Portanto, 2 ob jo publico bb, Apreciagdes de alguns agostindlogos tinho no Diciondrio de teologia catolica,} afirma que 0 De doctrina christiana 6 verdadeiro tratado de exege mais titil monumento histérico para eonhecer o carter da exegese daquela época.” Outros estudiosos, porém, afirmam com vigor que nao se trata apenas de tratado de exegese on hermentu- 5 0 contetido ‘0s métodas de boa formagao com base biblica. Gustave Bardy" mostra como 0 argumento central é a Ytagdo de um conjun ajudam a en- pregacio ‘nos as preocupagses pastorais de Agostinho como bispo, Nao lhe foram suficientes os tra- balhos exegéticos de ordem tebrica. Logo em sei ros anos a frente da igreja de Hipona, esforgou-se px Tome istionnir de tho cat Portal, "Saint Avian 2, Paris 1894, co, 2800 FG. Bandy, Soon sngeetin home ot Foowore, Pars, 1988, p10, INTRODUG liear dois valiosos manuais de formagio: 0 De catechi- zandis rudibus' ¢ 0 De doctrina christian. Por qual moti vo ele parou bruscamente apés ter redigido a primeira parte, 56 vindo a finalizar a obra bem mais tarde, é dificil de ser explicado. Em todo easo, A doutrina crista ocupa lugar muito significativo na historia de santo Agostinho — na sua vida como na evolugio de seu espirite — para xo a estudarmos com o mais vivo interesse. E mo agostindlogo afirma alhures: hoje a esta obra grande impo do de retériea crista. Os trés primeiros livro grados A preparagio 10 ¢ ao estudo da Escritui eloquéncia propriamente dita e dé a esse respeito os m sdbios conselhos” + Por sua vez, 0 Pe. . ORSA, na Introduccién general as Obras de Santo Agostinho, pu- hlicadas pela Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), escreve com entusiasme sobre 0 De doctr istiana, Intitula-o: “Um manual de formacio cultural erista”, ¢ ‘corre sobre a grande influéncia que veio a exercer na histéria da cultura eclesistiea. Ali so dadas regras de religiosa para decifrar 0 pensamento divi- ervaneia de normas morais para aquisi- Gao das boas disposigies do aspirante & cultu- ios cientifi interpretagio ivros santos. No iiltimo livro, eneontram-se os melhores preceitos da oratéria antiga, cristianizados, tradusioem portugude fodoe cateeimence, para servir de hase a todo o desenvolvimento ulterior, de ordem téeniea, ‘Todo conher jento, expliea santo Ago tonde-se sobre as coisas ou sobre os sinais (de rebus aut servir, utilizar-se delas (rui aut wt meiro livro ¢ dedi essturdo das cH realidades a serem descobertas. Entre elas, a suprema — se assim pode ser chamada — é Deus Trindade. fruir por ele fruendam est propter seipsam) (5,5 ¢ 22,20). Das outras ente 6 0 homem. De tudo 0 4 lizar para chegar até ele, nosso termo nal e meta de nosso gozo. Agostinho estuda Deus como oria, imutivel e eterno, eentro de amor de toda eriatura racional (5-10). Mas para che- gar a Deus, o homem tem de purifie cessita de Jesus Cristo: Pi ma ad Deum via Christus (11-15), Por ele, se ha de yminhar sem se deter nas ecedoras. Bis, em esquema, as verdades dogmaticas apresentadas; Deus, a surrei 21). Se guem as verdades Livro Il — 86 0 grado é digno de ocupar 0 espirito do cristao verdadeiro, ja que eontém tudo o de que necessita seu fim. A Escritura um c os, isto 6, de palavras. E 's) que versa este segundo li niéneia de conhecormos 0s signos ¢ as garmos a esclarecer o senti vros inspirados, desse sentido, ha certas disposi as virtudes obtidas pelos m6, certae Quanto formacao eul- ‘ofpule comecara por se igdes de gra- matica a fi capacitar a ler 9 texto ia Estudard os tropos ou figuras de pensamento, para sa- as palavras ¢ expr: gurado. Come 0 ingua original do Novo 1,16). Deve-se acrescentar & gramatica outras ciéneias: a geografia, a historia natu- sstronomia — que € prec’ confundir com a astrologia — pois esta relaciona-se com as orstigdes, como, por exemp seopos (21,32-37). ‘Sao ainda recomendadas: as artes me .adialéticn, EXTRODUCAG 6 as matematicas que farao conhecer o significado sim lico dos mimeros, € a m dialética e a retériea, O exegeta & assim convida pto das Escrituras é apresentada nocritério de sua autenticidade (8.12.13). Agostinho trata também das distintas versées da Biblia: a tradueso grega dos Setenta, a qual considera altamente autori- zada (15,22). Como perseguidor da verdade que sempr obispo de Hipona recomenda que tudo o que for acha- do de certo nos autores pagdos seja incorporado ao acer- sa Verdade, como coisa que nos pertence 40,60.61), Termina o livro mostrando a grande diferen tre 03 Livros santos © os prof imensa superioridade dos primeiros (42,63). O Livro IIT dé-nos as regras da interp ensinar-nos a resolver as ambighidades da Eseritura. De inicio, aquelas que se encontram nos textos tom m sentido préprio Js complexas e que solieitam toxtos a serem tomados em sentido figu recurso & mbigilidades. Consiste em examinar 0 contexto, cote- jar as tradugées ou recorrer ao original, Na maior parte das vezes, a ambigiiidade decorre de tomar em sentido préprio ou literal 0 que deve ser entendido em sentido figurado (10). Uma série de prinejpios para a ajuda da interpretagao de tais textos 6 apresentada. E no ca: haver pluralidade de significagies, diio-se normas para a escolha do sentido exato ou do mais provavel (11-29). Santo Agostinho examina a seguir uma série de regras que o donatista exegeta Ticdnio propde para a descoberta do sentido real das Escrituras (30-37), Fax uma criti criteriosa dessa contribuigao, mas a ser adotada m cautela, Para concluir livro, ele exalta a necessida. de da oracao para o entendimento das Sagradas Es\ 56). Livro IV — Como jé foi bastante relevado, este livro osigio de pro- aproveitar-se m conta, po- ia do que com vencer (12,27). Para isso, estilo: simples, moderado e sublime, acomodando-os a0 tema ¢ ao objetivo (17,34). Apresentam-se virios exen plos tirados das Santas Rscrituras, especialmente de sao Paulo e dos Profetas (7 e 20), Igualmente, exemplos de dou- tores da Igreja, como so Cipriano e santo Ambrosio (21). Por fim, Agostinho ensina como misturar os estilos para sustentara atengao dos ouvintes, buscando sempre que e: tendam, deleitem-se e submetam-se a Deus (22-28). Sobre- tndo, que o orador nao se esquega acima de tudo haver de ser homem de oragdo, porque 86 Deus dé 0 incremento ao que foi plantado. O verdadeiro Mestre encontra-se no inte- rior (15,323:30,63). Que o pregador dé.o exemplo de sua pr pria vida e renda gragas pelo feliz éxito de sua pregacao. 4. O modo de composigao Henri-Irénée Marrou, na sua fundamental obra Saint Augustin et la fin de la culture antique,® faa andlise realis ta do modo de composigao de nosso grande doutor da Tgre- 2d, Bocca, Paris, 1898, 9p. 6, INTKOT 8 ja. Em resumo, eis algumas de suas constatagdes: santo ‘Agostinho compée mall, © nao nto a ord geral, & estrutura de conjunto, que parece entrar em cho- que com a nossa moderna eoneepeio da arte de compor: Por certo, ele nao hesita em propor explicitamente a divi sao do assunto e as distingdes a serem observadas, Uma desenvolvimentos fal- tamen Acontece-the tar ao mesmo tompo dois assuntos, entrelagando-os em vez de separé-los. O loitor chega assim a perder-se e es- quecer qual servagoes apresentaas por um mestre de eritiea lite Marron, porém, to: dizer ay que cle néo te, devido as exigencias mai génio e de sua sensibilidade. Ei porque possui lem: porque essas idéias nao possuem eontorno bem definido, niio si n eatalogadas. Sio realidades v que brotam tumultuosas umas sobre as outras. Agostinho, entretanto, é espirito eminentemente sintético ¢ intuitive, so gravita em tornode dessa da eomposigao. Dai a incapacidade radical de se submeter ‘a contornos precisos de plano defini le Cicero, estilo a que estava ). Dos seus 19 aos 28 anos — os nove anos em que permaneceu no m mntato com a Bi importaneia que nao pode ser olv rn breender as posites tomadas apis a sus conver tas maniquéias © par a verdad conq srenea aceita pela surard também abertamente interpretacao e EAgostinho cer nétodo er na interpretagao das ¢ método empregado do dia entre os letrados, no plano das obras profanas. Assim, a interpretagsio meta i valioso auxiliar de sua conversao. ainda que tendo ultrapassado 0 eurto pe- rfodo de incertezas vivido entre os &: caps, He, nyrRoDUt » de que 56 a Igreja eatéliea poderia Ihe garantir as verda- des a erer. A Biblia apre £ O grande amor pela Sagrada Escritura Agostinho atesta de m amor ivros santos. Nas Confissdes afirma desejar fazer vripturae ‘Toda a obra agostiniana deve a Palavra de Deus s ae e a medula de seus ossos. Eesa ima- is intima de s postos desde seu episcopado vom das divinas Bscrituras. De fato, com dificuldade encontrar-se-d homem que tenha sido mais profundamente penetrado pela Biblia do que 0 foi Agostinho. Origenes 6 o vidente erudito. Jerd- mo, 0 sibio conhecedor das trés Escritura com toda a fé. Desde 0s dias do retiro 6 a sua morte, viveu “na” Biblia.” Ninguém, como cle, explorou tao a fundo e com tan- to empenho e sutileza os profundos e obscuros recon: tos da Biblia, e nunca houve alguém que trouxesse de suas exploragdes tal abundaneia de preciosos achados Biblia Introduesion generat pasteur damon, «I, Pars, p. 108 03 misticos de todos os tempos Ihe deverao esplendidas huminagbes. Temos de ressaltar © lugar prodi da Biblia em suas obras. Cerca de um tergo delas Ihe estd expressamente reservado, sob forma de tratados exegéticos ou homiléticos. En aS itagdes biblicas vém semeadas em profusdo. Numero- sas S40 as coletinens feitas dessas citagdes. A resenha de De Lagarde, da Universidade de Gottingen, conta 42.816 citagées, sendo 13.276 do Antigo 'Testamento ¢ 29.540 do Novo.” g. Os trabalhos exegéticos Bis 0 elenco das obras exegéticas de santo Agosti nho:! A) Teoria da exegese + Adoutrina crista, em quatro livros. B) Comentarios sobre o Antigo Testamento ‘Trés comentérios sobre 0 Génesi * De Genesi contra manichavos, dois livros: No tido alegérico. * De Genesi ad litteram, liber imperfectus, um livro incompleto, * De Genesi ad litteram, doze livros. No sentido li- teral en- Eos trés tiltimos livros de Confissdes, em interpre tagiio alegériea, 30a! mneia popular, de ver- le inimitaveis.'* livros. De Quacstionum Ev .. Um so bre Mateus ¢ outro De Do noral de Jesus. 124 Tractatus in Ioannis Evangelium, obra magis: tral, 10 Tractatus in Kpistolam primam Ioannis, versa wretudo sobre a caridade e a unidade da Lgre) (ja traduzido em portugués, Paulus), D) Ensaios sobre as cartas de S. Paulo dade o fez desistir di + Expositio ad Galatas, verdadeiro comentario com cexplicagdes do sentido literal de h. sfulgamento eritico sobre ADE, Portalié, no seu extenso ¢ famoso ar 0 Dictionnaire de th mento de conjunte da desua te louvada, ow A pregaciio, que adota interpretacao mist a on alegoriea (In Tract. fonnem, In Psalmos, In L-Jo}, © nero ele é incomparavel; ou ainda refe: contramos no De Gen 03 Roi Contudo, é preciso reconhecer de Agostinho ndo se iguala nem pela extensio, nem pelo cient reunstincia: contributram para isso: a) Conhecimento insu! \guuas biblicas, Ele Tia o grego com embarago. Quanto ao hebraico, tudo 0 que se pode concluir, de estudos recentes, 6 que apenas .,e que era falado na Numidia pelo povo simples descendente dos fenicios. ‘mento, visadas por sua pregacio, levavam-no a taveis abusos do sentido alegérico 0t op TNTRODLGAO By ©) Enfim, na polémica, as duas grandes qualidades de seu génio: a paixao ardente do temperamento africa: no ea sutilidade prodigiosa de seu espirito nao Ihe deixa- rea calma| a santo precisdo, no sentido de um “biblicism da origem diving e, por conseguinte da inerrancia abso- luta do tieano IT reafirmou essa doutrina (ef. Dei Verbura IT1,11). Para compreender- bem a teoria agostiniana da Biblia, porém, é preciso levar em conta as restrigdes feitas por ele prop mitir nos autores sacros, esquecimentos € confusio de nomes. Os diseursos sio fi cia do px samento, mas podem-se encontrar divergéncias de ordem, ou expressio entre os evangelistas. Cf pecial 0 De consensu evangelistarum. B) O agostiniano Pe. Lope Cilleruelo, na magn Introdugao geral ao Tomo XV da BAC, consagrado ao De doctrina christiana e aos trés Comentarios do Génesis, discorre longamente sobre San Agustin.y la Biblia (pp. 46). Damos alguns t6picos: ‘Todos os entendidos 840 concordes em considerar a obra exegética de Agostinho da maior importancia. De fato, ele resolveu grande quantidade de dificuldades que até entdo haviam impedido a marcha progressiva dos problemas biblicos. Empregou termos tais, que as pre- missas langadas por cle facilitaram mais tarde o encon- tro de solugées. Fntretanto, sua linguagem oferece nao poucas dificuldades. Por exemplo, muitas expressdes nfo poderdo ser tormadas ao pé da letra, pois atribuem a Deus ogue é apenas obra mediata. Atribui a Providencia divi- na nao somente diversos sentidas literais e nao literais, ‘mas até opinives dos intérpretes e de simples leitores (ef. Além disso, suas tendéncias exortati jucas vezes do sentido herme: \0 estava a utilizar sua prodigiosa memoria para realizar coneordancias biblieas, as suas associagoes nao correspondem ao uso preciso e cientifico a que estamos acostumados em nossos dias. pela interpretacao alegérica o levou a to- de exeges ode sua carreira ste mais no alegorismo teérico e prético. Entende ‘turas estdo como que seladas e por vontade ina misteriosa. Nelas, Deus empregou esse método a excreitar-nos na busea e deleitar-nos na descoberta Catholicae 23) 0 mode nessa oped. Melhor do que ninguém, Agostinho compreendeu a necessidade de receber continuamente novas luzes. Con- signou os fracos de sua exegese e previu os instrumentos de trabalhos q Idade Moderna viria py Mais do que seus contemporaneos, compreendeu a ne- cessidade de investigar profundamente os chamados “gé- neros literarios” ¢ as “figuras de linguagem oriental”. Cada vez mais foi se firmando na diregio de interpretar a Biblia pela Biblia, isto 6, pelo confronto com passagens paralelas (ef. A doutr, cristd, [11,26,37 e 28,39). Enfim, obispo de Hipona ¢ filho de seu tempo. Jule lo severamente, & luz das normas moder tiga. A santo Agostinho se ha de julg de so Pauk r dentro das cir- ‘tos problemas de exegese. Foi pre- cursor de nossos dias. Advoga a naturalidade na ex! so ¢ a base tiea textual. Convém numea esquecer que a exegese atual serv de meios téenicos, instrumentos de t tas, escavagées, conhecimento de literaturas orientais, dos, generos literdrios do tempo, dos métodos utilizados anti- wente na com ue Agosti nao podia estar em condigdes de utilizar. i, A inspiragao biblica ‘Tradicionalmente, costuma-se empregar o termo “in: 15,8,1), Spiritu Sancte sunt (In Ps 62,11,1). ‘Tais formulas co- ro de Deus, carta que nosso P (In Pe 26,11,1)."0 Esp 0 dos homens” (D Di -a pelo dedo de Deus, ¢ por o Kspirito Santo, “Os KTR W368 (Un Ps 8,7), Ci. também Confissdes realga o fator divino, porque dese} re um homem que o faz em nome de nicando-nos as palavras de De rato, p tengies préprias e pessoais De civ. Dei 1 5,8,1). A contribuicao humana ¢ pi evidéncia em muitas passagens. ‘a Biblia para Agostinho é humana e Quen Deus, c ol XUL29,4 sera verdadeira a tua Escritu és verdadeiro, ou melhor j.A inspiracio verbal bal. Para melhor compreender a po mos de e' ivo que o lev candalizavam-se com certas palavras Agostinho faz a apologia dessas palav cial 9 Contra Faustum. Afirma que esses termos sa0 de autoria divina sem nenhuma distineao: “Deus quis usar uti voluit) (Contra ), Da mesma mane IwTRODUGAD 28 bo fez-se palavra humana antes de se fazer carne. do 0 evangelists escolhe uma p: tal escotha set atribuida a Deus” Pod er que algumas metéfor inianas sao exageradas, tais como: “os hagidgrafos sio méos de Cristo, escrevem sob o ditado de sua Cabega”. “Deus nos cura precisamente com esse jogo deleitoso das palavras biblicas obscuras” (A verdadeira religiao 50,98). Compreendemos assim a constante preocupagio de Agostinho pelos signos verbais, isto 6, pelas palavras en- quanto palavras. Sobretudo, leia-se, a esse respeito, 0 De Magistro (e om De doctrina christiana TI,2,3). Bl somente por meio dos signos chega-se ao pensamento @ a vontade do hagidgrafo e & de Deus (ibid,,11,5,6), Acomoda-se Deus a nossa linguagem, as nossas figur: bem ele que move os labios e a pena do eseritor saero.!* 1 “A doutrina erista” ¢ 0 problema da cultura Dissemos, no inicio desta introduedo, que o presente livro nao é exclusivamente obra exegétiea, mas contém também todo um programa de formacao cultural com base Agostinho, 0 pedagogo de outrora, uma vez feito Mestre da Igreja, quer que a ciéncia seja conhecida e que se faga bom uso ‘ guém ser sabio, 416 em Cassie ciclopédica que dev ramos tradicionais d: Idade Média consti atar, com espirito cristo, os sete ‘ciéncia” de entao — tudo o que na is artes liberais. Naquela oca HCE, Pe, Lope Cillerucio, San Agustin x tr BACKY. 2» InTRODUGAO 0 neoconvertido nao conseguiu ir além de um trata Ritmo (De ‘ammatica Libe. pécrifo, O projeto ambicioso teve de ser abandonada devido a seus noves eneargos na Igreja. Com os anos, Agostinho ‘éncia erista”,o presente manual, especialmente no livra II, nos eaps. 16 a 41 Até entdo, a Igreja nao possuira nenhum trabalho desse género. Mt formagao de cultura elassica. Nao aconteceu que ale tenha recaleado stias origens, porque soube ultra~ ssim que se arvisea a tr: Ao, eujo objetivo deter jddade do plano. Retém do antigo saber s6 0 que Ihe poder a tranqiilamente de lado o que Julga ndo mais ser necessario. Assim como deveria exis: ta—a que esta a servigo da sa- nica € a da Biblia, com a arte de a compreender heme e de anunciar corretamente a verdade nela eontida. jstinho o ambiciona nao somente para la Igreja. A seus olhos 6 0 saber cris: sssencial na vida, Por ser a Biblia 1a tudo, e para todos, 0 0 livre de Deus, inspirade e ditado por seu Esp a confianga."* mpenhansen, Ls ire loins Trad. Doaleme, Stuttgart INTRODY © parecer de J. Daniélou eH. Marrou, na sua N de shristi na de santo Agostinho, onde se encontram as grandes li- nhas ¢ a originalidade da cult 6 os da Ie manual, no qual deparamos a eultura religios ‘Todos os Padres da Igreja foram eseritores e que vinha cional sobre a escrita Dani PROLOGO proveito aos que se dedi eles prog fades dos Livros da progredir, com os esels dara outros. Proponho-me comunicar essas nor s que desejam ¢ é osso De (0 reilito sobre elas, ponder aos que contestariio, ou tar, este n PROLOGO a Poderiam ser ostes levados a desdnimo paralisante, rarados, ‘Trés grupos de possiveis contestadores nu traballo ter servido, podem gener A terceira classe de opositores sera a daqueles que interpretam hem, ou imaginam interpretar muito hem, ‘Tais pessoas nada leram, até o pre- sente, sobre esse ganero de normas que agora determine! pul seu ponto de vis capa- zes de comentar os Livros santos. Pensam que tais nor- mas nfo so necessarias. Excla ‘dades das Sagradas Bscrituras eselarecem-se com a oragao, e consistem em puro dom divino. Resposta aos primeiros opositores 3. A todos responderei brevemente. Aos que nao enten- derem 0 que eserevo, digo: Nao me devem critiear pelo fato de nao entenderem 0 que esta exposto. Acontece tal como se desejassem con- templar a lua no inicio de sua fase ou ja no a minguante, ou talvez algum outro astro pouce luminoso estas normas, que certamente veem meu dedo, mas nao conseguem ver 3r meio dele, procuro ci Portanto, que uns ¢ outros deixem de me reprovar e gam a Deus luz. meu poder erguer meu dedo para assinalar-Ihes algo, nao ar-lhes os olhos com que contem- arao a minha prépria explieagao ou 6 que p monstrar Aos “iluminados” 4, Aos que se regozijam e se gloriam por ter recebido 0 dom divino da interpretagao dos Livros santos, sem as presuncio, grande dom de Deus, lembrem-si 10. Concordem que os supera o exemplo de Anto, monge do Egito, homem santo e perfeito. Conta-se que ; aprendeu de meméria as oscrituras Meditando-as, entendeu-as com sabedoria. E ainda, Jembrem-se da quem tivemos noticias por homens sérios e dignos de cré- dito, faz poueo tempo. Esse, igualmente, sem que nin- snas maos 0 eédice que Ihe entreg: panto de todos os que se encontravam presente inte, Educamo-nos uns 2 08 outros Nao vou discutir, easo alguém julgue falsos esses 6 com aquoles eristiins q\ legram de aprender 0 sontido das santas Bscrituras sem 0 auxt tolos, $6 com a ajuda do Espirito Santo, ficaram repletos dele ¢ falaram as linguas de todos 03 povos. Em conse- ia, aqua julguem cristaos ou, pelo menos, que duvidem de ter re~ cebido 0 Espirito Santo! Mas, muito pelo conta moestamos para que cada um aprenda humildemente de outra pessoa 0 que deve aprender. Eo que ensina a ou- ros, que comunique a seus diseipy orgulho nem inveja. Nao tentemos Aquele de quem rece- emos nossa f6. Que nao nos x pela maldade e astticia do inin PROLOGO ‘idarmos \graddo ou entao desprezarmos de escutar leitor ou o pregador. Que nao esperemos precisar ser- ‘mos arrebatados ao tereeiro ¢¢ ade! . Apéstolo, para ouvir palavras inefiiveis que nao ¢ licito ao homem repetir (2Cor 12,2-4) o Senhor Jesus Cristo e ouvir 0 evangelho de Valor da mediagao humana: ajuda muitua relacionamento com Deus® itemos tais tontagies che ho € perigos. p63 lo prostrado c ser instruido pela vor divinae celeste, foi enviado & um hom ‘eceber de foi encarregs recebeu nio somente os sacramentos, mas tam de um anjo. Se assim fosse, a condi¢ao humana teria xpansho da car cormais tra Cd 0 Neal 31, pp. 77-18 PROLOGO 38 esse templo sois vés" (1Cor 3, no seio desse templo humano, e somente se zesse ouvir do alto dos eéus proclam: stério 2 Ademais, se nada tiv que 08 une no vineulo da unidade nao poderia agir para fundir os coragies, Novos exemplos de mediae 7. Observamos que o apéstolo nao enviou aquele eunne, que nada entendia ao ler o profeta Isafas, a um anjo, Nem foi explicado por um anjo 0 que a sua mente io entendia, Ao contrério, sob a inspiragéo de Deus foi-lhe enviado Filipe, que conhecia bem 0 contetido da profecia de Isaias. Filipe sentou-se com 0 cunuco & ou-the, com linguagem e palavras humanas, 0 que se achava encoberto naqueles escritos (At Nao conversava Deus com Moisés? E entretanto, esse , muito sabio ¢ nada orgulhoso, recebeu de se sogro — sendo este homem simples e estrangeiro — 0 conselho de reger e governar aquele povo tao nume (Bx 18,14-26). Aquele varao sabia que de qualquer pes- soa de quem pro ho verdadeiro, nao viria dessa pessoa humana, mas sim daquele que 6a Verdade, isto 6, do Deus imutave Autojustificagao 8. _Enfim, quem quer que se glorie de entender por dom vino, sem auxilio de normas humanas, as obscuridades que se encontram nas Escrituras, eré com rai cor PROLOGO como se viesse de si pro io, mas ¢ poder doado por Deus. Assim jul in de Deus ¢ nao a sua propria, Mas nesse caso, quando lé ¢ entende sem expl de outros, por qual motivo procura explicar aos outros? , para que en- tendam também eles por si proprios? Deus os instruiria interiormente e nao por meio de homens. Resolver mito-me escrever niio somente as normas a serem ibservadas -que nin rar como propricdade sua bem algum, a mentira, Posto que tudo o que é verda- deiro procede daquele que disse: “Eu sou a verdade” (Jo 14,6), que 6 que possuimos que nao tenhamos recebido? Esse recebemos, por que haverfamos de nos ensoberbecer como se niio 0 tivéssemos recebido? (1Cor 4,7) » de Agostinho e proveito a ser tirado desta obra® itor que faz a leitura a ouvintes conhecedores , sem davida, exprime o que sabe. O professor ver, faz com que out das letr: LIVROI SOBRE AS VERDADES A SEREM DESCOBERTAS NAS ESCRITURAS A. PLANO, DEFINICOES, DISTINCOES cariTuLo 1 Finalidade geral da obra ‘a de descobrir o que ¢ para expor com propriedade 0 yaad © modo de ha esperanca de cle de quem na medita- me faltam quant concedeu. Possuir jo com os outros ni Senhor disse: “Aquele que tem lhe seré dad ndlo se esge 6 possuir como convém. O Mt 13,12) vo da obra 1) moe este deve sor expect, 'Agustin fomeve de manera inuguoen dp ob nse reliza a desesbrsa cn ven VERDADES A SERFM DESCOBERTAS 2 presente tarefu, aley dancia, 1uLO2 As coisas os sinais 2. Toda doutrina as 00 sinais, Mas as coisas sao conkecidas por meio dos sinais. Portanto, acabo de denominai tudo o estéer abjoto or exemplo, uma vara, uma pedra, um animal ou outro ‘logo. Nao vara da cordeiro que Abraao tmoleu ne Togar de seu filho (Gn Esses objetos, de fato, sfo coisas, mas nas 1m-se nais de outras coisas. Exist mas de outro género, cujo empreyo s¢ limita unieamente a significar algo, como € o caso das palavras {verba). Ninguém emprega as palavras @ nfo GOES, DISTINCOES ser para significar alguma coisa com elas. Dui se dedu2 se empreya para signi- que t 6 a0 mesmo tempo alguma coisa, visto que, se néo fosse entre coisas € wos de tal que, apy algumas poderem ser emprogadas como sinais de outras que nos propusemos, isto é, de falarmos primeiramente sobre as coisas, e depois sobre os sinais. Retenhamos fir- memente, por temos a considerar Classificacao das coisas & Entre dade e servem de apoio para chegarmos as que nos tor- nam felizes e nos permitem aderir melhor a elas.? ‘VERDADES A SEREM DESCOBERTAS a“ Nos, e fruir as que sao eg os gozar que se ha simplesmente de usar, perturbamos nossa ea- minhada e algumas nho. Atacados pelo amor das coisas inferiores, atrasa- mo-nos ou alienamo-nos da posse das coisas feitas para fruirmos ao possui-las CAPITULO 4 Fruire utilizar 4. Fruiréad E usar 6 alguma coisa por amor jeto de qt ap se faz uso para obter 0 objeto ao qual se ama, caso tal objeto mereca ser amado. de, o nome de ex per anndo ser em nossa patria. Sentindo-nos miserdveis na peregrinagio, suspiramos para que 0 in- € pos: voltar a patria, Para isso, seriam necessérios meios de conducao, terrestre ou md nho, 0 passeio ¢ a condugao nos deleitam, a ponto de nos 108 A feuigdo dessas cx desse mod regrinan mortal (2Cor 5,6). Se queremos voltar & patria, 14 onde Jeremos ser felizes, havemos de usar de: Ao fruirmos dele. Por meio a plemos as invisiveis de Deus (Rm 1,2 dos bens corporais e temporais, pr realidades espirituais e eternas. isto €, por meio mos conseguir as B. SINTESE DOGMATICA Deus Trindade 0 Filho e o Espirito Santo, isto é a ndade, una e suprema real a Coi ‘da, bem comum de todos.“ Se é que pode ser chamada Coisa e nao, de preferéncia, a causa de 0 se também puder ser chamada causa. Nao ¢ facil encon- para denominar de maneira adequada a Trindade. A nao ser que se diga que é um s6 Deus, de quem, por quem & (Rm 11,36). Assi Espirito Sant nesma cternidade, a jajestade, 0 mesmo poder. No P esma CAPITULO 6 De inefubilidade 6. Acaso dissemos alguma coisa e temos pronunciado algo den vel? B se fosse também n sido dito por mim, nao teria sido pronunciado. Em conseqiiéncia, {einetivel Teontetd deo com cio, mais do qu senso, Nao obstante, ainda que néo se possa dizer coi- sa alguma digna de Deus, ele admite 0 obséquio da voz le todos os que conhecem 0 latim, cle leva a pensar em certa natureza soberana ¢ imortal. VERDADES A SEREM ns “6 Deus: 0 mais excelente 7. Ao se representarem 0 tinieo Deus entre s homens que os deuses, além ig 1080, © grae inito ou dotado de uma forma E caso nao creiam na existéncia de um tnico Deus dos deuses, mas na existéncia de miiltiplos ¢ inumeraveis deuses da mes- ma ordem, representam-nos de tal modo em seu espirito, que Ihes atribuem 0 trago fisico que a cada um parega 0 mais excelente. Aqueles, por outro lado, que sao movidos pela intel tarem o que seja Deus, antepsem-no is naturezas vi sim, todos pensam de todas as coisas. sires Dogan capiruLos Deus vivo: a Sabedoria imutdvel 8 Todos os que refletem sobre Deus eoneebem-no como ser vivo. K dele s6 no pensam coisas indignas e ab- surdas aqueles que 0 concebem dotado de vida. qualquer seja a forma corporal que thes venha ao pensa- orem como viva ou inanimada —, antepuem a fornia viva & que nao € viva. Ba essa mesma forma viva corporal, por muita que seja a luz com que acima da matéria, a qual é por ela vivifiea Pois compreendem que uma coisa Ea matéria e ontra, a vida que a anima Aqueles que refletem sobre Deus prosseguem obser- vando a mesma vi vegetativa, sem sensac vida intelectiva, como é a do homem. Mas, ao vei aue este 6 mutavel, vezes sabia, mas que é sempre a mesma Sabedoria. Pois e aleangou a sabedoria, no era porém, nune sabia foi ignorante e jamais poderé vir a sé-lo, (Ora, se os homens de rnodo algum conseguissem dis- tinguir essa sabedoria, eles nunca anteporiam, com con- fianga absoluta, a vida sabia imutivel & vida mutavel. clamar que ¢ ela a melhor, os homens a véem imutavel, Mas nao a véem em parte alguma, sua propria natureza, j4 que se veem a si préprios mutaw gor de tanta claridade e luz, atuando em seus olhos, de luz, mas ain- n. Que stante da assim ofusca-se com ela, € porque tem 0 olhar da men- te enfermo pelo costume das sombras carnais, Pois os ho- mens de costumes perversos séo afastados de sua patria por ventos contrérios. Perseguem bens que sao inferiores capiruto.0 Necessidade da purificagdo interior para ver a Deus Portanto, como estar dessa Verdade que vive imutavel minhadae um navegar em diregao a patria. Nao nos apro- ximamos, porém, daquele que est presente em toda a parte, mudando de lugares, mas pelos s bons costumes, Avncarnagdo Ha, Ora, nés nao conseguiriamos nos purificar se a pré pria Sabedoria ndo se houvesse dignado adaptar-se & a fraqueza carnal, para tornar-se mo- amente fazendo-se homem, visto ser- delo de vida, pr a0 passo que agimos sabiamente quando nos da Sabedoria, ela, ao vir a nds, foi conside- ins soberbos, como realizadora de | ra, Enquanto nés nos fortificamos ao nos aproximar da Sabedor reali capituLo 12 O motivo da Sabedoria de Deus ter vindo a nds LLb. Se hom que a Sabedoria de Deus esteja presente om toda a parte aos olhos interiores puros e sdos, ela ignou-se também aparecer aos olhos carnais dos que a Deus, aprouve a ele, na sua Sabedoria di pela loucura da pregacdo, salvar os que créem (1Cor 1,21) Deus veio a nds, 10 veio percorrende espacos locais, aos homens em criatura, arrastados pela conc centregarem ao Criador, esses homens nao reconheceram a Sabedoria de Deus. Por isso diz.o evangelista: “On Em concluséo, o mundo néo pide conhecer a Deus Por q ele ve Eo Verbo de Deus se fez carne 12b. Como veio ele? *E 0 Verbo se fez carne e habitou 14). Assim como, ao falarmos, 0 pensamento de nossa inteligéneia torna-se som, isto é, palavra sensivel que 1s ouvidos eorporais racao e 6 eha- rio, revestindo a for- alavra de Deus, sem mudar habitar entre né ia shvrese DocMATICA vista da saudi plicado aos pecadores para os curar e devolver-Ihes ais foreas. E assim coma os médicos quando ft sobre as feridas nao o fazem de modo inabil 1s elementos eontrarias, como 0 frio contra 0 calor, 0 timido contra 0 seco, ou ainda serv de 1s de género semelhante. As- sim, vemos 0 médico empregar certos produtos que assemelham, ao m: ferida circular, alongado para uma chaga longa. Ele nao faz enfaixamento igual em todos os membros, mas ajusta 1s semelhantes (similem Ora, a Sabedoria divina nao age de mode diferente la do homem. Apresentou-se em pessoa para médi ‘uae pencamento a nds mesmo, Para pensar, agua dae a3 pop 0 ns ineriores, Orem s80J0%0, Cr al de que ex Deus a8 coisas 5 psy, Devs tama se diz una Palsvra? rompida de uma mulher entrou a venga. E do corpo integro de outra mulher veio a satide, A esse género de co cura de nossos vicios, gragas ao exemplo das virtudes Cristo. agora os remédios semelhant as a NOSsOs n ‘0s mortos. onomia da medicina crista pode apresentar ain- da muitos outros remédios tirados, seja ri cessidade de prosseguir o trabalho encetado. eapfruLo is A ressurreigdo, a ascenséio e os dons do Bs} 14. Acrescentemos a mais que crer na ressurrei¢do do Senkor de entre os mortos e em sua ascensio ao céu for. talece nossa fé com uma grande esperanca. Mostrou-nos por esses mistérios o quio livremente deu sua vida por ele que possufa o poder de retomé-la, Com quanta nga, pois, fortifica-se a esperanga dos que eréem s SIWTESE nele! Tanto mais ao considerarem que suportou tantos sofrimentos pelos homens, os quais sequer acreditavam nele, E pelo fato de ele ser esperado vindo do céu como tanto por meio de seu Espirito? Com efeito, gracas a esse Espirito temos nas adversidades desta vida confianga € para com aquole que io vemos, ‘Nao possuimos seus préprios dons distribuidos a cada um fi item cumprir o dever preserito nao somente sem murmurar, mas até com prazer ITULO 16 chamada sua esposa. Ora, a seu corpo, composto de mui- ‘os membros com diversas fungbes (Rm 12,4), Cristo 0 abraga com 0 vinculo da unida estivesse unido em salutar Hiame. Mas neste tempo presente, ele exercita e pa com certos males medicinais a sua esposa, a Igreja, para que, ao retira-la deste século, nidade, sem mane 525-27). \VERDADES A SHREM DFSCO! cal lor sto abriu-nos 0 cami para a. patria amos a caminho, Caminho nao locali- e que estava obst cCAPETULO 18 As chaves entregues & Igreja 17. Cristo deu as chaves & sua Igreja, em virtude das quais tudo o que ela ligar na terra sera 3s peeados Mas, ao conte ‘igido e pensa ser impossivel seus pecados Ike serem perdoados, pior do que era antes. S como se ao desconfiar do fruto de sua conversao nao The restasse recurso melhor do que se fixar no mal caPtruLo 19 A ressurreigéo dos corpos 18. ‘Tal como a remiincia a vida e costumes anteriores pela peniténeia é de certo modo morte da alma, assim a morte do corpo 6 a extingao do sopro vital anterior. B tal 1a ap 6s a peniténe 1s depravados de antes, t sssim 0 corpo, depois dessa sujeitos pe do pecado — n6s 0 cremos e espe ramos —no momento da ressurreicao, sera transforma- do para melhor, Por corto, nem a carne nem o sangue possuirso 0 Reino de Deus, 0 que é impossivel. Mas o corpo corrupt vel hai de revestir a incor rovestira a imortabilidade (1Cor 15,50.53), Ele nao cau: sar nenhum incémodo, pois no padecerd nenhuma ne- vivificado pela alma bem-aventurada e perfei- ta, numa suprema quietude. caver A vida eterna 19. Aquele cuja alma nao morre para este mundo e comega a se moldar pela ver numa morte mais grave que a do corpo. para se trans- formar num estado de bem-ave piar nos supl a alma nem o corpo do homem padecerao a destrui total. Mas os {mpios ressuscit a suportar penas s ¢ 08 justos para a vida eterna, C. SINTESE MORAL todas as coisas mpo gozar e usar deles. Com efste, um preceito nos clo: amar-nos mutuamente. Trata-se, porém, de sa ve a prio on por outro fim. Se for por ele proprio, nds gozamos dele, se for por outro motivo, n6s nos servimos dele. A ’im parece que el porque aquele a deve ser amado por si mesmo consti aventurada. Ainda que nfo possua- mos até entiio essa bem-aventuranca, contudo, sua espe- Escrituras 17,9). “Maldito o homem que confia no homem” ( *0 sive iquele que ama a Deus acima de tudo om preciso, ninguém deve gozar de , & perfeito 0 para a Vida imut: quanto o fato de avel e abraga-o, 6 mais perfeito do q se se sobre si proprio. Portanto, se nfo te deves amar a ti por ti mas por ai ue nenh por Deus. Porque a lei do amor as: Deus: “Amara ia, con: tua mente aquele de quem recebeste estes bens. Porque 1 coragao, de toda tua alma e de ma direcdo do retamente 0 seu proximo deve tratar que es também ame a Deus com todo 0 seu coracio, sua alia, com todo 0 seu espirito. Amando-0 assim. se ama asi proprio, referird todo o amor, prépr heio, naquela diregio do amor de Deus que nio tolera que se ext perea nenhum arroiozinho que v minuir seu impeto, yuelas que por icionam-se com Deus: 0 ho- mem € 0 anjo. Qu ainda, ao que unido a nés, como nosso le De Quatro 20 os objetos que devemos amar: o primeiro ade mos nbs préprios; 0 ter- cero o que s¢ acha a nosso lado; 0 quarto o que esta abai. x0 de nds. A respeito do segundo e do quarto nao foi ne- n dados preceitos. Pois, por muito que o homem se afaste da verdade, sempre Ihe ficard o amor a a luz imutavel que reina sobre todas as coisas, o faz para ser senhor desi mesmo e corpo. Por conseguin. te, nao pode deixar de amar-se a si mesmo e ao proprio corpo 0 falso amor de si proprio 23. Julga o homem conseguir grande triunfo quando chega a dominar outros homens, seus semelhantes. Por que é inato & alma, cheia de vicios, apetecer de mancira excessiva e exigir, como algo que Ihe é devido, o que é proprio unicamente de Deus. Esse amor desordenado de si prop para homem, com efeito, querer ser servido por aqueles SENTESE MORAL servir quem Ihe é superior. Muito corretamente foi dito’ ‘0 que ama a provém o motivo de a alma tornat trar tormentos em seu corpo mortal Essa sate da alma consiste em se apegar mui solida- mente a um bem superior, isto é, a Deus imutavel. 0 nar os que Pt yreza Ihe séio sto 6, a outros homens, é dominado por 0 intoleravel orgul capiTuLo% inguém odeia a propria carne odeia as odeia seu préprio corpo, e o que diz 0 Apéstolo é dade: “Ninguém jamais quis mal a sua 5,29). Logo, quando alguns dizem que prefeririam viver sem 0 corpo, engenam-se inteiramente. Porque a seu corpo, mas & corrupgio corporal ¢ seu pesado fardo que eles odeiam. Assim, 0 que eles quereriam, sem diivi- da, nio ¢ fiear sem corpo, mas té-lo incorruptivel feita O enguno procede de que pensam que qualidades 86 pertencem Quanto aos que parecém mortificar seu corpo com privagdes € trabalhos, se 0 fazem com reta intencdo sm para des po, mas sim para manté-lo sub- misso e disposto ao cumprimento do dev le, tanto mais a ay acar- ne resiste ao espirito levada pelo ddio, mas devide A forca suas forcas. Over audviro sentido das mortificagées 25. Os que fazern essas mortifiea requ 10 quanto a que tinh: carne. de, isso indomados da carne, contra os po, Fo bitos is 0 espirito Iuta, no no reclama a que niio nos esforca: nagbes da carne se , ensinar ao homem a medida de seu eira como deve amar-se a si pré- amor Ihe seja proveitoso. Duvidar de mem como deve ne cuidado dele, com ordem rpo yreciso tamb ‘orpo, para que ti © prudéncia, Porque o fato de 0 homem usar seu edesel tato 6 verdade by fosta. \VPRDADES 4 SH ESCOBERTAS a Guardemo-ns, porém, de dizer que ‘o homem nao ama a satide © a integridade do corpo, pelo de existi n que tenha amado mais outra coisa. Vemos que até 0 avarento, nheiro, niio deixa de comprar o seu pao. B 20 fazé-lo, gas- ta aquele dinheiro que muito ama é deseja aumentar. S6 que acima d da por aquele pao. Seria supérfluo de tanta evi O36 27. Nao houve necessidade de ser dado preceito ao ho- mem paral seu corpo. Isso porque 0 que somos ¢ 0 que esté posto abaixo de nés e em relago conosco, n aos animais (porque também os animais amam-se a sie a seu corpo). raltava portanto que recebéssemos preceitos de amar ‘o que est acima de nds ¢ 0 que nos é semelhante. Diz 0 evangelho: “Amards 0 Senhor teu Deus todo o coraedo, de toda a alma ¢ de todo o entendimento; € amaras 0 teu préximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei ¢ os Profeta: préximo Ora, se tu que nenhum nesses dois preceitos. si proprio’ bem }? Mas por certo, ao ser dito: : amar © que merece ser amado. Nem no amor aquilo que deve ser menos 1s ou mais, nem ama menos ou mais 0 que ‘VERDADESASEI BM DESCORRRTAS 66 2B os homens, cada um deve proprio. Dam do que & nosso corpo, porque todas as ¢ le ser Di ar de Deus conosco, a0 passe que Pois oc 2 € 6 por ela que gozaremos de Deus. de forma igual. No entan. apresentam, d 7 necessidade, seja por laco de amizade contigo, poderas fazer s sorte, aqual dos dois deves dar o que nao podes oferecer a ambos’ Acontece ignalmente com os homens em geral, a quem nao podes socorrer. Deves minado pela sorte o grau de proximidade de circunstancias temporais, te ligou a cada um deles, de modo mais estreito. un SINTESE MORAL, capATULD 2 Procurar que todos amem a Deus Intre os que podem gozar de De vorecemos; amamos outros que nos fa- ‘mesmo tempo aten 105 a certos a quem nao somos de nenhuma ui doles es; a alguma. Mas devemos querer acima de tudo que todos amem ajuda que Ihes dermos ou que deles recebermos seja oricntada p: finalidade Nos paleos da iniqii ; em especial, de um artista ¢ jul yremo, Igualmente, gosta de todos os que to. Nao por eausa desses admi- amor por aquele artista for ardente, tanto m esforgar-se-4, por ase fazer admirar por muitos e desejard exibi-lo a uma gran. alguém indiferente, estinuulé-| quanto pode, com elogios ao artista de su encontrar um que se oponha, aborrece-se veementemen- Por todos os meios, ‘a reparar esse descaso. E a nés, entao, 0 que nos convém fazer em relagao a is? C \der 0 seu amor, eujo goz0 consiste na felicidade; de quem todos que 0 amam recebem o proprio aquele que quer ser amado nao para auferir para si algu- ma vanti m der aos que o am RDADES A SEREM como préximo, visto que nao se ha de fazer 0 mal guém Ainda a caridade fraterna 38, Se com raz 6 chamado proximo aquele a quem de- ‘vemos pres de quem devemos receb nistério da miseriedrdia, esta claro que neste preceit pelo qual amemos ao proximo, estao incluidos também os santos anjos. Deles reechen s das divinas Wserituras, © proprio Deus e Senhor no: Pois 0 asi préprio sob os tragos da que socorreu 0 mimorto e abandonado pelos ladr De si prop 35,1). Entretanto, porque a natureza divina ¢ infinitamen- tesuperior & amar aD guido do preceito de amar ao proximo. Deus oferece-nos sua misericérdia por causa de sua tinica bondade; ao 05 outros por causa da bondade dele. Em outras pala- nés para nos fazer gozar dele, a0 pass que nés temos piedade uns dos outros para obtermos aquele go : “Bu mo por um irméo” (SL SINTESE MORAL ou para gozar de nés? Se fsa de nossa bondade? Tal conelu- que esta em nds, ou é cle proprio ou procede dele. E, pois, de do brilho dos seres mina com seus raios? 1roUo profeta expressamente: “Disse ao Senhor, nao tens necessidade dos meus bens” (S116 goza de nés, cle utiliza-se. esse go: cle poderia nos ar: CAPITULO 32 Como Deus utiliza-se do hon 35. Mas Deus nao usa de nds & nossa maneira. Nés usa- infinita de Deus. Ele, a0 contrario, usa de nés para manifestar essa bondade, De fato, € porque ele é bom que nés existi- Somos mats, n6s temos monos ser. Pois gomente possi o ser, sumo e pri- e que pide id \ViRDADES dizer em toda sim Ihes dirs: Aquele que 6 enviou-me a vos’ Portanto, todos os outro ai dom existir a nao ser por ele. E.s6 sao bons & medida que receberam o ser. Conseaiientemente, ouso que se diz De fi Quando no: seus interesse: mpadecemos de , nds o fazemos certamente p: dade, porque essa misericérdia, que exercemos para com um homem necessi Dens nao a deixa pensa, Ora, ess; que gozemos del prios, 04 no anjo, ¢ permanecemos parad ita dos h soberbos que do nos véem cansados e desejosos de repousar e deter-nos neles, reconfortam-nos em os bens que receberam para empregados em nosso favor, ou bens que receberam para si préprios. Esses bens, entretanto, nao procedem deles. E aps nos terem reconfortado, inci nos a prosseguir 0 caminho para a patria, onde seremos fi yzando com eles. Assim exclama 0 Apéstolo: “Paulo tora sido eruc cado em vosso favor? Ou fostes batizados em nome de Paulo?” (1G Lemos igualmente, noApocalipse, que o anjo, a quem um homem adorava, adverte-o: “Nao adores a mim, ado- intes a Deus, bai ambos somos seus servo: Deleitar-se em Deus m, irmdo, eu gozarci de tino Senhor” (Fm Se cle nao tivesse acrescentado “no Senhor” ¢ how: ito: “Gozarei de to nele a espe- te wente encontrar nela seu goz0. Porque quando est pre- sente um objeto do qu necessariamente isso 2 consigo certo deleite. see 00 delei- te, te referires Aquele em quem has de permanecer, en: (a0 usas do objeto amado e dir-se-4, $6 de modo abusivo, se aderes a esse objeto que amas ¢ rmaneces nele, pondo af o fim de tua alegria, entao, de, dir-se-4 que gozas dele. Ora, tal deve mente com a Trindade, isto é, 0 sumo ¢ imu: VERDADESAS! 1 Cristo, 0 caminho que 98. Notai o scguinte: a propria Verdade, oVerbe por quem se fea ea hal entre nos Uo 13.14) B, contudo, diz oApostolo:“Mesmo se conhecemos Cristo segu agora jd nao o 5,16). Por certo, ele quis nao somente dar-se como heranga aos que chegam & patria, hada para la. Ele proprio decidiu assumir nossa carne. Nesse sentido esti a palavra: “O Senhor m entender que, por Cristo, caminham os que querem che a Do Com efeito, oApéstolo, embora se encontrasse ainda em caminh sguisse jue 0 chamay iante, havia ja ultrapas- 3,12-14), Em outras pala- partida, por onde devem iniciar seu percurso todos os que dese. jam chegar A verdade e permanecer na vida eterna, F nesse sentido que o Senhor diz: “Eu sou o eami- sho, averdade oa vida" (Jo 14,6), isto é, por mim se ver, n efeito, 6 ehegar também 20 Pai, Pois per ele se co. me agle ee gyal a Fast Santo os ig, rr, nos agluti a fim de nos dar a possi dade de permanecermos unidos ao sumo e imutsvel Bem, Compreende-se por ai que eoisa alguma deve deter- nos na eaminhada, visto que o proprio Senbor, a medida que se dignou ser nosso eaminho, nie quis que nos d ar por fraqueza AS coisas tempo- rais, que ele empreendeu ¢ realizou em vista de wegar até aquele que do jugo das coisas tempor: ita do Pai assentou-a D. PRINCIPIOS BASICOS DE EXEGESE LO a 0 Amor: plenitude das Escrituras 89. De tndo 0 que fo ito ant te tratal sobre as coisas (de rebus), esta é a suma: que se entenda sera © 0 fim da Lei, como de toda a Eseritura divina, 9 amor aquela Coisa, que sera nosso gozo (Rm 10.¢ 17m 1 seo daquela amor dos que podem partilhar co- io, tal como estando em v lo ou nao importa em que outro meio de transporte que se possa nomear com maior pro- memos esses objetos que nos le- vam ao fim ultimo, por causa do mesn onde S0- mos levados. gem, num vei PRINCIPIOS BASICOS DR EXEGHSE capituto se A edificagéo da caridade 40. Se alg ou partesd aca pecer que nada entendcu. ‘Mas quem tira de seu entend a julga ter entendido as Bserituras divinas fas, mas se com esse entendimento nao edit 10, € preciso nento uma id nda que sem trazer 0 ha passagem cm estud icioso, nem diz pensamento proprio do autor, ousarei dizor que ngao de. Eis por que encontramos muitas pessoas que querem mentir, mas nenhuma que - porqu na de injustiga do que causé-la.a outros. Ora, todo aquele que mente co! te injustiga. E se alguém p pode ser, itil — o que ¢ impossivel —, ou bem a mentira nunca podera ser itil ve DES A SEREM DESCOLERTAS Corrigir o intérprete que se eng’ tas as suas p E pode acontecer que, amando mais seu proprio parecer, Je condene a Eseritura mita que esse mal se estenda, encont pria perdigio. Lembremo-nos de que “ fé, ¢ nao pela visio da verdade” (2Cor 5,7). O baleard se a qutoridade das Escrituras vacilar. E cam- dia, E juras enten- de de modo diferente ao do autor sagrado engana-se meio mesmo da verdade, 3 Eserituras ni que & para chegar ao ponto onde o pri que exista, Ao contrario, se a mesmo tempo, ele et ama, fazondo o bem e conformanda-se aos preceitos e bons demonstrar-lhe quanto é minho por receio que, tomando o habito de desviar, ele se toda a profecia, veja obrigado a ir por vias transver A posse superard o desejo A qual haveremos de chegar. Quanto & earidade, crescera sempre, ainda depois que d ras virtudes. Se apenas ao erer amamos 0 que ainda no vemos, Quanta diferenca entre as coisas temporais e as eter- nas! Um bem temporal é mais amado antes de ser pos- alma para a qual o eterno somente ¢ 0 verdadeire ¢ se- guro descanso. 0 bem etey PRINC LO tanto maior ardor ao ser possuido do que fora ao ser desejado. Pois a ninguém que adh inferior a idéia que dela se fizera. Por gi a ado, mais preciosa achard eira té-l das virtudes teologais 43. O homem qi peranca © na idade, ¢ que guarda inalteravelmente esas trés vir sita das Eserituras a nao ser para ins- 05 outros, Bis por que muitos, gracas m na solidao sem os manuseritos dos Livros santos. E o que me leva a pensar que cidncia, também de: esse bem perfeito, no preeisam buscar o que é pareial. Digo que eles pos- que é perfeito, mas s6 enquanto pode ser pos- suido nesta vida mortal, porque comparado & perfeigio ja vida futura, a do justo e santo neste mundo ¢ im- porfeita. Por tudo isso, diz.o Apéstolo: “Agora anca e earidade, esta: porém, ¢ a caridade” (1C Disposigdes para o estudo das Eserit que boa consciéneia”, em vista da es- le ma conseién- cia desespera de chegar ao que eré e ama. Por fim, 0 Apy hipocrisin”. Porque quand nossa fé est ao abrigo da mentira, nés amamos 0 que deve ser 1s vida reta ¢ esperamos que nas: sa esperanga nao seja defraudada de modo algum. E agora, depois de ter falado sobre as coisas (de rebus}, referentes a nossa fe, A medida que me pare suficiente pelas cireunstancias, ponho fim.a este livro que pode ser complementa s, por outros escritos por mim publicados ou por outros. Consagro 0 resto deste trabalho a tratar a respeito dos sinais (de signi luzes que Deus me con- coder: ma fé sem hipocr LIVRO I SOBRE OS SINAIS A SEREM INTERPRETADOS NAS ESCRITURAS A. PRECISOES PRELIMINARES capiru.o 1 Definigtio de sinal 1. Aveserevero procurei pre ro anterior sobre as coisas (De rebus), Agora, ao tratar sobre 0 (de signis), advirto que nfio se dé atencio 20 que as coisas sao em si, mas unic mente ao que significam, sinais de algo diferente. Osi sdio. que produz em nossos sentidos, faz com que nos ao pensamento outra idéia distinta. Assim, por exemplo, quando vemos uma pegada, pensamos que foi impressa por animal. Ao ver fumaca, percebemos que embaixo deve haver fogo. Ao ouvir a voz. de um se mado, damo-nos conta do estado de seu anime, Quando corneta, os soldados sabem se devem avancar, rn itendriag CB Brow SINAIS A SERRA INTERPRETADOS 86 retirar-se ov fazer alguma outra manobra, exigida pelo comb: ais naturais o nem desejo alg ncia, observando e comprovando as eoi- api ord fo Asse género de sinais pertence a pegada do animal passa. O resto de um homem irritado ou triste tra- 1 ele nao tivesse agdo ou tristeza, s jwalquer outro movi- mento da alma que € revelado e traduzido no rosto, sem que ni para o manifestar. Nao € meu propésito -a sobre esse tipo de sinais. Mas como pertencem a distingao que fizemos nde de modo algum deixa lencio. B suficiente, entretanto, o que até aqui foi esse respeito. capiruLo2 Sinais convencionais & Si signa) siio os que todos 0s seres vivos mutuamente se trocam para manifestar — © quanto isso Ihes é possivel — 0s movimentos de sua ima, tais sejam as sensagie: outra razdo para significar, isto é, para dar um sinal, a 8 PRECISORS PRELINENARES. E sobre esse tipo de sinais e no que se refere aos ns que determine: examinar e estudar aqui, E por que os sinais que nos foram comunicados por Deus, e que se do encontra achad corram a comer. E 0 pombo ym seu arr om ela chamado, Existem muitos outros sinais analogos que podem ¢ cos- tumam ser ob: pres plo, a expressai seguem espontaneamente 0 movimento da alma sem ne- nhuma inteneao de significar, ou sio dados expressan para serem sinais? Vamos suprimir tal questsio coi obra cariTuLos ais 4, Entre os sinais com que 0s homens comunicam en- tre si o que sentem, alguns pertencem ao sentido da vis- 0, bem poucos aos d aos olhos da pessoa a quem quere- mos comunicar a nossa vontade, ‘Com o movimento das mdos, allgumas pessoas expri mem a maior parte des mentos. Os ‘o movimento de todos os seus membros, dao certos sinais, NAISAS EM IN 88 espectadores ¢ como que falam a scus olhos. Os es tandartes e insignias militares declaram aos olhos a de- De modo que todos esses sinais séo com ém, os sinais 4 \amero € prine wras. Na verdad tencem mente cons- © principal lugar para 2 mentos, se manifesté-lo, Cort ‘és do olfato pelo perfume 123.7). Atra do sentido do paladar, também significou sua vontade pelo sacramento de seu corpo e sangue pregustados por ele um sinal atrav uum sinal, quando a muther, tocando a orla de sua veste, recebs a(ME 9,21), Contudo, a inumerdvel quantidade de sinais com que 6s homens demonstram seus pensamentos pelas palavras. Qualquer desses sinais acima te indicados podem certamente ser dados e conhecidos com ps rwras nao pi entender com aqueles sinais. cAPITULO 4 Origem da linguagem escrita 5. Ora, ao vibrar s palavras logo d zndo duram mais longamente do que ao ressoarem. Para se- em fixadas, 80 :OBS PRELIMINARES das letras. Assim, as palavras n a todos os povos. Isso por eausa da desi na que houve — «: tao grandes males da vontade humana, tendo sido ori nada de uma s6 lingua que the pet tunamente pel te, em diversidade de linguas, conforme os intérpretes, nao desejam encontrar nela mais do ade dos que a escreveram a vontade de Deus, segun- "ns compuseram, Utilidade das obscuridades da Biblia 1 ganam-se des, tomando um sentido por outro vencer orgutho do homem pelo esforgo e para premunir seu espirito do fastio, que ndo poucas vezes sobrevém aos grado do batismo e, erg inte do Espirito Santo, produzem o fruto do duplo amor —o de Deus ¢ 0 do proximo. pressio do C Ase diz para a lgreja,lowando-a como uma bela mulher “Os tens dentes silo como os rebanhos das - com dois cordeirinhos oss Che outra coisa do que ouvira 13 bem des} o duplo preceito do amor. E nen! santo fruto, O encanto das alegorias 8. Mas por qual razao parece-me vius) esta apresentacéio do que aquel ; € essa é outra questo. Basta fato de se aprender plicar espontaneamente de comparagies; © 4 's que se procuram de. Os homens que nao encontram logo 0 que procuram sentem fome, e os que, a contrario, muitas vezes, desfalecem de fastio. Ora, om outro, 6 preciso ovitar o langor. Para isso, o Espi icae ras santas, para que elas venham saciar a nossa fome has passagens mais obscuras. Mas, de, quase nada sobressai nessas obscuridades que nao esteja mais, SINAIS ASERE Graus na ascenséo espiritual O temor de Deus ¢ « piedade 9, Antes de toda e qualquer coisa, ¢ preciso converter-se temor de Deus para conhecer-Ihe a vontade, para (0 ordena busear ou reje) la pie: na. Seja ans de nossos vieios, seja quando, incompreendida, nés nos es de julgar e ensinar melhor do que muito melhor ¢ mais verdadeiro o que esti escrito ali, ainda que Aciéneia e a fortaleza 10. Depois desses dois graus do temor de Deus e da pieda- se ao tereeiro, o gran da ciéncta, justamente so- bre o qual eu me propus escrever nesta obra, Porque é nes- segrau que se hé de exercitar todo o estudioso das divinas rosa, emt Le caliiome do int Augustin, 22 93 PRECISOES PRELIMIN: ‘serituras, com a intengdo de nao encontrar nelas outra mais do que o dever de amar a Deus por Deus, e ac pré- ximo por amor de Deus. A este com todoo toda nnte; ao préxime como a si préprio ignifica que todo o amor no préxi de referir a Deus. Desses dois preceitas, tratamos no livro anterior, no qual falamos sobre as coisas (de rebus). ites de tudo, cada um verifique, ao estu- se se acha preso ao amor deste mund Deus e do préxim Bseritura Entio, na verdade, o temor que o faz pensar no jufzo qual nao se pode sendo crer € tar & autoridade dos Livros santos, obrigam-no a cho- rar sobre si propr Essa ciéneia que leva a santa esperanga nao torna 0 hhomem presungoso, mas antes ofaz su diligontes euplicas, a consolagae do auxilio divino, para que nao eaia no desespero, Desse da Bscrit aentrar no fortaleza, pela qual se tem fome e sede se de toda ale- 8 artando-se de- dirige-se ao amor dos bens eternos, isto 6, da vel Unidade que é a ‘Trindade, idéntica a ela prépt O consetho, a purificagdo interior ¢ a sabedoria .s ohomem — 0 quanto Ihe foi possiv etho, fundamen- das im inferiores. Ele se exercita espe que eles véem & Deus, a medida que morrem para este séeulo. Contudo, & medida que vivem para este séet divina comece jéa mostr: vel, mas também mais agr: preciso ai ode vé-lo “em enigma eer espelho” (1Cor 13,12) nto peregrinamos nesta vida, eaminhamos que nos sa conversacao seja com 0 céu ( Quem chegou aeste gi ficado, tao si e de agr homens, nem com o fim de evi- tar os mil aborrecimentos que tornam infeliz esta vida presente. sétimo € dltimo grau onde go: em paz.* Deus graul se ha de chegar a sabedoria. caPiTULos Os livros candnicos 12. Voltemos a consideragao do terceiro grau (a qual me propus tratar especialmente, conforme as luzes seri, em primeiro Ingar, oqueas tiv tegralmente ¢ delas tomado conheci nento, se ndo quanto ao sentido pleno, pelo menos quan- se, bem entendido, dos livros chamados candnicos. Porque os outros, cle os ler s instruido na f da verdade. Evitard assim que esses escritos se apode- rem de seu espitito débil, prejudicando-o com perigosas falsidades e trazendo-lhe idéi ‘compreensio. Quanto As Eserituras candnieas, siga da maioria das igrejas catélicas, entre as quais, sem dii- ida, se contam as que mereceram ser sede dos apdstolos e receber cartas deles Eis o método que se hi de observar no discernimento Escrituras candnicas: os livros que sao aceito aceitos por algumas. Por outro lado, entre os livros que Igumas igrejas nao admitem, prefi para tdos us eutzes done SINAIS A SERE! A lista dos livros candnicos 13. O cdnon completo das Sagradus Bscrituras, se referom as consider vwro de desus, filho de Nave (Josué) e um dos Juizes; livrinho intitulado Rute, o qual parece perteneer ao come- coda historia dos Reis; segu -a gue contém o desenvolvimento das n dos acontecime tras hist6- rias de tipo diferente que 1 ordlem dos acontecimentos anteriores, nem se relacionam entre si, como os livros de «6, de Tobias, de Est Judite, os dois livros dos Macabeus ¢ os dois de tes parecem seguir antes aquela histéria que suspensa com os livros dos Reis ¢ dos P os Profetas, os Salmos, tres de Sa um Ga Sabedoria e 0 outr Ao atribuidos a Salomao por certa semelhanga com, , como mereceram atoridade (candnica), devem ser con: icos. Os livros restantes ente chamados dos Profetas. Doze sao esses, vros, correpondendo cada qui conexos e nunca foram separados, sa0 contados como um 6 livro. Eis © nome dos profetas: OsGias, Jot i 5, AgeU, ¢ Malaquias. Em seguida, os quatro livros dos 9 Evangelho segundo so Ma- teus, sdo Marcos, sfo Lucas e so Joao; as quatorze car- na aos Romanos, tos, uma aos Gdlatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, salonicenses, uma aos ( , uma a Tito, uma a Filémon € uma aos Hebreus; ossenses, duns a B, NECESSIDADE DE CONHECER AS LINGUAS Directivas para o esi 14, Bm todos esses live mens tementes a Deus, ¢ ap a vontade de Deus. A primeira observagao a ser feita quanto a essa resa €, como ja di mento dos Livros santos. Se, a pri apreender 0 sentic nfiar a memi forma, nunca ignorar por com vras. De tod abundantemente, quanto maior for a abertura do en- tendimento de quem busea, visto que nas passagens que a Escritura oferece com clareza encontran dos os preceitos referentes ranga a caris ro livro. oeerta fami scrituras, devemos prose; obscuras em vista de as esela- 1d tomando exemplos de tex 5 4 de se desaparccer Em todo esse trabalho, a meméria é de grande valor pois, se ela falta capt O obstéculo dos signos ignorados 0% animal que se costuma chamar por esse nome e, disso, entenderemos que se alude ao pregad informe Necessidade do 16. Para 0 grande remédio é 0 eo cedores da lingua latina, a quem pretendemos instruir icdes latinas Thes traga alguma divida. Na verdade, encontramos muitas vezes nos Livro santos palavras hebraicas nfo traduzidas. Por exemplo: , aleluia, raca, hosana © muitas outras. Algumas or certo, ser tradu: 4 autoridade muito santa, foram conser- ido as expressoes acima citadas: raca ¢ grito de indignagao © hosana grito de ale Nt DE DE CONHECER AS LINGUAS. Com efeito, podem ser contados os eseritores que tra- anairam a5 Bs grego. Contudo, sao ncontaveis os que as traduziram do grego para o latim. Isso porque, nos prime s da fé, qualquer un que tivesse em msios um eédiee grego e presumisse pos- hecimento de uma lingua e outra atr capimuLo 2 Ges, contudo, tem sido mais ajuda do que obstdeulo A compreensdo do texto, isso a0 se igentes. De fato, 0 exame de nuitos oddices, com freqtiéncia, esclarcee certas frases obscuras. Por exemplo, um tradutor do profets, ‘Nao desprezes s de tua casa, nascidos de tua raga” (Is 58,7), enquanto outro diz: "Nao desprezes a tua carne”, Os dois ¢ um se expli- cando pelo outro. Porque a palavra “carne” podera ser cada um se jul- lado, poder-se-ia tomar a expressao: “os membros de tua figuradoe, dois tradutores, o pensamento mais provavel a nos vir ao espirito serd de af estar um preeeito que nos manda » ‘prezarmos 08 irmsos d nossa raga, tomado no sentido préprio, Assim, se referit- mos as palavras “membros de tua casi, naseidos de tua se ado os nossos irmaos de raga que se apresentarao a nosso espitito. SINAISA SEREM INT ETAL 103 NECESSIDADE DE CONHECER AS Tal é também, a meu parecer, o sentido desta ssse eu de carne, pi sto ¢, para que eles préprios tenham tam- do salve engana-se também, 2 maior parte das riginal. Por cer bem uma expressao, ele a traduz dando: 10 judeus de “sua earne’ te frase do me por um hagid compreendereis” e por Bis ainda outro erro tendo a mesma origem. ee kos signifien novilho, Algans preenderam que m intagoes” e nao “rebanhos". Esse erro invadiu tantes eddices, que se en« Apa siste na visAo sempiter nta como. ci ite, nesta espécie do berco minha outro modo. E contudo, o sentido é cla ciao contexto. De fato: “As planta carao profundas raizes” (Sb 4,3) é mais convenientemen- tedito do que “rebanhos”, que andam com suas patas sobre , a tradu a visdio de que ela nao passard, mas qu eternamente. $6 quand purificada é que a nossa s ® por isso que um tradutor disse: “Se nao crerdes, ndo compreend “Se nao crerdes, no permanecereis” "tse texto o6 ce encanta na verzo dos ve qu entide de uma, mesma passagem quando muitos autores intentam inter- ¢ discernimento. Seria preciso cotejar com 0 proprio original a sentenca tanto, para conhecer 0 sentido exato é preciso nde foi traduzido para ol igurada a ater-se & Muitas vezes, , para o latim, caso se queira conservar costume dos antigos oradores latinos. ‘Tais gies, por vez0s, so traduzidas de modo a nao ser m gua com auto Assim, por exemplo, aquele que procura o real conhecimento das coisas, nada interessa que se diga rismo, a nao ser o fato de escrever uma palave com las de modo diferente do os que antes de palavra longo ignoscere (perdoar), se a pemiltima silal ou ¢ breve, cessiban dos erros de linguagem 20. Entretanto, os homens mostram-se tanta mais cho- cados (sobre ess i quanto mais sio ignorantes, E sdo tanto mais ignorantes, q no orgulho, submete 0 espirito ao jugo do Senhor ie mal faz para quem a compreende, que esta frase (do livro dos Numeros 13,20, sobre os aa) assim esteja redigida: tam?” tencer a uma lingua estranha do que t roti Ha também uma palavra e antes per- duzir u rar da, n floriet sansctificatit ntidade) (Sl 132,19). * por “florebit " conjugagdo) néio altera nada o sentido. Entretanto, um ouvinte instruido pre que o termo fosse corrigido e que nao se di Ora, tal correcao dos eantores Por outro li siderados despreziveis p ‘Ag pensamento. ‘Nao sucedi smo com aquela passagem do Apés- tolo: (Cor 1,26) (0 que 6 loucura de Deus é os homens, ¢ 0 que é fraqqueza de Deus é mais forte do ue os homens, Se quisessem conservar a construgdo gre- 1 atencdio do leitor vigilante certamente iria a verdade 3S que nao querem ser infiéis SUNAIS A SEREM INTERPRETADOS 308 Ula idéia. Seria dito: “Quod stu! hominum et quod infi est Dei fi (no genitivo plural). Contudo, um espirito mai 10 compreenderia evisa aly errada. Porque tal construcao nao somente é erronea em é tio grande a forga do habito que, mas presta-se : da a0 se tratar de aprender, gue a loucura ea za dos homens sao mais sabias : 8 8 s de mulas profanas © con: ‘do quo diante de certas expressées que escutam nas Es. capiruLo as ras e expressdes desconhecidas Sobre os signos a ‘Tratamos, por enquanto, dos signos desconheeidos, os tradugdes para o latim, a fala ha de to, 0 que faz vacilar um leitor é uma palavra ou uma ex- ser preferida as demais, porque é a mais precisa nas pa- pressdo ignorada, Se pertencerem a u1 ia estran- lavrase an se bre is clara nas sentencas, ‘gir qualquer versio lati vershes gregas, entre as quais, se ha de re- 20 aso tenham tempo e capaeidade para tanto. Resta ainda Antigo Testamento, goza de 0 recurso de confrontar as versdes dos varios tradutores. dos Setenta.” Se, porém, as palavras e expressoes desconhecidas fo- rem d reconhecé-las pelo habito de ouvielas ou lé-las. Essas pala vras ¢ expresses devem ser, mais doque quaisquer outras, confiadas com cuidado & memdria. Isso, a SINAISASEREM INTERPRBTADOS Jé € tradigao nas igeejas mais eélebres, mse atreveria a com- post tho em comum para chegar & unanimidade de pensamento ¢ expressées, seria eonveniente 4 tro intérprete sozinho, qualquer fosse sua ha- bilidade, tentasse reformar 0 consenso de tantos veisdautores? Port que nos exemplares hebraicos se encontre algo distinto do que os exereve jalgo que se dev: soja por motivo religioso, seja por inveja. Portanto, pode ‘a tenham traduzido do modo como o Espirito Santo julgou convenient para isso 0s moveu e fez. de todos eles uma s6 boca, Entretanto, como ja disse anteriorment é instil, por v ra esclareeer 0 sentido, a confronta- ao com aqueles tradutores que firmemente se apegaram averter ao pé d ‘Assim, os e6dices latinos do Antigo Testamento, como bi dito no inicio, devem ser corrigidl houver algo duvidoso nas diferentes verses latinas, nao ine devem ceder aos exemplares gregos © obretudo aos que se encontram nas igrejas mais doutas capine Vantagem do conhecimento dk 23, do al, ou pelo estudo das lin- natureza das coisas (cf Senhor mandow lavar 0 1s com 0 lode feito e sinua mistério profundo (09,7. gua deseonhecida (Siloé si grande significagao teria fieado na sombra, Igualmente sucede com muitos outros nomes di no foram explicados pelos autores dos se deve duvidar d 's, seria de grande valor e serviria de ajuda aprecivel para serem resolvidos enigmas das Bs- crituras. sINaIS. asi C, UTILIDADE DO CONHECIMEN' DAS CIBNCIAS, ARTES E INSTITUIGOES air Conhecor a natureza das coisas ‘Senhor ao nos mandar ser prudentes como a serpent Isto 6, de or que nos perseguem, de p1 Assim, nao deixar morrer ei ‘TO tel (Mt pO aos 8 expor nossa cabe dades da serpente nos esclarece muitas comparacées que sticas de outros igualmente faz mengao, m entend € produzido pela ignorancia portas a compreensio. Lcompreent pela pomba em seu regresso & area (Gi a paz perpétua, ao estudarmos que 0 contato or | Arvore da oliveira esta quido estranho e que a prépria sempre coberta de follias, conhecerem 0 hissopo, nem a virtu de que ele posse ficar os pulmdes pelo fato de se ar ser erva mitidae rasteira, so pazes de eompreender por que esta dito: “Tu me borrifa- hissop 1 O simbolismo dos niimeros 25. A ignorancia dos ntimeros também impede com: perguntar o significado do fato de Maisés 0 Senhor terem jejuado por quarenta dias (Bx 24,18; IRs 19,8; Mt 4,2). Ora, esse acontecimento ps bblema simbslico que 86 6 resolvido por exa atento des: bas crENCLAS: fimero 40 quatro vezes 10 e, como que envolve 0 conhecimento de todas as coi cluidas no tempo. Pois 6 num ritmo quaterndrio ‘ossegue o curso do dia e Div espacos horarios da manha -dia, da tarde e da © proprio curso do tempo ensina-nos a menosprezar ot a desejar a eternidade, Por outro lado, o mtimero 10 a o conhecimento do Criador e da criatura, pois lore 7, a criatura, conside- corpo. Com efeito, na a 1s que levam a amar a Deus de todo 0 a alms rrito (Mt nie, este miimero move-nos @ cadéncia do tempo. Isto é, voltando quatro ivermos na castidade e na con vezes, adverte-nos para tinéncia, desapegadk creve-nos jejuar quarenta dias. Eis 0 que nos exp munho da Lei e dos Profetas, entre esas duas personagens, sob os ollios dos tré pulos tomados de espanto (Mt 17, Em seguida, pode-se perguntar, do mesmo modo, como do miimero quarenta vem o mimero cinquenta, emi costes (At 2). B ainda, como esse ntimero eingiienta mul- cado por trés por causa das trés époeas: aquela antes , a época sob a lei e a sob a graca; e somando de inente a mesma Trindade, refere-se dak modo ainda mais e e cinguienta Senhor, sA0 recolhi 24,1. B assim que por vai figuras que, devidk traveis aos leitores. ignordncia de muitos, fi e véu, De fato, acitara, ut guma lei musical que obrigue o saltério constar de dez ordas, esse tao grande nimero de cordas! Ora, na ausén- cia dessa lei, hecer nesse nsimero di com os dez a, seja com acima, sobre 9 numero preceitos que as consideragies que ¢ Quanto a0 msimero relatado pelo Evangelho que de a duragao do templo, isto 6, o nimero quarenta e seis nele nao sei que tonalidade musical. Apl do corpo do Senhor, a propSsito do qual foi feita a 20 templo recons- truido, esse niimero obrigou certos hereges « rec rem que o Filho de Deus revestiu niio um corpo ficticio, rm corpo real e humano. "Bim algarismes: 0x2 160 + 8163, mendou a trés artistas que fizesse, cada qual, trés esta- wra serem postas como oferenda no te plo de Apolo. A condi¢ao era que o artista criador das ido e haveriam de as c, para fazer dom ao ter acrescenta que, mais tarde, 0 poeta anto, nao foi Jupiter que de Apolo. E Varrao jodo hes deu um nome. Por gerou as nove musas. Poram trés artistas que as modela- Tam em grupos de trés. Essa cidade, alias, con rés estitua ti em sonho, nem por terem aparecido em nimero de trés 0s olhos de algum dos moradores, mas porque — e ¢ facil de ser notado — todo som que constitui a base da miisic tem, por sua natureza, trés modalidades: ou bem ¢ emiti- do pela voz, como o emitem os que cantam com a gargan- ta, sem instrumento nenhum; ou bem 0 som é produzido por sopro, como o das trombetas ¢ flautas; ou bem é efeito -a5, tarbores ¢ todo outro instrumento que Se torna sonoro ao ser percutido. SINAISASEREM INTEE Onde how 28. Ques ao 0 que Varrao estamos constrangidos pk mos constrangidos a adotar as vas ¢ ws coisas espirituais. Se assim nao fosse, sequer de veriamos aprender as letras, ja que pretendem ser Mer pagsios dedi 5A Justica ca Virtude, e pr riram adorar nas pedras 0 que er no Cora cao, dev , ac a Virtu. de. Bem ao contrar € verdadeiro cristo hii de saber que a Verdade, em qualquer parte onde se en. contre, é propriedad « da e professada, o fara rejeitar des supers- ticiosas que se encontram até nos Livros sagrados. O bom, eristdio deve lamentar e evitar os homens “que tendo co- nhecide a Deus nao 0 honraram como Deus, renderam gragas. Pelo contrério, perderam-se em vaos arrazoados @ seu coragio insensato fixou-se nas trevas. Tactando-se de possuir a sabedoria, tornaram-s trocaram a gloria do Deus incorruptivel por imagens do homem eorraptiv UTTLIDADE DO CONHECIMENTO DAs CIENCIAS cAPtruLo 20 egorias de eléne 29, Para melhor explicar a passagem do capitulo ante- rior, que é de maxima importancia, diremos que existem jorias de c A Outraé das coisas que eles consideram ja ten tituidas ou que o tenham sido pr Compreende duas de qualquer como as encontrados em formulas magicas, Essas alian- ga rato, cos! mais evoear do que en dar, como exemplo, as argolas dé orelhas; os anéis de osso de av do quedar uma bofetada na crianea inocente que, em sua corrida, jogou-se entre dois amiges que pas- 10 6 mau, entretanto, q 20s, sejam vingadas pelos eachorros. Isso porque, frequen temento, eertas pessoas sio tdi sas que no h jorro que passou entre elas, Nao o fazem, porém, impunemente, pois 0 cachorro » NTO DAS sspirrou ao se cale: plo, que 0 ratos roeram s que, tendo sido consultado por certo ho- jem que desejava conhecer 0 ae tos roido augtirio, sé-lo-ia se, a0 invés, os rates tivessem sido dos pelas polainas, ia da astr @ cimento, gando a posie cada um, esforcando-se por deduzir disso nossas aces 08 oventos de nossa vid cometem grande erro e p barato, penosa eseravidao, Realmente, todo homem que vai eonsultar os tai wo de Marte, Venus, ow qui A estes astros, os primeiros que se ded uiram-lhes nomes de animais, por causa de alguma semelhanca, ou para h homens. Assim, nao é de se admirar quando em tempos intentaram dedicar a gldria e ao nome de Cé que chamamos de estrela-dalva. F talver, tivessem con- seguido que essa denominacdo passasse caso Venus, sua av6, ja ni nome por nenhum dire a seus herdeiros, porque no o poss pedira possut hemos, com efeito, que quando se descobria no eéu 1 ria de algum antigo her6i, apressavam-se, como era tradi- Augusto? € bem facil compreender que, andes de poder régio ou da préj de qualquer forma que venham a dos, permanecem astros criados, \dos e queri por Deus, cujo movimento fixo serve para distinguir & minar 9 tempo. E moviment dia do nascimento de cada pessoa, estabelecendo a res- lagdo, segundo as regras que os astrélogos des- a Escritura reprovou-o “Se puderam chegar a tanta eiéncia para che- adeterminar o tempo, por que nao fam 0 Se shoe?” Sb 19,9), caviruno 2 Vacuidade dos horéscopos 33, Querer predizer os costumes, atos ¢ eventos, basi do-se sobre esses tipos de observagdes, é grande erro e desvario. Alias, pode-se refutar essa s a08 pré- prios olhos dos que a assimilaram ca transmitem. O que sao, por exemplo, a8 suas “constelagbes"a nao ser 0 as- pecto @ a situagao dos astros no momento do naseiment de uma erianea, sobre cuja sorte sao consultades esses infelizes por outras pessoas ainda mais infelizes? Ocorre- ri, por exemplo, que dois gémeos saiam do ventre ma- a um do outro, que r intervalo de tempo para fixa poucos gemeos nascem sob a mesma e identica constela- cao. Ora, as suas agies e os seus eventos na vida sao 0 quando n . 1 que segurava com a méozinha o ealeanhar do irméo, Certamente nao diversos os costumes deles, suas agos éxitos, natural, inclusive por causa da velocidade altissima dos 1 tenha tanto va. gue ack ue Poder atibuir tanto a Jac como a0 irméo — que Portanto, inclusive as opiniges que se presumiram duzive guns sinais reais sio para se computa: vem no rol dos ajustes ¢ aliancas com os deménios. Razdo do reptidio dos horéscopos 35. Porque, por oculto designio divino, acontece que os nens cuipi donados ao esearnio ¢ ao ludibrio, como merece sua von- tade: esearnecem deles os enganam os anjos preva- coisas, foi entregue, por leis providenciais, esta parte mais baixa do universo, B pelos seus es nos, a neste plano de adivinha ciosas e perniciosas os astrélogos anunciem muitos even 5, 08 qu dizem. Sao fatos que se desenrolam segundo as obser- te nos adverte que fujamos desses atos culpados, como fruto dos professores de mentiras, mas vai até dizer: “Ainda que aconteca 0 que eles vos anuneiaram, nao ereiais neles” (Dt 13,1-3). A sombra do defunto Samuel s6 profetizou coisas verdadeiras ao rei Saul (Sm 28,14-20; Eclo 46,20). Contudo, devem-se exeerar as paginas sacrflegas com que a Pitonisa evocou a ap a0 daquela imagem, E a mulher ventriloqua deu teste- munko certo em favor dos apéstolos do Senhor, confor- 1e narram 08 Atos dos apéstolos. Contudo, lé-se que 0 apdstolo Paulo nao poupou o espirito que nela falava, e corrigir e expulsar od yurificando a mulher (At 16,16-18) ps vu DE DO CONHECIMENTO DAS CIENCIAS Os pactos com o demdnio 86. O evistao deve ropudiar e fugir complotament a supersti¢do mal baseada sobre entre homens ¢ deménios. felici 6 quase no engano. Disse 0 a. Mas quero que entrois ménins” (1Cor 10,19.20). O que o 10s e dos sacrificios ofe isso mesmo se hai de imo; fun: dos bens temporais vatrinas deste género, sociedade com os de. \eipe, 0 diabo, nao buseam outra ¢ fechar e obstruir a estrada de 0 retorno, Mas nao é somente aos astros oriados e dirigidos 10 Senhor que os homens emprestaram essas vas iraram também de diversas operacoes natureza e acont: tos rares permitidos pela divina Providéncia, Quiseram até em seus escrites submeter a tais fendmenos extraordinarios de que yram testemunhas, como o fato de uma m um objeto ou uma pess: a ter pari- +r sido fulminada por JINAIS A SEREM INTERPRETADOS 14 c O valor dos sinais magicos 87. No fundo, todos esses sinais valem o que a pretensao fir sao observados por possuirem em si préprios alum va: lor magico, mas porque os h es de ngiio e atribuiram. sa significagao, e desse modo eles ad- aquiriram tal valor. Apresentam-se diversamente 0p soas di as suas opi ntencio le 10), e ou- 100). Iss0 nao plos: a letra X, que se que lhe assinal I significado, Port e as duas, se quiser dar a entender algo a ‘um grego, nao usaré a letra X com a mesma significagdo de uma letra, enquanto para os Edo mesmo modo, quando digt sgrego com essas duas silabas e outra o latino. ‘Logo, todas essas signifi forme a convengio dada pela sociedade de cada um. E por ser diversa a convengao, elas motivam diversamente E note-se que os vem porque esses si- nais tenham valor de significagdo, mas porque foram eles 2 UTILIADE D0 CONHECIMENTO DAs CIENCIAS qa tece com os sina gai com os quais ge estabelece un ns ritos dos agou de se curvarem & sua observancia, ou depois de os terem observade, nao se preocupam mais com cles. Por exem- seus gritos. E que esses doo CAPITULO 26 As instituigées humanas 38. Apés ter cort superstigaes, 6 preciso examinar as instituigdes huma- nas ndo-supersticiosas, isto 6, as que no estio estabele- cidas em pacto con Com efeito, todas as instituigdes que tem algum va- Realmente, as m dangar nao teriam sentido por sua prépria natureza, mas o tem pela convengao e eonsentimento dos homens. Outeo- +a, em Cartago, quando um pantomime daagava, sm apre- s lembram-se ainda desse por imos contar. B neles devemos erer, significado dos Restos dos atores. Se alguém entrar no is manciras, tais s tre os homens sentido determinado, se nao lhes for dado nan ido. Contudo, todas essas instituigses humanas sao supérfluas, a nao ser que um interesse s pelo motivo, lugar ou tem- po ou ainda pel De igual modo, em relacao as mil fébulas também sao instituigoes humanas. Na verdade, n: ha de julgar mais préprio A natureza do homem do que esas f Ha, os homens a plo, as vestes e os eas dignidades T e so vantajosas e necessiirias. Por exem- dornos, visando a di contam, tu nimeras categorias de signos expressivos s os quais a sociedade humana nao poderia om absoluto, ou dificilmente, ter relaci Aeresconte 05 signos préprios a cada cidade e povo, em tudo o que se parte de instituigoes humanas que so con- venientes para as necessidades da v E m ao con: a medida de suas precisies, dedicar-se a seu cu! primento e aprendé-las captreto at 40. Algumas deasas instituigdes, é verd tar e detestar ‘A essa categoria pertencem também os signos que valeram aos que os aprende- ‘Todos esses conhe- ieito adquiri-los. Bles na i cam jevam ao relaxamento pelo luxo. ‘Todavia, sob a condi¢ao de que nos entretenham sem tra- os bens su quais cles devern ajudar-nos a adquirir deradas como tencem aos si mas por is, outras ao entendimento, om 42. Todos chamada histéria nos ofereve sobre o sucedido nos tempos passados nos sio de grande ajuda para e: da autoridade dos evangelhos, que quando Jesus foi bati- zado tink a menos trinta anos (Le 3,23), Mas em . qhantos anos ele viveu neste munda, s6 pode. mos estabelecer pela seqiiénein de seus atos. Mas para Aparecerd entao que n quarenta e seis anos. Isso ole se referir & disposicao secreta 0 humano do qu 0 Filho unico de. de Plato. F 0, pois nao se pode negar que Plat estudado a histe oes, constatou que Platdo, contemporaneode Jeremias, ti momento em como mat sido instruido em nossas Escrituras por Jeremi nsinar e eserever as coisas que com jus teza se louvam em seus escritos. De fato, anterior aos livros do povo hebrew nos quais resplandec anto, ex; 1 que Plato e Pitégoras to- SINAIS 4 SEREM INTERPRETADOS maram de nossos livros tudo 0 que de bom e verdadeiro o ter tomade de hor Jesus Cristo , seria lou A historia ane de instituican h 44. Ainda quando na narragao histérica se discorra tam- bém acerea das instituicoes humanas passa a entre as, oes humanas. Isso porque as eo das na ordem dos tempos, dos quais Deus é 0 criador e 0 proveitosamente os fatos, Os livros dos ardspices, capiTuLo a0 @ feitigos e propriedades naturais que faz, conhecer ao das mas as presentes. A esse género pertence tudo o que is. JA tratamos anteriormente nero de conhecimentos, e ensinamos que ele aju- da a resolver as dificuldades das Escrituras, que tal conhec médios ou instrumentos de supersticao. Ja distinguimos ar vm DANE DO CONHECINENTO DAS CIFNCIAS © emprego supersticioso deste outro a que me refiro ago erva triturada nao teras doves abdominais. E outra coisa ue 6 dizer: Si a feitigos, invocagies ¢ signos mégicos, pode-se muitas ve- zes duvidar Se lo de os remédios serem ligado o corpo ma ligadura anto maior cut sante é verificar-se a intengio com que cada um os em: ega, Se a. Por certo, muitas pessoas conhecem o curso da Tua que serve para determinar a celebragio solene do aniversério da paixao do Senhor. Mas nao se dé o mes- m 0s outros astros. Poucas pessoas conhecom, ex tamente e sem erro, o despontar ou o declinar deles, ou rutro movimento de pr- prio, esse conhecimento, se bem que nao implique ne- mhuma superstigtio, 6 de ajuda pequena ou quase nula SINAIS A SERE “AOS bam) \itil fonsae do esp' ‘tém estreito relacionamento com 0 té-la como menos Contudo, al agao das coisas presen- tes, a astronomia tem certa similitude com a narracio das coisas pa Isso p io me mento atuais dos astros, pode-se chegar sem vacilaedo as suas fases precedentes. A astronomia em tais pro delirios, mas reservar esse es! sa ciéncia, a astronomia, no que se refere a seu emprego, As artes mecén 47. Existem também outras 2 bricagao de alguns objetos, Em casos, tal objeto sub- siste depois do trabalho do © caso, por exemplo, de uma casa, um baneo, um vaso e de outras muitas coisas 's que tom por meta a fa cmmnanr INTO DAS CHENCIAS, semelhantes. Em outros casos, o operador serve de instru. mento & ago divina, E 0 easo da n agricultura sm outros casos, todo o efeito reduz-se & acao B preciso, portanto, no curso desta vida, tom nhecimento dessas artes ligeira ¢ rapidamente, nao para as pratiear, a menos que algum dever nos obrigue a isso —nesse respeito nao tral neste momento scid-las € nao ignorar por completo o que a Bscritura pretende insinuar quando se serve de ¢ iscorrermos sobre os conhet ‘vos nao aos sentidos do corpo, mas & razdo ou poténcia intelectiva da alma, entre as quais reina a ciéneia do ra- jo. Aciéneia do raciocinio ¢ de muitissimo valor para penetrar e resolver toda espécie de dificuldades que se apresentam nos Livros santos, S6 que se ha de evitar 0 desejo de s (libido rizandi) ¢ certa ostentagao pueril de enganar 0 adversario. Com efeito, hit muitos ra hamados sofismas em que se tiram conclusdes falsas, tao parecidas com as verdadeiras que, na maioria das vezes, enganam ndo 30- fem que estat cada 6 odios Pode ser considerado sofisticado um discur- 80, ainda que no pretend 1s que procura as de expressiio mais do que a gravidade do pensa- usa de linguagem sofisti- mento. mo modo, ha conelasdes | deduzidas de um rac’ as quais nfo neipio pronun 1. Entretanto, um home: risto ressuscitou, existir a ress: conclusdes por serem falsas, a conseqiléncia s e entr conclusdes verdadeiras, mas também entre fei posta em formulas por eles, para poderem aprendé- turalista que nos faz ver a situagao das regides ou a na- tureza dos anim: e das pedras nao nos ssereve algo feito por ele ou por outros homens, O astré- rnomo que nos fala sobre os astros ¢ seus movimentos nao nos de ad . di-se o mesmo com quem diz: “Quando o conseqtiente € falso, 6 necessario que o antecedente 0 seja”. Diz o foi ele quem assim estabele: cou. Contenta-se em constatar, cedente ¢: aqueles cujo e wsequente suscitou”, Ora, esse conseqiiente sendo falso, 0 ante- “Os mortos ‘inio de Paulo: “Se nao ressurteic&o dos mortos, o proprio Cristo, néo ressu: mesma das sentengas. conelusdo. Contudo, em proposigoes falsas, a justeza do civcinio pode seguir a forma seguinte: suponhamos ue alguém accite esta proposiga 6 ani al, possui voz". A proposi¢ao estando admitida, ¢ me-se 0 conseqiente. Isso leva A supressao do anteceden- Fssa cone admitida. Aretido dew passo que a verdade de um raciocinio depende de quem er@ ou do que admite o interlocutor. sa é deduzida em um raciocinio justo. Tss0 serve para alertar do erro a quem queremos vorrigir. Qu le 5 deve ser rejeitado, como acabamos de ver. sentencas falsas Por certo, tod UTILIADE DO col ENCIAS Portanto, é fa , que de -adas conclusoes verdadei- FAS ©, po tiradas con nos que alguém tenha e1 needido, nao 0 €. Isso porque, Se a supress quente implica necessariamente a su dente e, cont sao do antecedente esta: "Ora, ele nao é 0 Je ndio é homem". cari aprende-se 0 qt camente eo que repugna a razao. A dedugaio logi- Se ele é homem, 6 orador”. E a dedugao que repugna & o: “Se ele € homem, é quadriipede”. Até aqui, ju silogismo). Ago sobre a veracidade das sen- lengas ¢ por elas préprias e nao por seu que é preciso julgar. Contudo, quando sentengas incertas estiio ligadas em um justo racioefnio SINAIS ASRREM IN’ 138 ‘ariamente elas se tornai verdadeiras e certas, neces também certas. ha pessoa va a ldgica com retidao, come se vozes 86 8 veracidade das sentengas, queixam-se sem ra- de ignorarem as leis do racioeinio. Entretanto, vale vristo nfo ressuseitou” ressurreigao do: istinguir dizendo: Ha duas e cies de falso. Uma corresponde as coisas que absoluta- entretanto poderia existir. Dizer com efeito: ;cIMENTO D ra ser. Mas dizer: “Choveu nas calendas Apesar das tituigao dos homens que uma exposi¢do agraddvel arraste o ouvinte; que uma nar ragio breve e clara insimue f 1elos homens preceitos verdadeiros em prios, ernas verdadeiras, a medida q) desejé-lo ou, a0 contrario, eviti capfruvo 38 Pouca utilidade das regras da retérica © da dialética 55. Ao aprender a retorica é presstio do que se entende preender oque se igmora. No entanto, SINAISASI MNTE que ensinam as regras das conclusdes, definigdes e clas: ajuda poderosa pi porém, sob a condicao de afastar o erro pelo qual os ho- s regras jd esto de as quais aprenderam tais normas do que entenderem essas normas complicadas ¢ fastidiosas. KB coma se al gue se 4 ons andam mais facilmente fazendo esses movimentos do que se dando conta, ao fazé-lo, ou entendendo as regras explicadas. Quanto aos que nao podem andar, cles se preo- pam menos ai m. esses prinefpios, 0s qua tom possibilidade de aplicar. Assim, um espirito arguto vé freatientemente mais depressa 0 erro de uma conclu- siio do que per raciocinio. O mais lento nao pereebe a falsidade da conelusio, mas, muito menos aind 5 a esse respeito. Em todas essas artes, pois, o espetaculo d deleita-nos mais do que nos ajuda na diseussdo ou no julgamento. As regras ‘ea podem, 6 verdade, tor- nar 0s espiritos mais exercitados, a ndo ser que nao os faca também mais maldosos e orgulhosos, isto 6, levados oso que os to e inocentes. a supe 's outros homens, bons Mi UTTLIDADE DO CONHECHMENTO DAS CIENCIAS caPITULo a9 56. Quantoa ciéneia dos nui s espiritos, inclusive os mai prazer, fazer que trés vezes trés 5: que nove nao possa formar um quadrade; que esse mimero conte um numero inteiro, ja que os ntimeros da geometria, \s sempre tem regras imutaveis, que nao foram de modo algum inven: ens, mas sin descobertas pela sagacida- de de espiritos engenh Ser sdbio é tudo dirigir ao louvor de Deus quem ama essas ciéncias na intencao de se vangloriar diante dos ignoran- tes, em vez de procurar de onde procede a verdade das ede onde proce- de nao somente essa verdade mas ainda a imutabilidade algumas d le chegou a compreender se- rem imutaveis, fodo aquele que subindo, assim, do mero aspecto dos corpos a inteligéncia da mente ao encontrar:

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