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TET PEIRCE rae) MARIA DA SOLEDADE CARDOSO LANDIM BATISTA — CAP PM FABIO GONCALVES CAMPOS - 12 TEN PM Sesser esesesevsesesseseseeseeeeseeeeseeseeseeoeooeoeoeooeoeeoeoeeooeeeaag = Bem-vindo(a) ao curso Democracia Participativa e Seguranca Publica Créditos Este curso foi elaborado por Carolina de Mattos Ricardo. Mestre pelo Departamento Filosofia e Teoria Geral do Estado, da Faculdade de Direito da USP. Cientista social formada pela FFLCH/USP e advogada formada pela PUC/SP. Foi assessora de projetos no Instituto $20 Paulo contra a violéncia e, atualmente, é coordenadora de gestio local da seguranca piblica no Instituto Sou da Paz. Enderego do CY Lattes. (itp: //lattes copa, br/035975580148 enact Sapa Pie Mh SENASPAL- ra kan 08708 Pagina 1 eeeeeeaeeoaceeeacoecoaoaooaoaoe ©Ooseeeeaoeaaeaeeeooaoaoaeoacoaoaoeouoa@uoqoaeocece Apresentacao A 1* Conferéncia Nacional de Seguranga Publica (CONSEG) representa um marco histérico na politica nacional de seguranga, apresentando-se como valioso instrumento de gestao democratica para o fortalecimento do Sistema Unico de Seguranga Publica (SUSP), no contexto de um novo paradigma iniciado pelo Programa Nacional de Seguranga Paiblica com Cidadania (PRONASC!). Importantes decisdes serio tomadas, de forma compartilhada, entre a sociedade civil, 0 poder pliblico e os trabathadores da area. 0 futuro da seguranga piiblica depende de todos ea 1° CONSEG abre espago para muitos atores e contribuigdes. © processo participative da 1* CONSEG é amplo e envolve uma série de etapas. Dentre elas, as estaduais, as municipais eletivas e preparatérias, as conferéncias livres, a conferéncia virtual, os seminérios teméticos, os cursos de capacitagéo € outras ages que possibilitam a qualquer cidadao encaminhar propostas etapa nacional, que ocorrera em Brasilia, do dia 27 a 30 de agosto de 2009. Nesse contexto, as atividades de capacitacao buscam facilitar didlogos entre os atores do proceso da CONSEG e possibilitar a construgio coletiva do conhecimento tendo por referencial tedrico a democracia participativa- Diante do compromisso assumido, a coordenagao executiva € a coordenacao de capacitagao da 1* CONSEG fizeram uma parceria com a Secretaria Nacional de Seguranga Piiblica - SENASP, a fim de disponibilizar na RENAESP, 0 curso “Democracia Participativa e Seguranga Pubtica”. © curso é mais uma aco promovida pela SENASP, em parceria com a coordenacao da 1° Conferéncia Nacionat de Seguranca Publica, com o propésito de criar condiges para que os trabathadores da area de seguranga, gestores e sociedade vil possam contar com bases e elementos que thes permitam participar, ao maximo, e dar contribuigdes substanclais e qualificadas durante a conferéncia, além de possibilitar a familiarizagao desses atores com os instrumentos ¢ mecanismos de participagao social, colaborande 1a difuséo dessa forma de participagao e para uma cultura de formacao técnica na area Demacreia Parbopatva e SoguancaPibea~M&auo 1 SENASPIMA Uta auaizacSo en 150872008 GD @raxanee Pagina 2 S Além de disponivel para todos trabalhadores da rede, 0 curso também podera ser realizado por representantes da sociedade civil, através dos telecentros presentes nos estados. Para atingir os objetivos propostos, 0 contetido do curso, com duragao de 60h, foi distribuido em 5 médulos: Médulo 1 - Democracia, politicas publicas participagio Médulo 2 - Os instrumentos de participagao sociat no estado brasileiro ‘Médulo 3 - A Constituigdo Cidada de 1988, Seguranga Publica e cidadania ‘Médulo 4 - Participacio na area de seguranga publica: uma realidade ainda em construgao Médulo 5 - A 1* Conferéncia Nacional de Seguranga Publica: desafios e potenciatidades (conferéncia virtual) Partindo do pressuposto de que todas as atividades desenvolvidas no ambito da conferéncia devem ser integradas e entendidas como parte de um grande projeto, 0 curso sera desenvolvido integrando a conferéncia virtual. Seu diferencial ficar por conta do quinto médulo: “A 1* Conferéncia Nacional de Seguranca Publica: desafios e potencialidades (conferéncia virtual)”. Nessa fase serd realizado um forum de debates on-line entre os alunos, possibilitando que conhegam e se apropriem do texto base da 1* CONSEG. © conjunto das contribuigSes geradas a partir do férum de debates sera compitado em relatério, contemplado na sistematizagio prévia a etapa nacional e, portanto, seu contetido sera incorporado no caderno de propostas da conferéncia nacional. Bom estudo! vou vias Been He OOO OC OG CG OG OC OG OO OO OO @ © @ @ OO @ © @ OC OO 6 O © © © & OS HG Gh Lh Gh HL hE D SPCHOSHSHSHSHOSOHSHSHSHSHSHOHSHSSHSHSHHHOHHSSHSHOSSHHSSHOHHHSCOOCHOOSCSE®S Médulo 1 - Democracia, poli ‘as publicas e participagao Neste primeiro. médulo sero apresentados os conceitos de trés importantes fenémenos: democracia, politicas publicas e participagao, bem como sero criadas condi¢ées para que vocé possa refletir sobre eles frente a realidade brasileira. O contetido deste médulo esta dividide em 3 aulas: Aula 1 - A democracia no Brasil: avangos e desafios para sua consolidacao Aula 2 - As politicas piblicas como garantidoras de direitos Aula 3 - A participagdo na democracia brasileira partir dos conhecimentos tratados neste médulo, vocé sera capaz de: * Compreender os conceitos de democracia, politicas piblicas e participagao; ‘* Analisar criticamente 0 atual estagio de desenvolvimento desses trés fendmenos; e © Relacionar a interdependéncia entre esses trés fendmenos. Alguns textos contidos nas referéncias bibliograficas do curso foram usados para a elaboragio das aulas, outros fazem parte de atividades propostas e alguns séo apenas sugestées de leitura. Vocé encontraré referéncia a eles, ao longo de todo o médulo. ‘Aula 1 - A demecracia no Brasil: avangos e desafios para sua consolidacao A construgio do conceito de democracia é um proceso longo e composto por debates tedricos das mais diversas naturezas. Existem diferentes concepgées de democracia elaboradas por filésofos, cientistas politicos e outros intelectuais. Conforme a historia foi passando por transformagées, o conceito de democracia e os debates ao seu redor também foram se transformando. DenocadiaPatcpaiva eSograa Publea Mico 1 SERASPAL. ima snag a 5082008 sia scot Pagina 4 @: © objetivo nao ser focar os diferentes debates conceituais em torno da democracia, mas, sim, defini-la de uma forma mais geral e eleger alguns debates mais significativos para o tema do curso. Ampliando 0 conhecimento 0 debate e a construcdo teérica sobre democracia so vastos. Para aprofundar essa discussio, leia o texto “Para_ampliar_o cAnone_democratico”, de Santos e Avritzaer. http://www.eurozine.com/articles/article_2003-11-03-santos-pt.htm! ‘A Constituiclo da Repubblica de 1988, no paragrafo Unico do seu artigo 1° dispoe: Todo poder emana do povo, que 0 exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituicao. Para compreender o significado de democracia, a andlise desse texto é fundamental. A democracia é um regime de governo em que impera a soberania popular, ou seja, € 0 povo quem decide os rumos do governo, direta ou indiretamente. ‘A soberania 6 um poder exercido com autoridade suprema, legalmente e com autorizacdo daqueles que se sujeitarao a ele. 0 século XX foi marcado pela disputa em torno da democracia. Ao final de cada uma das guerras mundiais essa disputa foi travada. Durante a guerra fria, 0 debate em torno da democracia teve dois focos principais: 0 primeiro se referiu ao desejo da democracia como 0 regime de governo mais adequado e, 0 segundo, sobre a compatibilidade da democracia com o capitalismo. Superada essa discusséo e tendo a democracia se tornado o regime hegemédnico, convivendo em harmonia com o capitalismo e com as praticas liberais, ela também se tornou um conceito fundamental e, algumas vezes, vazio de significado. Isso porque, por ter se tornado um modelo hegeménico, muitas préticas e conceitos passaram a caber dentro da ideia de democracia, 0 que acaba esvaziando seu significado principal: governo exercido pela soberania popular. 0 exercicio democratico passou Denosaca Pattie Saguanga Pb Mas SENIGPNL tina dang em 305200 ID) evens Pagina 5 SOOO OOCOOCOCCCOCOO8OOOOOO OOOO OOOO OOO OOOOH OHhOAL®O SOHHSHSHHHOHSHSHOHSSSHSHSHSHSSHSHSHSHSHHSHHSHSSHHHSHSHHSSHSHSSSSSOSEOCCO a ser caracterizado por praticas mais formais do que efetivas de exercicio soberano do poder pelo povo. Para que exista uma democracia é necessario que sejam criadas instituigées democraticas. Vocé consegue pensar em algumas instituigbes democraticas? Tente pensar em trés. Reflita sobre o que primeiro vier a sua cabeca. As eleicées livres, as liberdades individuais, um partamento ativo, instituigées ‘onde os processos sao transparentes e que prestam contas séo exemplos de instituigées democraticas. Outra caracteristica fundamental de instituicées democraticas € 0 respeito as leis, criadas a partir da vontade soberana do povo, por meio de praticas de participagao, nas quais as pessoas podem de fato definir quais so as leis que as governam. Assi pensar no dia: fica mais facil compreender a democracia, Se vocé visualizar esas instituicdes dia do nosso pais, sera mais facil perceber a democracia em funcionamento. Sao os cidadios que elegem os governantes, a imprensa é livre e todos podem caminhar e se locomover em qualquer parte do territério nacional, por exemplo. Consultando a lei Consiga um exemplar da Constituigao de 1988 ou leia todo 0 artigo 5° que trata dos direitos e deveres individuais e_coletivos, ¢ perceba quais sio as liberdades previstas. Mesmo que vocé jé conhe¢a a Constituigio e o contetido do artigo 5°, volte a lé-los. http: //www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/Constituicao/Constituicao.htm Democracia direta e representativa © Estado democratico 6, por assim dizer, um sistema politico composto por miitiplas dimensdes que se desenvolvem em diferentes niveis de profundidade. seu ser é processual. \sso significa que a realidade produzida por um regime democratic constitui-se de varias formas de liberdades. A democracia engendra-se nesse cruzamento de liberdades que, assim, se concretizam. (ROSENFIELD, 2003, p. 33) emocrcaPaiogiva eSequanga Plea -Médlo Sonar rem Ss @ meson Pagina 6 ~ ~ ‘A democracia brasileira possui mecanismos de participacdo_indireta (representantes eleitos) e direta. © mecanismo de representacao indireta é 0 direito ao voto, o sufragio universal obrigatério para todos os cidadaos brasileiros, previsto no artigo 14, da Constituicao, e também o direito de ser votado. 05 mecanismos de participacio direta so 0 plebiscito, o referendo e a iniciativa Popular para legislar. Ha também mecanismos de participacao direta nas politicas, piblicas - todos previstos no artigo 14, da Constituigao. Esses mecanismos foram pouco utilizados na realidade brasileira. Vocé lembra quantos plebiscitos e referendos promulgagéo da Constituicso em 1988? conteceram no pais, desde a Resposta: © Unico plebiscito no Brasil, apds 1988, aconteceu em 21 de abril de 1993, consultou a populacio sobre a forma e o sistema de governo que deveriam reger 0 Estado Brasileiro. A consulta sobre a forma de governo se deu entre monarquia e repiblica e sobre o sistema entre presidencialismo e parlamentarismo. Foram vitoriosos a republica e o presidencialismo. O segundo referendo do Brasil aconteceu no dia 23 de outubro de 2005 e consultou a populagio sobre a proibicao da comercializagdo de armas de fogo © muniges no pais. 0 “nao a proibicao” venceu. Tanto o plebiscito quanto 0 referendo so mecanismos de consulta popular. © referendo é a consulta popular feita depois da aprovacio de uma lei, seja ela complementar, ordinaria ou emenda a Constituicéo. No plebiscito, a consulta é feita antes da elaboracio da lei Para outras informacdes, consulte a Lei n° 9.709/98, www. planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L9708.hun Ampliando o conhecimento ema Paropta Sapa Pica Ni SENASPAU Gina aaago em 5082000 @ rnene Pagina 7 SOOO HOHOHOHSHSHOHNSSHSOHSOSSOSOHSHSHOAOSSHSOHSSSHSSHSHAKRARAEDRSAAOLRGLSE DOSSHSHSSHSOHSHSHSHSSSHOHOSSHSSSCHSHHOHSSOSHOHOHSSHSSOHOHSSSHOHCESSE®S Consulte 0 texto complementar elaborado pelo Forum Nacional de Participacéo Popular (ht c/textos/inic pop?.pu). Alem desses mecanismos, a Constitui¢ao também incentiva a criagdo de conselhos em diferentes reas, como salide e assisténcia social, abrindo caminho para uma democracia mais Participativa. A previsio de mecanismos de participacao nas politicas piiblicas em diferentes areas, possibilita, além da criagdo @ funcionamento dos conselhos, a realizacao das conferéncias. A realizagéo de conferéncias significa um proceso de consulta e deliberacso sobre determinada politica, em que representantes sio escolhidos direta e, sucessivamente, nas diferentes etapas - municipal, estadual e federal. E um processo, em geral, estimulado pelo poder executivo, mas com ampla participagao dos diversos setores da sociedade civil em todas as suas etapas e que acontece nos niveis municipal, estadual e federal, além de ivremente, em formatos alternativos criados por todos aqueles que querem participar. As conferéncias sio inovadoras pela possibilidade de diferentes formatos. Vocé vera um exemplo mais concreto quando discutir sobre @ Conferéncia Nacional de Seguranca Publica no Ultimo médulo deste curso. Problematizando a democracia ‘Ainda que a emergéncia da democracia seja considerada um dos acontecimentos mais importantes do século XX, ocupando lugar central no campo politico, ela deve ser considerada um processo em construcia. ‘Século XX 0 século XX foi efetivamente um século de intensa disputa em tomo da questo demacratica. Essa disputa travada ao final de cada uma das guerras mundiais e, a0 longo do periodo da guerra frla, envolveu dois debates principais: na primeira metade do século, 0 debate centrou-se em torno da desejabitidade da democracia (Weber, 19195 Schimitt, 1926; Kelsen, 1929, Schumpeter, 1942; Michels, 1949). Se, por um lado, tal debate foi resolvido em favor da democracia como forma de governo, por outro lado, a proposta que se tornou heyeménica a0 final das duas guerras mundiais implicou em uma restricao das formas de participacéo soberania ampliadas em favor de um consenso em torno de um procedimento eleitoral para a Dasa Prin Sapa iba Mot SENAGPMU- Uta ststaso 15852000 @ mreconn Pagina 8 oe formago de governos (Schumpeter, 1942). Essa foi a forma hegeménica de pritica de democracia no pés-guerra, em particular nos paises que se tornaram democraticos apés a segunda onda de democratizagao. (SANTOS € AVRITZER, 2008, p. 11) Aescolha da democracia representativa como modelo democratico hegeménico, ou seja, como padrao adotado pelo mundo ocidental, apresenta alguns problemas. Embora ela crie um mecanismo de participacdo e uma forma de funcionamento adaptavel a intimeras realidades, ao mesmo tempo, estimula pouco a participagao social por meio de outros canais, ja que pontua o exercicio democratico dos cidadios apenas no momento de votar. Tem-se entao o fendmeno da “apatia politica”. Democracia representativa Embora a representacdo politica seja originariamente uma forma de delegacao de poder, ela tende, sob as condigées do Estado Moderno, a tornar-se um poder desvinculado daquilo que é precisamente a “delegacdo”. Com efeito, 0 problema reside no modo de enfocar esse processo de representacao politica, pois se a democracia, enquanto forma de governo, fica restringida & vida de um partamento afastado da vida da na¢io, legistando sobre essa sem consulté-la, a sociedade é tomada por um proceso geral de desinteresse para com a “cotsa Publica”. A prépria “coisa piblica” vem a ser considerada como algo que pertence aos Politicos e no & nago no seu conjunto. (ROSENFIELD, 2003, p. 76) Essa apatia, esse desinteresse pelas questées publicas pode ser verificado no dia- a-dia. Qual foi a ultima vez que vocé participou de alguma discussio sobre de questées coletivas? Seja num conselho de bairro ou numa assemble: condominio? Um ponto que decorre essa discussao, da apatia, é a valorizagao das eleicées de cargos do executivo em comparacao ao legistativo, uma vez que a consequéncia da apatia é valorizar os “messias” - prefeitos, governadores e presidentes - no lugar de membros do parlamento. Comparativamente falando, nao ha uma historia de participacao. a existéncia de inimeras Essa contradigéo especifica na democracia do Brasil estruturas formais pata a participaco e apatia politica - é um ponto importante para uma anilise critica. Essa apatia é um importante desafio para a consolidacao da anecrae Paricpetiae Senvaga Pla -Médub1 'SENASPIM Dita aunizago em 15187008, GD seca tance Pagina 9 DOOHOONHOHSOHSOOSSSOSOSHOSHSOOSHOSOHSHOSOSOHSSHSSSHSSOHOSKEOSEEKAEAAASS SSCOSCHOOHOHOSHOHOHSHOOHOHOOHHHOOHHHHHOHHHOHHHHOHBHOHHSHHHHOHOESOS democracia no pais. £ claro que ndo € 0 unico e que existem tantos outros importantes desafios. Mas & nele que serd focado, pois 0 curso sera centrado na discussdo sobre a participagdo e sua importincia para o fortalecimento da democracia. Democracia no Brasil No Brasil, com 0 advento da Constitui Cidada de 1988, surgem diversos instrumentos que procuram viabilizar, nas mais diversas dreas afetas a administracdo piblica, instrumentos de participagio que procuram compensar as deficiéncias do processo democratico eleltoral devolver a sociedade sua capacidade de gestdo auténoma, ou seja, devolver aos individuos 1 capacidade de gerir 0 espaco piiblico, buscando aproximar 0 conceite moderno de democracia - fundado na representagao -, do conceita classico, fundado na aco direta mediante 0 uso da voz no espaco piibtico. E assim que, na gestio da sate, do espaco urbano, da cultura, das politica de Suventude e de género, bem como uma infinidade de outras areas, vé-se surgirem instrumentos, como comités, consethos gestores, conferéncias ¢ outras iniciativas que buscam inserir a participacdo direta e indireta da sociedade na formulacao, gestao, execucio e fiscalizagio de politicas pilbticas. (KOPITTIKE e TORELLY, 2008, p. 4) Para a discussao sobre outros desafios da democracia brasileira, leia o texto de Vera Telles: “Direitos sociais: afinal do que se trata"? http://www. ffich.usp.br/sociologia/veratelles/artigos/ 1996%20Direitos%20Sociais.pdf ‘A democracia participativa Resse sentido e diante da complexa contradicao verificada na democracia brasileira, € proposto o resgate e o fortalecimento da ideia da democracia participativa. E importante compreender, repetidamente, as alternativas conistitucionais para a exclusividade da representacao como forma de participagao. ‘A democracia participativa ¢ aquela em que a participacao social se efetiva por meio de diferentes mecanismos, para além do voto. Em que a participacio social nas politicas piiblicas se di de diferentes maneiras, por meio de conselhos, conferéncias e outros mecanismos criados livremente, como comités gestores, féruns de discusséa, dentre inimeros outros. emaasa Pnioptia e Sarna Pica ~Médl ‘SENASPA tina aalzado em 15082008, Pagina 10 ‘A democracia participativa estimula o envolvimento dos diversos grupos, sejam ios ou minoritérios, garantindo voz a todos. eles majorit A democracia participativa garante espacos de fiscalizagéo e controle a ser exercido pela populagéo sobre as diferentes instituigées. ‘Ao longo do curso, vocé estudaré mais detathadamente outros mecanismos, que em Conjunto com os mecanismos centrais, plebiscito, referendo e iniciativa popular para legislar, compéem os mecanismos da democracia participativa, de forma descentralizada em relagao aos entes federativos e permitindo e incentivando a ampla participacao social. Podemos afirmar que o principal objetivo estratégico da democracia participativa é a universalizacao da cidadania, portanto, a construcao de uma democracia cotidiana, 4 democracia néo pode ser algo abstrato na vida das pessoas ou, de concreto, apresentar apenas as eleicées. Deve proporcionar ao cidadio e a cidada a participaco plena nas questées que the dizem respeito, atém de favorecer sua soberania, autodeterminacao e autonomia. (MORONI, 2006, p. 7) Aula 2 - As politicas publicas como garantidoras de direitos Depois de participar da discusséo sobre democracia, vocé estudara sobre politicas piblicas. Em relagao as politicas piiblicas, 0 debate e a construcdo tedrica so também vastos. Para esta aula, vocé deveré se concentrar no que significa politicas piblicas e no papel delas na realidade brasileira. Para comesar, leia o texto. Quando pensamos em politicas pablicas, logo hos vemn a cabega as varias fungoes socials possivels de serem exercidas pelo Estado, tais como satide, educacao, previdéncia, moradia, saneamento basico, dentre outras. Na pritica se trata disso, entretanto, para que sejam implementadas as diversas potiticas em cada area social é necessério definir € compreender a ‘estrutura institucional do Estado que contempla tais funcdes, ou seja, seu conjunto de 6rgdos, autarquias, ministérios competentes em cada setor, além do processo de financtamento e gestio. enone Pato e Sepuarea Pubes Mods SOP Onn sn enn @eecsone Pagina 14 2 = SOOCOHSHOSSOSOSCOOOSSESOSOSOOSOHSSOSOSOSSHRRASSSSSARKOBGEGLSE POSSOSSSSSHNSSSHSHSSSHOSHSHSSSSHOHSSSHOHSHSHSHOSOSCHOCHOSCOCOCLSO Por conta disso, normalmente costuma-se pensar 0 campo das politicas piblicas unicamente caracterizado como administrative ou técnico, e assim livre, portanto, do aspecto “politico” Propriamente dito, que é mais evidenciado na atividade partidaria e eleitoral. Essa é uma meia verdade, dado que apesar de se tratar de uma area técnico-administrativa a esfera das politicas piiblicas também possiii uma dimensao politica, uma vez que esta relacionada ao processo decisério. Isto é, ao Estado é imperative fazer escolhas sobre que area social atuar, ‘onde atuar, por que atuar e quando atuar. Essas escolhas, por parte do Estado, que se transformam em decisées, so condicionadas por interesses de diversos grupos socits. Representam conquistas que se traduzem legalmente em direitos ou garantias defendidos pela sociedade. 0 Estado tera que intermediar e negociar esses interesses, na busca de estabelecer critérios de justica social visando um discernimento politico sobre suas funcdes sociais ¢ qual 0 alcance delas. (FERNANDES, disponivel em: http://200. 155. 18.64/informacao/b6d7 tce_114f59a64ed - Tfcc.pdf, p.1) Apés a leitura do texto, vocé pode verificar que as politicas publicas vinculam-se com a implementagéo de diferentes direitos sociais: educagio, satide, assisténcia social, dentre outros. Viu também que ha dois planos possfveis de anélise, um institucional, que diz respeito & estrutura administrativa estatal para a execucéo das politicas piiblicas e outro, no campo politico, da escolha, da tomada de decisdo. Pois bem, é por meio das politicas publicas que o Estado, tanto em nivel federal, como estadual ou municipal, viabi os direitos sociais aos cidadaos. Os direitos sociais, diferentemente dos direitos civis e politicos, para serem garantidos, demandam uma prestacao por parte do Estado. Os direitos civis, politicos e sociais compéem 0 que é chamado de cidadania: > Direitos civis Direitos fundamentais a vida, a liberdade, a propriedade e a igualdade perante a lei. > Direitos politicos Direito a participaciio do cidadio no governo da sociedade. Como 2 capacidade de fazer demonstracées politicas, de organizar partidos, de votar e ser votado. Denecraca Panipat © Sepang bia Modi 1 ‘SENASPAMS- ra tung on 15062008 Pagina 12 > Direitos sociais Direito a participagao na riqueza coletiva. Como 0 direito & educagao, a satide e a0 trabalho. (CARVALHO, 2008, pp. 9/10) Para garantir 0 direito ao voto de uma pessoa, por exemplo, o Estado nao precisa implantar uma politica piblica, basta que nao interfira e nem impeca esse ato - logicamente que vai ser necessérlo apoio operactonat para que uma eleigo ocorra, que demandara que o Estado viabilize uma eleicéo, mas isso nao é uma politica plblica, No entanto, sem uma intervengao estatal estruturada com metas de curto, médio e longo prazos, um sistema pubblico de satide estruturado, nao ha a concretizagao desse direito. é impossivel ter garantido o direito a saiide, por exemplo. Sem E importante analisar também que, embora a politica piiblica seja o meio de efetivar 05 direitos sociais, isso nao significa que, bastando a estrutura técnico-administrativa estatal, ela sera implantada automaticamente para todas as pessoas e em relacéo a todos os direitos. Isso porque existe uma limitagZo concreta de recursos. Na expresso popular “o cobertor é curto”. Escolhas sao feitas e algumas politicas publicas so implantadas. Essa decisio dialoga diretamente com a necessidade de participaco social no processo de implantacao das politicas piiblicas, para que a escolha seja democratica e para que a politica seja efetivamente publica, refletindo a pluralidade de ideias e o interesse legitimo da sociedade. Antes de seguir, leia_ 0s textos contidos no BOLETIM _REPENTE http:/ /vww.polis.org.br/obras/arquive 255.pdf elaborado pelo Instituto Polis, especialmente para apresentar 0 conceito de politica publica. Tipos e etapas das politicas publicas A politica piiblica é concretizada por meio de um plano de acao e é composta por um conjunto de atos: a criagao de uma lei que define o funcionamento do sistema de satide publica e, em seguida, 0 planejamento e a elaboragao de um conjunto de programas e projetos, sua implantacao e avaliacao séo todos atos que a compée. A politica piiblica possui também um ciclo, composto por etapas: > Tomada de decisio; > Formulagio; Democraca Partita e Sena Pbica Madu 1 SSENASPAU ima asizaco em 15002008 fibreadeaos Pagina 13 SOHOHOKCOHOOHOHOHSNHOSOSHOSOHOOHOSOHOSOHOOSOOHSOHOHOHSHOOOOCOOEEOEEEEEEES SHHSHSHSHSHHOHHSHHSHSSHHSHSSHSSHSHSSHOHHHHSHSHSSHHOHSSHCHOSHEOCHOCCOCECO > Implementagio; > Monitoramento; > Avaliacao. Essa distingao nao é estanque e ha variagdes encontradas na literatura sobre o tema. Leia o que Frey escreveu sobre o assunto. As tradicionais divisées do ciclo politico nas varias propostas na bibliografia se diferenciam apenas gradualmente. Comuns a todas as propostas so as fases da formulagao, da implementagao e do controle dos impactos das politicas. Do ponto de vista analitico, uma subdivisio um pouco mais sofisticada parece pertinente. Proponho distinguir entre as seguintes fases: percepcao e definicéo de problemas, ‘agenda-setting’, elaboracio de programas e decisa io, implementagao de politicas e, finalmente, a avaliacao de politicas e a eventual correcao da aco. (FREY, 2000, p. 226) Ha também diferentes tipos de politicas piblicas, que na defini¢ao de Frey, so as seguintes: > Politicas distributivas Possuem um baixo grau de conflito nos processos politicos, j4 que distribuem vantagens endo acarretam custos, pelo menos, diretamente percebiveis para outros grupos, Sao arenas politicas caracterizadas por consenso e indiferenca amigével. Em geral, beneficiam um grande nimero de destinatarios, todavia em escala menor e potenciais opositeres costumam ser incluidos na distribuicao de servicos e beneficios. > Politicas redistributivas Séo orientadas para 0 conflito. Séo recursos financeiros, direitos ou outros valores que necessitam ser redistribuidos, visto que nao ha em numero suficiente para todas as pessoas, camadas sociais e grupos da sociedade. 0 processo politico que visa a uma redistribuico costuma ser polarizado e repleto de conflitos. > Politicas regulatérias Trabatham com ordens e proibigdes, decretos e portarias. Custos e beneficios podem ser distribufdos de forma igual e equilibrada entre os grupos e setores da sociedade, do mesmo modo como as politicas também podem atender a interesses particulares € restritos. Os processos de conflito, de consenso e de coalizao padem variar. (FREY, 2000, pp. 223/224) Damani Sana Pia Mio SEAASPM)- Un saan on 808720 Berne Pagina 14 Saiba mais... Sobre os tipos de politicas piiblicas, Femandes aponta que: A arena regulatéria trata da limitacao ou concesséo de atividades, como a privatizagio ou concessio direta de servicos piiblicos, por exemplo. A arena distributiva trata de estimular ou desestimular setores e atividades Jé existentes e regulamentadas, como é 0 casa da concessio de subsidios. A arena redistributiva intervém na estrutura econdmica da sociedade criando mecanismos que diminuam as desigualdades sociais. Politicas sociais como educagao e saiide so exemplos de arenas redistributivas indiretas, pois influenciam no longo prazo a diminuigo da desigualdade social. Programas sociais como renda minima ou bolsa escola s80 ‘exemplos de arenas redistributivas diretas, pois caracterizam transferéncia monetaria direta para as pessoas mais pobres. da sociedade. (FERNANDES, dispontvel__ em: http: //200.155.18.61 /informacao /b6d71ce_114f59a64ed_-7fcc pdf, p.3) Em qualquer que seja o tipo de politica publica, a participacao social € fundamental. E, em todas as etapas também: tomada de deciséo, formulagso, implementacao, monitoramento e avaliagao. Todo © processo de construsie das politicas piiblicas no pais é extremamente complexo. Ainda que 2 democracia brasileira viva uma forte contradigo, com a existéncia de mecanismos de participagao, a0 mesmo tempo, em que se verifica uma apatia politica, a construcéo e a execusao das politicas publicas configuram uma arena politica em que a participacao social pode e deve acontecer. Hd mecanismos para isso e ha inumeras experiéncias produtivas de participacao social nas politicas piiblicas, como vera a seguir. ‘Aula 3 - A participagao na democracia brasileira Leia 0 texto sobre o histérico da participacio social no Brasil, particularmente apés a década de 70, que é apenas um trecho do texto “Participagio social no Brasil hoje”, de Maria do Carmo A. A. Carvalho, que resgata a histéria da participacao social no Brasil e discute suas questées atuais. A histéria dessa participacao é muito mais antiga e caminha junto com a prdpria historia do Brasil. No entanto, sua oposigao em relagéo a ditadura militar é que the deu forgas e caracteristicas importantes para entendé-ta e discuti-la no contexto atual. Donec Pata Spray sn -a 1 SENASPA Uta ago 505208 @uworen SOHOHOHHSHOSHOSSOSOSSHSOHSOSHSOHOSOHSSOSSHSSSHSAKRNSKOKRAKAROLGLS SDOSOSHSHSHSHSHHSHSSSHSSHSSHSSHSSHSSSHOHSSSSSSHSOHSOHOSCHSOSOOHCOECE®S Historico da participaco social no Brasil 5 anos 70 foram, no Brasil, tempos de profundas mudancas econdmicas e politicas, que provocaram a emergéncia vigorosa de novas demandas sociais. O Estado burocratico- autoritario, que se estabeleceu com a ditadura militar, fechou, no entanto, até mesmo os precarios canais de expresso e de negociacéo de interesses e conflitos mantidas pelo opulismo. Nesse contexto de auséncia de canais de interlocucao, emergem novos movimentos sociais como captadores dessas novas e candentes demandas sociais. Sua acao abre novos espacos ou “lugares” para a ago politica. Na auséncia de espacos legitimos de negociagao de conflites, 0 cotidiano, o local de moradia, a periferia, o género, a raca tomam- se espacos @ questies piblicas, lugares de acao politica, constituindo sujeitos com identidades e formas de organizacéo diferentes daquelas do sindicato e do partido. (CARVALHO, p. 2) Grupos minoritarios, resistentes & ditadura, se fortalecem e iniciam um processo de organizagio para contra ela lutar. Temos assim, nos anos 70 e 80, uma “fase” de emergéncia muito vigorosa do que temos _chamado “os novos movimentos sociais”, movimentos que se organizam como espacos de acdo reivindicativa, que recusam relagdes subordinadas, de tutela ou de cooptacao por parte do Estado, dos partidos ou de outras instituicdes. Esses novos sujeitos constroem uma vigorosa cultura participativa ¢ auténoma, multiplicando-se por tado o pais e constituindo uma vasta teia de organizagies populares que se mobilizam em torno da conquista, da garantia e da ‘ampliagao de direitos, tanto os relatives ao trabalho come & methoria das condigées de vida no melo urbano e rural, ampliando sua agenda para a luta contra as mais diversas discriminagées como as de géneto e de raga. Essa nova cultura participativa, construida pelos movimentos socials, coloca novos temas na agenda pablica, conquista novos direitos e 0 reconhecimento de novos sujeitos de direitos, mas mantém, ainda, uma posicae exterior e antagénica 20 Estado, pois as experiéncias de didlogo e as tentativas de negociagao realizadas até, entao, levavam, sistematicamente, & cooptacio ou & repressio. (CARVALHO, p. 3) Nos anos 70, se consolida uma cultura de participacéo, por mefo de uma postura contréria ao Estado, de reivindicacdo por direitos e liberdades suprimidas durante a ditadura. © perfil dos movimentos social era reivindicativo, Nos anos 80: © processo constituinte, 0 amplo movimento de “Participacio Popular na Constituinte”, que elaborou emendas populares & Constituicdo e coletou subscrigdes em todo o pais, marca esse momento de inflexiio © uma nova fase dos movimentos sociais. Momento em que as experiéncias da “fase” anterior, predominantemente retvindicativa, de ac3o direta ou “de rua”, sio sistematizadas ¢ traduzidas em propostas politicas mais elaboradas e levadas aos ‘canats institucionais conquistados, como a propria iniciativa popular de lei que permitiu as emocraca Pat naa eSequangaPibica advo 1 ‘SENASPMA- tina aulaneo en 150808 srcatocurce Pagina 16 @enee ‘emendas constituintes. “Na luta fazemos a lei” era o slogan de muitos candidatos do campo democrético-popular ao Congresso Constituinte, revelando seu carter de espaco de afirmacao das mobitizacées sociais no plano dos dire'tos instituides. ‘A-emergéncia dos chamados noves movimentos socials, que se caracterizou pela conquista do direito a ter direitos, do direito a participar da redefinicao dos direitos ¢ da gestéo da sociedade, culminou com reconhecimento, na Constituigo de 1988, em seu artigo 1°, de que: ‘Todo poder emana do povo, que o exerce indiretamente, através de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituicéo.” Essa “Constituigao Cidada” prevé a participacdo direta dos cidadaos através dos chamados institutes de democracia direta ou semidireta, como o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular de lei, as tribunas populares, os consethos e outros canais instituctonais de participagéo popular. (CARVALHO, p. 3) A participaco social foi fundamental para a conquista democrética no movimento “Diretas Ja”. Esse foi um movimento popular que reuniu formadores de opiniao, trabathadores, estudantes e representantes de diferentes classes sociais, para reivindicar a possibilidade de eleger diretamente o presidente da Repiiblica. No periodo da ditadura militar, nao havia elei¢ao direta. Essa pressdo popular culminou na abertura democratica. Assista ao video sobre “Comicios das Diretas Ja!”. Uma das muitas manifestacées sociais em prot das elei¢des diretas. fit tio://www.w Com 0 processo de abertura democratica ou redemocratizacao do pais, a participacao social, por meio dos movimentos representantes das minorias, dos sindicatos, das organizacées religiosas e das organizagées da sociedade civil (ONGs) se afirmava e se fortalecia. O passo seguinte foi a participacéo no processo constituinte para a formulacéo e promulgagéo da Constituicto de 1988. Houve intensa mobilizacao em torno da constituinte e diferentes segmentos da sociedade participaram das discussbes ali travadas. Constituigéo de 1988 © processo constituinte 6 um momento de inflexdo, em que emerge claramente, nas reivindicagses dos movimentos sociais, a ideia de “participagdo" tal como a estamos Demacasa Paicetva eSequana Pubiea -Maaio 1 ‘SENASPAAL- Utne sateagso om 10872009 B mrersonos Pagina 17 . SOOOHOHSHSHOHSHSHOSHSOHSOHSHOSSHSSSSOSSOSSHSSOHSSSSSSEOECESSRSESEaSe SCOSHHSSSHSHSHOSHHSSHSHSSOHSHSHSHSESCSHOHSSEHSOSHSSSEHOSSSSEOCECESSSE entendendo neste texto, num patamar diferente da “participagao” entendida de uma forma mais ampla e genérica. A partir da Constituinte, e ao longo da década dos 90, toma-se cada vez mais clara para os movimentos sociais a reivindicagdo de participar da redefinicdo dos ireitos e da gestdo da sociedade. Nao reivindicam apenas obter ou garantir direitos ja definidos, mas amplié-los ¢ participar da defnigdo e da gestio desses direitos, nao apenas ser incluldos na sociedade, mas participar da definicao do tipo de sociedade em que se querem incluidos, de participar da “invengao de uma nova sociedade”. Culminam na Constituinte e no reordenamento institucional que a ela se seguiu, dversas lutas que tém raizes na década de 60, quando diversos atores soci base”. Assim, a luta pela Reforma Sanitaria, aliando a ago dos profissionais da satide — os sanitaristas ~ aos emergentes movimentos populares ¢ sindicais na érea de satide, consegue aprovar 0 SUS — Sistema Unico de Satide, que institui um sistema de co-gestao e controle ‘Social tripartite (Estado, profissionais @ usuarios) das paliticas de satide, que se articula desde 08 canselhos gestores de equipamentos basicos de satide até 0 Conselho Nacional, regido pela Conferéncia Nacional de Satide, A luta pela Reforma Urbana consagra a fungéio social da propriedade e da cidade, num capitulo inédito sobre a questao urbana que prevé o planejamento © a gestdo participativa das poliicas urbanas e que, embora nao tenha consolidado um sistema articulado de conselhos, tem instituldo diversos espacos de co-gesto das politicas urbanas nes esferas estaduais e municipais. pleiteavam as “reformas de Merecem também destaque, pela participagéo da sociedade organizada, pressionando © construindo espagos de co-gestao, as areas que envolvem politicas de defesa da crianca e do adolescente e de assisténcia social. Através das novas leis como 0 ECA - Estatuto da Crianga @ do Adolescente ~ e a LOAS ~ Lei Organica da Assisténcia Social — essas poliicas, marcadas tradicionalmente pelo patemalismo @ pelo cientelismo, s40 redefinidas de modo ‘mais universal e democratico e submetidas ao controle social exercido por movimentos sociais € entidades profissionais. (CARVALHO, p. 4) Assista a mais um video. Agora sobre a promulgagao da Constituiglo de 1988. http: / /www. youtube, com /watch?v=G 1kinfgTdeM&NR=t Além de a participagio social ter sido decisiva para a promulgagio da Constituicao, também est prevista de diferentes maneiras, como visto nas duas aulas anteriores, ‘em seu texto, O desafio atual é fortalecer e colocar em pratica essa participacao nas suas mais variadas formas, consolidando a democracia participativa. Dorecrca arog Spirnga Pita Moco SEAS? Utne aitcnto on 506200 G) wero ae Pagina 18 0 objetivo do exercicio é complementar as informacées apresentadas nas paginas seguintes. Exercicios de fixagao 4, O que é democracia? 2. Quais as formas e os mecanismos de participacao previstos formalmente no Brasil? 3. Aponte pelo menos um grande desafio para a consolidacéo da democracia brasileira. 4. Qual a relacao entre as politicas publicas e os direitos sociais? Este € 0 final do médulo 4 Democracia, politicas puiblicas e participagao Gabarito 4. Ademocracia é um regime de governo em que o poder ¢ exercido pelo povo. Em que a soberania é popular e que 0 governo é todo pauitada em leis criadas pelo povo ou seus representantes. 2. Voto, iniciativa direta para legislar, plebiscito, referendo e a participacéo na formulagao das politicas piblicas. 3. Superar a concepgao de que democracia se resume ao momento do voto. Conseguir que as pessoas exercam seu direito a participagio em outros momentos, especialmente na formulago das politicas publicas. 4. AS politicas piblicas configuram 0 meio pelo qual os direitos sociais sao efetivados. © direito a satide, por exemplo, s6 pode ser efetivado por meio da imptantaco de uma politica pibtica. Dera Prt Sapna Pica Mat SENASPAMU- eva auneago en 11067208 B tease onee Pagina 23 SPOCHHOHSEHHOKOSESSNSHOSOHROSSHSHOSHSHSHESSSKSSOGHRECHRLOHRDROaADaDA OOHOSSHSHNHSSHSHSHSSHSSHSSHSHSHSSHHSHHHHSHSHSHOHSSOHOSHSSSHOHOSSHOOCHOCLCEO Médulo 2 - Os instrumentos de participacao social no estado brasileiro Neste segundo médulo, vocé estudara sobre os instrumentos de participacao social existentes no Brasil e poder citar alguns exemplos bem concretos. O conteddo deste médulo esta dividido em 2 aulas: Auia 1 - Mecanismos de participacao social nas politicas piblicas ‘Aula 2 - Exemplos concretos: 0 modelo da satide e da assisténcia social A partir dos conhecimentos apreendidos neste médulo, vocé sera capaz de: ‘* Identificar 0 funcionamento e diferenciar os mecanismos de participacao social existentes no Brasil; e @ Citar exemplos concretos de politicas piiblicas participativas. ‘Alguns textos contidos nas referéncias bibliograficas do curso foram usados para a elaboracao das aulas, outros fazem parte de atividades propostas e alguns sao apenas sugestées de leitura. Vocé encontrara referéncia a eles, ao longo de todo o médulo. conor Pactra Sepa Pits? SEnASHnt- tn ceo on 5052009 Pagina + te deamon SOHOHSHSHSHHOSHHHHSHSHSHSHSHHSHSHHHHOHSHHNHSHSHHSHHOHHONHHOHOOHSEOSCHSOSCSELE [ Aula 1 - Mecanismos de participacao nas politicas publicas Depois de uma discusséo bastante conceitual sobre a democracia participativa e a participago social nas potiticas publicas, vocé estudara mais concretamente como é que se da o funcionamento da democracia participativa no Brasil. S40 direitos socials aqueles previstos no artigo 6°, da Constituigéo: educacéo, saiide, trabalho, moradia, lazer, seguranca, previdéncia social, protecéo 4 maternidade e a infancia e a assisténcia aos desamparados. Praticamente todos esses direitos possuem mecanismos de gestdo participativa para a implantacao das politicas publicas que visam a sua efetivacio. Os principais mecanismos de gestao participativa sao os conselhos. Kopittke, Anjos e Oliveira (2009) realizaram uma compilacdo sobre esses mecanismos. Veja: (© SUS foi fruto de um processo histérico construido pelo movimento sanitarista € conseguiu transferir a ago do Estado de resposta a doenca para a prevencao da sate, incorporando os trabathadores de saiide e a sociedade civil nos processos de definicao politica do Sistema. A Lei n? 8.080/90 e a Let n° 8.142/90 consolidaram 0 SUS, estabelecendo como integrantes do sistema as conferéncias e conselhos, garantindo a participagdo da populagao na formulagao da politica nacional de sade nas trés esferas de governo.0 Sistema Nacional de Habitacao de Interesse Social - SNHIS - (Lei n* 11.124/05) foi o primeiro projeto de lef de iniciativa popular aprovado pelo Congresso Nacional sob a égide da CF/88. (...) Os demais direitos sociais previstos no artigo 6°, da CF/88, possuem mecanismos de gesto participativa previstos formalmente, a saber: educagao (Conselhos de Acompanhamento Controle Social do Fundeb, Lei n° 11494/07, e Conselho Nacional de Educacao, instituido peta Lei n® 9.394/96); satide (Lei n® 8.142/90, que dispde sobre a participacdo da comunidade na gestdo do Sistema Unico de Satide - SUS); moradia (Conselho Nacional das Cidades, constituido em 2004); lazer (Conselho Nacional de Esportes, Decreto n? 4,201/2002, e Consetho Nacional de Poitica Cultural, Decreto n® 5.520/2005); previdéncia social (Conselho Nacional de Previdéncia Social, artigo 194, da Constituigao e Lei n® 8.213/1991); protecdo & maternidade e a infancia (Conselho Nacional da Crianca e Adolescente, Lei Federal n” 8.242/1991); assisténcia aos desamparados (Consetho Nacional de Assisténcia Social (Lei n® | 8742/1993); e trabalho (previsto ne artigo 10, da Constituicao Federal, Convengao 88 da OIT, Conselho Nacional do Trabalho, Decreto n° 5.063/2004, Consetho Curador do FGTS, Lei n° DenoceciaParicpava Seqranga Piblea ~ Mle 2 SSENASPI - ims asalzao em 18862008 Pagina 2 5.107/66, Conselho Deliberative do FAT e Comissées Estaduais ¢ Municipais de Emprego). | (KOPITTKE, ANJOS e OLIVEIRA, 2008, p. 12, notas 1 e 2) Perceba que no plano formal e na esfera federal, praticamente todos os direitos sociais possuem conselhos com participagao da sociedade civil. Além da existéncia desses conselhos nacionais, muito deles possuem conselhos ou outros mecanismos de participagao nas esferas estadual e municipal também, seguindo a orientacdo de descentralizacao das politicas piiblicas e da participacdo social. 0 trabalho de Moroni (2006) mapeou 64 conselhos existentes no nivel federal. Além dos consethos, as conferéncias séo importantes mecanismos de participacao social. Segundo levantamento realizado pela Secretaria Geral da Presidéncia da Repiblica, entre 2003 e 2007 foram realizadas 44 conferéncias nacionais, com a participagao de mais de trés milhdes de pessoas, incluindo as etapas municipais e estaduais. Outros mecanismos de participagdo apresentados no levantamento da Secretaria Geral da Presidéncia da RepUblica so as consultas piblicas, como a que discutiu o Plano Amazénia Sustentavel; a participacao no planejamento das politicas piiblicas, como os féruns estaduais e participacao social para discutir 0 Plano Plurianual_- PPA 2004/07 e, ainda, as ouvidorias, que passaram de 40 para 124 entre 2004 e 2007. Resumidamente, é possivel encontrar os seguintes tipos de mecanismos de Participagao social, alternativos ao voto, plebiscite, referendo e iniciativa popular para legislar: > Conselhos; > Conferéncias; > Owvidorias; > Consultas e/ou audiéncias piblicas; » Foruns de debates; > Mesas de negociacao; e > PPA. DemocraaPatipatiae Seguanea Pica -Medvo2 ‘SENASPRAY- Una aaa en 15067008 Pagina 3 (sca cursos SSOP OOOKSOOSOSSSOSSOOSOSOSHSOSSSSOSSSOKSSSESSEBBEABeeeeseee SPHOHSHSHSHSSHSHOHSSSSHSSHSSSSSSHSSHHOSHSHOHSHSSSHSHSCHOSOSESOOOCC®S ‘Sobre os conselhos Moroni (2006) apresenta as seguintes caracteristicas dos conselhos: > Orgao pubblico e estatal; > Com participacao popular, por meio de representacdo institucional, > Representantes da sociedade civil eleitos em forum proprio e pela propria sociedade; > Com composicéo paritaria entre governo e sociedade (reconhecimento da multiplicidade dos sujeitos politicos); > Criado por lei ou outro instrumento juridico, portanto, espaco institucional; > Com atribuigdes deliberativas e de controle social; > Espaco puiblico da relacdo e da interlocugao entre Estado e sociedade; > Mecanismo de controle da sociedade sobre o Estado; > Com atribuicées de discutir a aplicacéo dos recursos, isto é, do orgamento pibtico; > Liberdade de escolha da presidéncia do conselho pelo préprio consetho; > Presente nas trés esferas de governo, funcionando em forma de sistema descentralizado. (MORONI, 2006, pp. 5-6) Leia as palavras de Moroni sobre 0 conselho. Na verdade, o conselho @ um instrumento para a concretizacéo do controle social - uma modatidade do direito participagao politica que deve interferir efetivamente no processo decisério dos atos governamentais. Numa leitura simplificada, podemos dizer que os conselhos destocam o espaco de decisio do estatal-privado para 0 estatal-piblico, dando oportunidade transformagao dos sujeitos sociais em sujeito politicos, em que a governabilidade & democratica e compartithada por todos/as. (MORONI, 2006, p. 5) Os conselhos sao drgaos essenciais as politicas piblicas, sua existéncia garante um espaco privilegiado de representacao e participacao nos processos constitutivos das diferentes politicas. Damas PatpotaeSepvanaPbiea-Mbalo 2 SENASPIA!- Ota ausoarn on 15082009 Pagina 4 Hercadecuron Existem diferentes tipos de conselhos, os deliberatives, que podem ser também consethos de fundos patrimoniais, os consultivos € 0s exclusivamente governamentais. Na definicdo da Secretaria Geral da Presidéncia da Republica (ttp:/ www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sec geral), eles podem ser assim caracterizados come 4. Cansehios Deliberativos: (CNS, CNAS, CNE, CONANDA, etc.) Natureza deliberativa; Vinculados de forma sistémica a politica piiblica ou defesa de direitos; Composicdo contempla participaco social, com carater de representatividade; Possibilidade de co-gestao das politicas e programas; Fungées de aprovacao de planos @ politicas nacionais, de orgamentos dos ministérios ‘aos quals estdo vinculadas, definigdes de referencial normativo para a gestao das politicas (SUS, SUAS, SINASE, etc.); € Fungées de controle € acompanhamento. 2. Conselhos Deliberativos de Fundos Patrimoniais: (CODEFAT, Consetho Curador FGTS) Gestdo de fundo patrimonial; Geralmente de composicao tripartite; e Representacao corporativa dos interessados na adequada gestao do fundo. 3. Consethos Consultivos: (CONSEA, CDES, Consetho da Juventude) Natureza consultiva; Caréter assessor na formulacao de politicas e construgao de propostas; e Participacao ampla da socledade, porém geralmente sem carater de representatividade. 4. Conselhos Governamentais ou com fraca participacao da sociedade Podem ter natureza consultiva ou detiberativas Participacao minoritéria de representantes da sociedade (quanda existe); Vinculados a politicas econémicas e/ou produtivas; Pouca ou nenhuma possibitidade de co-gestao de politicas/programas; e ‘Democacia Paicpatva eSeurana Pilea Mado 2 SENASPM ‘ine hata on 150872008 Pagina 5 tedcade mon ew 9 6 COMA MAA AAA AHHAHASHOSHSSSOSSSOSOSSEOSOOSSEOSCOCESE HGDOSOSSHSNHSNHSSHSHHSHSHHSHSHSHSHSHSHSHHSHHSHSHSHOHOHHSNHHOHHOSCHHCOHSHAEE Com forte atribuigao de estabelecimento de regras, normas, legislacao, controle fiscalizacao de politicas especificas. Agora faca um exercicio e tente se lembrar de algum conselho que vocé jé tenha Participado ou, ao menos, tomado conhecimento. Vocé consegue dizer se ele era deliberativo, consultivo ou governamental? Sobre as conferéncias ‘Moroni (2006) assim define as conferéncias: Conferéncias sao espacos institucionais de deliberacao das diretrizes gerais de uma determinada politica publica. S40 espagos mais amplos que 0s conselhos envolvendo outros sujeitos politicos que ndo estejam necessariamente nos consethos, por isso, tem também carater de mobilizacao social. Governo e sociedade civil, de forma paritéria, por meio de suas representacées deliberam de forma piblica e transparente. Esto inseridas no que chamamos de democracia participativa e no sistema descentralizado e participativo, construido a partir da Constituigéo de 1988, que permite a construcdo de espacos de negociacao, de consensos e dissensos, compartithamento de poder e a co-responsabilidade entre 0 Estado e a sociedade civil. So precedidas de conferéncias municipais/regionais ¢ estaduais e so organizadas pelos respectivos conselhos. (MORONI, 2006, pp. 5-6) Segundo o levantamento da Secretaria Gerat da Presidéncia da Repiblica, entre 2003 e 2007, foram realizadas as seguintes conferéncias: > 44 conferéncias nacionais; > 05 conferéncias internacionais; ~ 12 conferéncias foram realizadas pela primeira vez e a Conferéncia de Direitos Humanos foi convocada pelo Executivo também pela primeira vez; Participagdo de mais de trés milhdes de brasileiros nas conferéncias municipais, regionais, estaduals e nacionais. E importante esclarecer que as conferéncias sao diferentes de foruns e seminarios. Esses so eventos de discussao e formacao sobre temas diversos. As conferéncias sao espagos de participacao nas politicas piblicas. Elas acontecem nos niveis municipal, Domazaria Papin eSoguana Piblca Mio? SENASPMY Rina aan on 150820 Pagina 6 estadual € federal e contam com ampla participacao da sociedade civil e do Poder Publico. Sao deliberativas e tém a funcao de monitorar e contribuir para a implantacdo das politicas piblicas. Sobre as ouvidorias ‘As ouvidorias so érgaos de controle externo. Para que elas tenham legitimidade, € importante que sejam auténomas, sendo seu titular um interlocutor qualificado, preferencialmente escolhido de forma independente do érgio fiscalizado. A ouvidoria recebe queixas e reclamacées das mais diversas naturezas em relagao ao 6rgio fiscalizado, no entanto, a ouvidoria nao possui competéncia para investigar, apenas elabora relatérios sobre os casos apresentados, encaminhando para 0 érgao competente. (Lyra, 2003) Ainda assim, a ouvidoria é um importante érgéo de fiscalizacao e, mais do que isso, aproxima as diferentes instituicées da populacdo, que tém um canal direto para fazer sugestdes e reclamagSes. Em muitos casos também, as ouvidorias tém um importante papel de mediar conflitos. Relevante avanco na democracia brasileira foi a criagéo das ouvidorias de policia. Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos http://www, presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/ue/ouvidorias), 14’ estados Possuem ouvidorias de poticia no Brasil. Essas ouvidorias ndo se confundem com as corregedorias, que sao érgaos internos de controle, que operam formalmente e S80 ‘compostas por outros policiais. ‘As ouvidorias de policia devem ter um(a) ouvidor(a) sem vinculo com as corporacées. Sua nomeagao se da com base em lista triplice confeccionada por conselhos estaduais de direitos humanos, deve possuir autonomia politica por meio de mandato para exercicio do cargo, devendo, inclusive, ter autonomia administrativa e financeira. Dumoso8e Paro Sepzana Pica Mists 2 SENASERAI- in sao en 1508200 Pagina 7 7 eee eOOeeaeeaeeaeeeaeeneeeaeeneaenenoeaoneneaesnoeenodee e ~ e e 6 ~ e ~ ~ ~ « e é SeseeeeeseeGSeeeeeoanoeoeaeseeeeoaeoeaaeseooaooeoeoeoa seeenaee eeeoeeece Para uma discusséo aprofundada sobre érgao de controle policial, leia 0 texto Violéncia_policial_no_Brasil: abordagens_teéricas_e_préticas de controle. http://www.cpdoc.fgv.br Outras formas de participacéo As outras formas de participacao social \istadas pela Secretaria Geral da Presidéncia da Repiblica séo mais informais, embora sejam institucionais, e no possuem dinamica de funcionamento tao estruturada. Por isso, diferentes processos de construcao de politicas publicas podem passar por consultas ou audiéncias piblicas e mesas de negocia¢ao. Alguns exemplos, além dos mencionados no inicio da aula, sA0 mesas de negociacia sobre o salario minimo, reforma universitaria e a realizacao do Forum Consultivo Econémico e Social do Mercosul, envolvendo mais de 1500 representantes da sociedade civil, Desafios Mesmo com toda a previsdo legal de mecanismos de participago nas diferentes politicas sociais, com a existéncia efetiva e o aumento nos iitimos anos de espacos de participacao, como consethos e conferéncias, ainda ha muitos desafios a serem superados para 6 fortalecimento da participacao social no Brasil. Pense um pouco. Vocé consegue identificar porque a participacdo nao é mais ampla no Brasil? Quais seriam esses desafios? Escreva suas ideias, depois compare com 0 que foi identificado como importantes desafios para a participac8o no pais: Desafio 1: Fortalecer e ampliar a cultura da participacao social, propiciande formacées especificas para o exercicio da participacao e da cidadania. Desafio 2: Melhorar a qualidade da participacao social, fazendo com que os processos participativos, de fato, se traduzam em politicas piblicas. Desafio 3: Que a participagéo possa se dar em assuntos mais estratégicos, como iscussdo orgamentaria, por exemplo. Esses s80 apenas alguns desafios, mas hd muitos outros sobre os quais vocé pode refletir ao longo do curso. Damosoca Parcpatia Senna Pica - Miso 2 ‘SENASPAMY (ta aula en 51672009 Pégina 8 orca docunoe Quando a participagao comega a esbarrar na seguranca publica Nos préximos médulos, vocé comesaré a estudar mais diretamente sobre as questées de seguranga piiblica e participagao social. No entanto, é importante resgatar uma isa desenvolvida para a 1* Conferéncia Naci¢ de uranca Publ (leia ao menos até a pagina 10 - ttp://www.con: r/index.php?eption=com_docmantiitemid=241), a set realtzada em agosto de 2009, que compila todos os temas e sugestées para a drea da seguranca publica que apareceram em outras conferéncias tematicas realizadas no pais. £ uma ‘maneira de analisar 0 quanto a seguranca publica, direta ou indiretamente, aparece nas discusses de outros processos participativos realizados até 2008. Aula 2 - O Sistema Unico de Satide (SUS) e 0 Sistema Unico de Assisténcia Social (SUAS) Depois de estudar sobre os mecanismos de participacao social nas diferentes politicas pilicas, vocé vera dois exemplos concretos: um j4 consolidado e pioneiro, 0 SUS, e ‘outro em construgao, 0 SUAS. osus Para comecar, leia 0 texto sobre o processo de consti io do SUS no pafs. Preste atengéo no papel da sociedade civil e na participacdo social nesse processo. “Antecedentes No final da década de 80, 0 INAMPS adotou uma série de medidas que 0 aproximaram ainda mais de uma cobertura universal de cliente(a, dentre as quais se destaca o fim da exigéncia da Carteira de Segurado do INAMPS para 0 atendimento nos hospitais préprios e conveniados da rede piiblica. Esse proceso culminou com a instituicao do Sistema Unificado e Descentralizado de Saide (SUDS), implementado por meio da celebragao de convénios entre 0 INAMPS e os governs estaduais. DerciaPactiva Semana Pia ido? SENASPAI- Uti earner 150872100 Pagina 9 @ wroteon AHhAHRALAHRAAAAAKLA HAH HH AHKKHAHKHKHLHHALAELKHHOAHEAHKOOHHOHSEAESLEA SOSSHSSHHSSHSHSHSHSONSSHSHSSSSCHSHSHHSHSSHHOSSHOHHOSHHSHSHSHOOCES ‘Assim, podemos verificar que comecava a se construir no Brasil um sistema de salide com tendéncia @ cobertura universal, mesmo antes da aprovacao da Lei n® 8.080 (também conhecida como Lei Organica da Sade}, que instituiu o SUS. {ssa foi motivado, por um lado, pela crescente crise de financiamento do modelo de assisténcia médica da Previdéncia Social fe, por outro, grande mobilizagéo politica dos trabalhadores da saiite, de centros universitarios € de setores organizados da sociedade, que constituiam o entao denominado “Movimento da Reforma Sanit ria”, no contexto da democratizacao do pais. ‘A configuragao institucionat do SUS Uma primeira e grande conquista do movimento da reforma sanitéria foi, em 1988, a definicao na Constituigao Federal (CF) relativa ao setor side. O artigo 196, da CF, conceitua que “a satide é direito de todos e dever do Estado\...)”. Aqui se define de maneira clara a universalidade da cobertura do Sistema Unico de Saide. Ja © pardgrafo ‘nico do artigo 198 determina que: “O Sistema Unico de Satide sera financiado, nos termos do artigo 195, com recursos do orcamento da seguridade social, da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios, além de outras fontes”. Essa questo é de extrema importéncia, pols, em todo debate sobre o financiamento do SUS, a énfase é na participacao da Unio, como se essa fosse a tinica responsdvel. Um dos fatores determinantes desse entendimento foi, provavelmente, 0 papel do INAMPS no inicio do SUS, como seré visto mais adiante. Um passo significativo na direséo do cumprimento da determinagdo constitucional de construgao do Sistema Unico de Saiide fot a publicacdo do Decreto n° 99.060, de 7 de marco de 1990, que transferiu o INAMPS do Ministério da Previdéncia para o Ministério da Saide. Esse fato, portanto, foi anterior promulgacao da Lei n° 8.080, que s6 veio a ocorrer em setembro do mesmo ano. A Lei n® 8.080 instituiu 0 Sistema Unico de Saiide, com comando tinico em cada esfera de govemo € definiu 0 Ministério da Saiide como gestor no ambite da Unido. A Lei, no seu Capitulo Il - Dos Princfpios e Diretrizes, artigo 7°, estabelece entre os principios do SUS, a “universalidade de acesso aos servicos de saiide em todos 0s niveis de assisténcia”. Isso se constituiu numa grande alteragao da situacdo até entdo vigente. O Brasil passou a contar com um sistema piibico de satide Unico e universal. (SOUZA, 2002, pp. 10-15) | ‘Antes da aprovacao da lei que criou 0 SUS, em 1990, o sistema se salide no Brasil no tinha uma cobertura universal, ou seja, que fosse extensiva a toda e qualquer pessoa brasileira. A saiide era prestada pelo INANPS aos trabalhadores formais, era voltada 20s que podiam pagar e havia aqueles que nao tinham nenhum direito. Dens Faria e Sepang bles MedUo? SENASPRAI-Citimaatualzaro em 150672008 Pagina 10 Depois da leitura desse texto, pense um pouco e responda: quais foram as grandes inovacées do SUS? A universalizago do direito & saiide e a integragao das trés esferas de governo - federal, estadual e municipal - para a criacéo de um Sistema Unico de Satide, com repasse de verba, producao de informagées € com previsdo de ampla participacao social, foram grandes inovacées do SUS. No processo de consolidago do SUS, a aprovacdo da Lei n° 8142, de 1990, foi fundamental para regulamentar a participacao social. Veja 0 que a lei estabelece: Art. 1° O Sistema Unico de Satide (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contaré, em cada esfera de governo, sem prejuizo das funcées do Poder Legislativo, com as seguintes insténcias colegiadas: 1+ A conferéncia de satide; € M1- O consetho de saiide. 51° A conferéncia de satide reunir-se-4 a cada quatro anos com a representacdo dos Varios segmentos sociais, para avaliar a situacao de satide e propor as diretrizes para @ formulacao da politica de satide nos niveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por essa ou pelo consetho de satide. 5 2° 0 conselho de satide, em cardter permanente e deliberativo, érgdo colegiado composto por representantes do governo, prestadores de servico, profissionais de sade e usudrios, atua na formulacdo de estratégias e no controle da execucdo da politica de satide na instancia correspondente, inclusive nos aspectos econémicos e financeiros, cujas decisoes serdo homologadas pelo chefe do poder legalmente constituido em cada esfera do governo. 5 3° 0 Consetho Nacional de Secretérios de Satide (Conass) e o Conselho Nacional de Secretdrios Municipais de Satide (Conasems) terdo representacdo no Consetho Nacional de Saude, 54° A representacdo dos usudrios nos conselhos de saiide e conferéncias seré paritéria em relacao ao conjunto dos demais segmentos. 5 5° As conferéncias de sadde e os conselhos de satide terdo sua organizacio e normas de funcionamento definidas em regimento proprio, aprovadas pelo respectivo conselho. Democraa Parcsva @ Sepuana iba Meio 2 ‘SENASPAAL- tina atkzaro en 1892000 Pagina 14 @ wosecemn Ah KHARMAAAEROARAOOAROARAEROEBAoeaBBeBeLee2QGeGeGCaexuneeeedoeend © re@ee5uaeaaeceeeeoeoaeeseeeeeeeeecaeaaceacaoeeeaeeeeeaeeeeeeeeeee Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o artigo 3° desta lei, os municipios, os estados e o Distrito Federal deverdo contar com: (ed Il Consetho de saiide, com composi¢do paritéria de acordo com o Decreta n* 99.438, de 7 de agosto de 1990. Em primeiro lugar, observe que a lei estabelece todos os mecanismos de Participagso do SUS: conferéncia e conselhos de saide. Os consethos tém carater deliberative e devem ser patitarios. Ha também os consethos de secretarios municipais, estaduais e 0 conselho nacional. Esses conselhos tém 0 poder de tomar decisées e, portanto, de contribuir com a gestdo da politica publica de satide. Eles séo também normativos, fiscalizadores e consultivos, por sso, so consethos gestores. Qs regimentos que regulam os consethos devem ser elaborados em conjunto no mbito do préprio consetho. Veja um modelo de regimento (http://www.sauideprev.com.br/psf/saopaulo/conselho- ‘gestor.php). @ modelo de um consetho gestor referente a um bairro especifico na cidade de Séo Paulo. Ha indmeros dessa natureza, além do préprio conselho municipal. E interessante observar o grau de descentralizagao dessa forma de operar: > Consetho Nacional de Saiide > Consetho Nacional de Secretarios de Satide > Consetho Nacional de Secretarios Municipais de Saude > Conselhos Estaduais de Satide > Conselhos Municipais de Satide > Conselhos Locais de Satide Além da previséo dos consethos e conferéncias, uma importante inovacao no SUS é a vinculagao do repasse de recursos a constitui¢do dos conselhos. ‘DenozasaPatoptiae Segue Pica - Mado 2 SENASPA- nina lara 18087208 Pagina 12 sven Ha também as conferéncias nacionais de satide, que so espacos destinados a analisar os avangos e retrocessos do SUS e a propor diretrizes para a formulacao das politicas de satide. Entre os participantes, estéo representantes de diversos segmentos sociais. A Ultima conferéncia foi realizada em novembro de 2007. A préxima seré em 2011. Fora esses dois mecanismos, o SUS possui também uma Mesa Nacional de Negociacao Permanente, que funciona como um férum de negocia¢éo entre empregadores & trabalhadores do SUS, sobre todos os pontos pertinentes a forca de trabatho da saiide. 0 objetivo ¢ discutir a estrutura administrativa do sistema e tratar conflitos demandas decorrentes das relacées funcionais dos profissionais. Entre no site do Ministério da Satide. Vocé encontraré informacées atualizadas sobre esses mecanismos de participagao. http://10.1.1.168/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1041 O Sistema Unico de Satide no Brasil esta consolidado. Logicamente que sempre ha o que aprimorar, mas a participagdo social esta estruturadae é uma importante engrenagem no funcionamento do SUS. © SUAS Para conhecer o Sistema Unico da Assisténcia Social Brasileiro, 0 SUAS, vale a pena fazer um breve resgate da histéria da assisténcia social no Bra: 1937 A assisténcia social como campo de acdo governamental registra no Brasil duas aces inaugurais: a cria¢ao do Conselho Nacional de Servicgo Social (CNSS) e, na década de 40, a criacdo da Legiao Brasileira de Assisténcia (LBA). 1977 Democrasa Parkopatia» Sequranca Pb ~ Melo 2 SSENASPIM ita atalea0 or 150872009 Pagina 13, Brecon OS @ @ O @ 06 O @ @ @ © @ @ © @ © © OO O OO @ © @ @ O © © © © © @ @ @ © © © O@ @ @ OO 6 2 82 8 O OO SSSeSSeeeeeeeeeseeeoeeeeseeeeeoeeeeceosceseeeeneeoea eee eseeedeode E criado 0 Ministerio da Previdéncia e Assisténcia Social baseado na centralidade e exclusividade da agio federal. 1988 Promulgada a Constituigao que reconhece a assisténcia social como dever de Estado no campo da seguridade social e nao mais politica isolada e complementar & Previdéncia. 1989 Cria-se 0 Ministério do Bem-Estar Social que, na contramao da Carta Magna, fortalece ‘© modelo simbolizado pela LBA (centralizador, sem alterar o modelo ja existente). 1990 Primeira redacao da Lei Organica da Assisténcia Social (LOAS) é vetada no Congresso Nacional. 1993 Negociacées do movimento nacional envolvendo gestores municipais, estaduais e organizagées nao-governamentais com 0 governo federal e representantes no Congreso permitiram a aprovacdo da Lei Organica da Assisténcia Social (LOAS). Inicia-se 0 processo de construcao da gestéo publica e participativa da assisténcia social, através de consethos deliberativos e paritarios nas esferas federal, estadual e municipal. Editada a Norma Operacional Basica (NOB) que conceitua o sistema descentralizado € Participative, amplia o Ambito de competéncia dos governos federal, municipal & estadual, e institui a exigéncia de Consetho, Fundo e Plano Municipal de Assisténcia Social para 0 municipio poder _—receber ~— recursos -—_federais. 1998 Nova edi¢ao da NOB diferencia servicos, programas e projetos; amplia as atribuigSes dos Conselhos de Assistncia Social e cria os espacos de negociagao e pactuacéo - Comissdes Intergestora Bipartite e Tripartite, que reunem representacdes municipais, estaduais e federais de assisténcia social. Danone Parca SepranaPbles~ Milo? SENASPMA Uma sakeagzo on 15082003 Pagina 14 cre cusoe 2004 Presidente Luis Inacio Lula da Silva cria 0 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS), que acelerou e fortaleceu o processo de construc do SUAS. Iniciou com a suspensdo da exigéncia da Certidéo Negativa de Débitos, que impedia o MDS de repassar cerca de R$ 25 milhdes por més para os municipios. Em dezembro, apés ampla mobilizagao nacional, editou a Politica Nacional de Assisténcia Social. 2005 ‘MDS apresenta proposta para a NOB 2005 em evento que reuniu 1200 gestores € assistentes sociais de todo o Brasil, em Curitiba (PR). O texto foi debatido em seminarios municipais e estaduais, apoiados pelo Ministério e sua versio final foi aprovada no dia 14 de julho, em reuniao do Conselho Nacional de Assisténcia Social. A partir de agosto, o Sistema Unico de Assisténcia Social virou realidade. (Texto retirado de http: //www.mds.gov.br/suas/conheca/conheca09.sp) O artigo 194, da Constituicéo Federal prevé: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ac6es de iniciativa dos poderes puiblicos e da sociedade, destinada a assegurar os direitos relativos 4 sauide, 4 prevideéncia e a assisténcia social”. J4 0 artigo 1°, da Lei de Organizacao da Assisténcia Social (LOAS - Lei n* 8.742, de 07/12/93) prevé: “A assisténcia social, direito do cidaddo e dever do Estado, é politica de seguridade social ndo contributiva, que prové os minimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de acées de iniciativa publica e da sociedade, para garantir 0 atendimento as necessidades bésicas.” Politica Nacional de Assisténcia Social, prevista nos artigos 18 e 19, da LOAS, foi aprovada em setembro de 2004 pelo Conselho Nacional de Assisténcia Social. Suas inovagbes: > Efetiva a assisténcia social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado ~ institui 0 SUAS; Dnozace Porchubme Sprana Pita - Mido 2 ‘SENASPIN) - ima stuaizagao em 15/06/2009 Pagina 15 abcea secur aA AAR HAAKRAAEALAAAAMRHAERHRAAaARARAAAARAAAOAERSBAROABHEEEOESEEESS SOSOSHSHOSNHSSHSNHHSHSHSSSHSSHSOSHSHSHHOHSSSSSHSSSSOSSSHOHHHHSSECS > Realiza de forma integrada as politicas setoriais, considerando: ~ As desigualdades sécio-territoriais, visando seu enfrentamento; Agarantia dos minimos sociais; - 0 provimento de condicées para atender contingéncias sociais; & = Auniversalizacao dos direitos sociais. Em dezembro de 2003, foi realizada a IV Conferéncia Nacional de Assisténcia Social, que propés como uma das suas principais deliberacdes um novo modelo de gestao para a assisténcia social no pais, com as seguintes caracteristicas: > A suposigo de um pacto federativo, com definicdo de competéncias dos entes das esferas de governo; > Uma nova légica de organizagdo das acdes por niveis de complexidade, por territério, considerando regides e portes de municipios; e > A forma de operacionalizacao da LOAS, que viabiliza o sistema descentralizado e participativo e a regulacdo, em todo o territério nacional. Do mesmo modo que 0 SUS, o SUAS procura integrar a politica de assisténcia social entre as diferentes esferas de governo, com ampla participagao da sociedade civil. 0 SUAS, no entanto, é bem mais recente que 0 SUS e esté em pleno processo de construcdo. No que diz respeito a estrutura de participacao social no SUAS, essa pode ser assim esquematizada: Demaada Patra e Sagan Pica Modo? SENASPAI- tina sate 180672008 Pagina 16 @esoret 3. Leia atentamente o texto complementar Participacao Social na Satide e Gestao Participativa (anexo) e responda as perguntas: Quais sao as trés importantes caracteristicas do SUS? ‘Além dos mecanismos apresentados, quais outros mecanismos de participacao social existem no SUS? Em sua opiniao, 0 que fez do SUS um modelo de sistema integrado e com ampla participago social? Este 6 0 final do moduto 2 Os instrumentos de participacao social no Estado Brasileiro Gabarito 1. Direito a satide, a assisténcia social, direitos das criangas e adolescentes, direito A habitacdo, esporte, e direito a educacao séo alguns exemplos. 2. Consethos (Consetho Municipal da Crianca e Adolescente - deliberative, e responsavel por gerir 0 fundo municipal da crianga e do adolescente); conferéncias (Conferéncia Nacional da Juventude) e ouvi policia). 3. Universalizacao do direito a saiide, descentralizagao e estimulo a participacdo social por meio da gestao compartithada, Comités de promogao da equidade; sistema de ouvidoria; sistema de auditoria e monitoramento a avaliacao. rias (ouvidoria de © fato do SUS ser fruto da Reforma Sanitaria, da qual participaram muitos Profissionais da satide e representantes da sociedade civil, contribuiu bastante para a ampla participacéo social. Além disso, toda a integracdo (repasse de recursos ¢ informacées, inclusive) esta atrelada a existéncia e funcionamento dos conselhos gestores nas diferentes esferas. emocraca Patiatiae Segura Piles ~ Nilo 2 ‘SENASPAAI- na aalars on 150872008 Pagina 19. fabri de casos See See Seas eeeeeoseeeeeeeaeGa ea Oeaaee4aneaeeoneoa ean eed @62e20e0 @

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