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Emile Durkheim As Regras do Método Sociolégico Trachacto PAULO NEVES Revisiis chr uaducae, EDUARDO BRANDAO Martins Fontes So Paulo 2007 Es ta fol pala ovegiaticerce en france’s com w eto eS REGLES DE LA METHODE SOCIOLOGTOVE Consrighe © Flammarion. 1388, para-o spare eeice Copraght © 4995, Leerera Masives Fae Faro Li So Pr, para 0 perarne edicio 2047 Traduigio pacieanieves Resivies praticus act Ape da Samo Suria Cena Vanmacehi Dimarte Zoncamet vs 33 Presi grea orate Mees Compoicaa erie ©, Cars ists nternasionas be Catsbogasio na Pub (1 {Clrnara Melina do Lin SP eb) "As regan do fled sia # Elle Dade tug Paso Neves | reisde da watoyao Fabisdo Bandi. — 3 Pts Masson Fumes, 07, (Cale tees) To orignal Las ries ln nthe soto ISBN STEMS H8Rt Mcnlaogis Bt. Sx cop.ani one eater para enti cstematens 1. Metsisogia : Soeieigia 200,018 13 Meindowsocildgicon 301,018 TFoslos os direitos desta edigao reservader: a ‘Lixrarie Martins Pontes Editors Lida. Sue Conselheiro Kasnulho, 338 01325-0580 Soo Fate SP Brasit Tet. (11) 3241 3077 Fue (11) 3105.0993 e-mails infg@martingfontesedtora.com br Map-fimwenmarrinsfantesedora come INTRODUCAO Até © presente, os soctlogos pouco se preocuparam x estudo. dos fatos sociais, E assim que, em toda a abra de Spencer, © problema metodolégice nado ocupa nenhum lugar: pois a hitroducdo & ciéncia social, cujo tile poderia char 1 demonstrar us dificuldades © a possibi- em caracterizar ¢ detinir 0 método que aplicani sociologia nao @ expor os procedimentos que deve utilizar. Stuart Mill, é verdacde, ocupou-se long mente da questto!; mas ele nao fez sendo passir sob o crivo de sua dialética o que Comte havia dito, sem acres: centur nuda de verdadeiramente pesseal. Um capital do: Cruso de filosofia positiva, cis praticamemte 0 Gnico estu- do original ¢ importante que possuimos sobre o assunto? Essa despreocupacao aparente, «lids, nada tem de surpreendente, De falo, as grandes socidlogos cujas no mes aeabumnos de mencionar raramente sairam das gene ralidacles sobre a natureza das socicdades, sobre as rel: ges do rein social e de reino biolégice, sobre a marcha geral do progresso; mesma a volumosa sociologia de XXXIV AS AEGERAS DO METODO SOCIOLOGICO Spencer quase nao tem outro obicte sena0 mostrar coma: a lei da evolucdo Universil se apliea as soviedades, Ora, part tritar essas questOes filosdlicas, nto so necessities procedimentos especiais ¢ complexos. Era suficiente, por- tanto, pesar os méritas comparados da deducio © da in- dugdo e fazer uma inspegdo suniiria dos recursos mais rerais de que dispde a investigagdo sociolé: precaucoes st tonnar como os principais problemas devem ser colocados, @ sentido no qual as pesquisas devem ser ditigidas, as prati Lobservagao dos fatos, « maneira cas especiais ue poslem permitir chegar aos Eatos, as 1 s que devem presidir a administra «las provas, tude gra isso permanecia indeterminado. Umna série de circunstincias felizes, entre as qua justo destacar a iniciativa que criou em nosse favor um curso regular de sociologia na Faculdade de Letras de Bordéus, 0 qual possibilitou que nos dedlicdssemos clesde cedo a0 estudo da ciéncia social © inclusive fizéssemos dele o objeto de nossas ocupagdes profissionais, nos fez sair dessas questoes demasiace gerais © abordar um certe nGmero de problemas particulares, Assim, fomos levados pela forca mesma das coisas, a elaborar um método que julgamos mais definide, mais ex: tumente adaptade A na cular dos fendmenos sociais, S40 esses results lureza par dos de nossa pratica que gostariamos de expor aqui em conjunto ¢ de submeter 4 discusso. Clara que eles estko implicitamente conticos no livro que publicamos recente: mente sobre 4 divisda do wabalba social. Mas nos parece interessante des parte, acompanha- dos de suas prowas ¢ ilustrados de exemplos tamados tan- to dessa obra como de trabalhos ainda inéditos, Assim poderao julgar melhor a erientagda que gostariamos de tentar dar aos estudos de sociclogia teti-los, formuli-los caphrute 1 © QUE E UM FATO SOCIAL? Antes de procurar qual método convém 2 estudo dos Tatos sociais, importa saber quais fatos chamamos assim. A questio é ainda mais necessiria porque se utiliza essa qualificagdo sem muita precisio. Ela € empregada correntemente para cesignar mais ou menos todos os fe- por menos que apresentem, com uma certa genertlidace, algum inte resse social. Mas, dessa manci, nao ha, por assim dizer, aicantecimentos humanos que nao possam ser chamados sociais, Tado individuo come, bebe, derme, raciecina, ea sociedade tem todo o intcresse em que essas fungdes se exereamn regularmente, Portanto, se esses fatos fossem so- ais, a sociologia nao teria objeto propria, ¢ seu dominio se confundiria com 6 da biologia © da psicologia Mas, na realidade, hi em toda sociedade um grupo determinade de fendmenos que se distinguem por ca- racteres definidos daqueles que as oulras eiGneias da na- namenos que se dio no interior da sociedad tureza estudam. Q rido ou cle cic ndo desempenhe minha tarefa de irma, cle ma ado, quando execute os compron 1S REGRAS PO. METORO SOCIOLOGICO que assum, eu cumpro deveres que estio definides, fora de mim e cle meus atos, no direite ¢ nos costumes. Ainda que cles estejam de acorde com meus sentimentos pro prios © que eu sinta interiormente a realickde deles, es nao deixa de ser objetiva; pois nae fui eu que os fiz, mas os tecebi pela educacato. Alias, qu corre ignorarmos 6 detalhe das abrigagOes que aos in cumbem e precis Is, consular o CO- digo © seus intérpretes autorizacos! Da mesmo modo, 2s creneas © as priticas de sua vida geligioss, 0 fi Irou inteiramente pront se elas existiann antes dele, & que exisiem fort dele. O sistema de signos de q inlis vezes nae nos ratos, part conhece- as encon Salo Nasce me sirve para exprimir meu pensamento, o sistema cle moedas que emprepo para pagar minhas cliviedas, os ins trumentos de crédito que utilizo em minhas relacées ¢o- mercitis, as prdticas abservadkts em mink profissio, ctc funcionam independentemente do usa que fice deles. Qu se tomem um alum todos os membros de que € compost 1 sociedade: 6 que precede poder ser repetide a propés portnto, manciras cle ur & de sentir que aipresentam ess ir, de to de cada um deles. Eis a is pen notivel praprieds de dle existirem fora das consciéncias indivichais. Egses lipos de conduta ou de pensamento nao ape- nas sio exteriores ao indivicluo, como também sito dota- dos de uma forga imperativa © coereitiva em virtude ca qual se impoem a ele, quer ele queira, quer nao. Certa mente, quando me conforme voluntarkimente a ela, essa coergie nado se faz ou pouco se fax sentir, sendo indtil Nem por isso cla deixa de ser um cariter intrinseco des- ses fitlos, © at prova disso & que ekt se aifirma tao logo twa to resistir, Se Lento viokar as regras do direit, elas reagem contra mim para impedir meu ato, se estiver em tempo, ou para anuli-lo © restabelec?-lo-em sua forma normal, se tiver sido efetuado e for reparivel, ou para fiver com que 0 QUE F UM FATO Sacral? 3 cu 0 expie, se nto puder ser reparido de outro modo. Em se tatindo de niiximas purimente morais, a consciéneia piblica reprime todo ate que as afenda através ca vig cia que exerce sobre a conduta dos ciclackins © das penas esper is de que dispoe. Em outros casos, 2 cowrgao 6 menos violent, mas nao deixa de existir. Se nao me sub- meto as conven¢goes do mundo, se, ao vestirme, nao levo dos costumes Observados em meu pais © em mi- © TSO GUE Provaco, 6 afastamento em relagao em con nha ckiss a mim produzem, embora de maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que Uma pena propriamente clita, Ade mais, # Coerao, mesmo sendo apenas inclireta, continua sendo eficaz, Nao sou obrigado a falar francés com meus: comp ar as moedas legais; mas impossivel agir de outro modo. Se eu quisesse excapar a iriolis, HEM a empr saria miseravel- tbalhar com pro- essa necessidade, minha tentativ mente. Industrial, mada me proibe de 1 cedimentos © métodes co século passade; mas, se o fizer, & certo que me arruina bertar-me dessas regeras © viold-las com sucesso, isso jet rei. Ainda que, de fato, eu poset li imais ocorre sem que Cu sejt Obrigado a lutar contra clas. E ainda que clas sejam finalmente veneics, demonstram suficientemente sua forea Coercitiva pela resisténcia que opdem, Nae ha inowador, mesmo «fortun: preendimentos naa veniam a deparar com aposigoes desse tipo Eis portanto uma ordem de fatos que apresentam ct racteristicas muito especis agir, de pensar € de sentir, exteriores ae individuo, © que sao dotidas de um poder de covrgio em virtude do qual clo, cujos em consistem em manciras de esses fatos se impoem a ele, Por conseguinte, cles nda poderiam se confundir com os fendmenos organicos, j4 que consistem em representacdes ¢ em agoes; nem com os fendmenos psiquicos, os qu is 6 lem existéncia na i AY REGRAS DO MEFODO SOCFOLOGICO consciénein individual e através dela. Esses Eatos consti rem portanto uma esp ¢ & a cles que deve ser dada e reservada a qualificacde de sacteris. Essa qualifies ie nova cio thes convém; pois é clare que, nao tendo o individuo por substeto, eles nao podem ter outro sendo at socicela de, seja a socicdade politica em seu conjumto, seja um dos RRIPOS pareiais que ela encerra: confissdes religiosas, es omits, ere. pois a palavra cakis politicas, literditias, corporicées profi: Por outro lado, 6 a eles sO que eka conve social s6 tem sentido definide com a condicdo de desig- nar unicamente fendmenos que nado se incluem em ne- nhuma das categorias de fatos ji constituldos ¢ denomi- nados. Eles 840 portato o dominio proprio da sociologia verdade que a pakivra coergio, pela qual os cefinimas, pode vir a assustar os zelosos defensores de um indiviclut- lismo absoluto, Como estes professam que o individuo é perfeitamente auronome, julgam que o diminuimas sem Pre que mostramos que cle nao depende apenas de si mesmo, Sendo hoje incontestavel, porém, que a maior parte de nossas idéias ¢ de nossas tendéncias nao é ¢ borada por nds, mas nos vem de fort, clas 86 podem pr netrar em nds impondo-se; cis tudo o que significa nossa definicao. Sabe-se, alias, que nem toda coergao social ex- elui necessariamente a personalidace individual! Entretante, como os exemplos que acabamos de citar Cregeas juridicas, morais, dogmas religiosos, sistemas ceiros, cic.) consistem todos em creneas © em praticas constituidas, poder-se-ia supor, com base no que precede, que sO ha fate social onde ha organizacao dctinida, Mas istem outros fulos que, sem apresentar essas formas cris- talizaclas, em a mesma objetividace © a mesma ascendén- a sobre o individuo, & © que ehamames de correntes so ciais, Assim, numa assembléia, os grandes movimentos de entusiasmo ou de devocao que se produzem nae tm por 0 QUE OME BATO SOCKS 5 lugar de origem vem, a cad um de nds, de fort © so capazes de nos ame batar contra a nossa ventide. Certamente pode ecorrer numa eonsciéneis particular, les nos que, entregande-me a eles sem reserva, eu mao sinta a pressdo que exercem sobre mim, Mas ela se stcusa tio lo. 80 procuro Jutar contra eles. Que um individuo tente sc opor @ uni clessas manifestacdes coletivas: os semtimentos: que ele nega se voltarao contra ele, Gra, se essa forca de coercao externa se afirma cont tit nitides, nos casos de re sisténcia, € porque ela existe, ainda que inconsciente, nos G:sos coniririos. Somos entio vitinvas de uma ilusio quc nos faz crer que claboramos, nds mesmos, o que se impos ands de fora, Mas, sea compkacéneia com que nos entre- Imos a essa forea encobre a pressio sofrida, ela nao suprime. Assim, também o ar nae deixe de ser pesado, embora nao sintamos mais seu peso. Mesmo que, de nos- st parte, tentamos colaborado cspontaneamente para a emogio comum, a impressio que sentimos & muito dife rente da que terfamos sentido se estivéssemas sozinhos Assim, & partir do momento em que a assembléia se dis- solve, em que essas influéncias cessam de agic sobre nds € mos vemos de novo a sGs, Os sentimentos vividos nos dio a impressio de algo estranhe ao qual nde mais nos reco- nhecemos. Entio nas damos conta de que sofremos esses sentimentos bem mtis da que os prosuzimos, Pode acon- 6 que Nos Causem horror, into eram conttirios 4 nossa natures, E assim que incividuos perfeitamente ino- fensivos na maior parte do tempo podem ser levados a atos dle atrocidade quanco reunidos em multicio, Ora, @ que dizemos dlessas explosdes passageiras aplica-se iclenti camente aos movimentos cle opinidio, mais duraveis, que tecer se produzem a todo instante a nosso recor, seja cm toda a extensdo da sociedade, seja em circulos mais restritos, so bre assuntas religiosos, politicos, licerdrios, artisticos, ete 6 AS REGRAS BO METODO SOCIOLOGICO Alis, pode-se confirma por uma experiéneia cx teristica essa definicda do fate social: basta observar a ma- neita como sho educadas as criane:as. Quando se abser- vam os fatos tais como siio € tais como sempre forum, sal ta aos olhos que toda educacao consiste num esforca continuo para impor a erianga maneiras de ver, de sentir e de agir a8 quais ¢ te, Desde os primeiros momentos ce sua viel, For s@ comer, a beber, a dormir em horarios regulares, for- nao teTit chegado espontineamen= m0- gamo- 1, mais tarde, forcamoelas para que aprendam a levar em conta outrem, s A limpeza, & calma, A obedién a respeitar os costumes, as convenidnacias, forgamo-tas ao trabalho, etc., etc, Se, com a tempo, essa caercio cessa de ser sentida, € que pouco a pouce ela dé origem a habitos 1 tendéncias internas que a tornam indus substituem pelo fate de derivarem deka ne mas que sO 4 verdade que, segunda Spencer, uma educacio racional deveria eepro- var tais procedimentos ¢ deixar a crianga proceder com tock a liberdade; mas como essa woria pedagdgica jam: foi praticada por qualquer povo conhecido, ela. constitu apenas um desideratun pessoal, niio um fato que se pos sa Opor aos fatos que precedem, Ora, © que torna estes Gltimas particularmente instrutivos & que a educacdo tem justamente por objeto produzir ser social; pode-se por tanto ver ncla, como que resumidamente, de que maneira esse Ser constituiu-se na hist6ria, Essa press’io de todos os instantes que sofre a crianca € a pressiio mesma do meio social que tence a modeli-la a sua imagem © do qual os pais € 08 miestres nfo so sendo os representantes ¢ os in- termediarios. Assim, ndo & sua generalidade que pode servir para icterizar Os fendmenos sociolégicos, Um pensamento que se encontra em todas as consciéncias particulares, um. movimento que todos os individuos repetem nem por isso 0 QUE UM RAT SOCtaLt sie Ealos sociais. "Se si contentaram com esse cariter para defini-los, é que os confundicam, erradamente, com 0 que se poderia chamar de suas enearnagdes individuais. O que fos constitui so as erencas, as tendéncias © as priticas do gfupo tomado coletivamente; quanto as formas que assu mem os estados coletivos ao se refratarem nos individuos, slo coisas de outra especie.’ O que demonstra categoric mente essa dualidade de natureza é que essas duas ordens de fatos aprescntam-se geralmente dlissociacias, Com efet- to, algumas dessas manciras de agir ow de pensar adqui rem, por causa da repeticio, uma especie de consisténcia que mentos particulires “que as rcfletem*™, Elis assumem as- sim um corpo, uma forma sensivel que Thes é prépria, & constituem uma realidade ste generis, muito distinta dos Los individuais que a manifestim, O. habite coletivo nao existe apenas em estado de imanéne que cle determina, mas se exprime de urna vex por todas, sim dizer, & as isola dos aconteci- S precipita, por nos atas sucessivos por um privilégio cujo exemplo nao encentramos no reine iolOgico, numa formula que se repete de boca em boca, que se Ur alravés ca es nsmite pela educagao, que se fixa crita, Tais sto a origem © a natureza das regras juricicas, morais, dos aforismos ¢ dos ditos populares, dos artigos de fé em que as seitas re igiosas ou politicas condensam suas crengas, dos cédigos de gosto que as escolas literirias estabelecem, etc, Nenhuma dessas maneiras de agir ou de pensar se acha por inteiro nas aplicagoes que os parti- Tanto nao & a repetic2o que os constitul, que eles existe os cases particu bu numa crenca, ov Ruma tendéncia, Cu munEt ues nas quis se realizim. Cad fuer secktl consiste pritica, que © a do me © que & muito distinta clas formas en que at nos Individues.” GRevie philosopbique, ome XXXVI, F lo coletiva pa ton che se ref Hann, 1894, ps. 470.) agin! els se encurmuam todo dia CRU, ps. 470.) + Brases quie niio Hyurant no texto tical 8 AS REGRAS DO TODA SOCIOLOGICO culares fazem dels, fi que elas podem inclusive existir sem serem atualmente aplicadas.* Claro que essa dissockiedo nem sempre se upresenti com a mesma nitides, Mats basta que ela exista de wna m: neira Incomtestavel NOs casos IMportuMtes © NUMETOSOS que acabamos de mencionar, para provar que o fato social & distinto de st $ Fepercussoes individuais. Alids, mesmo que cla nao seja imediatamente dada 4 observacao, pode-se com freqii@ncia realiza de método*; inclusive indispensivel proceder a essa ope rac&o se quisermos separar o fate social de toda mistura la com © auxilio de cemos artificios para observai-la no estacle de pureza*, Assim, hii c rentes de apiniio que nos impelem, com desigual intensi- tits COR dacle, conforme os tempos © os lugares, uma ao casamen- 10, por exemplo, outra ao suicidio ou a uma nacuidde mais OW menos acentuada, etc. “Trita-se, evidentemente, de fatos sociais.* A pr veis clas formas cfue atssumem nos casos particulares. Mas a estatistica nos fornece o meio de isoki-los, Com efvito, cles mein vista, eles parecem insepari Slo representados, ndo sem exatiddio, pelis taxas de natali- dace, de nupcialidade, de suicidios, ou seja, pelo nimero que se obtém ao divislir a médlia anual total dos nascimen- tos, dos casamentos © cis mortes voluntirias pelo total de homens em idade de se casar, de procriar, de se suicidar®, Pois, come cada um cl casos particulares sem dlistinedo, as circunstincias indliv duais que podem ter alguma participacto na produgio de. fendmeno neutralizam-se mutuamente ¢, portant, ner contribuent para determina-lo. *O que esse Eto exprime & sss cifras Compreende todos os um certa estado da alma coletiva Eis 0 que sao os fendmenos sociais, desemburacados de todo elemento estranho.* Quanta as suas munifestacdes es que nies Higurtinn nes lente Ec QUE 6 OM PATO SactAL? 9 privadas, elas tem claramente algo de social, ja que repre- dluzem em parte um modelo coletive; mas cada uma delas depende também, ¢ em larga medida, da constituicaa or- do individuo, das cireunstaneias partieu- io fe. ieo-psiquica $ quais ele estd situado. Portanto elas nao nOmenos propriamente socialégicas, Pertencem simulta neamente a dois reinas; poderfemos chamé-las saciopsi qUicas. Essas manifestacdes interessain 6 socidlogo. sem constituirem a matéria imediata da sociologia. No interior do organisme encontram-se igualmente fendmenas de na tureza mista que ciéncias mistas, como a quimica biolégica estuckim, Mas, dirao, um fendmeno s6 pode ser caletivo se for sociedade ou, pelo me. nos, 4 maior parte deles, portante, se for geral. Certamen- te, mas, se cle € geral, & porque € colctive Gsto é, mais ou menos obrigatério), o que & bem diferente de ser coletivo por ser geral. Esse fendmeno & um cs repete nos incividues porque se impde a cles, Ele esti diferente de comum a todos os membros ¢ ado do grupo, que em cada parte parque esta no tado, o que ¢ estar no todo por estar nas partes. Isso & sobretude evi dente nas crencas © priticas que nos sao transmitidas in teiramente prontas pelas geragdes anteriores; recebeme- las © adotamo-las porque, sendo to mesmo tempo uma obra caletiva © um obra secular, elas estado investi sde uma particular autoricade que a cducagdo nos ensinou reeonhever & a respeitar, Ora, cumpre assinalar que a imensa maioria dos fendmenos sociais nos chega dessa forma, Mas, ainda que se deva, em parte, 2 nossa colabo- © social & da mesma natureza. Um sent it nto expe racto dire to coletivo que irrompe numa assemble a, oO mer ine simplesmente o que havia de comum entre todos os suntimentos indivicuais. Ele ¢ algo completamente distin. to, conforme mostramos, E uma resultant da vida co- 10 AS REGRAS DO. METODO SOCIOLOGIEO mum, das acoes € reacdes que se estabelecem entre as indi consciénci Jas, € em vittude da energia social que ele deve precisa dluais; ©, Se repercute em cada uma de- niente a sua origem coletiva, Se todos os coragdes vibram, em unissono, nao & por causa de uma concordincia es- pontinea © preestabelecida; € que uma mesma forea os move no mesma senticle, Cac un & arrastade por toxlos. Pedemos assim representar-nos, de mancira precisa, lle compreende sipenas um gru o dominio da sociologia. po determinaso de fendmenos. Lim fato social se reco- nihece pelo poder de coercio externa que exerce ou & paz, de exereer sobre os individues; © a presenca desse por sua vez, seja pelt existéncia de poder se recontiece alguma sancdo determinada, seja pela resisténcia que o fito opoe a toda tentativa individual dle fazce-lhe violen- cia. *Contude, pode-se defini-lo também pela cifusao que apresents no interior do grupo, contante que, conforme ais Observacdes precedentes, tenha-se 0 cuidade de acres- I caracteristion que cle cenlar como segunda © essenct existe independentemente das formes indivichiais que as se Este iillime critério, em certas cases, sume ae dlifundi € inclusive mais Ficil cle aplicar que o precedente, De courde ¢ facil de constatar quando se traduy exterior ae tos mente per alguma reagao direta da sociedade, como & 6 2, A moral, ds crengas, aos costu s inclireta caso em relaga ao dire! nes, inclusive AS modas, Mas, quando & aper como a que exerce uma organizacao ccondmica, cla nem sempre se deixa perceber tio bem. Ag binada com a objetividade podem catio ser mais fecis de estabelecer, Alisis, essa segunda

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