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Capito ft Abordagem tradicional 1.1, Caracteristicas gerais Considera-se aqui uma abordagem do processo ensino. -aprendizagem que no se fundamenta implicita ou explici- tamente em teorias empiricametne validedas, mas numa pré- tica educativa e na sua transmissio através dos anos. Este tipo de abordagem inclui tendéncias e manifestagdes diver- sas, Nao se pretende esgotar comp}:tamente os significados da abordagem, tampouco fazer um estudo histérico desse tipo de ensino e suas tendéncias no Brasil, mas tentar ca- racterizélo em suas diferentes manifestagdes, buscando apreender as implicagdes dele decorrentes para a agdo pe dagogica do professor, Trata-se de uma concepgao e uma pratica educacionais que persistiram no tempo, em scas di ferentes formas, e que passavam a fornecer um quadro re- ferencial para todas as demais abordagens que a ela se se. Buiram. Englobomse, portanto, consideragdes de viirios autores defensores de posigdes diferentes em relngio ao ensino tra dicional, procurando caracterizi-lo tanto em seus aspectos considerades positives, quanto negativos, Wsses aspectos tornarseio melhor explicitados no decorrer das categorias que aqui serio ponderadas, “ensino tradicio dad eo compreender esse tipo de Justificativas, Somente uma avaliagao euida- torard possivel de: obrasipri se demonstracées plenamente ‘des cientificas atingidas pelos métodos Diise énfase 20s moc: ordagem, podem-se mnceitos de homer pois nao ha nenhi ordagem engloba ‘acterizadas como “ m € considerado come mserido num mundo que ravés de informagtes que Ihe serio forneci necessirias, pode repetilas @ outros que ainda nao as pos- suami, assim como pode ser eficiente em sta profisséo, quan- do de posse dessas informagcties e contetidos. O homem, no inicio de sua vida, é consitlerado uma espécie de doula rasa, na qual sio impresses, progressivamente, imagens e infor. magdes fornecidas pelo ambiente. Quer se considere 0 ensino verbalista predominante his- toricamente na Idade Média e Renascenca, quer se considere o ensino defendido nos séoulos XVIII e XIX, baseado numa psicologia sensual — empirista, a énfase dada ac externo. 1.3, Mundo A realidade € algo que serd transmitido a0 individuo principaimente pelo processo de educaeao formal, além de outras agéncias, tais como familia, Igreja, Q mundo é exter. no ao individuo ¢ este ird apossando-se gradativemente de ma compreenséo cada vez mals sofisticads dele na me. ida em que se confronta com os modelos, com os ideal as aguisigSes cientificas e tecnoldgicas, os taciocinios ¢ de. monstragbes, as teorias elaboradas através dos séculos. De posse desse instrumental, o individuo contribuiré, por sus vez, para uma maior compreensdo e dominio do mundo que © ceres, seja este considerado como fisica, social ete. 1.4. Soctedade-cultura Os tipos tiados na sociedade © cul agdo desse tipo de en ser OS mais ve- joné-los em diresio a um maior dominio sobre a naturez2, ampliando 2 aprofundando as areas de conhecimento. Este objetivo educacional nor. ‘almente se encontra intimemente relacionado sos spregoados pela sociedade na qual ser: A reprovagio juande 9 minimo cultura! SHO Recessarios para 2 constatagdo de que este minimo exi- gico para cada série foi adquiride pelo alunc. ma pode ser tomado, ento, como um instru- mento de hierarquizagdo dos individuos num contexto social. Essa hierarquia cultural resultante pode ser considerada co. mo fundada no saber, no conhecimento da verdade, Dessa forma, o diploma sria desempenhar um papel de mediador entre a formag&o cultural e o exercicio de fungées sociais determinadas. Sociaimente falando, essa posigo implica supor que as experiéncias ¢ aquisigdes das geracbes adultas sio condigao de sobrevivéncia das goragées mais novas, como também da sociedade. », este tipo de sociedade man- tem um sistema de ensino baseado na educagéo bancdria (tipologia mais sproximada do que se entende por ensino nessa abordagem), ou seja, uma educac&o que se caracteriza por “depositar”, no aluno, conhecimentos, informagées, da- dos, fatos ete. Potie-se afirmar que as tendéncias englobadas por esse po de abordagem possuem uma visio individudlista do processo educacional, néo possibilitando, na maioria das ve- wes, trabalhos de cooperagéo nos quais o futuro cidadiio possa experienciar a convergéncia de esforgos. 1.5. Conhecimento Parve-se do pressuposto de que a inteligéncia, ou qual- quer outro nome dado @ atividade mental, seja uma faculda- de capaz de acumular/armazenar informacées. A atividade do ser humano ¢ @ de incorporar informagdes sobre o mun- co (isico, social etc.), as quais devem ir das mais simpies as mais complexas. Usualmente ha uma decomposigao da realidade no sentido de simplificé-la, Essa andlise simplifi- cadora do patriménio de conhecimento que seré transmiti- cio ae aluno, ds vezes, leva a uma organizagdo de um ensino preciominantemente dedutivo, Aos alunos sio apresentados Somente 0s resultados desse processo, para que sejam arma- zenados. Ha agui preocupagio com o passede, como modelo s ser imitado e como ligéo para o futuro. Evidencia-se o cardter cumulativo do conhecimento hu- mano, adquirido pelo individuo por meio de transmissdo, de 20 onde se supe o papel importante da educacio formal e da instituigdo escola, A perenidade é justificada por si mes- ma. Hé constante preocupagio em se conservar o produto obtide o mais préximo possivel do desejado. Mesmo se considerando 0 ensino baseado numa psico- logia “sensual-empirista”, atribui-se a0 sujeito um papel in- significante na elaboracao € aquisig’o do conhecimento. Ao individuo que est “adquirindo” conhecimento compete me morizar definigdes, enunciados de leis, sinteses e resumos jos no processo de educacéo formal a 1.6. Educagio A educagio € um proceso amplo para alguns autores, mas na maioria das vezes, é entendida como instrugiio, c=: racterizada como transmissio de conecimentos e restrita & ago da escola, No processo da educagac, durante 0 periodo em que o aluno freqiienta a escola, ele se confronta com mo- delos que ihe poderio ser titeis no decorrer de sua vida du sante € pds-escola, Essa posigéo é defendida, por exemplio, por Dirkheim. Para muitos autores, inclusive Snyders, 0 modelo nao € considerado como o contrdrio da originalidade, da indivi. Guaitdade, proprias de cada crianga, mas condi¢ao indispen- sdvel pars gue cls desaroche. Dt toda forma, porém, € a proposigao e a defesa de um tipo de educagdo baseada em por exemplo, defende uma gue, para que o aluno posse chegar, © em condigSes favordveis, a uma confrontagio com o mo- elo, é indispensavel uma intervengdo do professor, uma crientagao do mestre. A abordagem tradicional é caracterizada pela concepgio de educaeio como um produto, 4 que os modelos a serem alcangados estiio préestavelecidos, dai a auséncia de enfase ho processo. Trata-se, pois, da transmissio de idéias seie cionadas e organizadas logicamente. Este tipe de concep¢3o de educacao ¢ encontrado em vérios momentos da histdria, permanecendo atualmente sob diferentes formas. ut 1.7. Eseola A escola, fundada nas concepedes dessa abordagem, ¢ © lugar por exceléncia onde se realiza 8 educagio, a qual s¢ restringe, em sua maior parte, a um processo de transmissio de informagdes em sala de aula ¢ funciona como uma agén cia sistematizadora de uma cultura complexa. Segundo Emile Chartier (Alain, 1978), defensor deste tipo de abordagem, a esoola é o lugar também por excelén cla onde se raciocina. Defende um ambiente fisico austerc para que o altmo nfo se distraia, Considera o ato de apren der como uma cerimonia e acha necessdrio que o professor se mantenha distante dos ahunos. Para tal tipo de abordagem, a escola nao 6 considerada como a vida, mas, sim, como fazendo parte dela. O profes. sor, por sua vez, serd o mediador entre o aluno e os mo- delos. Em defesa do ensino tradicional, Snyders (1974) atirma a escola tradicional, quando nao transformada em ca- a, considera que os conhecimentos adquiridos nao por si mesmos, mas como meio de formagio ¢ de ir mais além. Em grande parte das vezes, no entanto, a escola funcio- na diferentemente do proposto e advogado por Snyders, chegando ao que ele prdprio denomina de caricatura. Uma escola desse tipo ¢ freqiientemente utilitarista quanto a re- sultados @ programas preestabelecidos, O tipo de relacao social estabelecido nesta concepedo de escola é vertical, do professor (autoridade intelectual ¢ mo- pares s&o reduzidas, jé que a natureza da grande parte das individual de cada um deles. Considerando-se que uma das vertentes dessa aborda- gem atribui A educagio o papel de ajustamento social, ca- beria igualmente & escola oferecer ks geragdes submetidas a0 processo os elementos dominantes num determinado mo- mento socio-cultural, de forma que fosse garantida a con- tinuidade das idéias, sem rupturas e sem crises. 12 1,8, Ensho-aprendizagem A Onfase 6 dada as situagées de sala de aula, onde os alunos so “instruidos” e “ensinados” pelo professor. Comu- mente, pois, subordinase a educacio A instrugio, conside- yando 9 aprendizagem do aluno como um fim em si mesmo: os contetidos ¢ as informagdes tém de ser adquiridos, os modelos imitados, Para este tipo de abordagem, a existéncia de um mode- lo pedagégieo é de suma importincia para a crianga e sua educagio, Em sua auséneia, a crianca permanecerd mundo que “nio foi ilustrado pelas obras dos mestres” e que néo “ultrapassard sua atitude primitiva". Acredita-se implicitamente nas virtudes formativas das disciplinas do currfculo, Acredita-se ainda que é falsa toda a crenga numa con- tinuidade simples entre a experiéncis imediata e 0 conhec mento ¢ € precisamente porque hd esse salto a se efetuar que a intervengio do professor é necessari Justamente no tipo de intervengio é que reside a pro- blematica do ensino tradicional. Miuitas vezes esse tipo de intervencio visa apenas a atuagao de um dos pdlos da re lacio, 0 professor, # nesse particular que so feitas muitas das criticas a esse modelo de ensino. Analisando concepgées psicoldgicas e priticas educacio. nais do ensino tradicional, Aebli (1978) comenta que seus lementos fundamentais so imagens estdticas que progres- sivamente serao “impressas” nos alunos, edpias de modelos do exterior que serio gravadas nas mentes individuais. Apesar de desconhecer a natureza da atividade psiqui- ca, 0 ensino tradicional langa mao, na prética, da atividade dos alunos (quer recorrendo a apresentagao de dados intui- tivos, quer recorrendo A imaginagao dos alunos). Como o mecanismo de explicagiio dessa atividade € desconhecido, 0 Professor vé-se obrigado, na maioria das vezes, a limitar-se 80 fornecimento de receitudrios, Uma das decorréncias do ensino tradicional, jé que a Sprendizagem consiste em aquisicio de informagies e de- monstragdes transmitidas, é a que propicia a formacio de Teagdes estereotipadas, de automatismos, denominados habi- tos, geralmente isolados uns dos outros e aplicdveis, quaso 13 sempre, somente as situagbes idénticas em que foram adqui- ri © aiuno que adquiriu 0 hébito ou que “aprendeu” apresenta, com freqtiéneia, compreensio apenas parcial. Es- sas n estereotipadas estéo sempre ligadas a uma ex- pressio simbdlica, quer seja verbal, algébrica ou numérica, que as desencadelam, © isolamento das escolas e o artificialismo dos progra- mas nAo facilitam a transferéncia de aprendizagem. Igno- ram-se as diferengas individuais, pois os métodos nao variam . 80 longo das classes nem contr termos gerais, 6 um a racterizado por se preocupar mais com a variedade e quantidade de nogSes/ conceitos/informagées que com a formag&o do pensamento reflexive. Ao cuidar e enfatizar a corregio, a beleza, o for- malismo, acaba reduzindo o valor dos dados sensfveis ou intuitivos, 0 que pode ter como conseqiiéncia a reduc3o do ensino a um processo de impressio, a uma pura receptivi- de. A expresso tem um lugar proeminente, dai esse ensino ser caracterizado pelo verbalismo do mestre e pela memo. rizagéo do aluno. Byidenciase uma preocupacdo com a sistematizagao dos conhecimentos apresentados de forma acabada, As ta- refas de aprendizagem quase sempre so padronizadas, 0 que implica poder recorrer-se & rotina para se conseguir a fixagdo de conhecimentos /contetidos /informagies, 1.9. Professoraluno A relagdo professor-aluno 6 vertical, sendo que um dos © professor) detém o poder decisério quanto & me- ‘todologia, contetido, avaliagdo, forma de interagéo na aula ete. Ao professor compete informar e condugir seus alunos em direcko a objetivos que Ihes sio externos, por serem escolhidos pela escola ¢/ou pela sociedade em que vive e no pelos sujeitos do proceso. Q professor detém os meios coletivos de expressio. As relagdes que se exercem na sala de aula s&o feitas longitu. dinalmente, em fumgio do mestre e de seu comando, A maior parte dos exerefcios de controle e dos de exame se orienta ry “i ite for- 40 dos dados e informagées anteriorment pat a lle dos oe nee"O papel do professor esté intimamente ligado & trans: missio de certo contetido que é predefinido ¢ que constitut Pede-se 40 Sprio fim da existéncia escolar. petigbo ‘automatica dos dados que a escola forneceu ou a agéo racional dos mesmos. eas tipo mais extremado, as relagdes socisis so quase que praticamente suprimidas a classe, como conseqtiéncia, permanece intelectual e afetivamente dependen.e do pro tg e medisde: entre ca- (© professor exerce, aqui, © papel de medisde: da aluno e os modolos culturals. A relacio predominante 6 professor.aluno (Individual), consistindo a classe, nessa pers, pectiva, apenas justaposicio dessas relagdes duals, sod io besa relages, na maioria das veves, paralelas, inexistindo a constituigao de grupo onde hhaja interagao entre os alunos. 1,10. Metodologia 3 isa i io . izado 0 ensino pela transmissio do patrimnén! colwal, bald confrontagio com modelos e ractoctnies ee Gorados, a correspondente metodologia se basein mais tre guentemente na sla expositva e nas demonstragbes do P fess a classe, tomada quase come a NSS professor jé traz o contetido pronto e 0 aluno se limb ta, passivamente, a escuté-lo. °° Ponto fundament sae processo sero produto da aprendizagem. A reproduc dos contetidos feita pelo aluno, de forma automatics e ace variagées, na maioria das vezes, € considerada ae = poderoso ¢ suficiente indicador de que houve aprendizagem @ de que, portanto, 0 produto estd assegurado. A din tradicional quase que poderia ser resumide, pols, em “dar 5 ligho” © em “tomar & ligio”. Sto reprimidos freqtente monic os elementos da vida emocional out afetive por © jul garem impeditivos de uma boa e util diregio do trat de ensino. = ‘A utilizagio fregiiente do método expositivo, pelo pro. fessor, como forma de transmissio de contetdo, faz com @ muitos concebam o magistério como uma erte contra no professor. 15 No método expositivo como atividade normal, esté im- plicito © relacionamento professor-ahimo: 0 professor 6 0 agente, 0 aluno € 0 euvinte. O trabalho intelectual do aluno sera iniclado, propriamente, apds a exposic&io do professor, quando entao realizaré os exercicios propostos, A situagao é preparada e, por isso, artificial. ‘Tal tipo de método tem por pressuposto basear a aprendizagem no exercicio do alu. no, A motivado para a realizagéo do trabalho escolar 6, portanto, extrinseea e dependerd de caracteristicas pessoais do professor para manter 0 aluno interessado e atento. ‘Usualmente, o assunto tratado é terminado quando o professor conclui a exposigio, prolongando-se, apenas, atra- vés de exercicios de repeti¢ao, aplicagio e ‘recapitilecio, © trabalho continua mesmo sem 2 compreensio do aluno © somente uma verificagio @ posteriori é que permitiré a0 professor tomar consciéncia desse fato. Surgem dificuldades no que se refere a0 atendimento individual, pois o resto da classe fica isolado quando se aten- de a um dos alunos particularmente. ¥ igualmente dificil para o professor saber se o aluno esté necessitando de suxi- Yio, uma vez que usualmente quem fala 6 0 professor. Dessa forma, hé a tendéncia a se tratar 2 todos igualmente: todas deverao seguir 0 mesmo ritmo de trabalho, estudar pelos mesmos livros-texto, utilizar 0 mesmo material diditico, re petir as mesmas coisas, adquirir, pois, os mesmos conheci- mentos. Algumas matérias so consideradas mais importantes que outras, 0 que se constata pela diferenga de carga horé. 11a entre as disciplinas do currfculo, Privilegiam-se igual mente verbal (0: © oral), as atividades intelectuais ¢ © raciocinio abstrato. Quanto ao ensino intuitivo, uma das vertentes do ensino tradicional historicamente sucessor do ensino verbalista, verificam-se igualmente problemas no que se refere A me. todologia. Pretende-se provocar certa atividade no aluno, no entanto, a psicologia sensualempirista néo fornece res. paldo tedrico & fundamentacio dessa atividade, pois a igno. ra, Esta forma de ensino pode ser caracterizada pelo uso do método “maiéutico”, cujo aspecto basico € © professor dirigir a classe a um resultado desejado, através de uma sé- 16 rie de perguntas que representam, por sua vez, passos para se chegar a0 objetivo proposto. Os defensores do metodo maiéutico pensam que ele provoca a pesqtiisa pessoal do aluno. Ainda atualmente tal tipo de metodologia é freqtientemente encontrado em nossas salas de aula. Para que o professor possa utilizar tal método, a ma- téria a sor apreendida deverd ser dividida em varios elemen- tos. A cada elemento correspondem perguntas 4s quais 0 aluno deverd responder, Fica visivel, em sala de auls, uma troca verbal intensa entre professor e alunos, em termos das perguntas do primeiro e das respostas dos segundos, até que © resultado proposto seja atingido, Como os alunos chegam a esse resultado, inferese que tenham compreendi- do © conjunto relacionado de idéias tal como foi proposto. 1.11, Avaliagao A avaliagéo 6 realizada predominantemente visando a exatidio da reproducéo do contetido communicado em sala de aula. Medese, portanto, pela quantidade e exatidéo de informag6es que se consegue reproduzir. Daf a consideracio de provas, exames, chamadas orais, exercicios etc., que evi- denciem a exatidio da reprodugao da informagao, © exame passa a ter um fim em si mesmo e 0 ritual 6 mantido, As notas obtidas funcionam, na sociedade, como niveis de aquisicgo do patrimdnio cultural, 1.12, Consideragées finais Como mencionou-se anteriormente, 0 termo “ensino tra: dicional” 6 ambiguo e englobe vdrios sentidos. Uma carac: teristica comum é a prioridade atribuida & discipline inte- lecttsal e aos conhecimentos abstratos, Igualmente conum @ @ considerago da missio catequética e unificadora da es- cola, Programas minuciosos, rigidos e coercitivos. Exames Seletivos, investidos de cardter sacramental, O diploma con. siste, nessa visio, em um principio organizador e na con- Sagragio de todo o ciclo de estudos. O método de recitagao © as espécies de contetido ensinados derivam de uma con- cepgiio estdtica de conhecimento, 17 Nilo obstante constituirse essencialmente de wma prd- tica transmitida de geracio a geracdo (e nfo baseada em teorias empiricamente validadas de ensino, aprendizagem, desenvolvimento humano ete.), osté subjacente a esse tipo Ge abordagem, apesar de suas diversas manifestagbes, uma epistemologia que consiste, basicamente, em se supor e se aceitar que 0 conhecimento provém essencialmente do meio, ®, dessa forma, 6 transmitido ao individuo na escola, A escola 6 0 local da apropriagio do conhecimento, por meio da transmissio de contetidos e confrontagio com mo- delos e demonstragées. A énfase no é colocada no ediican: do, mas na intervengéo do professor, para que a aquisicao do patriménio cultural seja garantida. © individuo nada mais 6 do que um ser passivo, um receptdculo de conheci- mentos escolhidos e elaborados por outros para que ele de- les se aproprie. A escola, no entanto, nao é estdtica nem intocével, std sujeita a transformagdes, como o estio outras instituicdes. Novas formagées sociais surgem a partir das anteriores ¢ a escola muda, assim como tem seu papel como um possi- vel agente de mucdanca, numa realidade essencialmente di- namica. Historicamente, movimentos denominados de “educagéo nova” comecaram a se desenvolver tomando como ponto de partida as decepgdes e Jacunas que se atribuiam aos resul- tados da educacdo tradicional ou cléssica. Nota-se, nos wlti- mos anos, preocupagio acentuada com edueagio e escola, # com a elaboragéo de teorias ¢/ou propostas em decorrén- cia das quais pedagogias alternativas tendem a se desenvol- ver, mesmo que em diregdes distintas conflitantes entre si. As abordagens analisadas a seguir sio partes do idedrio pedagdgico veiculado em cursos de Licenciatura, 20 mesmo tempo que séio as linhas mais delimitadas, no momento, em termos de alternativas pedagégicas ao ensino tradicional. Embora haja outras linhas, delimitou-se as que se seguem por motivos predominantemente historicos: sio as que pro- vavelmente 08 professores tenham pelo menos owvido falar. Abordagem comportamentalista 2.1, Caracteristicas gerais Esta abordagem se caracteriza pelo primado do objeto (empirismo), O conhecimento 6 uma “descoberta” e € nova para 0 individuo que faz. O que foi descoberto, porém, ja se encontrava presente na realidade exterior. Considera- se © organismo sujeito as contingéncias do meio, sendo o conhecimento uma copia de algo que simplesmente é dado no mundo externo, Os comportamentalistas ou behavioristas, assim como os denominads instrumentalistas € os positivistas 16gicos, consideram a experiéncia ou a experimentagio planejada como a base do conhecimento, Evidenciase, pois, sua ori- gem empirista, ou seja, a consideragio de que o conheci- mento 6 0 resultado direto da experiéncia. Para os positivistas ldgicos, enquadrados nesse tipo de sbordagem, a conhecimento consiste na forma de se orde- nar as experiéncias e os eventos do universo, colocando-os em cédigos simbélicos. Para os comportamentalistas, a cién- cia consiste numa tentativa de descobrir a ordem na natu- Teza e nos eventos. Pretendem demonstrar que certos acon. tecimentos se relacionam sucessivamente uns com 0s outros, ‘Tanto a ciéncia quanto o comportamento sio considerados, 19

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