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DISTRITO FEDERAL
URGENTE
1 Art. 85. Funcionará junto ao Tribunal de Contas o Ministério Público, regido pelos princípios
institucionais de unidade, indivisibilidade e independência funcional, com as atribuições de
guarda da lei e fiscal de sua execução.
2 Art. 1º Omissis.
(...)
§ 3º O Tribunal de Contas agirá de ofício ou mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do
Ministério Público ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Federal ou dos
demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de irregularidade em qualquer despesa,
inclusive naquela decorrente de contrato.
3 Art. 54. Compete ao Ministério Público junto ao Tribunal, por seu representante, em sua missão
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_20_agente/arquivos/ED_1_2020_PCDF_AGENTE
_20_ABERTURA.PDF. Acesso em 04 ago. 2022.
5 Art. 5º da Lei Distrital nº 4.317/2009, § 1º do art. 2º da Lei Federal nº 13.146/2015, e suas
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_19_escrivao/arquivos/ED_1_2019_PCDF_ESCRI
VAO_19_ABERTURA.PDF. Registre-se que, no edital do cargo de Escrivão, não se prevê
expressamente que o exame da compatibilidade da deficiência com as atribuições do
cargo se dará na fase da avaliação biopsicossocial, mas o Anexo 2 desta Representação
demonstra que assim se tem procedido.
7 Anexos 1 a 4 desta Representação (Termos de Depoimento).
8 Anexo 1, p. 2 e 9; Anexo 2, p. 3 e 6; Anexo 3, p. 2-4; Anexo 4, p. 2 e 3.
9 Anexos 5 e 6 desta Representação, extraídos de:
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_20_agente/arquivos/PCDF_AGENTE_20_RESPO
STAS_IMPUGNACOES.PDF; e
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_19_escrivao/arquivos/PCDF_2019_RESPOSTAS_
IMPUGNACOES.PDF. Acesso em 04 ago. 2022.
10 Anexo 7 desta Representação, p. 22.
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para candidatos da ampla concorrência”, não se aplicando ao “candidato com
deficiência física classificada como visual, que concorrerá às vagas destinadas
a pessoas com deficiência”11.
12. Idêntico entendimento foi aplicado em resposta a impugnação
referente à potencial eliminação decorrente de perdas auditivas12, malgrado a
ausência de clareza dos dispositivos do edital no sentido defendido pela banca.
13. Contudo, é curioso notar que tal ressalva da banca não foi feita
para outras condições incapacitantes, como se extrai de diversas respostas do
Cebraspe a impugnações que visavam evitar a exclusão de PcD do certame em
função da própria deficiência13.
14. Digno de apontamento, ainda, que a própria configuração do
certame, com avaliação abstrata e apriorística da compatibilidade da deficiência
com o exercício das atribuições do cargo, desvirtua o intento do legislador e se
contrapõe ao Direito vigente. Isso porque, no caso de candidatos PcD,
preconiza-se que o exame da aptidão do candidato, no que tange à
compatibilidade da deficiência com o exercício da função, se dê ao longo
do estágio probatório, como será esclarecido na seção seguinte desta
representação.
15. Outrossim, a previsão editalícia de que não haverá adaptação
dos testes físicos para os candidatos com deficiência fere a legislação de
regência e constitui obstáculo virtualmente intransponível para uma
imensa gama de deficiências.
16. Lamentavelmente, tais medidas não são novidade nos
concursos da Polícia Civil do Distrito Federal e vêm obstando a concretização da
reserva de vagas para PcD, como demonstra análise do certame em tela e do
último concurso realizado para os cargos de Agente e Escrivão da PCDF.
Vejamos os números.
17. No concurso de 2013 para o cargo de Agente, de 37 candidatos
PcD habilitados, apenas 4 (11%) foram considerados aptos nos exames
biométricos e avaliação médica14. No certame de mesmo ano para o cargo de
Escrivão, de 8 habilitados, 2 (25%) restaram aprovados na etapa médica15.
18. De seu turno, nos concursos em andamento, de 56 candidatos
PcD convocados para os exames biométricos e avaliação médica, somente 6
http://www.cespe.unb.br/concursos/PC_DF_13_AGENTE/arquivos/ED_14_2014_PCDF_AGEN
TE_13_RES_FINAIS.PDF. Acesso em 09 ago. 2022.
15
http://www.cespe.unb.br/concursos/PC_DF_13_ESCRIVAO/arquivos/ED_11_2014_PCDF_ES
CRIVAO_13_RES_PROV_FISICA_DIGIT_PSICO_PERICIA.PDF e
http://www.cespe.unb.br/concursos/PC_DF_13_ESCRIVAO/arquivos/ED_14_2014_PCDF_ES
CRIVAO_13_RES_FINAIS_E_CONV_TITULOS.PDF. Acesso em 09 ago. 2022.
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(11%) foram considerados aptos, para o cargo de Agente16, e nenhum
candidato a Escrivão o foi, a despeito de 9 terem sido convocados para essa
etapa17.
19. Como consequência, a ínfima quantidade de candidatos PcD
considerados aptos na fase em comento viabiliza que parte das vagas
reservadas a esses indivíduos acabe destinada à ampla concorrência, jogando
por terra o intento do constituinte e do legislador.
II – DOS FUNDAMENTOS
20. Como já consignei em outras oportunidades, filio-me ao
entendimento majoritário no sentido da insindicabilidade do mérito de exames de
concursos por parte dos órgãos de controle, não cabendo a estes escrutinar o
conteúdo de questões ou avaliações em certames tais.
21. Entretanto, quando as regras do concurso ou os procedimentos
adotados pela banca contratada pela Administração importam em ofensa a
normas de ordem pública ou direitos individuais homogêneos,
desbordando de interesses estritamente individuais e subjetivos e
indicando o caráter metaindividual da controvérsia, reputo possível e
devida a atuação da Corte de Contas. Particularmente no caso em tela, em
que se está a malferir política pública de estatura constitucional, que visa à
inclusão de pessoas com deficiências, a fiscalização do controle externo reveste-
se de ainda maior importância e premência.
22. O art. 37, VIII, da Constituição Federal, dispõe, in verbis, que “a
lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”. Uma vez que,
nos termos do art. 21, XIV, a organização e manutenção da Polícia Civil do
Distrito Federal compete à União, aplicam-se ao órgão policial, em matéria
de pessoal e concurso público, as normas da esfera federal.
23. Nessa senda, incidente sobre o caso a Lei Federal
nº 8.112/1990, cujo art. 5º, § 2º, garante à PcD “o direito de se inscrever em
concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis
com a deficiência de que são portadoras”. Certamente a disposição restaria
esvaziada por completo se interpretada no estrito sentido de participação na
16
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_20_agente/arquivos/ED_16_2020_PC_DF_AGEN
TE_20_RES_FINAL_DISC_CONVOCAOES.PDF e
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_20_agente/arquivos/ED_20_2020_PC_DF_AGEN
TE_20_RETIFICAO_RES_FINAL_BIOP_EXAME_BIOM_AVAL_MEDICA_CONV_TAF_SINDIC
ANCIA.PDF. Acesso em 09 ago. 2022.
17
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/PC_DF_19_ESCRIVAO/arquivos/ED_25_2019_PCDF_E
SCRIVAO_19_RES_FINAL_DIGITAO_CONV_EXAMES.PDF e
https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/PC_DF_19_ESCRIVAO/arquivos/ED_30_2019_PCDF_E
SCRIVAO_19_RES_FINAL_EXAMES_BIOMTRICOS_CONV_TAF.PDF. Acesso em 09 ago.
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seleção, desacompanhada de meios que viabilizassem a aprovação no concurso
e a consequente nomeação para o cargo.
24. Exatamente por isso, o Decreto Federal nº 3.298/199918, em seu
art. 44, prevê que a “análise dos aspectos relativos ao potencial de trabalho do
candidato portador de deficiência obedecerá ao disposto no art. 20 da Lei
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990”, o qual estatui o estágio probatório para
os servidores públicos. Por conseguinte, a legislação enseja que a avaliação da
compatibilidade da deficiência com as atribuições do cargo se dê ao longo
do estágio probatório, e não ex ante, como fase do concurso.
25. A aposta do Decreto supracitado, aplicável aos concursos da
PCDF, é claríssima: o poder público deve relaxar suas muralhas às pessoas com
deficiência na fase de julgamento capacitista e abstrato das seleções públicas
para, somente após efetivamente investido o agente no curso regular das
funções do cargo, examinar sua adequação ou não ao posto. O Estado deve
abrir a oportunidade para que suas convicções capacitastas, legitimadas por
argumentos médicos questionáveis, sejam efetivamente postos à prova.
Decerto, como sociedade, nos surpreenderemos com as possibilidades positivas
deste exercício de alteridade.
26. Assim, desponta imprescindível que a seleção das vagas
reservadas a candidatos que se enquadrem como PcD se amolde a tais
circunstâncias, não apenas por força de lei, mas principalmente como requisito
de efetividade da política pública inclusiva.
27. Esse é precisamente o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), firmado no REsp nº 1.179.987-PR19:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. APROVAÇÃO EM
VAGA RESERVADA A DEFICIENTE FÍSICO. EXAME MÉDICO
ADMISSIONAL. AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE ENTRE
AS ATRIBUIÇÕES DO CARGO E A DEFICIÊNCIA
APRESENTADA. IMPOSSIBILIDADE. LEI N. 7.853/89 E
DECRETO N. 3.298/99. EXAME QUE DEVE SER REALIZADO
DURANTE O ESTÁGIO PROBATÓRIO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO.
1. Por força do art. 37, VIII, da Constituição Federal, é obrigatória
a reserva de vagas aos portadores de deficiência física, o que
demonstra adoção de ação afirmativa que visa conferir
tratamento prioritário a esse grupo, trazendo para a
Administração a responsabilidade em promover sua integração
social.
2. Nessa linha, a Lei n. 7.853/89 estabelece as regras gerais
sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua
integração social, determinando a promoção de ações eficazes
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38. Neste ponto, reputo devido registrar que a presente
representação não constitui menoscabo da avaliação biopsicossocial,
imprescindível como meio de evitar a usurpação das vagas reservadas a PcD
por candidatos que não se enquadrem no público-alvo de tal política de
recrutamento de pessoal.
39. Da mesma forma penso a respeito da avaliação médica, que se
presta a impedir a seleção massiva de candidatos que não possam realizar a
contento a integralidade das atribuições do cargo, bem como a ocorrência de
aposentadorias precoces decorrentes de condições médicas pré-existentes.
40. O que não se pode dar, contudo, é a utilização desses legítimos
e indispensáveis instrumentos para fins de exclusão generalizada de pessoas
com deficiência dos concursos das forças de segurança.
41. O argumento empoeirado de que a atividade policial
demanda uma paradigma biopsicossocial de estrita hipersuficiência não
merece lugar no século XXI, seja porque avilta os valores da dignidade da
pessoa humana e do pluralismo político, globalmente irradiados ao
constitucionalismo ocidental no contexto pós-Lei Fundamental de Bonn (1948) e
igualmente reconhecidos no quadro doméstico como fundamentos da República,
seja porque a diversidade das atividades policiais e os avanços
tecnológicos nesta quadra tornam secundários quaisquer aspectos
relacionados a tal paradigma de plenitude física, que margeia o odioso
capacitismo.
42. Se as forças armadas e de segurança pública tinham na
hipersuficiência física um fator incontornável no contexto anterior às Grandes
Guerras, na atualidade, ganham relevo muito mais decisivo a inteligência e o
domínio das grandes tecnologias.
43. Portanto, aventar o capacitismo como escusa legítima no âmbito
do recrutamento de pessoal na Segurança Pública é de todo questionável,
cabendo às forças policiais alocarem policiais com deficiência em postos
compatíveis com seu quadro pessoal, sem lhes negar abstrata e
aprioristicamente a possibilidade de cumprir seu mister a bem do país.
Certamente não faltarão quadros hipersuficientes para dar regular cumprimento
a atividades outras que efetivamente demandem uma ou outra faculdade física
específica. Negar a adaptação razoável por veleidade, calçado em tal doxa
venal, repita-se, é de todo incompatível com o quadro constitucional vigente.
44. Por se cuidar de uma polícia judiciária, que não exerce
policiamento ostensivo, aliás, a adoção de tal paradigma de hipersuficiência
física é ainda mais reveladora, de fundo, não de uma necessidade
instransponível da política de pessoal respectiva, mas antes de uma opção
ideológica, cujas bases remontam o um projeto excludente da cidadania
das pessoas com deficiência.
45. Os direitos fundamentais não são itens de perfumaria: não
podem ser selecionados segundo as conveniências do poder público. Ao
contrário, sem impõem como marca da aposta da sociedade num projeto
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pluralista, que pretende efetivamente dar meios de plena realização a todos os
brasileiros.
46. Por todo o exposto, cabendo a esta Corte perscrutar a licitude
das admissões – não para proteção de interesses puramente individuais, e sim
para garantia do preenchimento regular de cargos públicos e, neste particular,
para a concretização de política pública de índole constitucional –, é de rigor
reconhecer sua competência para apreciar a matéria. Reitere-se, pois, o caráter
metaindividual da controvérsia em tela, que em nada se confunde com a defesa
particularizada de direitos individuais disponíveis de candidatos certos e
determinados.
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IV – DOS PEDIDOS
51. Diante do exposto, tendo em vista as competências cometidas
ao Tribunal de Contas do Distrito Federal no art. 1º, XIV, c/c art. 1º, § 3º, da Lei
Complementar Distrital n. 1/199422, o MPC/DF requer ao egrégio Plenário que:
I. presentes os requisitos de admissibilidade inscritos no
art. 230, § 2º, do Regimento Interno deste TCDF, conheça da presente
Representação;
II. com fulcro no art. 277, do Regimento Interno do TCDF,
presentes os riscos de grave lesão ao interesse público e de ineficácia de futura
decisão de mérito, conceda medida cautelar para determinar à Polícia Civil
do Distrito Federal (PCDF) e ao Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação
e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) que, inaudita altera pars,
nas seleções em curso para os cargos de Agente e Escrivão:
a. procedam, em prazo máximo de 30 dias, à reintegração
de todos os candidatos habilitados a concorrer nas vagas
reservadas para pessoas com deficiência na avaliação
biopsicossocial que houverem sido desclassificados na
avaliação médica, para que participem das etapas seguintes
do concurso, até o exame de mérito desta representação; e
b. assegurem a adaptação razoável dos testes físicos às
circunstâncias de cada deficiência dos candidatos
convocados para essa etapa;
c. em caso de descumprimento, fixe desde logo, com
fundamento no art. 29823, do Regimento Interno do TCDF, c/c art
814, do Código de Processo Civil24, multa diária (astreintes) no
importe R$ 1 mil (mil reais);
III. com fulcro no art. 230, § 9º, c/c art. 248, V, do Regimento
Interno do TCDF, determine à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao
Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de
22 Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, órgão de controle externo, nos termos da
Constituição Federal, da Lei Orgânica do Distrito Federal e na forma estabelecida nesta Lei
Complementar, compete: (...);
XIV – apreciar e apurar denúncias sobre irregularidades e ilegalidades dos atos sujeitos a seu
controle; (...).
§ 3º O Tribunal de Contas agirá de ofício ou mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do
Ministério Público ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Federal ou dos
demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de irregularidade em qualquer despesa,
inclusive naquela decorrente de contrato.
23 Art. 298. Aplicam-se subsidiariamente no Tribunal as disposições das normas processuais em
ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e
a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-
lo.
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Eventos (Cebraspe) que, no prazo de 10 (dez) dias, manifestem-se sobre o teor
da presente representação;
IV. esclareça à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao
Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de
Eventos (Cebraspe) que não há óbice à exclusão de candidatos, na
avaliação médica, por condições não relacionadas à deficiência
reconhecida;
V. determine o encaminhamento dos autos à unidade técnica
competente para instrução, autorizando desde já, caso necessária, a realização
de inspeção para apurar as irregularidades praticadas;
VI. no mérito, considere procedente a Representação nº 7/2022
– G3P, confirmando as medidas cautelares sindicadas e determinando à
Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que:
a. abstenha-se de eliminar candidatos às vagas
reservadas a pessoas com deficiência na avaliação médica em
razão de condições relacionadas à deficiência reconhecida;
b. assegure aos candidatos aprovados para as vagas
reservadas a pessoas com deficiência adaptação razoável
para o desempenho de suas atribuições, destacadamente ao
longo do estágio probatório;
c. doravante, em seus concursos públicos para seleção de
pessoal:
i. abstenha-se de prever, como parte da avaliação
biopsicossocial, a compatibilidade da deficiência com
as atribuições do cargo, postergando tal exame, no
caso de candidatos aprovados para vagas reservadas a
pessoas com deficiência, para o estágio probatório, nos
termos do art. 44 do Decreto Federal nº 3.298/1999;
ii. preveja e assegure, nos testes físicos, adaptação
razoável às circunstâncias de cada deficiência, nos
termos do art. 37 da Lei Federal nº 13.146/2015 e do
art. 5, item 3, da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, internalizada com status de
emenda à Constituição.
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