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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS < { ves ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS. ESTRUTURAS USUAIS DE MADEIRA - EES 044 OBS; Apostila em correpao. Use com precaugao. _ Rof Edgar V. Mantilla Carrasco Colubaradires: Renata de Souza Duarte; Sandra Regina da Silea; Leonardo Braga Passes, Ana Livia Crespo Oiootra Setembro de 2012 Belo Horizonte - MG Figuras da capa (sentido horario) 1) Passarela para pedestres em madeira laminada colada - Leonardo da Vince Bridge. Aas Norway. Fonte: http://noticias.arq.com.mx/Detalles/10611.html 2) Torre treligada para linha de transmissao Fonte: The European Glued Laminated Timber Industries Trade Association — 3) Porfaria Retiro do Chale. Paredes e vigas da cobertura em madeira laminada colada de eucalipto — Nova Lima. - MG. Fonte: Autor da apostila 4) Edificio residencial em painéis estruturais de madeira laminada colada cruzada Fonte: http://www. klhuk. com/portfolio/residential/passivhaus, -haus-am-rulhweg.aspx CAPITULO 01 CONSTITUIGAO E ESTRUTURA DA MADEIRA 4.1 INTRODUGAG A madeira é um material organico, de origem vegetal. E matéria prima renovavel, que durante a sua formagao nao polui o ambiente. Existe a madeira legal e a madeira certificada. A madeira legal cumpre todos os requisitos quanto 4 documentagdo, podendo ter origem em dreas de manejo florestal e rea de extrac autorizada por 6rgdos ambientais. A entidade extratora possui direito legal de exploragao. A madeira certificada est de acordo com a lei ¢ so adotadas praticas sustentaveis do ponto de vista ambiental, social e econdmico, promovende 0 desenvolvimento das comunidades florestais. A entidade extratora possui direite legal de exploragao, esta em conformidede com a lei ao extrair a madeira senda a madeira legalmente comercializada, Tendo em vista 2 crescente utiizagao da madeira nas suas varias formas @ produtos, € necessario conhecer bem as suas caracteristicas, para poder utlizd-la adequadamente. 1.2 CLASSIFICAGAO DAS ARVORES As arvores tém sua classificagao botdnica entre os vegetais do mais alto nivel de desenvolvimento e da mais elevada complexidade anatémica e fisiolégica. © conhecimento esquematico dessa classificagdo é util para a compreensdo do comportamento de algumas espécies de madeira. As Arvores so classificadas na botdnica na diviséo das Fanerégamas, plantas superiores propriamente dita. As Fanerégamas se subdividem em: Gimnospermas & Angiospermas. 1.2.4 GIMNOSPERMAS - CONIFERAS: ‘A classe mais importante das Gimnospermas é @ Conifera, também designada na literatura internacional como madeiras moles “soft wood’. As arvores classificadas entre as coniferas apresentam folhas com formato de escamas ou agulhas, geralmente perenes @ resistentes, mesmo ao inverno mais rigoroso. Sao arvores tipicas de climas frios das zonas, temperadas e frigidas, mas ha também espécies consideradas tropicais. As coniferas constituem praticamente sozinhas, principalmente no hemisfério norte, grandes forestas e fomecem madeira das mais empregadas na construcao civil e em outros setores. Na América do Sul ha ume conifera tipica: @ Araucdria angustiolia Tosstibuicdo¢ Estratura ds Madbieg Figura 1.1 — Araucdria Fonte: http:/impeatell sites. uol.com.br! Acesso: maio 2003 Outras espécies de coniferas como o Pinus elliott (Slash Pine) nativo da Flérida, o Pinus taeda (Loblolly Pine) nativo da regio do Atlantico e Golfo do México, nos EUA e 0 Pinus hondurenses, variedade caribenha, esto sendo introduzidos com sucesso no Brasil, com ampla aceitacao na indistria de celulose e de chapas de madeira aglomerada. - Figura 1.2 - Pinus elliott Fonte; P: taeda: hftp:/wwaw.cas.vanderbilt edufper/bioview.plgenspec=pita&action=View * _ P. elliottit: http-/www.sms.si.edufirispec/Pinus elliot htm: Acesso: 02/03/2003 1.2.2 ANGIOSPERMAS - DICOTILEDONEAS Figura 1.3 - Pinus taeda As angiospermas so plantas mais completas e organizadas que as gimnospermas. As angiospermas podem ser: monotitadéneas ou dicotiledéneas. Entre as monotiiedoneas no hé arvores propriamente ditas, mas, encontram-se as palmas e as gramineas. Muitas palmas tém grande utilidade pelos seus frutos. Algumas t8m troncos longos, muito pesadas e dificeis de trabalhar, mas as vezes utilzados de modo satisfatério em estruturas temporarias como escoramentos e cimbramentos. © bambu é classificado entre as gramineas, n&o é madeira no sentido usual da palavra, mas tendo em vista a sua boa resisténcia mecdnica associada a sua baixe Elgar Vi dlantilla Carvasco 12 Eserveura ede mation Cougtinuedoe Eenrgura densidade, presta-se para 2 construgao leve, tipica de moradia no oriente. © bambu comum € da espécie botanica Bambuse arundindcea, 0 bambu da espécie (Sambusa brancisil? Dendrocalamus brandisii chega a atingir 25 cm de diémetro e 38 m de altura, figura 2.4. Figura 1.4- Dendrocalemus brandisii .gia.net au/bambooland/photos/den_brandisiit j Acesso: 02/06/2003 Entre as dicotiledéneas - usualmente designadas na literatura intemacional como madeiras duras “hard, woods"- encontram-se as drvores de folhas comuns, largas, geralmente caducas. & extraordinariamente grande o numero de espécies existentes principaimente na zona tropical. Algumas das ‘madeiras duras” mais oomuns no Brasil sao: a aroeira, 0 cumaru, 0 jatoba, a magaranduba (parajt), os ipés, as cabriuvas, o guarant’, a sucupira, 0 pati marfim, as perobas, a caviina, os jacarandas, as canelas, as imbuias, o cedro, o mogno, 0 jequitiba, 0 guapuruvu, o freijé, 0 anjica preto, o argelim pedra, etc. No reflorestarnento destaca-se a introdugao dos eucaliptos, dicotiiedénea originaria da Austrélia, perfeitamente aclimatada no Estado de Minas Gerais, com ampla utiizagao como; postes, estacas, dormentes de estradas de ferro; na fabricagao de chapas de fibras de madeira @ de madeira aglomerada; na fabricagéo de celulose, papel, papeldo € construgao. Edgar V-dlantilla Carrasco 13 Estroineas uouais do madoira Dicotiledéneas Eucalipto - Pinus Figura 1.5 — Estrutura das arvores e exemplos de dicotiledéneas e coniferas - Elaboragao propria a partir de http://www.curdev-fe- ni.ac.uk/Wo0d?6200ccupations/ntml/pdtljobkn: e.pdf Acesso: junho 2003 Edgar VMantilla Carrasco 14 Estratuios usvais de madeira Coustituigdo e Estratura da Madeira 4.3 FISIOLOGIA E CRESCIMENTO DA ARVORE Para entender 2 natureza anisotrépica da madeira é conveniente conhecer a fisiologia e 0 crescimento da arvore. A arvore cresce inicialmente segundo a diragdo vertical. Cada ano hé um novo crescimento vertical 2 a formagao de camadas sucessivas que vo se sobrepondo ano apés ano ao redor das camadas mais antigas. Figura 1.6 ~ Anéis de crescimento Em um corte transversal essas camadas de crescimento aparscem como anéis de csescimentg. Exarninando-se um corte transversal de um tronco de arvore pode-se teconhecer faciimente: a medula, resultante do crescimento vertical, geralmente formada por madeira mais fraca ou defeltuosa; 0 conjunto dos anéis de crescimento constituemn 0 lenho. O lenho apresenta-se recoberto por um tecido especial: a casca da arvore. Entre a casca e 0 lenho existe uma camada extremamente delgada dificilmente visivel, mesmo ao microscépio, que é a parte propriamente viva da drvore (unidade regeneradora), 0 cambio, Do cambio se originam os elementos anatémicos que vo constituir o lenho e a casca O. exame cuidadoso desses elementos constituintes do lenho e da casca revela como caracteristica importante dos mesmos, setem constituidos por um sistema capilar orientado segundo a diregdo do eixo da arvore. A solugdo diluida de sais minerais - a seiva bruta - que a arvore retira do solo através de suas raizes e radiculas sobe pela camada periférica do lenho, 0 alburno, até as folhas, onde se transforma juntamente com 0 gés carbénico do ar sob a ago da clorofia 6 da luz solar, em selva elaborada, que desce pela parte intema da casca, designada como floema, aié as raizes, promovendo a alimentago das células vivas de toda a arvore, assim permitinde © crescimento e muttiplicag’o das mesmas. Parle da seiva elaborada 6 conduzida radialmente para o centro da drvore através dos raios medulares. Edgart. dlantitle Cararco 15 ‘Estruturas usuais de madeira Cambio ‘Cerne - Parte inativa que dé resisténcia ‘meciinica a érvore. Raiys Tmedulares Alburne - Vasos condutores que levam figua e nutientes. absorvidos pels ruizes ates folhas. Agua e minetais logia do crescimento da drvore. Natural Resources Education Guide btip:/www.vanaturally.com/chapter4.paf. Acesso: junho 2003 dyer 1. dantilla Carrasco 16 Esteuturas ususie de madeice ‘oustituicdo e Estrvture da Madera 4.4 ESTRUTURA MACROSCOPICA As substancias nao utiizadas pelas células como alimento so lentamente armazenadas no lenho. As mesmas tendem a se polimerizar endurecendo e escurecendo o lenho. A parte do lenho tomada por essas substancias 6 designada como ceme, O cerne é geralmente mais denso, menos permedvel a liquidos e gases, resistente ao ataque de fungos apodrecedores ¢ de insetos. Ele apresenta maior tesisténcia mecdnica em contraposigéo ao albumo, constituido pelo conjunto das camadas extemas, mais novas, necessariamente permedvels a liquidos e gases, menos denso. O albumo esta mais sujeito a0 ataque de fungos apodrecedares ¢ insetos e tem menor resisténcia mecanica. Por sua propria natureza 0 alburno tem melhores condicées para a impregnago com resinas ou adesives sintéticos (quando se deseja melhorar a resisténcia da madeira a0 ataque de fungos ¢ insetos). ‘As camadas do lenho nao se desenvolvem uniformemente durante 0 ano. Na primavera e no verdo formam-se células maiores, mas com paredes finas, chamada madeira de vero. No outono e inverno formam-se células menores, mas apresentando paredes mais espessas, a madeira de invero. Esse fendmeno permite que se tornem distintas as camadas de crescimento anual, sendo possivel avaiiar a idade da arvore abatida pelos seus anéis de crescimento. Figura 1.8 — Estrutura Macroscépica Fonte: hitp:/Mmww.ca.uky edu/agcfpubsMfor'for59/for59.pdf Acesso: junho 2003 4.5 ESTRUTURA MICROSCOPICA Amadeira é um material de natureza muito complexa, um vegetal do mais alto nivel de desenvolvimento. & parte de um ser organizado, possuindo diferentes éra’os, cada qual desempenhando fungao especifica A madeira das coniferas apresenta ao microscdpio dois elementos essenciais: traqueides: alos medulares. Eelger ¥. Mlantilla Carseo 7 Esonvtures usuaie de madeira Constituido e Estnuture de Madeioa Figura 1.9 - Estrutura microscépica das coniferas Fonte: http://www forst.uni-freiburg.de/fobawiffob/fob_lehre/21 ial 2002/orintek- wood quality.pd¥ Acesso: junho 2003 -Traqueides Os traqueides so células alongadas, com 3 a 5 mm de comprimento, 40 a 60 p de didmetro, segdo transversal vazada de forma quadrada a sextavada com extremidades biseladas fechadas. Traqueides vizinhos se comunicam geralmente pelas extremidades, através de valvulas tipicas denominadas pontuagées aureoladas: Os traqueides constituem mais de 90% da madeira das coniferas. Tém a funcSo de conduzir a selva e resistir as solicitagdes mecanicas. - Raios Medulares Sao células aiongadas @ achatadas que se dispéem radialmente em forma de fitas da casea até 0 centro da rvore. No sentido da casca para a medula transportam a seiva elaborada, depositando-a na regio do come. As células dos raios comunicam-se com os traqueides através de perfuragées nas suas paredes designadas pelo seu aspecto como pontuagSes simples. Os raios constituem até 10% da madeira das coniferas. A madeira das _dicotiledéneas apresenta 20 microscépio trés elementos essenciais: vasos, fibras e raios medulares. o- Edgar 1. Mlanlilla Canasca 18 sritura ds Madea Fibras—Vasos £, aR so Geotail a. Figura 1.10 - Estrutura microscépica das dicotiledéneas Fonte: Johnson ,H. (1991) ~ Vasos Os vasos vistos em seco transversal so chamados poros. S40 células alongadas, com 0,2 a 1,0 mm de comprimento, 20 a 300 p de didmetro, secao transversal vazada e arredondada, Tem basicamente a fungéio de condutor de seiva. Os vasos constituem de 20 a 50% da estrutura da madeira das dicotiledéneas, ~ Fibras As fibras so células alongadas, com 0,7 a 1,4 mm de comprimento, de segdo. transversal vazada e arredondada, paredes espessas fechadas e afinadas nas extremidades. Podem constituir de 25 até 50% da estrutura da madeira, dependendo da espécie. Tém basicamente a func3o de resistir as solicitapdes mecnicas. Nas Gicotiledéneas, os vasos e as fibras $40 0s elementos anatomicos responsavels pelo transporte da seiva. - Raios Medulares S4o um conjunto de células dispondo-se na madeira, da casca até o centro. Tém estrutura mais complexa e variada que os raios das cgniferas, ligam-se aos vasos e as fibras através de pontuagées simples e areoladas. Edgar V, Manlilla Carrasce 19 Eseratugs wayne do madi onstitucd ¢ Estruturs da Madea 1.6 FORMACAO QUIMICA DA MADEIRA Até 0 inicio do século XVIII a madeira era o combustivel doméstico. Realmente a 150° C inicia-se 0 desprendimento de matérias volateis da madeira. A parte combustivel desta queima-se retitando-se 0 oxigénio da atmosfera, desprendendo gas carbnico e vapor d'agua, aquecendo mais a madeira e assim produzindo mais gases combustiveis. ‘Acs 800° inicia-se a queima do carvao a que se reduziu a madeira pela perda das substancias volateis. Do ponto de vista quimico, essa combustéo é aproximadamente o processo inverso da fomagao da madeira, pois, na fotossintese ocorre nas folhas a combinagae do gas carbénico do ar com agua retirada do solo e absorgao de energia calorifica formando componentes organicos elementares, que, por polimerizago, formardo as substéncias constituintes da madeira: (CO. *2H,0 + 112,83 (calor, fuze skeratla > CHO F120 + Of {@ uma reagdo fipica citada por Rawilscher) io Fonte: Virginia’s Natural Resources Education Guide inwow vanaturally.com/chapter2.odf Acesso: junho 2003 A presenga da agua antes e depois da reagao 6 explicada pela constatagao da fixagdo do axigénio da agua pelo carbono e a formaggo da agua com 0 oxigénio do gas carbénico. Reagdes posteriores d3o origem aos agticares que por sua vez formam a maioria das substancias orgénicas vegetais. Em sua composicS0 quimica a madeira apresenta grande quantidade de carbono fixado como celulose e lignina. Sdo interessantes dois fatos importantes: 0 baixo contetido de carbono no ar 0,03 2 0,04 % e a elevada quantidade de carbono fixado pela rvore sob a forma de madeira (Os componentes organices principais da madeira so: a celulose, hemicelulose e lignina. A participagdo de cada um desses elementos varia de acordo com a classificagSo botdnica da 4rvore, como mostra o quadro apresentado na tabela 2.1. kelyar I. Manilla Carrasco 1.10 Eerrutuets usuais demande! Constinuicto eEstmnurs da Medes Tabela 2.1 - Composigéio organica das madeiras [11] Coniferas | Dicotiledénias Celulose 48-56% AG-48% Hemicelulose | 23-26% 19-28% Lignina 26-30% 26-35% A celulose, a hemicelulose € a lignina sao ligadas por valéncia residual de suas hidroxitas. = Celulose _ A celulose & um polimero constituido por varias centenas de glicoses formando cadzias de até 3000 elementos. O algodao ¢ cslulose pura. A formula geral da cetulose 8 n(CgHoOs). As cadeias de celulose se unem lateralmente por figages de hidrogénio constituindo as micelas. Estas por sua vez fonnam as fibrilas que constituem as paredes das fibras e dos traqueides Caden de pn ei # ‘cttose OHO Caden de Save Figura 2.12 - LigagGes entre cadeias de celulose (pontes de hidrogénio), Além da ligagao lateral entre cadeias de celulose, as oxidrilas da celulose podem unit-se a uma molécula de agua. Cadeias de Hi estulese I ‘Madea oe dpe HO HO HO HO OHO casein ge ‘alleze Figura 2,13 - Unido das moiéculas de agua. Cada conjunto (CeHyeOs) forma ttés oxidrilas ¢, portanto, pode receber trés moléculas de agua. A relagao 54/162 entre o peso molecular de trés moléculas de aqua e uma de celulose dé uma indicagao da porcentagem maxima (33%) de agua de impregnacao, da celulose. - Lignina A tignina € um composto aromatico de alto peso molecular. A lignina exerce na madeira a func&io de cimento ou adesivo, dando rigidez e dureza aos conjuntos de cadeias de celulose. No preparo da polpa para papel a lignina é removida por dar colorage escura a0 papel Conhecendo-se a composicao quimica dos elementos que constituem a maior parte da madeira, pode-se entender perfeitamente 0 comportamento € a fungao dos elementos anatémicos basicos da madeira {elementos microscépicos) ¢, depois, dos elementos macroscépicos, completando-se ou entendimento do material, no seu aspecto intrinseco. edgar I. Mantilla Canaseo 1a Estates ususis de madeire - Constiticdo e Estnutra La Madeira 4.7 MADEIRAS DE REFLORESTAMENTOS Desde sua descoberta, 0 Brasil, pais rico em florestas nativas, vem convivendo com a exploragao destes recursos freqientemente conduzida de maneira no racional. Isto provocou, a partir da segunda metade do século XX, crises ambientais, localizadas Principalmente nas regides sul e sudeste com o constante avango da fronteira agricola, dada a ndo reposig&io da cobertura florestal. Na regiao norte, mais recentemente, queimadas para a implantagao de projetos agropastoris e de industrias de mineragao, tem ocasionado 2 destruicao de extensas areas de florestas, com sub-aproveitamento dos seus produtos. A substituigso de madeira oriunda de florestas nativas por madeira de plantagdes com espécies do género Eucalipto € muito vantajosa por diversos motives, incluindo os problemas ecolégicos como 0s grandes desmatamentos e o esgotamento das reservas. Na fig. 1.9 a situagdo das areas de florestas plantadas e nativas por estado, obtida no site da Associacdo Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, ABRAF. roome my he & 3 ase ‘75405 sure 3200 vac 99452 state mart 74704 12808 20005 eee | oN Pa Figura 1.12 - Areas de florestas plantadas e nativas no Brasil em 2009. Aigumas empresas que possuem florestas mais antigas @ arvores com dimensées adequadas estéo fomecendo madeira de Eucalipto para serraria e laminacao. Outras procuram manejar suas forestas para a produgdo de toras, visando diversificar a producao forestal para enfrentar possivels crises setoriais como as que ocorreram recentemente. Entretanto, a maior preocupacéo € como obter produtos, madeira no caso, de melhor qualidade e consequentemente com maior valor agregado. As pesquisas e desenvoivimentos se concentram em trés areas primordiais: 0 melhoramento genético, o manejo florestal e as técnicas de desdobro, secagem e utilizag3o da madeira. O trabalho integrado nas trés areas resulta em ganhos significativos para a qualidade e volume de produgao de madeira serrada. Um levantamento sobre florestas plantadas com eucalipto e pinus segundo a ABRAF é mostrado na fig. 1.10. ktyar Vecllarsilles Carrasco Laz Bon 1 ae ‘ic ASS ESI SR AURIS io Sah OI BS courte 194 mannan ice eancessoten cease as Figura 1.13 — Florestas de Eucalipto e Pinus de 2004 a 2009 no Brasil. Fonte: ABRAF, 2010. Outras espécies florestais utilizadas em reflorestamentos no perioda 2008 e 2009, conforme a ABRAF, encontram-se listadas na tabela 1.1 Tabela 1.1 - Caractetisticas pnncipais e area de florestas plantadas com outros grupos de espécies no Brasil, Adaptado da ABRAF (2010). Grupode | Nomecientifico | Principais | Areacm | Areaem | Principals usos espécies | Bstados | 2008 cha) _| 2009 cha) ‘Acdcla ‘Acacia meamsiie | RS. RR 80 | 174.150 | Madeira: energia, carvio. cavaco para | Acacia mangium . celulose, paingis de madeira, Tanino: curtumes, adesivos, petrolifero, borrachas. Seriagueira | Hevea “Amaziais | 129.850 | 128.460 | Madeira: energia,celubose brasitlensis Seiva: borracha. Paried ‘Schizolobium | PA.MA | 80.180 | 85.320 | Lamina e compensado, foros, palitos, amazonicum : papel, méveis, acabamentos © molduras. Tece Tectona grandis | MT,AM. | 58.810 | 65.240 | Construgo civil (portas,jneles, lambris, ac painéis, orros, assoalhos..e decks). moveis, enibareagées e Himinas | decorativas. Pinbeiro-do- | Araucdria PR.SC 12520 | 1210 | Serrados, Himinas, forros. molduras, Parand ou | angustifolia ripas, caisotaria estrarura ce moveis, Araucéia fisforo.lipis e cametéis [Populus | Popwiusspp. | FRSC | 4.020 4.030 Fésforos, partes de méveis, portas. — | rmarcenavia de interior. bringuedos, uteasitios de cozinhe, | ‘Outras™ = = 1.870 2740 : Total - : | 469.030 [472.050 | : ( Qutras espécies: ipé-roxo. faversrara, jatobi, mogno, aeapu entre outras.. A seguir um panorama da cadeia produtiva dos produtos florestais madeireiros e nao. madeireiros, conforme a ABRAF, 2010, na figura 1.11. elgan V.Manlilla Carrarco 1a3 Bstroeuras usuaie do it ra a Made St feat SECUNDARIO bese PRODUCAO ean CH Oe Sink. Wet oe Figura 1.14 — Fluxo da cadeia produtiva dos produtos florestais madei madeireiros. Fonte: ABRAF, 2010. - - A fig. 1.11 foi baseada no trabalho de Vieira, L. Setor florestal em Minas Gerais: caracterizagao e dimensionamento. Belo Horizonte - UFMG. 2004. Na mesma figura, 0 7 termo PMS (produtos de madeira sdlida) se refere a produtos como madeira serrada, compensado e laminas. © termo PMVA (produtos de maior valor agregado} se refere & produtos como portas, janelas, molduras, pisos, decks, dormentes, ete. a Elgar I. Mlantilla Carrasco Ld = ron nade A situagSo das florestas plantadas de eucalipto pinus no Brasil, segundo a ABRAF, considerando a distribuig¢ao por estados produtores na fig. 1.12. NG 31% BA2I% I SC 46% SP 17% : PR 44% : RS 9% MG 6% EST% SP 2% Ms 7% Ms 2% i Outros 8% TOTAL: 2.445.070 ha TOTAL: 315.510 ha Fonte: Associsdas de ADRAF (2010). adaptada por STOP. Figura 1.15 — Distribuigdo da area de florestas plantadas com eucalipto © pinus das associadas individuais da ABRAF por estado em 2009. ‘© consumo de madeira em toras no periodo de 2009 esta representado na fig. 1.13. M Celulose e Papel 37,3% © Lenha Industrial 25,75. Indiistria Madeireira 18,8% Carvéo 11,9% Paingis Reconsti Outros 05% TOTAL; 162,6 milhdes m* Figura 1.13 - Participagao do consumo de madeira em tora de florestas plantadas por segmento. Fonte: ABRAF Anuario 2009. edgar le Mlantilla Carraro 1s, CAPITULO 02 PECULIARIDADES DA MADEIRA 1+ ALGUMAS CONSIDERACOES SOBRE AS ESTRUTURAS DE MADEIRA Desde os primeiros tempos, o homern vem utllizando a madeira obtendo bons resultados. Inicialmente nas coberturas das primarias moradias, nos pilares, nas fundagdes, ‘na roda, nos primeiros veiculos, etc. Atualmente, a madeira é ‘argamente usada, nos mais variados tipos de estruturas, como por exemplo: f tte Figura 1.8 - Portico com vigas curvas ¢ tirante de ago Cortesia: ESMAD - Tecnologia em Madeira Colada, 2002 ‘Esoneturas usuais de wadoina 3 =a cS a= = Figura 1.9 — Portico ern arco de madeira laminada colada. Fonte: The European Glued Laminated Timber Industries Trade Association e enema Eee = Figura 1.10 ~ Escada em madeira laminada colada Fonte: Glued Laminated Timber Construction kdgar Mantilla Carrasco 22 ‘Estruturas wsuais oe madeie Generatidades Figura 1.11 - Ponte em vigas de madeira laminada. Fonte: Glued Laminated Timber Structures Edgar 1 Manilla Carrasco 23 Estruturas vousis de madeira noraidads 6 - VALOR ESTRUTURAL DA MADEIRA O conereto e © ago tém caracteristicas excelentes para a sua utilizagdo em estruturas ‘em geral. Bastante estudo @ exparimentagao tém sido apticados no mundo inteiro para se alcangar 0 sofisticado estagio atual de utlizagao desses materiais em estruturas, Muito pouco tem sido feito, comparativamente, para conhecer a madeira, tendo em vista tirar o maximo proveito das suas caracteristicas inigualaveis para utiizagao estrutural eficiente, Na tabela 1.2 so apresentados alguns dados relativos ao ago, ao concreto e a madeira ‘de Magaranduba (Paraju) , para exame comparativo [10] sendo que o valor estrutural de um material pode ser definido como indicado na equagao (1.1), isto é, quanto mais resistente, mais leve e mais barato o material, mais elevado sera seu valor estrutural. tenséo admissivel Valor estrutural = (ee especifico x custo) (1.1) Tabela 12 - indices comparativos para avaliagso do valor estrutural_ da madeira em Telag&o a0 ago @ a0 concrato Especificagbes acoacs | Sores | Negrenate Tenséo de referéncia 5. (MPa) 253 15, 82.9 Coeficiente de seguranga médio 4,67 1.61 5 Tens&o admissivel cain (MPa) 150 9.3 16.6 Peso especifica y (a/em’) 7,80 2,50 114 Custo (USikg) Valor estrutural * Neste valor jé est incluido 0 custo de tratamento preservative contra fungas e microorganismos (20% do valor total) Para efeito de comparaggo dos custos dos trés materiais, quando aplicados em uma estrutura, ser adotade uma coluna de 500 om de comprimento, figura 1.13. Considerando que a funcao estrutural da coluna posse ser aleancada com qualquer um dos trés materiais A apresentatios na figura 1.13, tem-se: a) Para o ago uma segao vazada de 20 om de diémetro interno e 21 om de diémetro extern, dimensionando obtém-se uma carga admissivel de 351,17 kN(segao mais - favordvel para 0 ago). b) Para o concrete armado admitindo-se uma carga admissivel de 351,17 kN, obteve-se a segdo na figura 1.13.b. ¢) Para um pilar de magaranduba, admitindo uma carga de 361,17 KN, obteve-se uma segao transversal quadrada de 20 om, figura 1.13.. Edgar VeMlantilla Carrasco : 24 Extnwturas uruais de madeics ee P ° 40 1/2" a § l| 2 e 5 ® 4 I 4 | Sem, 20 om Ago Concreto Madeira. armado (Magaranduba) 2) ) © Figura 1,13 - Segdes escolhidas para a coluna, Na tabela 1.3 encontra-se listada a carga admissivel, 0 peso total da pega, 0 custo por guile e 0 custo total da pega, Estes precos sdo comparativos. ‘Tabela 1.3 - Comparagéo do custo do ago, do concrete ¢ da madeira Material Carga Admissivel Peso ‘Gusto Custo Total da (kN) (kg) (US / kg) Pega (US) Ago [351.17 125,59 ‘Conerato 351,17 781,25 Madeira 351,17 248,29 E uma simples amostra de caloulo, mas os resuttados so amplamente significatives. Para a mesma capacidade de carga a coluna de magaranduba tem pouco menos que 0 dobro do peso da coluna de ago e um tergo do peso da coluna de concreto armado. Entretanto, 0 prego do ago sera 94% mais elevado @ 0 do concreto ammado 162% mais elevado do que 0 prego da madeira, destacando-se que no prego da madeira encontra-se incluido © custo de tratamento contra fungos, insetos e mictoorganismos, e no prego do concreto nao esta incluide o custo das formas. Eelyos Vc Micaela Carrasco 28 CAPITULO 03 PRODUTOS COMERCIAIS DAS MADEIRAS 3.1 INTRODUGAO A madeira é matéria prima de varios produtos Industriais. Estes produtos englobam tante pegas estruturais quanto nao estruturais. Os produtos de madeiras utlizados na construggo variam desde pecas com pouco ou nenhum processamento - madeira roliga ~ até pegas com varios graus de beneficiamento, como: madeira serrada e beneficiada, lAminas, paingis de madeira e madeira tratada com produtos preservalivos. A seguir os principais produtos comerciais de madeira segundo a publicacdo Madeira : uso sustentavel na construc&o civil (IPT/2008), MADEIRA ROLIGA A madeira roliga é 0 produto com menor grau de processamento da madeira. Consiste de um segmento do fuste da arvore, obtido por cortes transversais (tragamento) ou mesmo ‘sem esses cortes (varas: pegas longas de pequeno diémetro). Na maior parte dos casos, sequer a casca ¢ relirada. Tais produtos sao empregados, de forma tempordria, em escoramentos de lajes (pontaletes) e construgao de andaimes, Em construgées rurais, & freqtiente 0 seu uso em estruturas de telhado. A fig. 2.1 ilustra 0 abate de arvores ¢ 0 transporte de toras. Figura 3.1 - Madeira roliga. DESDOBRAMENTO DAS TORAS ‘A madeira serrada é obtida pelo processo de desdobramento (corte) das toras de madeira em laminas com dimensdes variadas. Corte é 0 conjunto de operagées de se efetuam para dividir longitudinalmente os troncos obtidos das arvores-e limpos de ramos, fazendo deles pegas menores apropriadas para a sua utlizagso. Estevturns usvais de madras Produtos comervais das madeinss A tabela 3.1 apresenta esquemas de corte. Fonte: Adaptado de htip:ifwew.pucrs.brifeng/civil Corte _ Esquema Faiquejamento - ~ = Corte com que se obtém uma pega inteirica com arestas vivas e quatro costaneiras, Corte em quatro - Consiste em dar dois cortes perpéndiculares pelo centro. Corte Radial - E feito seguindo a direcdo dos raios medulares. Torte em fiadas paralelas - Obtém-se tébuas e pranchas de diferentes larguras. Corte de Paris - Comega-se por obter uma grossa pega central ¢ seguidamente cutras nos lados, de menor tamanho. Corte em Cruz - Consiste em tar uma grossa peca central, dos dois lados obtém- se outras pegas grossas e finalmente os quatro. pedagos restantes_dividem-se radialmente em forma de tébuas. Corte Holandés - Comeca-se por um corte ‘em quatro pedagos. Depois faz-se em cada uma das partes uma série de cores Paralelos. gar V.diantilla Carrarce 32 Estrssuras usuais de madsire ‘Separa-se primeiro uma prancha central. | Dos dois lados vao-se tirando tabuas e pranchas por meio de enconiro de cortes, | | | a | Corte por encontro de cortes-— 7 | © desdobramento do tronco em laminas de madeira deve ser feito 0 mais cedo possivel, apos 0 corte da 4rvore, a fim de evitar defeitos decorrentes da secagem da madeira. Os troncos sao cortados em serras especiais, na espessura desejada A madeira serrada antes de ser utilizada nas construgSes deve passar por um periodo de secagem. Essa secagem pode ser feita naturalmente empilnando a madeira, delxando um espago entre elas para a circulagao do ar, e deve estar abrigada contra a ‘chuva. O tempo de secagem demora em tomo de 1 a 3 anos, dependendo da espécie, da espessura ¢ da densidade da madeira, Para acelerar essa secagem foram desenvaWvides métodos artificiais que consistern basicamente na circulagdo de ar quente com baixa umidade. O tempo de demora é geraimente de 5 a 10 dias para cada 5 cm de espessura. As madeiras serradas so vendidas com segées padronizadas. MADEIRA FALQUEJADA E obtida de troncos por cortes de machado com segées transversais quadradas ou retangulares. Dependendo do didmetro dos troncos, podem ser obtidas secSes macicas falquejadas de grandes dimensées, como por exemple (30 x 30) ou (60 x 60) om, A seco. ‘que produz menos perda é a quadrada. (fig. 3.2). Figura 3.2 - Corte falquejamento A sega que da maior momento de inércia € um retngulo com as dimensdes apresentadas a seguir: Figura 3.3 ~ Seg&o de madeira com maior momento de inércia Edgar t Manlilla Carrasco 33 Eistraturas usvais de madeira Produtos comarciais das madras MADEIRA SERRADA ‘A madeira serrada & produzida em unidades industiiais - serrarias - onde as toras so processadas mecanicamente, transformando a peca originalmente ciindrica em pecas ‘quadrangulares ou retangulares, de menor dimenso. A sua produgéo esta diretamente relacionada com o nuimero e as caracteristicas dos equipamentos utlizados, e 0 rendimento baseado no aproveitamento da tora (volume serrado em relagao 20 volume da tora), sendo este fungéio do didmetro da tora (maiores didmetros resultam em maiores rendimentos) As serrarias produzem a maior diversidade de produtos: pranchas,pranchées, blocos,tabuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes, ripas e oulras. As dimensbes ‘segundo a ABNT NBR 7203/1982 esto na fig.3.4. Ss Se ‘Maior que 70 ee Verve mode 4070 Maiot que 200 Visi or): Maipc ae! 40, >, “110 8005< : Vigota 40 - 80. 80-410 Cpe 40-80. 50-80: Tabs 105 40 Mae ue 100 Sunfo 90-40 20-100 Ret ‘Maiorque 80. Maide sue 100°. “Vail Detienie) 1602179 2,00 «4 00/586 5,60 Pomilae 75 Maret Bloco--1 Naidvel Vestal Feu. NBR 1203 (1788) HPT Figura 3.4 - Dimensdes de pecas serradas segundo a ABNT NBR 7203/1982. ‘As diversas operagées pelas quais a tora passa séo determinadas pelos produtos que ‘serdo fabricados. Na maioria das serrarias, as principais operagGes realizadas incluem 0 desciobro, 0 esquadrejamento, o destopo das pegas e o pré-tratamento, MADEIRA BENEFICIADA ‘A madeira beneficiada € obtida pela usinagem das pegas serradas, agregando valor s mesmas. As operagdes so realizadas por equipamentos com cabecas rotatérias providas de facas, fresas ou serras, que usinam a madeira dando a espessura, largura @ comprimento definitivos, forma ¢ acabamento superficial da madeira, Podem incluir as seguintes operagées: aplainamento, mokduramento e torneamento, @ ainda desengrosso, desempeno, destopamento, recorte, furagdo, respigado, ranhurado, entre ultras. Para cada uma destas operag6es existem maquinas especificas, manuais ou néo, simples ou complexas, que executam varios trabalhos na mesma pega. {fig. 3.5). Edgar 1. Mantilla Carrasco 3.4 Dimensdes das Prineig Pecas de Madeira Beneficiade Assoalne Forto Batente Redapé —-15x150 ou 15x106 Taco 20x21 Font: NBR 7203 (1992) 1 Figura 2.5 — Dimensées principals pecas de madeira beneficiada segundo a ABNT NBR 7203/1982. MADEIRA EM LAMINAS As laminas de madeira sao obtidas por um processo de fabricagao que se inicia com 0 cozimento das toras de madeira e seu posterior corte em laminas. Existem dois métodos para a producdo de laminas: 0 tomeamento e 0 faqueamento. No primeiro, a tora ja descascada € cozida & colocada em tomo rolativo. As laminas assim oblidas so destinadas produgdo de compensados. Por outro lado, a lamina faqueada é obtida a partir de uma tora inteira, da metade ou de um quarto da tora, presa pelas laterais, para que uma faca do mesmo comprimento seja aplicada sob presso, produzindo fatias tinicas Normalmente, essas laminas so originadas de madeiras decorativas de boa qualidade, com maior valor comercial, prestando-se para revestimento de divisérias, com fins decorativos. PAINEIS - s paingis de madeira surgiram da necessidade de amenizar as variagées dimensionais da madeira maciga, diminuir seu peso ¢ custo e manter as propriedades isolantes, termicas ¢ aciisticas. Adicionalmente, suprem uma necessidade reconhecida no uso da madeira serrada e ampliam a sua superficie util, através da expans3o de uma de suas dimensdes - a largura - para, assim, otimizar a sua aplicacao. O desenvolvimento tecnolégico verificado no setor dos painéis & base de madeira tem ocasionado o aparecimento de novos produtos no mercado internacional e nacional, que vém preencher os requisitos de uma demanda cada vez mais especializada e exigente. Compensado ‘Os compensados surgiram no inicio de século XX como um grande avango, ao transformar toras em painéis de grandes dimensées, possibilitando um melhor aproveitamento consequente redugdo de custos, O painel compensado é composto de varias laminas desenroladas, unidas cada uma, perpendicularmente a outra, através de adesivo ou cola, sempre em numero impar, de forma que uma compense a outra, fomecendo maior estabilidade © possibilitando que algumas propriedades fisicas e mecanicas sejam superiores as da madeira original. Elgar ViMantilla Carrasco 38 Estrsturasusvaie de adois —Predvtoscomecias das madres A espessura do compensado pode variar de 3 a 35 mm, com dimensdes planas de 2,10 m x 1,60 m, 2,75 m x 1,22 m @ 2,20 m x 1,10 m, sendo esta a mais comum. Ha compensados tanto para uso interno quanto extemo. (fig. 3.6). Figura 3.6 - Esquema de fabricagdo do compensado. Chapas de fibra: chapa dura ‘As chapas duras ou hardboards, cujas marcas mais conhecidas so Duratex e Eucatex, so chapas obtidas pelo processamento da madeira de eucalipto, de cor natural marrom, apresentando a face superior lisa e a inferior corrugada, As fibras de eucalipto-aghitinadas com a propria lignina da madeira s4o prensadas 2 quente, por um processo imido que reativa esse aglutinante, no necessitando a adic&o de resinas, formando chapas rigkias de alta densidade de massa, com espessuras que variam de 2,5 mm a 3,0 mm. Chapa de fibra: MDF - Chapa de densidade média ‘As chapas MDF — medium density fiberboard - com densidade de massa enire 500 © 800 kgim?, s80 produzidas com fibras de madeira aglutinadas com resina sintética termofixa, que se consolidam sob agao conjunta de temperatura e pressdo, resultando numa chapa macica de composigéo homogénea de alta qualidade. Estas chapas apresentam superficie plana “e lisa, adequada a diferentes acabamentos, como pintura, envernizamento, impress4o, revestimento e outros Estes painéis possuem bordas densas e de textura fina, apropriados para trabalhos de usinagem e acabamento, S40 chapas estdveis, podendo ser cortadas em qualquer diego, © que permite 0 seu maior aproveitamento. O aglomerado deve ser revestido, sendo indicado na aplicaciio de laminas de madeira natural e laminados plasticos.(fig. 3.7) ilgar I. Mantilla Carrasco 3.6 Exprurums usu de madeira Figura 3.7 — Fibras de madeira para a fabricagao de paingis Fonte: Wood Handbook (1999) Chapas de particulas: aglomerado © aglomerado é uma chapa de particulas de madeiras selecionadas de pinus ou eucalipto, provenientes de reflorestamento. Essas particulas, aglutinadas com resina sintética termofixa, se consolidam sob a ago de alta temperatura e press4o.(fig. 3.8). Figura 3.8 ~ Pegas de madeira aglomerada, Fonte: hte tune rautewaod.com/Droducts_ servi lk oto. gallery. him} ‘Acesso: Julho 2003 Chapas de particulas; OSB — Paingis de particulas orientadas Os paingis de particulas orientadas ou oriented strand boards, mais conhecidos como OSB, ‘oram dimensionados para suprir ura caracteristica demandada, e nao encontrada, tanto na madeira aglomerada tradicional quanto nas chapas MDF - a resisténcia mecanica exigida ara fins estruturais. Os painéis so formados por camadas de particulas ou de feixes de fibras com resinas fendlicas, que sao orientados em uma mesma direcdo e entdo prensados para sua consolidago. Cada painel consiste de trés a cinco camadas, orientadas em Angulo de 90 graus umas com as cutras. A resisténcia destes painéis a flexio estatica 6 alta, nao tanto quanto a da madeira sdlida original, mas tao alta quanto a dos compensados estruturais, aos quais substituem perfeitamente. © seu custo & mais baixo devido ao emprego de matéria-prima menos nobre, mas néo admitem incorporar residues ou “finos", como no caso dos aglomerados. Os OSB tém a elasticklade da madeira aglomerada convencional, mas sao mais _resistentes mecanicamente. Nos EUA, a construgSo de casas apresenta caracteristicas de uso intenso de madeira serrada e de painéis, especialmente em paredes intemas ¢ externas, pisos e forros, € nestes usos, 0s painéis OSB tém tide bom desempenho. Estes produtos estdo encontrando nichos de uso também em aplicagSes industriais, onde a resisténcia mecanica, trabalhabilidade, versatiidade e valor fazem deles alternatives atrativas em relac3o & Edgar V.Mlantilla Carrasco 37 struts usuais de madeies Produtos comeciis dis madras madeira sdlida. Entre estes usos estéo mobiliério industrial, incluindo estruturas de méveis, embalagens, containers e vagées(fig. 3.9). “Alnmenage do prosese de lego Premagen Acsturenie Figura 3.9- Processo de fabricacdo do OSB - Fonte: Wood Handbook (1998) PAINEIS DE ISOLAMENTO Sao paingis de baixa densidade e utilizados como isolantes em geral. Depois de fabricados, alguns processos podem ser usados para melhorar a estabilidade dimensional e suas propriedades mecanicas, como por exemplo: -Tratamento a quente: reduz a absorgdo da agua e melhora a colagem entre as fibras; -Temperados: 6 um tratamento a quente com a adigéo de éleos inicialmente. Melhora a aparéncia da superficie, a resisténcia & abrasao e a agua; - Humidificagao: adig&o de agua para equilibrar 0 teor de umidade do painel com 0 ar. Chapas de particulas: MDP — Chapa de particulas de média densidade ‘S40 painéis compostos de particulas de madeira figadas entre si por resinas de titima geragao, Estas resinas, sob acdo de pressfo e temperatura, polimerizam garantindo a coesae do conjunto. As particulas s8o classificadas e separadas por camadas, as mais finas sendo depositadas na superficie, enquanto que aquelas de maiores dimensdes séo depositadas nas camadas intemas, Os MDPs tém a densidade elevada das camadas superiores (950 a 1000 kg/m? em comparagao a 800 kgim? do MDF), o que assegura um melhor acabamento para pinturas, bdyn Martilla Carrasco 3.8 ‘Esrruturas usuais de madeira Produtos comeriais das malvirar impressao e revestimentos. O MDP apresenta maior resist&ncia & flexdo, comparando-se com aglomerados e MDF, ao empenamento e ao arrancamento de paraiusos, maior estabilidade dimensional e menor absorgao de umidade. Trata-se de nova geragdo de painéis de madeira industrializada com caracteristicas diferenciadas do aglomerado. DESENVOLVIMENTO EM MADEIRA ESTRUTURAL COMPOSTA MLC (Madeira Laminada Colada). ‘A madeira laminada e colada (MLC), na qual as tabuas so dispostas e coladas, com as suas fibras na mesma dire¢3o, ampliando o comprimento ou 2 espessura (glulam). Vigas laminadas e coladas, fabricadas com madeiras de reflorestamento - pinus € eucalipio ~ preservadas contra ataque de insetos e fungos, além de protegidas contra fogo e umidade, ‘820 um produto jé encontrado no setor da construcdo civil neste pais. A MLC 6 um produto estrutural formado por associago de duas ou mais laminas de madeira selecionadas ¢ secas, coladas com adesivo. As fibras das laminas tém, geralmente, diregdo paralela ao eixo das pegas. A espessura das laminas varia de 1,5 2 3.0 ‘cm, podendo atingir até 5.0 cm. As laminas s40 emendadas com adesives formando pecas de grandes dimensdes e comprimentos. Os produtos estruturais industrializados de madeira laminada colada sao fabricados sob Tigido controle de qualidade. Um bom controle garante a preservagao das caracteristicas de resistencia e durabilidade da madeira; permite também melhor controle da umidade das laminas reduzindo efeitos provenientes da secagem irregular. Esse processo de associagao de l4minas permite confeccionar pegas de grandes dimensdes, pegas de eixo curve como arcos, cascas, ete. Na figura 3.10 encontram-se algumas segdes. ih i Figura 3.10 - Segdes transversais de madeira laminada colada. Edgar V. Mantilla Canasco 3.9 Estrusuces wsusisdemadeira Produtos comercinis das madeicas Exemplos de estruturas com MLC Sar Figura 3.11 ~ Estrutura de cobertura de Hangar com vig tirantes de ago. Fonte: ESMAD ~ Tecnologia em Estruturas de Madeve Colada, A figura 3.12 apresenia 0 edificio comercial London South Bank University, de andares miltiplos e totalmente em madeira laminada colada. Figura 3.12 — Edificio comercial de andares miltiplos em madeira taminada colada. Fonte: hitp:savww.cowleytimberwork.co.uk/SouthBankUni htm! ilgart. Mantilla Carrasce 3.10 tures usucis de madeira fas ade Figura 3.13 ~ cera de quadra esportiva em arco de madeira laminada cotta, 100m de vo. Fonte: http:/ww.cwe. ca/NR/donlyres/0C368425-CD79-4BB4-BB6! ‘BATEES7E2936/0/RichmondOvallow_jes.pdf Madeira laminada colada cruzada (XLAM) € um produto de madeira na qual a tecnologia consiste na utilizagao de laminas cruzadas de madeiras resinosas e cola de poliuretano, sem formaldeido. & apresentada em painéis de diveros tamanhos @ espessuras para atender a diferentes projetos (fig. 3.14). pecas laterais Elgar V.Mlanlilla Carvarco 3.1 Estraturae yous madeires 3.16 — Painél de madeira laminada cruzada. Fonte: www.klh.at .17 apresenta edificios residenciais em alturas diversas fabricados totalmente em de madeira laminada colada cruzada pela empresa KLH. Figura 3.17 - Edificlos residenciais em painéis de XLAM. Fonte: www.kih.at Edgar, dlantilla Cararco 3.12 Esiruturssusuais de mada Produtos cmerins dae madvias ‘Steinhausen, 5 storeys (Switzorland) 0 edificio Stadthaus, Murray Grove de nove pavimentos ¢ 29 apartamentos, construido em Londres, UK, € 0 mais ato edificio residencial construido em madeira no mundo, até o momento. Os painéis de madeira laminada colada cruzada da KLH compoem a sua estrutura e esto presentes, inclusive, nas escadas ¢ nas lajes de piso. Entretanto, outros produtos, em maior ou menor grau de sofisticagao, esto incluidos no ‘grupo das madeiras estruturais compostas, como: LVL ~ laminated veneer lumber, PSL - parallel strand lumber e OSL - oriented strand lumber. LVL (Laminated veneer lumber) © LVL ¢ formado a partir da colagem de téminas finas de madeira (veneer) com a diregao das fibras de todas as liminas orientadas na dirego longitudinal da pecas. Em pegas de grandes espessuras, algumas laminas podem ser posicionadas com a diego das ‘ibras perpendiculares 20 eixo da peca com 0 objetivo de reforgar a pega e aumentar sua estabilidade. As laminas utilizadas (veneers) possuem espessura que variam entre 2,5 a 3,2 mm e so obtidas das toras de madeira pelo corte utilizando-se facas especiais, conforme figuras 3.19 3.20. Figura 3.19- Processos de laminago de LVL. Fonte: Johnson ,H. (1991) Edgar V. Mantilla Carrasco 343 ‘Estruturas usuais de madeiea Produtac comarisis das madeiras Figura 3.20 — Obtenodo de laminas fina de madeira (veneer). Fonte: hilp:/ivmyw rautewood.com/Products, Services/LVL_ technology. htm! Depois de cortadas, as laminas finas de madeira sdo submetidas a secagem artificial ou natural. Na secagem natural as liminas séo abrigadas em galpées cobertos e bem ventilados. A secagem attificial se faz a temperatura de 80 a 100° G, impedindo os empenamentos com auxilio de prensas. A secagem artificial é rapida podende variar de 10 a 15 minutos para laminas de 1 mm. Os adesivos utilizados séo a prova d'agua, geralmente formaldeidos e isocianetos. As emendas entre as folhas podem ser de topo, com as extremidades sobrepostas por uma determinada distancia que assegure a transferéncia de carga. Pode haver um escalonamento entre as emendas ao longo da pega para minimizar seu efeito na resistencia. A prensagem utilizada é normalmente a quente. A pressao de prensagem depende da resina e da densidade da madeira, A temperatura depende da resina e da umidade da lémina. As pegas so normalmente produzidas com farguras variando de 0,6 m a 1,2 me espessura de 3,8 om. A dimensao do comprimento pode ser ilimitada desde que a pressao aplicada seja continuamente. Depois de fabricados, eles podem ser cortados com as dimensées desejadas. As propriedades resistentes so elevadas e 0 material bem homogéneo, pois as caracteristicas que diminuem sua rasisténcia (como os nés) s8o dispersadas dentro das laminas, tendo pouca influéncia nas suas propriedades resistentes (fig. 3.21). eA Figure 3.21 - LVL Fonte: http //vaww.awe.org/Help Qulreach/eCourses/MAT2 10/EWP pdt LSL (Laminated Strand Lumber) E um produto fabricado a partir de uma extenséo da tecnologia para se fabricar OSB. As tiras finas de madeira (strand) utiizadas so maiores do que as utilizadas no OSB € mais largas que as utlizadas no PSL, com um comprimento de aproximadamente 0,3 m. Edger Ve Mantilla Curveree Bad strata ‘Pandutoscomeriais das madziras E fabricado com adesivos a prova d’égua, sendo necessarios um alto grau de alinhamento das tras de madeira, alta pressa0 € temperatura. O produto final possui elevada densidade (fig. 3.22) Figura 3,22 - Strand e LSL Fonte: htto //uaww.awe. org/HelpOutreach/eCourses/MAT2 10/EWP. put PSL (Parallel Strand Lumber) O PSL é formado a partir da colagem de tras longas e finas de madeira (strand) com adesivos a prova d’égua, geralmente fenol-resorcinol formaldeidos. A aparéncia final do PSL é a de um “espaguete grudado”. A tiras 980 orientadas © distribuidas por um equipamento especial. A pressao aplicada na prensagem aumenta a densidade do materiale a cura é feita com microondas. As dimens6es das pecas so normalmente 0,28m x 0,48m e podem ser sertadas em dimensbes menores. © comprimento ¢ limitado apenas pelas condigdes de manejo das pegas, desde que a pressdo seja continua. Pode utilizar restos das laminas de LVL (fig. 3.23). Figura 3.23-PSL_ Fonte: http www. awe, ora/HelpOutreach/eCourses/MAT2 1/EWP. pot Observe o fluxograma da madeira a partir da colheite na floresta, na fig. 3.24. Edgar Montilla Casrasce 3.15 ‘Estrituras usyaie de madvieg Produtos comerivis das madre Figura 3.24 ~- Produtos derivados da madeira. Fonte: industria Montana Quimica, MADEIRA AUTOCLAVADA ‘A madeira pode ser tratada com produtos quimicos, para maior durabilidade das pegas. Um tratamento muito comum é a aplicagso dos produtos quimicos em autoclaves. 0 CCA (Arsenito de Cobre Cromatado) é 0 produto quimico mais usado no mundo para tratar madeira. O cromo funciona como ficador, 9 arsénio como agente inseticida e 0 cobre como- fungicida. O CCA é aplicado madeira em solugdo aquosa, O processo de Impregnagdo com presséo em grande quantidade de madeira € o mais eficienie. A madeira é colocada numa cémara onde é feito o vacuo para remover o ar da madeira. O preservativo € introduzido sob pressao. © tratamento com a utilizagao da autoclave € descrito a seguir e ilustrado nas figuras 3.25 e 3.26. igen Veaanbilla Carrasco 3.6 ‘Estruturasuruaie de madeira Produtos comorcisis das madeiras (aS es 2 3 4 ss Figura 3.25 — Processo de tratamento da madeira com autoclave Fonte: Revista da Madeira - Setembro 2001 1- Na operagao de vacuo inicial € retirado o ar das células da madeira. 2+ Bomba de vacuo ligada, temperatura ambiente, a solugdo preservativa é transferida para a autoclave. 3- Com a utllizagao da bomba, ¢ aplicada uma pressdo no interior da autoclave, 4. A bomba é desligada para aliviar a pressdo, uma valvula é aberta para permitir a saida da solugao preservativa que ndo penetrou na madeira. Pode ser aplicado vacuo novamente, para faciltar a retirada da solugao preservativa, 5- Aplicagéio de pressao final. Figura 3.26 — Autoclave para tratamento da madeira Fonte: Revista da Madeira - Setembro 2001 DIMENSOES NOMINAIS DE MADEIRA SERRADA DE FOLHOSAS A ABNT NBR ISO 8903:2011 - Madeira serrada de folhosas — Dimens6es nominais, especifica as dimensées nominais de madeira serrada de folhosas nao aplainadas, esquadrejada e no esquacrejada. As dimensées nominais especificadas s40 aplicdveis para madeira serrada com teor de umidade médio de 20% (m/m), determinado de acordo com a Norma NBR ISO - 4470. © comprimento nominal da pega de madeira serrada deve estar compreendido entre 1 m@ 6 m, com intervalos de 0,1 m ou 0,25m. Edgar I. Mantilla Carrasco 3.17 Eserutwens yrvais do madeica . _ Prousos comercais das maseiras A espessura ¢ a largura nominal da peca de madeira serrada devem estar de acordo com 08 valores especificados na tabela. Tabela 3.2 - Espessura e largura nominal da peca de madeira serrada de folhosas Espessura (mm) Largura (mm) _ Obs : Com intervalos de 10mm 3 260 22 = 60 = __ 25 _ 260 _| 82 pn | 40 260 _ | - 45 260 - 50 __ 280 - 80 80 a — 70 280 80 = 100 _ 90. I 2100 | 700 2100 — A lttima etapa de fabricagio englobam os métodos de controle de qualidade do Produto ¢ todos os cuidados para o transporte e distribuicéo das peas de madeira. Para evitar problemas futuros é importante que as pegas depois de pronlas sejam isoladas da umidade pela aplicaglo de elgum produto quimico ou mesmo pela utiizagdo de embalagens isolantes. VIGAS PRE-FABRICADAS COM PAINEIS E MADEIRAS ESTRUTURAIS oF O emprego correto da madeira serrada, com pecas de pequenas espessuras, associads 4 utilizagao de unides pregadas com pré-furagdo adequada, confere as estruturas de madeira uma versatilidade comparavel 4 que existe nas estruturas metalicas soldadas, permitindo a construgao de estruturas com as mais variadas configuragées possiveis. As pré-fabricadas mais utilizadas so as de seco | normalmente com segao composta, sendo a alma de um painel estrutural e as mesas de compésitos estruturais de madeiras (SCL) ou MLC. S40 produzidas com diferentes dimensées (fig. 3.27). Figura 3.27 — Vigas pré-fabricadas com seq&o Fonte: htiov/wwyw awe ora/Help OutreachieCourses/MAT2 1C/EWP. pdf Acesso: julho 2003 Elgar Ee dlanlille Canarce 3.8 ‘Esteatunes usurs de madica Produtos camerciais das maduiras ‘Também so comuns as treligas pré-fabricadas de madeira com diferentes produtos de madeira e mesmo ago (fig. 3.28). Figura 3.28 — Treligas mistas pré-fabricadas de ago e LVL Fonte: http-/Awww.awe.org/HelpOutreach/eCot MAT 24038 if Acesso: julho 2003 A BUSCA DO EMPREGO RACIONAL DA MADEIRA © emprego racional da madeira somente pode ser conseguido se existir um conhecimento adequado de suas propriedades. Nem todas as propriedades da madeira sao significativas em todas as suas apiicagdes €, como as aplicagdes s4o miltiplas e as formas de emprego 80 varias, algum tipo de sistematizacdo dessas idéias precisa ser estabelecido. O primeiro, asso para a sistematizagao de um processo que defina uma utilizagdo mais racional da madeira € conhecer seus produtos derivados. As exigéncias a serem feitas em relacdo as propriedades de cada produto vo depender essencialmente do uso a que a eles estéo destinados. AS propriedades obtidas para os materials resultantes j4 no s4o as da madeira, mas sim da celulose, dos aglomerantes e de autros elementos empregadas na ‘sua fabricagao. ‘A matriz mostrada na tabela 2.3 relaciona as caracteristicas necessérias para a fabricaco de um determinado uso ou produto da madeira. O preenchimento dessa matriz pode esclarecer qual é a forma de emprego mais adequada para determinada madeira, a partic da discusséo, item por iter, de porque este ou aquele emprego da madeira é recomendavel ou nao. edgar |. Mlantilla Carrasco 3.19 Estresures usvais do madeira Produtos comecinic das madei Tabela 3.3 - Matriz de utilizagéio dos produtos de madeira. Adaptada Prodato ou uso i é Propriedades i Uso estrutural Macoire eorrada,e/ us ‘extradural Laminadas: Pisoe: Dormentes ‘Artigas esportvos. ‘Artigas atitioos 21 cabos de feramentas “Tonéis ‘Embalagens, cairotes, palletes e estados Resistencia ao impacto | Blasticidade Resistencia 4 flex60 Resisténcia&tracéo Resisténcia & compresso Resisténcia ao cisaihamenic Mectinicas zlolz/o|~) Dureza Resisiéncla a rachaduras z| Desgaste suave € T T Relagdo resisiénciaipeso L | homoge | z |azlz| | ‘f° |z/z\a)z\z|z/zI\zI 2) ‘Amortecimente Resisténcia & abreSBo | Isclamento térmico Z| ‘Condutibiidade elétrica f Expenséo térmica Fisicas Resistencia ao fogo Permeablidade a égua ‘Durablidade lz|z|alolzlolola| jz |z|z{x|x]-2]]-) [ol sroniario, escundrias Z| zlzlalz|z|z\z/o|xlO |z|z|x)z|z|z\z/2| z|z\ololololofololo |ofololo|»/x|x]o]o] lzlz Establidade dimensional _—| Energia térmica/unidace T madeira N z| z| z| z|z|z|z iz|z\2| Z| iz|z Conforto acistico ‘Mudancas na coloragio ‘Conforto térmico Sensoriais jz|z\o\z|o|z| joolalz |z| lz|a|2/a| |alolmajala |z) z\olz|=/2|2| [zlz\z/> |e] iz| |a|/zlz|2| |a/a zlolz| Trabalhabildade| a NIN Ie Legenda: Caracteristica necessaria Caracteristica recomendavel Caracteristica opcional Caracteristica sem importancia Exemplo de integracao estrutural A utilizagso mais racional de um material é conseguida com a exploragdo de suas qualidades e eliminagao de seus pontos fracos. Vejamos a figura 329, na qual materials estruturais diferentes (concreto, aco e madeira) so utilizados com harmonia. Eelgar 1. Mantilla Carrasco 3.20 ‘Estruturas usuais de madeira i Figura 3.29 - Environmental Education Centre Ralph Klein Legacy Park. Fonte: http:/iwwnw.cwe. ca/NRirdoniyres/36BBE09 1-47B8-4166-822C- (891624CBAD1/0/Ralph_Kiein_Legacy Park pdf No projeto do Centro de EducagSo Ambiental mostrado na fig. 1.1, © concrete armado foi utilizado na infraestrutura e na laje do primeiro piso; 0 ago aparece em pilares & vigas de sustentagao da laje do segundo piso € na estrutura da escada e a madeira laminada colada, foi adotada em colunas, vigas de sustentagdo e laje do segundo piso Elgar V. Manilla Carrasco 3.21 CAPITULO 04 CARACTERISTICAS FISICAS DA MADEIRA 4.1 INTRODUGAO Conhecer as propriedades fisicas da madeira é de grande importancia porque estas propriedades podem influenciar significativamente no desempenho e resisténcia da madeira Utilizada estruturalmente. Podem-se destacar os seguintes fatores que influem nas caracteristicas fisicas da madeira: Classificagao botdnica; O solo e o clima da regio de origem da arvore; Fisiologia da arvore; Anatomia do tecida lenhoso; Variagdo da composigSo quimica Devido a este grande ndmero de varidveis que afetam as propriedades fisicas da madeira, os valores indicativos das mesmas, obtides em ensaios de laboratéria, oscilam apresentando uma ampla dispersdo, que pode ser adequadamente representada pela distribuigao de Gauss. Entre as caracteristicas fisicas da madeira cujo conhecimento importante para sua utilizagao como material de construgSo, destacam-se: Anisotropia Umidade Retratibilidade (inchamento) Resisténcia quimica Densidade Resisténcia 20 fogo Durabilidade natural 4.2 ANISOTROPIA Como mencionado no capitulo 1, a madeira é um material anisotrépico porque suas propriedades varia de acordo com a diregdo considerada, Porém, de maneira simplificada € considerada um material ortotrépico com trés eixos perpendiculares entre si: longitudinal, radial e tangencial, como pode ser visto na figura 4.1. Directo das fibras Longitudinal ‘Tangencial Figura 4.1 — Orientagao das fibras da madeira Fonte: Calil Jr., C., et al. (2003) As diferengas das propriedades nas diregSes radial e tangencial so relativamente menores quando comparadas com a diregdo longitudinal tambem conhecida como axial Comumente as propriedades da madeira s30 apresentadas, para utilizagdo estrutural, somente no sentido paralelo as fibras da madeira (longitudinal) e no sentido perpendicular a fibras (radial e tangencial). 4.3 UMIDADE A quantidade de agua existente influi grandemente nas demais propriedades da madeira. Sabe-se que a arvore, enquanto viva e mesmo apés 0 corte, possui significativo teor de umidade, que vai perdendo com o decorrer dos dias quando cortada, Inicialmente ccore a perda de agua de embebicdo ou Agua livre, contida no interior dos vasos ou traqueides. A seguir, ocomre a evaporagéo da agua de impregnacao ou de consliluicao, contida nas paredes dos vasos, fibras e traqueides. AGUA DE IMPREGNACAO au agua de constituicao retida pelas membranas ou paredes de materia lenhosa AGUA LIVRE ou Agua de embebicao ‘enche as fibras lenhosas, desaparece depois do abate ou corte da arvore;. A agua de embebigio pode circular ivremente nos intersticios dos elementos anatémicos basicos. Sua evaporagao ¢ répida, provocando tensdes capilares elevadas, sem aterar, contudo, as dimensdes das pegas de madeira, A Agua de impregnagao esta ligada as cadeias de celulose através das pontes de hidrogénio. E de evaporagao mais dificil e vagarosa, seguida de variagdes nas dimensées a pega, Edgar V. Mantilla Carrasco 4.2 Estruturas ususis de madeira Da existéncia de duas formas de agua no interior da madeira nasce 0 conceito de Ponto de saturagéo que € a umidade abaixo da qual toda a dgua existente é de impregnagao, essa umidade gira em torno de 33%, ver figura 4.3. Figura 4.3 - Umidade da madeira Paralelamente, é definida a umidade de equilibrio, que 6 o teor de umidade em que se estabiliza a madeira, depois de algum tempo em contato com o ar atmostérico. A umidade de equilibrio € fungao da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar. No Brasil, a umidade de equilibrio varia entre 12 e 15%. A norma brasileira especifica a umidade de 12% como referéncia para a realizagao de ensaios e valores de resisténcia nos célculos para fins de aplicagSo estrutural, 4.4 DETERMINAGAO DA UMIDADE A umidade deve ser determinada experimentalmente de acordo com a NBR 7190/97. Para se ter uma ordem de grandeza da umidade, pode ser determinada através de aparelhos elétricos portateis. 4.4.1 Determinagdo experimental Define-se como teor de umidade (U) a relacdo: 4.1) 1assa inicial umicda da madeira, em g, 1assa da madeira seca, em g. A umidade é determinada, experimentalmente, através de corpos de prova de seco transversal retangular, com dimenses nominais de 2,0 cm x 3,0 cm e comprimento, ao longo das fibras, de 5,0 cm, como indicadas na figura 4.4, kalgar Veatlantitla Carrasco 43 ‘Boiruturas ususis de madeira Caracteristicas Fsias di Mtadsire Figura 4.4 - Corpo de prova para determinagéio da umidade da madeira. ‘A madeira pode ser considerada, esquematicamente, como sendo composto pela massa compacta de madeira e volume de vazios que poderd estar parte com agua ¢ parte com ar ou cheia de agua Para a determinagao da umidade, inicialmente, 0 corpo de prova timido & pesado, determinando-se a massa inicial tmida com n% de umidade. Em seguida colocade em uma estufa a temperatura constante de aproximadamente de 103°C + 2°C e pesado a cada 6 horas, até que ocorra uma variacdo, entre duas medidas consecutivas, menor ou igual a 0,5% da Ukima massa medida. Esta massa serd considerada como massa seca da madeira, Aplicando a equagao 4.1, obtém-se 2 umidade da madeira, 4.4.2 Determinagdo através de aparelhos elétrices Um dos medidotes de umidade mais utizado esté mostrado na figura 4.5. Ele opera elo principio de alta freqiiéncia. A medigdo da umidade é feita por intermédio da interagao do conjunto de sensores, localizados na face superior do medidor. processo, além de nao danificar a madeira, permite medigao rapida e segura sobre grandes superficie. Pode inclusive ser usado em pecas com peliculas de acabamento, verniz ou plastico, z Es — Figura 4.5 - Aparelhos para medida e umidade 4.5 RETRATIBILIDADE - INCHAMENTO. A diminuigéo ou 0 aumento da quantidade de agua de impregnagao provoca, Edgar V, Manilla Carrasco 44 Estratures usuaie de madeira Caructerstcas Fisicas da Madeira respectivamente, a aproximagao ou o afastamento entre as cadeias de celulose. Quando ha Pouca dgua de impregnagao as cadeias de celulose se aproximam umas das outras ‘ocorrendo a retragao da madeira. Com 0 aumento da agua de impregnacdo, as cadeias de celulose se afastam causando o inchamento. Devido a anisotropia da madeira, as retragées ou inchamento ocorem diferentemente segundo as diregdes radial, tangenciale axial da pega, figura 4.6. Figura 4.6 - Diregbes principais Fonte: Pfeil, W., Pfeil, M. (2003) ‘As madeiras mais estaveis quanto as suas dimenstes, rachaduras e empenamentos so as que apresentam menores valores para as retragées © menores diferencas entre as retrag5es nas trés diregdes consideradas. (fig. 4.7). fendas de retragdo Figura 4.7 — Fendas de retragao. Fonte: Propriedades da madeira. PUCRS. Em ordem decrescente de valores, encontra-se: . a retragao tangencial com valores de até 10% de variagao dimensional; * a retragao radial com valores da ordem de 6% de variagSo dimensional; * a retragao longitudinal com valores de 0,5% de variacao dimensional Na figura 4.8 é apresentado um grafico de retragdo em fungdo da umidade para eucalipto citriodora. Notar que variagées de umidade acima do ponto de saturagao (33%) nao acarretam retragdes nas pecas. Edgar Vodlanlille Carrarce 45 RETRAGOES % UCALIPTO CITRIODORS Figura 4.8 - Retragao x Umidade. Fonte:HELLMEISTER, J. C. (1974) Num proceso inverso, também pode ocorrer, 0 inchamento, que se dé quando a madeira fica exposta 2 condig6es de alta umidade e ao invés de perder gua, ela absorve, provocando um aumento nas dimensées das pegas. A diferenga entre as retragées nas trés diregées: tangencial, radial e axial, explica a maior parte dos defeitos que ocorem com a secagem da madeira, rachaduras e ‘empenamentos. Dependendo da regularidade ou néo da diregao das fibras de certas espécies de madeira, os empenamentos sao ainda mais acentuados, como mostrado na figura 4.9. Figura 4.0- Retragao e distorgdo em pegas de segées variadas afetadas pela Edgar ¥: Mantilla Carrasco 46 Een Taractersticas a diregdo dos anéis de crescimento. Fonte: Wood Handbook (1999) Os principais defeitos da madeira durante a secagem encontram-se esquematizados na figura 4.10. fr Encanoamento Encurvamento Figura 4.10 - Defeltos da madeira durante a secagem. Fonte: Calll Jr., C., et al. (2003) - A estabilidade dimensional pode ser determinada experimentalmente. Os corpos de prova devem ser fabricados como indicados na figura 4.4 e devem conter umidade acima do ponte de saturagiio das fibras. Quando 0 teor de umidade estiver abaixo do ponto de saturagdo das fibras, deve-se reumidificar 0 corpo de prova. Devem ser determinadas as distancias entre os lados do corpo de prova durante os processos de secagem e de reumidificagao, com preciso de 0,01 mm. As distancias devem ser determinadas com pelo menos 3 medidas em cada lado do corpo de prova. As defomagées especificas de retracdo, c, @ de inchamento, ¢,, s40 consideradas como indices de estabilidade dimensional e séo delerminadas, para cada uma das diregdes preferenciais, em funcao das respectivas dimensées da madeira saturada e seca, conforme equagies 42 4.3: ou-[Sezhea, sae[Baptes am, 8 -[ Babe }s0 (4.2) A variagao de volume € fomecida pela equago 4.4 AV (Ha=tee) 00 4.4) 00, bs -(2qzb= aon (43) edgar Y. Mantilla Carrasco 47 = Estruurss usuais de mac 4.6 RESISTENCIA QUIMICA A madeira, em linhas gerais, apresenta boa resisténcia a ataques quimicos. Em Muitas industrias preferida em lugar de outros materiais que sofrem mais facimente o ataque de agentes quimicos, Em alguns casos, a madeira pode sofrer danos devides ao ataque de acidos ou bases fortes. O ataque das bases provoca aparecimento de manchas esbranquicadas decorrentes da ago sobre a lignina ¢ a hemicelulose da madeira. Os acidos também alacam a madeira causando uma reduga0 no seu peso na sue resistéi 4.7 DENSIDADE Come as demais propriedades fisicas da madeira, a densidade depende da especie em estudo, do focal de procedéncia da arvore, da localizag30 do corpo de prova na tora e da umidade, © valor da densidade também oscila entre valores proximios aos valores médios da espécie oe A NBR 7190 apresenta duas definigdes de densidade a serem utiizadas om estruturas de madeira, A densidade basica e a densidade aparente. 4.7.1 DENSIDADE BASICA (p;.,) A “densidade basica’ ¢ uma massa especifica convencional definida pela razéo entre a massa ¢ © volume saturado, sendo dada por equagdo 3.5: Phas ¥. (4.5) massa secs da madeira, em kg; Veal = volume da madeira saturada, em metro cuibico. © volume saturado 6 determinado pelas dimensées finais do corpo de prova submerso em agua até que atinja massa constante ou com © maximo uma veriagdo de 0,5% em relagao a média anterior. A massa seca é determinada pelo mesmo procedimento apreseniado quando a determinago da umidade. 4.7.2 DENSIDADE APARENTE (psp) A densidade aparente 6 determinada em diversos corpos de prova de cada espécie estudar, sendo a razdo entre o peso do corpo de prova eo seu volume aparente, figura 4.11, E um parametro importante quando se quer estimar a qualidade estrutural de determinada espécie de madeira. Quanto maior a dansidade, melhor serdo as suas caracteristicas mec&nicas. edgar Vdlantilla Carrasco 48 m, Pn =e 46) Onde: m, = massa inicial Gmida em Kgh, Vi= volume de madeira imida em metro cubico. —| ius | an uapeina wapeine Figura 4.11 - Esquema para determinagao da pap E evidente que o teor de umidade do corpo influi decididamente em sua densidade, Por isso, a NBR 7190/97 define a densidade aparente & aquela determinada com teor dé umidade de 12%. Entretanto pela dificuldade experimental, esta densidade € determinada 2 7 partir da densidade aparente imida corrigida através do diagrama de Kollmann, figura 4.12. Edgar V.dlantilla Carrasco 49 Bsrratunss usue's de madeira Caractonticas Pisces da Bader 140 1.90) 420] 4.40) 3.00 Piglem) 9,80: ogo Densidade aparente 080. 2.40} 9.30] 30 18-2030 00-6 Teor de umidade U (%) Figura 4.12 - Diagrama de Kollman Fonte: Caiil Jr, C., et al. (2003) 4.8 RESISTENCIA AO FOGO Tradicionalmente a madeira é considerada um material de baixa resisténcia ao fogo. Isto se deve principalmente a falta de conhecimento da resistencia de pecas de madeira ‘com dimensées esiruturais quando colocada sob ago do fogo. Sendo bem dimensionada a madeira apresenta alta resisténcia ao fogo. Uma pega de madeira exposta ao fogo torna-se um combustivel para a propagagao das chamas. No entanto, com o tempo, uma camada mais extema da madeira se carboniza bloqueando as chamas. S6 que, esta mesma camada que retém o calor, tendendo a Edgar V.dlantilla Carrasco 4.10 Estrvturas usuais den Madeica propagar as chamas, auxiia na contengSo do incéndio desprendendo-se da pega de madeira nao afetaca pelas chamas. Isto evita que toda a peca seja destruida. A proporgao de madeira carbonizada com o tempo varia de acortio com @ espécie € as condigies de ‘exposigao a0 fogo. Entre a porgdo carbonizada e a madeira sA encontra-se uma regio intermediévia afetada pelo fogo, mas nao carbonizada, porgdo esta que nao deve ser levada ‘em consideraggo na resistencia, Na figura 4.13, 6 mostrado o resultado de um ensaio de queima durante 15 minutos de exposicao de uma Unica face ao incéndio padréo, em corpo de prova de madeira Vinhatico com dimens6es de 15cm x 15om x 15cm, onde paces ‘Base da rosa de pit Base aa camnada corbenteada (300°C) commas cabana Figura 4.13 ~ Resultado de ensaio de carbonizagao de corpo de prova de vinhatico, ‘com uma face submetida a fogo durante 15 minutos. Fonte: Foto dos autores 4.9 DURABILIDADE NATURAL A durabilidade da madeira, com relagdo @ biodeterioragéio, depende da espécie e das caracteristicas anatémicas. Certas espécies apresentam alta resisténcia natural ao ataque bioldgico enquanto outras sao menos resistentes. 4.9.1 CAUSAS DA DETERIORAGAO * APODRECIMENTO Desenvolvimento de fungos e bactérias, devido a umidade da atmosfera e a temperatura do meio ambiente, quando a percentagem de umidade € superior a 30% e as temperaturas forem superiores a 250C ou 3006. ilgar Vs Aiantille Carvcrce 41 Egoranuras wsuais de madeiea Carcteristicas Fisica dM ACAO DOS INSETOS, sarunchos e cupins FOGO 38 pegas maiores tem mais resisténcia, devido a uma camada de carvao mineral na superficie do tronco, que serve como isolante térmico. ACOES MECANICAS - extrago de pedagos do tronco; - diferenga na durabilidade da madeira de acordo com a regio da tor da qual a peca de madeira foi extraida (o ceme © o albumo apresentam caracteristicas diferentes e 0 alburno sendo muito mais vulnerével a0 ataque biologico). AGENTES QUIMICOS AGAO DE FATORES NAO BIOLOGICOS COMO INTEMPERISMOS = chuva, neblina, sol, etc 4.9.2 RESISTENCIA NATURAL AO ATAQUE DE MICROORGANISMOS, FUNGOS E XILOFAGOS: Algumas madeiras brasileiras bastante uliizadas em estruturas (Ipé, Magaranduba, Jatoba) demonstraram em ensaios de laboratorio e na pratica uma ata resisténcia a0 ataque de microorganismos, fungos e xilbfagos diversos. Os ataques ocorrem quando as madeiras demostram sinais de apodracimento elo s%0 expostas a0 intemperismo. Uma casca levantada ou ferida no curso das operagées florestais deixa brechas por onde podem entrar esses agentes xilbfagos. ‘As diversas espécies de madeira apresentam resisténcias variéveis aos fungos & insetos em fungao, por exemplo, da estagdo do ano. Para espécies menos resistentes, 0 tratamento quimico com produto eficaz ¢ 0 Unico processo capaz de.garantir 2 sanidade das toras. 4.9.3 ESTRATEGIAS PARA EVITAR OS ATAQUES DE XILOFAGOS E PROTEGER CONTRA DETERIORAGAO Llyn ALTERAGAO MECANICA, TRATAMENTO DE SOLO USO DE ISCAS ‘SECAGEM DA MADEIRA, —de maneira natural ou artificiaimente. TRATAMENTO QUIMICO DA MADEIRA 4. Mantillas Carrasco 412 Estrurunes suis de madsig Ceracterisices Psicas da Medcins - No caso das toras, pelas dimensdes das pecas, 0 Unico processo de tratamento Possivel 6 por aspersdo de toda a superficie lateral e topo. - No caso de madeira desdobrada ou desenrolada, além da aspersdo simples, podem-se usar processos de imerséo com diferentes graus de automagao ou aspersdo em tineis de esteiras. + MEDIDAS PREVENTIVAS higiene geral dos canteitos e patios de armazenagem, retirada rapida da madeira do meio infestado, que pode ser até a propria floresta, passando pelo tratamento profiatico; + TRATAMENTO TEMPORARIO quando uma tora é serrada ou desenrolada, a madeira ainda esta verde, acima do Ponto de saturagdo das fibras e ainda suscetive! ao ataque de fungos € insetos Sendo assim, a madeira necessita de um Tratamento tempordrio até que ela passe por secagem ao ar livre ou em estufa e, finalmente, pelo processamento industrial definitive. 4.9.4 PROCESSOS DE PRESERVACAO. sSuperficiais . Depois da secagem, 6 aplicada com pincel ou imerséo uma camada superficial de preservative para inibir a passagem de insetos e fungos. 2De Impreanago sem press3o. A madeira € colocada imersa numa solugdo com preservativo a 1000C. A ago do preservative é expelir o ar existente no interior da madeira, fazendo com que 0 produto seja absorvido pela pressdo atmosférica. +De Impreanacao com pressdo Em grande quantidade de madeira so os mais eficientes. +A madeira € colocada numa cAmara onde é feito o vacuo para remover o ar da madeira. O preservativo é introduzido ‘sob pressao. Autoclave MADEIRA AUTOCLAVADA - significa madeira obtida de florestas cultivadas e renovaveis impregnada em unidades industriais (autoctaves) com um agente preservante, aprasentando alta durabilidade, economia, seguranga, versatilidade, facil manuteng3o @ garantia de qualidade. tempo de garantia de protegao conferida pelos tratamentos da madeira informado na tabela 4.1 Edgar I, Manilla Carrasca 413 Esrrorures usugs do madoiea (Caracteristcas Piicas de Medeira Tabela 3.1 - Tempo de garantia de protecao conferida pelos tratamentos da madeira |Procedimento utilizado | Tempo de garantia Garantia | para aplicacdo —_ | | Pincelamento | 2a 5 anos de protegao Incluem filtro solar, agao | | ____fungicida e —_propriedade | [Tmersao Ba 10 anos protegao hidrorrepetente —_(retarda | Lo entrada de agua na madeira ‘Autoclave 2 m. | 10 anos e controla a saida da agua). | proteqao 4.9.8 DETALHES DE PROJETO PARA PROTEGAO DA MADEIRA tais como: Pode-se evitar 0 apodrecimento precoce da madeira com alguns detalhes de projeto, Evitar pontos de condensagdo de agua; Aplicar impermeabilizantes nos encaixes e nos apoios; Utiizar a madeira sempre 20 om ou mais acima do solo: s telhados devern ter beirais maiores que 1 metro; As calgadas laterais serdo sempre inclinadas pare evitar acémulo de agua junto as paredes ou alicerces; Deixar espago livre entre 0 assoalho e o solo para ventilagaa; Deixar espago livre entre 0 forro e a cobertura, também para ventilacgo; Utilizar sempre madeira com garantia de secagem. DURABILIDADE ESTRUTURAL Depende de um projeto estrutural adequado. ‘A madeita, assim como outros materiais de construgdo, sofre deterioragao quando exposta a condigSes adversas. Adequadamente protegidas, a durabilidade das estruturas de madeira pode ser comprovada. Veja-se, por exemplo, 0 edificio de cinco andares no Templo Horyu-ji, mostrado na figura 4.14, Edgar V.dlantilla Carrasco Aad Esarusuras usuais de madeira aracterstcas Ficeas da 9 Figura 4.14 — Pagode japonés — Templo de cinco pisos. Fonte: htto:/Aveb- i iaini Mi ic/index. html Alguns dos edificios do templo Horyu-ji, apresentado na fig. 3.12 constituem as estruturas de madeira mais antigas do mundo. Muitos terremotos e tufées colocaram & prova sua estabilidade, porém se mantiveram igual como ha 1300 anos. Qual a razdo da durabilidade? 1) Cada parte estrutural dos pagodes japoneses foi fabricada com madeira. Por ser flexivel, a madeira absorve as tensées sismicas. 2%) O tipo de estrutura complementa a flexibilidade da madeira: - 08 pisos se encontram fortemente unidlos em juntas sem nenhum prego. ~ 08 templos de cinco pisos contam com cerca de mil juntas, = em caso de tremor as superficies dos pisos se acomodam 0 que Impede que a energia sismica suba pela torre. Veja o esquema da estabilidade dos templos de cinco pisos de madeira na figura 4.15. Eelyerr Vidianilille Carrerce 415 4 sa Bi i! E E ES Sea ae Figura 4,18 - Estabilidade dos templos de cinco pisos de madeira. 3°) Quando a terra treme cada piso (lamina) oscila lentamente e independente uns dos outros. 4°) Cada l&mina permite uma certa quantidade de oscilagdes em diregdes opostas & logo voltam 20 equilibrio. Em detalhes, vejamos 0 desiocamento das juntas, na fig. 4.18. Fulcro Figura 4.16 ~ Deslocamento das juntas nos templos japoneses € 5 pisos. Apesar das vantagens evidentes da madeira, da sua ja provada durabilidade e sua ampla utllizacao em paises como Estados Unidos, Canadé e Japao, a madeira ainda é muito pouco utlizada nas construgées brasileiras. Nota-se preconceito a respeito do uso da madeira como material estrutural e falta de informagao da populace em geral, apesar de abundancia de matéria-prima e um déficit no setor da construgao civil. ddgar V.Mantilla Carrasco 4.16 CAPITULO 5 CARACTERISTICAS MECANICAS DA MADEIRA 5.1 INTRODUGAO A madeira é um material no homogéneo com muitas variagées. Além disso existem diversas espécies com diferentes propriedades. Sendo assim & necessério 0 conhecimento de todas estas caracteristicas para um melhor aproveitamento do material, Propriedades fisicas e mecdnicas sdo desta forma estudadas e servem de parametros para escolha & dimensionamento de pegas estrutureis, As propriedades fisicas j4 foram objeto de andlise no capitulo 3. No presente capitulo serao anatisadas as propriedades mecanicas da madeira, As propfiedades mecanicas sao responsaveis pela resposia da madeira quando solicitada por forgas extemas. Para a determinagéo das propriedades da madeira s80 executados ensaios Padronizados em amostras “sem defeitos” (para evitar a incerteza dos resultados obtidos em pecas com defeitos). Os procedimentos para a caracterizag4o completa da madeira e definig&o de parametros para uso em estruturas so apresentados no anexo B da Norma Brasileira (NBR 7190/97). Os métodos de ensaic para determinag&o das propriedades da madeira também s&0 apresentados na norma brasileira, Um breve comentario sobre as propriedades mecanicas sera descrito a seguir Maiores detalhes no entanto poder ser vistos nos capitulos posteriores. Para facilitar a descrigo das propriedades mecdnicas, as mesmas serdo divididas em propriedades de resisténcia e elasticidade. 5.2 PROPRIEDADES ELASTICAS Elasticidade € a capacidade do material, apés retirada a ago exterma que a solicitava, retomar a sua forma inicial, sem apresentar deformacao residual. A madeira apesar de nao ser um material eldstico ideal, pois apresenta uma deformagao residual apos a solicitagao, pode ser considerada como tal para a maioria das aplicagSes estruturais. ‘As propriedades elasticas so descritas por trés constantes: 0 médulo de elasticidade longitudinal (£), 0 médulo de elasticidade transversal (G) @ 0 coeficiente de Poisson (1). Como a madeira um material ortotrépico, as propriedades de elasticidade variam de acordo com a diregao das fibras em relagao a diregdo da aplicacdo da forga. 5.2.1 MODULO DE ELASTICIDADE (£) De acordo coma a noma brasileira trabalha-se com trés valores de médulo de elasticidade: 0 médulo de elasticidade longitudinal (£,), determinado através do ensaio de compresséo paralela as fibras da madeira; o médullo de elasticidade normal (Ey), que pode ser representado segundo a NBR 7190/97, como uma fracao do médulo de elasticidade Estnutyias usunis de madvire ancien sda Madeira longitudinal pela seguinte expressao: £ Ew =>~ 20 1) ou ser determinado por ensaio de laboratirio; « 0 médulo de elasticidade na flexdo (Ey), que também pode ser determinado de acordo com © método de ensaio apresentado pela norma brasileira e pode ser relacionado com o médulo de elaslicidade longitudinal através das expressdes abaixo para as coniferas, Ey, = 085E, (52) para as dicotiledéneas —-E,, = 0,90, (6.3) 5.2.2 MODULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL (<) Segundo a NBR 7190/97, pode ser estimado a partir do médulo de elasticidade longitudinal (£), pela seguinte relagao; Gash 64) 5.2.3 COEFICIENTE DE POISSON (+) ‘A madeira como um material elastico, ortotropico possui trés diregdes principals de elasticidade: longitudinal, radiat e tangencial, ortogonais entre si, e relacionadas pelo coeficiente de Poisson (v). A norma brasileira NBR 7190/97, n&o traz em seu texto nenhuma especificagao a respeito dos valores dos coeficientes de Poisson para a madeira. 5.3 PROPRIEDADES DE RESISTENCIA Estas propriedades descrevem a resisténcia de um material quando solicitado por uma forga. Da mesma forma que o exposto anteriormente, as propriedades de resisténcias da Tiadeira também diferem segundo os trés principais eixos, embora com valores muito proximos nas diregdes tangencial e radial. Por isso as propriedades de resistencia so analisadas segundo duas diregdes: paralela e normal as fibras. 1 COMPRESSAO Trés sao as soiicitagdes a que se pode submeter a madeira na compress&o: normal, paralela ou inclinada em relagao as fibras, Quando a pega € solicitada por compress4o paralela as fibras, as forgas agem paralelamente a dire¢Zo do comprimento das células. Desta forma as oélulas, em conjunto, conferam uma grande resisténcia & madeira na compressao. edgae Yi dlanlitle Carrasco 52 Estrunures uouale de madeira Carteritticas Mecinicas da Made Para 0 caso de solicitagao normal as fibras, a madeira apresenta valores de resistencia menores que os de compressdo paralela, pois a forga € aplicada na diregao normal a0 comprimento das células, diregdo esta onde as células apresentam baba resisténcia, Os valores de resisténcia a compressdo normal 3s fibras so da ordem de 1/4 dos valores apresentados pela madeira na compressao paralela. A figura 6.1 mostra de maneira simplificada 0 comportamento da madeira quando solicitada a compress6o. Compressao paralela: tendéncia de encurtar as células da madeira ao longo de seu eixo longitudinal. Compressio nomal: comprime as células da madeira perpendicularmente ao seu eixo. Compressao inclinada: age tanto paralela_ como perpendicularmente &s fibras. Adotam-se valores intermediarios entre a compress4o paralela e a normal, valores estes obtides pela expressdo de Hankison: ez Sia% fan Fg X ser O+ fig, €08°O (6.5) Figura 5.1 - Compressao na madeira edgar V-dlantilla Carrasco 53 ra 5.3.2 TRAGAO Duas solicitagées diferentes de tragao podem ocorrer em pegas de madeira: trago paralela ou taco perpendicular as fibras da madeira, As propriedades da madeira referentes a estas solicitagdes diferem consideravelmente. A tuptura por tragSo paralela ds fibras pode ocorrer de duas maneiras, por deslizamento entre as células ou por ruptura das paredes das células. Em ambos os modos de ruptura, a madeite apresenta baixos valores de deformagao e elevados valores de resisténcia, Ja na ruptura por tragdo normal as fibras a madeira apresenta baixos valores de resistencia, Analogo ao caso da compressao normal as fibras, na tragdo os esforgos agem na diregao perpendicular ao comprimento das fibras tendendo a separé-las, alterando Significativamente a sua integridade estrutural e apresentando baixos valores de deformagao. Deve-se evitar sempre que possivel, a consideracao da resisténcia da madeira quando solicitada a trag4o na dire¢do normal a fibras para efeito de projetos. A figura 6.2 ilustra 0 comportamento da madeira sujeita & tragdo. 17 Tragso paralela: alongamento das células da madeira ao longo do eixe longitudinal Tragao normal: tende a separar as cétilas da madeira perpendicular aos seus eixos, onde a resistencia € balxa, devendo ser evitada Figura 5.2 — Trago na madeira Para efeilo de comparagao das resisténcias de compressao e tragdo & apresentado um grafico tensdo x deformagao da madeira Combaru na figura 5.3. Edgar V:dlantilla Canaseo 44 Caracterstcas Macinicas da Madeine @ Sxogriwossc. gzop "g09. + 209 g Fay BOG awapyouotoiodoud op ejtin; opeue, \ g sucyen Suoones looor Estrutums uenaie de madgien deformagdo (Madeira Combaru) = Curva tensao x Figura 5.3 edgar V.Mantilla Carrasco 55 Berruranas wusle do nadia aracenstsas Mecénicas da Madeira 5.3.3 CISALHAMENTO Existem trés tipos de cisalhamento que podem ocorrer em pecas de madeira, primeiro se da quando a aco age no sentido perpendicular as fibras (cisaihamento vertical). Este tipo de solictagdo no é critico na madeira, pois antes de romper por cisalliamento a pega jé apresentaré problemas de resisténcia na compressao normal, Os outros dois tipos de cisalhamento referem-se a forga aplicada no sentido fongitudinal as fibras (cisalhamento horizontal) ¢ com a forga aplicada perpendicular as linhas dos anéis de crescimento (cisalhamento “rolling"). O caso mais critico ¢ 0 do cisalhamento horizontal que leva a ruptura pelo escorregamento entre as células de madeira. Jé 0 cisalhamento “rolling” produz uma tendéncia das células rolarem umas sobre as outras. A figura 5.4 ilustra © comportamento da madeira sujeita ao cisalhamento. Cisalhamento vertical: deforma as células da madeira perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. Normalmente nao é considerado, pois ‘outras falhas iro ocorrer antes. Cisathamento horizontal: produz a tendéncia das células da madeira de separar e escorregar longitudinalmente. Cisalhamento perpendicular: produz a tendéncia das células da madeira rolarem umas sobre as ‘outtas, transversaimente a0 eixo longitudinal Figura 5.4 - Cisalhamento na madeira 5.3.4 FLEXAO SIMPLES Quando a madeira € solicitada a flex3o simples ocorrem quatro tipos de esforcos: ‘compressao paralela as fibras, tragao paralela as fibras, cisalhamento horizontal e nas regiées dos apoios compressdo normal as fibras. A ruptura em pecas de madeira solicitadas pelo momento fietor ocorre pela formagao de mindsculas falhas de compress4o seguidas pelo desenvolvimento de enrugamentos de compressao macroscopicas. Este fenémeno gera aumento da regio comprimide e diminuic&o a regiSo tracionada, a qual pode eventualmente romper por tensio de tragdo. Ver figura 6.5. Edgar I Manlilla Carrasco 56 Estrstuns ususis de suadeine Caractert Figura 5.5 - Flexéo na madeira 5.3.5 TORCAO As propriedades da madeira solicitadas por tore so muito pouco conhecidas. A norma brasileira recomenda evitar a torgao de equilibrio em pegas de madeira em virtude do risco de ruptura por tragao normal as fibras decortentes do estado miltiplo de tensbes atuante. - 5.3.6 RESISTENCIA DA MADEIRA EM FUNGAO DA VELOCIDADE DE CARREGAMENTO Esta propriedade da madeira ¢ bastante peculiar. Através de ensaios experimentais Conclui-se que a madeira aumenta a sua esisténcia a medida que diminui o tempo de aplicagéo de carga, chegando até a duplicar. Para cargas de impacto, a resistencia € alta. Na figura 5.6 encontra-se um grafico de resisténcia em fungao do tempo de duragao da carga. Gy, = Tenada resictide pela peca @ = Tensdo que resistiria « peya ae 0 carreganento fosse per Figura 5.6 ~ Grafico Resisténcia x Durag&o de carga telgar .dlantilla Carrasco 57 ‘Estrus usuais de madeira 5.3.7 DEFORMAGAO LENTA (Fluéncia) ‘Quando uma pega de madeira est solicitada a um caregamento de ionga duragao, nola-se um aumento das deformagées (fechas) com o tempo, esse fendmeno é conhecido como deformagaa lenta, A figura 5.7 representa um ensaio tipico de defrmagéo lenta. Flechas (mm) ‘ft © 12 35 & 5 6 7 B89 10 22 12 TOPO (semanas) Figura 8.7 - Resultado de um ensaio de deformaggo lenta Pode-se observar na figura 5.7 que o deslocamento final (di) € aproximadamente 50% maior que 0 deslocamente inicial elastico (d,). Por esse motivo a norma brasileira recomenda que para o catregamento permanente, seja adotado para o calculo de fiechas um médulo de elasticidade efetivo, sendo igual ao médulo de elasticidade multiplicado por coeficientes de modificagéo que levaréo em conta estes fenémenos ¢ outros fenémenos que serao tratados em capitulos posteriores. Edgar t-Mantille Carrasco 58 CAPITULO 06 CARACTERIZAGAO DA MADEIRA 6.1 INTRODUGAO Os procedimentos para caracterizagao das espécies de madeira e a definiggo destes parametros s40 apresentados nos anexos da Norma Brasileira para projetos de Estruturas de Madeira, NBR 7190/97. Do ponto de vista estrutural, é necessario conhecer as propriedades da madeira relativas as seguintes caracteristicas. * Caracteristicas fisioas da madeira: umidade, densidade, retratibilidade. * Caracteristicas mecanicas da madeira: Compressao paralela e normal as fibras; Tragao paralela as fibras; Cisatamento; Modulo de elasticidade; Embutimento. De maneira simplificada podemos afirmar que pare uma correta avaliagéo das propriedades fisicas e mecanicas de uma pega de madeira, alguns critérios relativos & forma como a caracterizagao serd feita devem ser considerados. Deve-se escalher Portanto o tipo de avatiaggo a ser fella, que podera ser: '* Condig&io padrao de referéncia (para valores no intervalo entre 10% e 20% de umidade), onde serao admitidos os valores fy, e Ey, correspondentes a classe de umidade 1. * Caracterizacao completa da resisténcia da madeira, onde seréo avaliadas propriedades fisicas e mec4nicas dos corpos de prova ensaiados. * Caracterizagao minima da resisténcia de espécies pouco conhecidas onde serao avaliadas apenas aigumas propriedades das espécies. (necessério um numero minimo de 12 amostras). * Caracterizagéo simplificads para espécies usuais (necessario um niimero minimo de 06 amostras). Aqui é tomado como referéncia 0 valor de fro, @ a partir dai S30 esiabelecidas algumas relagSes com as demais propriedades. ‘+ Avaliago por meio de classes de resistencias onde tem-se que feoter > Feokespecit + Estimativa das caracteristicas tabeladas. Os valores obtides experimentalmente ‘so comparados a tabelas caracterizando-se assim a espécie, Os btes . _ investigados devem possuir um volume inferior a 12 m’. Deve-se cuidar ainda que sejam obedecidas as seguintes relagées entre as resistencias caracteristica © media: fy4,12°0,70xfumt2 © Foxa®0,54%fyym- Todos 0s valores obtidos ‘experimentaimente devem ser corrigidos para o teor de umidade de 12%. Uma descrico mais detalhada de cada uma dessas avaliagdes sera feita a seguir aplicando-se conceitos j4 existentes. Porém, antes, serao definidas as propriedades a serem consideradas para a caracterizagao da madeira. 6. 2 REFERENCIAS PARA ENSAIOS Os procedimentos de caracterizagao descritos a seg\ no anexo B da NBR 7190/97. esto inteiramente baseados 6. 2.1 - AMOSTRAGEM Para a investigagao direta de lotes de madeira serrada considerados homogéneos, cada lote n&o deve ter volume superior a 12 m*. Do lote a ser investigado deve-se extrair uma amostra, com corpos de prova distribuidos aleatoramente 20 longo do ote, devendo ser representativa da totalidade do mesmo. Para isso ndo se devem retirar mais de um corpo de prova de uma mesma peca Os corpos de prova devem ser isentos de defeitos ¢ retirados de regiées afastadas das extremiciades das pecas de pelo menos 5 vezes a menor dimensAo da secdo transversal da pega considerada, mas nunca menor que 30 cm, ver figura 3.2. ‘O numero minimo de corpos de prova deve atender aos objetivos da caracterizagao. a) Caracterizagéo simplificada: 6 corpos de prov: b) Caracterizagao minima da resisténcia de espécies pouco conhecidas: 12 corpos. de prova. 5xb az) ow 30 cm| Figura 3.2 - Esquema para extragdo de compos de prova das pogas. Fonte: NBR 7180/97 6.2.2 VALORES GARACTERISTICOS Os valores caracteristicos das propriedades da madeira devem ser estimados pela expressdo: Edgar V. Mlantilla Carrasco 62 Os resultados devem ser colocados em ardem crescente x, < x2 < xy Su. S Xm desprezando-se 0 valor mais alto se o numero de corpos de prova de prova for impar, nao se tomando para x,« valor inferior a x;, nem a 0,7 do valor médio (Km). 6.3 DENSIDADE 0 termo pratico “densidade basica’ da madeira € definido como a massa especifica convencional, obtida pela divisao da massa seca (determinada mantendo-se os corpos de Prova em estufa a 103 °C até que a massa do corpo permanega constante} pelo volume saturado (determinados em corpos de prova submersos em agua até atingirem peso constante). potts (62) onde, M, = massa do corpo de prova seco e Vy = volume saturado A densidade aparente padrdo é calculada para umidade a 12% (pix). 6.4. UMIDADE Para projetos das estruturas de madeira devemos levar em conta as classes de umidade, que t€m por finalidade determinar as propriedades da resisténcia e de rigidez da madeira em fungao das condi¢des ambientais onde permanecerdo as estruturas. 6.4.1 PARAMETROS DE UMIDADES DE PROJETO Segundo a NBR 7190/97, o projeto das estruturas de madeira deve ser feito admitindo-se uma das classes de umidade especificadas na tabela abaixo: bela Imidades de projeto Classes de| Umidaderelativaao | Umidade de umidade ambiente (Us) equilibrio (Usa) 1 585% 12% 2 85% CU gp <75 15% 3 TE%Ugps85% | 18% 4 Uyn?85%(longos periodos}| > 25% ‘As classes de umidade tém por finalidade determinar as propriedades de resisténcias e de rigidez da madeira em funcdo das condigdes ambientais onde permaneceréo as estruturas. Estas também podem ser utlizadas para a escolha de métodos de tratamentos preservativos das madeiras. kilgar Vilartille Carrasco 63 Estecturas usuais de madeira _ Carnctercacio da madeine Para escolha de métodes de tratamentos preservativos da madeira também devem ser consideradas as classes de umidade, 6.5 RESISTENCIA A resisténcia é determinada pela maxima tensdo que pode ser aplicada aos corpos de prova isentos de defeltos considerando até o aparecimento de fendmenos particulares do comportamento além dos quais ha restrigao do emprego do material em elementos estruturais. Estes fendmenos sao os de ruptura e os de deformagées especificas excessivas. Os efeitos da duragio do carregamento e da umidade do meio ambiente sdo considerados por meio dos coeficientes de modificago (Kea: © Kinde): 6.6 RIGIDEZ A tigidez 6 determinada pelo valor médio dos médulos de elasticidade medidos na fase de comportamento eléstico-linear. Na falta de verificagao experimental permite-se adotar. Ew Ege =o 63) sendo: E,, © médulo de elasticidade na diregSo paralela as fibras, medidos no ensaio de compress paralela as fibras; Exg © Médulo de elasticidade na diregdo normal as fibras, medidos no ensaio de compressao normal as fibras. 6.7 CONDIGOES DE REFERENCIA 6.7.1 CONDIGAO PADRAO DE REFERENCIA Os valores especificados $0 0s correspondentes a classe de umidade 1, que ¢ 2 condi¢ao padrao de referencia. Portanto resultados obtidos em ensaios realizados com valores no intervalo entre 10% a 20% devem ser apresentados com os valores corrigidos pelas expressdes apresentadas a seguir: A Sas *| [ + 4} Esl - z, Ss 6s) 100 Admite-se que a resisténcia ¢ a rigidez da madeira sofram pequenas variagées para umidade acima de 20% e podendo-se admitir desprezivel sua influéncia em faixas de gar V:Mlantilla Carrasco 64

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