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ance tee Lcaculuia Wi cei alcocals Stig Hjarvard © 2013 Stig Hfawward (Todos 0s direitos reservados) ‘Thulo orginal: The Mediaizaton of culture and sciny 2013 Tradugao autorizada da edigio em Vngua inglesa publicada por Routledge um membro do Grupo taylor & Francs G77 Wn Si sa Tt ada soe / ig Mana tools uN Doe ISBN 978.95.7431.652.9 1. Comuniagi de mass e ulus, 2. Comunicaso de massa Apectos socials {itl cop 30223 _ couse Dados Incrnacionais de Caalogagao a Pablieaso (C10) (GiioiroFsvo Nunes, CRB 10/1295) Biter Carlos Alberto Gisnont Tadao Andee de Godoy Viera burst Décio Remigivs Ely Revise Fagundes Freitas Jaquet Capa Isabel Carballo Impress, inverno de 2014, ‘Ateprociucao, ainda que parcial, por qualquer meio, das paginas que compoem ‘ete livo, para uso no individual, mesmo para ins ddaticos, sem autonaagao escrlta do editor ilicitae constitu uma contrafagio dans 3 cultura, Fo feito odepésito legal, AGRADECIMENTOS Este livro € parcialmente baseado em uma obra dinamarquesa inti Jada “En verden af medier, medialiseringe af polit sprog. religion og leg’ pu bilicada pela editora da Academia Dinamarquesa, Samfundsitteratur, em 2008. Alguns de seus capitulas também foram publicados em ingles. (© Capitulo 2€ parcialmente bascado no artigo “Ie Mediatization of Society. A Theory ofthe Media as Agents of Social and Cultural Change”, Now ‘om Review, vol. 29, no, 2, 2008, p. 105-34. ‘0 Capitulo 4 & parcialmente bascado no artigo “The Mediatization of Religion. A’Theory of the Media as Agents of Religion Change", Northern Lights, Film and Media Studies Varbook, vol. 6, n0. 1, 2008, p-9-26. (0 Capitulo 5 ¢ parciimente baseado no antigo “From Bricks to Bytes: ‘The Mediatization of a Global Toy Industry’, in: Ib Bondebjerge Peter Golding (eds) (2004). European Culture andthe Media, Changing Media Changing Fuso, pe Series, vol. 1, Bristol: Intellet, p. 43-63, (© Capttulo 6 € parcialmente baseado no antigo “Soft Individualism: ‘Media and the Changing Social Charactes" in: Knut Landy (ed.) (2010), Ate iaiation: Concept, Changes, Consequences, Nova lonque: Pete Lang. 159-77. ‘Agradecemos aos eiorese peridicas que geniimente permitiram a reproducio dos artigos constantes dest livro, Em tolos 0s casos os capitulos foram rigorosamente revisados atualizados eampliados. ‘As Imagens da revista LEGO de 1960, dos catalogos LEGO de 1984 & 1996 e do sie da LEGO, wewbionicestory.com, constantes do Capitulo 5, s40 reproduzidas com a gentil permissio do LEGO Group. Em uma nota mals pessoal, gostatia de agradecer aos colegas ¢ ami ‘208 que me inspiraram e forneceram comentarios ertios 20s argumentos ora apresentados. Em particula, gostaria de agradecer aos colegas com quem te- ‘nho eolabarado em diversas redes de pesquisa dedicadas ao estulo da midia- \izagao: The Nordic Research Network on Mediatization of Religion and Cul ture (Financiada pela NordForsk), 0 grupo de pesquisa sobre A Midiatizacio a Cultura, na Universidade de Copenhiague, 0 National Research Program sobre a Midiatizagio da Cultura: © Desafio da Nova Maia (Financiado pela ‘Conselho Nacional Dinamarqués de Pesquisa) eo ECREA Temporary Working Group sobre Midiaizacto. 2a an aa 43 44 4s as a 5 52 53 54 55 ” LISTA DE TABELAS. © devemvedmantnetional dos melo de comunleato.. Deservehinents hice da alice milaizasa ns pais nario ‘Cwactoroioasfursomentis de 8 doors fs J lig mitzaca, Formas de cota com arsine epi, Pergunta Hépesseas quo ‘manta ress or cuestes de naire ei coro i {otra dts, paras ndgicas, vida ora, e ass por dart. Se oS ‘siren or ae quate, como se ceupodaas ros limos meses? Hitrias mito sobre a a ete 0 Bem eo Ml Pegurta"Os mos de ‘comunioago sf epee de srias sobre a uta ans o Bar 0 Ma Tis Fstses podem aparece am fies (pe, Guera nas Estos), romanecs (G-ex., Hem Foter.ls eens (ex, Bie), programas actuals (G.2, eeemals), ¢ esim por dant. Assn ltée mes que tenho ‘ilo ura hist soba a a neo Bem a Nal que @ioressonay rotundameto, Gas ecrce oa, espectque i Infubeia de derares hist mitiscas sobre noesse por mega fata... aici Intuéreia de atoronos histras midtcas sobre reese Por QS BS i - Intuéria de etoronshistras miaéteas score oreesso por questes reigosas ‘malag deletes eepcndre uot rf go Dan Ben 8 ej Caden Preprn: "Em © Céaigo De Une, osu Dan Brown fea ge Cais pore supinio vars espacos eaves és ‘eas de Joss Maria Medal, Dorado eral como vod avalia ‘rica goa Gabi posers em O Ceo Da Ma?” : Uso da ite om mites por erantas ovens eucpous em ‘um di comum om 200 Lect do uno da irerot pox ertangasojoverseuepeus om 2010. a Difererstipce do mile encod nee quarts de crancas ‘jvens da Dnamarca er 2010 ~ “Tempo gst por ering ovens sm jogos do compulaior na Diamar 1m 204 org "Quan trgo vcd passa jogardo ro computador em lim ation a semana? “Tempo gasto por raga joan em jagos de computador na Brat 20 Poa "arotons ore as do ‘vin om um atin 6a Semana? eaiaacte Peps camcaion woes Gait rotvrvente A doers ntitigs fondmenos cultura, ne 3 7 te 12 10 w 106 188 188 240 SUMARIO PREFACIO A EDIGAO BRASILEIRA, . 9 Poussema ou PLunWvocioADe? Inerroougio. 13 Da nepiagso A moiarizagko Mioiarizagho 23 Una Nova PERSPECTIVA TEGRICA A.moisrizagho 08 PoLinic... 7 DA AMRENSA DE PARTIOO A INDUSTRIA DA OFNIAG AvmousrizagKo pa RELIGIRO 129 Di Fé 0 IeREsA AO ENCANTAMENTO DA MiOIA A mioinrizacio A BRINCADETRA.. cee 167 Dos a.cc0s Ans avres A mioiamizagio 00 nasiTus. 217 O caRsTER SociAL DE UM NOVO INDWAEUALISMO Eritoso.... : ss 2a Conscqutnons & potircas 04 mipsriza¢30 Biouiograra a7 Dai asccssarcst 285 PREFACIO A EDICAO BRASILEIRA POLISSEMIA OU PLURIVOCIDADE? Os estudos sobre comunicagio deparam-se com a questio da midia tizacio. © conceito exprime uma preocupagio que emergiu, com mais vigor, 4 partir dos anos 1990, O ripido desenvolvimento das tecnologias digits agudizou um problema que enconta suas raizes nos estudos de Marshall McLuhan e Innis, muito embora tais autores nao o tenham explicitado em termos de midiatizacio, Na aalidade, no s6 a midiatizacto passou fazer parte da agenda de importantes pesquisadores de comunicagio, como invadiu com sua earga se rintica avassaladora os diversos estudos levados a cabo pelos Programas de és graduagio no Brasil e no exterior. Numerosasdissertagéese ses possuem ‘no seu aparato teérico referencia ao conceit de midiatzacto e seus correlates. Tals uabalhos a partir desse conceito uazem questionamentos para © pesquisador. © conjunte dos tabalhos realizados configura, para muitos, tum universo mental. Nele, a midiatizagio adquire uma diversidade conceptu- al que ultrapassa o munco fenoménico para atingit uma realidade ontolégca Parafraseando Candido Mendes, pade-se dizer quea palavtareprockz ‘© totem bisico do mundo mitico € enseja um mecanismo de regéncias cur lativas muito mafor do que qualquer predicagio analtca tipiea do mundo ls fico! Desse modo, dada a riqueza do vocab e a profundidade do conceto, «estamos diante de um caso de polissemia ou de plurivocidade? No primero ‘as0, temos a incidéncia de diversossignifcados para o concsto de midiatiza «80 € se permanece no dominio do univers logico. No segundo, entamos no mundo subjetivo das pessoas que assumem a midiatizagio como um conceito ro univoca; a0 contrieio, estamos diance de um conceita e de multiples vo es, A equivocidade, no caso, nao estaria no eonceita, mas nas pessoas que 0 assumiem como um instrumental para semantizar a comunicagio na sociedade comtemporanea, 10 PreFAcio A eoIcko anasiLeins ‘Com o advento da tecnologia digital, as inter-tlagbes se tornaram complexas e ampliaram, criando uma nova ambiéncia. Todos os inter-tela cionamentos comunicacionais, bem como 08 processos midiaticos ocorrem rng cadinho cultural da midiatizagao. Portanto, a realidade da sociedade em ‘midiatieaso upera e engloba as dinamieas proprias que a sociedade engen- dra para se comunicar. O meio social é modifcado. tela de fund, 0 marco dentro dos quais interagem as dinamicas socials, € gerada pela assuncio da realidade digital, A virualidade digital traz como consequéncia a estruturacio de um novo modo de see no mundo. As inter-relacdes tecebem uma carga seméntica que as coloca numa dimensio qualitativamente nova em relacio ‘a0 moda de ser na sociedade até entio. A comunicasio € potenctalizada pela sofistcacio dos meios eleunicos. ‘A sociedade em midiatizagio estaria constituindo um stero cultural ‘onde sdo urdidos ¢ entiamados os diversos processos sociais. Ela é uma am. bigncia, um novo modo de ser no mundo, que caracteriza a sociedade atual CComuieagia e sociedade esto imbricadase produzem um sentido para acu tura esultante do desenvolvimento tecnelégico. Mais do que um estigio na cevolucdo, €um salto qualitative queestabelece o totalmente novo na sociedade. esse ambiente, prenhe de significados edesafiador, que se inscreve ‘sta obra de Stig Harvard, cuja traducao brasileira & agora apresentada pela Editora Uh Hiasvard, partindo do fato que a midiatizagzo surglu como uma agenda para pensar questées antigas, faz um extenso estudo sobre a sua in- sidéncia na cultura ena sociedade. Mais do que se perguntar sobre 0 que os eis fazem com as pessoas ou sobre © que as pessoas fazem com os meios, deve- contemplar a midia como profundamente imersa nas instiusdes cul Terminando o capitulo introdut6ro, escreve: [Le idan eta impontie em ni taps oer sere aka moderne gum nme de conn ‘wir nnikes() abeemo tng que ime cee a ocedade {Cp Amdaaco ei, mdi proces de moderate nium po ‘om pnt] 8 Thompaon 199015) ( Imo uamente conte do qu ode nara em gue Thoms amine Qua sexi aera cer aro ce oma Cemein decom no ere mate org no seam {uno cloenten como se hoje Pr vere nis contempt Pherhoia Aepigko arasiema 11 (© grande mérito desta obra esti em preporcionar um dilogo entre comminicagio adquirem maior astoridade para defini a realidade e 0s padres de interacao sodal, Essa nova compreensdo da importincia da rigia nfo significa que questoestradicionais envolvendo aspecos ais ‘como os efeitos das mensagens mediadss sobre a opiniao publica, ou 08 propésitos para on suai as pessonsutlizam os meios de comunicacio, petderam televincia. Signifca que para compreendera importincia da rfdia em nossa moderna cultura sociedade, é no podemos comtar com modelos que a concebern isoladamente da cultura eda sociedad, 6 que se limita a considerar tao somente o processo de mediacio 16 Sno Huarvano [Nao sio os meios de comunicacio apenas tecnologias que as “organizagGes, 0s partidos ou os individuos podem optar por utiliz no utilizar conforme julguem conveniente Sua presenca tomnou-seuina condicio estrutural das prdticas sociais ¢ culturais, quer em esferas cult ras particulares quer na sociedade em geral (Livingstone, 2009). Parcela significativa de sua influencia decorre de wm fendmeno bilateral em que ‘a midia se toma pare integrante do funcionamento de outras instituies, 20 mesmo tempo que aleanga certo grau de autodeterminacdo e autordade, obrigando tais instiwuigdes, em maior ou menor medida, a submeter -se 4 sua Logica. € a midia, a um s6 tempo, parte do proprio tecido de esferas sociais e culturais particulares (a familia, a politica, et.) e uma instituigdo semi-independente que fornece um nexo entre outras inst tuigbes ura e sociais, bem como ferramentas de interpretagio para compreendermos a sociedade como um todo, e que constitai uma arena comum para o debate piblico. A dualidade dessa relagao estrutural ~ in. tegrar outras instituigdes e proporcionar uma perspectiva comum acerca da sociedade — estabelece uma sétie de pré-requisitos relativamente a0 modo como, em determinadas situagées, devern as meios de comuni- ‘casio ser utilizados e percebidos pelos emistores e receptores,afetando, dessa forma, as relagdes entre as pessoas. Asim, as quesides tradicionais sobre o 180 ¢ 08 efeitos da midia precisam levar em conta as circunstan- cas em que a cultura ea sociedade tormaram-se midiatizadas Uma teoria do m« Coma conceito, a “mediagao" nitado 20 c {qual precisamos recorrer a outro termo, "midiatizagao", para denotar a ttansformacio estrutural de longo prazo ¢ larga escala das relacdes entre os meios de comunicagio, a cultura ea sociedade. Combinando estudos de base empirica ¢ reflexdes tesricas, os estudos de midiatizacao bus- ‘cam generalizat 0s resultados de suas investigagdes para além da situa- ‘glo concreta da comunicacio, Seu objetivo ¢ examinar quando e como as mudancas estruturais entre os meios de comunicagao e as diversas institigbes sociais e fendmenos cultucais vém a influenciar o imagins- rio, as relagGes e a8 interacoes humanas. Uma questio crucial aqui diz Intsoougaa 17 respeito a0 nivel apropriado de generalizagio a aplicar para a constr: io de um quadro teérico. Nao temos a ambicio de criar uma “grande teoria’ a fim de estabelecer respostas universais ou definitivas para a influéncia da midia em todas as culturas, em todos os tempos, sendo es- tipular padioes gerais de desenvolvimento no Amblio de determinadas Instituigdes sociais ou contextos culturais, bem como de determinaclos contextos sociais e culturais de perfodos historicos especificos. Tampou: co satisfaz nossa ambicie te6rica o simples acaimulo de conhecimentos sobre a infinidade de pequenas variagdes da interagdo situada, Para evi tar ambas as armadilhas, isto é a generalizacao exces inguficien ae a teorizacio os estudos de midiatizagao procuram desenvolver uma teo tia do meto-termo (Merton, 1957). Como observa Boudon (1991), nao estando claramente definiclo © que seja uma teoria co meio-termo, n30 pporlemos obter uma especificasio clara quanto ao nivel de generalidade necessério ou outras exigencias conceituais de tal teoria, Nao obstante, @ noglo de uma “teo flete a ambicho de desenvolver hipdteses que comnbinem aspragio te6rica com cautela empfrica,reco- nhecendo como “va e quixotesca a tentatva de determinar a curva de variaveis independentes que operaria em todos os processos socais, ou de definir a caracterstca estencial da esteutura social” (Boudon, 1991: 519, grifo no original). Assim, a anise dos processos de midiatizagSo eenfocard predominantemente nivel intermedidrio dos arranjos sociais cultura, isto € o nivel de insttuigdes sociats (politica e religldo) e de fendmenos culturais (brincadeiras infantis) especificos no ambito de tum dado contexte histérico e sociogeografica. A semelhanca de outs importantes conceitos sociol6gicos, como globalizacio e urbanizacio, 4 miiatlzagio pode ser considerada um processo macrosso\ dida em que suas influéncias e faze veis na sociedade como um todo. Enuetanto, para estudar os processos de midiatizacao e sistema: tizar 0s resultados dessa investigacdo, iremos, de modo geral, aplicar uma perspectiva de nivel intermediario. Neste livro desenvolvemos uma perspectiva de nivel meso, a partir de uma abordagem institucional que ‘nos permite fazer generalizagdes entre as interagBes microssociais de in dividuos de um determinado setor da cultura e da sociedade, mas nos impede de estimar por completo a influencia universal dos meios de comunicagio no nivel macro 48 Stig Huanvano Contanto que a consideremos como uma teoria do meio-ter ‘mo, a teoria da midiatizagio nao tem por propésito substituir as atuais teotias de midia e comunicagio, tampouco as teorias sociol6gicas em geral. Seu objetivo nao é construir outro castelo te6rico enclausurado, fem que todos os conceltos ou processos até entio conheridos devam ser renomeados a fim de cruzarem o porto para a um novo reino con: ceitual. Ao contritio, o estudo da midiatizagio convida-nos a fazer uso hheuristico das atuais teorias ¢ metodologias, tendo em vista compreen- der o mutavel papel da midia na cultura e na sociedade contempor’ nneas. Em particular, onvida-nos a realizar um trabalho interdiseiplinar, utilizando teorias e metodologias de uma variedade de disciplinas. Precisamente pelo fato de a midiatizacio enquanto processo implicar a influéncia e o papel cambiante dos meios de comunicagao em uma vatiedade de esferas sociais e culturais, devemos trabalhar de forma in- terdisciplinar (Hjarvard, 2012b). Para o estudo da midiatizacio da pol tica, devemos tecorrer a andlises e conceitos tanto dos estudas de midia ‘quanto da cigncia politica; para 0 estudo da midiatizacdo da religiao, ‘devemos ocupar-nos de conceitos e pesquisas da sociologia da religiao, dos estudos de midia, da antropologia cognitiva, ete. O contributo da teoria da midiatizagéo para esse empreendimento interdisciplinar esta ‘em fornecer tim arcabougo para analisar e construir uma compreensio teérica acerca das possibilidades de interagdo dos meios de comunica: ‘glo com outros processos sociais € culturais, bem como um conjunto de hipoteses sobre os posstveis resultados da crescente presenca das diversas ‘ifdias na cultura e na sociedade. [No estagio presente, pode a midiatizacao ser considerada 0 que Blumer (1954) rotulou de “conceito sensibilizante” (“sensitizing con- cept”), devido a seu valor heurtstico de reformular questdes fundamen tais concementes a influéncia dos meios de comunicagio na cultura e na sociedade, bem como por fornecer um novo arcabouco te6rico © um novo conjunto de questdes para o estudo empitico de diversos dominios sociais e culturais. “Conceitos sensibilizantes” sio mais li ‘yremente definidos como ferramentas explorat6rias para guiar a in- vestigacfo tedrica e empirica, ao passo que “conceitos definitivos" so definidos precisamente e postos em pritica por meio de um conjunto particular de atributos que lhes permitem servir de instrumentos técni- Iwrecoucko 19 cos para a pesquisa empitica, A exemplo de outros conceitos amplos da sociologia (p. ex, instituigdes, estruturas sociais, individualizacio, etc,), nao € a midiatizacao um “conceito definitive", porquanto nto se refere “precisamente a0 que é comum a uma classe de objetos, me diante uma definicio clara em termos de atributos ou parametros fixos* (Blumer, 1954: 7) Como argumenta Jensen (a sair), a distingio entre “conceitos sensibilizantes" e “conceitos definitivos” nao representa uma dicotomia, mas antes um continuum, e, como sugere o proprio Blumer (1954: 8), “conceitos sensibilizantes” podem ser testados, aprimorados e refina- dos, avancando, por conseguinte, em direcio a extremidade definitiva do espectro, Aambigio deste livro é precisamente a de testa, aprimorat erefinar o conceito de midiatizacio, embora ndo necessariamente com a intencao de chegar - no sentido de Blumer ~ a um conceito definitivo. ‘Ammbos os tipos de conceito servem a diferentes propésitos, mas, na fase atual da pesquisa sobre os processos de midiatizagio, julgamos mais dul (6 aspecto sensibilizante do conceito, pelas mesmas raz0es pelas quais Blumer (1954: 10) também o prefere: “tem ele a virtude de manter-se ‘em esticita e continua relagio com © mundo social e natural” Precisa te pelo fato de poder a midiatizacao acarretar diferentes resultados ‘em diversas instituicOes culturais ¢ sociais, hd um limite para o avango da conceita “midiatizacio” rumo A ponta definitiva do espectro. Con: sequentemente, para 0 estudo dos atuais processos de midiatizacao em dominios especificos da cultura e da sociedade, necessitamos também de ‘outros conceitos mais definitivos e contextuais. (Os estudos de midiatizacao enfocam © papel da midia na trans formacao das relagdes socials e culturais. A énfase conceitual dada ain fluencia dos meios de comunicacao sobre a mudanga social e cultural ‘no nos leva, contudo, a sugerir que o resultado mais importante da evo- lugio da midia seja sempre a mudanga. Como demonstra 0 historico cestudo de Fischer (1992) sobre a introduc e os usos sociais da telefo- ria nos Estados Unidos, nem sempre o telefone fot um instrumento de modernizacio e rearganizacao dos vincules socias. Para muitas pessoas, le facilitou a manutengio ¢ 0 fortalecimento dessss relagdes, permit do que certos aspectos da vida resistissem a un cenatio de madernizagio em ouitras esferas da existéncia, Devemos, portanto, tomar cuidado para io confundir o perpétuo € mui visivel cardter de “novidade” da evolu~ ‘glo dos melos de comunicacao com uina transformacio continua dos atranjos sociais e cultarais. Em iiltima andlise a relagto transformacie tersus estabilidade nao constitui uma questio te6rica, mas um problema empirico que necessita ser substanciado analiticamente. Um processo da alta modemidade A midiatizagio constital um importante conceito no ambito dt sociologia moderna, dada sua relacao com o processo decisivo de mo- demnizacio da sociedade e da cultura. A disciplina de sociologia foi fun ‘dada em conjunto cam o estudo sobre o avango da sociedade moderna. Pioneiros do campo como Max Weber, Kat! Marx, Emile Durkheim € cong Simmel nio estavam particularmente interessados no papel ou hha importancia dos meies de comunicagao de massa, mas antes preo- cupados com fendmenos tais como a industralizacao, a urbanizacio, ‘a secularizacio e a individualizacio. Socidlogos posteriores tampouico mostraram interesse especial pelos meios de comunicacio. Somente 20 ‘cabo de sua carreira & que Pierre Bourdieu, por exemplo, escreve sobre iidia, e sua eitica 20 jornalismo televisivo (Rourdieu, 1998b) parece tum tanto superficial em comparagio com suas primeiras publicacoes. Vista de uma perspectiva histérica, essa falta de interesse pelos meios de comunicagio entte 08 socidlogos cléssicos no nos deveria surpreender. No curso do século XIX, os “meios de comunicasao” nfo eram visiveis por si prdpriog eram tecnalogias especificas ¢fendmenos culturas iso Tados ~ livios, revistas, jornais,o telégrafo, ete. -, cada tum dos quis um como a literatura, a cléncia, instrumento nas maos de outras institu a politica, o comércio, etc ‘Somente com a expansio da comunicagio de massa no século XX & que os meios de comunicacio passaram a ser percebidos como ‘ais por seu proprio mérito isto 6 como formas de comunicagao com certas caracteristcas constitutivas comuns ealguma consequeéncia. A sociologia norte-amcricana floresceu a partir dos anos 1930, tendo o esiudo dos ‘meios de comunicagao de massa ~ cinema, rio ¢jornal ~ desempenha do papel central por algumas breves décadas. Piguras eminentes como Paul Lazarsfeld, Bernard Berelson e Robert Merton aplicaram perspecti- Introougto 21 ‘vas Sociol6gicas aos meios de comuntcac4o, mas depois abandonaram cesses objetos de estudo em favor de outros. Na Europa do pos-guerra, 2 teoria critica ~ a exemplo da Escola de Frankfurt e do estrutural ~ inspirou o pensamento crftico sobre 6 papel dos meios de comunica io de massa na sociedade, mas constitufa predominantemente uma via de sentido ‘nico, conduzindo da teoria critica aos estudos dos meios de comunicacao. Ja na América do Norte, na Turopa © em outros I gares surgiram disciplinas especializadas ~ pesquisa de comunieagio, pesquisa de comunicagio de massa ou estudo dos meios de comuni «cagio ~ voltadas exclusivamente para os meios de comunicagao. Como consequencia dessa especializagio, o estudo dos meios de comunicagio perdeu © contato com as perspectivas sociolégicas mais amplas, e vice versa. Disso, contudo, nao se deve deduzir que a pesquisa dos meios de comunicagao tenha sido compl ente isolada da sociologia e de cutras disciplinas essenciais, Pelo contrario, os estudiosos dos meias de casio tém recorrido fiequentemente a outias disciplinas em seus cestucos de um ou outro fenémeno. Por exemplo, a teoria politica tem sido empregada no estudo da formacao de opinia opel ¢gca, aplicada ao estudo do uso dos meios de comunicagao, Entretanto, ‘quando se trata de problemas socioldgicos mais fundamentals, como os processos de modernizacio, 0 intercambio de conhecimentos tem sido Jimitado, de tal forma que na sociologia os meios de comunicagao per ‘manecem um tema marginal. Nos mos anos, ¢ em vista da expansio de varias formas de midia digital, temos visto alguns passos no sentido de uma reaproximacio entse as duas disciplinas. A discussio promovida por Manuel Castells (2001, 2009) sobre a Internet e a sociedade em rede representa uma tentativa de incorporar & teoria sociolégica uma pers- pectiva midistica. Da mesma forma, do ponto de vista dos estudos dos meios de comunicacio, 0s estudos sobre a globalizagio ttm despertado 0 interesse pela analise sociol6gica e cultural (Silverstone, 2007). A teo: ria da midiatizacao constitui uma tentativa de levar essa teaproximacio adiante. A midiatizacao @ um processe empirico que requer esforgos de pesquisa mituos por parte dos estudliosos dos meios de comunicacio, dos socidlogos e dos pesquisadores de outras disciplinas, tanto quanto uum conceito te6rico que precisa ser desenvolvido por meio de um dislo- 0 interdiseiplinar. 22. Sra Hamano [A midiatizacao deveria ser vista como um processo de moder- izagao comparavel 2 globalizacio, urbanizagio e a individualiza- ‘io, pelo qual os meios de comunicagfo, de forma semelhante, tanto Contrihuem para desvincular as relacBes sociais dos contextos vigentes {quanto para reintegré-las em novos contextos sociais (Giddens, 1984, 1990). Em comparagao com esses outros processos, a midiatizacso 36 adquiriu imporiancia em uma etapa posterior da modernidade, a alta modernidade, quando os meios de comunicacio cada vex mais se is tinguiram de outras insttuig6es (0 que cassificamos como emergéncia cde uma instituicio midiatica semi-independente), a0 mesmo tempo que se reintegraram & cultura € a sociedadle (0 que gracio dos meios de comunicagio em diversas instituigies sociais). A midiatizacdo é assim, um distinto processo da modernidade tardia, um proceso, para citar John B. Thompson (1990: 15), “parcialmente cons titutivo das sociedades modernas ¢ [.-| parcialmente constitutiva do que hé de ‘modemo’ nas sociedades em que vivemos arualmente”. Quando ‘ sociologia classics estava em seus anos de formacio, os meios de co- rmunicagdo nao receberam maior atengio porque nao se haviam tornado ainda suficientemente distintos de outras instituigbes, nem muito me: hos exam ‘20 difundidos e influentes como sio hoje. Para a investigacio sociolégica contemporanea acerca da sociedade moderna tarda, ums teoria sobre a importancia dos meios de comunicagso para a cultura © a sociedade ja nao constitui uma possibilidade interessante, mas uma necessidade absoluta lassificamos como inte 2 MIDIATIZAGAO UMA NOVA PERSPECTIVA TEORICA, Introdugao (© termo “midiatizacao” tem sido empregado em diversos con- textos pata caracterizar a influéncia exercida pela midia sobre uma série de fendmenos, mas pouco se tem feito para defini-lo e converté-1o em uum conceito tedrico. Apenas muito cecemtemente tentaram os pesquisa- dores dos meios de comunicagao elaborar um conceito que comportasse uum entendimento mais coerente e preciso da midiatizagio como proces- so social e cultural (Hepp, 2012; Hijarvard, 2008a; Krotz, 2009; Schulz, 2004). Comecemos, pois, por examinar os varios sentidos atribuidos a tal conceito em trabalhos anteriores (para uma visio geral das pesquisas sobre midiatizagao, ver Lundby [2009a] e Kaun [2011]) Em tuma etapa inicial, o termo midiatizagdo era aplicado em re: feréncia ao impacto da midia sobre a comunicagao politica € a outros ‘efeitos verficados na esfera politica. O pesquisador de mfdia sueco Kent Asp foi o primeiro a falar sobre a midiatizagao da vida politica, descre- vendo-a como um processo pelo qual “um sistema politico & em grande ‘medida, influenciado ¢ ajustado pelas necessidades dos meios de com nicagio de massa em sua cobertura politica” (Asp, 1986: 359). Uma das formas assumidas por tal ajuste verifica-se quando os politicos formnu- Jam suas declaraoes pulblicas em termos que personalizam e polatizam ‘as questées, de modo a que suas mensagens tenhamn uma melhor chance de obter cobertura da midia, Asp vé a crescente independéncia dos meios de comunicagio em relagio as fontes politicas como mais um sinal da ‘midiatizacao, pela qual ampliam ainda mais seu controle sobre 0 con. tetido mididtico, Asp reconhece sua divida para com a expressio, cunha- 24 Sra Huawvano da pelo socidlogo nomiegués Gudmund Hemes, “socledade sacudida pela midia” (Hernes, 1978), embora a perspectiva de Hernes seja mais ampla, Hernes argumentava que os meios de comunicagio tiveram um impacto fundamental sobre todas as instituigbes sociais e suas relacoes reciprocas. Conquanto efetivamente nao empregasse @ termo mdiat io, seu conceito de uma “sociedade sacusdida pela midia” esua visio ho- listica da sociedade sto consoantes, em muitos aspectos, cam 0 conceit de midiatizacio ora apresentado. Hemes nos conclama a pexgutar quas as consequéncins da mia par a intulges eo in “Gvtdon como funcionam a adlaisraia pablica, as organizagties 08 ‘entre a, De que forma os Prides eas empress como se rlacionam “ Indios de comunicagao edistibuemo poder a sociedadet [| Em sums dd ponto de visa nsituconal, a penn fundamental como a mia haa on meennsiit ates de cuts entices soa w sus rele ttn (Heres 1978: 198; do mina «par da orgs) Encontramos tima nogée contemporanea e bastante similar a cesta na obra de Althefde e Snow (1979, 1988), que preconizam uma “anilise das insttuigdes sociais transformadas pela midia® (Altheide ¢ Snows, 1979: 7). Enquanto as tradicionais abordagens sociol6gicas dos meios de comunicagdo procuram isolar certas “variveis” relativas & in fluéncia da midia, ignorando como esta afeta as premissas gerais da vida cultural, Altheide e Snow pretendem mostrar como a légica da midia constitui 0 cabedal de conhecimentos gerados ¢ difundidos na sociedade. Embora os autores facam referencias recorrentes &"I6gica da fda’, a forma ¢ 0 formato sao seus principals conceitos, inspirados ‘em um dos “cléssicos” da sociologia, Georg Simmel. Assim, postulam a “primazia da forma sobre o contedido” (Altheide e Snow, 1979: 206), em que a logica da midia, na maioria das vezes, parece consistir em ‘uma logica de formatagio que determina a classificacao do material, a escolha do modo de apresentacio e a selecdo e representagao da expe- rincia social na esfera midiatica, Em suas andlises, mencionam outros aspectos dessa légica, incluindo as aspectos tecnoldgicos e organizacio- nnais, de modo mais ou menos casual e, por trabathacem com material nnorte-americano, a légica em jogo € essencialmente a de caréter comer cial (Altheide e Snow, 1979, 1988), Seu principal interesse em relagio ‘a esses “outros aspectos” € 0 desejo de explorar até que ponto e de que Mivis: cho 25 forma a tecnologia afeta os formatos da comunicacdo, em particular 0 formato da comunicaglo politica, de sorte que a mudanga institucio nal mais ampla petmanece pouco mais que um interesse secundatio. Como apontou Lundby (2009) em um exame critica do argumento de Altheide e Snow, tendem esses autores a reduzir 0 concelto de forma so: ial de Georg Simmel a um formato de comunicacao, nao sendo, pois, ‘apazes de relacionar a8 transformacoes da midia com uma teoria mais abrangente das transformacbes sociais. Na wilha de Simmel, argumenta Lundby (ibid.} que a forma social & constituida por padrdes continuos de interacao social e que, portant, “a pesquisa sobre midiatizacio deve dar énfase ao modo como as formas sociais ¢ comunicativas sto desen- volvidas quando os meios de comunicacao sio utilzados na interacio social” (ibis 117) ‘Aexemplo de Asp (1986, 1990), Mazzoleni e Schulz (1999) aplicam 0 conceito de midiatizagio 8 influéncia da mai sobte a po litiea. Considerando os casos de uso da televisto por Fernando Collor de Mello na campanha eletoral brasileira de 1989, da mia por Silvio Berlusconi em sua marcha rumo ao poder na Haia e da manipulagao inidiatica (“spin”) por Tony Blair no Reino Unido, demonstram os au toves a crescente influéncia dos meios de eomunicacao de massa sobre ‘o exerciio do poder politico. les caracterizam a midiatizacio como ‘as problematicas concomitancias ou consequéncias do desenvolvimento dos: modemos meios de comunicagio de massa", Quanto a seus efeitos, comentam que a “politica midiatizada € politica que perdeu sua auto ‘homia, tomou-se dependente. em suas funcdes centrsis, dos meios de comunicagao de massa, sendo moldada continuamente pelas inceragbes aque estabelece com esses meios" (Mazzolenie Schill, 1999; 2494). Mas, como ressaltam, nao se trata de tera miia revogado o poder politico das instituigdes potticas;insituigées politicas com o parlamento, os Parts, et. continuam, em boa medida, a contolar a politica, embora se tenham tomado cada vez mais dependentes dos meios miciicos, a ula lgca tiveram de adaptarse. ‘Outros importantes estudos sobre a midiatizacio da politica ineluem os trabalhos de Jensen e Aalberg (2007), Strmbiick (2008) © Cottle (2006a), 0 thiimo dos quais concebe a midiatizacao de con: Altos como 0 “envolvimento performative ativo e o papel con 26 Sia Huanano dos meios de comunicacio em diversos contflitos politicos e militares (Cote, 2006a; 9, gifo no original). Strémbick (2008) sugere um mo- delo de quatro fases da politica midiatizada, cada qual caracterizada por uma mudanca qualitativa na influéncia da midia sobre a politica (ver Capitulo 3) Em outros subcampos dos estudos midifticos, 0 concelto de nidiatizacio tem sido empregado para descrever a influencia da midia sobre a pesquisa. Vaiverronen (2001; 159) nio considera a midiatizagio ‘am conceito analitico rigido, mas antes um termo ambiguo que remete a crescente importancia cultural e social dos meios de comuicacio de massa e de outias formas de comunicacdo tecnicamente mediadas’ Vis tos desse angulo, 08 meios de comunicagéo desempenham um impor tante pape! na producto e difusio do conhecimento e das interpretagoes da céncia, Considere-se, por exemplo, a quantidade de pessoas cujo co- mnhecimento das vésias etapas da hist6ria da evolucio tem sido formado nnio tanto nas salas de aula quanto nos filmes Jurassic Park, de Steven Spielberg, ou na série de documentirios Ceminhando com Dinossaures (Walking with Dinoeaur}, da BBC. Ademais, os meios de comunicagio constituem uma arena para o debate piblico ¢ a legitimacio da ciéncia. Peter Weingart (1998) vé nisso um elemento decsivo da ligacto entre as cesferas miditieae cientifica: tea hase para tse da iia da cla: com a importnds cat te ior dos mols de comnicag na formacao da opniso pili Jeconcincia eda pereepca, or um lado ea cescente dependéncia gos parte da cnca de euros exams pois da acliacio pbc por ton ela um cres coda e2 as midi, (Weingart, 1996 (sim org tose que arene mit" com a ea“ ceragardo"°) Rodder e Schafer (2010) descrevem a midiatizacao da ciéncia como um fato empitico, mas limitado a determinadas disciplinas, cen tistas e fases das pesquisas, Assim, pode a cigncia ser considerada uma instituigio menos midiatizada em comparacio com outros setores da so ‘dedade, Qua importante drea de estudos de midiatizacao diz respeito & {nfluéncia dos meios de comunicagao sobre a instioulgbes,crenas € pré- ticas religiosas (Harvard, 2008b, 2011; Ldvheim e Lynch, 2011; Hjarvard & Lovheim, 2012), O resultado geral da midiatizacdo da religito nao é um Mipinnzacne 27 novo tipo de religito em si, mas, antes, uma nova condicdo social em que © poder de defini e praticar a religido mudou (ver Capitulo 4). Winfiied Schulz (2004) procurou desenvolver uma tipologia ddos processos de midiatizacao a partir de instituigdes ou campos socials distintos. Fle emtfica quatro tipos de processos pelos quais os meios de comunicagio alteram a comunicagio e a interagio humanas. No prime: to processo, estendem as habilidades de comunicagio humana no tempo «no espago; no segundo, substuem atvidades sociais que anteionmen: te se realizavam frente a frente. Por exemplo, para muitos, as operacoes Dancaias o-Line substtuiram 0 encontio Fisica entce a hance ochente No terceiro processo,estimulam uma fsde de atividades, cor a communi ‘agio facea face combinando-se com a comunicagio mediada eos melo de comunicagao infiltrando-se na vida cotidiana. No tiltimo, atores de segmentos diversos ém de adaptar seu compostamento para acomodar as valoragGes, formatos ¢ as rotinas dos meios de comunica¢ao. Os Politics, por exemplo, aprendem a expressarse com declaragbes breves «frases de efeito (‘sound-bies") nas conversa improvisadas com rep6r- teres. Talvez nem todos esses processos tenham a mesma importineia no

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