You are on page 1of 11
L. S. Vigotski PSICOLOGIA PEDAGOGICA Prof? Eliza Miranda Estagio Supervisionado em Ensino de Geografia e Material Didético Texto / Copias 4 umfmartinsfontes - Capitulo XIX A psicologia e 0 mestre A natureca psicoligi do trabalho do mestre Até agora tatamos da psicologia do processo pedagsgico do ponto de vista do edueando ealuno, Procuramos clued as leis influéneiasa que esta sujeita a educasio, uma vez que ela \depende da erianga. As mola psicolyieas do processo pedag- ico, por estarem alicergadas no psiquismo da cianga, foram objeto de todas as reflexdes. A quest € aniloga também nos cursos atuais de psicologia pedagogic. Entotanto essa toria¢ extremamenteincompleta © uni lateral. Para abrangerinteiramente o processo de edvcaglo ¢ enfocar de um angulo psicolbgico todos os aspectos mais imt- portantes do seu desenvolvimento, €necessirio levar em conta ‘também a psicologia da trabalho do mestre e mostrar a que leis ele estésujito. Nao ¢ tare deste capitulo conclusive & breve; eu poderia encontrar espago aponas em um curso com pleto e desenvolvido de psicologia pedagézica, que 6 assunto do futuro, ‘A citncia ainda nio chegou aos dados ¢ descobertas que ‘he permitam encontrar as chaves para apsiologia do mest Dispomos mats provavelmente apenas de informacies e obser- vag0es fragmentiria, ainda no ransformadas em sistema, de “6 a lgumastetativas de natureza puramente pita relacionadas sole psicotéenica dos mestes, Cabo observar que no cam- po da psicotéenica a elaboragdo de um psicodrama do mestre & ‘bem mais diffe do que nas outrasprofissbes. Em fungio disso, devemos conhecer que neste momento Aifcilmente poderemos escrever na psicologiapedagigica um capitulo cieatificn sobre o trabalho do meste, Entretano, as consideragdes mais gorais& esse respeito so esbogam jf agora, «sem ela est vo Fcariaincompleto. Por iso, na conclusio de- ‘vemos dar espago a essa consideragdes bisicas com a finali- dade de acabare fecha a questi, ‘E necessrio dizer que toda toria da educago apresenta as suas propria exgéncias ao mest Para a podagogia de Rous sets, 0 mest € apenas ovigiae protetor da erianga contra a perversio eas mis infludneas. Para Tosti, o mestre deve ser Torgosamente um homem virtuoso, capaz de contagiae a cran- ‘a com a sua experigncia pessoa. Para a pedagogia asttica 0 «ducador € quem sabe por em pritie os ensinamentos:“quebra 8 vontade da tua crianga para que ela no se desta”. No Do- ‘mosiriexigem-se mais uma vez novas qualidades do educa ‘dar quando se presereve:“Executa te filho por aus da moi dade dele c ters paz na tua velhie,eterds beleza ma ta alma. Endo afrouxes, bate na eranga: se espancas com uma vara, la nio vai mortr, vai fear anda mas sada tu @espancas pelo corpo mas salva a alma da morte." Para Hay o mest é um hipnotizador,e um bom mest €aquele que parece um hipno- tizador, a pessoa capaz de sugestionar e subordinar a vontade do outro. Para Pestalozi Frosbel, 0 educador 6 um jardinei- +o infantil Pera Blonski o educador 6 um engenheizo da anto- potécnics, ou da pedotéenica; é um genico da antropeculturs ‘que existe parslelamente pecuriae & fitocultura como cién- cia congénere. “Muita gente tem comparado o trabalho do professor ao tra- bualho do artists ecolocado em relevo as questes da eriagéo in dividual. Ao conteirio, como Komiénski, afiemam que édese- Apinkgisco mei _w jivel que o método da formagio do homem seja mecinico, ou ‘melhor, cle deve preconizar todas ws coisas de modo 0 defini- «do que tudo 0 que as pessoas estudam ou de que se ecupain nko pode deixar do er éxito", Fo ele mesmo que chamou. ensino de ‘ndquina diditica, Pestalozzi mantina essa mesma concep, ‘Assim, vemos que cada concepeo particular sobre 0 pro: cesso pedagogica se rlaciona a uma concepgio especifica da ‘atureza do trabalho do meste, Por isso &eompreensvel que © novo ponto de vista que hoje se langa na podagogiatente criar ‘um novo sistema de psicologia pedagogic, ow sea, uma dsci- pla cientiiea que ajustifiqu, E 6 novo sistema de psicolo- gia pedagépica, ou sea, o novo ponto de vista sobre a nature= ‘2a do processo pedagégio, o qual tentaexplicar todos os seus aspoctose elementos partindo de umg iia nica, aturalmente Teva uma nova concopso do trabalho do mestre. Em umn dos primeiros capitulo jf ndicamos que o meste tua no papel de simples fonte de confecimentos, de Tivo ou de dicionério de consulta, manual ou demonstrador, em summa, tua como recurso auxiliar ¢instrumento de edveagio.E fcil perceber que &exatamente esse aspecto do trabalho do mesire, ‘como mostramos acima, © que constitu na velha escola nove ‘décimos do conteido do trabalho do mestre. Atualmente, esse papel vai send cada vez mais reduzd a zero e substituido de todas as maneiras pela enerpia ativa do aluno, que em toda a “parte deve nfo viver do alimento que o mestre Ihe fornece mas procurar por conta propria able conhecimentes, mesmo quan dd os recebe do mest, ‘sno livramos daguele preconccito segundo o qual omes- tee deve educar Estamos igualmentedistantes dessa concep, como o estamos daquela segundo a qual 0 homem deve carre- {aro seu Fardo nos propros omibros. Nest sentido E. Key em {oda razo quando diz ue verdadeiro segredo da educacio & ‘do educar, O processo de desenvolvimento esti subocdian- do as mesmnas iis frreas da necessidade como tudo o mais na atureza, Logo, s pis ©mestes “no tém nem dito, nem poder “a a «de preserever as suas les pura esse novo ser, como nfo tém o ticito nem o poder de prescrever les para © movimento dos corpos calestes” (1905, p. 131). (0 proprio alo se eu, Uma aula que o professor di er orma aabeda pode ensinar muito mas educa apenas ahabilida- ‘agi deve ser orienta no sentido de nfo turvare nem esea- ‘matear 0 tragos crus do verdadero descoaforto da infincia ‘nas fazer a erianga chocarse da forma mais bruseaefreqiente ‘om esse desconforto eleva veneé-o, A vida se revela como um sistema de eragio, de perma: nente tens e superagio, de constants eriagd0 e combinagio ddenovas formas de comportamento. Assim, cada ida, cada mo- vimento e cad vivéneia so uma aspirag de crar uma nova realidade, um impete no sentido de alguna coisa nova Assim, a vida 6 se tomar eriago quando libertar-sedefi- nitivamente das formas socisis que a musilam e deformarm. O3 problemas da educagéo serio reslvidos quando forem resolvi= das as questées da vid, _Dessa forms, avid do homem se tornar uma ciao cons ‘ante, um ritual esttieo quando surgir no da tendénci para & satistago de algumas necessdades pequenas mas de um art0u- bo criador luminoso e consciente. © ato de alimentar-se eo sono, 0 amor ea brincadeira,o trabalho e politica, cada sen- timento e cada pensamento s tora objeto de riage. O que agora se realiza nos campos estreitos da artemis tarde penetra toda a vida esa se formar un trabalho crador, Para o educador se abirio possibilidads infinits de cria- «lo da vida em sua infinita variedade, Nao é nos limites estei- {os daatividade pessoal eda vida pessoal que ee se toenari um verdadeito criador do futuro, Nessa época a pedagogia, como criago da vida, ocuparo primero lyr, Parlclamente ape 0gia, no sentido amplo da formaco pscofisica de nowas gera- es, se tomar a rina do pensamento social. Os sistemas pe Aagigicos irk unir em torn de si poderosos patidos. As ex- perigncis sicialmente educativas e as compeiges entre os ‘iferentes métodos ganhardo ua amplitude com a qual at mente nem se pode soak, Arig meore__ 463 (homer passara Finalmente a harmonizarasi mesmo, Pro- por-sea tarefa de inroduzir no movimento dos propos brgios no trabalho, nas caminhadss, no jogo ~a maxima precisio, racionalidade, economia e beleza. Ele desea dominar os pro- cessos semi-inconscientes depois inconscientes no priprio organism: a respiraco, a etculagio sangiinea, a digestio, a Feeundagao ~ nos limites necessrios suhorins-los a0 con inole da razio e da vontade. A espécie humana, 0 estagnado “Homo sapiens retomaria ransformagio radical ¢ sob seu p= prio controle se toraré objeto dos mais complexos métodos de selegio artificial e treinamento psicofisco. Isto est inteira- ‘mente na linha do desenvolvimento, © homem expulsou pela Drimeira vez o elemento obseuro da produgio e da ideologia, suplantando a roti barbara com a tenia cientifies ea rel silo com a cignca, Depois ele expusou oinconsciente da pol tica, destonou a monarguia eo regime de castas com a demo ‘rac, o palamento racionalistae depois com a ditadura toda transparente dos soviet, Por iltimo, no canta mais fundo € ‘obscura do inconsciente, do espontineo, do subterinco enci- amujou-se a natureza do proprio homem. Nao est claro se para cf sero canalizados todos os grandes esforgo do pens ‘mento investgatrio eda inicitiva criadora. A espeie humana no vai deixar de astejardiante de Deus, dos reise do capital Para incinarse doilmente diante das eis obscuras da heredi- lariedadee da slegdo sexual cega! © homem libero deseacs tingir maior equifrio no funcionamento dos sus Srgios, um ‘desenvolvimento mais regular eo desgaste dos seus tcidos para, ‘6 com iss, introduzir © medo da morte nos limites da reagio :acional do organismo ao perigo, pois no pode haver divide de ‘que &justamente a desarmonia do homnem, «extrema desigual dade anatomieae fisiolégica do desenvolvimento edo desgas- {e dos bros e tecidos que do ao instinto de vida uma forma rm~rbia, melindradae hstériea de med da morte, modo esse que obscurece a razoe alimentafanasias tolas¢ humilhantes sobre a exsténciaalém-timulo. O homem se propor o objet ‘¥0 de dominar os prprios sentimentos,elevar os instntos & altura da consciéncia tomi-los ransparentes,estender os Tios da vontae ao oculto& ao subterrineo e assim elevar-se a um novo nivel eeriar um tipo socialmente biolégico mais “alo” ou um talvez super-homer.

You might also like