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Dados Internacionais de Cataloga¢ao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Guimaraes, Eduardo, 1948 - Os Limites do Sentido: um estudo hist6rico e enunciativo da linguagem / Eduardo Guimaraes. — Campinas, SP: Pontes, 2* edigao, 2002. Bibliografia ISBN 85-7113-094-9 CDD-302.222 indices para catdlogo sistematico: 1. Linguagem: Comunicagio 302.222 PREFACIO a As minhas preocupagGes que acabaram por resultar neste livro iniciaram-se como uma rediscussio das fronteiras entre semntica e prag- miatica, tendo em vista as posigGes da teoria da enunciagao. Nos tltimos trés anos, no projeto “Histéria das Idéias Lingiifsticas”, ampliei meus objetivos, o que me levou a forma que este trabalho acabou por assumir. Colocar-se como semanticista é reconhecer a pertinéncia, nos estudos sobre a linguagem, de um campo de confrontos muito particular, aquele que supGe que palavras como sentido, significagdo referem a algo constante e estavel. A semantica, como qualquer disciplina cientifica, precisa ter condigées de tornar possfvel um debate entre posiges distintas que se reconhecem, de algum modo, no mesmo campo. Nesta medida, fizemos nesta obra um percurso que trabalha as exclusdes de Saussure no Curso de Lingiiistica Geral, pois, de nosso ponto de vista, o esforgo de constituir 0 campo da semantica, no nosso século, esta ligado aos diversos caminhos deste percurso. Este é, entdo, um livro que analisa a constituigdo da semantica como 0 trabalho de incluir o exclufdo por Saussure no objeto dos estudos sobre a linguagem. Por outro lado, o percurso feito mostra também os didlogos que a lingiifstica estabeleceu para construir a semantica. Didlogos com a filosofia, a l6gica, a filosofia da linguagem, a semistica, a andlise de discurso. Estes didlogos, que fizeram parte decisiva do modo de constitui- cao da semAntica no Brasil, so responsdveis pela construgiio de conceitos que foram se pondo como incontornaveis para 0 tratamento da signifi- cacao e acabaram por identificar um conjunto de questées pertinentes para a semantica. E do meu ponto de vista identificaram quest6es que me levaram ao que tenho denominado semdntica historica da enunciagao, também um gesto de incluir 0 excluido saussureano. I UM PERCURSO PARA A ENUNCIACAO 1 Muitos sio os modos pelos quais se procura estudar 0 que se chama de significagao ou sentido da linguagem. E isto traz sempre, de ini- cio, a necessidade de se estabelecer 0 que € 0 sentido, o que € a signifi- cagdo. Sao inclusive classicos nos estudos sobre a significado os textos sobre os sentidos do sentido. Do nosso ponto de vista, 0 sentido deve ser considerado a partir do funcionamento da linguagem no acontecimento da enunciagdo. E € este 0 objetivo principal deste livro: estabelecer as condigdes para se tratar a questo do sentido no acontecimento da enunciagao. Ao mesmo tempo, interessa-nos constituir um percursg histéri- co que nos leve 4 questao da enunciagio. E isto sob dois aspectos: 1) per- correr um caminho que mostre as incertezas da consideragao do sujeito na linguagem; 2) percorrer um caminho que tenha produzido conceitos e descrigdes que interessem, de algum modo, a um tratamento enunciativo do sentido. 2 Quanto ao primeiro aspecto, vamos procurar mostrar como a semAntica, a partir do corte saussureano, vem lidando com os limites do objeto af constitufdo. A semantica tem procurado sempre lidar com trés exclusdes saussureanas: a do sujeito, a do objeto, a da historia. Note-se que as semAnticas lingiifsticas tém considerado a nogio de sentido, ou significagdo, sempre como uma relagio envolvendo algum dos elementos desta tripla exclusao. Quanto ao segundo aspecto, vemos que, a partir do final do sécu- lo XIX, ou na lingiifstica, ou na filosofia, vém sendo constituidos conceitos que, de algum modo, tém construfdo um certo campo de preocupagées vis- tas como de natureza semAntica, Este campo de preocupagoes, e os con- ceitos constitufdos giram em torno das trés exclusGes saussureanas. 11 3 De nossa parte esperamos, a0 fazer este percurso, modo de tratamento enunciativo do sen astituir, um conjunto de filiagdes, que uma no bem semantica como dissemos, un como tragar uma histéria, enunciativa pode reivindicar para sI. Entre estas filiagSes vamos traze: stas filiagdes vamos yer desde logo a 5 semantica le Michel Bréal. Uma seméntica que era uma lingiifstica geral, bém histérica, mareada pelo historicismo do século XIX ps ora tam- registre-se desde ja o que podemos chamar de sua conce oa 0 lado disso mento subjetivo na linguagem. Concepgao que nao pode Pe Ole. vista como decisiva para a concepgio benvenistiana da inters cee eee portanto para as colocagdes enunciativas de Benveniste eee I A SEMANTICA COMO DISCIPLINA LINGUISTICA 1 Desde a antigilidade, encontramos consideragées sobre a lin- guagem, feitas no interior da filosofia. Entre estas consideragGes, podemos lembrar as da retérica ou as de Platdo, no Cratilo, que poem, desde entdo, o debate entre uma Posigdo que trata a linguagem como motivada, e outra que a trata como nao motivada, Nesta linha as consi- deracGes sobre a linguagem sfo, em geral, de cardter semAntico, dizem Tespeito ao que podemos chamar hoje de sentido. Ao lado disso temos os estudos de linguagem feitos pelos gramaticos latinos, por exemplo, ou pelos gramaticos hindus, como Panini. Mais tarde podemos lembrar a gramatica de Port-Royal, que pas- sou a ser decisiva para questdes de linguagem. Mas € no século XIX que a semAntica se constitui como disciplina dingiifsticg. Um dos marcos desta constituigio é a obra de Bréal, notada- mente seu Ensaio de Semantica, publicado em 1897. E bom lembrar que o termo semdntica foi inicialmente usado num artigo seu de 1883, “Les Lois Intelectuelles du Langage. Fragment de Sémantique”. Duas coisas devemos guardar deste texto (aspectos que se mantém no decorrer da obra de Bréal): 1) as questées de significagio nao podem ser tratadas pela via etimoldgica, mas pela considerag4o de seu emprego; 2) € preciso considerar a palavra Nas suas relagdes com outras palavras, no conjunto do léxico, nas frases em que aparecem. Sobre este segundo aspecto, gostaria de citar uma Passagem de seu artigo: * Considera-se em demasia as palavras isoladamente. E muito fécil tomar uma palavra a parte tracar sua histéria, como se ela nao tivesse sido coagida, realgada, ligeiramente nuangada ou completamente transfor- mada pela outras palavras do vocabulério, no meio das quais ela se encon- tra colocada e das quais recebe a influéncia proxima ou longinqua. Tomar uma palavra a parte € um método quase tao artificial quanto dar, como se € obrigado fazer em fonética, a histdria de uma vogal ou de uma consoante. As letras no tém existéncia sendio nas palavras, as palavras nao tém existéncia sendo nas frases.”(1883, 133) 13 Um outro marco da cons tui gio da semantica esta na lingiifstica alema, Karl Reisig, nos anos 1830; inelui a semasiotogia, ao lado da sin. taxe e da morfologia, como parte da gramatica. Quase da mesma época é Ouline of Sematology (1831) de Benjamin Smart’. 2.No contexto da lingiifstica comparada do século XIX, Bréal considera que a transformagaio historica nio pode ser tratada como se dando automaticamente, seguindo leis necessarias*. E isto porque, para ele, hé sempre que se considerar 0 sentido da linguagem para se poder tratar suas transformagoes. Assim, opondo-se ao naturalismo do século XIX, Bréal constitui a semantica como disciplina das significagées, que de um certo modo ele configura como uma lingiiistica geral. Ou seja, para ele nao h4 como tratar a linguagem sem cons iderar a Significacao, ‘A semintica € 0 estudo da linguagem, no que diz respeito ao que nao é fonético. Interessante a este respeito é seu “De la Forme et de la Fonction des Mots”, texto apresentado em 1866 no Collége de France, Esta posigdo ele a assume na linha da de Paul Ackerman que dividia a gramética em ideologia e fonética. Para Bréal a semantica se ocupa, inclusive, do que se inclui na sintaxe e na morfologia. Estes aspectos sao tratados a partir de sua significagio, que ele considera como o fun- damento de sua constituigao. Lembremos aqui a explicagao que ele da para a passagem do latim, lingua sintética, para as linguas romnicas, lfnguas analiticas. Todos sabemos que esta questao envolve o desaparecimento dos casos e 0 desen- volvimento das preposigdes. Uma das explicagdes para esta questdo diz que o enfraquecimento dos finais de palavras e 0 acento ténico levaram ao desaparecimento dos casos e que isto levou ao desenvolvimento das Preposig6es, resultando, entdo, uma mudanga de padrao gramatical das linguas. Para Bréal, ao contrério, a explicagio € semAntica, e a partir do momento em que comega a tratar das leis intelectuais da linguagem con- sidera esta questdo ligada ao que ele chama lei da especialidade. Retomemos 0 raciocinio de Bréal em “De la Forme et de la Fonction des Mots”. Colocando a questio, comega por dizer: “Todo mundo sabe que uma das principais caracteristicas que distingue as linguas romanicas do latim € a perda da flexdo casual dos nomes e dos adjetivos. Se pergunta- | Sobre a historia da constituigio da semantica no final do século XIX ver 0 texto Sémantique” (Auroux, Delesalle, 1995), no prelo. 2 Nao se pode esquecer aqui que a semantica tem sua repercussio no Brasil logo no inicio do século XX, com a publicagdo por Pacheco Silva Jt (1903) de Nocaes de Semdntica Nesta obra vé-se que ele considera a significagao de um ponto de vista nao naturalist®, como Bréal, € traz uma posicio para quem a lingua, de algum modo, “regula” suas trans- formagées por um movimento de cri de ele- ctiagdo de novos € desaparecimento de mentos existentes, Por esta via ele Sata % foge a i ingiistica, tio propria do historicismo do séeulo XIX. C2" 8 tleologia da mudanga linguist 14 mos donde vem esta mudanga, a observagao externa nos mostra duas causas: a pronuncia e€ 0 acento t6nico. Corssen demonstrou que, proximo do fim do império romano, 0 0 e 0 u acabaram por confundir-se. Do mesmo modo os sons e e i aproximaram-se de tal modo que tornou-se dificil distingui-los. Por outro lado, 0 s comegou a se destacar do fim das palavras, como 0 provam as antigas inscrigdes latinas e a versificagéo do tempo de Enio. Enfim o m final tinha tao pouca consisténcia, como o provam igualmente as inscrigdes e como a eliséo o demonstra suficiente- mente. Compreende-se que, como conseqiiéncia destes diversos defeitos de prontincia, a barreira entre os diferentes casos acabou por romper-se tornando-se quase impossivel distingui-los” “A outra causa que nos indica a observagao exterior relaciona-se ao acento tdnico. Gaston Paris mostrou muito bem que o acento latino, que j4 no mais antigo perfodo da lingua parece ter sido de uma grande forga, nao parou, nos séculos seguintes, de ganhar em intensidade. Mas como uma regra particular a lingua latina estabelece que ele caia sempre sobre a pentiltima ou antepentiltima silaba, a sflaba final ressentiu-se desta vizinhanga e perdeu em sonoridade tudo o que ganhava a vogal acentua- da. Disto resulta que as linguas romanicas, como o italiano ou o provengal, deixaram de distinguir as flexGes casuais, e que o francés chegou a suprimir as sflabas finais ou tornou-as mudas.” (1886, 257-258) Feita a descrigéo da explicagio dada em geral para esta mudanga, Bréal contrapoe-se a ela pelas razdes que seguem. “Estou longe de contestar a exatidéo e a importincia destas razdes. Mas estas so, se posso falar assim, causas segundas que, por sua parte, precisam ser explicadas por uma causa de uma outra ordem. Reconhecemos que a prontincia e o acento determinaram a perda das flexdes: mas cremos que a despeito da proniincia e do acento, as flexdes teriam subsistido, se elas fossem ainda necessérias 4 lingua latina. Quando se vé com que arte instintiva os germanos souberam manter a ordem no seu sistema fénico, apesar do abalo profundo que a lei de substituigdo das con- soantes tinha produzido, € dificil admitir que a confusio de que falamos acima tenha sido um mal irremedidvel. Quando observamos, por outro lado, que malgrado a influéncia do acento as linguas romanicas mantive- ram em geral suas flexdes verbais, tem-se dificuldade em admitir porque as desinéncias casuais deveriam necessariamente sucumbir.”(1886, 259) Feita esta contra-argumentagao, Bréal mostra que preposigao e casos conviveram durante séculos, em seguida ao que conclui: ‘Nao é, pois, como se diz as vezes, para substituir os casos desaparecidos que se recorreu as preposigdes: as preposigGes, empregadas desde tempos imemoriais, minou lentamente a existéncia das desinéncias casuals. A prontincia e 0 acento ténico acabaram por fazé-las desaparecer. Mas jamais isto ocorreria com estes servidores do pensamento, se a forga que 0s fizera viver, ou seja, a significacao, nao se lhes tivesse sido primeiro retirada.” (1886, 262) 15 jo semantica é, mais tarde, no Ensaio de Seméantica, > da lei da especialidade. Ou seja, diante de vériag Nesma coisa, uma delas se especializa em realizar tal sto torna possivel 0 seu desa- apresentada como a formas que faziam am fungao, tornando as out parecimento.(Bréal, 1897, 25) as desnecessatias. 3 Asemantica, na construgio de Bréal, é uma disciplina lingiifs. tica, ou uma lingiifstica, que considera a linguagem como fendmeno humano, portanto histdrico. Por esta via, 0 nascimento da semantica é uma ruptura com uma posigio naturalista que considerava a linguagem como organismo, como um quarto reino da natureza. Bréal faz essa ruptura considerando que a transformacao na linguagem se dé pela intervengio da vontade do homem. Segundo ele a mudanga € produto da vontade e da inteligéncia. Bréal nos diz. que a lin- guagem representa um actimulo de trabalho intelectual, sendo cons- trufda pelo consentimento de muitas vontades, do acordo de muitas vontades, “umas presentes e atuantes, outras desfeitas e desapareci- das.”(Bréal, 1897, 197) Para Bréal, a vontade nio é um fendmeno consciente, nem instintivo, “€ vontade obscura e perseverante.”(idem, 19) Quanto a inteligéncia, ele a considera, tal como Taine, como a faculdade do co- nhecimento humano e que se baseia no funcionamento do signo. Assim a historicidade nao é a relago entre algo num momento e isto transformado num momento posterior, cuja transformagio se deu neces- sariamente pelo modo como uma lei estabeleceu. Para Bréal a mudanga se da pela intervengao da vontade, ou seja, ha algo do sujeito que produz a mudanga. E esta mudanga se dé segundo algum modelo da prépria lin- guagem. Para ele a analogia € o principio de seu funcionamento, ou seja, 0 principio de funcionamento da linguagem esta nela mesma. E assim é porque a mudanga é sempre algo relativo, fundamentalmente, a significagio. Uma outra questdo que interessa observar em Bréal € a relativa a subjetividade na linguagem, O que ele chamou de elemento subjetivo. No seu Ensaio de Semantico ha, como se sabe, um capitulo cujo nome é “O Elemento Subjetivo”. O que basicamente interessa, neste caso, € ver como © aspecto subjetivo da linguagem € representado por palavras, membros de frases, formas gramaticais e pelo plano geral de cada lingua. Ou seja, as Ifnguas tém as marcas dos elementos subjetivos. Nesta perspectiva € que ele procura mostrar como advérbios, modos e tempos verbais, Pronomes pessoais, entre outros, sdio elementos que marcam a presenga do elemento subjetivo quando se fala. A lingua tem formas préprias para expressar 0 elemento subjetivo, Por outro lado, frisemos desde j4, 0 fato de Bréal considerar que a linguagem marca, e mais que isso, produz 0 desdobramento da perso- 16 nalidade humana, pois quando se fala, quem fala intervém no drama que € a linguagem & maneira como fazemos nos sonhos “quando somos ao mesmo tempo espectador interessado e autor dos acontecimentos”( idem, 143), sendo esta intervengao 0 aspecto subjetivo da linguagem. Como, no conjunto, o aspecto subjetivo esté ligado a vontade, podemos ver aqui a via de sua filiagdo a Condillac. E é esta via que o leva a considerar 0 elemento subjetivo como o fundamental da linguagem, ao qual se acrescem os demais. E é também nesta linha vindo de Condillac, passando por Taine, que a semAntica se constitui como uma disciplina histérica, por se considerar que a linguagem é feita de signos, ou seja, que seu carter fundamental é simbélico e nao natural. 17 I O CORTE SAUSSUREANO E A SIGNIFICAGAO 1 Ao constituir a lingua como objeto da lingiiistica, Saussure (1916), no Curso de Lingiiistica Geral, deixou para a fala o individual, 0 subjetivo. Segundo ele também, o que diz respeito 4 vontade e a inteligén- cia. Ao mesmo tempo dé as relagées internas o carater definidor para a lin- gua. Ou seja, a lingua é constitufda de signos e estes se definem pelas relagdes que tém entre si, sem recurso a nada que seja exterior. Rompe-se, assim, com a posigao historicista do século XIX. O que importa, funda- mentalmente, nao sao as relagGes sucessivas no tempo, mas as simul- taneas. O primado € o da sincronia da lingua. Ou seja, tal como em Bréal, 0 principio de funcionamento da lingua diz respeito somente a ela propria. Nao estou com isso dizendo que a constituigao do objeto em Bréal € 0 mesmo que em Saussure. Veja-se inclusive que Saussure coloca a agao da vontade e da inteligéncia na fala. 2 Como sabemos, Saussure considera que 0 que interessa € 0 valor de um signo, ou seja, 0 que nele nao é outro signo. Tudo no signo é relativo ao conjunto de signos de que faz parte. Nao porque os signos se definam por antecedéncia e depois entrem em relago, mas porque sio signos pelo que sao as relagGes do sistema que é a lingua. , E estes signos sao entidades de duas faces, 0 significante e 0 sig- nificado, ou seja, a questo da significagao fica posta também como uma questo das relages internas ao sistema. O significado de um signo € 9 que 0s outros significados ndo sao. Ou seja, a significagéo nao € uma relagiio de representagao de um signo relativamente ao mundo, aos objetos. A signifi- cacao nao é, de forma nenhuma, a relagado com objetos fora da lingua. . O corte saussureano é a “culminancia” bem sucedida teorica- mente de uma histéria de exclusio do mundo, do sujeito, por tratar a lin- guagem como um percurso s6 interno: a linguagem expressa 0 pensa- 19 s, ser posto numa linha de filiagdo que vem de Port-Royal. Nao se pode deixar de lembrar um. princfpio de Port-Royal, segundo o qual se vai das idéias aos objetos reunindo varias idcias emuma eae compreensio superior ¢ de menor extensa Ou sea no € diffe woe eno este principio abre 0 caminho para a exclusio do mundo nas des de significagao'. : : Por outro lado, Saussure afirma o carater social, coletivo da lingua, como 0 que esta em todos, nao incluindo no objeto, portanto, seu carater histérico, tanto no sentido do historicismo, do século XIX, quanto em outro qualquer. Saussure suprime as relagdes de transformagao como objeto da lingiifstica, mas suprime também qualquer relagao da lingua com algo que Ihe seja exterior. O exterior (0 mundo, 0 sujeito, as relagdes entre sujeitos) fica como aquilo a que se nega o cariter de objeto da lingiistica, O que ha de significaga0 no seu Curso € 0 que hd de codificado como significado, mento, Saussure pode, pol rel 3 O corte saussureano exclui o referente, 0 mundo, © sujeito, a historia. A semantica de nosso século vem procurando repor estes aspectos no seu objeto. O corte saussureano exclui e da o quadro de pertinéncia para 0 exclufdo. A questo € como inclui-lo. E isto sé pode se dar a partir deste mesmo corte, que ao formular-se escapa da hipotese de que a lingua expres- sa 0 pensamento, pois o signo de Saussure (lembrar 0 conceito de valor) no admite um pensamento noutro lugar que se expresse pela linguagem. amas TO impacto desta questio sobre a constitui anti e Delesalle (1995), no texto “Sémantique’ i*8° 42 Seméntica € tratado por Aurel 20

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