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Poder Judielirlo da Paraiba 2" Vara Civel de Campina Grande PROCEDIMENTO COMUM CIVEL (7) 0806022-20.2018.8.15.0001 Iindenizaed0 por Dano Material, Indonizagto por Dano Moral, Honortios Advocatlcos} AUTOR: ANDRE LUIZ VALADARES ARAUJO REU: GOL TRANSPORTES AEREOS SA SENTENGA, Vistos etc. Trala-se de AQAO DE INDENIZAGAO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS movida por ANDRE LUIZ VALADARES ARAUJO em face de GOL ~ TRANSPORTES ‘AEREOS SIA, todos amplamente qualificados nos autos. Petigdo inicial (ID 13684054), na qual 0 autor informa que adquiriu um bilhete aéreo junto a demandada, porém, ao chegar no aeroporto para realizar o check-in foi informado que o voo havia sido cancelado, motivo pelo qual fol reacomodado em novo vo no dia seguinte. Requereu indeniza¢ao por danos morais e materiais. Citagao efetiva (ID 17738324) ‘Audiéncia inaugural de conciliagao com resultado infrutifero (ID 18419575). Contestagao (ID 18891515), na qual o réu alega que houve uma alteraco do voo por ‘motivos de reestruturagao da malha aérea, tendo essa alteracao sido informada com antecedéncia ao passageiro, motivo pelo qual nao ha que se falar em danos morais ou materiais, dado o cumprimento & Resolugao n° 400 da ANAC. Impugnagao a contestagao (ID 19725518). Requerimento para julgamento antecipado da lide formulado por ambas as partes (ID 26739330 e 26876932). Breve relatério. Passo a decidir DA FUNDAMENTAGAO. ‘Trata-se de demanda em que se discute responsabilidade por alteracao unilateral de passagem aérea. Resta incontroverso nos aulos que o autor adquiru originalmente uma passagem ‘aérea perante a cia aérea demandada para 0 seguinte trecho: Sao Paulo (GRU) > Joao Pessoa (JPA), voo 1534 programado para o dia 09/03/2018, com partida as 22h45 e chegada ao destino final as 01hSS do dia 10/03/2018. Ocorre que o referido ‘voo foi alterado pela cia aérea e o autor s6 tomou ciéncia da alteracdo no balcdo do check-in na noite do dia 09/03/2018, Em razao da alteragao, a parte demandada reacomodou o autor no voo 1092, com saida as 06h50 do dia 10/03/2018, conexdo no Rio de Janeiro (GIG) as 08h40 e chegada ao destino final (JPA) as 11h41. Também resta incontroverso que a parte demandada ofereceu ao autor hospedagem até o ‘momento do novo voo. A questo controversa nos autos cinge-se em saber se a alteragdo do voo objeto da lide foi informada ao autor, no prazo previsto na Resolugao 400 da ANAC, bem como 08 motives pelos quais se deu essa alteragdo (ordem da torre de comando para reestruturagao da malha aérea ou motives técnicos operacionais) Num. 32271871 - Pag. 1 ero odes: 207113474 ODIEDOODOZZBK Scanned with CamScanner realiza¢ao de um check-in. réu, Por sua ve al 7 Bre eee 842 Vez, Informa quo a alterago do voo fol previamente informada ao autor antecipagao do voo, com a a demandado nao explic “URA". Por sua vez, a tela de sistema consta comprova que a pos: Resolugao n° 400 da ANAC. O demandado, 0 ; + assim, descumpriu o énus probatério Previsto no artigo 373, Il do CPC/2015, No caso de alteragao do contrato de transporte aéreo por parte do transportador, spe a Resolugao 400 da ANAC: Art. 12. As alteragées realizadas de forma programada pelo transportador, em especial quanto ao horario ¢ itinerario originalmente Contratados, deverdo ser informadas aos passageiros com antecedéncia minima de 72 (setenta e duas) horas. § 1° 0 transportador deverd oferecer reembolso integral, devendo a | - informagao da altera deste artigo; e |I- alteragao do horério de partida ou de chegada ser superior a 30 (trinta) minutos nos voos domésticos e a 1 (uma) hora nos voos internacionais ©m relagao a0 horério originalmente contratado, se 0 passageiro nao concordar com 0 hordirio apés a alteracao. § 2° Caso 0 passageiro comparega ao aeroporto em decorréncia de falha ha prestagao da informacao, 0 transportador deverd oferecer assisténcia ‘material, bem como as seguintes altemnativas a escolha do passageiro: | reacomodagao; I1- reembolso integral; e |Il- execugao do servico por outra modalidade de transporte. as allemativas de reacomodagao e escolha ser do passageiro, nos casos de: 1980 ser prestada em prazo inferior ao do caput Na hipétese dos autos, 0 autor afirma que s6 foi cientificado na noite do dia 09/03/2018, no momento do chack-in. Assim, caberia & parte ré, detentora de inegavel capacidade técnica, apresentar a contraprova da comunicagao da alterago do voo dentro do prazo previsto na resolugao da ANAC, o que nao o fez. Ademais, a tela de sistema constante na contestagao, sem qualquer detalhamento do que significa, em nada acrescenta a demanda. ‘Outrossim, em consulta ao sistema VRA da ANAC referente ao voo 1534 programado Para o dia 09/03/2019, consta que o cancelamento ocorreu por motivos técnicos operacionais. De acordo com o registro de voo, que pode ser consultado no site , por meio do sistema VRA, 0 voo 1534 foi cancelado pelo motivo “XN", que, no glossario da ANAC, significa “Cancelamento por motivos técnicos Assim, trata-se de fortuito interno, que nao exclui a responsabilidade do fornecedor porque faz parte dos riscos da atividade desenvolvida pela promovida, nao ocorrendo 0 rompimento do nexo causal. Restando, portanto, demonstrado os Pressupostos para a responsabilizacao civil da parte ré, reputa-se ocorrido o dano moral em face da promovente. ‘Asinado eltnicamenta por LEONARDO SOUSA DE FAVA OLVEIRA 199772020 1947.38 top i us ri eProcaso/CanastaDecumetaa View sean?4-20071313473454000000000022834 Num. 32271671 - Pag. 2 5 humero co document 2007193473454000000030022034 Scanned with CamScanner Causalidade, o que restou evidenciado, stesaea 3D poset area falta da prestacdo de servis por parte da companhia Surpresa, demons deseererdimentos que o dano moral nestes casos decorre da our . desconforto, aflirao e dos transtomos suportados pelo passageiro, ‘se exigindo prova por ser considerado in re ipsa. Yale nesse sentido: “A responsabilidade da companhia aérea ¢ objetiva, pois © = corrente de alraso de voo opera-se in re ipsa. O desconforto, a aflggio © ranstomos suportados pelo passageiro nao precisam ser provados, na medida em cu caiom do préprio fato" (AgRg no Ag 1.323.800/MG, Relator Ministro Raul ‘Apesar do recente julgado proferido pelo STJ no REsp 1.584.465-MG, julgado em 13/11/2018 @ veiculado no informative 638 com a tese de que “Na hipétese de alraso de voo, nao se admite a configuragéio do dano moral in re ipsa", hd que se considerar a ratio decidendi a fim de afasté-lo do caso concreto. No inteiro teor ficou consignada que, outros fatoros devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real ocorréncia do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do Passageiro, da leso extrapatrimonial sofrida. As circunstancias que envolvem o caso Concreto servirao de baliza para a possivel comprovagao e a consequente Constatagao da ocorréncia do dano moral, como por exemplo I) a averiguagao acerca do tempo que se levou para a solugao do problema, isto é, a real duragao do atraso; I!) Se a companhia aérea ofertou alterativas para melhor atender aos passageiros; Il) se foram prestadas a tempo e modo informagées claras e precisas por parle da companhia aérea a fim de amenizar os desconfortos inerentes ocasiao; IV) se fol oferecido suporte material (alimentacao, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerdvel; V) se 0 passageiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder ‘compromisso inadiével no destino, dentre outros. Na hipétese dos autos, nao se trata de mero atraso de voo, mas de cancelamento inesperado, informado ao passageiro apenas no momento do embarque, sujeitando-o aos mais diversos transtomos, além de compeli-o a realizar o trajeto somente no dia seguinte, postergando em demasia a chegada ao destino final. Assim, no caso concreto, ainda que se considere que nao se trata de dano moral in re ipsa pela invocago do novo julgado do ST, as circunsténcias que envolveram 0 caso denotam inequivocamente danos a honra objetiva e/ou subjetiva da parte autora, mister 0 arbitramento de valor indenizatério proporcional aos danos suportados. ‘Ademais, trata-se de descumprimento do dever de informagao previsto na Resolugao 400 da ANAC, conduta que deve ser rechagada pelo poder judiciario, pois coloca o cconsumidor em posi¢ao de desvantagem. Quanto a fixago do quantum, se faz necesséria a observancia de alguns parmetros — apontados tanto pela doutrina, como pela jurisprudéncia -, dos quais o juiz, quando da fixagao da indenizagao por danos morais, ndo pode se olvidar. Dada @ alta carga de subjetividade conferida a matéria, 0 juiz deve-se valer do bom senso e da proporcionalidade, valendo-se da andlise das circunstancias gerais especificas do caso concreto, aferiveis a partir de critérios como a condicdo socioeconémica das partes, 0 grau de culpa do ofensor, o grau de sofrimento do ofendido (honra subjetiva), a repercusséo do dano perante a comunidade (honra objativa) etc. Frise-se que, ainda que os danos sejam substancialmente lesivos, o valor arbitrado nao poderd servir de fonte para o enriquecimento ilicito da parte ofendida, e, ao mesmo tempo, devera ser apto a desestimular 0 ofensor a reiterar a conduta danosa ‘Asinado eaberieamarte por LEONARDO SOUSA DE PAIVA OLIVEIRA- 11072020 1347.36 happy $p0lusbe €OpeProcesso!CansutaDocumeil ew sear?x=20071319473454000000090922834 FES nero do documento: 207131347 34500000009082284 Num. 92271671 - Pag. 3 reeset Scanned with CamScanner com snecede ecimento de voos spausados com o cancelammen final sens i foram expostag seen nal em cerca de 10 (des) nage de extraPaltimonial, a indenizayae ne Valor danos morais re reconhecer o dano material no . Cujo pagamento dar-se-d de forma simples, uma ese do pardgrafo Unico do artigo 42 do CDC, pois langada pelo réu. DisPositivo Por todo 0 exposto, acolho a pretensio autoral, © nos termos do art. 487, |, CPC/2015, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE & demanda, condenando a parte F000 nase Pagamento de indenizagao pelos Danos Morale ne importe de RS :000,00 (cinco mil reais), além de danos Materials oe valor de R$ 40,00 (Guarenta reais), a ser pago de forma de simples, tudo om fave: do autor. i netariamente a partir deste ato pemencial, conforme simula 362 do STU, incidindo, ainda, sobre g base, juros moratérios de 1% ao més a contar da citagao, A importancia do dano material seré corrigida monetariamente desde a data do efetivo Breluizo, conforme stimula 43 do STJ,incidindo, ainda, sobre a bese, juros moratérios de 1% ao més a contar da citacao, considerando que utora decaly de parte minima do pedido, condeno a parte {9-20 begamento-das custas processusis, bem como em honorérios advesntaoe 9s ‘uals arbiiro em 20% (vnte por conto) sobre o valor da condenacig, co observancia oar. PC/2015, Publicagao e registros eletrénicos. Intimem-se. Transitada em julgado e nao cumprida voluntariamente a obrigagao pelo vencido, infine Se 0 autor para dar inicio ao cumprimento de senlonga, natorma on, prazo do art. 523, CPC/2015, sob pena de arquivamento. Campina Grande, data e assinatura eletrénicas, Leonardo Sousa de Paiva Oliveira -Jutz de Direito racer ttericanenia por LEONARDO SOUSADE PAVAOLVEIRA 121/220 1047.98 nee srole tePecenstConaitaDocumenit vw eC? 3375 0onOOR OEE "Némero do coeur: 20713134734S400000C0ne9zzaa4 Num, 92271671 - Pig. Scanned with CamScanner

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