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Capitulo 4 Lajes mistas + Lajes mistas 4.1 - Campo de aplicagao Este capitulo aplica-se a lajes mistas de ago e concreto de edificagées, constituidas por uma forma de ago e pelo concreto moldado no local. O concreto pode ser de densidade normal ouleve. Lajes mistas de ago e concreto, também chamadas de lajes com férma de ago incorporada, so aquelas em que a forma de ago é incorporada ao sistema de sustentagao das cargas, funcionando, antes da cura do concreto, como suporte das agdes permanentes e sobrecargas de construgao e, depois da cura, como parte ou toda a armadura de tracdo da laje. Aforma de ago deve ser capaz de transmitir © cisalhamento longitudinal na interface ago- concreto por meio de (Figura 4.1): - ligag&o mecanica por mossas nas férmas de ago trapezoidais; - ligagdo por atrito devido ao confinamento do concreto nas formas de ago com cantos reentrantes. Nao é permitide que a aderéncia quimica natural entre ogo e 0 conereto seja considerada na transmissdo do cisalhamento longitudinal. Outros meios para garantir 0 comportamento misto, além dos descritos acima, podem ser usados, mas nao sero aqui abordados. Dentre esses meios, pode-se citar a utilizagio de conectores de cisalhamento tipo pino com cabega, compartilhados com a viga mista suporte da laje. Constitui escopo deste capitulo situagées onde as cargas atuantes sAo consideradas predominantemente estaticas, incluindo edificios industriais cujos pisos podem ser submetidos a cargas méveis que nao provoquem fadiga. Nao constituem escopo lajes sujeitas a fadiga e em situag&o de incéndio. S&o previstas lajes biapoiadas ou continuas. No caso de sistemas continuos, 0 dimensionamento da laje ao momento negativo deve ser realizado conforme os procedimentos usuais de concreto armado e nao serao abordados explicitamente neste Manual. Neste manual, porsimplicidade, as lajes mistas de ago @ concreto serao denominadas simplesmente lajes mistas. Ocdlculo de lajes mistas envolve a andlise do sistema tanto na fase de construcdo, que nesse caso significa a verificagao da forma trabalhando isoladamente para sustentar 0 peso do concreto fresco e a sobrecarga de construgdo, quanto na fase final ou mista, apos aresisténcia do concreto ter atingido 0,75f,,. clculo da forma de ago na fase de construgao nao envolve consideragées de segdes mistas.e nao constituira escopo deste Manual. Envolve basicamente o dimensionamento de segdes de ago formadas a frio e deve obedecer as prescriges da Norma Brasileira NBR 14762. Usualmente, os fabricantes fornecem, sob a forma de tabelas, a capacidade de carga da forma para um dado vao ou, o que 6 mais comum, 0 vao maximo admissivel da forma para um dado carregamento. a) Forma reentrante Figura 4.1. Lajes com forma de aco Incorporada 4.2- Propriedades principais da laje mista 421Determinagado de propriedades elasticas 4.2.1.1 Momento de inércia da secao fissurada Razéo modular. E/E. (para agbesde curta draco) 3E/E (para agSes de longa duragao) Largura transformada: - b, = b/Mm, onde b € a largura da laje mista, tomada igual a 1000 mm. Neste caso, o momento de inércia é calculado desprezando-se o concreto tracionado. Supondo quea linha neutra elastica (LNE) esteja acima da frma deaco, determina- ‘se a espessura comprimida da laje (a), na Figura 4.2, igualando-se os momentos estaticos das ‘teas acima (concreto) e abaixo (férmade ago) da LNE. - be + 1 Figura 4.2 ~ LNE acima da férma Sendo d,.a distancia de centro geométrico da forma a face superior da laje (Figura 4.3) e A,., @ area da secdo efetiva da forma (correspondente a 1000 mm), determinada desprezando-se a largura das mossas na seco transversal, amenos que se demonstre por meio de ensaios que uma area maior possa ser utilizada (a area da seco efetiva 6 usualmente fornecida pelo fabricante), tem-se: bat =4,/(d,-a) by Fa + Ang @~Agyd =0 Por ser pouco usual, nao se prevé o caso da LNE cortara forma de aco Tabela 4.1 —Calculo das propriedades elasticas cone a |» | an [a Comes [oor ov [cosa | arr [Te i = [owe ian [caer | war Nota: y, 6. dstindia do.e.g, do elemento a0 eixe xox da ermal Posi¢do da linha neutra elastica LNE (em relagdo ao eo x-x da forma) Momento de transformada = Dart Dh-(Sahi inércia da secao 4.2.1.2 - Momento de inércia da secao nao- fissurada Neste caso, todoo conereto, fissurado ou no, é levado em conta na determinacéo do momento de inércia. Procede-se como na segao 421.1, fazendo b, = 6, substituindo A,,, por A,, dada por: Ayan Ane tAC onde A_é a area de concreto dentro das nervuras da forma — d_, nesse caso, deve ser tomado igual & distancia do centro geométrico de A, & face superior da laje. 0 momento de inércia da seco nao fissurada é dado por (SAbi Dy +D4- p 4 Lajes mistas 4.2.2 - Determinagao da resisténcia de calculo A plastificagdo pelo momento fietor 4.2.2.1 - Relagao /argura/espessura da forma para que possa ser atingido 0 momento de plastificacdo total da seco: quando a> 0,5 quando @<0,5 ty a onde: E60 médulo de elasticidade do ago; f, 6 a resisténcia ao escoamento do ago da forma; b, @a largura plana do elemento; t,@a espessura da forma de aco; of 6a relagdo entre a parte comprimida e a largura plana do elemento. Para esclarecimentos, consultar a subsegao Q.3.1.1.4da NBR 8600. 4.2.2.2 - Posigdo da linha neutra plastica (LNP) Considerando os valores de Ne N,, calculados abaixo: N (4 iz 14 fue Arar (&) Se Ney > Nps => LNP esta acima da forma (Figura 4.3), Por equilibrio: fur O85 fu 4 4 Loe 1 ta tare 1 > = RSF, : 14 4.2.23 - Resisténcia de calculo da segao a plastificagdo pelo momento fletor (M,,) Uma vez locada a LNP, tem-se (ver figuras 43¢ 44): My =N,(d, ~0.5a) para LNPacima da forma de ago e Ma, =Nyy+M,, para LNP cortando a forma de ago. onde: y h, -0,5t, -2, +(e, -€)— M., = momento de plastificagao da forma de ago, reduzida pela presenca da forca normal, dada por: M, -u25u,{1 a Jen M,, = momento de plastificagao da forma de ago (considerando a segdo efetiva, usualmente fornecida pelo fabricante), dividida pelo coeficiente de resisténcia igual a 1,1; t, =altura da laje sobre a forma de aco; ‘A, = altura total da laje, incluindo a forma e o concreto; e = distancia do centro geométrico da area efetiva da forma a sua face inferior; e, = distancia da linha neutra plastica da seco efetiva da forma a sua face inferior. dp altura do centro geomstrico da forma metélica férma metalica Figura 4:3 — Distrbugéo de tensdes para momento positivo - nha neutra acima da firma de aco O85fx /Yo O85 [ye ‘da forma metalica Figura 4.4 — Distnbuicao de tensdes para momento positvo - linha neutra corando a forma de aco 4.2.3Determinagao da resisténcia de calculo ao cisalhamento longitudinal Considere a disposigéo mostrada na figura 4.5 de uma laje biapoiada sustentando duas cargas concentradas de igual valor, a uma distancia L,do apoio. © momento fletor maximo é dado por M= VL,. E evidente na figura que o momento resistente 6 M= Tye que a forca de tragdo T é limitada pela resisténcia ao cisalhamento longitudinal na superficie formada pelo semiperimetro superior da segdo transversal da forma e o vao de cisalhamento L, @ pelo atrito nos apoios. Pode-se assumir, semintroduzir erro significative, que 0 brago de alavanca seja substituido por d, e que a superficie seja aproximada por bl, onde atua uma tensao média de cisalhamento longitudinal. CORTE A-A Figura 45 ~ Momento resistente aproximado Com as considerages acima, pode-se dizer que o momento resistente é proporcional a d,e a area bl,, somado a uma parcela relacionada ao atrito nos apoios. Tem-se entao que: 4 Lajes mistas onde k, representa o atrito nos apoios e k, € uma constante de proporcionalidade. Rearranjando-se, vem: kb +kybd,L, Introduzindo-se as constantes empiricas me k, obtidas por meio de ensaios, e dividindo-se por L, ver (ae) Introduzindo o coeficiente de resisténcia, tem- ‘se finalmente: onde: V, »a€ a forga cortante longitudinal resistente de calculo, relativa a 1000 mm de largura da laje, emnewton; b éalargura unitéria da laje, tomada igual 1000 mm, Ls € 0 vao de cisalhamento, em milimetro, conforme explicado adiante; me ksdo constantes empiricas, em newton por milimetro quadrado, obtidas por meio de ensaios realizados conforme uma das seguintes normas ou especificagdes, devidamente adaptadas para asseguraro nivel de seguranca da norma NBR 8800: Eurocode 4 - Part 1-1, CSSBI S2 e ANS/ASCE 3 (no caso das duas ltimas normas citadas, sao necessarias ainda adaptacées para que as constantes me k tenham como dimensao forca por unidade de 4rea, em newton por milimetro quadrado); 7, €0 Coeficiente de ponderagao da resistén- cia, igual ao determinado pela norma ou especificagdo utilizada nos ensaios. © vao de cisalhamento L, devera ser tomado como: ~1,/4 para cargas uniformemente distribuidas, onde L,, 6 0 vao tedrico da laje na direcdo das nervuras; ~a distancia entre uma carga aplicada e o apoio mais préximo para duas cargas concentradas simétricas; ~a relagdo entre o maximo momento e a maior reagao de apoio, para outras condigdes de carregamento, incluindo combinagao de carga distribuida ou cargas concentradasassimétricas. (pode-se também efetuar uma avaliacao com base em resultados de ensaios) Quando a laje mista for projetada como continua, € permitido 0 uso de um vao simples- mente apoiado equivalente para determinagao da resisténcia. O comprimento desse vo pode ser tomado igual a 0,8 vezes o vao real para vaos internos e a 0,9 vezes para vaos de extremidade. 4.24Determinagdo da resisténcia de calculo ao cisalhamento vertical A forga cortante vertical resistente de calculo V, .. €m newton, relativa a 1000 mm de largura, pode ser determinada pela soma das parcelas relativas a forma de ago e ao concreto: 8,2 kN/m?. OK! Para o vao interno tem-se P .. = 0,8x 2500 = 2000 mm, de acorde coma Tabela de cargas do fabricante carga admissivel para esse vao 6 de 13,6 KN/Am? > 8,2 kN/me. OK! 4.5 - Lajes mistas — Exemplo 2 Sera utilizado em um piso de estacionamento uma laje mista com Steel Deck MF-75 de espessura 0,8 mm, ago ZAR-280 (f, = 280 MPa), com altura total de 140 mm, concreto f= 20 MPa e vo isostatico de 2500 mm. Considerar que a carga do veiculo por roda de 10 AN com uma area de contato de 20 cm x 20 cm e que existe um revestimento na laje cuja carga é de 0,5 kN/m? (h, = 50 mm). Solugao: a) Verificagéo ao momento fletor e ao cisalhamento longitudinal Para verificagéo ao momento fletor e ao cisalhamento longitudinal, a carga concentrada ser posicionada no meio do vo da laje, logo L, = 1250 mm. A largura efetiva para a resisténcia ao momento fletor e cisalhamento longitudinal é dada por: 6, =, + 2(t, + h,)= 200+ 2(65+50}= 430 mm ean 1250.) _1680 mm 0) 700— 95 — = 1254 mm = 75463 te 2700: hg tte Para a utilizagao da altura de revestimento nos procedimentos de calculo, deve-se garantir que ‘0 mesmo resista a acao da carga aplicada no Estado Limite Ultimo. Aparcela de carga nominal de servigo relativa & carga distribuida atuante (revestimento) é: Goa = 0.5 KN? Aparcela de carga distribuida equivalente (q,,) felativa a carga concentrada aplicada (F), pode ser obtida igualando-se os momentos fletores relativos a q,, ¢ a carga F aplicada no meio do vao. Salienta-se que a carga Fatua a0 longo da largura efetiva b, =2F(1) Le i) Somando-se as parcelas de carga distribuida carga concentrada, tém-se tat = + 94, = 0,5 + 6,38 = 6,88 kNim?, Conforme calculado no exemplo anterior, a car- ga admissivel para a laje mista é de 7,54 kN/m? > 6,88 KN/m?. OK! b) Vetificac&o ao cisalhamento vertical Na verificagao ao cisalhamento vertical, sera admitido que a carga concentrada encontra-se préxima a um dos apoios, com um afastamento igual a altura total da laje, L, = 140 mm. A largura efetiva para a resist cisalhamento transversal é dada por: b= s0+146(1- 25) «562 mm e 2500 te 2700. Nos apoios, a forca cortante solicitante de cal- culo oriunda das cargas distribuidas (incluindo- se 0 peso prdprio da laje) é: Vi xyy = L40(2.5 40.5) No apoio mais solicitado, a forga cortante de calculo relativa a carga concentrada, ao longo da largura efetiva b.,, é dada por: Vesia = 25-0141 1,5x19] —s 25 0,562 )- 25,20 kN i m Somando-se as parcelas de carga distribuida e carga concentrada, tem-se: V, sat * de V, 42 5:25 + 25,20= 30,45kN/m Aresisténcia da laje mista ao cisalhamento ver- tical é a soma das resisténcias ao cisalhamento do concreto e da forma de aco. Tém-se, a se- guir, a determinagao de cada uma dessas par- celas: - Forga cortante vertical resistente de cdlculo do concreto mI Lajes mistas _ 10007, £, (12+ 40p)4, 4 = K,= 1,0 (nao ha armadura de tragao no interior danervura). A area de concreto resistente, determinada conforme Figura 4.6 é dada por: srs us)iio 21420 mm? _ 1000x0,28x1,0(1,2 + 40x0)21420 _ ee 274 2626" m = 26,27 kN /m - Forga cortante vertical resistente de calculo da forma de aco De acordo com o Manual Técnico do fabricante, a forga cortante vertical resistente de calculo da forma de ago é de 40,2 kN/m. A forga cortante vertical resistente de calculo da laje mista é, portanto: (oat tot SV 1000x0285 7.4, _ 1000x0,285V 2021420 _ 4, 214 99639 V’ = 99,64 kN ¥ 10,24 26,27 = 66,47 KN (m > 30,45 KN OK! nd ¢) Armadura de Distribuigéo A armadura de distribuigao posicionada transversalmente as nervurasda forma de ago, deve prolongar-se ao longo da maior largura efetiva (b,,, = 1254 mm). © momento fletor transversal solicitante de calculo é dado por: 50 359 1480 en FP _ SM0M,254 =0,864Nun/ m <= sw 151,45 Mass= MMO" Fy 15a0x0,562 oie = SONS MO = 0,39kN.ml m ISw 151,45 A armadura de distribuicgéo para uma largura correspondente a 1000 mm deve ser determinada conforme os procedimentos de calculo estabelecidos pela NBR 6118. d) Puncao A forga cortante resistente de cdloulo pungdo é dada por: ei SU d,Tay tem-se que. Alo, +b, + 4h,)4 2d, +(2-2).] [(200 + 200+ 4x50) + 2x103+ (7 2)65]=1760 mm d, +1, 03465 the 103465 _ 94 yim 2 2 [200 200 1+ J =14 J =254>20 > d, “wo De acordo com a Tabela de Cargas do fabricante, a area da forma de aco referente a 1000 mm é de 1112 mm?, logo a area da forma de ago referente @ largura (b, +2h,+3d,), pode ser determinada da seguinte maneira: 1112.2(0,2+2:0,05 + 3x0,103) = 677 mm? Supondo a utilizagao de uma tela Q-92(A,=92 mm?/m), t8m-se as seguintes taxas de armadura nas direcdes longitudinal e transversal a forma, referentes as larguras (b,+2h,+3d,) e (b+2h+3d,), respectivamente: Apt Ay _ 6774+92x(0,2+ 210,05. P= d,(b, +2h,+3d,)—— 103x{200+ 250-4 92x{0,2+ 2x0,05 1,5 + 2h, +3 65x(200+ 2x50+ 33103) p= PrP, = JOO1ITS0,0014 = 0,040 < 0,02 ‘Tem-se, portanto: P. T pz = 013K, (LOOAL, )F 20,30 fF, Tay = 0.13x2,0(1000,004x20 )s = 0,52 N'/ mm? 20.3. La 0,33 N/mm? V, ny =1760284x0,52 = 76877 N = 76,88 kN >1,5010=15 kN OK! istas Lajes m [au TWH) eure eIsOdeAIOS CBD o0ez oo us9z cov vOsZ ooPZ avcz moze (uuu) 05-3980 1ee¥s woo eisiM fe ED SOEA Geuon) ‘ro19ut owowow, Tu onc ose Cosy (uy Cums) ¢ josuerea odin oxdna serduis| owouioosa wos SOUIEN SOA eaW 082 = 5 ORC AVZ OY ( ,W/Ny) sewIxXeW seysodaigog seBied ap ejaqeL 09-4W MOG 1443s IW] Suen Eisodeog CORD Gunen Gane QUE OSHE OOO o06z ooeZ omLz DZ onz el onde losueres oldu ovdng serduns owauesoosa uuu) sam 0a 198%s wo e9sHN sf EP SOBA woo 0504 twos SOWNrEN SORA Pd 08% = “I~ O8T-UVZ OW (uni) seuxen sersodeiqos seep ep ejoqeL $L-4W MAG 1341S

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