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pn (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: ... Page 1 of 11 i : 2 Talsen GHEE) abies ws ae (atticles partes search — TAC eal ogee Estudos de Psicologia (Natal) | services rin ISSN 1413-294X | Estud. prio (Natal volt mo.3 Natal Sept/Dec. 2006 jad ceba mote Atco POF oat, ro: 20-s90151613-296x70N8000300010 eens ARTIGOS |__| Atle reteronces | 55; cancun Seon | BL Howto ote thi ate Teoria das inteligéncias fluida e cristalizada: inicio | reqeas e evolugao | 2 oes preset | “55 Siren Se€L0 | |S. Automatic translation | The fluid and crystallized intelligence theory: beginnings = | and develo [Soomenmatconverat | Patricia Waltz Schelini Universidade Federal de Santa Catarina respandéncis RESUMO © objevvo deste estudo ¢ apresentar a evolugso da teoria das inteligéncias fluida e cristalizada, Assim, discute- se como a conceps8o de dois fatores gerais, denominados Inteligéncia Fluida e Cristalizada, ou Gf-Gc, fol capaz de concillar modelos de compreens8o da inteligéncia, como os desenvolvides por Spearman, Thorndike e ‘Thurstone. A principio uma representac8o dicot6mica da inteligendia, 0 modelo Gf-Ge sofreu modificagbes desce a década de 1960, sendo sua versio mais recente conhecida como teoria das capacidades cognitivas de Cattell- Horn-Carroll. Condlui-se que a disseminac8o desta teoria permitiré que a inteligéncia seja representada, no por meio de uma capacidade Unica e estética, mas por miitiplas formes e passiveis de estimulacéo. Palavras-chave: inteligéncia fluida; inteligéncia cristalizada; modelo cattell-horn-carroll, ABSTRACT ‘The goal of this study is to present the development of the fluid and crystallized intelligence theory. The conception of these two broad abilities, named Fluid and Crystallized Intelligence factors, or Gf-Ge, is discussed 2s capable of concliating conceptions as those proposed by Spearman, Thornike and Thurstone, Initially @ dichotomous representation of intelligence, the Gf-Gc model was modified since the 1960's and the most recent version is named Cattell-Horn-Carrall theory of cognitive abilities. It is concluded that this model will facilitate ‘and improve the understanding of intelligence not as an unique and immutable capacity, but composed by http://www.scielo.br/scielo,php?pid=S1413-294X2006000300010Rscrint=cri 21/19/20 Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: multiple and modifiable capacities. Key words: fluid intelligence; crystalized intelligence; cattell-horn-carrol's model Inicialmente elaborada como uma representacio dicotémica da inteligéncia, a teoria das inteligtncias fluida (GA) cris-tallzada (Gc) sofreu varias modificagbes que, na verdade, ilustram @ evoluc3o do modelo inicial. presente trabalho busca explicar 0 desenvolvimento do modelo GF-Gc, da década de 1940 até os dias atuais. Panorama histérico [No infcie do eéculo XX, 0 psicélogo britfnico Charles Spearman apresentou a teoria dos dois fatores da Inteligéncia que, também conhecida como bi-fatorial, postulava que o desempenho em qualquer medida de inteligéncia estaria relacionado ao nivel de inteligéncia geral do individuo e habilidades especificas exigidas em cada teste (Alken, 2000; McGrew & Flanagan, 1998; Thorndike, 1997), Assim, durante a resolugo de um problema, dols tipos de fatores estariam presentes: um fator de inteligéncia geral (fator g) e outros fatores tespecificos (Fatores s). O fator de inteligencia geral, subjacente a todas as atividades Intelectuals, representaria uma espécie de energia, com base neurolégica, capaz de ativar a capacidade de realizacdo de trabalhos Intelectuais (Gardner, Kornhaber, & Wake, 1998; Sattler, 1992). Os fatores especificos seriam relatives a uma tarefa especitica, representando particularidades de cada Instrumento (Jensen, 1994). Em 1909, Thorndike, Lay @ Dean analisando a existéncia do fator g em um conjunto de medidas semelhante ao Uulizado por Spearman, concluiram que n8o havia indicios suficientes para sustentar o sistema bi-fatorial (Thorndike, 1997). Thorndike no s6 contestou @ existéncia de uma entidade capaz de explicar varios tioog de desempeno intelectual, como também concebeu a teoria multifatorial, na qual a Inteligéncia seria um produto cde um amplo ndmero de capacidades Intelectuais diferenciadas, mas inter-relacionadas (Sattler, 1992), Uma outra importante alternativa para a teoria dos dois fatores de Spearthan foi oferecida na década de trinta or Louls Thurstone que, utllizando © método da andlise fatorial miltipla, props a existéncla de um pequeno dmero de fatores independentes ou capacidades mentais primdrias: Espacial (fator S ~ Space), Rapidaz de Percepgéo (fator P ~ Perceptual speed), Numérica (fator W ~ Number), Compreensao Verbal (fator V ~ Verbal ‘meaning), Fluéncia Verbal (fator W ~ Word fluency), Meméria (fator M = Memory) e 0 fator I (Inductive reasoning), representando o Raclocinio Indutivo (Almeida, 1988; Gardner, Kornhaber, & Wake, 1998; Sternberg, 1992; Thorndike, 1997). a década de quarenta e, principalmente, nos anos cingUenta e sessenta alguns autores elaboraram conceps5es sobre a inteligéncia, capazes de concliar as abordagens anteriormente citadas. © modelo Gr-Ge de Cattell e Horn em 1942, Reymond Cattell, analisando as correlagées entre as capacidades primérias de Thurstone ¢ o fator 9 da teorla bi-fatorial de Spearman, constatou a existéncia de dois fatores gerais. Alguns anos depois, John Horn confirmou 0s estudos de Cattell e 0s fatores gerais passaram a ser designados como “inteligéncia fuida cristalizada" (Cattell, 1998). 2 inteligéncla fluida (GF - fluid inteligence) est associada a componentes nao-verbais, pouco dependenteé de ‘conhecimentes previamente adquiridos e da infiuéncia de aspectos culturais. As operagBes mentals que as pessoas utiizam frente a uma tarefa relativamente nova @ que no podem ser executadas automaticamente Fepresentam GF (Horn, 1991; McGrew, 1997), Além disso, a inteligéncia fuulda & mals determinada pelos aspectos blolégicos (genéticos) estando, conseadentemente, pouco relacionada aos aspectos culturais (Alken, 2000; Cattell, 1998). Neste sentido, as alteractes org&nicas (como lesGes cerebrais ou problemas decorrentes da mé nutrigéo) influenciam mais a inteligéncia fluida do que a cristalizada (Brody, 1992). A capacidade fuida ‘opera em tarefas que exigem: a formagSo e 0 reconhecimento de conceltos, a identiicagso de relactes ‘complexas, a compraensdo de implicacées @ a realizac8o de inferéncias (Carroll, 1993; Cattell, 1987). Alguns estudos Indicaram que a carga fatorial da Inteligéncia flulda (GF) sobre o fator geral (9) poderia demonstrar uma Uunidade, o que implica em entender o fator g como equivalente & GF (Gustafsson, 1988; Harnqvist, Gustafsson, Muthén, & Nelson, 1994), 5 Por outro lado, @ Inteligéncia cristalizada (Gc ~ crystallized inteligence) representa tipos de capacidades lexigidas na solugo da maloria dos complexos problemas cotidianos, sendo conhecida como “inteligncia social” (ou “senso comum" (Hor, 1991). Esta inteligncia seria desenvolvida a partir de experiéncias culturals e educacionals, estando presente na maloria das atividades escolares. Dal decorre o fato das capacidades cristalizadas serem demonstradas, por exemplo, em tarefas de reconhecimento do significado das palavras http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X200600030001N&scrint=eri 31/1 909N0e Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: ... Page 3 of 11 (Cronbach, 1996). Provavelmente por estar relacionada as experiéncias culturals, a inteligancla cristalizada tende a evoluir com 0 ‘aumento da idade, a0 contrério da fluida que parece declinar apés a idade de 21 anos, devido & gradual degeneracdo das estruturas fisiolégicas (Brody, 2000; Cattell, 1998; Horn & Noll, 1997; Sattler, 2001). Apesar de se desenvolver a partir das experiéncias educacionais © estar presente na maleria das tarefas escolares, Ge nfo pode ser entencida como sindnimo de desempenho escolar. Tal constatagSo fol decorrente de estudos de andlise fatorial, cujos resultados demonstraram que medidas de habilidades relacionadas 4 leiture, matemética e escrita no poderiam ser incluidas junto a medidas de conhecimento verbal (testes de vocabulério ® Informacao, por exemplo) na formacao de um inico fator, Além disso, a curva relativa & mensuraglo da inteligéncia cristaizada difere da relacionada & leitura e 8 matemstica, sugerindo a presenga de uma diferenca conceitual entre Gc e essas hablidades académicas (McGrew, Werder, & Woodcock, 1991; Woodcock, 1990), De acérdo com Undhelm (1982), pessoas poderiam apresentar, entre si, um nivel igual de GFe diferentes nivels de Gc. Isto seria explicado pela extensao da Instrugio ou do esforgo que cada uma teria investico no trabalho académico AAs relagies entre GY, Gc e a realizacdo acad&mica no seriam estavels, segundo Cattell (1987), variando de acordo com fatores Individuals, Incluindo 0 desenvolvimento neurolégico e os anos de escolaridade. Ainda de acordo com Cattell, no inicio da inféncia Gf e Gc seriam proximamente relacionadas, mas comegariam a divergit no final da inféncia e na adolescéncia, McArdle (2001), analisando a relaglo entre as Escalas Verbal e de Execugo do WISC, concluiu que os escores dos subtestes de execucdo tinham um efeito negative nas mudangas dos escores verbals e os efeitos dos verbals sobre os de execuco nfo foram percebicos, Vale ressaltar, no entanto, que apesar de o autor parecer entender que os subtestes verbals do WISC seriam boas ‘medidas da inteligéncia cristalizada e os subtestes de execucdo estariam relacionados & Inteligéncia fluida, ‘estudos como o de Flanagan, McGrew @ Ortiz (2000) indicaram que o WISC, até a sua terceira edigfo, no possui uma boa medida de GY, Posteriormente, Ferrer e McArdier (2004), utilizando dados longitudinais de 672 sujeltos submetidos a Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson ~ Revisada ( Woodcock Johnson Psychoeducational Battery ~ Revised/ W2- 2), concluiram que, no sistema Gf-Gc, as mudancas dependeriam do nivel de desenvolvimento dessas duas capacidades, de modo que niveis representados por pontuagSes médias ou baixas indicariam expectativas de ‘mudangas positivas e répidas em ambas. Quando as pontuagdes eram relativamente altas nas duas ‘capacidades, Gc tendia a aumentar, enquanto Gf tendia a permanecer nivelada. Para escores multo altos em Gf © Ge, a capacidade cristalizada permaneceria constante, enquanto a fluida ciminulria. O mesmo estudo indicou que a capacidade fluida seria fundamental as mudangas no rendimento académleo, principalmente no que diz respelto és capacidades quantitativas. Um dos principals estudiosos da teoria GF-Ge fol John Horn que, ap6s ter confirmado a existéncia de um fator fluido e outro cristalizado, expandiu, em 1965, 0 modelo inicial proposto por Cattell Horn acrescentou 20 sistema Gf-Ge quatro capacidades cognitivas, entre elas: a de Processamento Visual (Gv ~ Visual Processing), Meméria a Curto Prazo (Gsm ~ Short-Term Memory), Armazenamento e Recuperacso 2 Longo Prazo (Gir ~ Long-Term Storage and Retrieval) e Gs (Speed of Processing), representando a Velocidade de Processamento (McGrew & Flanagan, 1998). Posteriormente, duas capacidades foram adicionadas as quatro anteriores: a Rapidez para a Decisio Correta (CDS ~ Correct Decision Speed), cuja existéncia fol constatada no festudo de Horn, Donaldson e Engstrom (1981), e a de Processamento Auditivo (Ga ~ Auditory Processing Ability), Introduzida por Horn e Stankov (1982), A Identiticas8o do fator Gq (Quantitative Knowledge), associado 20 Conhecimento Quantitative (Horn, 1985) e do Grw (Reading & Writing), relacionado & Leitura-Escrita, deu origem a uma nova estruture, a partir do modelo Gf-Ge Inicial, formada por dez capacidades (ver apfndice A). ‘As duas capacidades bésicas, Gfe Gc, bem como’0s outros oito fatores gerels s#o compostos de "capacidades ‘mentais primérias”. Um total de aproximadamente quarenta capacidades primérias explicaria grande parte des caracteristicas individuats de raciocinio, solugo de problemas e capacidade de compreensao (Horn, 1991). ‘A maloria das discussdes sobre 0 modelo GY-Ge focaliza o conjunto das dez capacidades gerais, descritas, anteriormente. Entretanto, a compreenséo da Importancia e riqueza desta teoria depende do entendimento das diferengas hierérquicas entre as capacidades cognitivas. A teorla das trés camadas de John Carroll John Carroll (1993), utilzando a andlise fatorial para examinar mais de 460 conjuntos de dados relatives 2 testes para avaliar capacidades cognitivas, props uma tecria ou modelo que explica a inteligéncia por meio de uma estrutura hierdrquica: @ teoria das trés camadas, Tal modelo dispe as capacidades intelectuals em trés diferentes camadas ou estratos: a camada I, formada por capacidades especificas; a camada II, de capacidades http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X2006000300010&scriot=sci.... 31/17/2NNR Page 4 of 11 Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theor ‘amplas ou gerais; e a 117, relativa a uma Ginica capacidade geral (Carroll, 1993). As camiadas representam niveis de generalidade das capacidades (Primi & Almeida, 2000), 'A compreensio do conceito de camada envolve o entendimento do significado das diversas ordens relativas & fndlise fatorial. Neste sentido, a andlise fatorial de primeira ordem é a aplicac8o direta da técnica de andlise fatorlal 8 matriz de correlagdo das varidveis originals, resultando em um ou mais fatores de primeira de ordem. 4, a andlise fatorial de segunda ordem envolve a aplicacSo da técnica de anglise fatorial & matriz de correlaclo dos fatores de primeira ordem, produzindo um ou mais fatores de segunda ordem. Finalmente, a andlise fatora! te tercelre ordem pode ser descrlea como @ utilizago desse tipo de andlise na matriz de correlagio dos fatores {de segunda ordem, proporcionendo, geralmente, um Unico tercolro fator. Este processo poderia ser rapetido a ordens cada vez mals elevadas, mas isso raramente 6 considerado necessério porque a cada nova ordem © numero de fatores resultantes Sempre diminul (Carroll, 1997). (© termo camada fol introduzide por Cattell (1971) como forma de estabelecer a especificidade dos fatores. Posteriormente, Carroll reconiheceu os Fatores de primeira ordem como fatores de primeira camada ou fatores da camada I. Os fatores da camada II so 0s fatores de segunda ordem e os fatores da cemada Ill, 0s de terceira ordem (Carroll, 1997). [A teoria das trés camadas postula que na camada mais alta (IIt) esté um fator geral, chamedo 9. A segunda camada influencia uma grande variedade de comportamentos, sendo composta por olto fatores gerais. Na camada 1nd varios fatores de primeira ordem que, dispostos abaixo dos fatores da camada Il, representam Especielizagbes das capacidades, refietindo os efeltos da experiéncia e da eprendizagem (Carroll, 1993). ” Entre os fatores da primeira camada (ou 1) alguns s8o fetores de nivel e outros de rapidez. As pontuagies Felativas 20s fatores de nivel indicam o nivel de dominio demonstrado por uma pessoa frente @ uma tarefa. Por Sutro lado, as pontuagies relativas aos fatores de velocidade Indicam a rapidez com que um Individuo realiza uma tarefa ou sua velocidade de aprendizagem (Carroll, 1997, 1998). Na estrutura hierérquica das capacidades cognitivas, sugerida por Carroll (ver Apendice 8), ha ito capacidades ‘amplas ou gerais presentes na camada Il: a Inteligéncia Fiuida (Gf ou simplesmente F - Fluid Intelligence), Inteligéncia cristalizada (Gc ou C - Crystallized Intelligence), Meméria e Aprendizagem (Gy ou Y - Memory & Learning), Perceps&o Visual (Gy ou V~ Visual Perception), Percep8o Auditiva (Gu ou U ~ Auditory Perceation), Capacidade de Recuperagio (Gr ou R ~ Retrieval Ability), Rapidez Cognitiva (Gs ou S - Cognitive Speediness) © Velocidade de Pracessamento (Gt ou T ~"Processing Speed). Cada uma desses olto capacidades gerais est associads a uma inteligéncia geral (G) e inclul capacidades ‘especificas, todas presentes oa camada I. Assim, por exemplo, & inteligéncia Fluida (F) esto relacionado: Raciocinio Sequencial Geral (RG ~ General Sequential Reasoning), a Indugao (I ~ Induction), o Raciacinio ‘Quantitative (RQ - Quantitative Reasoning), o Raclocinio Plagetiano (RP ~ Piagetian Reasoning) e a Velocidade de Raciocinio (RE ~ Speed of Reasoning), ‘Ao caracterizar sua teorla, Carroll (1997) afirmou que as “trés camadas" podem ser consideradas como uma cextensdo @ expansdo de teorias anteriores referentes as capacidades cognitivas, principalmente as elaboradas or Spearman, Thurstone, Vernon, Horn e Cattell, Hakstian e Cattell, e Gustafsson. ‘A teorla das tras camadas tem sido analisada por autores como Brody (1994), Burns (1994), Eysenck (1994), ‘Nagoshi (1998) e Sternberg (1984), que parecem reforcar seu suporte empirico. Burns (1994) fol enfético a0 expressar a qualidade do modelo teérico de Carroll afirmando que “estd destinado a ser um estudo classico € lum trabalho de referéncia sobre as capacidades humanas nas préximas décadas” (p. 35), Concepcbes de Carroll e Horn-Cattell: semelhancas e diferencas Os modelos tericos de Carroll e Horn-Cattell possuem grandes semelhancas entre si, no sentido em que ambos consideraram a existéncia de capacidades gerais relacionadas: & Inteligéncia Fluida (Gf) e Cristalizada (Sc), Meméria a Curto Prazo e/ou Aprendizagem (Gsm ou Gy), aos Processamentos Visual (Gv) ¢ Auditivo (Ga ou Gu), & Recuperagto (Gir ou Gr), & Velocidade de Processamento (Gs) e a Velocidade de Deciséo e/ou Tempo de Reagio, representados por CDS e Gt (McGrew & Flanagan, 1998). ‘Amals marcante diferenca entre as duas concepstes est4 relacionada ao fator geral ou g (McGrew, 1997). De acordo com Carroll (1993), © fator de inteligéncia geral, dispesto no topo da sua teoria das trés camadas, seria semelhante a0 fator g de Spearman por estar subjacente a todas as atividades intelectuais e multo relacionado 8 hereditariedade, Além disso, dentre as olto capacidades gerais da camada Il, GF (Inteligéncia Fluids) seria © ‘mais fortemente relacionada ao fator geral, seguida por Gc (Inteligéncia Cristalizada), Gy (Meméria Geral e Aprendizagem), Gv (Percepgo Visual Geral), Gu (Percepcao Auditiva Geral), Gr (Capacidade de Recuperacso Geral), Gs (Rapidez Cognitiva Geral) e Gt (Velocidade de Processamento), nesta ordem, Horn, por outro lado, ‘no concordava com a existéncia de um fator geral acima das capacidades GF-Ge (Horn, 1991; Horn & Noll, 3997). Tal divergéncia no se restringe aos autores em questo, afinal o debate sobre a natureza e existéncla de um fetor gral tem sgo fo nd dcadas (Gustafsson & Uncheim, 1996). http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X200600030001 08script t=sci... 31/12/2008 Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: ... Page 5 of 11 A segunda diferenga entre 0s dois modelos estd relacionada a0 Conhecimento Quantitative (Gq) que, de acordo com Hon (1891), seria uma capacidade geral. Carroll (1993), entretanto, considerou que o Conhacimento Quantitativo no era uma capacidade geral, mas sim uma capacidade especifia relacionada a Inteligencia Flulda (cn. As recentes verses do modelo Horn-Cattell tm incluldo 0 fator Grw, descrito como uma capacidade geral de Leltura-Escrita (McGrew, 1997; Woodcock, 1993). Porém, Carrol (1993) concebau que a Leltura e a Escrita deveriam.ser consideradas capacidades especifcas, associadas a Gc (Inteligéncia Cristalizada), (Os modelos de Carroll e Horn-Cattell também podem ser diferenciados no que diz respeito as capacidades relacionadas & meméria (McGrew, 1997). Carroll (1993) inclulu as capacidades de Extensso da Meméria, Meméria Associativa, Esponténea, para Significados @ Visual juntamente § capacidade de Aprendizagem: todas associadas a0 fator de Meméria Geral e Aprendizagem (Gy). Horn (1991), por sua vez, realizou a distingo entre Meméria @ Curto Prazo e Armazenamento e Recuperacdo a Longo Prazo, considerando-os como capacidades ou fatores diferentes, a0 contrério de Carroll que, como fol dito, relacionou-os @ um Unico fator geral (Gy - Meméria Geral e Aprendizagem). A integracSo dos modelos de Carroll e Horn-Cattell Apesar das diferengas entre os modelos de Carroll e Horn-Cattell, McGrew (1997) fol capaz.de sintetizar.estas duas importantes perspectivas da teoria GF-Gc, originando o que posteriormente ficou conhecido come modelo Cattell-Horn-Carroll (CHC). McGrew (1997) analisou as diferengas entre as concepses de Horn-Cattell e Carroll através da aplicagio de 37 medidas de Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson ~ Revisada (Woodcock Johnson Psychoeducational Battery ~ Revised/ W2-R) a 1291 sujeltos. A técnica de andlise fatorial confirmatéria fol utlizada para testar ‘quatro modelos alternatives que fossem capazes de integrar as concepgSes de Carroll e Horn-Cattell AA partir desse estudo, McGrew (1997) conclulu que seria possivel elaborar um modelo de integrag8o, desde que (05 seguintes critérios fossem obedecidos: (1) manutenc30 do Raciocinio/Conhecimento Quantitativo (Gq) separado da Inteligéncia Fluida (GN); (2) insercdo das capacidades de Leitura e Escrita assocladas a um fator ‘eral de Leitura-Escrita (Grw); (3).inclusdo das capacidades de Conhecimento Fonolégico no fator geral ce Procesgamento Auditivo (Ga); (4) manutenc8o das capacidades de Meméria a Curto Prazo associadas @ um fator geral (Gem) e inserso des capecidades de Armazenamento e Recupereedo em um fator gerade Recuperacto (Gin. Posteriormente, McGrew, Juntamente com Flanagan (1998), analisou seu primeiro estudo de integragfo, com @ Intenso de avallar se as capacidades de Raciocinio Quantitative (RQ - Quantitative Reasoning), Conhecimento Matemético (KM ~ Mathematical Knowledge) e Desempenho Matematico (43 - Mathematical Achievement) deveriam ser consideradas capacidades especificas associadas ao fator geral Gq (Raciocinio Quantitativo), ou estariam relacionadas @ um outro fator geral: GF (Inteligéncia Fiuida), Além disso, os autores procuraram. Verificar se a capacidade especifica de Meméria Visual (MV ~ Visual Memory) estaria incluida no fator geral de Meména a Curto Prazo (Gsm~ Short-Term Memory) ou no fator de Processamento Visual (Gv - Visual Processing), bem como se a capacidade especifica de Meméria Associativa (MA ~ Associative Memory) estaria relacionada ao fator geral de Meméria @ Curto Prazo (Gsm) ou ao Armazenamento e Recuperaco Assocativa a Longo Prazo (Gir ~ Long-Term Storage and Retrieval) ‘Administrando os subtestes de Matematica, Raciocinio Fluldo e Compreens¥o-Conhecimento da Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson-Revisada e os subtestes de raciocinio do Stanford-Binet IV e 424 sujeitos, McGrew e Flanagan (1998) concluiram que o Raciocinio Quantitative (RQ - Quantitative Reasoning) deveria ser Incluldo como uma capacidade especifica da intelig@ncia flulda (Gf - Fuld Intelligence). Por outro lado, © Conhecimento Matemstico (KM ~ Mathematical Knowledge) e 0 Desempenho Matemstico (43 = Mathematical Achievement) deveriam permanecer associades ao Raciocinio/ Conhecimento Quantitative (Gq ~ Quantitative Knowledge), como props McGrew (1997). Em relado as capacidades especiticas de meméria fol constatado, através da aplicacao da Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson-Revisada e do Teste de Inteligéncia Kaufman para Adolescentes e Adultos (kaufman Adolescent and Adult Intelligence Test/ KAIT) a 114 sujeltos, que a Meméria Visual (MV ~ Visual Memory) estarla relacionada ao fator Gv (Processamento Visual Visual Processing), e no a0 Gsm (Meméri Curto Prazo ~ Short-Term Memory); e @ Meméria Associativa (MA ~ Associative Memory) deveria permanecer Incluida no fator Gir (Armazenamento e Recuperacs0 Associativa a Longo Prazo - Long-Term Storage and Retrieval). A partir destas constatagées fol apresentada a teoria das capacidades cognitivas de Cattell-Horn- Carroll (CHC), caracterizada no Apéndice C. No modelo de integragao (CHC), McGrew e Flanagan mantiveram as dez capacidades gerais de Horn-Cattell, relaciofando a elas a maioria das capacidades especificas da camada I proposta por Carroll. Entretanto, alguns fatores especificos, apesar de ndo citados por Carroll (1993), foram incluldos na camada I de integragSo proposta por McGrew e Fianagan, entre oles: Conhecimento Matemstico (KM ~ Mathematical http://www. scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X20060003000108scriot=scl... 31/12/2008 Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: ... Page 6 of 11 Knowledge), Desempenho Matemstico (43 ~ Mathematical Achievement), Informago Geral (KO ~ General Information), Informaggo sobre a Cultura (K2 - Information about Culture), Informagao sobre Cincia (Kx ~ General Sclence Information), Desempenho em Geografia (5 ~ Geography Achievement) e Conhacimento do Uso da Lingua Nativa (EU ~ English Usage Knowledge). Assim, um total de 73 capacidades compe @ camada I da teorla cas capacidades cognitivas de Cattell-Horn-Carroll, (0 fator de Capacidade pera Aprendizagem (Lt - Learning Abilities), relacionado por Carroll (1993) 8 Meméria Geral « Aprendizagem (GY), fol assoclado tanto ao fator geral de Meméria a Curto Prazo (Gsm ~ Short-Term Memory) quanto a0 de Armazenamento e RecuperagBo Associativa a Longo Prazo (Gir - Long-Term Storage and Retrieval). A exclusio do fator geral da teoria das capacidades cognitivas de Cattell-Horn-Carroll nfo esté relacionada & ‘egagdo de sua existencia, mas & constatacdo de que este fator ndo tem uma Importéncia prética (Flanagan, McGrew, & Ortiz, 2000; Flanagan & Ortiz, 200%), No que diz respeito ao fator geral de Meméria a Curto Prazo (Gsm), é possivel notar que no modelo de Integragto apenas trés capacidades especificas estfo incluldas: a Extens#o da Meméria (MS), a de ‘Aprendizagam (Li) € a Membria de Trabalho (MWY). Entretanto, como LI ainda no esté claramente definid seria possivel afirmar que apenas as capacidades especificas de Extensao da Meméria (MS) e Meméria de Trabalho (MW) estariam associadas 8 Gsm. Oeste modo, cabe questionar 0 fato de Gsm ser realmente um fator geral, pertencente 4 camada II ou, simplesmente, uma capacidade especifica da camada 1. [As capacidades especiticas incluidas em Ga (Processamento Auditivo) indicam que este fator estd relacionado & percep, andlise e discriminagso de estimulos auditivos. © Processamento Aucitivo n&o inclul capacidades Felacionadas & compreens8o da linguagem (pertencentes & Gc), entretanto este fator, seria fundamental a0, desenvolvimento das cepacidades lingUisticas (McGrew & Flanagan, 1998). vale ressaltar a diferenga entre os fatores gerais de Velocidade de Processamento Cognitive (Gs) @ ‘Tempo/Velocidade de Decisfo/Reagso (Gt), O uitimo (Gt) inclui capaciai refletem 0 grau com que um individuo imediatamente reage @ uma tarefa ou estimulo, sendo tals capacidades mensuradas om termos de segundos ou fragBes de segundos. Por outro lado, Gs esté relacionado a capacidades que exigem a répida realizacdo de uma atividade em um periodo mais longo de tempo, sendo estas capacidades avaliades através de Intervafos de dols a trés minutos. Tal distingo 4 importante aos interessados na construg8o de medidas psicoldgicas, uma vez que a atribulcgo de um tempo muito curto para avaliar a Velocidade de Processamento, Independent do conteuide dos itens, altera a caracteristica da re , tornando a medida invalida par analisar esse fator geral. Uma apreciagSo critica dessa proposta de Integrado poderia incluir um questionamento em relacdo & denominagée do fator geral de Armazenamento e Recuperado Associativa a Longo Prazo (Gir), uma vez que as capacidades especificas associadas a esse fator talvez estivessem mais adequadamente incluldas em um fator (eral de Criatividade/Originalidade, apresentado no modelo de McGrew e Flanagan como uma capacidade da camada I, subjacente a Gir. Tal sugest8o poderia estar fundamentada no fato da criatividade incluir: a fluéncla & flexiblidace de idéias e figural, a sensiilidade para problemas, a capacidade de utilizar analogias © @ curiosidade intelectual, possivelmente associada & capacidade para aprender. Consideragées Finals A teoria das capacidades cognitivas de Cattell-Horn-Carroll(teoria CHC) representa uma evolugo do modelo dicot6mico Gf-Gc, podendo ser descrita como uma integragio, empiricamente avaliada, das concepcées, desenvolvidas por Raymond Cattell, John Horn e John Carrol. Parece possivel afirmar que a teoria CHC decompte conceitos cléssicos (como a capacidade verbal, por ‘exemplo) nos seus elementos mals basicos (como o desenvolvimento da linguagem, o conhecimento Iéxico, a capacidade de Informac8o geral, a capacidade de comunicacdo e a sensiblidade gramatical), faciitando 0 delineamiento daqullo que devera ser avaliado e, consequentemente, proporcionando a elaboragio de Instrumentos de medida que permitam uma compreens&o mais precisa dos resultados. {A forca académica do modelo fol expressa por autores como Flanagan e McGrew (1998), ao afirmarem que sua robusta rede de evidéncias de validade tornava-o capaz de dar suporte empirico & elaboracao de testes de inteligéncia, Tal espécie de previsso parece ter sido confirmada uma vez que, na ditima década, 0 Modelo CHC teve Um significative Impacto na revis8o de tradicionais testes de inteligéncia, bem como na elaboracdo de novos. Exemplos claros $80 0 WAIS III € o WISC IV, respectivas revisdes da Escala de Inteligéncia Wechsler para Adultos (WAIS) e da Escala de Inteligéncia Wechsler para Criangas (WISC). O WAIS IIT adicionou 0 Subteste Raciocinio Matrical para aprimorar a avalia¢o de Gf, enquanto que a quarta edicao do WISC (ainda no publicada no Brasil) é, dentre todas as revis6es das Escalas Wechsler, a que mais sofreu modificagbes, a0 liminar os Qts Verbal e de Execusfo, permanecende mals préxima da estrutura representada no Modelo CHC http://www. scielo.br/scielo. php?pid=$1413-294X2006000300010&scrint=sci.... 31/12/2008 Estudos de Psicologia (Natal) - The fluid and crystallized intelligence theory: ... Page 7 of 11 (Alfonso, Flanagan, & Radwan, 2005). De acordo com os estudos de McGrew, Flanagan e Ortiz (Flanagan & Ortiz, 2001; McGrew & Flanagan, 1998), tendéncia € de que sejam utilizados diferentes testes ou instrumentos de diversas baterias para avaliar as. capacidades do Modelo Cattell-Horn-Carrall (CHC). Este tipo de procedimento constituiria o chamado Gf-Ge Cross-Battery Assessment. Ou seja, delineadas teoricamente as varias capacidades e os instrumentos capazes de mensurd-las, © psicblogo selecionaria as Sreas a serem avaliadas a partir da queixa, bem como os testes que utiizaria para a compreensdo de tais dreas. Assim, por exemplo, se a Escala Wechsler de Inteligéncla para Criangas = Terceira Edigd0 (WISC 111), nao avalia a capacidade geral de inteligéncia fluida (GA), InformacSes Sobre esta capacidade poderiam ser obtidas por melo da aplicagao das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven ~ Escala Especial. Alguns estudos dos dois citimos anos também indicam 0 uso do Modelo CHC na avaliacdo psicoeducacional (Mekenna-Mattson, 2005) e mais especficamente na compreensio das dificuldades de aprencizagem (Fiorello & Primerane, 2005), incluindo a matematica (Proctor, Floyd, & Shaver, 2005) e a compreensdo da leitura (Floyd, Bergeron, & Alfonso, 2006). Tais estudos parecem buscar a relagSo entre as capacidades cognitivas propostes 9 modelo @as cificuldades de aprendizagem, vsando Informer provavessperiscognitvos associados &s difculdades. A expectativa é de que @ disseminacSo de modelos tebricos como o CHC permite que a inteligéncia seja compreendide no como uma capacidade tinica, inata e estética, mas composta por capacidades multiplas e passivels de estimulagSo. Além disso, valoriza a Idéia de que em nosso pals hd necessicade de adaptacao ou elaboragio de um maior nUmero de instrumentos, para possibiitar uma avaliaczo intelectual mais ampla, no Sentido de ndo se restringir & compreensio das capacidades tradicionalmente Investige dos. REFERENCIAS ‘Aiken, L. R. (2000), Psychological testing and assessment. Boston: Allyn & Bacon. [ Links ] ‘Aifonso,¥. C., Flanagan, D. P., & Radwan, S, (2005), The impact of the Cattell-Horn-Carroll theory on test development and interpretation of cognitive and academic abilities. In D. P. Flanagan & P, L. Harrison (Orgs.), Contemporary intellectual assessment: theories, tests and issues (pp. 185-202). Nova Yors Guilford. [ Links } ‘Almeida, L. S. (1988). Teorias da inteligéncia (22 ed.). Porto: Jornal de Psicologia. [Links } Brody, N. (1992). Inteligence. San Diego: Academic, [Links ] Brody; N. (1994), Cognitive abilities. Psychological Science, 5, 65-68. [Links ] Brody, N. (2000). 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[Linke] 31/12/2008 http://www scielo.br/scielo. php?pid=S1413-294X200600030001 08scrint=sci Resumo e Histérico * O objetivo deste estudo é apresentar a evolugdo da teoria das. inteligéncias fluida e cristalizada. * Elaborada como uma _ representacdo dicotémica da inteligéncia, a teoria das inteligéncias fluida (Gf) e cristalizada (Gc) sofreu varias modificagdes que na verdade ilustram a evolugao do modelo inicial. « No inicio do século XX o psicélogo britanica Charles Spearman apresentou a teoria dos dois fatores da inteligéncia que, também conhecida como bi-fatorial, postulava que o desempenho em qualquer medida de inteligéncia estaria felacionado ao nivel de inteligéncia geral do individuo e habilidade especifica exigida em casa teste. * Durante a resolucdo de um problema, dois tipos de fatores estariam presentes: um fator de inteligéncia geral (fator g) e outros fatores especificos (fatores s). « O fator de inteligéncia geral, subjacente a todas as atividades intelectuais, representaria uma espécie de energia, com base neurolégica, capaz de ativar a capacidade de realizagao de trabalhos intelectuais. QO modelo Gf-Ge de Cattel e Horn « A inteligéncia fluida esté associada a componentes nao verbais, pouco dependentes de conhecimentos previamente adquiridos e da influéncia de aspectos culturais. « As operacées mentais que as pessoas utilizam frente a uma | tarefa relativamente nova e que nado podem ser executadas automaticamente representam Gf. * A inteligéncia fluida é mais determinada pelos aspectos biolégicos (genéticos) estando, pouco relacionada aos aspectos culturais. As alteragées organicas (como lesdes cerebrais ou problemas decorrentes da ma nutric&io) influenciam mais a inteligéncia fluida do que a cristalizada. A capacidade fluida opera em tarefas que exigem: a formacdo € 0 reconhecimento de conceitos, a identificagdo de relacdes complexas, a compreensdo de implicagdes e a realizacdo de inferéncias. A inteligéncia_ cristalizada (Gc) representa tipos de capacidades exigidas na soluc4o da maioria dos complexos problemas cotidianos, sendo conhecida como ‘inteligéncia social” ou “ senso comum”. Por estar relacionada as experiéncias culturais, a inteligéncia cristalizada tende a evoluir com o aumento da idade, ao contrario da fluida que parece declinar apés a idade de 21 anos, devido a gradual degeneragdo das estruturas fisiolégicas. De acordo com Undheim (1981), pessoas poderiam apresentar entre si, um nivel igual de Gf e diferentes niveis de Gc. Isto seria explicado pela extensdo da instrucao ou do esforco que cada um teria investido no trabalho académico. . As relacées entre Gf, Gc e a realizagao académica nao seriam estaveis, segundo Cattell (1987), variando de acordo com fatores individuais, incluindo o desenolvimento neurolégico e os anos de escolaridade. ~ Um dos principais estudiosos da teoria Gf-Gc foi John Horn que apés ter confirmado a existéncia de um fator fluido e outro cristalizado, expandiu em 1965 0 modelo inicial proposto por Cattell. Horn acrescentou ao sistemna Gf-Ge quatro capacidades cognitivas entre elas a de processamento Visual (Gv- Visual Processing), meméria a curto prazo (Gsm- Short Term Memory), armazenamento e recuperacdo a longo prazo (Gir- Long Term Storage and Retrieval) e Gs (Speed pf Processing), representando a velocidade de processamento. Posteriormente duas capacidades foram adicionadas as quatros anteriores: a Rapidez para a decisdo correta (CDS- Correct Decision Speed), e a de processamento auditivo (Ga- Auditory Processing Ability), introduzida por Horn e Stankov. As duas capacidades basicas Gf-Gc, bem como os oito fatores gerais so compostos de ‘capacidade mentais primarias". Um total de aproximadamente quarenta capacidades primaria explicaria grande parte das . caracteristicas individuais de raciocinio, solugdo de problemas e capacidade de compreensao. oria das. imadas de John Carrol John Carrol (1993) utilizando a analise fatorial para examinar mais de 460 conjuntos de dados relativos a testes para avaliar capacidades cognitivas, propés uma teoria ou modelo que explica a inteligéncia por meio de uma estrutura hierarquica: a teoria das trés camadas. ., Tal modelo dispde as capacidades intelectuais em trés diferentes camadas ou estratos: a camada |, formada por capacidades especificas; a camada II, de capacidades amplas ou gerias, e a Ill relativa a uma unica capacidade geral. As camadas representam niveis de generalidade das capacidades. A compreenséo do conceito de camada envolve o - entendimento do significado das diversas ordens relativas a analise fatorial. A analise fatorial de primeira ordem é a aplicagao direta da técnica de analise ‘fatorial a matriz de - correla¢ao das variaveis originais, resultarido em um ou mais fatores de primeira ordem. A analise fatorial de segunda ordem envolve a aplicacdo da técnica de analise’fatorial a matriz de correlagdo dos fatores de primeira ordem produzindo um ou mais fatores de segunda ordem. A analise fatorial de terceira ordem pode ser descrita como a utilizagao desse tipo de analise na matriz de correlagdo dos fatores de segunda ordem, proporcionando geralmente, um Unico terceiro fator. Este processo poderia ser repetido a ordens cada vez mais ~ elevadas, mas isso raramente € considerado necessario porque @ nova ordem o numero de fatores resultantes sempre diminui. O termo camada foi introduzido por Cattell (1971) como forma de estabelecer a especificidade dos fatores. A teoria das trés camadas postula que na camada mais alta (lll) esté um fator geral chamado g. a segunda camada ° influencia uma grande variedade de comportamentos sendo composta por oito fatores gerais. * Na camada | ha vario fatores de primeira ordem,que dispostos abaixo dos fatores da camada Il representam especializagSes das capacidades, refletindo os efeitos da experiéncia e da aprendizagem. ’ * Ao caracterizar sua teoria, Carroll afirmou que as “trés ~ ‘camadas” podem ser consideradas como uma extensao e expansao de teorias anteriores referentes as capacidades cognitivas. Concepeées de Carrol _e Horn-Cattell:_semelhancas_e diferoncas ° A mais marcante diferenca entre as duas concepcoes, felacionada ao fator geral ou g. de acordo'com C: fator de inteligéncia. geral, dispdsto no topo da sua téoria das trés camadas seria semethante ao fator g de Sperman * por, ‘estar. subjacenic a todas as onheciemento a fluida (Gf); (2) Lassociadas a 4 um fator geral de leitura-escrita (Grw); (3) incluséo das capacidades de conhecimento Fonolégico no fator geral de Processamento auditivo (Ga); (4) manutencao das capacidades de Memoria a curto prazo associada a um fator geral (Gsm) e insercao das capacidades de Armazenamento e Recuperacaéo em um fator geral de recuperagao (Gir). : * A exclusdo do fator geral da teoria das capacidade cognitivas de Cattell-Horn-Carroll n&o esta relacionada a negac&o de sua existéncia, mas a constatagdo de que este fator ndo tem uma importancia pratica. * As capacidades especificas incluidas em Ga (processamento auditivo) indicam- que este fator esta relacionado a percep¢ao, analise e discriminagao de estimulos auditivos. is ¢ O processamento auditivo nao inclui capacidade relacionadas a compreensao da linguagem (pertencentes a Gc) entretanto este fator seria fundamental ao desenvolvimento das capacidades linglisticas. Cc leracées finais. * Delineadas teoricamente as varias capacidades e os instrumentos - ‘capazes de mensura-las, o psicélogo selecionaria as. areas a serem avaliadas a partir da queixa, bem como os testes que utilizaria para a compreensao de tais areas. 3 ee : * Por exemplo, se a Escala Wechsler de Inteligéncia para ~ .Criangas — terceira edigdo (WISC III )n&o avalia a capacidade geral de inteligéncia .fluida (Gf) informagdes sobre esta capacidade poderiam ser obtidas por meio da aplicagao das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven — escala especial. °° A expectativa 6 de que a disseminagao de modelos tedricos como 0 CHC (teoria das capacidades cognitivas de Cattell- Horn-Carroll) permita que a inteligéncia seja compreendida ~ n&o como uma capacidade unica, inata e estatica, mas composta por capacidades miltiplas e passiveis de estimulagao. 5 ea IMpRESSaO ACADEMICA

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