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cop © 1992 don Aes alls gfe gh Porn ee em 208 “ma oe Jeter esraie Men oye eit ena Fetes dss Ani rin ‘he Bete nama cag toe Ame LIT Su Poe : ‘tan (880-508 Fan 39973501 — ‘eruiegicmpalizcn. SUMARIO Cenisios # “Aaonts Noes ‘Acca grega © 0 humano 21 ‘Nie rea Humanidadsejastga ma historiografa arege, vtaGs “Catbrrine Derbo-Poxbeutti ‘As dsticiss do jardin 18 “Jot drain Mata Pscenbt [A cllpa dos ris: mando e tramgressio ‘Aniinie Candida (© rerome do bam governo 139 ‘Renata Janie Ribeiro [As feanteitas da ties Maquiavel 155 ‘Neston Signo Politica do cev ane-Magquie 174 ‘Antonio Ai Berndrdes Pears 26 moral iin ye en |ilaminista 207 19 Rica 120 ‘Srgi Paul Ronee 4g Vina rinvencio da ca sciaisa 226 ‘Nebo Le 3 Baada e Teor 268 Penle Seg Pnbeine (0 eterno retormo do mesiao: tse cosmol6gion ‘ou imperative ico? 289 ‘Searle Meri Ament: ne fea polica 319 Cab Lajer lo das relagbes entre axa ee Eo DILEMAS DA MORAL ILUMINISTA* Sergio Paulo Rouanet I Esta palestra, cujo titulo foi sugerido por Adauto Novaes, é uma etapa no processo de reflexao que venho fazendo ha algum tempo sobre a possibilidade da construgio ou reconstrugio de um Iluminismo moderno, a partir de metodologia proposta em Razées do Iuminismo. Trata-se de uma distingao entre Ilustragao, _considerada como uma corrente intel ial historicamente si- tuada, correspondendo ao movimento de ideias que se cristali- zou no século XVII em torno de figuras como Voltaire, Rouss Diderot etc., e Iluminismo, que seria uma tendéncia transep; cal, nfo situada, nao limitada a uma época especifica — algo como uma destilagio teorica daTlustragzo. ———S Usei essa distingao em palestras na antiga Funarte, por exem- plo, no ciclo “O olhar”, Tentarei hoje aplicar essa metodologia ao tema da ética. Isso significa, em primeiro lugar, resumir as principais ca- racteristicas do pensamento moral da Iustrac4o. Em segundo lugar, farei um balango do nosso presente a luz desse legado. Enfim, verificarei em que medida seria possivel reconstruir, a partir da experiéncia original da Ilustracio, algo que se pareces- se com uma ética iluminista. I Comegarei com uma anilise muito ripida da filosofia moral da Tlustragio, a partir de trés de suas caracteristicas principais: 0 dividualismo e 0 universalismo. * Exposicdo oral, Texto reconstituido a partir de gravagio. 207 Camo conical * Posty cidade de uma ética capaz. de pi in da religis ee ossibilidad em principio, nao vé diferenca cate Orial «we ae etd do mundo enpa eo jornecimena domes ; mesma razao capaz Ce desvendar as estr dome do natural € capaz de descobrir os fundamentos do ¢ pa mento moral e da norma ¢tica. Visto nesses termos, 9 Bes to moral da Thustragao foi absolutamente Cognitivista, 7 “A rejeigio da religiio revelada era a esséncia esse pena 4 to. Ele repudiava a fé institucionalizada e sustentava 2 possiil, ‘dade de construir uma sociedade é ca, uma sociedad 4 que esta precisasse depender dos ensinamentos da religiig, Poi o chamado paradoxo de Bayle, filésofo anterior a Thustragzo, may que a influenciou decisivamente. Ele dizia que uma sociedad ie ateus pode ser mais ética que uma sociedade baseada na telivigo, Estou falando do final do século xvm; essa ideia chocou imensy. mente os pudibundos, os piedosos, ¢ Bayle s6 no foi parar ny fogueira porque teve a prudéncia de escrever na Holanda, em que a Inquisigio nao era muito popular. Mas essa ideia gue a moral é dissociével da religiio difundiu-se mi s lo Xvi e praticamente todos os fi 6sofos da época aderiram ‘esse “paradoxo”, radicalizando-o. Para eles, a religiao nao some tendo era necessaria para fundar o comportamento virtuoso coma moral: =z de tos leigos, seculares, Quanto a natureza desses fundamentos, a Ilustragio prope basicamente trés respostas, _ Primeiro, a jusnaturalista, A moral podia ser fandads ie Ur da conformidade do comportamento humano com 4 natureza. Rousseau dizia que a natureza gravou em a 208 aii critérios que pemuten ingar soberanamente quanto ao eae no mal, o justo eo injusto. ni lamento Ultimo, portan- ‘yma raziio natural, uma natureza universal, igual em to- as Jaritudes, comum a todos os homens. ‘Asegunda resposta foi empirista, a partir da filosofia sen- sualista de filésofos como D ‘Alembert, Holbach e Helvétius. Diziam eles que © homem é um animal organizado, sujeito a aixdes € que Se relaciona com o mundo exterior basicamente através das sensacoes. O fundamento da moral seriam as sensa- des do prazer do desprazer, do agradavel e do desagradavel. homem naturalmente é movido pelo desejo de buscar 0 seu razer e de evitar 0 desprazer, € nisso consiste o seu interesse. E esse 0 fundamento da moral, um fundamento leigo, puramente 10, © imanentista. E, finalmente, a terceira resposta diz que a norma se funda na conformidade com a prépria razio. Foi a resposta de Kant. Para ele, a moralidade nao se funda nem na natureza nem nas sensacdes, mas na razio. Nao pode se fundar na natureza por- que 2 natureza é o mundo do determinismo e a moralidade su- poe a existéncia da liberdade; e nao se pode fundar no interesse porque o interesse é a esfera da heteronomia, a esfera do que existe de externo & raziio live do homem. Ele dizia que a mo- ralidade se funda num procedimento interno a propria razio. Aqueles que leram Kant sabem do que estou falando: é 0 famo- $0 imperativo categérico, procedimento pelo qual 0 individuo testa a maxima de suas acdes para saber em que medida ela é genetalizavel, Se essa méxima for generalizavel, se for suscetivel de ser querida por todos, sem contradi¢io interna poderia aspi- Lar 20 estatuto de lei moral universal. : Si s principais orientagdes da filosofia ética da Ilus- {acéo, Comum a todas é a ideia de que a moralidade pode pres- cade da revelacdo, de que é possivel fundé-la em algo mats que Sua conformidade com os dez, mandamentos, wee roa Pattiditios da lei natural diriam due eee tio ats” deriva da propria natureza das coisas, 6° ad Bavado em todos os coracées humanos, que recomenca 209 Os empiristas diriam que o Preceie, ro plo desprazer que adviri da sancio gg. pode ser justifica wubasse. Kant diria que a norma ‘ngq toy. lo individuo que TO elo imperativo categérico, porque Se @ bar® pode ser validet essa méxima em principio de a roubar ¢.quiser AG o enriquecimento ilicito em norm yi. nhas:acdes, ain e portanto eu no poderia Conseryar 4 versal, todos _ a tes portant, uma contradigén i posse do bem furtado. seria validada pela prépria razio, §, ‘een e'0om isso 1 OEE? fundamento j 4 suma, a norma seria legitimada porsum. 2 Jusnatura. lista, um fundamento empirista, sensualista, e um fundamenty na propria razao. haat nla varaererttien da filosofia ética da Tlustracio é individualismo. A Tlustracio foi violentamente individualista, ‘homem era visto como um dtomo, como uma ménada. Essas ménadas deveriam unir-se num contrato para constituirem a vida social. Esse individualismo gerou duas consequéncias, Primeiro, as velhas éticas comunitarias da Antiguidade fo- ram relegadas a segundo plano. O que importava no eram maig _28 obrigagées do individuo com telagio a polis ou com relacio 20 bem comumn: A ética da Tlustragao foi hedonista em autores como La Mettrie ¢ Sade, com uma concepg¢ao um tanto tosca da centralidade do prazer sensual, Mas ela foi sobretudo eudemo- Bin ee com a felicidade, com a autorrealizagio lcidade seta impor eet Se: Devia ser feliz, Essa ética dh manitanig oa ae so Por exe wm “racio individual, =e con Prevalecia so respeito 4 pro encia do individnalismo da Ilustragio foi 4 eM sua comer a Miduo com relago as normas Mo isolado, era também este. O individuo, enquanto 4t0s regras e's leis em e8S Sobers anand eG » criticamente, Ele embutidas na comunidade, jules 62 mer em <0 © porque era um individu? auténomo, entroni ‘a fazé-] lo co pe ete te fi 0epor toda a filosofia | me tal por todo © pensamento Pp i 210 £8 €oca. Nao era a comunidacé ge detinha 0s critérios que permitiam julgar o bem ¢ o mal; era We duo, enquanto ser humano universal, que retirava da voz 5 atre2 da organizagao Psiquica do homem como ser sen. sual epassional, ou da propria razio, os critérios que permitiam eg bem € 0 mal, independentemente nao sd da revelacio, mbém da propria mora) idade institucionalizada na comu- mas tal ‘pidade. Estas foram, portanto, as duas consequéncias do individua- jismo ético da Tlustracao: 0 eudemonismo, o direito a felicidade 3 autorrealizagao; € 0 descentramento, o direito 3 critica, direito de assumir uma posigao de exterioridade com relagio as normas sociais. gio e de um certo niimero de normas materiais universais. Havia a concepcao de uma natureza humana universal, se- gundo a qual todos os homens sao iguais em todas as latitudes, tém as mesmas disposigdes racionais, tém a mesma organizagao passional, sio movidos pelos mesmos desejos, sio motivados pelos mesmos interesses. Havia também a ideia de uma universalidade de principios de moralidade. Os trés principios validadores do comportamen- to moral — o direito natural, o empirismo e a conformidade com 4 propria razdio — eram considerados universais. A lei da natu- teza valia em todas as €pocas e paises, @ organizagao psiquica e Passional do homem era uniforme e o procedimento da univer- salizacio e generalizac3o contido no imperativo categorico de Kant era um critério vilido em todos os tempos € lugares. Mas haveria também um universalismo substantivo, postu- lando nao apenas a universalidade da natureza humana ei es Principios formais de validagio, mas também a universali me le normas materiais? Existiria ou nao um niicleo nd : no verte ay needa Ag ~8¢ografia, independentemente das cul » unta uma Tes G5es, dos séculos? A Iustragao deu a essa perzur 2i1 que, apesar de sua vocacio Unive, sofisticada po! vel 4 experiéncia da difereng, posta bastante i ymente S20 jsta, ela foi agu so ‘flsofos da Ilustragto lescreviam as diferencas existentes en ‘ ue di ; latos de viagens, a gociedade francesa € os das sociedades “ie ‘os usos € costumes vagens”, como 0S peles: sileiros, que fora bastante interessante Além disso, 0 século . de hist6ria antiga. Os filésofos nfo cessavam de se assombrar com o fato de que em Atenas a pederastia era licita, de que em Roma os pais tinham o direito de vida e morte sobre os filhos, -yermelhas americanos ou 0s indios bya. 0 século XVII. de que em Cartago os sacrificios humanos eram permitidos, de que em Esparta 0 roubo era encorajado. Como era possivel que as coisas variassem tanto, no tempo eno espaco? Se tudo € tio diverso, se o que é valido de um lado dos Pireneus ndo é vilido do outro lado, podemos falar numa_ verdade universal, numa moralidade universal? A resposta dos filésofos em geral foi positiva: sim, porque existe uma diferenga entre a natureza € 0 costume. Essa € uma dicotomia importante para compreender 0 pen- samento moral da Ilustragao. O reino do costume é o da diver sidade empirica. E. na 6tica do costume que o que é vilido na Franca nao é valido no Brasil. Mas essa variedade é limitada por arian du naman de normas invaridveis, que constituem ® » Conscientes da variedade dos usos e costu- mes, os filésofos na : (0 diziam que tu ‘ con victos da realidade des: q do era universal. Mas, se niicleo invari, eat era relativo, nicleo invaridvel, nao diziam que tudo Aderiam a um mo valida gg C&W havi . O conter sador, Para Meenegr an” Tormas variava de pensador par per tador, a mid incluiam 0 respeito que a cra uma Certa Proporcionalid, a © beneficiado deve ao benfeit® re; havia o que ele chamava entre pena e crime etc. Para Volt 212 © fundo comum da humanidade, esto universalismo, que se traduzia 1 trés ou quatro normas universalmen™ eram leitores apaixonados de a m objeto de uma reflexio e de uma apropriagig vit foi também um periodo saturady gigorava em todas as Sporas € em todos os climas e que incluia virtudes como a benevoléncia, ou a Proibicio de mentira. Para resumir um pouco esta descricio muito superficial do ensamento moral da Ilustracio, digamos que ele se baseava e trés ideias centrai ideia de que a moral podia ter um fundamen: “fo secular; a ideia de que o individuo, considerado como célula “elementar da sociedade, tinha direito 4 autorrealizagio e 3 felicida- dee podia descentrar-se com relagao 4 vida comunitéria, critican- do-a de fora; e a ideia de que existe uma natureza humana univer- sal, de que existem principios universais de validacao ética, ¢ de que existe um pequeno nucleo de normas materiais universais, ~F uma simplificacio bastante cirtrgica de um movimento muito mais complexo, mas em alguns momentos a compreensio exige uso do bisturi analitico. I Muito bem, qual é a realidade que encontramos hoje em dia? Ao resumir o pensamento moral da Ilustracio, tive a impressio de estar falando de um continente perdido, de uma Atlantida sub- metsa. Nada disso nos é mais familiar. Vivemos num mundo onde nio existe nenhuma fé na possi- pilidade de fundar objetivamente a escolha moral. Vivernos num \ undo sconfia do eudemonismo 4d: Tlustragao e que nao|| admite a Ps a - descentramento do individuo com re-}) . esse e Ces . | lacio a sua comunidade. E vivemos numa epoca dominada cada |} Yer. mais pelos diversos particularismos, que negam 2 existéncia i de verdades universais ou de uma moralidade univers. | O século xx, com efeito, de modo geral é anticogmiuvista, isto § nega a possibilidade de fundamento para © omportne"> Moral, Essa posicdo deriva em grande parte de revisio post ivi i tade Kant. Este admitia a existéncia de uma razio teorica, oa Petente para os fatos do mundo empirico, & uma razio prises Sompetente para lidar com as quest6es morals. O positivis C & ee la razdo, da razao Sntemporineo nega a existéncia da segund , 213 da razio teérica, ae so Consid osigdes empiricamente ver! Eo OU 28 Propo. ¢ da Iogica € da matemarica. ©, COMO as prong, nao sio nem factuais nem ‘tantols> o tém existéncia, S40 proposicdes ni onsequencia, nao hi possibilidade de fang a o julgamento moral a luz da Fan Esta s6 pode julgar mentar Oj fac ivel entre meios ¢ fins, mas tais fins 55 ‘a melhor correlagao POssive® ST Aindos ea elo ek) ¥ Fixados por critérios extrarraciona's, tacos SE )a De’o intercam pessoal, seja pela utilidade social, seja por razOes inconscientes. 4 4 como tal nio pod gar esses fins. . utra corrente vai mais longe ainda. E o chamado racionz- lismo critico, de Popper. Para os poppetianos, a ideia do funda- mento tiltimo é compativel com o falsificacionismo, que esté na base de toda ciéncia objetiva. Se a proposicao apresentada como fundamento ultimo escapar a possibilidade da falsificagao, nesse caso € uma proposi¢ao vazia; e se for falsificada, nesse caso nio 4g fundamento nenhum. Os racionalistas criticos se referem 20 cena de Munchhausen: qualquer tentativa de estabelecer fun- amentos iiltimos leva seja a uma regressio infinita, seja a UD irculo logico, seja a interrupgio dogmitica do processo det ciocinio e d * ” aa premissas, © argumentacio, pela selec3o arbitraria de certas 5 letadg, rética. O78 4 va ty vilidas a8 ae aes tautalogicas da ’08} 06 ativas da etic racionalmente Stone. dizem que nao ha como justi 280, ¢ sim *moral porque a moral nao tem m., wenincas coc” ‘© maximo, com as emogies ov ; nos vai além, afirmando, £0 racionalismo critico dos poppe” © fosso que separa o © que, ainda que fosse possfvel preeno?? Se teria lucrado na a con ndo do ser do mundo do dever-set 48 alse Spode ggg Pee no hi possibldade son omer da Fost meal da I —Atem sido critica oo moral da Ilus' a8 convei gion? da em seus dois momentos © £0 eademon; 4 ita, ng pr o2MO foram repudiados pele iro caso como sintomas de & gencia burguesa one —— por estimularem uma atitude antis- social € hostil a ética do tral alho. Por outro lado, a ideia do descentramento, tio importante ara se compreender a forca transgressiva do pensamento da Jlustragio, também é negada pela esquerda, por se tratar de uma critica individualista, e portanto sem eficécia histérica. Mas o des- centramento inquieta sobretudo os conservadores e em primei- 1a instancia oS chamados neoaristotélicos. ssa corrente, muito difundida na Alemanha, endossa a criti- cade Hegel 4 filosofia moral de Kant, Nessa critica, Hegel esta- pelece uma diferenga entre a Moralitaet e a Sittlichkeit; entre a moralidade ¢ 0 que poderiamos traduzir por eticidade. A morali- dade é a consciéncia moral kantiana, que, em seu espléndido iso- lamento, decide sozinha, sem precisar prestar contas a ninguém, recorrendo exclusivamente ao procedimento monolégico do im- perativo categérico, quais sio as maximas da comunidade que merecem ser consideradas vilidas ou no. Num certo sentido, a consciéncia ética individual se substitui 4 consciéncia ética coleti- va. Pelo contrario, a Sittlichkeit, a eticidade, significa aquela esfe- ra da sociedade em que a consciéncia moral j4 se concretizou, nfo na consciéncia solitaria de um individuo que, arrogantemente, s¢ atribui o direito de julgar sua comunidade, mas em normas, usos einstituigdes que dao, em cada caso concreto, solugoes evidentes para os dilemas morais vividos por cada individuo, sem que ele precise sofrer dilaceramentos existenciais ou recorrer a procedi- Mentos tao perigosos como 0 de julgar a partir de seu foro inter- no se determinada norma deve ou nao ser considerada valida. Essa é a esséncia do anti-individualismo moderno. Ele se manifesta na rejeigao do hedonismo ou do eudemonismo da Ilustragao, considerados destrutivos e anémicos, € na rejeicao do descentramento, considerado uma arrogancia de maitres-p ab sewrs, de intelectuais que se julgam com direito de colocar Judice toda vida social até que ela seja validada pelo procedimen- to abstrato do i ivo categdrico. Enfim, ile ene da filosofia moral da Tlustra- S30 ~ o universalismo — também vem sendo contestada com 215 . Que significa 4 ideia de uma Raturens j pastante veo os nds sabemos que @ natureza fy, iversal? 10 Jima, de individuo para individuo, de tg cima par each principios universais de Valida 0) fs. Que ae que 0 prinefpio do imperativo cate igg Impossivel ae dade primitiva. E qual 0 sentido de ; seja as universais? Ningueém ignora que todas ay em no! : e no espaco. riam no tempo € N10: 4 — A TE em suma, um clima radicalmente antiuniversalis ‘Ive » tle se inspira diver ow indiretamente no Contralluminin ¥ alemio. Foi una reacio iniciada por tier fis ‘fame gue eta ‘percebido como um universalismo imperia ista francés. Vendo. vse como porta-voz da Tazo, a Ilustracao francesa queria re construir em toda parte a cidade dos homens, a luz de princi pios universais de justiga. Isso era visto pelas sociedades feudais que cercavam a Franca, sobretudo no periodo revolucionitio, como uma intolerével ameaca. Consequentemente, a ideia do amiversalismo ético foi substitufda pelo parti ismo e pelo historismo. Nao existem verdades universais: existe a verdade da Franga ¢ a da Alemanha, Nao hi preceitos intemporais, todos eles fincam suas raizes na histéria. A moralidade esté imetst num hiimus natal — numa aldeia, numa naco, numa cultura eek Metacias tudo 0 mais é uma construci0 h st atmesferaimpre eta da Tealidade. a para o qual 0 génig hi 0 particularismo na Verdadeiro oy ético. B 9 aCa0, © Valksgeist, determina 0 que ® qual existem verdades 480 do particularismo racista, para? ini as na & Tianas ¢ verdades judaicas, normas ge" mas judaicas, ¢ Pecificidade do sangue e do solo € nol Osmopolit, ‘ PSin0 culturalista, muito © predatérias. I 0 caso do particu cxisténg; a alin oe de Comentes vip; quente na antropologia (apes © nios ” Pata o qual nig eq: tlistas influentes dentro da dis” Se chraizem, existem ve, ig que dos limites de ei Cultur, tdades ¢ valores morais 9 " Cultura, M¢ tenham qualquer validade fo Podemos sentir esse particularismo até em certas variedades| i movimento feminista. ‘Tradicionalmente, 0 feminismo se ba-|! geava 118 jdeia iluminista da igualdade de direitos entre homens| mulheres, por sua vez baseada no postulado de que, além das) diferengas puramente anatomicas, niio existiam outras que pu-, dessem justificar conceitos como 0 de psicologia feminina, almal feminina, principio feminino, eterno feminino, ¢ outras banali- dades do arsenal machista. O feminismo iluminista (com a exce-, gio mais notéria de Rousseau, quase todos os filésofos da Tlus-| tragio foram ardentes feministas) se opunha a todos esses) estereotipos em nome de sua concepgio universalista da nature- za humana. Foi justamente esse universalismo que foi sabotado pelo Contrailuminismo do século XIX e parte do século xx. No campo) | das relagdes entre os sexos, esse antiuniversalismo timbrou em | acentuar a diferenga. Pelo fato de ser biologicamente diferente, |, , a mulher deveria também ter uma psicologia diferente, deveria ( ter uma alma diferente, interesses profissionais diferentes. A so- ciedade falocrdtica se organizou para que a mulher pudesse viver | plenamente a sua diferenga, das clinicas ginecolégicas até as re- vistas de modas. Através dos clichés machistas — a mulher é_ caprichosa e intuitiva, ela é a figura forte que esti atrés do macho solar, ela € o ser inteligente que € suficientemente inteligente para esconder sua inteligéncia etc. —, 0 opressor masculino pro- duz incessantemente a diferenca. Foi a estratégia da diferenca que) condenou a mulher ao gineceu € a0 serralho. Ora, hd um certo feminismo que parece situar'st me! te nessa linha diferencialista. Nao me refiro a versio brasileira dessa tese, que me parece em geral compativel com 0 univer lismo iluminista — um universalismo concreto, que passa Ja teconhecimento de diferencas reais. Refiro-me a0 ditesenc Mo essencialista, que ontologiza a diferenga, © que one seine Movimento americano. Esse diferencialismo ae Oe Pala-se ante a todos os particularismos qué ares icitamente} } numa moralidade feminina (tese alias sus aca ne sentido} no livre In a different voice, de Carol Gilligan) n° me se exatamen- 217 is particularismos diziam que existe um als a Jem’, ou xavante. das andlises de Sartre sobre a Const, a 6 10 antissemita, que nossa geracdo transpés par, ws judeu és de opressio: 0 negro COMO produedo ing ; 105 S ores prod camp’ ulher como constru¢ao Imaginaria to be alr eon como 0 subproduto de uma Pratica Tepresn © que parece rer aconteciddo em nossa época. “politcanen, comets” é que alibertacio do oprimido passa agora pela confine. fo de sua alteridade. Antes diziamos a0 escravo: ; ‘Tew Opresare ‘privou de tua condico humana. Abandona a particularidade fra. “dulenta que ele fabricou para ti e reassume tua humanidad “Hoje se diz: “Assume tua particularidade e recusa o estatuto fu. “mano genérico a que teu opressor quer te reduzir”. Em suma, gn vez de recusarem o olhar reificante do opressor, que transforma historia em biologia e a biologia em destino, o negro ¢ a mulhg se reconhecem nessa reificacdo. O negro > passa a ser sua epiderme, amulher passa a ser seu titero, O universal da Thustra 40 explodiu em mil estilhagos. Quet se Gucira ana lustragac _ | *Saquelra quer nao, tudo indica que a dispersio é nosso destino. 2 te Jem que © hiaade ariana, ou ® Estamos Jonge IV Bem, esse ¢ 1 e88e & q Stande coisa g as indo em que vivemige: Hasewnnndo mio tragio. Ej a © mundo elegante e harmonioso da vs dem ‘gant nismo ou ao niilismo; 0 dire? : sdlida, 0 que nos conden 8 oe 0 ascetism: vo ao Jes s vent 20S condena ao conformisma.” anen, das neaisao @ quenoran senior © acontece nu nmatividades particulares a s ie tee mo NO ar, Mento ot Teal, Muitos Mer 8 queda do em que tod usa ae 218 Btlharam p. © MUTO € 0 colapso do 9° i i! ici "4 anomia e no vazio existe d fissa situacao é insustentivel, © que gera a necessidade de explorat outros caminhos. ~* Um deles seria regredir a solugGes arcaicas, anteriores a Ilus- gio se Ata ‘Atentacao mais Obvia é recolocar a moral sobre fundamen- tos religiosos. O cristianismo tradicional esti sempre disponi- yel, mas nao faltam alternativas pés-modernas, que vio desde os fundamentalismos, evangélicos ou carismiticos, até o esoteris- mo. Quando a tradigao religiosa nao basta, hd receitas ecléticas, um pouco de Jung, algum Herman Hesse, Reich em pequenas doses, ¢ muita meditacio no interior de piramides de cristal, entre um baralho de tar6 e um livro de Paulo Coelho. Outra regressio seria politica. Nao deixa de ser tentadora a volta as éticas comunitarias, em que todas as respostas ram. dadas pelos usos sociais vigentes. O homem abandona o dificil privilé- gio do descentramento € se recentra no humus comunitirio. Essas duas regresses si0 tio assustadoras que devemos pen- sar em outro caminho: a tentativa de construir uma ética ilumi- nista moderna, a partir da matriz original da Ilustra¢: ~ Em outros trabalhos, usei a teoria da acio “‘comunicativa, de Habermas e Apel, como elo mediador entre a Ilustragao € 0 Tlu- minismo. Podemos tentar 0 mesmo exercicio no campo damo-_ . base a ética discursiva.% |" ralidade, o que significa tomar com a7 iscursiva € 0 mundo vivido O ponto de partida da ética é o mund 0 (Lebenswelt):'o lugar das relaces espontineas, das certe- zas pré-reflexivas, dos vinculos que nunca ! foram dii- Vida. As relagdes sociais que se dao no mundo vi do assumem, acteristicamente, @ forma da agao comunt interativo, linguisticamente mediatizado, pelo qual_os indivi; duos cootlenen seus projets de ago c organiza suas gn? reciprocas. S$ Projets CO Aim Na comunicagao normal, invoc te, pretensdes de validade com relagao ando falamos estamos sempre asseve Rossas afirmacdes sobre fatos € acontecimen! ka é Diao sbiacente ao enunciado prescritivo © justa, € qu = 219 amos sempre, jmplicitamen- a todos os enunciados. rando, tacitamente; que tos sio verdadeiras, y os sentimentos é veri: No Mundo y: i _/a expressio dos noss ae alld jade se entrelacam: a de verd; as essas trés pretensoes ‘dade, ; ~ de justiga € @ de verac unicativa entre os interlocutores ~~ A coordenacao ae ue se necessario cada interlocut, através da expectativa ensbes de validade. Normalmente a der justificar essas Pf culdade. Ego apresentard 2 Alter 4° se fard sem Te tanto suas afirmagSes sobre fatos cond mentos para justia ardter prescritivo — dentro de um quad suas afirmagoes de Sa no primeiro caso, ou dentro de uma te6rico geralmente a i no segundo. A situacio muda a Oi Te atl lidade da teoria ou d: a do o que se contesta é a propria va a d 4 3 Nonna, Sua problematizacao requer 0 aban Ono do MUNCO vivido ¢ ingresso num tipo de argumentacio sui generis, E ° discurso, As pretensées de validade correspondentes 4s questdes cog- nitivas sdo problematizadas nos discursos tedricos, e as corres. pondentes a questdes normativas, nos discursos Praticos. Nos dois casos, os participantes se distanciam do mundo vivido e assumem uma atitude de investigacdo imparcial do que antes era visto como nao problematico. Nos dois casos, a argumentacio discursiva tem como ponto de partida a suspensio radical da crenga na validade do que havia sido afirmado. Ela é posta entre P arénteses, até que se chegue, pelo consenso, 4 comprovagio do Somte descritivo ou A justificacio da norma. 0 0 consenso que valida a pros ser fundado, Ele sera fundado Postos pragmiticos, conn _ duzid: segundo ookaal ia. ham direito de Patticipar 4 que todos os interess sit cipantes tenham iguaice 1 1° iscurso, de que todos 05 P iguai : argumentos, de a 'S oportunidades de apresentar e refutt! Ie toy . a0 inte exame de to, los 0S argumentos sejam submetidos qualquer Coagio, © que nenhum dos participantes izer que as quests, fe joni std . . dis ee oma, rie Podem ser validadas oe ais e5 nao sig alidaveig tron 2 tese positivista de a aa 220 1S. Para a Stica discursiva, as ptOP — aes normativas S40 tio wabrbeitsfaheig, tao Suscetiveis de serem falsas OU verdadeiras, como as propos goes descritivas. Como 6s: “as, as proposigoes normativas sao legitimadas por um consenso jandado. 0 consenso €m questoes praticas serd fundado quando aargumenta¢ao for conduzida segundo uma regra de procedi- mento derivada dos pressupostos pragmiticos de qualquer argu- mentagao, tedrica ou pratica. Essa regra é 0 princfpio da univer-|: salizacio, 0 principio U.E 0 seguinte 0 enunciado do principio! U; “Todas as normas validas precisam atender A condi¢ao de que as consequéncias ¢ os efeitos colaterais que presumivelmente resultario da observancia geral dessa norma para a satisfacio j dos interesses de cada individuo possam ser aceitos nao coerci-! tivamente por todos os envolyidos”. O principio U pode ser fundamentado. Ele deriva dos pres- supostos pragmaticos de toda e qualquer argumentagao discur- siva. Cada pessoa que ingressa numa argumenta¢io se obriga intuitivamente a aceitar procedimentos que equivalem ao reco- nhecimento implicito do principio. Podemos a partir dos principios da ética discursiva tentar res- gatar as linhas basicas do pensamento moral da Ilustragao e torné-los plausiveis para a construgao de uma ética iluminista contemporanea. Para isso, vejamos de novo as trés caracteristi- cas da moralidade da Ilustracao: 0 cognitivismo, 0 individualis- Mo € 0 universalismo. . No que diz respeito ao cognitivismo, vimos que um dos di lemas enfrentados pela moralidade do nosso tempo € que || temos mais critérios para julgar o justo ¢ 0 injusto, pols o mundo} do Sollen, do dever-ser, nao esta sujeito & jurisdicao da razdo.| Ora, Habermas mostra que nao ha nenhuma diferenca { ‘hemi Teza entre as proposicdes factuais ¢ as normativas, na medida em {ue ie sio validaveis pelo discurso. | Proposi¢ées factuais serio const f se correspondecem 4 realidade objetiva, mas s€ fore abjer \M consenso. O que torna a teoria da relatividade v i “rll “apenas o fato de que corresponde & realidade, mas tievout alt | We a comunidade dos cientistas, consensualmente, Chee! 221 ideradas verdadeiras naoj) 7 da relatividade introdyyiy Yconclusio de que © paradigma “il ‘a . mein é verdadeiro- " codienatea resco isso é assim, lis e , Ora, se ai Como a ética da Lustracao, a ii fundamentar @ ue moral € legitimavel por um critério objetivo, pode.afirmar que ! itérios da Ilustracao se filia a ética disc Mas a qual dos cai o empirista ou 0 imanente A razio3 siva— ean Também Habermas funda a validade da nos enned cariter universalizavel, com a diferenga de que ele reform discursivamente 0 imperativo categorico: Q Process de universalizagio nao se dé monologicamente, no. Anterior de uma consciéncia transcendental, e sim dialogicamente, no inte. rior de um discurso. = A ética discursiva nos permite também responder as objecies do racionalismo critico — a tese da impossibilidade de qualquer fandamento tiltimo — por uma estratégia extremamente astucio- sa, que Apel chama de estratégia da contradigio performativa. 0. gue cle quer dizer, em outras palavras, € o seguinte: a verdade da teoria comunicativa é tio evidente que mesmo os autores que a Contestam admitem implicitamente a realidade daquilo que est sendo-criticado, Consciente ou inconscientemente, todos reco- scem que no ha argumentacio sem a observncia de certos odeeens 7 qualquer tipo de comunicagao discursiva, como Pelee _ ps Interessados siio livres, 0 de que nenhum deles ignais de dtc ae todos os participantes tém direitos argumentos tém que a tar argumentos, o de que todos 0 Suponharnos que um dos : meds ao livre exame de todos “4 80 filsos. Por exemplg qpesentes diga que esses pressupost® e prete et WE @ comunicacao linguistic CKO, ele esta iny Pretenses de validade. Mas ao fazer ess! 0 cla wna pretensio de validate €80, ests Ader a valida ed Sti dizendo é verdadeiro, oa argument SPOStO a.admnitin «1°84 afirmacio pela argume i $20) invocando pola’, Mterlocator possa recor “ Suponhamos © Por sua yer i Jidade- ele queirg uma pretensio de va ‘a 222 Tefutar a tese de que toda prop reito ¢, implica a invocagg afirm: VOca¢io gio deve ser submetida ao livre exame de todos, fazer e858 refutagao por um ato linguistico da forma é,submeto esta tese ao livre exame de todos, que nao é necessario gubmeter esta tese 20 livre exame de todos. Ou seja, ele esta afir- mando, numa parte da frase, aquilo mesmo que esta negando na outra parte. Surge assim uma contradi¢io. A partir dela, Haber- mas pode identificar Os pressupostos gerais € necessrios de toda acomunicagao linguistica. Ora, o principio U deriva desses.pres- supostos gerais e necessarios. Nao posso, sem contradizer pressu- postos gerais da argumentacio, negar que os interesses de todos os participantes de um discurso pratico precisam ser respeitados ou que todos eles devam ser isentos de coacio. Desse modo, in- direto mas eficaz, a ética discursiva valida o seu proprio principio de validagao, o principio U. Com isso, 0 cognitivismo da Ilustragio é salvaguardado. Como a filosofia moral da Ilustracio, a ética discursiva sustenta que anorma é fundamentivel. E, mais rigorosa que a Ilustragao, ela fundamenta o préprio critério de fundamentagao. E 0 individualismo?_A ética discursiva é uma teoria nfo in- dividualista, porque ela se baseia na hi é um mundo ido linguisticamente compartilhado. obstante, consegue svar os dois principals temas do indvidualisino éico da us tragio: o direito a felicidade e 0 descentramento. O individuo sé existe em interagao, mas essa interagao pres- supde o reconhecimento da dignidade e integridade de cada participante. O homem tem direitos como individuo, que nao podem ser cancelados pelos direitos da comunidade. Entre — direitos do homem como individuo, e nao apenas jeomne! aia mn da comunidade, est4 o direito a aurorrealizagaos een Préprio estilo e sua propria concep¢ao de felicidade. Ha’ ‘ a ti i irei 4, nesse ponto, do est tio consciente desse direito que se afasta, ‘eros, excluidos:por Kant por Ele sé pode ‘afirmo, isto aeasme kantiana. Os dese) os a sho readmitides pela ica Se situarem na esfera da heteronomia, s40 reacnuht “k= i i eralizavels, “Seu interesses general : sess forma ae discursiva:o redefine, .ex daar eS Tea indi jdualistas. O- descentra- Purgando-o de suas caracteristicas individualistas. 223 mento se dé quando os individuos abandonam © mun, entram num processo de argumentagio coletiva, Nesse ne ‘to, eles se situam em relacio a0 mundo vivido numa ene “de excentricidade, de exterioridade. Ou seja, © descentranns . coletivo, ¢ nao individual, como na Thustracio, E toda ume = ‘nidade argumentativa que rompe as relagdes espontineas gue | membrosmantinham entre si no mundo vivido e | undo Vibidg que assume postura judicativa e critica com relagio & sua propria sociedy de, Finalmente, a ética discursiva assume sem complexos a he, ranga universalista da Tlustragio, nos trés aspectos em que ee ‘manifestou:a concepgao de uma natureza humana universal, ke um principio universal de validagao e de certas normas substan- “7 tivas universais, ——S A— Ela desafia abertamente o historismo contemporaneo e afir- i ma sem pestanejar que existe, sim, uma natureza humana univer- ¥ sal, embora nio definida nos termos indivi AY da Tlustracéo. O univer: alismo é 4 iy humana que por toda Pp i" jme is i OYE especie. apa Ela proclama também a universalidade do seu principio de { dacio, o principio U, versio comunicativa do imperativo ca yf [80rico. Sem diivida, a vigéncia plena desse principio é mais fl esa moderna, cujo sistema politico oferece ond ‘quadas para ass icacio li ue mi sociedade primitva, en reales comunicacto livre, Lyresbe of desencorape aun ya moldura politico-institucional pi 0 ri seein ect de discursos problematizadores. Mas aa a li ae ep 1 uma virtualidade die Ce linguage ed peo oe a validade de U, tee © como todo discurso pressupo ais S40 elas? Si.) Mcleo minimo de normas a sruttmas de interac e qe omeMte as que esto contidas 195" a comunicacag > da comunicagio discursiva. A mer® ide unicast jd apg A mera ide? nta para o yal mento sit a da nao viola valor do entendim' it " me 224 neta. Cada pretensio de validade © teaum valor: a vinculada as proposigdes factuais remete a ve - dade, @ vinculada as proposigSes prescritivas remete 3 justi yinculada as proposigdes subjetivas remete & vetacidade Ospre : supostos pragmaticos do discurso sao férteis em ors! = ee ‘O pressuposto de que todos os individuos tém direitos ae eee de apresentar € refutar argumentos remete a ideia da i aldad 5 pressuposto de que nenhum individuo deve ser consider rei ae ideia de liberdade; o pressuposto de que nenhum deve ser exclu "| jemete 4 ideia da nao discriminacao, Em suma, i elementos de ‘uma ética material incrustados nas estruturas formais da Terie edo discurso, €, como essas estruturas sao universais, aquela ética' também € universal. Vv Teria eu conseguido, com isso, fazer a mediagio, no campo da moralidade, entre a Ilustragao e o Iuminismo? Certamente nao. Mas creio ter demonstrado que essa passagem nao é impossivel. Indiquei o caminho para uma fundamentagao racional da éti- ca. Mostrei como 0 eudemonismo da Ilustracao pode ser incluido numa ética iluminista. Coloquei o direito ao descentramento no cerne da moralidade iluminista, pois é ele que permite ao indi- viduo completar sua psicogénese, acedendo ao estigio do pen- samento critico, e realizar plenamente a palavra de ordem kan- tiana — sapere aude — pensando por si mesmo, qualquer que seja a opinido do seu vizinho, da sua cidade ou de seu pais. E propus uma pista para repensat 0 universalismo da Tlustracio, oe cendo plenamente o pluralismo ¢ a diversidade, mas Fee do, acima das diferencas, além das diferengas, a necessiaa Teinventar 0 que todos os homens tém em Sere raziio, vol- A utopia iluminista é a de uma ética funda a ant ewe tada para afelicidade, capaz de julgar © cridcas oom do como zelas una communidade are ee que a univer que a ignaldade nao signifique nivelamento silidade nao leve a dissolugao do particular. os

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