You are on page 1of 32
ae a ‘Jenxes opsejar eum OFUS No syTeIET Oa SEU EA) -E[ad B OWIOD ‘suaWOY So aajUA ,sTEMyeU,, SeOdETAA UI Wajs[xe ayUaUIe}IaD ‘aye ap eye] 3 ‘opapraduiy “aes 0 ‘Enorpl y ‘enduyy e ‘ojduraxa sod ‘ous ‘oyu @p SO]USUITLIISUL sop Ilas as v opipuarde eytiay oO ‘(uosuadavatg ‘epealad vossad eum ‘ezaryed ep unui BIOL! Wn 9 aly | Moyyjod uooz, UN ap ‘eas [eUif! ap wawoy o aeurey as-apod opruas assau su ‘Teangeu OFU [BWUTUe UM a WauIOY o anb apepioa -ul eg “seurfdiostp sessap ovsrpuoo e zoyjaur essaitl -TUDUINy, BURILaWe OB seUTUEOUAp Y ‘(uaz vYasuassti ouidse op seiouap, ow? seppequen uz] ef anl | Op sTeanjeu OBU soj2adse so TIO? sepeuODeyar svt sejanbe a2uejsad seu ‘Teanqeu epug eu a opu “TUIO? Ep E1109} & OSS} 10g “SEYTEqe Sep PSUEp POLIO ojsed umn 9 oeu eqa2sa v a ‘soresspd sop owe? OU |) aod ‘ouro) ‘sremjeu suos soprznposd ops opu eyiy -QPU, OBU exIaUeUT EWM ap se.gNO so WO) suN as-Ull 09 suaUrOY SQ “soflpo wa sopeziurZa0 sopoqurys Uy © SOJUAWINAISUL a SEIWOUIELIay ‘sEZLaqoasep ‘so] if 98-Blastg ‘Pesguze ossazo01d win a eueUMY OFILIfU 2a Pode-se afirmar que essas seriam as formas de com ‘o mais originais e fundamentais. Mas elas nao ca 2am a comunicacéo humana, e sio amplamente influs das pelos artificios, séo “influenciadas pela cultura” © carter artificial da comunicagio humana (o fa que o homem se comunica com outros homens pot de artificios) nem sempre é totalmente conscicn aprendermos um cédigo, tendemos a esquecer a sua Chalidade: depois que se aprende o cédigo dos gestos se esquecer que 0 anuir com @ cabeye significa apenas le"sim’ que se serve desse cédigo, Os cédigos (eos sim ue 08 constituern) tornam-se uma espécie de segum tureza, ¢0 mundo codificadae cheio de significados om vivemos (o mundo dos fenémenos significativos, tais ©anuir com a cabeca, a sinalizacdo de transito eos més nos faz esquecer o mundo da “primeira natureza”. E ¢, em dltima andlise, 0 objetivo do mundo codificada) Nos circunda: que esquegamos que ele consiste num artificial que esconde uma natureza sem significado, sentido, por ele representada. O obietivo da comuni humana 6 nos fazer esquecer desse contexto insignifi em. que nos encontramos ~ completamente sozinhos comunicaveis” -, ou seja, ¢ nos fazer esquecer desse muy em que ocupamos uma cela solitéria em que somos denados 4 morte - 0 mundo da “natureza’ A comunicasao humana 6 um artificio euja intengal nos fazer esquecer a brutal falta de sentido de uma condenada 4 morte. Sob a perspectiva da “natureza”, 6 mem € um animal solitario que sabe que vai morrer e| nahora de sua morte esté sozinho. Cada um tem demo por si mesmo. E, potencialmente, cada hora é a morte, Sem dlivida nao ¢ possivel viver com esse wento da solidao fundamental e sem sentido. A co- jigho humana tece o véu do mundo codificado, 0 véu dla ciéncia, da filosofia e da religiao, ao redor de nés, com pontos cada vez mais apertados, para ue 10) nossa prépria solidao e nossa morte, e também daqueles que amamos. Em suma, ehemem some (om 0s outros; é um “animal politico”, nao pelo ie \m animal social, mas sim porque e um animal sol 1 de viverna solidao. _ a comunicacao ocupa-se com o tecido autificial Jar-se esquecer da solidio, e por causa disso ae ty’. Na verdade, aqui nao é o Iugat de se falar da entre “natureza’, por um lado, e “arte” (ou “cultura”, ipirito”), por outro. Mas a consequéncia malig iymagio de que a teoria da comunicacao nao é uma ci Z \usral tem que ser abordada. No final do século x1x, sus se que as ciéncias naturais esclareciam os fenémenos, ncias do expirito” ac interpretavam. (Por no que ae ret lo, ura nuvem € explicada quando se indicam suas y, umn Koro €interpretado quando se remetea seu sig- to.) Depois, a teoria da comunicagio seria uma discipl- \orpretativa: ela tem que criar significados. : |lizmente perdemos a inecéncia de acreditar que 0 Wpios fendmenos exigem expicagdo ou intexpretagio. Jivens podem ser interpretadas (os videntes e aoe le ezm seo poder a: ns \terialistas historcos e alguns psicdlogos fue i 4 que uma coisa se torna “natureza” na medida em 2 9 riter nao natural desse fenémeno, que se manifesta | purspectiva da interpretacao, ainda no foi compreen- fom a artificialidade de seus métodos (a produgao in- nal de cédigos). A comunicacdo humana € inatural, natural, pois se propée a armazenar informacoes lindas. Ela ¢ “negativamente entr6pica”. Pode-se afir- sjue.a transmissao de informagoes adquiridas de gera- ‘ym geracao seja um aspecto essencial da comunicagio sna, ¢ 6 isso sobretudo que caracteriza o homem: ele € gnimal que encontrou truques para acumular informa- que é explicada, ¢ se torna “espirito” na medida em alguém decide interpreta-la. Depois, para um cristo seria “arte” (a saber, obra de Deus) e para um fildsol clarecido do século xvi tudo seria “natureza” (ou se Principio, explicével). A diferenga entre ciéncia nat “céncia do espirito” nao seria conferida pela coisa, m: posicionamento do pesquisador, Mas isso nao corresponde a condicaa efetiva das 0 Pode-se humanizar tudo (como, por exemplo, ler nuy ou naturalisar tude (comy descubrir as causas dos liv aclquiridas, I) verdade, hd também na natureza esses processos ne- Initrdpicos. Por exemplo, pode-se considerar o desenvol- to hiclogico como uma tendéncia para formas mais wiplexas, para acumulacio de informagées, ou seja, como proceso que conduz a estruturas cada vez menos pro- ivels. E pode-se dizer que a comunicacao humana repre- N\a temporariamente um tltimo estégio nesse processo lesenvolvimento, Isso seré dito quando se tentar expli- 6 fendmeno da comunicacéo humana. Mas nesse caso Irataré de outro fendémeno que nia 0 aqui mencionado. Do ponto de vista da ciéncia natural, explicativa, esse miazenamento de informacdes é um processo que acon- 4» por tras de um decurso bem mais amplo de perda de formacao, para finalmente desembocar no processo de \Wimulo de informagées: um epiciclo. Na verdade, um car~ hho & mais complexo que seu fruto, mas ao final ele se juforma em cinzas, que so menos complexas que seu \ito, A estrutura do corpo da formiga é mais complexa a da ameba, mas, se-a Terra se aproximar cada vez mais tidoa uma ou a outra dessas duas decisoes de anilise, @ isso ha pouco sentido em se falar do “mesmo feném cacao humana, entio reconheceremos o problema meta légico de que se falou. Quando se tenta explicar a col comunicacao entre os mamiferos, ou como consequérl da anatomia humana, ou como método para tradul Informagoes), esta se falando de um fendmeno diferen daquele de quando se tenta interpreté-la (ou seja, i trar o que ela significa). O presente trabalho pretende nar visivel esse fato, Portanto, a seguir, a teoria da co nicacio sera entendida como uma disciplina interpretatl (diferentemente, por exemplo, da “teoria da informacio! da “informatica”), e a comunicagio humana seré abore como um fendmeno significativo e a ser interpretado. a 94 |, entre outros aspectos, é uma tentativa de negar na verdade tanto a “natureza” lé fora como tam- \tureza” do homem. F por isso que estamos todos do Sol, 0 epiciclo biolégico como um todo se trans Por fim em cinzas, que s4o menos complexas que. ‘Os epiciclos de armazenamento de informaces s& dade improvaveis, mas estatisticamente possiveis, f tanto, estatisticamente, conforme o segundo prinef termodinamica, eles tm de desembocar no provar De maneira distinta, aliés bem a0 contririo gird essa tendéncia neguentrépica da comunicagao na ao se tentar interpretar em vez de explicar. E acimulo de informacdes se manifectara nao €o Processo estatisticamente improvvel, embora po! mas como um propésito humano. E também nio s festaré como uma consequéncia do acaso e da neces mas da liberdade, O armazenamento de ‘informa¢é na comunicacao. \terpretarmos nosso engajamento dessa maneira, se insignificantes as reflexdes estatisticas (e sobretu- ntificaveis). Perguntar-se sobre a probabilidade de jjay ¢ 05 tijolos se agruparem, formando uma cidade, ¢ “quando sero novamente derrubados em uma pilha de | (portanto errénea. A cidade enrge gracas a intencao durum significadoao ser-para-a-morte (Daseinzum Tod), pxisténcia sem sentido. Perguntar-se quantos macacos In que fazer estalar as méquinas de escrever, ¢ por quan- po, para que a Divina Comedia fosse “necessariamente pyjrafadaconsiste, portante, emalgo sem sentido. A obra site nao deve ser explicada a partir de suas causas, mas jtirde suas intengdes. Nao se pode medir, portanto, o en- nto humano em armazenar informagdes contra a mor~ om a mesma escala utilizada pela céncia natural. O teste lurhonn mere o tempo natural, por exemplo, de acordo a perda de informagio de stomos radioatives especif- | 0 tempo artificial da iberdade humana (o “tempo histé- ) é mensurével ndo por meio de uma inversio da for- ln utilizada no teste de carbono, conforme 0 acimulo de ilormagées. © actimulo de informagées nao é, portanto, a lida da historia, é apenas uma espécie de lixo morto do jpésito contra a morte, desse propésito de fazer funcianar historia, ou seja, a liberdade. 7 (0 importante ai é afirmar que no ha uma contradicao intve a abordagem interpretativa ea abordagem explicativa quitidas no sera interpretado como uma excecao d modinamica (conforme se da na informatica), mas ¢ uma inten¢4o contranatural do homem condenado am Na verdade, da-se o seguinte: a afirmacio de quel snunicacao humana seria um artificio contra a solidao a morte e a afirmacao de que ela seria um proreseag corre contra a tendéncia da natureza a entropia di mesmo: a tendéncia cega da natureza para situacoes vez mais provdvels, para a aglomeragio, para as city (ara a “morte morna’), nao é senio o aspecto objetivd experiéncia subjetiva de nossa estapida solidio ¢ dey sa condenacio 4 morte, Considerando a comunicacio } mana do ponto de vista da existéncia (como tentati Supera¢ao da morte por meio da companhia dos outros), ento considerando-a do ponto de vista formal (como th tativa de produzir e armazenar informacées), fica pared 98 vem aqui a expressio.) A conhecida queixa de que " jieia a participacao no didlogo da participagio no dis- ),gragas a critica da historia, ao mesmo tempo estética, Mica e epistemolégica. ‘Mas naturalmente a distincao entre discurso e dialogo pode mais comunicar” é um bom exemplo. © que as 2 pensam certamente nao é que sofram de falta de cacao. Nunca antes na histéria a comunicacao foi ti © funcionou de forma téo extensiva ¢ tio intensiva nétodo muito grosseiro para compreendermos nos- hoje. O que as pessoas pensam ¢ na dificuldade de pra dislogos efetivos, isto 6, de trocar informacées com @ yndiciio. B preciso refind-lo um pouco. Por exemplo, é i) que o discurso, assim como aparece e irradia na tela Jinema, nao é do mesmo género que aquele transmitido avd ao narrar os contos de fada, Ou ainda, que o di- entre os adolescentes no telefone nav € www ayucle jcontece em um simpésio filoséfico. Fntao, quando se iia classificar discurso e didlogo, observa-se que ha no Jnimo dois critérios a disposigao: pode-se buscar a dife- entre 0 discurso do cinema e o da avé na “mensagem” (utd sendo emitida (historias de crime versus contos fadas), ou na propria “estrutura” da comunicacao (no joma, o receptor senta-se sem se manifestar, ao contré- jy do neto, que dirige perguntas & av). Pode-se portanto ‘juificar as diversas formas de comunicacao pelo menos tivo de adquirir novas informagées. E essa dificuldad ser conduzida diretamente ao funcionamento hoje efi tHo perteito da comunicagio, a saber, deve ser dirigidl a onipresenga dos discursos predominantes, que tof todo dislogo impossivel e ao mesmo tempo desnecessi Pode-se afirmar, na verdade, que a comunicacao 56 pil alcangar seu objetivo, a saber, superar a solidio e day nificado a vida, quando ha um equilibrio entre disc didlogo. Como hoje predomina o discurso, os homens tem-se solitérios, apesar da permanente ligacao com as madas “fontes de informacio”. E quando os didlogas vincianos predominam sobre o discurse, como acont amente” ou “sintaticamente”, antes da revolugdo da comunicagio, os homens senteim sozinhos, apesar do dialogo, porque se sentem e: da historia. A diferenca entre discurso e didlogo e 0 conceito de brio entre ambos permitem perspectivas histéricas cificas. £ possivel, por exemplo, distinguir periodos pr minantemente dialégicos (como o ancien régime, com 31 na Seadotarnius 0 uritétiv “semantico”, 08 géneroe de commu. ‘ltacio serao catalogados conforme a informagao transmi- ‘ida, por exemplo, nas trés classes principais: informagao Vjtica” (indicative), informagio “normativa” (imperativo) 'p informago “estética” (condicional). Mas pode ser mos- jnido que os critérios “sintaticos” que ordenam os géne~ tables rondes e assemblées constitutionelles) e periodos pret Jos de comunicacio conforme sua estrutura sao adequados minantemente discursivos (como por exemplo o Rom: ‘mo, com seus oradores populares e sua nocao de progresil E pode-se tentar compreender a atmosfera existencial jira preparar o campo para futuras analises “semanticas” les oferecem, por assim dizer, mapas da situagao comuni- ologica, na qual os contetidos semanticos depois podem 99 EIpuoD essou ep edeur, wn ‘Temmnaysa asl[EUE BLUM yexSoj0} eum) wQUPUIEs oEInpordar eum 9 ogu mb as anbo ‘OFUEQUA OI “Y ‘ORIeITMULIOS ep ooT}URU dse o sajautal sou e saqumBas soyxaq sou sourenury OLIPSsalaUl 9 ‘OJUELIOg “( Wiasesueul & aTUAUIELIES s enb eyuay opu ofaur o, ezoquia) EUOLIpUO? o Ta 02 oped Spee ipa a PREAQ B\epesau sas asap 02 jp mundo (um “conceito”). As linhas, portanto, repre- jm) 0 mundo ao projeté-lo em uma série de sucessdes. modo, o mundo ¢ representado por linhas, na forma processo. O pensamento ocidental é “histérico” no lo de que concebe o mundo em linhas, ou seja, como jocesso, Nao pode ser por acaso que esse sentimento ico foi articulado primeivamente pelos judeus, 0 povo Wvio, isto é, da escrita linear. Mas nao exageremos: so- Wi poucos sabiam ler e escrever, ¢ as massas iletradas m, © com certa razao, da historicidade linear pequenos funciondrios que manipulavam nossa ci ip, Mas a invencao da imprensa vulgarizou o alfabeto, ule. ia histérica do homem ocidental se tomnou o clima de i civilizacao, “Alualmente isso deixou de ser assim. As linhas escritas, iy de serem muito mais frequentes do que antes, vm As superficies adquirem cada vez mais importancia no dia a dia. Estado nas telas de televistio, nas telas de ci nos cartazes e nas paginas de revistas ilustradas, por plo. As superficies eram raras no passado, Fotografias turas, tapetes, vitrais e inscricdes rupestres so exe! de superficies que rodeavam o homem, Mas elas nao eq Jiam em quantidade nem em importancia As superficie agora nos circundam, Portanto, nio era tio urgente hoje que se entendesse o papel que desempenhavam na humana. Outro problema de maior importancia passado: a tentativa de entender o significado das Desde a “invencao” da escrita alfabética (isto 6, desde pensamento ocidental comegou a ser ar ticulado), as escritas passaram a envolver o homem de modo a Ihi gir explicacdes. Estava claro: essas linhas representa mundo tridimensional em que vivemos, agimos e sofe so dizer que nos tiltimos com anos ou mais a cons- {nmnando menos importantes para as massas do que as wilicies. Nao necessitamos de profetas para saber que Hiomem unidimensional” esta desaparecendo. O que sig- juin essas superficies? Essa é a pergunta do momento. Wi certeza elas representam o mundo tanto quanto as jin o fazem. Mas como elas o representam? Sera que ailequadas para o mundo? E, caso afirmativo, como? |) que elas representam 0 “mesmo” mundo que as linhas Jy)tas? © problema é descobrir que tipo de adequagao Conhecemos as respostas para essa questao, e sabi ie entre as superficies e 0 mundo, de um lado, e entre que a cartesiana é decisiva para a civilizagio modern: Jiperficies e as linhas, de outro. afirma, resumidamente, que as linhas sao discursol Nao se trata mais apenas do problema da adequagao do Pontos, e que cada ponto é um simbolo de algo que ex wamento coisa, mas do pensamento expresso em supet- ‘Mas como representavam isso? 103 104 ficies & coisa, de um lado, ¢ do pensamento expresse inhas, de outro. Ora, existem varias dificuldades ni pria formulacao do problema. Uma delas 6 0 fato de problema precisa ser colocado em linhas escritas, j4 pm pondo sua conclusao. Outra dificuldade diz respeito de que, embora predomine agora no mundo o pensamt Jp entanto, essa ndo é uma resposta muito boa para «0 pergunta, pois sugere que as duas leituras sejam jiies (os caminhos ou pistas sendo considerados como w) e que a diferenca entre as duas tem a ver com a Ti- \le, Entretanto, se comecarmos a pensar sobre isso, a ho parece ser dessa maneira, Podemos de fato ler as, its do modo descrito, mas nao precisamos fazé-lo | Podemos abarcar a totalidade da pintura num lan- le olhar e entao analisé-la de acordo com os caminhos expresso em superficies, essa espécie de pensamento 6 tio consciente de sua prépria estrutura, assim com quando expresso em linhas. (Nao dispomos de uma li bidimensional comparavel a légica aristotélica no qu cerne ao rigor ea elaboracao.) E existem outras dif Faz pouco sentido tentar evitd-las dizendo, por que pensamentos expressos em telas ou superficies sl népticos” ou “sincréticos”. Admitamos as dificuldades, vamos tentar, nao obstante, pensar o problema. ilonados. (E & assim que acontece, em geral.) De fato, método duplo de ler os quadros, essa sintese seguida ‘indlise (am processo que pode ser repetido iniirneras no curso de uma iinica leitura) ¢ 0 que caracteriza Jura dos quadros. © que significa que a diferenca en- lor linhas escritas e ler uma pintura é a seguinte: preci- 10) Seguir © texto se quisermos captar sua mensagem, junto na pintura podemos aprender a mensagem pri- fo ¢ depois tentar decompé-la. Essa é, entiio, a diferen- ‘pntre alinha de uma sé dimensio e a superficie de duas [a] ApEQUAGAG DO “PENSAMENTO-EM-SUPERFICIE” AO “Pl MENTO-EM-LINHA” jenadies: uma almoja chegar a algum lugar ea outra |i, mas pode mostrar como lA chegou. A diferenca é de jpo, e envolve o presente, o passado e o futuro. Nobvio que os dois tipos de leitura envolvem tempo, mas “mesmo” tempo? Aparentemente sim, jé que pode- mnedir em minutos 0 tempo despendido nos dois tipos jtura, Mas um simples fato nos detém. Como podemos Near 0 fato de que a leitura de textos escritos usualmente iyancla muito mais tempo do que a leitura de quadros? que a leitura de quadros é mais cansativa, a ponto jormos de interrompé-la? Ou seré que as mensagens posta aparentemente simples. Seguimos a linha texto da esquerda para a direita, mudamos de linha de ¢ para baixo, e viramos as péginas da direita para a Olhamos uma pintura: passamos nossos olhos sobre s perficie seguindo caminhos vagamente sugeridos pela posi¢go da imagem. Ao lermos as linhas, seguimos i estrutura que nos é imposta; quando lemos as pintl movemo-nos de certo modo livremente dentro da est! ra que nos foi proposta, Aparentemente essa é a difereh 108 106 transmitidas nos quadros sao normalmente mais “ct unio sera entio mais sensato dizer que as dois tem envolvidos sao diferentes, e que amensuracao em J nao consegue demonstrar esca particularidade?| mos isso, poderemos dizer que a leitura de imagens ule-se dizer que os filmes séo vistos coma se fossem, }\drie de imagens em movimento. Mas essas imagens \o idénticas aquelas que fisicamente compéem o fil- i fotogramas que compdem sua fita. Elas se parecem com imagens em movimento de cenas numa pega tea- ‘(essa é a razao pela qual frequenternente se compara ilura de filmes com a de pecas representadas no palco, de comparé-la com a leitura de imagens. § errénea linhas escritas de “tempo histérico”, devemos des teupu envolvido na leitura de quadros com um ferente. Porque “histéria” significa tentar chegar a al lugar, mas ao observarmos pinturas nao necessita a lugar algum. A prova disso é simples: demora muito tempo descrever por escrito o que alguém viu em _tura do que simplesmente vé-la./ Agora, a diferenga entre os dois tipos de tempo tors muito mais virulenta se, em vez de compararmos a leittlf linhas 4 dos quadros, a compararmos a do cinema. Um ff como se sabe, é uma sequéncia linear de imagens. Mi quanto “lemos” um filme nos esquecemos disso. De fat mos de esquecé-lo se quisermos ler o filme. Mas, afinal, ¢ olemos? Essa questo é levantada por varias ciéncias recebendo respostas fisiolégicas, psicolégicas e social bastante detalhadas. (Isso ¢ importante, pois 0 conhedl to dessas respostas capacita os produtores de cinema | TV amudarem o contetido dos filmes e, por consequei comportamento dos que a eles assistem, isto &, os s manos.) Mas as respostas cientificas falham ao mostrat, sua “objetividade”, o aspecto existencial da leitura de fil que é o que importa em considera¢ées como essa. comparacio, uma vez que o palco tem trés dimensdes \) podemos caminhar dentro dele; a tela de cinema é projecao bidimensional, e nunca poderemos adentra- teatro representa 0 mundo das coisas por meio das jrlas coisas, e 0 filme representa o mundo das coisas Ineio da projecao das coisas; a leitura de filmes se passa 0) modo como lemos os filmes pode ser mais bem des- |) quando tentamos enumerar os varios niveis de tempo jigue a leita acontere HA a tempn linear, em que as fix jnmas das cenas se seguem uns aos outros. Hé 0 tempo Jorminado para o movimento de cada fotograma. E tam- hi o tempo que gastamos para captar cada imagem i, apesar de mais curto, é similar ao tempo envolvido na jira de pinturas). Ha também o tempo referente a his- ih que © filme est contando, E provavelmente existem fos niveis temporais ainda mais complexos. E muito fa- | simplificar essa afirmacio e dizer quea leitura de filmes é icida com aleitura de linhas escritas, pelo fato de seguir ibém um texto (o primeiro nfvel temporal), Essa sim- 107 COR Ce Wee h ar et as Owe a ~ te ao final de nossa leitura. Mas ¢ falsa no sentido lente novo para a expressio “liberdade histérica”, \ynifica, para aqueles que pensam em linhas escritas, yibilidade de atuar sobre a histéria de dentro da his- Ii, para aqueles que pensam em filmes, significara a bllidade de atuar sobre a historia de fora dela. B assim je aqueles que pensam em linhas escritas permane- dentro da histéria, e aqueles que pensam em filmes para ela de fora. consideragées anteriores nao levaram em conta 0 de-que os filmes sao fotografias que “falam”. Isso é )ioblema. Em termes visuais, os filmes sao superficies, para o ouvido eles sao espaciais. Nadamos no oceano ‘yons, e ele nos penetra enquanto nos confrontamos com nos filmes, ao contrarie do que acontece nos texto tos e assim come acontece nas pinturas, podemos p| perceber cada cena e depois analisé-la,| Isso 9 a leitura de filmes é algo que acontece no mesmo “ histérico” em que ocorre a leitura de linhas escritas, tempo histérico em siacontece dentro da leitura dos indo das imagens, esse mundo que nos circunda. O Hino “audiovisual” ocultaisso. (Parece que Ortega," entre os, ignora essa diferenca ao falar de nossa “circuns- vin"; ¢ os visionaries certamente vivem em um mundo ilivente de onde estdo aqueles que escutam vozes.) Po- ios sentir fisicamente coma o som, em filmes estereo- que comega na segunda dimensao. Mas se entendet storia” como um projeto em direcao a alguma coisa, na-se Gbvio que, na leitura de textos, “histéria” sign algo bem diferente do que significa na leitura de fil Essa mudanga radical no significado da palavra tia" ainda nao se tornou ébvia por uma razdo muito | ilcos, introduz a terceira dimensao na tela. (Isso néo nada a ver, de qualquer maneira, com possiveis ¢ fu- 08 filmes tridimensionais, pois eles nao irao introduzir Jnvceira dimensao; eles vdo “projeté-la”, assim como fa- i as pinturas quando se emprega a perspectiva.) Essa jcviva dimensao, que muda completamente o modo de 4 superficie dos filmes, é um desafio para aqueles que ples. £ porque nao aprendemos ainda como ler f Programas de TV. Ainda os lemos como se fossem litl escritas e falhamos na tentativa de captar a qualida superficie inerente a eles. Mas isso ira mudar num muito préximo. E tecnicamente possivel, mesmo a projetar filmes e programas de Tv que permitam ao controlar e manipular a sequéncia das imagens e aindé brepor outras. A gravacao de videos e os slides apontam ramente nesse sentido, O que significa que a “historia nfore-se ao fildsofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955). 110 pensam as superficies, e somente o futuro poder isso serd resolvido. Vamos resumir neste parégrafo 0 que procurarn até aqui: até bem recentemente o pensamento oficlal dente expressavacse muito mais por meio de li do que de superficies. Esse fato é importante. As I critas impéem ao pensamento uma estrutura ‘espa medida em que representam o mundo por meio dal nos padrées de comportamento e etm toda a estru- nossa civilizagdo, Essa mudanga na estrutura de nsamento é utn aspecto importante da crise atual. “corsa” WQUAGAO DO “PENSAMENTO-FM-SUPERFICTE ys levantar aqui outro tipo de questdo. Peguemos uma por exemplo. Qual é a relagio daquela pedra Ié fora ficados de uma sequéncia de pontos. Isso implica ut ‘ne faz teopecar) com sua fotografia, e qual a relaco no-mundo “histérico” para aqueles que escrevem e qui dra com a explicacio mineralégica sobre ela? A res- ‘esses. escritos. Paralelamente a esses escritos, se1 parece fici. A fotografia representa a pedra na for- le immagem e a explicagio a representa na forma de um iio linear. [sso significa que posso imaginar a pedra se fotografia, ¢ posso concebé-laao ler as linhas escritas yam superficies que também representavam 0 mundo, superficies impéem uma estrutura muito diferente at samento, ao representarem 0 mundo por meio de inns estéticas. Isso implica uma maneira a-historica de est yplanagao. As fotografias e a explicacao sAo mediagbes mundo para aqueles que produzem e que leem eas mim ea pedra; elas se colocam entre nés, ¢ me apre- ficies. Recentemente surgiram novos canais de a jam a pedra. Mas posso também ir diretamente de en- de pensamento (como filmes e TV), ¢ 0 pensamento 0 tal est aproveitando cada vez mais esses novos meio \jro A pedra e tropecar nela. ‘Até agui tudo bem, mas todos sabemos desde a escola 0 problerna nao € tio facil. O melhor que podemos fa- ( tontar esquecer tudo o que nos disseram sobre ele ua bla, Pela seguinte razdo: a epistemologia ocidental é ba~ wla na prernissa cartesiana de que pensar significa seguir linha escrita, e isso nao da crédito a fotografia como uma yneira de pensar. Vamos entéo tentar esquecer que, de niido com nossa escola, adequar 0 pensamento a coisa sig- ica adequar o conceito & extensio. O problema deverdade nidade, de ficcao e realidade, precisa agora ser reformu- luz dos meios de comunicagao de massa, a grande mi- meios. De certa forma pode-se dizer que esses novos ¢i incorporam as linhas escritas na tela, elevando o ten torico linear das linhas escritas ao nivel da superficie, Se isso for verdade, podemos admitir que atua © “pensamento-em-superficie” vem absorvendo o “pi mento-em-linha’, ou pelo menos vem aprendendo « produzi-lo. E isso representa uma mudanca radical no mW es Si eteniplS Sa psdre- do: 6 annita a j\ials poderiamos ter contato.) Se nos ativermos nossa situacao atual, uma vez que podemos. om obstinagio, podemos arrisear a seguinte afir- pedra, mas nao podemos fazer nada parecido Wernos; falando de forma crua, em trés reinos - 0 relagdo a maioria das coisas que nos determinait ‘experiéncia imediata (a peda ld fora), 0 reino das sente. Nao podemos fazer nada parecido com am ¥ (i fotografia) e o reino dos conceitos (as explica- (i) possivel que haja outros reinos, mas vamos dei- lado.) Por conveniéncia, podemos denominar 0 reino de “o mundo dos fatos” ¢ os outros dois de jylo da ficgao”. E entao nossa pergunta inicial pode ser uly nos seguintes termos: como a ficgo se relaciona 1 {atos em nossa situagao atual? Iya coisa 6 dbviav’a ficcao quase sempre finge represen- {atos, substituindo-os e apontando para eles. (Esse {\jo da pedra, sua fotografia e sua explicagéo minera~ |) Como ela pode fazer iss0? Por meio de simbolos. \holos 880 coisas que tém sido convencionalmente de- lng como representativas de outras (seja essa conven- mnplicita e inconsciente ou explicita e consciente). As seios da senhorita Bardot. Nao temos uma experi m2 diata com essas coisas, mas somos influenciado: torna-se para nés a propria coisa. “Saber” & aprendt a midia, nesses casos. Nao importa se a “pedra” ou particula alfa ou os seios da senhorita Brigitte Bardot “realmente” em algum lugar la fora, ou se apenas aj na midia: essas coisas so reais na medida em que d nam nossas vidas. E podemos afirmar isso de manelf da mais contundente: Sabemos que algumas das coisa nos influenciam sao deliberadamente produzidas pal dia, cuuy us discursos dos presidentes, os Jogos Ol eos casamentos de celebridades. Que sentido faz per sea midia 6 um lugar adequado para essas coisas? Podemos, contudo, voltar a pedra como um exempl yelacionam seus simbolos a seus significados, ponto por tremo, apesar de atipico, pois afinal de contas ainda \into (elas “concebem” os fatos que significam), enquanto sige peel imediata, embora ela esteja se torn superficies os relacionam por meio de um contexto bidi- ais vara. (Vivemos de fato em um universd) \nnsional (elas “imaginam’” os fatos que significam) -, se expansao: a midia nos oferece cada vez mais coisas que jue elas significam mesmo fatos ¢ néo simbolos vazios. podemos experimentar diretamente, e nos priva de o lossa situagdio nos fornece, portanto, dois tipos de ficcao: jos entdo que perguntar como 0s varios simbolos do u jo ficcional se relacionam com os seus significados. Isso na a conceitual ¢ a imagetica; sua relacao com o fato doy da estrutura do medium. Para lermos um filme temos que assumir o pon vista que a tela nos impée, Se nio o fizermos, pod nio ler nada. O ponto de vista é estabelecido a part uma poltrona no cinema. Se nos sentarmos nela, mos ler o que o filme quer dizer. Se nos recusarmo sentar ¢ aproximarmo-nos da tela, veremos pontos destituidos de significado. Uma ver sentados na polt Ao teremas problemas: “sabcremos” v yue o filme | fica. Por outro lado, ao lermos um jormal, nao preci aceitar 0 ponto de vista que tentam nos impor. Se s mos 0 que a letra “a” significa, nao importa o modo aolhamos, ela sempre tera a mesmo significado. May poderemos ler o jornal se nio tivermos aprendido o ai cado dos simbolos ali impressos. Isso demonstra a di Ga entre a estrutura dos cédigos conceituais ¢ im Suas respectivas decodificacdes.Codigos imagéticos | filmes) dependem de pontos de vista predeterminados subjetivos. Sao baseados em conven¢des que naa pret ser aprendidas conscientemente: elas so inconscie Codigos conceituais (como alfabetos) independem Ponto de vista predeterminada: sio objetivos, Sao b dos em convengdes que precisam ser aprendidas e af conscientemente: sae cddigos conscientes. Portant so imaginativa relaciona-se com os fatos de um modi jetivo e inconsciente, ¢ a ficcéo conceitual faz 0 mestt maneira objetiva e consciente. | 4 imagética (“pensamento-em- superficie”) na medida lie torna objetivos e conscientes os fatos e eventos. De Wise tipo de interpretagio dominou nossa civilizacao Kentemente e ainda explica nossa atitude hostil em 0 A mfdia de massa. Mas isso esté errado, pela seguin- lo: ao traduzirmos uma imagem em conceito, decom: jp a imagem ea analisamos. Lancamos, por assim dizer, iredle conceitual de pontos sobre a imagem e captamos inte aquele significado que nao escapow por entre os alos daquela rede.'O entendimento da ficcao concei- '§, portanto, muito mais pobre do que 0 significado da in imagética, apesar de a primeira ser muito mais “cla~ Nitida”. Os fatos sao representados pelo pensamento yyotico de maneira mais completa, e so representados ensamento conceitual de maneira mais clara, As men- i) da midia imagética sao mais ricas eas mensagens da conceitual sao mais nitidas. jota podemos entender melhor nossa situacao atual ile tange aos fatos e a ficgao. Nossa civilizagao coloca 0 dioposigao dois tipos de midia, Auelas tidas como Wo linear (como livros e publicacées cientificas) e outras \idas de ficeio-em-superficie (como filmes, imagens ilustracées). O primeiro tipo de midia pode fazer jrface entre nds e os fatos de maneira clara, objetiva, iitiente, isto é, conceitual, apesar de ser relativamente iHito em sua mensagem. O segundo tipo pode fazer essa liyio de maneixa ambivalente, subjetiva, inconsciente, ‘ja, imageética, mas ¢ relativamente rico na sua men- in. Podemos participar dos dois tipos de midia, mas o hdo tipo requer, para isso, que primeiramente apren- 1ss0 pode nos conduzir a seguinte interpretacao: a conceitual (“pensamento-em-linha”) é superior e po: 1s: v8 mos alienados. (Por exemplo, nado podemos mais di- particula alfa é um fato ou se os seios de Brigitte sociedade em uma cultura de massa (aqueles que | pam quase exclusivamente da ficcdo-em- superficie) cultura de elite (os que participam quase exclusi da ficcio linear), Para esses dois grupos, chegar até os fatos consistt problema. No entanto, é um problema diferente pa uum deles, Para a elite, o problema é que quanto 1 jetiva e clara se torna a ficcdo linear, mais pobre uma vez que ameaca perder o contato com a realidad pretende representar {0 signihcado como um toda mensagens de ficgio linear ndo conseguem mais sed acontecesse, 0 pensamento imagético poderia se tor- fatoriamente adequadas a experiéncia imediata que objetivo, consciente e claro, além de permanecer rico temos do mundo. Para a cultura de massa, o proble} nda fazer a mediacao entre nés ¢ os fatos de maneira que quanté mais tecnicamente perfeitas vio se tom ito mais efetiva do que foi possivel até agora. Como isso ile acontecer? [uso envolve o problema de traducdo. Até agora a situa- tem sido mais ou menos esta: o pensamento imagético uma tradugdo do fato em imagem e o pensamento con- \| who “reais”, mas podemos afirmar agora que essas es tm pouquissima importancia.) orle-se perfeitamente pensar que essa nossa aliena¢ao inais é do que o sintoma de uma crise passageira. O sje passa atualmente talvez sejaa tentativa de incorpo- do pensamento linear ao pensamenta-em-super- |p, do conceito & imagem, da midia de elite 4 midia de i. (E é esse o argumento dy pritueitu pardgeafu.) Se as imagens, tanto mais ricas elas ficam e melhor sed substituir pelos fatos que em sua origem deveriam sentar. Em consequéncia, os fatos deixam de ser ned rios, as imagens passam a se sustentar por si mesn ual era uma tradugao da imagem em conceito. No prin- fo era a pedra. Depois, a imagem da pedra. E, entao, a Wiplicago dessa imagem. No futuro a situac’o podera sera “yuinte: 0 pensamento imagético ser4 a traducao do con- entdo perdem o seu sentido original. As imagens nai cisam mais se adequar a experiéncia imediata do mut e essa experiéncia 6 abandonada. Em outras palaveal mundo da ficcdo linear, o mundo da elite, esta mostral cada vez mais seu carter ficticio, meramente conceit ‘ieito em imagem eo pensamento conceitual, a tradu¢ao da e @ mundo da ficgia-em-superficie, 0 mundo das mas imagem em conceito. Nessa situagio de retroalimentacao eat tnidscarando cada'véz inclhot'sea catdter hence back) pode-se elaborar um modelo de pensamento que enha finalmente a se adequar a um fato. Primeiramente podemos mais passar do pensamento concei fato por falta de adequacao, e também nao podemos pa: do pensamento imagético para o fato por falta de um a rio que nos possibilite distinguir entre v fate ¢ a im: javerd uma imagem de alguma coisa. Depois, uma expli- “tugdo dessa imagem. E, por fim, havera uma imagem dessa ne jor o metapensamento dos conceitos. Agora o pensa- imagético pode tomar o seu lugar. dlivida, o que se apresentou é extremamente esque- , A situacao atual de nossa civilizacao é bem mais, loxa. Por exemplo, haa tendéncia de o pensamento se irpara a terceira dimensdo. Certamente sempre existiu midia tridimensional. As esculturas paleoliticas estio it prova-lo. Mas 0 que esta acontecendo agora é muito nite. Um programa audiovisual de TV que possa ser radu © yue provoyue senisacdes corporeas nao é uma itura. Esse é um dos avancos do pensamento no senti- ile representar os fatos de maneira sensorial, com resul- Wi que ainda nao podem ser previstos. Isso sem davida Wi capacitard a pensar coisas que no momento ainda sio ipennsdveis. Ela com certeza outras tendéncias em nossa Ilizago que ainda nao foram levadas em conta na pre- io do futuro, mas servirdo aos seus propésitos, isto é, m1 mostrar um aspecto de nossa crise e uma das possibi- iindes de superd-la. Retomemos nosso argumento: atualmente dispomos sip dias midias entre nds e os fatos ~a linear e a de super- _ficie. Os meios lineares esto se tornando mais ¢ mais abs- {jntos e perdendo o sentido. Os de superficie vém cobrin- {lp 0s fatos de maneira cada vez mais perfeita e, portanto, lambém estéo perdendo o sentido: Mas esses dois tipos de nidia podem se unir numa relacao criativa. Deverao sur- ir, assim, novos tipos de midia, o que tomard possivel que je descubram os fatos novamente, abrindo novos campos para um novo tipo de pensamento, com sua propria logica # seus préprios tipos de simbolos codificados. Em resum. outro fato, ou anada). E assim um fato (ou nenhu tera sido descoberto, Haveria, portanto, novamer critério de distingéo entre fato e ficcao (modelos dos ou inadequados), assim se reconquistaria um de realidade. € outras articulagées do pensamento linear, tais c poesia, a literatura ea musica, estao cada vee mais 5 Priando de recursos do imagético pensamento-em- ficie, ¢ assim o fazem por causa do avanco tecnolégi midia de superficie (surface media). B essa midia, incl pinturas e antincios publicitdrios, esta recorrendo ca mais aos recursos do pensamento linear. O que se diz pode ser problematico teoricamente, embora ja tenh: colocado em prética.| Em suma, queremos dizer que o pensamento imag esta se tornando capaz de pensar conceitos. Ele é cay transformar © conceito em seu “objeto” e pode, port: tornar-se um metapensamento de um modo de p conceitual/ Até entio os conceitos eram passiveis de pensados somente por meio de outros conceitos, da x4o. O pensamento reflexive era o metapensamento Pensamento conceitual, ¢ ele proprio era conceitual. Agi seja essa arazao por que a filosofia esta morrendo. Ela ny ar esse mundo, Assim criou um mundo de ima- fizessemn 2 mediacao entre ele € 0 mundo dos fa- J 08 quais estava perdendo contato a medida que para observé-los, Mais tarde ele aprenden a lidar Wp yeu uiniverso imagético gracas a outra capacidade ~ 4 capacidade de conceber. Ao: pensar por meio Woitos, ohomem tornou-se nao somente o sujeito de lo objetivado de fatos, mas também de urn mundo do de imagens. © homem esté agora comecando ya lidar com esse seu mundo conceitnal, an recor a sintese da midia linear com a de superficie pode numa nova civilizacao [c] kumo a un FUTURO POS-HISTORICO Podemos nos perguntar como sera esse novo tipo d 2a¢io. Se examinarmos a sociedade atual do ponto d histérico, ela pareceré inicialmente o resultado de senvolvimento do pensamento, que parte da em diregéo av wuiceitu. (Primetro ocorreram as pi rupestres e as Venus de Willendorf, depois entio su 08 alfabetos e outros cédigos lineares, como, por e3 : 0 Fortran.) Mas esse ponto de vista historica comega, ser inadequado, pois os atuais meios ima, tios TV, slides etc.) sao obviamente es linac samento conceitual, nos dois sentidas: porque res i i & pe ~ que é conceitual ~ e porque avancam ao lo Pa “ oni, que também sao conceituais, lorf pode nos contar uma histéria, um filme conta a sua histéria por meio de uma linha enredo, portanto o faz historicamente,) Precisamos a retificar nossa explica¢o sobre a civilizagao conter nea, Ela no parece sero resultado de um ceevaincill linear que se origina de uma imagem e vai até um conti Parece mais 0 resultado. de um tipo de espiral que vai imagem, passando pelo conceito, a imagem, / Isso pode ser afirmado do seguinte modo: quando o, mem se asstimiu como sujeito do mundo, quando rect “ um pouco para pode Para poder pensar sobre ele, isto 6, quando ft sly vealidade que esta represent: Jyyto, estaria traindo a realidade, estaria pecando. Pecar ¢ ma pagao ele comega a objetivar seus conceltos ¢, con- Intemente, a libertar-se deles, Em sua primeira post- Jjomem encontra-se em meio a imagens estaticas (os J, lim uma segunda posicio, coloca-se entre concel- ijoares progressivos (a histéria). Em uma terceira po- le se-vé em meio a imagens que ordenam conceitos sno), Mas essa terceira posi¢ao implica um estar- \yndo to vadicalmente novo que se torna dificil com- Jer seus miltiplos impactos. Vamos tentar encontrar Jnodelo para isso. Hynvcmosno teatro, por exemplo. A posigio mitica corres- Woria aquela assumida pelo dancarino que representa ona sagrada. A posi¢ao histérica, Aquela assumidapor W ator numa peca. A posi¢ao formalistica corresponderia Jvelmente aquela assumida pelo autor de uma peya. lngarino sabe que esta atuando, sabe que 0 que esta fa~ io & algo simbélico. Ele aceita isso como algo imposto ando. Se agisse diferente- ‘ ; -omou homem, assim o fez gracas a sua curiosa capaci asualiberdade, O ator sabe que estéatuando ea modelo mostra mais daramente a diferenca entre se ee — sua atuagao é Jjo-mundo historico e formalistico. O espectador é witloeransltas 7 Se ite ae oa (nado pela historia (pelo videocassete) e ainda atua Hoge dé, Essa éa il ria (a0 aparecer ele mesmo na tela). No entanto, ° stérica, no sentido estrito do te da histéria no sentido de que compe proceso e fe ee Ee dentn o e na medida em que assume o papel que quiser ficado aquilo que — a , eek tenti {lo processo histérico. Isso pode ser afirmado de ma- Bat dsdle emal Neoponts =i : E asua ais decisiva: embora ele atue na histériae seja deter- Guapeadice Ps vista do dang. lp por ela, nao esta mais interessado na historia como © autor é um demonio. Lo pont ha possibilidade de combina: varias histérias. Toco do ator, o dangarino é um ator inconsciente e 9 aque para ele a histéria no é mais um drama (como autoridade, J4 para o autor, o dancarino é uma inva posicao histérica), mas apenas um jogo. \ diferenca entre as duas posigdes ¢ basicamente wral. A posicao histérica encontra-se na tempo hist6- tno processo, A posicao formalistica encontea-se na- ip tipo de tempo em que os processos sio vistos como ins, Para a posigio histérica, os processos sio o méto- Jo qual as coisas acontecem; para a posi¢ao formalis- 0s processos so um modo de olhar as coisas. Outra wira de olhar as coisas, do ponto de vista formalistico, iarax 08 processos como dimensdes das coisas. O pri- ity método de olhar as coisas as decompée em fases (€ nétodo diacrénico). O segundo método retine fases ¢ for- (éum método sinernico). Para a posicao formalistica, luestio de os processos serem fatos ou nao depende da ypectiva de quem esta vendo as coisas. _ Oque é, portanto, aporia para a pasicao historica (maté- benergia, evolucéio-informagio, entropia-neguentropia, sitivo-negativo etc.) complementar para a posi¢ao for- \istica. E isso significa que o conflite histérico, incluindo a2 ut eo ator, uma ferramenta com a qual ele (0 aut continuamente. Mas 0 modelo teatral néo é muito bom, muito bema terceira posigao, jé que ela nio exis mente no teatro; é muito recente. Vamos ent outro modelo que a revele mais claramente: 0 um espectador de Tv num futuro proximo. Ele ter disposicéo um videocassete com fitas de varios proj Estar apto a mesclé-los e a compor, assim, seu programa. Mas poder fazer ainda mais: filmar grama € outros na sequéncia, inclusive filmar a sin registrar isso numa fita e depois passar o resultado de sua TY. Ele se veré, portanto, em seu programa, nifica que 0 programa tera 0 comeco, 0 meio e 0 fit © consumidor quiser (dentro das limitagées do s cassete), ¢ significa também que ele podera desen opapel que quiser. Esse é um exemplo melhor para, ¢40 formal do que o autor de teatro, va guerras e revolusées, ndo parece propriamente um @ do ponto de vista formalistico, mas jogadas compl res em um jogo. Dai por que o ponto de vista for , Inclusive, ea cultura da elite desaparecerd para sem- Besse 6 0 fim da historia em qualquer sentido signifi- 0 que esse termo possa ter. A segunda possibilidade é ) pensamento imagético ser bem-sucedido ao incorpo- conceitual. Isso levard a novos tipos de comunicagio, guais o homem assumira conscientemente a posicao ialistica. A ciéncia nao sera mais meramente discursiva ‘Mas ha um problema agora. Tudo o que se falou, Inccitual, mas recorreré a modelos imagéticos. A arte trabalhara mais com coisas materiais (“oeuvres”), ela Jord: modelos. Os politicos nao lutario mais pela obser~ juin de valores, eles irao elaborar hierarquias manipu- J de modelos de comportamento. E isso significa, em Iino, que um novo senso de realidade se pronunciard, ito do clima existencial de uma nova religiosidade ido isso € utdpico, Mas nao é fantastico. Aquele que cena atual poderé achar tudo isso 14, na forma de li- e superficies ja em funcionamento. O tipo de futuro pé: dvico que existiva dependera muito de cada um de nés. faracteristico de um novo tipo de homem, que nag) nhecido como tal pelo antigo homem. critas, @ 6 portanto produto de ui pensamento cont Mas se o argumento estava certo, mesmo que parcis te, a terceira posicaa no pode ser concebida; ela p ser imaginada com esse novo tipo de imaginacao qu sendo formado, Este ensaio, portanto, s6 pode ser tivo. Por outro lado, continua sendo verdade que py mos nos tornar vitimas de uma nova forma de barb, imaginacdo confusa -, a nao ser que tentemos inca © conceito A imagem. Esse & um tipo de justificati sar de tudo, para o presente ensaio. Bis o fato: a pesicao esta sendo tomada agora, independentemt Podermos concebé-la ou nao, e ela ird com certeza si a posicao histérica, Vamos recapitular nosso argumento na tentativa zer como poderd ser a nova civilizarao. Temos dus nativas. A primeira possibilidade é a de o pensamen ‘gético nao ser bem-sucedido ao incorporar o pensa conceitual. Isso conduziré a uma despolitizacao. zada, a uma desativacao e alienacao da espécie h vitoria da sociedade de consumo eao totalitarismodal de massa. Parecerd muito com aatual cultura de mash ws aah sasyed sop WeaeuI0j37 anb sayueyIstA SO WEAWE anb soarjour sop win ‘oqisqdoad y) ‘soquaZzuy -amopard wera soyueUtt[e SO 2 sednoz se ‘sequal sOuAI[ so ‘olTpUINbeUL Oe emyaymbae y eaten yao -oprad ou sa4o3 ap eptigsne PATIE[PT e uI0? soprll somraresy ‘TEypUNY EAAEaN'D ‘epundag ep saque oni anb vpnbe wo jenge ogsenis essou sommere dul sordraoll) -aad ep apepreripea & aursued ered aay yl anb ap eSueszadsa & ur02 ~ SOBIpOD SOU “Zaqes e~ 0 ‘essap opeyost oyadse un ws TeAyWAIUO? SOU HO vexed q ‘mbe epequasaide paras OSSIP qesade seul "Vi ‘goradexa ulas ‘opsPULATTE BSSH -QeseITUNUIOD ELL ep opeduly 0 qos Nopnar qs ule EpLA Bp 2 opunul opeogruits o anb aexsour soulare2sng *pestpea sf o8ye 9 ‘oqueque ou ‘be souresuad anb Q “Pulatl sepuvdedoad sep ‘oystaa]23 &P ‘ojduraxa 10d ‘soap -ugTsuo? sours} “Spepsas YN -qeylase B aUaTATENI| -9puay anb op apepistiauy spear 1109 ‘Ppp essou t (som somos SPUIIA 3 seyLNUTaISa3 se(ns) ogde2ptt opunur ou opinjaaaxe anb reqsour oUpeqet} 3389} ()fato de a humanidade ser programada por superficies wens) pode ser considerado, no entanto, nao como uma socialistas era seu aspecto monocromético: nossa de cores nao aconteceu por la.) Nosso entorno é repil cores que atraem a atengao dia e noite, em lugares: Uncle revoluciondiria, Pelo contrario: parece tratar-se de ¢ privados, de forma berrante ou amena. Nossaé Mi volta auum estado normal. Antes da invenséo da escrita, pijamas, conservas e garrafas, exposices e publi fnagens eram meios decisivos de comunicagio. Como os qos em geral sao efémeros (como, por exemplo, a lingua ulh, 0s gestos, os cantos), somos levados a decifrar so- judo o significado das imagens, nas quais o homem, de juux ds plaquetas mesopotamicas, inscrevia suas acoes vros ¢ mapas, bebidas ¢ ice-creams, filmes e televis se encontra em tecnicélor. Evidentemente nao se um mero fenomeno estético, de um novo “estilo arti Essa explosdo de cores significa algo. O sinal vermelh dizer “stop!” ¢ o verde berrante das ervilhas si Ji) infortiinios. B, mesmo depois da invensaw da escrita, pre-mel”. Somos envolvidos por cores dotadas de sigh “idigos de superficie, como afrescos e mosaicos, tapetes isis de igrejas, continuavam desempenhando um papel jortante, Somente ap6s a invengao da impeensa é que 0 iheto comecou efetivamente a se impor. Por isso a Idade dos; somos programados por cores, que so um aspél mundo codificado em que vives. As cores sao 0 modo como as superficies aparece 16s. Quando uma parte importante das mensagens ql Willa (c inclusive a Renascenga) nos parece tao colorida se programam hoje em dia chega em cores, significa que) jparada a Idade Moderna. Nesse sentido, nossa situagao perficies se tornaram importantes portadores de ment ile ser interpretada como um retorno a Idade Média, ou ji, como uma “volta avant la lettre”. Nao é uma ideia feliz, no entanto, querermos entender jyia atual situacao como um retorno ao analfabetismo. As Paredes, telas, superficies de papel, plastico, aluminia,| material de tecelagem ete. se transformaram em “meio portantes. A situagao no periodo anterior a guerra era) tivamente cinzenta, pois naquela época as superficies pi comunicagio nao desempenhavam um papel téo impor jigens que nos programam ndo sao do mesmo tipo que jvelas anteriores & invengao da imprensa. Programas de Predominavam as linhas: letras e niimeros ordenados @ff quéncia,|O significado de tais simbolos independe de um “a’ vermelho e um “a” preto tém o mesmo som, € liviso so coisas bem distintas dos vitrais de igrejas gé- iy, © a superficie de uma lata de sopa é algo diverso da gperficie de uma tela renascentista. A diferenca, em pou- texto tivesse sido impresso em amarelo, teria o mesma palavras, é a seguinte: imagens pré-modernas séo pro- Uitos de artifices (‘obras de arte”), obras pés-modernas produtos da tecnologia. Por tras das imagens que nos fipgramam pode-se constatar uma teoria cientifica, mas tido. Consequentemente, a presente explosio de core ca.um aumento da importancia dos cédigos bidimensid Ou o inverso: os codigos unidimensionais, como 0 al tendem atualmente a perder importancia ip se pode dizer 0 mesmo das imagens pré-modernas.,0 130 cédigos sirnilares.) Sabemos que as pinturas em Las- que tentava interpretar o “mundo”. Nés vivemos # om Altamira significam cenas de caga. Cédigos que ia partir de simbolos bidimensionais| como 60 caso (caus, significa o “mundo”, na medida em que redu- 4) circunstancias quadridimensionais de tempo-espaco, jis, na medida em que eles “imaginam”. “Imaginacao” homem pré-moderno vivia num outro universo mundo imagético que ‘mundo”, Essa é uma nova situagio, mais revoluciony Para resumir isso, faremos uma pequena digres! lea, de maneira exata, a capacidade de resumir 0 mun- shin circunstancias em cenas, e vice-versa, de decodificar ‘Wenas como substituicio das circunstancias. Fazer “ma- wle-los. Inclusive “mapas” de circunstancias desejadas, Os homens tém de se entender mutuamente por mell jo uma cacada futura (Lascaux), por exemplo, ow proje- codigos, pois perderam o contato direto com o sig ile equipamentos eletrénicos ("blueprints"). () carater cénico dos cédigos bidimensionais tem como yequéncia um modo de vida espectfico das sociedades cles programadas. Eles podem ser denominados de “mundo”. Ele precisa “mediar” (vermitteln), precisa dal nn magica da existéncia” (magische Daseinsform). Uma sentido ao “mundo”. icado pode ser abarca- Onde quer que se descubram cédigos, pode-se ded "a circunstancia que jjgem é urna superficie cujo si I) num lance de olhar: ela “sincro’ ailica como cena. Mas, depois de um olhar abrangente, 03 hos percorrem a imagem analisando-a, a fim de acolher [otivamente seu significado; eles dever “diacronizar a cronicidade”, Por exemplo, num primeiro olhar fica cla- que a cena abaixo significa uma circunstincia do tipo yuselo”. Mas somente apés a diacronizacao da sincroni- lade € que se reconhece que o Sol, duas pessoas e um ca- hhorro estao implicados nesse passeio. yee dias ¢ ossos de ursos, que rodeavam os esqueletos de poides africanos mortos ha 2 milhdes de anos, permit co para poder dar umn sentido ao mundo, Embora tenhaiil perdido a chave desses cddigos (nao sabemos 0 que ei citculos significam), sabemos que se trata de cédigos: nhecemos neles 0 propésito de dar sentido (o “artificio’ Cédigos mais recentes (como, por exemplo, as inscrigg nas cavernas) permitem melhor decodificacao. (Pois nosil ws Para os homens que estao programados pelas i © tempo fiui no mundo assim como os olhos que pel Jyrrativa, Ela “explica” a cena na medida em que enu- ‘lara e distintamente (clara et distincta perceptio) cada ilo isolado. Por isso a linha (o “texto") significa nao a| yyitancia diretamente mas a cena da imagem, que, por Wir, significa a “circunstancia concreta”, Os textos sio_, a imagem: ele diacroniza, ordenaas coisas em situagl tempo do retorno, de dia e noite e dia, de semente ¢( e semente, de nascimento e morte e renascimento, gia é aquela técnica introduzida para uma determip, faq iiosenvolvimento das imagens e seus stmbolos nao indi- periéncia temporal. Ela ordena as coisas do modo col devem se comportar dentro do circuito do tempo. ft do desse modo codificado, o mundo das imagens, 0 slyo diretamente concreto, mas sim imagens. S4o “con- wy" que significa “ideias”. Por exemnplo, “<5” significa, Jexto acima, nao diretamente a vivéncia concreta “Sol”, imagindrio”, programou e elaborow a forma de exis (Daseinsform) de nossos antepassados durante inémi Thares de anos: para eles o “mundo” era um amontey nagem, que por sua vez significa “Sol”. Os 10), com relago as imagens, esto a um passo mais afas- I) la vivencia concreta, e “conceber” é um sintoma mais cenas que exigiam um comportamento magico. Eisso resultou numa mudanga radical, numa revgl com consequéncias tao fortes a ponte de nos deixar Janciado do que “imaginar”’ (Quando se quer decifrar (“Ier”) um texto (como, por exem- j),0 dailustragao acima), os olhos tém de deslizar ao longo Jinha. Somente ao final da linha € que se recebe a men- Jom, e € preciso tentar resumi-la, sintetizé-la, Codigos li- domodo como podeser vistonas plaquetasmesopotl jijes exigem uma sincronizacéo de sua diacronia. Exigem ‘cuneiformes”, da seguinte maneira: Yoh. A im da escrita deve-se, em primeiro lugar, nao 4 inveng novos simbolos, mas a0 desenrolar da imagem em |i lego quando consideramos 0 acontecimento, mesmo th de 6 mil anos transcorridos. Pode-se ilustrar esse @ Wa recep¢io mais avancada. E isso tem como efeito uma Wa experiéncia temporal, a saber, a experiéncia de um Winpo linear, de uma corrente do irrevogavel progresso, da Iininitica irrepetibilidade, do projeto, em suma, da hist6 Ji), Com a invengao da escrita comeca a histéria, nao por- W\joa escrita grava.os processos, mas porque ela transforma Cito aquele passo que retorna a imagem e segue em dirg cenas em processos: ela produz a consciéncia histérica. ao nada (gahnendes Nichts), o que possibilita que a imal lissa consciéncia nao venceu imediatamente a conscién- seja desenrolada como uma linha. (Zeilen). Dizemos que com esse acontecimento se ence} a pré-historia e comegou a histéria no sentido verdad Mas nem sempre estamos conscientes de que ai est’ 4) magica, mas a superou lentamente e com dificuldade. A ialética entre superficie e linha, entre imagem e concei- 0, comecou como uma luta, e somente mais tarde ¢ que os \p\tos absorveram as imagens. A filosofia grega ea profecia A linha que est na ilustracdo acima arranca as ca da cena para ordend-las novamente, ou seja, para télas, calculé-las. Ela desenrola a cena e a transforma 135 __ persistiu na consciéncia magica, continuou “pagi"! judaica sao desafios de luta dos textos contra as It ondida juntamente com as categorias da histéria, ow Platéo, por exemplo, desprezou a pintura, e os profi ‘como algo irreversivel, progressivo e dramatico, deixa daram contra a idolatria (Bildermachen).{Somente ni ‘stir para a massa, para 0 povo, para quem os cédi- de superficie prevalecem, para quem as imagens subs~ jom os textos alfabéticos. 0 mundo codificado em que sinos nio mais significa processos, vir-a-ser; ele nao historias, e viver nele ndo significa agir. O fato de ele jignificar mais isso ¢ chamado de “crise dos valores”. ‘nds ainda continuames a ser programados por textos, ja, para'a hictéria, para a ciéncia, para o engajamento \\tico, para a “arte”; para uma existéncia dramatica. Nés jyos” o mundo (por exemplo, l6gica e matematicamente). a nova geracao, que é programada por imagens eletro- jjas, nao compartilha dos nossos “valores”. B ainda nao Jyemos os significados programados pelas imagens ele~ rer dos séculos é que os textos comegaram a progr ciedade, e a consciéncia histérica, ao longo da A élite de literatos. A massa continuow sendo prog imagens, apesar de serem imagens infectadas por Ainvensio da tipografia reduziu us vastus dos 1 onicas que nos circundam. Essa nossa ignorancia quanto aos novos cédigos nao preendente, Levouséculos, depois dainvencao daescrita, 1a que os escritores aprendessem que escrever significava rar, Inicialmente eles apenas contavam e descreviam ce- , Também vai demorar bastante até que aprendamos as tualidades dos cOdigos eletronicos: até que aprendamos que significa fotogeafar, filmar, fazer videos ou programa- slo analogica. Por enquanto contamos apenas as historias ‘rv. Mas essas historias ja tém um clima pos-l jhi demorar muito para que comecemos a lutar por uma consciéncia pés-histérica; no entanto, é visivel que esta na jjossa vez de dar um passo decisivo de retorno dos textos mm directo a0 nada, Um passo que lembre a ousadia dos es- iritores de caracteres cuneiformes da Mesopotamia. neares, gracas a imprensa e a escola primaria. 0 consciéncia histérica torna-se universal no decorre culo xix, nos chamados pafses “desenvolvidos”, poli 0 momento em que o alfabeto comeca a funcionar: vamente como cédigo universal. Se considerarmos samento cientifico, por exemplo, como a expresso i elevada da consciéncia histérica (por ele elevar ané estrutura Idgica e processual dos textos lineares), pot ‘mos entao dizer que a vitéria dos textos sobve as imap da ciéncia sobre a magia, é um acontecimento do p recente, que est longe ainda de poder ser considerado garantido e seguro, Caso o primeiro pardgrafo deste texto esteja com © que se deve constatar, ao contrario, 6 uma volati sao da consciéncia histérica. A experiéncia temporal, 135 136 Nao hé paralelos no passado que nos permitam apren- 6 uso dos cédigos tecnolégicos, como eles se manifes- | por exemplo, numa explosao de cores. Mas devemos wnde-lo, senao seremos condenados a prolongar uma téncia sem sentido em um mundo que se tornou codi- ilo pela imaginacao tecnolégica. A decadéncia ea queda alfabeto significam o fim da historia, no sentido estrito palavra, O presente trabalho levanta a questio do co Aescrita é um passo de regresso as imagens (ein S 2urtick von Bildern), pois ela permite que as analisemos, esse passo, perdeu-se a “fé nas imagens”, a magia, @ ou-se um nivel de consciéncia que mais tarde condi cléncia e 4 tecnologia. Os cédigos eletronicos sao um de volta aos textos, pois eles permitem que as ima, Jam compreendidas. Uma fotografia nao ¢a imagem de} circunsténcia (assim como a imagem tradicional o 6), é a imagem de uma série de conceitos que o fot6grafo com relagio a.uma cena. A camera nao pode existir se tos (por exemplo, as teorias quimicas), e 0 fotdgrato bem precisa primeiro imaginar, depois conceber, para, fim, poder “imaginar tecnicamente”. Coma volta dos ata a imagem cletronica, um novo grau de distanciamt foi alcangado: perdeu-se a “crenca nos textos” (nas ‘8¢8, nas teorias, nas ideologias), pois eles, assim com imagens, podem ser reconhecidos como “mediagao”, Isso € 0 que consideramos como “crise dos valores! fato de termos retornado do mundo linear das explicag ara o mundo tecnoimaginrio dos “modelos”. Nao é0 de as imagens eletronicas se movimentarem, nem 0 di ico do novo. rem “audiovisuais”, nem o fato de irradiarem nos raio tédicos que determina sua novidade revolucionaria, fato de que sao “modelos’, isto 6, significam conceitos, Programa de TV ndo é uma cena de uma circunstancia, um “modelo”, a saber, uma imagem de um conceito de cena. Isso é uma “crise” porque, com a superacio dos tos, os antigos programas (por exemplo, a politica, a fil fia, a ciéncia) serio anulados, sem que sejam substitu por novos programas. BEL opiqezzed 9 opu opunur o anb ap ajueurgzed stew ogzea Ul seu ‘opessed o anqrystiozar aywuad sou eiyse & anh epuagns ajuamajuanbayy eueq opzer gpd oeu ‘eys0 ogsuaaut © WO esauTOD ELLOISTY YW “LUO IST] EYIUg| NI ap opeureys [e]uam opeise ajenbe znpoad waquey 0 pnonze os ogu anbsod ‘aqueyodurt 03893 Wm 2 1940138) “epuapual eSssap 07xa]U02 OU OpELapIsuod 4es arth “so}xaq siznpoad ered sopoqutys eyUTe anb ojsa8 op ‘ty ep ommgny Q “E2422 sou anb opesyrpo2 opunut o ‘aqua! -yiadns anb owseu ‘souneyjo as oprarzasqo 13s apad = AL a sayy ‘seyearBoz0} OTTO? ‘sTeWOrsUATATpI] 80) soe opseunxorde @ 9 ‘e][I9Sa B OULOD ‘sareauT] sodipi opsepas Wa OPWSWeEIUETSIp O Taqes © ‘seuiayqozd sajil aseq eu Ysa anb epugpus} PUM TeLepisuo3 & agdosd aqre o ‘epruedeguos wg ‘umuo oymur Epuye 2 Ol -PJ[EUE 0 apuo SapEpIDos Ua OLIOI SOPEApOATA SAP), sopeumey sou oyuey ajueyzoduyy speur 234 wpe? AVA eyes ogjsanb essa eIOquia ‘ayUalquie OssoU ule (| -uou) seypasa Ogu suadesuaUl sep epugioduny a4! ep avey We JaAaIDSa ep a]7v Ep OUIsUA Op OrNINy OW ayaa setuayqoud so Ogserap|suo3 We PIBART OFU ofl como um processo, “historicamente”, a ndo ser q tos da imagem, Ble pode percorrer a imagem para para a frente enquanto a decifra, Essa reversibilidade Jagdes que prevalecem dentro da imagem caracteriza dé a entender isso por meio de sucessivas sin meio da escrita. A diferenca entre pré-historvia @ nao é 0 fato de termos documentos escritos que mitam acompanhar esta, mas o fato de que dura téria hé homens letrados que experimentam, ent avaliam 0 mundo como um “acontecimento” (bi enquanto na pré-histéria esse tipo de atitude ex no era possivel, Se a arte de escrever caisse no Muculy, Ou se Cornasse subordinada a criagio de (como 0 chamado “script writing” de um filme), a hy no sentido estrito do termo, nio existiria mais, 38 jegue a noite, que depois da semeadura vem a colhei- wim como a colhelta se segue « semeadura, que apso a vi ‘vem a morte, assim como apés a morte surgiré a vida yor. O canto do galo convoca o Sol a se levantar, assim. wo nascer do Sol convocao galo a cantar. Nesse tipo de judo circular o tempo ordena todas as coisas, “designa a seu exato lugar”, e, se uma coisa esta deslocada do jugar, sera realocada pelo proprio tempo. Como viver Moslocar coisas, a vida nesse tipo de mundo ¢ uma série ‘atos injustos que serao vingados a tempo’. Isso requer Jomem que propicie a ordem do mundo, uma vez que de Se alguém examinar certas plaquetas mesopotl poderé ver que o propésito original da escrita era fa deciframento das imagens. Aquelas plaquetas contd) que acompanham. Eles “explicam”, “recontam” e “col sobre aquilo,e assim o fazem desenrolando a superfi imagem em Iinhas, desembaracando o tecido da im, nos fios de um texto, tornando “explicito” o que ¢ impli \ies” ela jé esta repleta, Em suma: o mundo “imaginado” ‘iy mundo do mito, do magicu, uv muudo da pré-histéria, 0 olho que decifra um texto segue suas linhas ¢ esta- ito na imagem. Pode-se mostrar por meio de wlece a relagao univoca de uma corrente entre os elemen- ses textuais que o propésito original da escrita, ou 9 transcodificacao de cédigos bidimensionais numa tini mensdo, ainda esta la: todos 0s textos, mesmo os mai _,tratos, significam, em tiltima andlise, uma imagem. Atraducio de superficie em linha implica uma mud ips que compéem o texto. Aqueles que usam os textos wira entender 0 mundo, aqueles que o “concebem”, dao Jnificado a um mundo com uma estrutura linear. Tudo \i procede de alguma coisa, 0 tempo transcorre irreversi iplmente do passado para o futuro, cada instante perdido its perdido para sempre, e nao ha repeticao. Cada dia é di- Jorente de todos os outros dias, cada semeadura tem suas, proprias caracteristicas, se existir vida apésa morte j1}08, Por exemplo: seria um erro decifrar mapas rodovia- ser um novo tipo de vida, e as ligacdes na cor nao podem ser trocadas umas pelas outras. Nesse | mundo, todo ato humano é nico eo homer éres por ele. Os elementos ai so, 20 menos em tese, dl uns dos outros como contas de um calar e podem | merados. Por outro lado, a corrente que ordena as | “o univoco fluxo do tempo”, é 0 que mantém esse coeso. Em suma: 0 mundo “concebido” é aquele dai ee de calvacio, do compromissy puliticu, da c .__ tecnologia, ou seja, 0 mundo histérico Seria possivel se perguntar hé 6 mil anos por substituiuo mundo das concepc0es pelo daimagina que foi inventada a escrita. Pode-se fazer essa me: pmo se fossem pinturas rupestres (mégicas para turis adores), ou como se fossemn projecdes {propostas para ruir estradas). A “imaginagéo” que produz mapas ro- fog nao 6a mesma que produz pinturas rupestres e Jucdes. Explicar as imagens com a ajuda de textos pode io ser muito stil. ‘Mas h4 ainda outra razdéo mais profunda para a inven- ia escritae da consciéncia historica. Existe nas imagens, qoem todas as siediayGes, uma curiosa ¢ incrente dialé- 0 propésito das imagens é dar significados ao mun- mas elas podem se tornar opacas para ele, encobri-lo jnesmo substitutlo. Podem constituir um universo ima- iro que ndo mais faz: mediacio entre o homem eo mun- | nas, 20 contrario, aprisionaohomem. A imaginagaio ndo J supera a alienagao, mas torna-se alucinacao, alienacao jipla. Essas imagens nao sto mais ferramentas, mas 0 pré- jo home se torna ferramenta de suas proprias ferramen- | “adora” as imagens que ele mesmo havia produzido. Foi jitra essa idolatria de imagens, como uma terapia contra J dupla alienagao, que a escrita foi inventada. Os pri \iros esctitores na nossa tradi¢ao, como por exemplo os yofetas, sabiam disso ao se empenharem contra os ido- ¢ sua criagdo. B assim fez Platio quando anunciou seu lio por aquilo que agora chamamos de “artes plasticas”. Wwerita, a consciéncia historica, o pensamento linear ra~ jonal foram inventados para salvar a espécie humana das tomar decisées. B necessdrio aprender a decifrar essaa ib \leologias”, da imaginacao alucinatéria. gens, € preciso aprender as convengées que lhes impri Se considerarmos a histéria como 0 periodo da escrita ~ significados, ¢ mesmo assim é possivel que se comet ) (jue implica que ela é um desenvolvimento ou uma melho- v2 183 gunta nos dias atuais, precisamente porque uma “ vilizacao das imagens” parece estar amanhecendo. mente a resposta é: porque ha 6 mil anos algumas p funcao de permitir a agio dentro de um universo no qi hhomem nao vive mais de forma imediata, mas o enfv propésito das pinturas rupestres era permitir a de cavalos; 0 propésito dos vitrais das catedrais era p tira oragao a Deus; 0 dos mapas rodoviatios era orie 0 transporte de veiculos; ¢ o das projecdes estatistic 144 ria em relago a pré-histéria, uma rendigao e) «pl ficado desses textos se viram e apontam para seus que estava Implicito nos mitos pré-histéricos jem ver de apontarem para o mundo, Essa inver- cobrirer mos que é um proceso lento e doloroso, pscrita pode ser observada muito cedo no curso da 8 ing ‘tragico. Na maior parte de seu ‘curso, a Co) ja, mas durante o século xix ela se tornou dbvia: historica foi o privilégio de uma pequena elite, eni tientificos (que s4o a forma mais caracteristica de vasta maioria continuava a levar uma existéncia p ¢, portanto, “o alvo da histéria”) tendem a se tornar rica, magico-mitica. Bra assim porque os textos icltamente inimaginaveis (e sao lidos de forma errbnea @ caros, ¢ 0 alfabetismo era privilégio de uma classe lp ve tenta imaginar o seu significado), e a pesquisa be oe A inven¢éo da imprensa rompeu es iifica “descobre” as regras que ordenam seus proprios clerical, abriu e tornou a couscigucla historica ad iis (em especial a logica e a matematica) "por tras” do burguesia ascendente; mas foi somente durante a OP os que: esed “explicaidy: "Tats explicagtion inimngt sao Industrial e por meio do sistema de escolas pil x que espelham a estrutura do pensamento esclare- Primérias que se pode dizer que o alfabetismo e a cal wo existencialmente destituidas de significado, e em cia histérica se tornaram comuns nos paises inch situago os textos comegam a constituir uma espécie ae sie edict se inventou um no rede de biblioteca paranoica que aliena triplamente » a fotografia, que comecou a ameacar a mem de seu mundo. E diante da loucura ameacadora Jncionalismo formal, de uma existéncia sem significado explicagdes opacas e especulativas, que se deve mirar ugimento da nova cultura de imagens. No entanto, seria um erro supor que a vida entre antin- publicitarios, sinais de transito, programas de TV, re- as e filmes sera igual A vida antes da invengao da escrita, py que o analfabetismo voltaré a prevalecer. As novas ima~ inh sio diferentes das imagens pré-historicas na medida H) que sao, elas mesmas, produtos de textos e alimenta- por textos, Sao produtos da histéria. A diferengaessen- entre um programa de TV e uma tapecaria nao esta no Jo de que (como se poderia acreditar) um se move e fala macia da escrita, € agora parece que o pensamento ¢4 tual, racional e histérico esta com os dias contados, se estivéssemos nos aproximando de um novo tipo tl ‘mégico-mitica, de uma cultura da imagem pés-histor|p Arazao pela qual o pensamento conceitual, racio! atuagdo conceitual ¢ racional), é uma forma excepei existéncia, a razao pela qual a historia parece ser Ve interludio dentro do atemporal “eterno retorno" A escrita, assim como a imagem, est4 sendo ameacad ‘uma dialética interna, e na primeira isso adquire um aif to mais pemicioso do que ma cria¢do da segunda, O pry sito de escrever é dar significado, explicar as imagens, 0s textos podem se tornar opacos, inimaginaveis, ¢ ent constituir barreiras entre o homem eo mundo. Os vetd \juanto a outra permanece parada ¢ muda, mas de que 0 yograma de TV é 0 resultado de teorias cientificas (textos) 145 » 91203 steur oyuenb :o¢zes ep a7z0j & joy ovdeuTse e> ep oxjuap exed ogi anb s0yx9} sop est sry e aluemp ‘oqUROg “seyUTT we serryiadns ap dil Spare oyur ap vuIZ0; Wa PT ap pITeS 9 ex sum 9 ‘oBrp92 Wn OOD “eqAISa Fa ‘suadeut se 1e>)| p ered prmyy erzgisny 2 anb roz1p zanbanb , sou19y o¥s soyxa1 5Q ‘orzeA BP NPD v opseuleull p stureBoad ‘seurpy) sueeur ow: ogi uqns ap eAE}UAI BUN 9 ELMOAsIY e amb 49z1p a5-9ph osen2adsa ‘vIsaod ‘sooyyiuay svadrd ‘so uiseunt ep 8 oBzeI ep sortzoIs}Y sipded sop ovsxiA\l Jo5 SEOTTODI SoLTPIUDTIOD a seIIIIOU) BED es 9 sense ast ep zyer e patxqo2sep ‘To7y o WIANELE as iKo1 80 sopoy, (andano) opeansea owor sua -euresZord o zestpeue aquatyns gq ‘sjeuoDes $9050 Ill jasur sopep OWoD sorxtax wa} anb wyatd-ex auresuad op ast [enye ? 1apuaiia soursasinb as | sthaflemt we o7%e; ap sopesyrpensue Soad um ap spa 10d vse anb oxa[duro> ayuaureso}il gap PUIA]SIS O OPO} JWST[EUL OLLESSaI0U 9 OEL :SEAAL| Lo ug “omyny assou , 1OITIDSS, WH 198 PIEINTUAS ounasmnb as eqaad eprjueur exre> ep woes anb suai 3$-zex}UDU9 a (oJeIede oO wagduro? anb souewni 2 soueumy sszopexodo soxno a ,saxopeuresioud, ic> vang[no vjnbe aesuad 9 —suaBeuror ) v ovSaq1p wa [enqe euspUs} ep apepmur os Ep OmyNy o xeUABeUM vs ap POEs steur yur esta eaLIOSTY-sod e oJUENbuA ‘opuM Woo sty-aid eoBeur e fsrenyxay sapsua yioasty-sod soqrur so a stead, sagsen ty-pid soj1t so ‘oyUeTIOJ '07xa] WM = id o opuenb Jaapsuadstput 9 ogt oss} Sep] “50101 19} YotrOys1y-sod ogseumseur v ‘opunut ¢ urefaueld a opstaard, ep sayueysodun sreut soyesa iyij-pad opSeuIseuT v ‘soyxa] WreJUAsAL uur, [9ARIUODUE ¥) Orede Oo waMAA}SUO2 anb sos!) suafleuaiSua se rexaprsuossap as-wiapog 2211250 Wf ezay1a) Wid 9 OMyNy Op oEseIg;podsuesl ap oalll joSeunr se ‘opunur o urequasarda ser11c fastuisap, ap PAAEINA] y “EUOIDANg YP OWLOD 10} uuiz0j a1uynSas ep eper0[09 aas apod xeqU9} ‘ejord-exqed v TeareP SOLLARIUAR PHADS9 Ul j9xdeu et11030 anb op aquaxayip oyu p odny assap opsuaardunos ¥ exed ayuezz0dutt 9 OU) § vonmuu pres ropeseoure omgny um wo verdoyn 100 6 jw ap Opunut un ‘WaeU epoy ow 2 xeysa sourey{paioe oyenbua seuresgoad avd ‘weSeuy ap ody wn oes sua8euou Janaiosa 9 ¥ILAIs9 Ep OMIM o “ems UNG ‘seus hoasty-9ad euaystxe ep ommung op op [ouxo1-prd um paeu0a as eizoaste e nb ura ov VNIl vd 9 as ‘,opSeurSeuriouas, ap repent ‘essa “exte> ep otsres onb suadeutt sep BIsIA ap 0 ¢ 0¥389 onb wa oesuaauos ea‘ sual Feu ua agua? o a xkaur] odurez o e1oOAap anil llep taq sreur ops suafeun ap cod, ap apraruayd, v 9 exre vseordogr. ogsenais umn yl id (o[duraxe 20d ‘seurex3aja1 9p) s03x 148 (er, a dignidade do homem (como um agente livre) — “Nignifica “historia” — tera terminado. yile-se perguntar, no entanto, o que mais os escrito- idem fazer no futuro imediato além de servir 4 imagi- . Se todos os textos sero devorados pelo gigantesco todificador para se tornarem imagens, como podere- tem se tornado um proceso altamente racional sistir a essa tendéncia? Nao serd o caso de, se resistir de objetivos altamente irracionais. A crise nao é, yadamente a essa tendéncia, um texto acabar se tor- a ae desaparecimento da arte da escrita, da decad lo forragem ainda melhor para 0 aparato transcodifica- razao. Trata-se da prostituicdo da razao, da “trai ‘As agdes dedicadas a histéria e contrarias ao aparato, quenos funcionarios”. Podemos resumir assim: q jno os monges se autoimolando até a morte ou os estu- torna Obvio que a razio pode ser uma espécie de pil tos sendo mortos em manifestagSes, acabam sendo me- 08 pequenos funcionétios param de ser iconoclag wies pré-textos para programas de Tv do que os “scripts” tornam idélatras, ¢ os atuais programas de TV e \\beradamente escritos para este vefculo. Poderd parecer os resultados dessa conversdo. lw a tendéncia de a escrita se subordinar & produgao de ; Os programas de TV no sao, é dlaro, os exemplo! iagens, o planejamento se subordinar a irracionalidade e impressionantes do que acontece quando a razao ty jazio se subordinar 4 magia estd cada vez mais automa- ae auténoma cm relagio de decisées individuais ssa seria uma interpretacio perniciosamente errada | ‘jobre a atual crise da escrita. O propésito de escrever ¢ ex- licar as imagens e a tarefa da razao ¢ criticar a imaginacao. 0 é duplamente verdadeiro na atual crise. Hoje em dia o topésito da escrita é explicar tecnoimagens e a tarefa da nuio € criticar a tecnoimaginagio, Esta claro: isso implica \\\m salto qualitativo para um novo nivel de significado por parte da razao. No passado a escrita explicavaas imagens do mundo. No fururo ela tera que explica: ilustragdes de tex tos no futuro. Escrever, no passado, significava transformar iconoclastico na razao histérica: quanto melho: contra os quais ela avanca, mais forte se torna ah agora a escrita esté se subordinando a construchh gens, e a razio & imaginacio, e podemos observa ciocinio, mais rica se torna a imaginagao, O planelj mesma € serve 4 imagina¢ao. O nazismo é a melhor tracdo disso. Ainda: pode-se argumentar que ele é un avan¢os mais crus em direc4o a uma futura cultura d gens, ou que no futuro a cultura da tecnoimagem 4 nazismo aperfeicoado. E por isso que o mate de b “imagination au pouvoir” [a imaginacao no poder], que diu tantos intelectuais de seu sono dogmatico em 1968, soa de modo tAo ditbio. Sem divida: a rebeliag 149 + suunBoad, 2 ,scam®, ‘qeuifizo ou ‘so(8uy ug ‘epuany vido ens ap o1au sod aptiBozd anb de win 11d EPIA Bp OUWIOJAL OUIala o :ezInBas as anb o Wijdeut sjueurisey sowasapod a ‘wy um vaed pavyururer (ii18} op oy12988 Opryuas ou “eLioysty e ‘epunSas ey oRsUY jaod JaApUTBeu eaeuA0I as OANINy o “eATeUAAITE BILAL epy -(o2t299 osseadoad ajenbe ered oquauefauejd win) Weurseuyours) e ered sojxeiezd ap ogsnpord & preur0] fo (sPUPLINY sagstap sk ORsEfaI Wa OWIOLQ]Ne eUIO} as O21u3a1 ossaisoid um ap spxye sepipuocssa sersopoapr “OUUAUEARISeUSap WN seoyTusIs anb o) opseurseu EP B91} L19 PUN PIPTLIO} as ETA No :ey"Osae ered soInyny \ssod stop aywewyenze.z1uz82s1p sourpod ‘oxy ap ‘org ‘ seuressoid +a! i -gid OpTeUIO} 38 $07x3] So sopor anh a SEU ‘,SELUETS, waze] ELEDYyIUBIs oe zaAatsa eng usord ap oyuaure(auetd ou azouasep es ovzea e anb AJISISSAME AEUIO} as E EYUAA suaSEUTOUDA} SE ORJaIIP a8 eouapuey © anb jaarssod ayuaueyfeysad Et “OEsad uw urajuede anb (feanynisa asipur & 2 B2QPULLO;UL [ltiexe aod) sewojurs sunSye efey exoquia ‘oes assa Zesuo2 ap zedea paas ogaes e anb ajueseS vpeyy Pare Caou UM Ula seuT ‘e1]sPPOUOD! PARRUTUOS epuTE Ly ‘OPS ezISo]Oapisap PIRIyIUSIs oinjny ou a ‘soy sop jie & eAeoyiusis ‘opessed ou ‘ogzes e iseaaejed sezyno Opuapuolsa opisa anb sojxaj so eed sesedo suadeur a] se sajuaredsuex reu10} ‘omyny ou ‘eresgrusts “op 10 ered saquaredsuey suadeur wa sezedo suaSeun

You might also like