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Capítulo 6 – DA QUEDA DO HOMEM, DO PECADO E DO SEU CASTIGO

■ Parágrafos 1º e 2º

■ A queda

O capítulo 6 da CFW nos conta a triste história da queda do homem e, em


seguida, os detalhes das horríveis realidades do pecado e da punição.
Os nossos primeiros pais foram seduzidos pelas sutilezas de Satanás que tomou
a forma de uma serpente e tentou Adão e Eva a comer a fruta que Deus lhes tinha
proibido de comer.
Hodge diz: “Parece ser o plano geral, eminentemente sábio e justo de Deus,
introduzir todos os objetos recém-criados do governo moral num estado de provação
(teste moral. Adão se achava num estado de provação, santo ainda que falível. O
pecado de Adão pode ser explicado pela falibilidade traduzida na ausência de
vigilância. Essa não vigilância permitiu que suas mentes fossem ocupadas e suas
vontades dominadas), por certo tempo, durante o qual ele faz seu caráter e destino
permanentes dependerem da própria ação deles”.
Em Gn 3 somos informados que as primeiras pessoas conheciam a lei de Deus.
Ali somos informados que uma das criaturas de Deus contradisse o Criador do céu e da
terra. Ali somos informados que a mulher e o homem ouviram, olharam e, então,
precipitaram-se [lançaram-se] no pecado.
Hodge diz: “O terrível pecado que cometeram, comendo desse fruto, à luz das
indicações apresentadas no registro de Gênesis, consistiu em: 1. Incredulidade. Foram
induzidos a pôr em dúvida a sabedoria da proibição divina e da infalibilidade da
ameaça divina. 2. Desobediência. Puseram sua vontade em oposição à vontade de
Deus”.
A tentação de Satanás e a queda do homem explicam tudo que se segue na
história bíblica e humana. A tentação de Satanás e a queda do homem são importantes
para nós, pois observe o que diz o apóstolo Paulo: “temo que, assim como a serpente,
com a sua astúcia enganou Eva, assim também a mente de vocês seja corrompida e se
afaste da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2Co 11.3).
A queda é um evento chocante para nós, mas não foi para Deus. Ele não foi
surpreendido porque “segundo o seu sábio e santo conselho, Deus permitiu 1” a
dissimulação [o fingimento e ocultação da verdade] de Satanás e a rebelião de Adão e Eva.
Ele permitiu que nossos primeiros pais pecassem porque ele havia determinado
converter tudo para sua própria glória. Como nos lembra a carta aos romanos, parte da
glória que ele queria demonstrar é sua misericórdia: “Porque Deus a todos encerrou
na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos” (Rm 11.32).
Talvez a primeira ironia – e provavelmente a maior de todas as ironias da história – seja
que o Criador planejou usar a malícia de Satanás para demonstrar a “profundidade da
riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus” (Rm 11.33).
1
Hodge diz: “Esse pecado foi permissivamente incluído no propósito eterno de Deus”. Deus determinou
administrar o pecado para o bem.
■ Natureza caída

Homens e mulheres só conhecerão a grandeza do plano de Deus no final dos


tempos, mas eles podem ver os efeitos do pecado rapidamente. Como o parágrafo 2
mostra: “Por esse pecado, eles decaíram da sua retidão original”. Eles já não eram mais
santos (Ec 7.29). Eles agora carecem da glória de Deus não somente em sua
humanidade, mas também por ter uma natureza pervertida (Rm 3.23). Eles já não
podiam ter “comunhão com Deus”. O relato de Gênesis conta como eles agora fugiam
de Deus quando ele se aproximava deles. Eles se escondiam daquele que veio procurá-
los (Gn 3.8). Após dar ouvidos a Satanás, eles já não podiam ouvir a seu Deus sem
medo.
Todos os instintos deles agora estavam corrompidos. Nunca mais os seres
humanos seriam sábios como eles foram criados para ser. Eles caíram, e a glória de
Deus se apartou da raça humana.

■ Morte

Todas as pessoas agora entrariam na vida já “mortos nos [...] delitos e pecados”
(Ef 2.1).
Além do mais, como Deus tinha advertido quando ele deu sua lei, essa morte
espiritual deu início a uma morte física. No dia em que Adão e Eva, nesciamente,
comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal, eles morreram, num sentido
muito real (Gn 2.17). Sim, foi uma morte lenta. Mas morte e decadência agora entraram
em seu corpos e mentes, e se tornou inevitável a partir daquele momento que eles
voltem ao pó.
Essa morte em vida e decadência no pecado se revelou na corrupção de todas as
partes e faculdades. Todos os poderes, habilidades, qualidades e capacidades são
contaminadas pelo pecado.

■ Uma triste conspiração

Pode-se constatar também o pecado nos aspectos intelectuais (ou noéticos) de


nossa existência.
A verdade nua e crua é que somos totalmente depravados, no sentido de que
somos “inteiramente corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma”.
Falando de outra maneira, nenhuma parte de quem nós somos permanece intocada pela
praga do pecado, nem mesmo nossa mente e consciência (Tt 1.15 – “Todas as coisas
são puras para os puros; mas, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque
tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas”).
■ Parágrafos 3º e 4º

■ A raiz de toda a humanidade

Os dois primeiros parágrafos do capítulo 6 resumem o ensino da Bíblia sobre a


queda de Adão e Eva. O terceiro e quarto parágrafos falam de nossa queda no pecado.
A extensão da queda humana é encontrada na união de Adão e Eva. Como um
judeu de Tarso explicou aos gregos em Atenas, Deus “de um só homem fez todas as
nações para habitarem sobre a face da terra...” (At 17.26). Essa é a história natural
dos seres humanos, de acordo com a Bíblia. Por isso, quando o veneno da desobediência
foi absorvido na raiz da humanidade, não houve como evitar que aquela decadência se
espalhasse por todos os galhos da raça humana.
Toda a “sua posteridade” caiu com eles – ou pelo menos toda a posteridade “que
deles procede por [e não por causa de] geração ordinária”. Aqui a CFW trata
rapidamente de um ponto muito importante: o pecado não passa de pessoa para pessoa,
ou mesmo de pai para filho por meio de geração física (ou procriação ordinária). A
união sexual de Adão e Eva não podia transmitir justiça antes da queda, e não transmitiu
o pecado após a queda. A natureza caída não é transmitida por atos de procriação –
afinal, foi Deus quem ordenou que eles fossem fecundos e se multiplicassem (Gn 1.27-
28). Não , a CFW está simplesmente dizendo que a natureza caída é transmitida a todos
que se tornam pessoas por meio da procriação.
Quão profundo é o efeito da queda em nós! Como Paulo disse, aos coríntios: “a
morte veio por um homem”, e “em Adão, todos morrem”. Para usar mais uma vez a
metáfora de jardim, nossos corpos agora são “semeados” num estado “corrupto”, pois
esse é o “corpo terreno” que agora herdamos ao nascer (1Co 15.21-49). Em Romanos 5,
a Palavra de Deus diz o mesmo: a corrupção é transmitida. Adão e Eva estavam mortos
em pecado e corrompidos em sua natureza. Assim, embora o ato da procriação em si
fosse bom, eles só eram capazes de gerar seres como eles mesmos – em estado de morte
e depravação. Adão produziu filhos à sua imagem (Gn 5.3). Ser criado à semelhança de
Deus implicava santidade. Agora, ser feito à semelhança de Adão implicava
perversidade (Jó 15.14).
A natureza corrupta de Adão e Eva foi passada de geração em geração.
A CFW é um pouco igualitária demais aqui (parágrafo 3), sempre incluindo
Adão e Eva em sua discussão sobre a queda. O parágrafo 3 parece sugerir que a culpa é
imputada a partir das mesmas duas pessoas; e pelas mesmas razões, essa corrupção é
transmitida. Mas culpa é diferente de corrupção. A culpa em si mesma não é uma
condição biológica ou mental, mas uma declaração judicial.
Ainda assim é certo dizer que nascemos culpados, e em outra parte, os escritos
da Assembleia de Westminster reproduzem mais claramente a Escritura, ao explicar a
imputação da culpa focando na responsabilidade exclusiva de Adão (Catecismo Maior,
as perguntas 22 e 193, e no Breve Catecismo a pergunta 16). Nós nascemos unidos ao
primeiro Adão. Ele é o nosso representante, e por isso a culpa dele é imputada ou
creditada por Deus a todos os descendentes de Adão. Quando ele caiu, nós caímos com
ele.
Temos que nos juntar a Davi e com sinceridade confessar que somos pecadores
desde o nascimento. Na verdade, pecadores desde o momento em que nossa mãe nos
concebeu.

■ Pecado

O parágrafo 3 dá uma maior ênfase ao pecado original. O parágrafo 4 analisa os


pecados vigentes (que estão em vigor por causa da nossa natureza pecaminosa). Ali
somos informados que essa “corrupção original” nos deixa “totalmente indispostos,
incapazes e adversos a todo o bem”.
Paulos nos dá algumas características da nossa natureza corrupta: somos fracos;
nossa mente guerreia contra Deus; nosso intelecto não está sujeito à lei de Deus;
nenhum bem habita em nós e não podemos descobrir o caminho para a prática do que é
correto; estamos alienados de Deus; somos inimigos de Deus (Rm 5.6; 7.18; 8.7; Cl
1.21).
Em nenhuma hipótese uma pessoa nascida em pecado buscará, naturalmente,
seguir a Deus. A partir desse estado de pecaminosidade surge uma vida de pecado (Rm
3.12). Logo é dessa “corrupção original” que “procedem todas as transgressões atuais”.
Pode-se distinguir, no dia a dia, o pecado original de nosso pecado atual. Mas os dois
nunca podem ser separados, pois os pecados brotam de dentro de nós.
Alguns não despertam de seus pecados jamais. Já outros, despertam desse
pesadelo e se arrependem de seus pecados. Eles continuam a pecar, é claro. Mas eles se
alegram em relembrar que há um filho de Adão que não nasceu por meio de uma
gestação comum. Coloquemos toda a nossa esperança naquele que foi criado como
antagonista de todo o mal e totalmente inclinado a todo o bem.

■ Parágrafos 5º e 6º

■ Corrupção remanescente

Algumas pessoas encontram uma nova vida em Cristo. A corrupção da natureza


que herdamos de Adão, pelo menos durante esta vida, permanece naqueles que são
regenerados. Essa é exatamente a batalha que vemos retratada em Romanos 7. Todo
cristão honesto pode dizer que há algo poderoso “nos meus membros, outra lei que,
guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado” (Rm
7.23, 14-23). Por isso, todos nós “tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2). Somos
exemplos vivos dos efeitos da corrupção.
Felizmente, “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Aqueles que são
nascidos novamente no Espírito são novas criaturas em Cristo, mas há uma batalha de
desejos que continua mesmo após o Espírito de Cristo começar a habitar em nós (Gl
5.17).
As Escrituras deixam muito claro, não há pecados veniais (pecados que não
possuem consequências tão graves). A verdade é que todo pecado é mortal. Ao mesmo
tempo, todo pecado pode ser perdoado, pois há alguém que levou nosso pecado e nossa
culpa. Temos um Salvador que pagou o preço mortal do pecado.

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