You are on page 1of 5
uavEsmaD: FEDERAL DO fio GRANDE DO SL Reitora ce eno itd ino iiaaiceineannts Jone Caton Ferra Hennemane ‘Dir: Pst Br Re Fernando tendrine i EDITORA DA UNIVERSIDADE ilgindntencerngr io Dirior eee el Be Cain Asters Meroe) cele Ft Fibs Snape ence CONSELHO EDITORIAL Poeordeatenite) ‘Aotinte Canes Gute verona escor Het peseae a ae Smizemtarous SGA SGibaaneeSoleee ema eaiom Boron utasor up! wtb edna» Doe Se ee ie rte ee ‘Ntfihnhe aderadr oe feces angie an Cama So HaiemSestieheelitia ded Bis Atetotaper Shar A edo ae 200A Temas de Terminologia Maria da Graca Krieger ‘Anna Maria Becker Maciel Organizadoras Maria José Bocorny Finatto Gleci Regina Bevilacqua Patricia Chittoni Ramos Diego Francisco de Gastal Morales Fabiana Passuelo Fabiola Castro de Oliveira Glades Dilelio Noble Karoll Ribeiro e Silva Ferreira Laura Martins Miller Marilia R. de Oliveira Marlise Fontes Borges Rodrigo Otavio Rech Salete Moncay Cechin Sandra Dias Loguercio Susana Kerschner Viviane Possamai ora da riers FFLERUSP 200A Interface Tradugio Terminologia Patricia Chittoni Ramos Introdugao A Tradutologia © a Terminologia sto dssplins autOnomas, com objets de estudo, pressuporostercos e metodlogasdistntos Abas surgram de ncessidades riicas a Terminologia,dointeresse dos centistas € tecnicos em far os eoeetos edenominagos de suas Yespecivas areas, a Tradugdo, da necessidade de facilitar a compreensio em linguas distintas Conte no fae ati eno fer erminaoyio, hi cans que se entreerzamy visto que estas duascisciplinasintcager com as eens copnitivas, as ciéncias da linguayem eas cna da comuniagto ‘A Termologia propde-e rcolher, analisar,deserever ¢ tata os termes relacionados ao mbit dos consitos as ciénlas e das tecnica sea disciptnaestabelece, pos, os pares lcs eestruturas qu earcteram os textos especilizados Para poder produsrrumtestode tradugioque reset conte, oslo a terminologia do texto de partida, cabe ao tradutor de textos especializados — mediador lingtiistico entre 0 autor da lingua-fonte e 0 receptor da. lingua- alvom conkecer esses parametos Neste sentido arelagfo que a Tradutologia ea Terminologia estabe- lecem entre sé aesimétrica, pois & imprescindivel para a tadugdo 9 conhecimento sistemtica sobre os textos eopeiaizados produride pela terminologia, que se constitu em meio para otimizar a tadugo cape. cializada, Esa, ao contri, prescnde da tradugo, J& que eoleta pref rencilmente seu material de estado —unidadesferminologease faseo. logia ~ em fones produzias porum epecalisaem uma sitagdo natural de comunicaga, Ese raul pretende portano establecer as lags ene a Termi- nologiae a Tradvho,epeefvando os caraceistias de eada ma dsr disciplinas. Denteodesse context, objeiva explicit o que se entende por linguagens de especialdade e qual a utlidade da Terminol tradutria, ologia para a atvidade 164. Relagdes entre Traducao e Terminologia “Terminologia e Tradugao slo campos de saber que apresentam uma série deidentidades, ainda que seus objetos de estudo sejam diferenciados. "Ambas surgiram de atividades praticas, como “resposta a neces- sidades de tipo informativo e conmunicativo” (Cabré, 1999c, p.183). A Teo- ria Geral da Terminologia, bascada nas propostas de Waster (1968) & desenvolvida pela Escola de Viena, surgiu da necessidade experimentada por técnicos ¢ eientiatas de normalizar denominativa ¢ conceptualmente suas diseiplinas a fim de assegurar a comunicagdo profissional © a trans- misstio de conhecimentos. A Tradugio, “to antiga como os primeiros contatos entre povos de linguas distintas” (Aubert, 1996a, p.14), surgi da necessidade de facilitar a compreensio entre linguas diferentes. Além disso, tem larga tradigdo aplicada, em contraste com seu carater disciplinar estabelecido recentemente Essas duas disciplinas construiram, com os elementos provenientes de vvirias outras matérias — ciéncias cognitivas, lingtistica e teoria da comu- nizagio —, um campo de conhecimento proprio com um objeto especifico, Nelas confluem as ciéneias cognitivas, ja que uiizam um sistema expressive ‘que reflete um conhecimento da realidade; a Lingitistica, posto que seu objeto a linguagem:; eas ciéncias da comunicagdo, que permitem aos individuos se relacionarem ¢ expressarem suas idéias. So, neste sentido, campos inter- disciplinares, ja que transcendem um campo de saber para constituir ou estar presentes em todos os ambitos do conhecimento. -Embora apresentem convergéncias, é no seu cardter e em seus objetivos {que Terminologia e Tradueo se distinguem, Enquanto a Tradugao constitui uum firs em si mesma, apresentando um cardter finalista, a Terminologia constitai apenas um meio para levar a cabo outras atividades de carter lingiistico, como a tradugio, a interpretagdo, a produgdo de textos especia- lizados, entre outras. Além disso, a tradugao busca explicar o processo tradutério, explorar as inter-relagdes dos elementos que o constituem estabelecer suas regras de construgao. J4.a terminologia propée-se a dar conta dos itens terminol6gicos, representativos de um conhecimento especializado ‘estruturado em unidades conceptuais, os quais formam parte de um sistema de expressio e faciltam a comunicacdo especializada, Porém, ainda que seus interesses ¢ objetos sejam diferenciados, os caminkos da Tradugio e da Terminologia encontram seu ponto de intercess0 na tracuglo de textos especializados. Sendo as linguagens de especialidade 0s instrumentos basicos de comunicado entre os especialistas, ¢ a termi- nologia, o elemento mais importante para precisar cognitivamente seu sistema de denominagao, é através delas que esses profissionais ordenam e transferem ‘seu cothecimento, Para expressar de modo adequado a mensagem emitida em 165 nkese Sr - coutra lingua, caberd ao tradutor munir-se de uma competéncia paralela & expetalita, uenspondovprecia eadoquadanentes nA Podevse afirmar, portant, que a relag ene a traduo de textos cspeilzados ea Terminologi inequvoca, ois, para resolver os problemas fos pela terminologia na traduso de um texto, otradutor especializado deve estar equipado terminologicamente, ou seja, necessita ser conhecedor dos fundamentos terminologicos e dos recursos disponiveis. Essa relagdo apre senta, contudo, um eardter unidirecional,jé que a terminologia, por buscar suas fontes em textos produzidos em situaga0 natural por especalistas, prescindira da tradugdo. Esta, em contrapartida, deverd recorrer aos materiais termi- nogrificos e aos recursos disponibilizados pela Terminologia, Utilidade da Terminologia para a Traduca Autilidade da Terminologia para a Tradugd és . ia para a Tradueo pode se dar em trésniveis: “terminologia como ferramenta funcional, como ferramen ferramenta metacognitiva"™. > Same Koran crating come ‘Sendo uma atividade de recompilagéo, anilise ¢ proposta de termos, a tcrminologia — como ferramenta funcional —propocion as tradtores os wentarios de unidades terminol6gicas, iteis para a pritica tadutoria, tais como dicionrios,sosiisebanos de dados . ‘ontudo, nem sempre existem inventarios em inventarios em quantidade e qualidade suficientes para auxiliar otradutor, quando este se confronta com pro- blemas terminolgicos de ditntasnaturezas a sitvaggo do Brasil, por xemplo, em que a pesquisa terminolégica e a produgdo terminogréfica ainda incpintes. Neste caso, ox tradors qu tem una formagfo em terminologia podem fazer uso dos elementos metodoldgicos e dos recursos da terminologia como uma ferramenta criativa, elaborando eles proprios 0s inventarios adequados as suas necessidades. Assim, 0 tradutor pode se converter em um produtor de terminologia, para si mesmo ¢ para outros tradutors,j que, conhecendo bem as necessidadesterminogieas da adugio, pode elaborar vocabularios pertinente o de ent nas informagdes necessarias ® ee Enfim, o tradutor pode se servir da terminologia como ferramenta metacognitiva porque a terminologia ¢ o elemento mais importante para precisar e transmitir um conhecimento especializado, Nesse sentido otradutor, atuando como mediador entre os especialistas, deve desenvolver uma com= ppoténcia cognitivac terminolégica. Com isso, de certo modo, converte-se em um specialist, sobretudo, na selesao dos termos. Esta terminologa ¢ tom Rosa Estopt,conforme curso miistrado na UFRGS, em 2000, 16 Linguagens de especialidade © conhecimento especializado ou cientifico, em oposigo a0 conhe- cimento geral, refete-se auma determinada parcela do saber, conceptualizada ‘especilizadamente, ou sg, construida a partir de um consenso cientifico, que responde a uma necessidade experimentada pelos profissionais de transmitir ‘esse conhecimento, Trata-se, portanto, de “uma lingua natural considerada enquanto vetor de conhesimentos especializados” (Lerat, 1995, p 20). ‘Os conceitos veiculados em uma determinada rea — cientifica ou téenica — inserem-se, pois, em uma estrutura conceptual preestabelecida, cuja expresso, por meio da teminologia, elaciona-se com a precisdo, a denotagio a referencialidade ‘Segundo Dubuc (1992, p.3), a linguagem de especialidade caracteriza~ se pelo conjunto de “te-mos que por sua forma ou sentido etiquetam as realidades especificas do dominio estudado”. Para Aubert (1996e, p.27), linguagem de especialidade € “o conjunto de marcas lexicais, sintatias,estilisticas e discursivas que tipificam o uso de um ‘codigo linguistico qualquer em ambiente de interago social centrado em uma {eterminada atividade humana”, Ainda segundo este autor, objeto de estudo da terminologia é “um des componentes essenciais das chamadas linguagens de especialidade: 0 seu léxico”. ‘Cabré (19990), que desenvolve uma teoria de base comunicativa da ‘Terminologia, afirma que, para que um texto seja considerado especializado, deve preencher trés requisites, que se teferem a seu cardtercognitivo, gra matical e pragmatico-discursivo. (0 carater cognitive diz respeito ao fato de que um texto especializado veicula um conhecimento codificado por especialistas em referéncia a um esquema preestabelecide por determinada Arca ou ciéncia "No que tange ao seu carter gramatical, um texto especializado apresenta dois niveis: lexical ¢ textual. No nivel lexical, 2 linguagem de especialidade caracteriza-se pelo emprego de uma terminologia especifica. Quanto maior © nivel de especializagdo Je um texto, maior sera a precisfo dos termos em- pregados. Textualmente, um texto especializado caracteriza-se pelo carater Testitivo de suas estruturas € pela sistematicidade na apresentagdo da infor- rmagdo, as quais podem variar estilisticamente de acordo com as areas em {questo (um texto especializado de Direito, por exemplo, apresenta um alto nivel de formalizagao) O cariter pragmtico diz respeito ao processo de produgioe de recepeao dotexto, Assim, embora a produtor de um texto especializado sea, via de regra, tum especialista que ordenou o conhecimento especializado com o intuito de ttansferi-o, os receptores de seu texto poderdo ser ndo-especialistas, apren- dizes ou especialistas. Para o primeiro grupo, a informagio ¢ transmitida na 167 forma de um diseurso de divulgagio e responde a necessidades de iniciagao, Para o segundo, que se prepara para se tomar especialista, a informagdo é apresentada de forma didatica, j4 que responde, neste caso, a necessidades de formagio. Enfim, para oterceiro grupo, que partilha do mesmo conhecimento, © intercdmbio se produz naturalmente, preenchendo necessidades de aper- feigoamento, No entanto, verifica-se atualmente, gragas a uma facilidade cada vez maior de difusio da informagao, uma banalizago do conhecimento especializado, que se da devido ao intercdmbio permanente entre o conhe- cimento comum eo conhecimento especializado, Assim, um ndo-especialista pode apropriar-se de um termo da drea da psicanilise como, por exemplo, aranéia (“psicose crénica, sem evolugao deficitaria, caracterizada por um delirio sistemético, alucinatério ou interpretativo” (Sillamy, 1983, p.494), fazendo uso de apenas um de seus tragos — 0 complexo de perseguisdo para caracterizar um individuo qualquer, no considerado como um caso patologico pelos experts. Em contrapartida, o processo inverso também ocorre, ou seja, a terminologizagao de termos da lingua comum; &0 caso, por exemplo, da palavra programa que, na area da informética, se refere a um conjunto de instrugées, redigido em uma linguagem de programagao, permitindo a um sistema informitico executar wma determinada tarefa {As linguagens de especialidade so, portanto, os instrumentos de comu- nicagdo entre os especialistas, que precisam cognitivamente seu sistema de

You might also like