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A Arquitetura O Neoclassicismo 3 QO Neoclassicismo predominou na arquitetura do Rio de Janeiro da segunda década até o terceiro quartel do século XIX e foi, por exceléncia, o - estilo do perfodo Imperial. Refletiu, aqui, uma 2 tendéncia comum a todo o Ocidente em fins,do s século XVIII e principios do XI, de retorno as s formas da antigiidade classica greco-romana, ‘teén- > déncia cujas origens recuam até as escavagbes de '- Herculanum (1738), e Pompéia (1748) e as publi- > cagées do Museum Etruscum, de Gori (173 7). Ruinas dos mais belos monumentos da Grécia, de ARQ NEDCUASSICA BE haMahytoA- PAULO F, SAN tas IN CQO DE Naw wing: H SFEULOS DE RhoudeIuRe eo IAB RY 1990, \ | | 52 avid le Roy (1758), Antigdidedes atenienses, de Bee e Rewett (1736-1816), Historia da Aree arr os Antigos, de Winckelmann (1764), grevuras Ge Diranes! (1720-1778) e as investigacSes que peat de Souffiot ¢ Cochin em Poestum (1760), ‘Raert. Adem (1757) @ Clérissau (1778) em Seclato, ete. ~ trbalhos que revelaram em todo 0 Spalesplendor es ruinas de uma antiglidade, supe sey wepate bela, e, quase, completamente desconhe cide. Em Portugal, 6 se entrevia na reconstrugdo pom Erne de Lisboa, depois do terremoto de 1785, ¢ aarmaria er dois monumentos: 0 Teatro S. Car fe 21700] eo Paldcio da Ajuda (1802), No Bras), 12s jurado 20 Rococh, se insinuaa, desde antes do conlegetartel do aéculo XVIII. Ex.: projeto de aime. Sos. Landi para a fachada posterior do Patdele go Grdo Perd (1767) que inclufe, no seaun. rarscuimento, uma faggiacom 0 motivo de Palladio copes aeparadas por colunetas geminadss) @ (ereages angular 20 centro; projeto do Sargent, frontscrguiteto Cosme Damigo da Cunha Fiche miiah para 0 edificio da Praca do Comércio ne see ksociacso Comercial) de linhas classicizan aa (oniuéner ingles — vagas, mas ainda asim tes ver inlusncias dos Adams ~, © portade reconnerlNo Rio de Janeiro, anunciarese, tava Rrocors ode © ultima qusrtel do século XVIII — ante, tala. vocabulério estilfstico do. que pelo sero wid o seu tanto academizante de COMPOS. se gic planta do loela de S. Francisco de Pauls: Fachada da Igreje da Candeléria. Na Europe, alguns de seus mais expressivas monu- Ma atos tiveram as raizes mergulhadas, diretamen Tana arquitetura de antighidade cléssia greooo> tere igor por exemplo: ne Franga, a lgreje de unt Genoveva, hoje Pantheon (de Soutflot © Farvjelet), os Arcos dé Triunfo. de VEtolle (de Ceaigrie) € do Carroussel (de Percer & Fontaine} one (Ge Brogniert), a Camara dos Deputados (de Poyetlo templo & gléria da Grand’ Armée, depois To Madeleine {de Vignon); na Alemanhe, a Porta U2 Brandesburgo (de Langhans), a Glipoteca d= de rar (ge Glenze) ete. ~ 20 passo que, no Brasil, Mutaizes do Neoclassicismo, raramente, recuaram Squém da Renascenca, A explicagso esté nos er Paulo F Santos cadentes do arquiteto que maior importéncia teve casera implantacszo aqui —~ Grandjean de Montigny —, verdadeiro chefe de escola cuja atue- vonmomeqou em 1816, com a chegada da missfo Cieoton de que ele fazia parte e se estendeu até 2 tuamorte, em 1850, ocorrida no Rio de Janeiro, Se que jamais se afastou, Aluno de Percier ra fe ola de Belas-Artes de Paris, Grandjean entre. Este, na Italia, primeiro com seu colega ce Pre: geecgo Famin, depois, sozinho, a levantamentos mlstidos em livro, de obras de Benedeto da Maisto, Teutncloeo, Antonio da Sen Galo, Michelangelo, Mcngio e muitos outros grandes arquitetos da Furascenga, de cuja influéncia se deixou imPreg: Pare transperece em muitas das obras que reslizoy rare de Janeiro, principalmente, no projeto para Po atademia de Betas-Artes, o qual, na versso, orig @ simente eonstruida, revela, pelo apuro de propor” Gove slegincia requintada'de linhas, inege oro Grreneesco com @ arcuitetura de Andrée Falladio Paria Rotonda. & igualmente, reconhecivel, em Grandjean, a influéncia da arquitetura francesa da e"epoce, em particular a de seu mestre Percies- ai Gos eriadores do estilo Império (na técnica de UXteugéo. dos desenhos a bico de pena e até na composi¢ao). ‘Ainda que predominassem, nos seus trabalhos, as ‘nttuéncias das formas da Renascenga @ da erquite, Tira francesa de principios do século XIX, no. Tao. Grandjean no dispensava 0 recuo até 2 Srtighidade cléssica grecoxomana, que servie, de aimeuigos seus trabelhos escolares © 308 S#US alunos. Como teoria estética, 0 Neocles Emitodo 0 Ocidente, o retorno 8s formas es oT traternento linear e, em superficie, da Renas: cece entre as quais tinham se insinuado, 20s do's Senos anteriores, as dinémicas de tratamento Sictbrico e, em profundidade, do Barroco. A exw" Bisancie decorative e a liberdade de expressfo of Bera lugar a simplicidade de formas, & sobriedade Ge rfasto eB contencéo e respeito disciptinade pelos cAnones @ gramitioas — que se traduzirar Pum freio, & imaginagéo criadore Poo a vida poiitica e social, representou uma rea Go contra 0 Absolutismo que, pera por Pets vinha sendo desmontads no det XVIII em favor de idéies democréticas que a Revo- jugo Francesa e a independéncia das colonies americanas puseram na ordem do dia, © Neoclessicismo desenvolveu-se paralelamente a outra Revolucdo, a Industrial que, & técnica artesa- ral, sobrepés @ mscdnica de pré-fabricagZo e a0 trabalho por unidades, o trabalho em série — prin- cipias que foram ganhando terreno no século XIX fe haveriam de prevalecer no século XX, modifican- do, radicalmente os rumos da arquitetura. Caracteristicas do Neoclassicismo © Neoclassicismo difunde, seja nas composigdes espacieis, seja nas decorativas, elementos caracte- risticos ordonéncias cldssicas, com 0 emprego de fordens superpastas, predominando no pavimento térreo a toscana, ou a dérica e, no superior, @ jénica ou a corintia, geralmente, sob a forma de pilastras, porque 2s colunatas — to comuns na arquitetura européia ~, aqui sfo quase, s6 limita- ‘das aos pérticos. Desaparecem os beirais de telhas a vista, Os telhados so encobertos por platibandas ~ de almofadas ou balatstres intercalados de lobatas que sustentam estétuas ou vasos de mérmo- re ou de louca. Nos entablamentos, aparecem mo- dithSes, misulas, denticulos, évulos, Nos revest mentos das paredes externas, em lugar da massa de cal, 6 comum a cantaria aparelhada, com bossa- gens, acentuando 0s corpos centrai ‘outras partes da composicdo. Com menos fr cla, usa-se também 0 mérmore. O frontdo triangu- lar’é uma das notas mais caracteristicas, tanto da arquitetura religiose, como da civil —, nesta, até tem prédios de exigua testada. Nos timpanos ¢ nas impostas dos arcos, inscrevern-se baixos-relevos, re- presentando dragSes, motivos alegoricos e mitolé- icos ¢ figuras da antiguidade cléssice. O material 6, as vezes, a cerémica. A verga do arco abatido, substitui 0 arco pleno —, ore em todos os pavimen- tos, ora alternado com a verga retai mas, mentém- se em volta, as cercaduras de cantarla lavrada, @ 20, alto, as sobrevergas de massa. Nas grades dos guar- da-corpos das sacadas, os pesados vergelhdes de se¢o circular, decorados com discos e cones, s80 Cuatro Sécutos de Arquiteture cd substituides por delgadas chapas ou vergalhes dé socio quadradas que, pelos tracedos caprichosos fe aproximam mais do Romentismo de que de Neoelassicismo. Nos eantos, inserermse abacaxis © prineipslmente, pinhas, estas de overlay cor brance ieitosa, combinada com cristal vermelho, azul, ver de ou amarelo, As folhas das portas abrem 8 fran ese, para 0 interlor: de vidro com bandeirss, a! externas; de almofadas, as internas. Estas sf0 es ‘weitas © encartem, nes paredes, formando aduela: para os vos. Os vidros, nas cases patricias, costu ‘mam ser de cristal Saint-Gobain, apresentando de senhos de ramicelos, com ramagens 8 Renascenge que condizem com os das mangas dos lustre, aran delas @ casticais de cristal e, nas bandeiras, unt nico vidro, desenvolvido em volta de um pequenc irculo de ‘madeira; outras vezes, virios vidros divididos por pindzios sinuosos. As vezes, a bandei fa superior € mais alta do que a inferior. Os pé direitos vBo crescendo, o que favorece a monumen lidade dos edificios. Aparecem vestibulos con nichos nas paredes — as vezes, de canto —,e esté tuas de mérmore. As escadas externas sfo extensa ;ponentes, de cantaria (granite ou ness), ess0 cisdas 2 pérticos de colunas soltas, do mesmc material, As internas — que so de madeira, mér more ou também de cantaria ~, ao invés de fica rem metides entre dues paredes, ‘como no perfodk colonial, apresentam, a principio, o lango centra tangenciando “dois outros”, dispostos em sentide contrério; depois, vo se soltendo entre si, con corrimios livres —, contando elas proprias come elementos da decoragéo. Usam-se pisos de mérmo fe colorides (Lioz, Extremor, Rosa S. fare, Belga). So ainda comu mente de canela preta — que, agora, se arr’ com rodepés de grande altura. Mas nos saldes d: |uxo, aparecem perquets de duas ou mais madeires formando desenhos que lembram os que no sécul. anterior se fizeram (com madeiras do Brasil), Palécio de Queluz. Nos tetos, continuam @ usar-s 0 frisos largos de saia © cami abas, contornando os compartimentos. Mas apare ‘com também os frisos radiais, formando leque di rico efeito ornamental. E, também, 08 tetos di estuque, 3s vezes, com apatnelados em que se ins crevern ‘baixos-relevos com motivos fitomorfos 1 figurados. Es abdbades que, na arquitetura civil foram, ainda assim, ares. SG0 freqGentes as clara 8 bélas, Como acabamtento das partes de madeira tusa-se a pintura a 6leo e, nas folhas internas, passe a ser freqliente 0 verniz. Nas paredes comum 3 pintura a éle0, formando desenhos geométricos ou Ccenogréfices, & trompe‘oeil. Sao também comuns (os papéis acetinados. Nas plantas, acentua-se @ simetria, que, em certos casos, assume caréter con vencional, dada a repeticio de um e outro lado do eixo da composiego, de formas incomuns (como as eliticas, por exemplo). Com o mesmo caréter, ap2- recem, uma ou outra vez, galerias circulares. As Edificagées do Neoclassicismo De 1810 2 1830. O Real Teatro S. Jofo, que Adrien Balbl diz ter sido projetado pelo Marechal ‘de Campo Manoel da Silva, tinha, na fachada, ordonancias apilastradss, arrematadas ao alto com tum frantéo que se prolongava em telhados laterals @, #0 centro, um pértico saliente, com trés arcos de pedra aparelhade. Esse partido era semelhante 20 adotado ne Teatra S. Carlos de Lisboa, por José da Costa e Silva arquiteto que pode ter interferido na traga do teatro carioca. De fato: ainda que, em outubro de 1811, [6 se Instituissem loterias pera “ajuda das obras” (Marrocos), a ineuguracdo +6 se fez em outubro de 1813 e 0 arquiteto, em agosto de 1812, jé era, aqui, admitido na Casa des Obras (Auler), ndo sendo de excluir, tivesse chegado bem antes, de vez que @ burocracia das nomeagSes tdaqueles tempos, nfo era menos emperrade do que a dos nossos dias. Em 1816, 0 Neoclassicismo marcou mais um tento com_a construgéo no Pago de S. Cristévéo, do porto presenteado ao Principe Regente pelo Dux que de Northumberland réplica do que foi prole- tado, em 1769, por Robert Adam para o Sion House de Londres e, a nosso ver, uma das obras mais requintadas deste grande arquiteto. Foi ergut- do 20 lado do que fizera Domingos Monteiro, ficando a Quinta com a incongruncia de ter por- ‘Bes, assim dispostos de estilos diferentes. Em abril do mesmo ano 1816, chegou Grandjean de Montigny — outro mestre do Neoclassicismo —, arquiteto que trazia, como credenciel, elém de ter Paulo F, Santos sido aluno de Percier na Escola de Beles Artes de Paris, 0 ter alcancado, na mesma Escola, 0 22 Grand Prix de Rome (num prédio de cuja comissio exeminadora tomeram parte Percier e Nicolau Taunay). Logo em sequide, funda 0 Conde da Barca a Escola Real das Artes e incumbe Grandjean de elaborar o respectivo projeto. Este 0 fez com um extenso corpo central de trés pavimen tos e dois laterais (de trés e dois pavimentos) e um pequeno portico, 20 centro, projeto, depois, por economia, reduzido para um Unico pavimento mas fom um pértico muito maior e mais rico que foi 0 executado. Compreendia: um porto em arco, en cimado de baixos-relevos com enquadramento de colunas, ladeadas de macigos de cantaria com bos- sagens ®, a0 alto, um temple da Ordem Jonica, ‘com colunas de granito e bases e capitéis de bron- Ze) balaustres entra os estilabatas, também de bronze; de cada lado, sobre socos de granito, esté- ‘tuas de Apolo e Minerva — conjunto tratedo com tuma elegincia de linhas que lembra Andrée Palla- dio, na Vila Rotonda. No interior: piso de mérmo- Fe de quatro colunas da Ordem Dérica romana, O ediffcio que recebeu sucessivas reformas (minucio~ samente, descritas numa monografia pelo prof. Al- Fredo. GalvZo), foi demolido em 1938, tendo a DPHAN salvo 0 pértica, que reconstruiy no Jar- dim Boténico e Gustavo Barroso, porto de ferro {que instalou na ala sul do Museu Hist6rico Na- ional. © inventério das obras de Grandjean foi feito num trabalho, até hoje, mais completo sobre o grande arquiteto, pelo prof. A, Morales de los Rios Filho ‘que, nele, reuniu, 20 material coletado por Moreira de Azevedo, Araujo Viana e outros, a documents: ‘edo que encontrau no Arquivo da Escola de Belas ‘Artes e alhures e que, agora, val sendo completada pelo prof. A. Galvéo. Grandjean projetou, na décads 1810-1820: as de- ‘coracdes festivas (entre as quals um arco de triunfo. ‘alegérico) erigidas na"Rua Direita, quendo da che- geda da Princesa Leopoidina (1817); para a Acie macdo de D. Jogo VI (1818), na Praga do Carmo, frente 2o antigo convento desse nome um arco de triunfo, um templo & Minerva e um obelisco (reali- zados com a colaboracdo de Debret e Auguste Taunay}, e, fazendo conjunto com a varanda da ‘Aclamagio, projetada por Jogo da Silva Moniz; para 0 casamento de D. Pedro com D. Leopoldina, um estédio elitico no Campo de Santana, com colunatas em torno e, nas extremidades, um arco de triunfo ea Tribuna Real —, no qual se realiza~ ram cavalhades, tourades, jogos e dangas. Fez ain- ‘cata do Brigadeiro Oliveira Barbosa, 8 Rua do Passeio (que Vale Cabral diz ter sido construfda ‘em 1818) e que, com seu hemiciclo aos fundos, os dois halls perfeltamente simétricos, arrematados em semicireulo, da bem a idéia do rumo academi- zante de arquitetura Neoeléssica da époce; @ pri= meira Praga do Comércio (iniciada em 1819), culo projeto, ainda, existe no Museu de Belas-Artes & pode ser confrontado com o edificio, tam existente, tambado pela DPHAN, no qual sobressai (© sallo principal, tratado com colunas déricas ro- manas que, na admirével perspectiva de Grandjean, assume uma monumentalidade que sugere as Ter- mas de Caracala. Primitive Cémara do Comercio ~ Au. Projeto de Grandjean ae Mantigny. Principio do século XIX. Gurtro Séeulor de Arguitetura 55 Na década 1820-1830, distinguiu-se, na arquitetura da cidade, 0 arquiteto Pedro José Pézérat, contra- tedo por Pedro! como seu arquiteto particilar. Algm das obras no Pago de S. Cristévio ¢ na Fa zenda de Santa Cruz e do projeto (no executado) de um paldcio para o Imperador em Petrépolis — todos, j6 atrds referidos © 0 da Academia Militar, ‘tEmvse atribuido a Pézérat, 0 da case da Merquesa de Santos, na atual Avenida Pedro II, 2 qual, com suas vergas em arco abatido, & maneira colonial, parece ter sido construedo de fins do século XVIII ‘ou principios do século XIX. Adquirida em 1824 ppelo monarea para D. Domitila, recebeu, de 1824 a 1827, uma bem concebida reforma que fez dela uma casa patricia & altura da favorita de um Impe- redor: no exterior, delicadas ordondncias de pilag- tras jénicas; frontées, tanto na fachada principal, ‘como nas laterais com agradével balango de valo- res; timpanos e frisos ricamente estucados (que podem ter sido da reforma de meados do século). No interior, a incluso. de um compartimento ov lado, a0s fundos com janelas em arco pleno e, tendo por fora, escadas curvas e bem lancade: deuthe a nota inequivoca da ascendéncia francesa provinciana do século XIX; vestibulo com o piso de pequenas pecas de mérmore branco e preto, tendo a0 fundo trés arcadss, situadas em nivel Fachada da case da Marquesa de Santos ~ Ru. Projeto Gb Pecro Joss Pézdrat 98 ‘mais alto, que comunicam com a altissima caixa da excada, provida de iluminago zenital e rica decora- fo nas partes altas; a escada no segundo pavimen- to € envolvida de varandas e galerias, mas no pri- meiro ‘pavimento, ainda, nfo se desprende das pa- redes de alverarla que @ delimitam (como no Palé- cio dos Vice-Reis}; na galeria posterior da escads, inscrevern-se envasaduras elangadas, com elegante carpintaria que, também aparece nas janelas da frente, de girar, & francesa (e no de guilhotinas como ‘nas partes antigas da casa) @ com as folhas internas de encartar dos lados, formando as adue- las das paredes; os tetos dos saldes da ala esquerda do segundo pavimento so ricamente, decorados ‘com estuques figurativos que, sem comprovacio, se tem atribuido a Marc Ferrez; nas paredes, pintu- ras com painéis & maneira da Renascenca, figuras de Francisca Pedro do Amaral, de fraca qualidade ‘@ magnificas naturezas mortas ~ vasos com delica- cas flores, adequacios 20 destino da casa; 0 quarto a favorita, que fazia frente para o Paco Imperial & todo decorado com delicadas pinturas, sancas e entablamentos; pisos de frisos de um palmo, com (0$ centros {inclusive nas galerias), valorizados com rigufssimos embutidos de madeira escura, com ra rmagens de vistoso efeito, Fundos de casa de Marquesa de Santos ~ Ru Projeto Paulo F, Sentos Da Academia Militar (hoje Escola de Engenharia, e aumentada e deturpada), se sabe ter comecado @ funcionar na Casa do Trem, transferindo-se, a se- dguir, para a sacristia da Sé, no Largo de S. Francis- 0 de Paula, “Os corredores e a tribunas... 32 aproveitaram para uma galeria dividida em salas de ‘aula’ (Debret). S6 em 1826, fez-se, para ela, “pro- eto novo", obra do “senhor Pézérat, artista fran- és, aluno da Escola Real de Arquitetura de Paris ¢ da Escola Politécnica. Esse jovem e inteligente artista, era, no Rio de Janeiro, arquiteto particular de SM, 0 Imperador. A fachada, construida de ‘acordo com a nova planta, jé se achava pronta mas (5 trabslhos foram interrompidos, em 1831, em conseqiiéncia dos acontecimentos politicos” (Debret), Essa fachada foi representada numa lito- grafia de Berchtigen, de 1846: tinha enquadramen- to de pilastras toscanas; porta-sacadas de verga reta ‘nos corpos Isterais; 20 centro, pértico de arcadas, encimado de porta-sacadas de arco pleno e fron to, singeleza e sobriedade de linhas. Em 1824, foi nomeado Arquiteto do Sensdo da Camara, 0 portuguds, filho de francés, Pedro Ale- xandre Cavroé que, essa qualificacto, exerceu as fungdes de fiscal das obras da Academia de Balas Artes, e, em 1825, a de arquiteto da Capela Real. Esta ficou instaleda na antiga lgreja do Convento do Carmo, para onde foi transferido em 1808, da Igreja do Rosério, 0 cabido da Catedral. Na retor- ma que realizou, Cravoé dispés tribunas especiais, nna eapela-mor para a Familia Real, corpo diplomé- tico, ministros etc. @ na nave, para as damas da corte e mais pessoas gradas. A superficie des pare- des, capelas laterals e abébadas, enriquecidas com a tatha setecentista de Indcio Ferreira Pinto, rece- bberam os acrescentamentos proprios és novas fun- es que a igreja ia exercer, inclusive pinturas de José Leandro de Carvalho ‘(na absbada). Ali se recitavam, diariamente, as “horas canénicas”; do seu pilpito, ouvie-se a palavra inflamada de Mon- talverne; e, do seu coro e antecoro, que abrigavam uma orquestra de muitos figurantes, reboavam, pela nave, as melodias do reinol Marcos Portugal domestica brasileiro Padre José Mauricio, aos quals 0 pendor musical do monarca conferia privi- Tégio de concertistas sacras. Servia ainda a capela de palco a grandes festividades, completadas com rocissSes que eram de uma pompa e magnificén- cia ntinea, vistas nesta cidade — relate 0 Padre José Gongalves dos Santos, cortemporéneo dos aconte- cimentos —, “no s6 pela riqueza dos paramentos, mas também pelo grande némero de caveleiros, comendadores e grf0-cruzes das trés ordans milita- res do Reino de Portugal .... com 0s seus respecti- Yos mantos e insignias” que davam 20 absolutismo monarquico agonizante (porque o espirito demo- crético do Segundo Imperador as aboliu), um es- plendor que néo se reediteria no Brasil. Da fache- da, aproveltaram-se as partes baixas; nas partes altas, Cavroé introduziu um tereeiro’ corpo, que isps mais estrelto, ladzado de volutas, com arre- mates em frontio, interrompido na base para inser~ Bo de um nicho e as pilastras que, no primitivo projeto, s¢ destinavem &s torres, foram incorpore {das as ordondncias dos dois primeiros pavimen tos -, com cules modificagSes, a soluggo retornou 20 partido do projeto nao sdotado de Vignola para o Gest de Roma, reforcando a tendéncia lianizante que {6 vinha se afirmando desde as igrejas da Cruz dos Militares e da Candeléria. As festividades que, de rotina, se realizavam na Capela Real, se juntavam, com freqiiéncia, as que eram motivadas por acontecimentos adstritos & (czea de Granjean de Montigny, na Gévea ~ Rd. Projeto Ge Grandjean de Montigny. Meads do stculo XIX Quatro Séculoi de Arquitetura 87 familia reinante, como por exemplo, em 1829, a chegeda de {moperatriz D. Amélia de Leuchtem- berg, que propiciou a eregio de dois tempios: um 20 Armor, outro 20 Himeneu — obra de Grandjean de Mortigny. E anterior a 1831, 2 casa de residéncia do mesmo Grandizan, porque foi retratada por Debret que, nesse ano, deixou o Brasil, Ficava na Rua Marqués de S. Viesato, na Gives, a qual sobre ter compro- imisso com af nossas casas de chécara (como jé issgmos), presenta, igualmente, inequivoca as- candéncia européia: por causa do compartimento Gireular que the marca 0 eixo aos fundos, provido do graciosa entradinha, delimitads por pilastras, encimadas de um miniscule frontdo e pelas telhas de canal, que, inicialmente, eram de delicedo for- ‘mato, & Timitago das que 0 arquiteto encontrou em Florenca, Siena e outras cidades da Toscania, abricadss, provavelmente, por ele proprio, na ola fia que tinha préximo 4 casa; ao passo que 2s do Brasil, daquele tempo, eram muito largas e compri- as, fora de escale para os prédios de pequenas dimensBes. A casa, como apzrece num croquis de Debret (de coleggo Castro Mia), tinha a frente, vasads em colunata, & manera braslere, mas que chegou até nés, tinha, dos lados, paredes cheias @ 38 0 centro vasado o que a enquadra nos modelos comuns da Toscania; e nfo fora a qualidade do tijalo (de data posterior), encontrado por A. da Silva Telles, nessas paredes, na reforma, reslizada pela DPHAN sob sua direcSo, dir-se-fa que 0 acres- centamento dessas paredes fore do préprio Grandjean. Serfo, igualmente, enteriores @ 1830 — porque, ‘também, citadas por Debret, duas casas, uma em. Catumbi, outra em Mata-Porcos. A de Grandjean da Gévea, “digna rival destas duas”’.... “dé, como elas, um novo cachet & cases rurais de recreio, ‘chamadss chécaras” (palevras textuais do autor da Viagem Pitoresca e Histérica ao Brasil). ‘A década_ 1820-1830, termina com um projeto do engenheiro militar Joaquim Céndido Guillobel para o Chafariz da Carioca que substituiu 0 que Vinha do século XVIII. Todo de granito macigo, com trés nichos de verga reta, separados por pilas- ‘tras geminadas da Ordem Toscana, nfo chegou a receber @ ornamentacSo de bronze que the fora estinada @ the teria atviado © peso © quiré, the tmodificado 0 aspecto, demasiado severo, que con Servou até os nostos dis, Guillabel, que também, gra pintor e llustrador (fez ilustragdes imitedas por Ender e Dabret e que so, qualitatiamente, equi- valentes as cesses dois artistas), chegou a0 Brasil, bm 1808, com o Principe Regente, , embora tenha voltado 2 Portugal, onde ingressou na Escola de Engenharia. de Lisboa, foi, depois, aqui, aluno dda Academia Militar (tenente de engenheiros em 1827) e da Acedemis de Belas-Artes, nesta, tendo sequido o curso de Grandjean e adotado a erquit ura Neoelésica que difundiu em trabalhos pare Filo de Janeiro ¢ Petrépolis. De 1830 2 1860. No decénio, 1830-1840, assina- arse numerosas obras do engenheiro Julio Fred rico KBeler, relacionadas por Guilherme Auler, ddentre as quais, sem mencionar as cartas topogréti- ‘as, relatérios @ orgamentos, se contaram: Casa de Cémara e Cadeia para Maricd (1835); Casa de Cor recdo para Niteréi (idem); Chafariz de S. Lourenco, para Niter6i (idem); obras em Magé (1837); obras fem Petrépolis, inclusive para o Palécio Imperial. Com todas essas obras ¢ outras, principalmente, as, reslizades por engenhsiros militares, as formas Neocléssicas foram se infiltrando pelas cidades flu- minenses, acabando por ganhar toda a provincia. De perceria com Charles-Philipe Garcon Riviére, discipulo da Escola de Belas-Artes de Paris, KSeler projetou a Igrsja de Nossa Senhora da Gloria, no Largo do Machado (1842), cuja facheda tinha as caracteristicas de um templo romano (antes de receber a torre central que 2 desfigurou) © foi concebida & imitacio de La Madeleine de Vignon em Paris. E, no mesmo ano, para a nova sede do Museu Nacional que o Ministro Céndido José de Araujo Viana teve 2 intenedo de construir, colabo- rou com Grandjean, na elaboracdo do respective projeto. Mas fol este dltimo arquiteto que dominou © pano- rama_da arquitetura da cidade até a sua morte, ‘ocorride em 1850, contando-se entre aqueles dos seus trabalhos de que ficaram documentos (os de senhos, ou as obras construtdas), os seguintes: 0 projeto da segunda Praca do Comércio (1834-1836), consteuida a Rua Direita (de que Paulo F, Santos Bertichem ¢ Buvelot & Meureau guerdaram a ima- gem}; tinh um pértico com colunas avancando fobre a rua, encimado por um terraco; platibanda 20 alto (26 & frente porque, do lado, o beiral ficava 3 vista); linhas singelas, que trafam, a procurs de um rumo diferente para o Neoclassicismo. Projeto do mercado na Praia do Peixe (1835-1841), tam- bém construido, tinha 2 planta em quadra, com um patio, rodeado de arcadas ¢, 20 centro, um cchafariz; na facheds, arcos plenos, quarnecidos de granito, dos quais, s6 as partes altas eram utilizé- eis; ¢ solucSo, de muita originalidade, teve-a, nx ida, acentuada elas ousades proporgies do altissi mo arco encimado por um frontéo, que the mar- cava a entrada, Projeto de vérios chafarizes, entre fos quais um, de bacia de cantaria, erguido no Rocio Pequeno (Praca XI de Junho), ainda existe no Alto da Boa Vista, para onde foi transferido no presente século. Prajéto de reforma do Seminério Ge S. Joaquim, realizada para alojer, ai, 0 Colégio Pedro I! (1838), Projeto da Biblioteca Imperial (1841), nfo construida; projeto do Senado Impe- ‘race do Comércia ~ Ru. Projeto de Grandiean de ‘Montigny. Prineolo do século XIX fal (1848), também nfo construfdo; foi, um dos trabalhos” de maior monumentatidade de Grandjean; tinha 0 corpo central retangular, nele 2 engastando, aos fundos, um hemiciclo — forma ‘to do agrado do arquiteto (também usedo na casa da Rua do Passeio); a frente formendo corpo dis- into e de escala desmesurada, ficava um imenso tlio com as extremidades sericilindricas do lado externo, valorizadas, internamente, com colunstas, apresentando 0 conjunto, tratado com a pompa peculiar & arquitetura francesa do tempo da rea~ {eza, a0 tentro, um imenso trono com docel, que lembra, pela forma, os que Percier ¢ Fontaine hhaviam projetado para os paldcios de Nepoledo. Outra figura de primeiro plano dessa fase foi José Domingos Monteiro, a quem Debret se referiuy ‘com deferéneis, como arquiteto-engenheiro, que exerceu atividade como integrante, primeiro, do Real, depois, do Imperial Corpo de Engenheiros {era tenente em 1816 e, em 1830, sergento-mor) @ ‘que, além de ter realizado os trabalhos, jé anterior- mente, referidos, foi quem substituit: Pedro Ale- xandre Cevroé camo Arquiteto das Obras Naci nals (margo de 1830 a abril de 1831, ano em que foi demitido por forca do jacobinismo de regéncia provisbria) (Marqués_ dos Santos). Nesse curto pe Hodo de permanéncia no cargo, fez a reforma do faldo de sessSes da antiga casa do Conde dos Ar- 0s, na Praga de Aclamacéo, a quel, desde 182+ ‘abrigava 0 Senado e construiu o Chefariz da Caric 2, projetado por Gulllobel. Em 1838, reapareceu como arquiteto da Camara (Noronha Santos); em 1639, trabalhou no levantamento da planta de cidade (V. Fazenda) e, em 1840-41, foi designado por José Clemente Pereira, arquiteto das obras da Senta Casa: (primeira pedra, em 1840; inaugura- do, em 1852} e do Hospicio de Pedro 11 (primeira. pedre, em 1842 inauguracdo, em 1852). Relacionados com essas duas obras, aparecem dois discfpulos de Grandjean: 0 jé referido Joaquim Cindido Guillobel ¢ José Maria Jacinto Rabelo, os ‘quais, com Manuel de Araujo Porto Alegre e Fran- cisco Joaquim Betencourt da Silva (também, discf- pulos de Grandjean), foram figuras exponenciais do Neoclassicismo (o Gltimo, jé francamente eclé ‘tico) —, figuras que esto 2 exigir, a cada qual, Quatre Séoulor de Arquiterare 59 estudo mais demorado do que o aye, até agora, tiveram, © novo Hospital da Santa Casa construido no ‘terreno em que existia 0 cemitério da instituigo, tentZo trensferido para o Caju, foi projetedo por Domingos Monteiro mas, @ ererse em Moreira de ‘Azevedo, 0 corpo da frente “teria sido leventado, segundo desenho de José Maria Jacinto Rebelo, que moditicou, em alguns pontos, 2 planta primi- ‘iva. Este obsdecia a um partido, em redentes laterais, comum nos hospitais da Europa (0 Laboisiére de Paris, por exemplo); @ frente, um portico de granito, com colunas no térreo € no Sobrado, e amplo’frontio triangular, tendo, no timpano, baixos-retevos de Luis Giudica. A capela, situada no corpo central, por detrés do sal prin- cipal do segundo pavimento, se acuse, na cober- {tura, com zimbério o lanterna octogonal sustentar- do uma cruz —, “risco do engenheiro Joaquim Cindido Guillobel”" (Moreira de Azevedo}. No in- terior, preciosa colego de retratos dos benfeitores, Fepresentados de corpo Inteiro, em quadros sus- ppensos, & perede de uma das galerias, muitos dos Guais de autores ainda nfo identificedos, cule fealéncie, de grande beleza, apresenta um test munho Gnico na cidade, das expresses de auster- dade e energla, que emanavam dos rostos, da indu- mentéria e da compostura daqueles varBes ilustres do Impétio, No salio de honra, teto decorado com bslxosrelevos de Chaves Pinheiro (1874), autor, também, da estétua Pedro II, colocada 20 fundo da ‘peca. Enfermaries emplas, providas de vidros, dota os de pequenas perfuracdes circuleres para venti- Taco, de que, hd pouco, havia remanescentes. Do Hospicio Pedro II cuja planta em quadra, com pétios extensos e agradévels também obedeceu tim partido comum nos estabelecimentos congéne- res de Paris —, nos deu o prof. Pedro Calmon ume substanciosa monografia, em que reuniu dados im- portantes sobre of arquitetos Domingos Monteiro, Rabelo e Guillobel. De Rabelo é conhecida minu- ciosa folha de servicos (documento do Arquivo Nacional, publicado por G. Auler), na qual se vé ‘que, em Setembro de 1847, foi ele posto 8 disposi Zo do Ministro do Império para encarregar-se da Girego das obras imperiais, Teria dirigido tanto a {da Santa Casa, como as do Hospicio, em ambas, ne 60 ‘qualidade de construtor que, pelo que se infer das fuas proprias informacées, se sabe ter sido a que Sxerczu no Palécio Imperial de Petropolis, de que fol arquiteto Guillobel (de Rabelo,-nesse palécio, fol, apenas, @ ornamentacdo de estuques, no teto ida sala de baile —, e s6 a fez porque Guillobel etardou 0 envio dos competentes desenhos). Mas Calmon reproduz uma noticia do Universo Mustra- do (1858) em que o comendador informa ter visto Gesenho feito por Rabelo para a Cepela do Hospi- Glo. E Moreira de Azevedo, que dé Monteiro como Gutor do projet do edificio, diz que “Rabelo modificou 0 primitive plano’ e que o pértico teria fido de ““Guillabel”. A colaboragdo de Rabelo in- Huziu © que mais tarde, documentos da época 0 Gessem como autor do projeto (A. Galvao), 0 que fndo parece exato, A fachada, que se revestiu com Bo de pedra pelos anos de 30 e foi restabelecida Benois, obedece # ordonéncias da Renascen¢a, com pilastras, separando, entre si os panos de faredo, em que se inscrevem as janelas; estas so de Sco pleno nos dois pavimentos —, 2s de baixo, de peiteril, dispostas 20 fundo de ichos, também, fm arco pleno mas de maior didmetro: as do alto, Fasgadas (isto &: porta-sacadas) com guarda-corpos Ue balebstres de ferro fundido; a platibanda, com preendendo elmofades, intercsladas de estilobates, Ge coroamento do ediffcio, tinha estétuas e vas0s, hosp cio Pedro I~ Rl, Projeto de 1.M. decinto Rabeloe TE Guitlobel Steulo XIX Paulo F. Santor que the aliviavam o peso, alguns dos quai ainda, ubsistem. A escada nobre, de acesso 20 sobrado, é Ue jacarands escura, de bela aparéncia e tem um fanco central ladeado de “dois outros” em sentido contrari (como no Paco da Praga XV e na casa ca Marquesa de Santos) mas pelo seu arranque, j& enssia desprender-se das paredes. As barras de 22U- [ejor introduzem, no desdobramento austero das lindissimas geleriss, uma note alegre e fresca; 2 fatdtuas ce Petrich — a do D. Pedro Il, de José Clemente Pereira e a imagem de S. Pedro de Aleén~ tara que, também, é dele (esta na capela) —, conte: Hospicio Pedra Il — RJ, Preto de JM. Rebelo TE Guillabel Sécuto XIX rem 80 monumento, gravidade e nobreza, a que, também contribuem, como na Santa Case, 05 aitissimos pés direitos e os larguissimos tabudes de anela dos soalhos. No saldo principal sobressai a beleza das guarnig6es das portas e as elogantes bandeiras de. pinézios radiais destacedas sobre as pparedes; estas so decoradas com pilastras canelu- fadas da Ordem Corintia, e o teto, discretamente estucada, com sancas em'volta. A capela é simpd- tica, ainda que o retébulo do altar de S. Pedro de Alcintara (Neocléssico, como todo o edificio), ‘com sucessivas banquetes escalonadss, encimadas por um nicho — atualmente, com duas imagens de qual tamanho, uma no nicho, outre sobre a segun- da banqueta —, j4 revele o desinteresse (que, no fim do século e principio do seguinte, veio a pre lecer), pelos preceitos de boa proporeéo, hauridos nos tratadistas da Renascenea. 0 partido, adotado nas fachadas da Senta Casa e do Hospicio de Pedro Il, compreendendo um por- tico central todo de cantaria, com duple colunat, rho térreo e, no sobrado, arrematada com um fron- {Bo —, foi repetido pelo engenheiro Teodoro de Oliveira na Casa da Moeda (1853), em que incluiu dois outros frontdes e, por cima, vasos de mérmo- E evidente, af, a procura do movimento que, .da assim, nfo logrou aliviar, plasticamente, a ipressio de peso que o tratamento das massas, a ‘abundéncia de cantaria e a modenatura adotsda infundem. (© Neoctéssico, também foi empregado em edifi- cios de tamanho médio. No do Banco do Brasil, prédio de trés pavimentos, situado na esquina da Rua ce Candeléria com 2 da Alfandega — projeto de Manuel de Araujo Porto Alegre (1850 — Mo fa de Azevedo), 0 qual tinhs, nos dots pavimentos Superiore, pllastres corintias em toda a altura de modo geral, “detalhes” bem cuidados, Numa Titografia de Berchtingen, aparece com as propor Bes completamente prejudicadas. Foi demolido fm 1935, pare. dar luger ao prédio da Associacio Comercial. No do Cassino Fluminense (hoje, Auto- rmével Clube), projeto de Luiz Hosxe (1855), 2 fachada apresenta solurSo franca’e firme, de agra

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