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SCnNaw bk wD = 1 1 SumArRIo - Leonardo da Vinci . Gedrgias Agricola . » Nicolau Copérnico + Galileu Galilei oe ccccecesseeseeenes 17 + Johannes Kepler .......sccssesseeseseees 22 3» EYANCIS BaGOn sys.cnsisunewes 26 + Blaise Pascal .....ececesceseteseeeees 31 « Robert Boyle'sssscsssscsisveneaveevesaass 36 » Isaac Newton oo... esceeeeeeeeeeeee 41 0. Gottfried Wilhelm Leibniz ....... 47 1. Caroline Herschel . 2. Bartolomeu de Gusmao 13. Maria Gaetana Agnesi .. 14. Georges Cuvier .......0.0ccceee 65 15. Maria Mitchell 0... 69 16. Gregor Mendel 0... 73 V7, LOUIS Pastett scvreseccsisacsescececs 77 18. George Washington Carver ...... 82 19. William Ramsay ........6.60 e687 20. Carlos Chagas Filho .................90 21. Wernher von Braun ........0005 93 Capitulo 1 Leonardo da Cinci Estudar a vida de Leonardo da Vinci significa descobrir um homem além de*<€ii proprio tempo. Embora seja mais conhecido por suas obras de arte, “ae fortimbém um brilhante arquiteto, engenheiro, matematico, gedlogo, bidlogo, fisico e filésofo. E, acima de tudo isso, foi também um genufno cris- tao, que amava a Biblia e cria no Deus que ela revelava. Segundo a opiniao de muitos, Da Vinci pode ser considerado o fundador da ciéncia modema. Ele nasceu em 15 de abril de 1452, no perfodo que os historiadores comumente chamam de Renascenga. Nao se tem muita certeza sobre 0 local exato de seu nascimento, mas foi numa fazenda em Anchiano que Leonardo ou Lionardo (conforme uma antiga grafia) foi criado. Esse lugar ficava a 3 km da cidadezinha de Vinci, na Italia, o que justifica o sobreno- me com 0 qual ficou mundialmente conhecido, Leonardo da Vinci. Porém, a histéria desse génio nao se inicia com uma origem nobre Sua mae, que se chamava Catarina, era uma moga humilde e interio- Seu rana, que nao possufa praticamente nenhuma cultura académi pai, no entanto, era um nobre muito culto, chamado Ser Piero. Quando Da Vinci nasceu, seu pai tinha 25 anos e nao quis reconhecer a pater- nidade da crianga. Ele abandonou a mae de Leonardo e outra mulher que era mais rica e inteligente. Da Vinci, portanto, foi sendo chama- ou-se com considerado um filho ilegftimo e sofreu por muitos anos do de “bastardo”, pois seu pai jamais 0 registrou em seu prdprio nome Mudanga de endereco Até os cinco anos de idade, Leonardo viveu em Anchiano. Depois dis- so, ele foi viver na fazenda de seu av, em Vinci, ao pé do Monte Albano. WA Leonardo da Vinci Eles Criam em Deus Essa mudanga deve ter ocomtido porque a mulher que havia se casedo com seu pai nao podia ter filhos e, possivelmente, foi s6 nessa época que os avés de Da Vinci souberam de sua existéncia. Ele, entdo, passou a ser criado como um membro da familia, mas nunca foi legitimado como filho de Ser Piero. Era tratado como um filho de criagdo ou até menos do que isso. Numa declaragao para 0 imposto feita por seu avd e citada em algumas biografias, Leonardo é mencionado apenas como sendo uma “bocca”, isto é, alguém a mais que havia para ser alimentado. Neo é chamado de neto, muito menos de filho. Os membros da familia de Piero pareciam ter vergonha de Leonardo pela forma como ele foi gerado. Como se sabe, naquela época, uma moga que engravidava solteira era tremendamente desprezada pela sociedade em que viva. Em Vinci, Leonardo foi pela primeira vez & escola, onde aprendeu a ler, escrever e calcular. Ali também teve aulas de Geometria e Latim, embora em seus futuros trabalhos preferisse sempre fazer suas notasem italiano, Segundo algumas biografias, Da Vinci era um aluno muito ques- tionador, o que incomodava os professores e colegas. Ele simplesmente se recusava a aceitar conceitos que nao fossem muito bem demonstrados. Alias, esse mesmo perfil racional 0 seguiu em sua fase adulta, quando se demonstrou critico dos artistas, que ao invés de produzirem sua propria arte e sua propria técnica, se limitavam a imitar os que vieram antes. Agora, pare para imaginar como seria 0 jovem estudante Leonardo da Vinci. Sua genialidade muitas vezes foi interpretada como rebelia e ma-criagdo. Parece que as pessoas nunca estdo preparadas pata os génios que nascem na Hist6ria. A tnica coisa que fazem € rejeité-los enquanto estao vivos e idolatra-los depois que mortem. E nao pense que € muito diferente em nossos dias. Hoje, principalmente, a filosofia p6s-moderna parece incentivar ao maximo um distanciamento da sabe- doria, especialmente quando se descobre que ela vem de Deus O despertamento do artista e inventor Aos 14 anos, Da Vinci deixa a fazenda de seu avd e vai morar em Florenga, nos fundos da loja de um artista chamado Andrea del Verrocchio. E dificil saber que motivos levaram seu pai a emié- -lo para 14, Alguns pensam-que seria para dar-lhe melhor estudo, mas hé também a possibilidade de que, com a morte de seu avd, tenham Eles Criam em Deus _ Leonardo da Vine aumentado as atitudes de rejeigdo familiar, e a transferéncia para a nova cidade acabou sendo uma espécie de banimento. Vocé, por certo, jd percebeu que esse jovem tinha muitos moti- vos para ser um revoltado com a vida. Contudo, ao invés de “chutar tudo para cima’, sua inteligéncia, guiada pelo Espirito Santo, preferiu conduzi-lo a uma atitude de fazer bom uso das oportunidades. Ele aprendeu tudo 0 que podia com Verrocchio ¢ acabou se tornando um artista mais refinado que seu préprio professor, de quem sempre obteve 0 respeito e a consideragao talvez nunca recebidos de seu préprio pai. Daf por diante, a carreira de Leonardo foi tremendamente marca- da pela genialidade artistica, que impressionava a todos os italianos. Em 1472, ele foi alistado como membro permanente dos Pintores de Florenga, o que equivalia a uma graduagao na faculdade de artes. En- tao, ele iniciou sua colegao de pinturas gloriosas, dentre as quais des- taca-se a famosa Monalisa, 0 quadro mais valioso do mundo, que hoje pode ser visto no Museu do Louvre, em Paris. No campo cientifico, hé espantosos esbocos e notas de Da Vinci, que demonstram excelentes anélises de problemas em dinamica, ana- tomia, fisica, aerondutica, biologia e hidrdulica. Seu raciocinio era bem avancado para o seu tempo. S6 para ter uma ideia, saiba que Da Vinci ja havia esbocado desenhos de paraquedas, helicoptero, motores e até de bicicleta. Alguns supdem que, com um pouco mais de tempo, ele teria chegado ao descobrimento dos processos quimicos que resultam na captag4o impressa de luz, comumente chamada fotografia. Talvez vocé pergunte: Por que Da Vinci nao construiu logo essas miaquinas, preferindo deixé-las apenas em esbogos? E provavel que a falta de recursos da época, aliada 4 ameaga da Inquisi¢do, tenha feito nosso inventor silenciar-se nalguns pontos. Afinal, qualquer coisa que contrariasse os dogmas da Igreja poderia ser considerada bruxaria e seu genitor condenado as chamas. Seja como for, Da Vinci ja util ava © pro- cesso de experimentacao muito antes do moderno “método cientifico”. Leonardo foi mais um artista e inventor que um fildsofo ou tedlo- go. Contudo, é na arte que ele revela sua fé em Deus, mesmo viven- do a sombra de um dogmatismo medieval que perverteu, em muito, a.genutna visio.do:Céu. Seus quadros sobre a:vida de Jesus:trazem & tona um profundo amor em relagao ao Filho de Deus. [Leonardo da Cinci Eles Criam em Deus A Santa Ceia de Cristo Em Milto ha um quadro, hoje restaurado, no qual Da Vinei procuros, com muito empenho, retratar a tiltima ceia de Cristo e Seus disefpules Ele foi pintado no refeitério do mosteiro dominicano de Santa Mara delle Grazie. Em 1923, foi publicada uma hist6ria em relagao a esa pintura que € por muitos considerada como um genuino relato. Conta-se que Da Vinei sempre usava pessoas reais como modelos paa suas pinturas. Assim, seriam os prdprios vizinhos do convento que posi- riam para a composigdo dos apéstolos & mesa. Havia, porém, um problerra inicial: Como encontrar alguém to perfeito para retratar o rosto de Crist De acordo com es: cuidadosamente avaliados pelo artista a fim de encontrar uma face e personalidade que exibissem uma inocente beleza, livre de qualquer cicatriz ou marca causada pelo pecado”. Finalmente, ele encontrou versao, “centenas € centenas de jovens foran um jovem de 19 anos ¢, durante seis meses, trabalhou retratando, con base naquele rapaz, 0 rosto do Filho de Deus. Uma vez pintado 0 rosto de Cristo, Da Vinci seguiu pintando os de mais apéstolos a partir dos rostos de moradores da regidio, que se apre sentavam voluntariamente como modelos. Ele pintou Pedro, Andri, Tiago, Jodo e todos os demais, com excegiio de Judas. E que seria dif cil encontrar alguém que se desse ao papel de emprestar seu prépri rosto para retratar o traidor do Filho de Deus. Isso seria 0 mesmo qu assinar um atestado de autodesprezo e desamor préprio Tendo dificuldades em encontrar um Judas apropriado, Da Vind despendeu muito tempo procurando alguém entre os criminosos de um presidio local. © superior do mosteiro, chateado com a demori comegou a sugerir que o atraso do artista se dev preguica e nao a qualquer dificuldade em encontrar o modelo ade quado. A isto, Leonardo respondeu: “De fato, eu tenho dificuldades em encontrar um Judas no meio dos homens, mas se for pressionads, saibam que o superior seria um excelente modelo!” Depois de seis anos de intensa procura, Da Vinci finalmente encontrou um homem que estava preso numa masmorra em Roma Tratava-se de um trapo de gente. Constantemente bébado, aque sujeito tinha um cheiro horrivel e nenhuma consideragdo por si mes mo. Era 0 modelo perfeito para Judas! a, na verdade, 3 str Eles Criam em Deus Leonardo da Vinci Por uma ordem especial do rei, 0 prisioneiro pode partir com Leonardo para Milao, onde por varios meses o artista trabalhou fazendo daquele miserdvel o tiltimo personagem que completaria a pintura. Terminado o trabalho, 0 condenado deveria retornar junto de seu carcereiro para continuar preso em Roma. Antes mesmo de sair, ele comegou a chorar e, entre gritos e solucos, virou-se para Da Vinci dizendo: “Sr. Leonardo, olhe para mim mais uma vez! O senhor nao me reconhece?” Olhando de perto 0 rosto do homem, Da Vinci respondeu: “Ha algo de familiar em seus olhos, mas nao me recordo de té-lo visto antes.” “Oh, senhor Da Vinci, olhe de novo’, gritava fortemente 0 homem. u sou o seu Cristo, ou melhor, fui, quando ha sete anos eu era um jovem e o senhor me escolheu para retratar 0 rosto do Mestre. Veja, porém, o que fiz com minha vida. Hoje, retrato Judas. Tornei-me um verme. Oh, Deus, como pude cair tanto?” Se Da Vinci vivesse em nossos dias e estivesse escolhendo pessoas para retratar a Santa Ceia, seria possfvel usar 0 seu semblante para retratar a beleza espiritual do Filho de Deus? Pense nisso e nao permi- ta jamais que seu rosto sirva para retratar um traidor. Deus ama vocé e quer tornd-lo cada dia mais semelhante a Jesus e mais distante da aparéncia de um Judas. Em 1517, 0 rei da Franga, Francis I, ofereceu a Da Vinci uma bela casa em Ambroise, onde 0 artista morou durante os tiltimos dias de sua vida até morrer, em 1519, com a idade de 67 anos. Comentando a genialidade desse homem, Freud resumiu sua vida descrevendo-o como uma pessoa “que acordou muito cedo, ainda no escuro, enquan- to os outros dormiam”. Da Vinci era um homem firme, que cria real- mente em Deus! Capitulo 2 Gredrgias \ Agricola ‘a i J Nunt dia de intenso conflito para Israel, Deus veio até o profeta Je- 7 remidge Ihe disse: “Jeremias, ponha 0 Meu povo a prova, como se prova o metal; examine bem e procure descobrir como esto agindo.” (Jr 6:27, NTLH). Essa mensagem, é claro, era uma metéfora para designar a fungio espiritual do profeta, que era verificar a tamanha falta de pu-reza que havia no meio do povo de Deus, em seu tempo Mas, nao é com Jeremias que se inicia a histéria da metalurgia e mineralogia modemas. Precisariam ser transcorridos mais de 19 séculos até que um jovem, de aproximadamente 20 anos, sentisse um chama- do de Deus para fazer algo pela humanidade. Ele estava lendo essa passagem da Biblia, quando teve um insight que mudatia sua vida ea de muitas pessoas. Ele iria trabalhar com metais e curar pessoas. Faltavam-lhe, no entanto, os recursos para custear os estudos e set! sobrenome nada tinha a ver com as familias ricas da Alemanha. Ele se chamava Geérgias Bauer, que em alemao quer dizer, “Jorge, 0 fazendei- ro”. Daf o apelido latino “Gedrgias Agricola”. Sua mente, no entanio, estava longe de se confinar a um arado de farenda. Ele queria melhort o mundo com os dons que achava serem um presente de Deus. Cursando a Universidade Assim, em 1514, Geérgias partiu de Glauchau (sua cidade de ot gem) para Leipzig, onde iniciou seus estudos universitarios. Com pote? tempo, aprendeu grego a ponto de publicar uma gramética em ape’ cinco anos de estudo. Todas as noites, ele se recolhia cedo para 0% € ler a Biblia, antes que pudesse descansar de seus afazeres, e isso fet Eles Criamem Deus _ Gesrgias Agricola TH com que tivesse um rendimento melhor que muitos de seus colegas que preferiam as noitadas de cerveja ¢ a companhia de prostitutas. Em resultado de seus excelentes aproveitamentos escolares, 0 restante de seus estudos foi financiado por um grupo de religiosos locais, a quem ele foi eternamente agradecido. Com esse apoio, ele pode estudar, além do grego clissico, filosofia e ciéncias naturais, na Alemanha e também na Itélia. Apés cursar essas disciplinas, Agricola comegou a estudar medicina e acabou atuando como excelente médico em Joachimsthal, na Boémia. Seu coragao, porém, nao esquecera o amor pelo estudo dos metais, nem o chamado divino que sentira enquanto lia 0 texto de Jeremias. Por uma providéncia divina, em 1530, 0 Eleitor Mauricio da Saxénia 0 convidou para trabalhar como médico e farmacéutico na pequena cidade de Chemnitz. Ali havia uma contfnua obra de mineragdo que lhe possibilita- ria continuar seu estudo dos metais e minérios que tanto o empolgayam. Médico e pesquisador Como médico, Geérgias visitava incansavelmente as minas e casas dos trabalhadores, fazendo anotagdes médicas e criando remédios que ajudaram a salvar muitos que viviam do trabalho nas fechadas e poeirentas cavernas de minério. Na sua monumental obra De re metallica (composta de 12 volu- mes), ele estuda enfermidades como a silicose, que € tfpica do trabalho nas minas, e apresenta técnicas de ventilagao com projetos para a construcao de trés tipos de m4quinas ventiladoras que, movidas a tracdo animal, levariam ar puro para os pontos mais subterraneos de uma exploracdo mineral. Ao mesmo tempo em que se preocupava com a satide dos trabalhadores, Agricola produziu uma acurada classificagao de cristais, desenvolveu recur- sos preventivos da erosdo e pesquisou 0 uso do magnetismo como meio de encontrar jazidas de ouro. Alguns historiadores acreditam que foi ele 0 cria- dor da palavra “petréleo”, hoje conhecida e usada em todos os pafses. Desde 0 inicio do mundo até os dias de Agricola (século XVI), 0 inte- resse nos metais e minérios era basicamente econdmico. Por isso, € pos- sivel dizer que foi com ele que surgiu a ciéncia da mineralogia, que hoje é objeto de estudo em muitas universidades. Geérgias acreditava na criagio conforme descrita no Génesis, por isso entendeu, antes de qualquer outro, que os minerais faziam parte do mundo natural feito por Deus e deveriam ser objeto de pesquisa cientitica que pudesse utiliza-los para algo mais que Gecrgias Agricola Eles Criam em Deus a mera manufatura de objetos ou intercambio no ambiente comercial, Seu trabalho foi baseado, principalmente, no campo da observagan direta e estudo exaustivo. Por isso, suas publicagdes se tornaram livro- -texto de muitas universidades europeias, mesmo depois de sua morte, Ainda hoje, boa parte de suas anotagdes encontra-se atualizada e nao modificada pelos especialistas dessa drea Vocé sabia que um de seus livros, intitulado De natura fossilum, foi a primeira publicagao académico-cientifica sobre metalurgia do mun- do? E o mais interessante é que, advogando a historicidade do dilivio descrito na Biblia, Gedrgias demonstrou empiricamente que os fés- seis orginicos surgiram pela acumulacao solidificada de égua durante a enchente que cobriu todo o planeta. Ele nao achava dificil conciler 0 texto biblico com suas observagdes no mundo natural! Caridade e fim dos trabalhos Agricola também se envolveu em questées politicas e simpatizou bastante com os ensinos de Martinho Lutero. Porém, se olvidou de am- bos devido a violéncia € revolugdes que estes causavam em toda a Ale- manha. A seu ver, a politica e as lutas religiosas estavam tomando um rumo mais pessoal e econ6mico que civil ou espiritual. Assim, depois dealgum tempo servindo como prefeito de Chemnitz, conse lheiro da corte saxénica e embaixaclor de Carlos V, Agricola resolveu voltar par ‘a pequena vila de mineraclores e continuar seu trabalho de médico e pesquise dor. Foi K que ele escreveu os volumes finais da De re metallica, que acabou ser do publicada apenas um ano depois de sua morte, em setembro de 1555. Se vocé pesquisar nos livros cle Historia vai ver que as epidemias eram co muns numa Europa com poucos sistemas de higiene. Trés anos antes de sva morte, Ge6rgias teve de trabalhar quase que incessantemente para ajudar ra cura de pessoas infectadas pela chamada “Peste Negra’, que assolou o cont nente entre 1552 e 1553. Ele visitava a casa dos doentes, orava com elese mi nistrava-lhes o medicamento. Como tiltima contribuigdo médica, ainda deixat escrito um exaustivo estuclo sobre as causas e combate dessa moléstia. Quando morreu, Agricola teve seu corpo sepultado na catedtal ée Zeitz. Sobre seu epitétio estio escritas as palavras que marcam 0 cat ter de seu cristianismo: Ele vivew pela paz, verdade e justiga. Que bom seria se fosse essa a frase que resumisse as obras de nossa vidal Capitulo 3 Nicolau Copétnico a _ Vocéijé teve a oportunidade de visitar um observatério astronémico ou olharatravés de um telescdpio? Se sim, deve ter se maravilhado com o que viu. Aastronomia é uma ciéncia belissima que ensina, acima de tudo, uma ligao de humildade. Como somos pequenos em relagao a grandeza do Universo! Por outro lado, quao maravilhoso foi nosso Deus, quando Se sujeitou a dei- xar Sua gloria e vir para este mintisculo mundo morrer em nosso lugar! Foi gragas ao trabalho de Nicolau Copérnico que hoje possufmos os recursos da astronomia moderna. Antes dele, os estudos astronémicos estavam muito misturados com lendas, misticismo e conceitos astrolé- gicos que acabavam deturpando os resultados obtidos. Afinal, ainda que os babilénios, egipcios e gregos tenham feito grandes descobertas sobre as estrelas, suas pesquisas seriam muito mais completas se dei- xassem de lado o politefsmo e a superstigao que os envolviam. Quando Copémico nasceu, 0 mundo nao era menos supersticioso e atrasado que na época em que magos e astrdlogos aconselhavam monarcas. Corria 0 ano de 1473 e as pessoas tinham uma ideia mui- to equivocada sobre o Universo, que j4 vinha sendo pregada ha mais de 300 anos antes do nascimento de Cristo. Naquele tempo, os gre- gos eram a fonte do mais profundo conhecimento universal O Universo antes de Copérnico Na Grécia antiga, propagavam-se muitos conceitos acerca da estrutu- ra do Universo. Afinal, eles eram pensadores criticos e sentiam-se livres stoteles para criar ideias inovadoras. De todas as propostas, a teoria de Ari foi uma das que mais se destacaram, conseguindo sobreviver até a Idade Nicolau Copérnico Eles Criam em Deus Média. Sua cosmologia, isto é, sua ideia estrutural do Universo, influen- ciou toda a Europa medieval, inclusive o pensamento oficial da Igreja. Ele dizia que os corpos celestes eram diferentes dos corpos terre- nos, tanto em comportamento quanto em composigdo. Desse modo, 0 céu, na visio de Arist6teles, era perfeito e imutavel desde sua ori- gem. Seguindo essas ideias aristotélicas, Ptolomeu, um matemiatico do II século a.C., ampliou 0 quadro ao afirmar que a Terra estava no cen- tro do Universo e que o Sol, a Lua ¢ as estrelas giravam todos em tomo de nosso planeta. Esse sistema era chamado geocéntrico (geo = terra), pois fazia do nosso mundo 0 ponto central de todos os corpos celestes. E légico que havia uma razio bastante humana para se apoiar a visio de um sistema solar centralizado no planeta Terra. E. que isso fazia da humanidade o centro do universo de Deus, de modo que até 0 Criador Todo-poderoso agia em fungao quase exclusiva da raga humana. Essa cosmovisio, ou seja, essa vistio de mundo, exaltava muito o papel dos homens no curso da existéncia e era um argumento muito bom para aqueles que queriam centralizar 0 poder em suas mos, como os reis, clétigos e senhores feudais. Ora, se os homens so centro do Universo, que se diré daqueles nobres e religiosos que se diziam o centro da huma- nidade? Eles seriam praticamente os representantes maximos de Deus, com um poder superior até ao dos anjos. Portanto, qualquer um que duvid: a estrutura geocéntrica estaria questionando 0 préprio esquema hierarquico medieval. Noutras e des palavras, estaria comprando uma briga muito maior do que qualquer debate cientifico, pois sua ideia questionava o proprio sistema absolutis- ta que movia 0 curso politico tanto da Igreja quanto da monarquia. Tal comportamento, é légico, significava assinar a propria sentenga de morte. Desafiando 0 geocentrismo E entao soou da Polonia uma voz corajosa, dizendo que o nosso plane- ta nao era a almofada dos pés de Deus, muito menos 0 campo preferido das peregrinagdes do Altissimo. O mundo dos homens nao passava de um pequenino satélite girando ao redor do Sol. Sua teoria, chamada heliocéntrica (hélios = Sol), sugeria que o astro rei era o centro desse siste- ma e nao a Terra, conforme propunham 0 clero € os eruditos da €poca- Nosso mundo, dizia Copérnico, é apenas mais um planeta (0 terceito Eles Criam em Deus Nicolan Copérnico Ty depois do Sol) e gasta um ano (365 dias aproximadamente) para com- pletar seu giro em torno da Estrela Amarela. A Lua, sim, é 0 Gnico corpo celeste a girar em nosso redor. Pela légica de Copérnico, se 0 Sol esté fixo em seu ponto ea Terra em movimento, entado os demais planetas também deveriam possuir sua 6rbita com um ano solar maior ou menor do que 0 nosso, uma vez que estdo mais afastados ou aproximados em relagdo ao centro, que é 0 Sol. Assim, ele mediu o ano solar de Merctirio em 88 dias; Vénus, 225 dias; Marte, 1,9 ano; Japiter, 12 anos e Saturno, 30 anos. Copérnico também sustentava, contrariando a opiniado comum, que as estrelas eram objetos distantes que possufam sua propria 6rbi- ta e nao giravam em torno do Sol. Além do mais, hd um segundo giro da Terra em torno de si mesma, que cria a nogao de movimento opos- to das estrelas e possibilita a existéncia do dia e da noite. As teorias de Copérnico demoraram muito a ser publicadas. Ele s6 permitiu que partes soltas de seu trabalho circulassem entre uns pou- cos astrénomos para ver o que eles diziam acerca de suas teorias. Fora isso, nao demonstrava nenhuma pressa em divulgar para o mundo as suas novas descobertas. Ele era muito meticuloso com suas anota- ¢des, de modo que demorou trinta anos para completar o livro De revolutionibus, que |he conferiu o titulo de pai da astronomia moderna. Havia ainda, por outro lado, a ameaga constante da Igreja. Copérnico era um padre e nesse tempo 0 catolicismo era mais que uma religiaio. Era um tremendo poder politico, que estava se sentindo ameagado por um novo movimento chamado Reforma Protestante. Quando um rei ou um lorde local se convertia para o protestantismo (algumas vezes por razoes politicas ou financeiras), ele automaticamente entrava em guerra contra seus vizinhos que permanecessem catdlicos. Os conflitos eram brutais e constantes. $6 para se ter uma ideia, houve uma guerra reli- giosa que durou 30 anos. Cercado por um ambiente tao hostil, qualquer um teria receio em discordar do que a Igreja apresentava. As ideias de Copérnico eram muito revolucionérias e a Igreja j4 havia sentenciado centenas a morte por muito menos que isso. Ele nao queria terminar seus dias queimado numa estaca ou torturado por inquisidores do papa. Logo, vocé enten- de por que houve tanta demora em apresentar seu livro ao publico. WANicolan Copérnico Eles Criam em Deus Dizem alguns que, somente quando soube que estava para morrer, Copémico autorizou a publicagdo de sua obra, o que aconteceu as vés- peras de sua morte, em 24 de maio de 1513 Dizem os historiadores que primeiro exemplar do livro foi levado as pressas por um mensageiro, pois Copémico ja estava hi dias docn- te em seu leito. Ele tomou 0 livro em mios, mas jé estava to fraco que mal conseguiu virar a primeira pagina. Depois disso, morreu. Nos primeiros anos, sua obra ndo causou tanta discussdo. Porém, depois de algum tempo, ela foi colocada no Index de proibigoes da Igreja, o que significa que seu estudo foi vetado e qualquer um que 0 lesse seria excomungado pelo papa. E evidente que poucos aceitariam arcar com os prejutzos que isso implicava. Somente em 1835 a Igreja retirou a obra de Copérnico da lista de proibigdes. Muitos protestan- tes, inclusive 0 préprio Martinho Lutero, também se indispuseram com as declaragées de seu livro. Copémico, portanto, morreu sem ver a polémica e os frutos de seu projeto cientifico. E quanto a Deus? Teria esse genio polonés descrido de Jesus e da Biblia? Claro que nao. Suas pesquisas aumentaram ainda mais sua {6 no Criador. A ignorancia e preconceito partiam dos lideres religiosos ¢ nao da Palavra do Senhor. Copérnico sabia muito bem diferencia entre © Deus verdadeiro e as caricaturas que muitos fazem de Sua imagem, Ha céticos que tentam insinuar um rompimento entre Copérnico e a Biblia. Eles dizem que ele nio cria mais em Deus e s6 nao assumi- ra isso por medo das condenagdes da Igreja. Tal afirmagao, contudo, carece de provas e esti longe de ser verdadeita. Se Copérnico tivesse se tornado um descrente, seu livro (lembre-se de que ele o publicou ‘quando jé estava para morrer e nao mais sentia a ameaga da Inquisi¢Zo) seria claro em negar a existéncia do Criador na ordem do Universo. A batalha de Copémico foi contra 0 mito e a tradigao dos homens; nao contra a Biblia. Os trés prineipais seguidores de suas ideias (Galileu, Kepler Bruno) foram crentes verdadeiros que jamais tiveram sua fé abalada pelo maui testemunho de sacerdotes, clérigos ou pessoas mal-infermadas. Falando das fases nao observaveis de alguns planetas, Copérnico declarou: “Eles realmente tém fases. Quando Lhe aprouver, 0 bom Deus dard ao homem meios de observé-las.” Como se vé, ele tinha no Senhor um poderoso aliado na comprovagdo de suas pesquisas. Galilen Galilei Galileh foi um homem que viveu para descobrir coisas revoluciond- Tas. Seu nascimento ocorreu. em 15 de fevereiro de 1564, em Pisa, na Italia (aquela cidade que tem uma torre inclinada). Seu pai chamava-se Vincenzo Galilei e e ico. Sua mie, Giulia Ammannati, era uma crista devota que muito incentivou a espiritualidade na Vida de seus filhos. Ambos, Giulia e Vincenzo, exerceram uma influéncia mui- to positiva no filho genial, que haveria de ser 0 fundador da fisica moderna. ‘A familia Galilei era pobre e Vincenzo enfrentava muitas dificulda- mtisico, compositor e matemé des para criar os sete filhos. Galileu era o mais velho deles ¢, desde cedo, judava seu pai no sustento dos outros irmios. Contudo, jamais Ihe fora permitido abandonar os estudos por causa de trabalho ou necessidades. A educagao formal e religiosa dos filhos era uma questio de prioridade para aquela familia, que nao poupava recursos para vé-los bem encaminhados. Ha muitos pais ainda hoje que, a semelhanga da familia Galilei, se sacrificam bastante para manter os filhos em escolas crist que possam proporcionar-Ihes a educagao necessiria tanto para esta vida quanto para a eternidade. Passam privagées e dificuldades, chegando a deixar de comprar coisas para si, apenas para pagar os livros e as mensa- lidades que somam uma boa fatia dos rendimentos mensais. Pena que também haja certos jovens que nao valorizam esse privilégio. Mas esse nao era 0 caso de Galileu. Ele soube aproveitar muito bem as oportunidades que a vida lhe oferecia. Na adolescéncia, ficou fascinado pelas artes e decidiu que seria um pintor ao invés de mate- matico, como seu pai. Depois, mudou de ideia e resolveu que entra- ria para a ordem dos jesuitas, onde seguiria a carreira de padre. TB Galilee Galiler Eles Criam em Deus problema é que ele tinha apenas 14 anos nessa época ¢ seu pai ja percebera que muitos de seus desejos eram apenas “fogo de palha’, priprios da idade. Galileu era muito inconstante em termos de car- reira profissional. Hoje queria uma coisa, amanha outra. Voc como 6; ha pessoas que sao realmente indecisas. No tiltimo ano do ensino médio é sempre comum encontrar alunos que ndo sabem se querem cursar Direito, Fisica ou Computagao. No fim, acabam fazen- do um curso que ndo tem nada a ver com nenhum desses trés. Ea vida! Uns, certos do que querem, outros, cternamente indecisos.,S vocé & um desses indecisos, nao se desespere. Quem sabe, exista tim génio como Galileu dentro de vocé! O Sr. Vincenzo tentou, entio, escolher uma carreira para o filho, insistindo que ele fosse um comerciante de tecidos (isso dava dinheiro na época!). O protesto de Galileu foi imediato. Entao seu pai propos- Ihe outra alternative: ser médico. Na falta de algo mais atrativo, cle aceitou cursar Medicina Enfrentando a Universidade de Pisa Com apenas 17 anos Galileu iniciou seus estudos na Universidade: de Pisa, Seus colegas, nessa época, puseram-Ihe 0 apelido de “debate- dor” porque cle vivia questionando ¢ discutindo tudo aquilo que seus professores diziam e que nao fosse baseado em provas convincentes Depois de algum tempo, ele deixou a faculdade de Medicina e acabou mudando de curso. Estudou Matematica ¢ Ciéncias. Contu- do, em 1585, foi obrigado a deixar a Universidade por falta de dinhei- ro. A reitoria costumava oferccer bolsas de estudo a alunos pobres que, como ele, no tinham como custear seus estudos. Mas Galileu era considerado um “encrenqueiro académico”, de modo que seu nome nem foi considerado para o oferecimento de bolsa escolar. Ekes pareciam até satisfeitos em nio mais ter aquele jovem questionador entre seus estudantes. O que mais ajudou Galileu nessa época de humilhagio e sofrimen- to foi a fé que sua mie The havia ensinado. Ele se apegou a Deus ¢ fez Dele 0 seu professor particular. Pedi ao Senhor que o iluminasse € comecou a estudar sozinho e dar aulas particulares para se sustentar em Pisa Eles Criam em Deus Goliten Galile Ensinando Matemética Guidobaldi del Monte. em Pisa quanto em Padua, reconheceu 0 brilhantismo de Galilei e interveio junto & Universidade para que o aceitasse nao mais como estudante, mas como um académico. Foi uma batalha de varios anos. Finalmente, em 1589, a faculdade de Matematica 0 aceitou como um de scus professores, cargo que ocupou por quatro anos seguidos. Diem que, certa feit porque foi o tinico que teve coragem de ser sincero ¢ reprovar um tra- balho mediocre que todos diziam estar bom apenas porque fora feito pelo filho tinico de um grande Duque da cidade de Pi Foi durante esse tempo que Galileu inventou a balanga hidrostati- cae determinou 0 centro da gravidade nos sélidos. Tais descobertas valeram-lhe, em 1592, o convite para lecionar na grande Universidade de Padua. Como nao era tolo, aceitou prontamente. Em Padua, Gelilew permaneceu até 1610. Nesse perfodo, ele apro- veitou para aperfeigoar 0 telescopio e mediu, por meio desse, as mon- tanhas da Lua. Assinalou os satélites de Jupiter, as fases de Venus, os anéis de Saturno, a rotagao do Sol sobre seu eixo e outras “coisinhas” mais. Afirmou também que 0 “peso” dos objetos é determinado pela forca continua de atragao que exerce 0 centro da Terra. Se estivésse- mos num vacuo, a pena de uma galinha cairia no solo com a mesma velocidade que um bloco de chumbo, visto que nao haveria, ali, a resisténcia do ar & passagem dos objetos. Trés séculos ¢ meio depois, 0s astronautas americanos pisaram na Lua e testaram o que Galileu havia dito. Mais uma vez, canfirmou-se que 0 italiano estava certo! Como professor, Galileu era muito respeitado pelos alunos, que amavam a versatilidade de suas aulas. Enquanto a maioria dos acadé- micos “enclausurava” os estudantes em sala com tediosas exposigoes famoso professor de Matemitica, tanto Galileu quase perdeu a cétedra de professor, orais, cle preferia sair a campo com scus alunos para apresentar, em meio a natureza, a coeréncia das leis que enunciava. Numa inovadora forma de ensinar, levou seus alunos até a torre de Pisa e mostrou-thes um tijolo inteiro e outro particlo ao meio. “Se eu jogar esses tijolos de cima da torre’, disse ele, “qual chegara primeiro?” Todos disseram que seria 0 tijolo inteiro, pois era mais pesado que 0 segundo. , indagou Galileu com um sorriso. “Pois eur aposto como. BD Galilen Galilet Eles Criam em Deus vocés estao errados. Ambos chegarao ao mesmo tempo.” Dizem que alguns professores que estavam presentes também discordaram dele. Sem demora, Galileu subiu ao topo da torre e deixou cair os dois tijolos. Ambos cafram na mesma velocidade e chegaram juntos ao chao. Diante da perplexidade de todos, Galileu aproveitou para ensi- nar a questao da resisténcia do ar sobre os objetos que jé menciona- mos acima. Os alunos, é claro, vibraram com a demonstragao, mas alguns professores fica ram a tramar contra ele, assim como aconteceu a Daniel na corte do m Daniel 6). am invejados com sua popularidade e comeca- rei Dario (veja depois a historia O complé dos colegas Provavelmente, as duas mais famosas invencoes de Galileu foram 0 termémetro e 0 compasso de proporgdes, que combina as fungies de compasso e instrumento de célculos. Imediatamente houve uma grande demanda, especialmente por esse tiltimo instrumento, que era utilissimo na engenharia nautica e militar. Nao demorou muito, dois professores inescrupulosos tentaram recla- mar que eles eram os verdadeiros inventores do compasso e que Galileu havia roubado 0 projeto. O brilhante cientista teve de se submeter 3 humilhacao de ir a uma corte publica e provar que era o autor do inven- to. Nao foi dificil ganhar a causa e, embora Galileu pudesse processat 0s colegas por perjtirio, preferiu perdod-los como manda o evangelho. Como vocé vé, a vida foi dura para Galileu. Mesmo com sua genia- lidade, jamais ficou rico. Quando seu pai morreu, em 1591, ele havia assumido as dividas de sua familia para honrar 0 bom nome dos Galilei. Novamente se viu em problemas quando nao péde pagar de imediato um dote que seu pai havia prometido ao genro assim que se casasse com sua irma. Esse cunhado também tentou levd-lo a justica, 0 que causou grande constrangimento ao cientista, pois quando os profes- sores 0 acusaram de “plagio”, jé era a segunda vez que ele comparecia como réu diante de um férum ptiblico, e isso era tremendamente vexa- t6rio para um renomado professor da Universidade de Padua. A intriga e determinagao para aniquilar Galileu encontrou nova for ga quando ele comegou a defender publicamente as ideias de Nicolau Copérnico contra o sistema geocéntrico. Alguns professores correram Eles Criam em Deus Galilen Galile até Roma para difamé-lo e conseguiram que 0 Santo Oficio 0 advertis- se por meio de uma carta, proibindo-o de ensinar essas novas teorias em sala de aula. Em 1632, pensando jé ter passado a crise, Galileu publica o livro Dialogo sopra i due massini sistemi del mondo (Didlogo sobre os dois principais siste- mas do mundo) onde criticava, de novo, o sistema aristotélico e defendia o heliocentrismo. Cinco meses mais tarde, a Igreja profbe a circulagao de seu tratado e dois anos depois convoca-o a comparecer em Roma para enfrentar a acusagao de herege e inovador. O interrogatorio foi feito em 21 de junho de 1634 e Galileu precisou retratar-se do que era considerado seu “erro”. De uma forma humilhante, ficou de joelhos e recitou uma retratagao formal, conforme a ordem dos inquisidores: “Eu, Galileu ... juro que tenho sempre acreditado, e ainda agora acredito, e, com a ajuda de Deus, continuarei acreditando em tudo o que € dito e pregado pela Igreja. Eu devo esquecer totalmente a falsa opiniao de que o Sol é 0 centro desse sistema e nao se move, € que a Terra nao é 0 centro desse sistema e se move.” Ao se levantar, porém, Galileu murmurou baixinho: E pur si muove (“E se move mesmo!”) Mesmo tendo aparentemente abjurado suas crengas, Galileu foi con- denado ao cércere privado. Para alegria de seus inimigos, ele foi obriga- doa morar na vila de Arcetri, sob a vigilancia inquisitorial. Desde entao, nunca mais voltou a dar aulas. Retomou seus estudos de mecdnica e escreveu um novo livro contendo “discursos” que foi, a duras penas, publicado na Holanda por alguns simpatizantes de seu trabalho. Com o passar do tempo, Galileu ficou cego e solitério. Em 1638, John Milton, famoso poeta e compositor inglés, visitou o brilhante matemiatico e escreveu: “Foi entao que encontrei e visitei o célebre Galileu, envelhecido jé, prisioneiro da Inquisicdo por ter pensado na Astronomia de uma forma diversa daquela em que acreditavam os censores franciscanos e dominicanos.” Em 12 de setembro de 1982, 0 papa Joao Paulo II visitou a Universidade de Padua e retirou as acusagdes de heresia feitas pela Inquisigao contra Galileu. Em novembro de 1992, ele foi “reabilitado” pela Igreja Catélica, que passou a reconhecé-lo oficialmente como um “fisico genial”. Pena que isso s6 aconteceu com mais de 360 anos de atraso! Ainda bem que a voz dos homens nao €, necessariamente, a voz de Deus! Capitulo § Johannes Keplez Kepler € um nome muito famoso entre os astrénomos. E impossi- vel falar sobre as origens da astronomia e das ciéncias exatas sem pas- sar pela vida e obras desse génio nascido em 1571, na cidade de Wei, que fica ao sudoeste da Alemanha. Seu avé paterno, Sebald Kepler, era um respeitado artifice que che- gou a ser prefeito da cidade. Seu outro avo, Melchior Guldenmann, foi um estalajadciro que também serviu como prefeito na pequena ci: dade de Eltigen, onde vivia com sua esposa Quanto aos seus pais, Kepler os descrevia numa linguagem totalmente oposta as qualidades mencionacas nos avés. Seu pai, Heinrich Kepler, fo “um soldado bébado, imoral, dspero e brigao”. Sua mie também nao ficava longe: “era inconveniente, temperamental € ainda gostava de bebica fore, como seu pai’. As constantes brigas dos dois (geralmente bébados) matayam qualquer sementinha de orgulho filial que pudesse surgir no coragio do pe- queno Kepler. Ele mal sabia falar e ja tinha de aguentar piadinhas e comen- tarios inoportunos acerca de sua familia. Era algo muito triste. Para piorar a histdria, seu pai foi banido do exéreito e acabou tomando- -se dono de uma taberna, onde Kepler tinha de trabalhar até tarde servindo bebida alcodlica para todo tipo de escria. Era um lugar deprimente, ainda mais para uma crianga de quatro anos, que era sua idade nessa ocastio. Na taberna havia de tudo: bébados, mulheres de vida duvidosa e até assassinos. A oportunidade para estudar Voce sabe muito bem 0 que acontece quando dois bébados alta- mente viciados se tornam donos de um bar — eles mais bebem do que Johannes Kepler Eles Criam em Deus vendem. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Pouco tempo de- pois, a taberna faliu e 0 pai de Kepler acabou fugindo, abandonando até a prépria familia. Como sua mae também nao era dada a muitas responsabilidades, Kepler foi entregue aos avés e, talvez, esse tenha sido o melhor acontecimento de sua vida. Na casa de seu avé 0 ambiente era completamente diferente. Ha- via cultos pela manha e & noite, igreja nos finais de semana e, princi- palmente, muito carinho e afeto. Nao eram poucas as noites em que sua av6 lhe contava histérias da Biblia a luz das estrelas que podiam ser vistas da janela de seu quarto. Foi uma €poca feliz. Porém, trés anos se passaram e seus pais voltaram a viver juntos. Como era de se esperar, exigiram para si a devolugdo do filho. Seu av6 consentiu, desde que eles prometessem enviar 0 menino para uma escola crist a fim de receber a educaco necessdria. Assim, em 1576, os pais de Kepler se mudaram para Leonberg, onde ele estu- dou até 1584, quando se transferiu para um semindrio protestante de Adelberg e, cinco anos depois, para a Universidade de Tiibingen. Sua formagao, portanto, foi primeiro em Teologia e depois em Astronomia. Na infancia, Kepler tinha contrafdo ptistula, que é uma série de fe- ridas purulentas na pele. Essa doenga afetou seriamente seus olhos, fazendo-o ficar com a visdo bastante comprometida. Nessa época, vocé sabe, Franklin ainda nao havia inventado os éculos bifocais, e uma simples miopia poderia equivaler a quase um estado de cegueira em quem tivesse problemas de vista. Mesmo assim, ele concluiu seu mestrado em 1591, como um bri- lhante aluno, e foi convidado para lecionar em Graz, na provincia aus- trfaca de Styria. Em principio, foi professor assistente de Tycho Brahe, mas, em pouco tempo, tornou-se o titular da cadeira de Astrofisica. Ali ele permaneceu até 1600, quando todos os protestantes foram forcados pela lei a se converter ao catolicismo. Ele preferiu deixar a pro- vincia e mudar-se temporariamente para Praga. Por seis anos, ensinou Aritmética, Geometria (quando havia interesse por parte dos estudan- tes), Literatura Latina e Retérica. Nesse meio tempo, com muito esforgo, ele gastou muitas madrugadas estudando Astronomia, j4 que nao podia fazé-lo de dia devido ao intenso trabalho para manter sua familia (nessa €poca, ele estava casado e tinha cinco criangas pequenas para sustentar). PA Johannes Kepler Eles Criam em Deus As ideias de Kepler Em suas pesquisas, Kepler foi 0 primeiro astronomo a defender abertamente os pontos de vista to controvertidos de Copémico, aver- ca do Universo do nosso Sistema Solar. Aprimorando 0 Sistema he- lioc€ntrico, ele chegou as seguintes conclusdes bisicas sobre o movi- mento dos planetas: © Os planetas movem-se em torno do Sol, formando elipses; © Os planetas percorrem distancias iguais em tempos iguais, 0 que significa que, quanto mais proximos do Sol, mais rapido se movern; * Os quadrados dos perfodos de quaisquer dois planetas sao propor- cionais aos cubos de suas distancias médias do Sol, sendo. perfodo ‘© tempo requerido para que um planeta complete uma translagao em tomo do Sol. Deus, evidentemente, era para Kepler 0 Criador e impulsionador de todo esse movimento. E Ele quem estabelece as 6rbitas € coloca 0s astros para girar. Na concepgio de Kepler, Deus era visto de acor- do com 0 conceito pitagoriano dos niimeros perfeitos. O mundo fisico seriam as harmonias matemiticas discerniveis nos fenémenos natu- rais. Essas harmonias nasciam, antes de tudo, na mente infinita de Deus, de modo que era 0 pensamento do Senhor a causa genuina da existéncia de todas as coisas. Numa de suas curiosas frases, Kepler dizia que, enq) mo, ele se sentia um mero curioso que “pensava as ideias de Deus depois Dele mesmo”. Um método, aliés, adotado por varios outros cientistas de seu tempo. Numa de suas grandes conclusdes, ele di: “Uma vez que nés, astronomos, somos como sacerdotes do Gran de Deus em relagdo ao livro da natureza, Seu grande beneficio para anto astréno- conosco nio esté em que se lembrem de nds com base na gloria de nossa mente, mas, acima de tudo, com base na gléria de Deus.” Tudo nos eseritos ¢ nas cartas de Kepler aponta para sua crenca no Deus verdadeiro. Ninguém pode negar que ele era um homem de profundas convicgoes religiosas, mesmo que discordasse aqui ou acoli de algumas ideias vigentes entre os cristaes de sua época, Scus cileulos astronémicos levaram-no a estudar ativamente a cronologia biblicae a estabelecer que 0 mundo fora criado cerca de 7.000 anos atris. Ele escreveu: “Eu queria ser um tedlogo, e por longo tempo Eles Criam.em Deus Johannes Kepler fiquei inquieto por nao ter terminado meus estudos. Agora, no entan- to, percebo que, por meio de meu esforgo, Deus foi celebrado na Astronomia.” O casamento e os anos finais Kepler cometeu uma falha que lhe custou muito caro. Como mui- tos jovens de hoje, foi tomado por sentimentos imediatos e acabou pensando com a emogao na hora de decidir com quem haveria de se casar. Negligenciou a oragio e acabou unindo-se com uma mulher chamada Barbara Miiller, que nao tinha muitos princfpios cristdos. Ela ja havia sido casada duas vezes e era mais velha que Kepler; além disso, detestava seu trabalho e debochava de sua religiosidade. Com 0 tempo, Kepler escreveu que ela foi se tornando “gorda, con- fusa e muito ranzinza”. Juntos tiveram cinco filhos, trés dos quais morreram ainda na infancia. A prépria Barbara veio a falecer algum tempo depois, deixando-o na responsabilidade de continuar sozinho a educacao dos meninos. Deus, no entanto, foi muito bom para Kepler e colocou outra mu- Ther no seu caminho. Ela se chamava Suzanna Reuttinger e era uma moca 6rfa que passara boa parte de sua vida num orfanato. Eles se ca- saram e Kepler foi muito feliz com ela. Juntos, eles tiveram mais sete filhos, embora apenas dois sobrevivessem até a fase adulta. Kepler viveu até 1630, falecendo com apenas 59 anos, vitima de pneumonia. Segundo seus bidgrafos, foi ele mesmo quem escreveu as palavras que deveriam estar no seu epitafio. La pode ser lida uma curiosa frase em latim que diz: Mens coelestis erat, coporis umbra jaceta (‘Embora minha mente tenha pertencido ao Céu, a sombra do meu corpo ainda permanece aqui’). Essa foi a histéria de Johannes Kepler. E quanto 4 sua? Sua mente também pertence ao Céu? Capitulo 6 Francis fSacon J Ninguém revolucionou mais 0 método cientifico que este cavalhei- / ro inglés chamado Francis Bacon Sua vida é elemento de controvérsia em muitos sentidos, a comecar pelo seu nascimento. Ele nasceu em 22 de janeiro de 1561 € seus supos- tos pais foram Nicholas Bacon (chefe da Guarda do Grande Selo Brita. nico) e Lady Anne Cooke (dama de companhia da rainha Elizabeth 1), Contudo, alguns bidgrafos sugerem que Elizabeth I era a verdadeira mie de Francis, que teria sido fruto de um romance proibido entre ela ¢ um homem casado (Conde Robert Dudley) que chegou a ser preso por cons piragao conta a Cora. Se isso for verdade, faz sentido que a verdadeira origem de Bacon ficasse no anonimato, pois tal revelacio causaria um grande escindalo, principalmente porque Elizabeth era a rainha “virgem” da Inglaterra. Acredita-se que, antes de completar 18 anos, Francis descobriu suas verdadeiras origens, 0 que o dei ‘ou profundamente magoado. De fato, € not6rio em seus escritos e comportamento que ele era uma pessoa carente ¢ com muitos problemas emocionais. Vocé sabia que um dos grandes debates sobr de Bacon é asua identificagao com William Shakespeare? Ha um bom niimero de histo- riadores ingleses que defende Francis Bacon como 0 verdadeito autor das obras shakespearianas e que “William Shakespeare” jamais existiu, foi apenas um pseud6nimo que Bacon usou para manter-se no anoni- mato. E dificil julgar a favor ou contra essa incrivel afirmagao, porém, o estilo que mistura drama e tragédia, visto prineipalmente em Romeu. ¢ Julieta, tem muito a ver coma filosof o cariter de Francis Bacon. Eles Criam em Deus Francis Bacon Mas, deixando de lado essas especulagies, 0 fato é que Francis Bacon conseguiu deixar para as geragdes seguintes 0 legado de um profundo conhecimento filos6tico e um parimetro de pesquisa que é usado ainda considerado 0 pai do modemo método ¢ em nossos dias. Ele Um jovem criado no luxo Sendo oficialmente filho de “empregados” da corte, Francis Bacon no era rico, mas foi criado com todas as regalias de um jovem palaci: no. Nao precisou trabalhar duramente para custear seus estudos, nem passou grandes necessidades financeiras. Em 1573, com 12 anos de idade, ingressou no Trinity College, em Cambridge, onde estudou até tornar-se advogado, em 1582 Com 0 diploma na mio, Francis comegou uma carreira politica, inicialmente marcada pelo éxito e, depois, pelo fracasso. Foi o préprio rei James I quem 0 introduziu na vida publica, nomeando-o Lorde, depois Cavalciro (em 1603), Bardo (em 1618) ¢ Visconde (em 1620). Mas Francis Bacon nao foi emocionalmente maduro para conviver com as coisas boas e mas que a vida Ihe oferecia. A fartura e a facilida- de com que conseguia bens materiais devem ter-lhe subido a cabeca, de modo que ele ndo foi por todo 0 tempo 0 modelo exato de pessoa que alguem deveria ser. Alexander Pope escreveu que Bacon foi “o mais bri Ihante, 0 mais sabio ¢ o pior homem que a humanidade ja eonheceu’. 0? Palavras duras, Com apenas vinte e trés anos, Francis ingressou no Parlamento sendo, logo em seguida, nomeado Chanceler. Porém, apés trés anos de mandato, ele se envolveu com subornos e desvio de dinheiro, aca- bando por ser descoberto. Foi condenado a pagar multa e a cumprir pena na prisio que ficava na Torre de Londres. Por influéncia de alguns familiares e, quem sabe, da rainha, ele ndio chegou a pagar a multa e foi solto depois de uns poucos dias na prisio. Mas, isso nao impediu que perdesse seus cargos publicos ¢ fosse banido da corte. Francis ficou arrasado com essa situagao¢ pensoui até mesmo em tirar a propria vida. Ele estava no fundo do pogo e ndo havia mais esperanga. No entanto, € possivel que o banimento tenha sido, em parte, a salvagdio de seu caréter, pois foi a partir desse escdndalo que ele se voltou ps comegou a escrever mais profundamente sobre Deus. Seu tempo agora era a os estudlos & Eles Criam em Deus basicamente dedicado a filoso! to mais influ: © A cigncia —atividade que o tornou mu nte que os titulos priblicos ofertados pela monarqui Bacon, 0 fildsofo e cientista © programa desenvolvide por Bacon chama-se “método indutivo de pesquisa’. Ele sugere que um fendmeno natural, para ser cientifi camente comprovado, precisa ter sta ocorréneia repetida vérias veres Se, nas virias repetigdes, ocorrem os mesmos resultados, entio pode- mos dizer que estamos diante de um achado cientifico. Suponhamos, por exemplo, que vocé tome fios de cobre, ouro, ferro, zinco e 0s wilize como condutores de energia. Voce repete isso varias vezes e percebe que em todas elas os fios conduziram bem a eletricidade. Logo, esté pronto para fazer um pronunciamento cientifico-experimental: “Os metais sio 6timos condutores de eletricidade.” Qualquer um que ler sua conclusi poder confirmar 0 que voce disse apenas repetindo a experiénci Quando Bacon inicio essas pesquisas, praticamente deu forma a uma nova filosofia chamada empirismo. Vocé, possivelmente, jé ouviu falar dela. Trata te 0 conhecime se de uma doutrina que valoriza especialmen: to que vem da experiéncia pritica, ou seja, que pode ser testado e repetido em laboratério. Nesse sentido, a ideia de que a dgua ferve a cem graus centigrados € mais digna de crédito que @ teoria da Relatividade de Albert Einsten, pois a primeira pode set provada e testada varias vezes, enquanto a segunda baseia-se apenas numa légica que nao pode ser avaliada por meio de um simples pro cedimento laboratorial Esse método proposto por Bacon é utilizado, inclusive, por muitos cientistas cristdos no desenvolvimento de remédios (inclusive natt rais), maquinas, alimentos e fabricacao de produtos industriais. Porém, devemos nos lembrar de que esse processo nao pode ser considerado ° nico caminho para descobrir a realidade. Alias, ele s6 serve para algurs tipos de experiéncia cientifica. Em Histéria, Arqueologia ou Paleonto- logia, por exemplo, verifica-se npossivel repetir 0 proceso que deu origem ao petrdleo ou causou o fim dos dinossauros. Nem por isso podemos dizer que essas disciplinas sejam falsas ou menos cien que a repetigdo sistematica de um procedimento quimico. Portanto, saiba que uma coisa ndo se torna irreal apenas porqu Eles Criam em Deus ‘Francis Bacon BD inio pode ser empiricamente analisads. © amor, a pas, a compreensio. slo elementos reais que ninguém jamais tocou ou “analisou”. Voc? siberia dizer qual € © amanho da par? E que cor tema compreensa0? Qual o formato do amor? Voce x6 pode comprecnder essa realidades por meio do relacionamento com o prdxim e nunca por meio de um tubo de enstio. © mesmo se pode dizer de Deus. Ele 60 Ser mais real que ‘em todo 0 Universo. Mas no expere poder analisé-La por intermédin ‘de um microscépio ou quantifics-Lo com eileules matemticos. Deus ‘ets acima de tudo inno. Sua experiéncia ovorre no coragae humane cada um pole experimenti-Lo pola fe. Basta querer. Culpado ou inocente? A figura de Bacon foi julada de diferentes modos pelos histerado- 1s da Filosofia e da Cigneia. Houve quem afirmasse que sua contr: Duigdo para a Ciéneia ¢ 0 método cientfico ndo passava de folclore, pois cle em nada ajudou nos avangos tecnoligicos nem de seu proprio tempo. Herbert Marcuse chegou a declarr, em 1942, que a tnica ccontribuigae de Bacon fot ade ser a“alma maligna” da ciencta moder 1, Katl Popper, famoso clentists ausiriaco, também desferiu seu gok pe rebaixando Bacon a um pseudopensidor que deveria estar exclusdo do presente cenario cientifico. ‘Outros pensam nele como um deserente-e materialista que tomou a atures um fim em si mesma. Iiso porque disia que o fi da eign no € a contemplagio da natureza, mas 0 dominio dea, “A naturera’, dia Bacon, pode ser dominada, se Ihe obedlevermo, sto ¢ se conhe- cermosas leis que regem os fendmenos e deiarmos que eesacontegam raturalmente, entio pedems utilizi-ls em beneficio proprio or causs desses conceitos, Bacon foi considerado promotor de uma visio tecnicista di natureza que acabou incentivando os pesqui tadoresn abdicorem de toda responeubilidade em rela aos porsivels resultados de suas descobertas. De fato, muitos dos crimes ecoldg- «os so frutos de experiencias 4 1m o metodo eentifeo de Bicon, Mas isso no nos autoriza a consideri-lo responsivel por tas ‘eacesscs. Se fosse assim, tesiamos que responsablizar Deus peles hor- rores cometidos em nome da Biblia, vee nio acha?! ED Francis Bacon _ Eles Criam em Deus Em 1988, varios especialistas que estudaram a filosofia de Francis Bacon descartaram as criticas anteriores que faziam dele um pesquisa- dor irresponsavel ou um descrente. Os que 0 seguiram podem ter com- preendido mal suas palavras, fazendo-o se tornar aquilo que jamais fora: um ateu materialista. Seus escritos filosdficos, porém, demons- tram outra realidade, que 6 a de um homem profundamente preso aos seus dramas existenciais e que nutria uma grande sede de Deus. Imagine s6 0 dilema emocional desse homem que, por questées politico-religiosas, nunca péde abragar sua verdadeira mae! E mais, se € verdade que ele era filho de Elizabeth I, tinha direito ao trono, mas nunca péde ser rei. Foi por isso que ele atacou tao firmemente a cién- cia que era feita para agradar “reis e papas”, promovendo, em seu lu- gar, um método “neutro” que sé respeitaria o curso normal da prépria natureza. E quanto a Deus? Primciramente, é bom lembrar que as anotagées cientfficas de Bacon sao, por diversas vezes, misturadas com passa- gens biblicas que ele coloca, nao para contradizer a Biblia, mas para enfatizar sua filosofia cientifica. Veja o que ele escreveu: “Ha dois livros diante de nds prontos para serem estudados. Esses livros devem nos prevenir de incorrermos no erro. O primeiro é a Escritura Sagrada, que revela a vontade de Deus. © segundo é a Criacao, que revela o Seu poder.” Francis Bacon morreu em 9 de abril de 1626, devido a uma pneu- monia que contraiu quando, num inverno rigoroso, aproveitou 0 tem- po frio para avaliar 0 processo de preservagao no gelo. De tudo o que ele escreveu, talvez pudéssemos ficar com este pensamento que resu- me um excelente consclho para jovens, cientistas, leigos e estudiosos de outras reas: “Eu concordo que uma filosofia mediocre pode levar a mente humana ao ate/smo. Porém, uma filosofia profunda far sua mente voltar-se para a religido.” Agora responda para si mesmo: Que filosofia vocé escolhe para guiar seus pensamentos? Profunda ou me- diocre? Seu comportamento demonstra qual das duas vocé escolheu. Capitulo 7 (Slaise Vocé{jé viu alguém apaixonado citando 0 pensamento “o coragaio 4razSes que a prpria razio desconhece”? Mesmo que esteja um pouco fora de seu sentido filoséfico original, esse € um ditado conhe- cido em todo o mundo e seu autor foi um famoso matematico chama- do Blaise Pascal. Quem faz Filosofia, Ciéncias Exatas ou Anilise de Sistemas tem obrigatoriamente de estudar o pensamento desse grande cristo que viveu no século XVII. Pascal nasceu em Clermont-Ferrand, na Franga, em 19 de junho de 1623. Seus pais eram Etienne Pascal e Antoinette Bégon, que morreu quando ele tinha apenas 3 anos. O Dr. Etienne, entao vitivo, resolveu, de- pois de alguns anos, deixar seu emprego como advogado em Clermont e cond mudar-se para Paris a fim de dar melhore: ‘Ges a seus filhos. Nes- sa ocasido, Blaise Pascal tinha 8 anos de idade e, nas hor: © seu préprio pai quem lhe ensinava Gramitica, Latim, Espanhol e Matematica, seguindo um método pedagégico que ele mesmo elaborara. O entusiasmo de seu pai em ser professor do préprio filho se deu ao notar o brilhantismo excepcional do garoto. $6 para ter uma ideia, com apenas 11 anos, Blaise reconstituiu as provas da geometria euclidiana até a Proposicdo 32. Aos 12, compés sozinho um tratado sobre a comunicagao dos sons e, aos 16, um outro sobre as divisdes do entendeu o que significam essas desco- S vagas, era cénicas. Se vocé ainda bertas, ndo se preocupe. E coisa para especialista. Basta saber que Blaise Pascal era um génio incontestavel. Mas nao pense que sua inteligéncia lhe subia 4 cabeca. Pascal sempre foi apontado como uma pessoa muito humilde e simpatica EW Blaise Pascal Eles Criam em Deus com os demais com quem convivia. Essa era uma virtude que lhe acompanhava desde a infancia. Mesmo as coisas materiais eram para ele um detalhe que deveria ser submetido a vontade de Deus. Um adolescente “fora de série” As conclusdes matemiaticas que Pascal idealizou entre os 11 € 17 anos foram tao originais que ele provocou o interesse de varios mate- maticos, que queriam conhecer suas teorias inovadoras. Em 1637, foi convidado a ter encontros semanais de discusséo com matematicos famosos da época, como Roberval, Mersenne e Mydorge. Foi a pré- pria Academia Francesa quem promoveu esses didlogos ¢ incentivou as pesquisas daquele garotinho de apenas 14 anos. Nao pense, porém, que tudo eram flores. Sempre houve na His- toria aqueles inseguros que se sentem ameacados com o sucesso de outra pessoa. Foi 0 que aconteceu. René Descartes, que era 0 maior matematico vivo naquela época, recusou-se a acreditar que aquela profundidade de raciocinio pudesse partir de um garoto com espinhas no rosto. Chegou a supor que Pascal havia plagiado suas ideias de um outro‘matematico chamado Gérard Desargues. O fato, porém, é que havia elementos novos no trabalho de Pascal, que nem mesmo os grandes matematicos haviam percebido. Assim, a Academia Francesa resolveu publicar suas obras, que se tor- naram rapidamente conhecidas em toda a Europa. Seus avangos na geo- metria foram consicerados os mais profundos desde a época dos gregos. Um deles era 0 célculo das probabilidades combinadas, que até hoje é usado por matematicos para saber quais as chances (em 10, 100, 1.000, etc.) de que tal coisa prevista venha de fato a acontecer. Seguradoras, companhias de planos de satide e indtistrias em geral pagam verdadeiras fortunas para que matemiticos calculem quais as chances da empresa ter de indenizar um assegurado ou conseguir lucro na venda de determi- nado produto. Se os ntimeros nao forem bons, eles nao se arriscam no negécio. E quem elaborou tudo isso? Um jovem chamado Blaise Pascal. E nao para por af. Aos 18 anos, ele construiu a primeira maquina aritmética da Histéria, um instrumento no qual trabalhou durante 8 anos até aperfeicgoar o sistema. Pena que nao conseguiu patentear 0 produto, de modo que a maquina de calcular que Leibniz projetaria Eles Criam em Deus Blaise Paecal no futuro acabou sendo considerada a ancestral da caleuladora, embo- ra Pascal jé houvesse inventado um modelo. Por esse tempo, numa correspondéneia particular com Fermat, Pascal admitiu ter sentido um especial interesse pelo estudo da geo- metria e da fisica analitica. Como de costume, ele também revolu- cionou 0 conhecimento nesse novo campo de pesquisas. Primeiro, repetiu os experimentos de um certo Dr. Torricelli e provou, contra as ideias de Pére Noel, que 0 ar possuil peso. Depois, desenvolveu 0 bardmetro, que é um instrumento para medir a pressao atmosférica, € ainda conseguiu, pela primeira vez. na Hist6ria, produzir vacuo (total auséncia de oxigénio) a partir da inversio de um frasco de merctirio. Um jovem que se volta para Deus Foi em meio a essas diltimas pesquisas que Pascal se sentiu total mente atraido pelo chamado religioso. Numa noite de 1664, ele sentiu muito de perto a presenga de Deus, numa experiéncia espiri- tual que durou cerca de duas horas. Segundo ele escreveu nos seus Pensamentos, naquela noite, 0 Senhor lhe mostrou em que consistia “a grandeza e a miséria do genero humano”, E Pascal escolheu a gran- deza: ser um servo de Deus. A certeza que brotara em seu coracio era forte demais para nutrir qualquer divida quanto & realidade do Céu. Porém, Pascal pensara nas pessoas que, por algum motivo, néo tinham a mesma conviccao. Ele conhecia varios intelectuais que ha tempos haviam perdido a Fé. Logo, aquele que tanto contribuiu para avangos matematicos, fisicos genialidade mental para testemu- nhar acerca do Criador de todo o Universo. Embora alguns o julgassem fandtico, nao era essa a intengao de seu espfrito. Alids, nio havia nada que o aborrecia mais do que a fé des titufda da razao. Quando crianga, ele ainda se lembrava, uma doeng: contagiosa o havia deixado de cama ¢ uma pobre nada ti nha a ver com o problema, foi responsabilizada sob uma bruxa que havia enfeitigado 0 menino. Ele sabia que ela nao era culpada, mas por pouco nao viu a mulher ser queimada por religioso: insanos que viam demonismo em tudo, até nos acontecimentos pura- mente naturais. Pascal jamais se tornaria um fandtico. e quimicos, resolveu agora usar su mulher, qu icusagao de ser Blaise Pascal Eles Criam em Deus Argumentando sobre a existéncia de Deus des racionais tinham um gran- Pascal entendia que as argumenta de valor no discurso acerca de Deus. Mas, apesar disso, elas parecem convencer somente por algum tempo ¢ logo perdem a forga. A razio dos homens fracassa porque € uma virtude finita tentando descrever um Ser infinito, que estd acima da compreensao humana. Portanto, as provas racionais nao devem ser abando |. que sia elementos concedidos dire las, mas mente mescladas de {6 e gr por Deus. Elas servem, num primeiro momento, para despertar a fé no coragdo de alguns que insistem na descrenga. Foi dessa atitude que surgiu 0 famoso argumento da aposta. Voce jé ouviu falar nele? Tudo aconteceu quando Pascal e seus amigos estavam, certo dia, discutindo pensamentos numa praga da cidade de Paris. Aqueles homens eram pensadores livres e nfo aceitavam a existéncia de Deus. Pascal era consciente disso e sabia também que eles apreciavam bastante um jogo de apostas. Entao, ele afirmou: “Aposto com vocés que, matematica- mente falando, crer em Deus € mais lucrativo do que descrer Dele.” ‘Como?" perguntou um de seus colegas. E simples”, respondeu Pascal. “Voc® pode, enquanto ateu, ter tudo 0 que um crente possti: familia, sate, cultura, princfpios, ete Enquanto ateu, vocé pode ainda argumentar que ninguém pode pro- var-lhe, para longe de qualquer questionamento, que Deus existe Logo, se vocé ¢ um crente mortem, é possivel dizer que a vida de vocés terminou num empate. Tudo 0 que um teve, 0 outro também possufa. Assim, se vocé estiver certo em seu atefsmo, o empate continua, pois ambos terio 0 mesmo fim. Porém, se 0 crente estiver certo, entdo haverd um desempate, pois nao serd possivel que ambos desfrutem da mesma sorte diante do jufzo de Deus: Portanto, coneluiu Pascal: Se eu aposto por Deus € Deus existe ~ meu ganho € i Se eu aposto por Deus ¢ Deus nao existe ~ nio perdi nada Se eu apasto contra Deus e Deus nio existe — nao perdi nem ganhei ‘Mas, se eu aposto contra Deus ¢ Deus existe — entao minha perda sera infinita, Infelizmente, Pascal foi um homem de satide bastante debilitada. Nao obstante, mesmo em meio as dores e fraquezas que a doenga Ihe nfinito. Eles Criam em Deus Blaise Pascal A proporcionou, ele se entregou mais e mais ao Salvador crucificado. No leito de dor, ele escreveu um sublime memorial intitulado “O Mistério de Jesus’, onde testemunhava seu amor pelo Filho de Deus. Com pou- cas forgas ainda se envolveu em trabalhos de caridade ¢ projetou um sofisticado sistema de transporte piblico para a cidade de Paris, Até linhas de énibus, evidentemente puxados a cavalo, estavam nesse proje- to, que foi executado em 1662. Em agosto daquele mesmo ano, ele veio a falecer, com apenas 39 anos de vida. Segundo alguns biégrafos, suas tiltimas palavras foram: “Por favor, meu Deus, jamais me deixe sozinho.” Capitulo 8 Robert Boyle j. Estudar Quimica & algo sério, que demanda esforgo e bastante Qancenersio. Nem todos os alunos se dizem Fis dessa matéria, mas todos reconhecem sua importan o mundo em que vivemos. De para uma simples aspirina 8 complexa experiéncia nuclear, s3o mu estudos que passam obrigatoriamente pelas maos de habeis quimicos, sem 0s quais boa parte do conforto moderno deixaria de existir Imagine 0 mundo sem geladeiras, produtos achocolatados ou ba- loes de oxigenio. Essas e outras coisas jamais existiriam se nao fossem as pesquisas dessa tio homem cristio e temente a Deus. Seu nome era Robert Boyle, um religioso devoto que considerado por muitos um pioneiro nos estudos da Quimica moderna. Ele nas- ceu em 1627, na cidade de Lismore Castle, na Irlanda. Felizmente seus pais eram pessoas com certa condicao financeira, caso contrario seria muito dificil sustenté-lo juntamente com os treze irmios nascidos nportante ciéncia nascida na mente de um antes dele. Nao fique, porém, assustado com essa quantidade de filhos. Era comum naquele tempo as familias serem assim Robert recebeu na infincia uma das melhores formagies que se po- dia encontrar em toda a Inglaterra. Ele estudou no Eton College, que era um instituto de ensino criado pelo préprio rei Henrique VI, com do numerosas. uma tradigdo de mais de 200 anos. Os alunos tinham professores par lizada. Os alunos apren- ticulares e a educagiio era quase toda individu diam grego, latim, sirfaco e tinham que memorizar paginas inteiras de tratados sobre Matematica, Filosofia, Feligiio ¢ Letras. As bibliotecas eram imensas e os monitores de ensino acompanhavam os alunos a Eles Criam em Deus Robert Boyle Bd maior parte do dia. Bem, para quem gostava de estudar esse era um ambiente muito apropriado. Jé para quem nao nasceu para os livros... Nao pense, contudo, que sé garotos “caxias” suportariam aquele ambiente! E verdade que talvez eles exagerassem um pouco na disci- plina estudantil. Por outro lado, nés, do século XXI, corremos 0 risco de ir para 0 outro extremo, abusando tanto da liberdade que hoje possuimos, a ponto de passar pela escola ¢ sair sem aprender quase nada do que deverfamos. Tem aluno por af dizendo que “em sete de setembro, Dom Pedro deu um grito em Portugal e proclamou a Repti- blica no Brasil!” Parece piada, mas infelizmente nao é. Voltando, entdo, a histéria de Robert Boyle, descobrimos que aos dezesseis anos ele teve um encontro que marcou para sempre sua vida. Enquanto estava na Itélia, um professor concedeu-lhe o privilégio de conhecer pessoalmente o famoso astronomo Galileu Galilei, que ja estava bastante idoso naquela ocasiao. A partir daquele encontro, Boyle, que jé tinha a mente voltada para o estudo da natureza e da mec4nica deste mundo, sentiu-se atraido a fazer desse estudo uma ponte para 0 encontro com Deus. Sua mente parecia maravilhada com o senso da presenga divina. Ciéncia e fé eram apenas dois bracgos de uma mesma realidade que ele queria pro- fundamente conhecer. Enfrentando os alquimistas Certa vez, no Egito, o grande Moisés teve de enfrentar os magos de fara6, que queriam enganar o mundo com a arte do ilusionismo. Agora, a historia parecia se repetir com Boyle. Ao mesmo tempo em que a ciéncia parecia florescer em sua mente, as barreiras que enfrentava pareciam trazer-Ihe um grande desapontamento. E que, naquele tempo, nao havia ainda a Quimica moderna, como hoje conhecemos. Eram os alquimistas que faziam o papel de “mestres da experimentaca4o”, e seu interesse consistia mais na magia do que na ciéncia propriamente dita. Os alquimistas prometiam de tudo: transformar metal comum em our, criar o elixir da juventude, produzir o lfquido da invisibilidade e outras coisas semelhantes. O povo, é claro, se deixava enganar e a al- quimia gozava de um prestigio sem igual. EIS Rovere Boyle Eles Criam em Deus Nessas circunsténe! Boyle entendeu que estava praticamente sozinho em suas ideias sobre a pesquisa com elementos quimicos. Logo, se alguma coisa fosse feita, isso teria de ser um trabalho dele ¢ de Deus contra 0 poderoso dominio da ignordncia ¢ da magia Aligs, foi justamente 0 estudo da Biblia que 0 fez compreender como era tolo, ¢ até mesmo diabélico, 0 engano ofereeido pelos magos alquimistas Com apenas dezoito anos, Boyle empreendeu a fundagao do Colé- gio Filoséfico de Londres, que se tornaria mais tarde a respeitada Sociedade Real. A Quimica passou a ser 0 objeto de sua especializagao seu metodo, inspirado nas ideias de Francis Bacon, era fazer pesqui- sa baseado na observagdo € nos experimentos, Orando e pesquisando Boyle tinha um interessante hébito: por mais atarefado que fosse © seu dia, jamais iniciava suas atividades laboratoriais sem gastar pelo menos uma hora meditando sobre a Palavra de Deus. Ele costumava dizer que 0 quimico seria uma espécie de sacerdote de Deus traba- Ihando num nobre templo chamado “laboratério de pesquisa’ Apesar de ser um homem bastante ocupado, suas atividades nio © impediam de devotar a vida a Jesus e ao servico da Igreja. Dos virios livros que escreveu, um foi inteiramente voltado a apresen- tagdo de Deus como legitimo Criador do Universo. O seu titulo era The Wisdom of God Manifested in the Works of Creation (A Sabedo ria de Deus Manifesta nas Obras da Criagaio). Com Richard Baxter um grande teélogo puritano, Boyle dirigiu uma corporagao destina- da a espalhar o evangelho de Cristo para todos os ateus e indiferen- tes da Nova Inglaterra. Um dos seus principais estudos foi o que desenvolveu melhor ideia dos dtomos, propondo a teoria atomica. Parte dos estudos de Einstein sobre a Bomba Atomica e seus perigos se devem ao insight! anterior desse cientista cristdio. Aliis, muitos alunos de Quimica Po dem até nao apreciar muito essa matéria, mas se puxarem bem pel? meméria, por certo se lembrario da chamada “Lei de Boyle’ que 4 fine, em parte, a pressao € 0 volume do gas ideal. O proprio nome lei jé indica 0 idealizador da teoria. 2 Eles Criam em Deus Robert Boyle Ao mesmo tempo em que Boyle formulava seus profundos con- ceitos filoséficos e cientificos, os académicos ingleses comecaram a usar o termo latino viriuoso ou o plural virtwosi para referir-se aos ho- mens desocupados que gastavam seu tempo livre para se engajar num exame esotérico da natureza que nio leva a lugar algum. E evi- dente que essa era uma aleunha utilizada para referirse aos mes- tres da alquimia” Sendo assim, caso o trabalho de Boyle fosse retirado de seu con- texto religioso e filoséfico, poderia ser confundido com alquimia e enquadrado nessa ma referéncia. Portanto, ele escreveu um livro ofe- recendo um outro significado para “virtuoso”, que também poderia representar “uma pessoa interessada na investigagao da ciéncia natu- ral", Esse novo livro recebeu o nome de Christian Virtuoso (O Cristao Virtuoso), e nele Boyle explica que, a seu ver, existem pesquisadores da natureza que sao sérios e se pautam pelo experimento e pela obser- vagdo. Esses so cristdos auténticos e buscam na ciéncia a glorifica- a0 do nome de Deus. E claro, no entanto, que poderia haver homens que passassem por “virtuosos”, mas acabassem negando a Deus em seus experimentos. Na visdo de Boyle, esses individuos seriam poucos, porque o estudo sério da ciéncia leva o pesquisador a ter “sentimentos de religiosida- de”. Hoje, infelizmente, a Historia mostrou que ele estava errado nes- se ponto, Hé muitos pesquisadores ateus. Nao € por menos que Jesus perguntou: “Quando vier 0 Filho do Homem, acharé porventura fé na Terra?” Em outra ocasido, falando do fim dos tempos: “Por se multi- plicar a iniquidade, o amor de quase todos se esfriara.” Boyle pode ter errado em seus prognésticos, mas a Biblia nao. ‘Seja como for, Boyle argumenta no seu livro O Cristao Virtuoso que © estudo e dominio da natureza € um dever dado 20 homem direta- o do mundo (Gn 1:28) foi designio do mente por Deus. Desde a cria Senhor que a humanidade crescesse e dominasse a Terra. Trocando em mitidos, isso significaria que hoje a fé e a ciéncia podem e devem existir lado a lado. Para Boyle, o Universo trabalha com as leis naturais que Deus estabeleceu para sua ordem e controle. Por isso, ele louvava a0 Criador apés cada descoberta realizada ¢ \centivava 03 outros a fazer o mesmo. HM) Rotere Boyle Eles Criam em Deus A filosofia de Boyle A stimula do pensamento de Boyle a respeito da Ciéncia, Religiio a pode ser definida em quatro posicionamentos 1 — Ha certas revelagdes na Brblia acerca do mundo natural que podem ser descobertas pela experimentagiio. Isso inclui a Criagio do mundo e varios procedimentos miraculosos de Cristo. O que temos io eventos indicadores de hipéteses ¢ nada mais que isso. 2~ Por outro lado, Deus revela coisas do mundo natural que po- dem ser conhecidas apenas pela experimentagao, Isso inclui a cosmo- logia heliocéntrica, 0 tamanho e massa dos planetas, bem como sua distancia em relagdo a Terra. 3~A Biblia nao é um livro escrito em linguagem cientifica. Portan- to, nao deve constituir motivo de incredulidade encontrar expresses como “o Sol parou” ou “as estrelas cairam do firmamento”, que séo perfeitamente corretas do ponto de vista da observagao leiga. Alias, mesmo 0s cientistas usam expressées “incorretas” como “pér do sol’, “brilho da lua”, ete. 4 —0 fato de a Biblia trazer a linguagem popular, que é “errénea” para descrever certos eventos, apenas significa que 0 Criador Se “aco- modou” a uma maneira humana de expressar a realidade para que pu- desse Se comunicar com os seres humanos. Quando Boyle morrcu, em 1691, deixou escrita uma série de medi- tages que foram lidas por muito tempo nas igrejas anglicanas da Inglaterra. Hoje, a moderna Quimica deve a esse homem, que amava a Deus, o proprio fato de sua existéncia. Capitulo 9 4 Quando se fala em Isaac Newton, a primeira coisa que nos vem a “Wient@é a descoberta da lei gravitacional e a famosa historia de que, certo dia, uma maga caiu em sua cabega, iluminando-o com a ideia de que os corpos sao atrafdos para o centro da Terra. Ora, Stephen W. Hawking, um dos maiores fisicos do século XX, afirmou que isso era provavelmente uma lenda. O que faz total sentido, levando-se em con- ta que quem contou essa histéria pela primeira vez foi Voltaire, que era prodigo em inventar “coisas”, principalmente contra Deus e a religiao. O que Newton teve nao foi um insight gratuito. Foram muitas ho- ras de trabalho, pesquisa e estudo até que pudesse publicar seu livro Principios Matematicos da Filosofia Natural, onde fala do movimento dos corpos no tempo € no espaco, e fornece a complexa matemiatica que analisa esses movimentos. Mas Isaac Newton fez muitas outras cois: da gravidade. Os incidentes relacionados ao seu nascimento fazem su- por que Deus, desde cedo, j4 tinha um grande plano para sua vida. Como, alids, tem para cada um de nds. A tinica diferenga é que uns aceitam cumprir os planos divinos, enquanto outros rejeitam. E 0 Criador, por respeitar a vontade humana, nao forga ninguém a seguir seus designios, embora, sem diivida, cles sejam os melhores. s além de divulgar a lei 86 para vocé ter uma nogdo de quem foi Newton, saiba que ele nasceu prematuro e por pouco nao morreu durante o parto. A propria parteira considerou um verdadeiro milagre que aquela crianga houves- se sobrevivido. Hannah, sua mie, estava muito doente e debilitada a ponto de nem sequer poder amamenté-lo. Alguns indfcios fazem supor PB eaac Newton Eles Criam em Deus ‘que cla teve algum tipo de depressio pés-parto que a fez rejetar 0 bebe. Lm des mokivos para sso seria a morte de seu marido, ocorrida trés meses antes do nascimento de Neston, ‘Assim, 0 pequeno Isaac nasceu na Inglaterra, em 1642. Aquela| de fato, ma fra e isola noite de Natal. pois no havia nenkuma legria em sua casa, O falecimento recente de seu pai ndo motivava rrenhume festa, de modo que ele é neseeu def, reeitade e, ainda, cercado de privagdes, numa fazenda endividada e com uma mie sem ‘muita experiencia de vida, Dizem que o pai de Newton, que também se chamava Isasc, ers um, bom homem e procurata fazer seu melhor para tocar a fazenda. O pro- blema é que ele no tinha nenhura instruc formal. o que 0 impe de progredir nos nepécies. Ele nemmesmo sabia assnar o proprio nome. (Ofato den ter eanhecide opai fl para Newton um motivo de tristeza que © acompanhou durante toda a vida Infincia, juventude € mausctratos ‘Quando Newton completou dois anos de idade, sua mae resol- ‘yeu casar-se novamente com tim homem chamado Barnabé Srv ‘que era ministro de uma Igeja Anglicana na cidadesinha de North ‘Wahana, a poucos quilictrs da fazenda de seu pl ( padrasto, porém, no aceitou eré-lo por se ilho do primeira a- samento de Hannah. Logo, Newton fot enviado, ainda enianga, para vier em Woolsthorpe, na cisa dos avis maternes, que também nio

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