"0 diabo esta nos olhos de quem vé "
O cheiro de chuva tomava conta do ar, 0
carro parou espalhando lama pelo
gramado, sujando o belo jardim a qual era
verde e regular. De dentro do veiculo saiu
um homem baixo, de cabelos enrolados e
pele quase palida, ele correu pelo o jardim
com algo o incomodando no bolso, até
chegar a porta de madeira, aonde bateu
uma grande argola de metal que ressou no
lado de dentro da enorme mansao.
A porta se abriu e la de dentro surgiu uma
face rigorosa e rispida que apés cuspir no
chao, falou:
- Mais um... Que Cacete... Quem é vocé?
- Me chamo Robert, sou do jornal Carmin
e estou procurando abrigo.
- Ah... A Tempestade, nao é filho?
Robert fez um sinal positivo com a
cabega:- Sim, eu estava passando pela regido e
sabe... Sempre quis conhecer a mansao,
fiz diversas pesquisas e entrevistas com o
proprio Sr White, eu aproveitei e...
Robert foi interrompido, enquanto mexia
as maos com uma expressao nervosa:
- Sei sei, aquele veiculo ali é seu?
-E, euia...
- Da préxima estaciona direito garoto.
O homem saiu de perto da porta,
deixando Robert adentrar aos corredores
frios da Mansao:
- Nossa, 6 bem maior do que eu pensava.
- Eo que dizem. - O Homem deu uma
risada que mais parecia uma engasgo,
enquanto trancava novamente a porta da
frente. - Entao, Robert, qual o seu interesse
em visitar a mansao White? Além da
tempestade é claro.
- Matéria de jornal.
- Ah! nao venha me dizer que vocé é umdaqueles que acredita na bobagem de que
esse lugar 6 mal assombrado.
Robert ficou calado, enquanto um sorriso
sinico se abria na face do homem:
- Jovem Robert, eu sirvo a familia White a
anos e nunca vi um fantasma nesse lugar.
Os dois chegaram até um enorme salao
aonde, na poltrona, havia uma mocga com
diversas malas ao seu redor, os cabelos
eram pretos e ondulados e as roupas
brancas pareciam ter manchas vermelhas,
ela se empolgou ao ver o rosto de Robert e
veio correndo em direcao aos dois:
- Olha sd, mais um para a conta. - Ela
segurou a mao de Robert e o
cumprimentou. - Muito prazer, eu sou
Selina Simmon.
- Sou Robert, Jornalista, o prazer é meu.
- Olha, se o Marcus te assustou, pe¢o
desculpas por ele. - Ela olhou para o
Homem que atendeu a porta. - Digamosque ele nado dorme faz um bom tempo eo
mau humor toma conta dessa carinha
linda dele.
Ela abriu um sorriso, enquanto Robert
abafava sua risada com a mao:
- Entaéo 0 seu nome é Marcus, nao &? Nao
é muito de apresentacdes?
Marcus apenas deu uma risada sem
graca de canto de boca enquanto se
retirava da sala. Selina era uma figura
curiosa, ela mexia em suas malas quase
como um tique nervoso e Robert parecia
ter um interesse nesse comportamento
inquieto da moga:
- Entao Selina, como veio parar aqui? E
parente do Sr White?
- Ah eu? Nao. - Ela sorriu. - Sou apenas
uma nobre... - Ela parou e pensou um
pouco enquanto tentava tirar algo de sua
mala. - Pintora, fui contratada para fazer
um retrato do Sr White.Robert se aproximou das escadas que
levavam ao segundo andar:
- Interessante, nao imaginava que o Sr
White era fa de arte. - Ele notou que havia
algo de estranho quando chegou a segurar
no corrimao das escadas, havia um
enorme espelho coberto la em cima. -
Falando nele, Aonde ele se encontra agora?
- O Sr White? Nao faco ideia, mas
acredito que esteja l4 em cima dado ao
estado de saude dele.
Quando Robert pisou o pé para subir o
primeiro degrau, fora ouvido o som de
alguma porta sendo trancada e Marcus
reapareceu na sala:
- Senhor Robert, Senhorita Simmon,
preparei algo para que possamos comer,
entdo se puderem vir até a mesa, eu ficaria
muito agradecido.
Todos chegaram até a cozinha, e la
viram, o lugar se encontrava em estadoimpecavel, quase como se ninguém nunca
tivesse entrado ali, a nado ser pelo fato do
cheiro se alastrar pela casa, um cheiro
podre e horrivel, Marcus sorriu
sinicamente com a faca na mao, enquanto
correu atras dos dois, que quase sem
pensar subiram as escadas e, ao
passarem pelo extenso corredor do
segundo andar pararam ofegantes em
frente a porta do quarto do senhor White, e
Robert novamente notou o espelho
coberto, mas sem tempo para pensar,logo
perguntou:
- O que foi isso? Aquele cara
enlouqueceu?
- Como vamos sair daqui Robert? - Ela
parecia desesperada. - Ele deve ter
trancado a porta da frente e logo vai estar
aqui.
O assunto foi interrompido pelo som de
respiracao do outro lado da porta,ofegante e pesada, quase como se algo
estivesse respirando por maquinas ali:
- O Sr White esta aqui?!. - Exclamou
Robert. - Ele pode nos ajudar talvez.
O semblante de desespero de Selina
mudou quando notou que o foco de
Robert se voltou ao espelho, virando uma
expressao neutra e fria:
- Robert... Seu nome é familiar... Vocé
disse que era Jornalista nao era? - Ela
parou em frente a ele que parecia suar
frio. - Robert Adreen, vocé ja entrevistou o
Sr White.
Robert puxou de seu bolso um canivete e
em um movimento rapido tentou acertar
ela na garganta, porém ela o defendeu
fazendo um enorme corte em seu bracgo
esquerdo:
- Vocé nao é pintora... Definitivamente...
Sr White estava tao caduco que tinha
medo do proprio reflexo, seu nome nem éSelina aposto.
Foi nesse momento em que ela abriu a
porta do quarto... Havia algo ali, uma
criatura que parecia grudar na parede com
raizes e vinculos pulsando e apesar da
forma humana, sua carne estava
completamente exposta e seu rosto era
uma enorme boca desforme... E nesse
momento, a mulher empurrou Robert e o
trancou com aquilo. Ela desceu aliviada,
enquanto os gritos abafados ecoavam
pela escadaria e encontrou o Marcus,
agora sujo de terra la embaixo:
- Deu um jeito nele?
- Sempre dou... Vocé sabe disso, esta
tudo pronto para o Ritual?
- Prontinho, 6 s6 nao dar errado, ou
vamos acabar como ele la em cima.
Os dois riram, mal sabiam eles que
estavam prestes a se tornar... O coveiro e
a pintora... Fadados a vagar pela mansaoWhite pela eternidade e consumir a alma
dos vivos que la pisarem.