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2 A elaboracao do projeto —— de pesquisa Antonio Teixeira de Barros Rogério Diniz Junqueira ~.sem dvida, 0s cinones metodoligior sag uitas vezs expedients trices ¢ ‘a0 mesmo tempo, obrigasées moras.» (terton, 1970, p. 652) A elaboragao do projeto de pesquisa, por mais pragmitica que seja, é uma atividade académica como qualquer outra e, portanto, requer reflexio ¢ conhecimento teérico. Assim, além de apresentarmos um roteiro para a cons- trucio do projeto, propomos, antes, uma breve, porém necesséria, reflexio acer- ca do papel da teoria para a pesquisa social. 1 Teoria e pesquisa social: elementos para compreender essa relagio Contrariando uma crenga muito difusa entre profissionais de comunicagio , infelizmente, no apenas entre eles), & preciso, antes de mais nada, afirmar: 0s fatos nio existem. crenga na existéncia de uma realidade objetiva, passivel de ser percebida 9s, é fortemente tributaria da tradigao positivista. Tal tradigao defendia a possibilidade do conhecimento, desde que o cientista soubesse despir-se das pré-noges (0s preconceitos, os valores etc.) de sua cultura, da sua sociedade € inacessivel 20s homens comuns, presos as visOes ¢ armadilhas do senso cO- . : 40 projet de pesquisa 33. (0s fatos nfo existem. Melhor: 0s fatos no estado bruto. Os “fatos” s6 existem a partir de nossa ob {agio 6 orientada por um conjunto de representagces eae west oe médio dos quais 05 seres humanos percebem, interprosses tas POE Tom, compreendem o$ fendmenos que tém diane pen, cassfcam, fepresentagdes $80 © que, entre outras coisas, con “teoria”. Essa teoria nao precisa ser necessatiamente cientings ree ‘comum também é provido de conjuntos de esquemas prec oe emnve retatvos da assim : tumados a pens: a ge cee cae cas ao an sorte comum é dotado de conjuntos (ainda que nfo sistema ssentagdes ¢ de esquemas interpretativos da realidade, Shas, rey utras coisas, constituidos de crencas sobre a concatenacio de causas ¢ efeitos (0x seja, de espécies de “modelos explicaivos” nio cientiicos) relativos aos Gventos humanos, naturais e sobrenaturais? ‘© que importa aqui, entio, é dizer que as teorias (centificas ou nlo) dio formato, significado e sentido, classificam, ordenam, produzem e alteram tanto a percepgo quanto os fenémenos que sio comumente chamados “fatos” ou “realidade”, Ou seja: 05 “fatos” nio existem por si mesmos, pois toda ob- servagio é teoricamente orientada. De modo simplificado, podemos afirmar que as teorias sio como prismas através dos quais 0 observador olha e procura enxergr,reconhecere interpretar ‘omundo. Mas o que ele vé e como ele vé dependem do prisma edo contesto no é ivo da ‘existem por si mesmos, em um Teitura de mundo que sera feita, poi observador se valer (adequadamente ou nao) dos instrumentos interpretativos € valorativos oferecidos pelo prisma utilizado, na composigio erecomposigio des- —_ , ye, cpa ented © 7 Segundo tal raciocinio, mente havei omaismo neuro objetivo, caps de extends narrat a ealdade dos fats” eo poisional de ingens adnasse Gere ¢ cca) todos os passos de uma pesquisa centfca nos molds da tradi posta, Seram ojos sienstas?Cienistas posiivisas? Se as resposas fren amb RPS SET jornalismo neutr tivo ame - en i 10 objetivo encontra- um passo re de presuposos, posta, teoria cientifica (ou, simplesmente, a teoria) €um ywema conceitual de Be as que, aioli remo equems etnies roposen deste gue, acing ec cia gral, do uals ores singlresWeniets das relagées existentes entre as varidwes, que, por sua Vez, $20 oF fe crespie Pat peep pene ee eer ry Fay ciyuarhe ~doorecdo | Nh ey can of Ft (ora) Digitalizada com CamScanner [36 tc e nla de esque comune -0€ cientifico, ‘olsas, por embates ¢ eacomodardes ide tomadas de posigdo que, ag isdes de mundo, de pos dio si seus pressupostos € suas pos Em outras palavras: 0 conhecimento ndo se con! vos”. Ele é, antes, produ ‘dos quais a “realidade” é pensada, estudada, cor ‘0s “fatos” dependem da perspec i Sdotada, pois sio também formados tanto por ela quanto ~ preciso insist ~ pelo contexto no qual esse processo de construcio tem lugar. A pergunta se um dia serd possivel constt ‘uma compreensio “limpida ¢ sem filtros' fo social ou de interesses contingentes, a resposta & negativa. O sim- ispensivel) desejo de atingir a compreensio profunda dos fendme- hos ja indica a presenga de uma concepsdo que tem na desmistil no desvelamento das aparéncias, seu valor e eixo fundador. Nao ha possibilidade de realizagio de qualquer forma de pensamento fora de um contexto social. Nao ha ciéncia sem historicidade. Nao existe conhecimento desinteressado | (HABERMAS, 1982). Conpatsrao yatteSIA1O tifico é também conhecido por “conhecimento criti- tira apreensio critica da “realidade”. O pensa- momentos fundamentais. Primeiro, ele des- tal como 0 senso comum ou outras teorias cientificas nos fazem percebé-los, Em um segundo momento, ele desconfia de sroprias conclusdes, submetendo suas investigag6es e conclusdes ao olhar propor novas interpreta~ ica dos conflitos proprios cientifica é sempre uma s & construfda contra um 7 ientifica, por conseguin- pi EVADE POL EES to €, pela “integracio das criticas que tendem @ destruir as imagens existentes no momento em que a ciéncia dé os primeiros passos” (BOURDIEU, CHAMBOREDON e PASSERON, 1999, p. 174 ss.)- Por esta razio, é, para muitos, um sacrificio abandonar o conforto ¢ a segu" ranga oferecidos pelos conhecimentos do senso comum (BACHELARD, 1972) p. 225). Embora também seja empirico, 0 senso comum o é de um modo nada igoroso, pois tende a confundir esséncia com aparéncia, ¢ amet6dico, assistematico, fragmentério, nao pressupde uma componente desmistificadora Firte (Coen 7 Patil, Ae oro te da realidade Nem Se preocupa em submeter oe atmo possuindo capacidade de relaboreaes Miso comum nfo & pautada plas exigingn oc sega, mas quase sempre fascina ca cent 5 (Po vez ‘Todo estudioso que pretenda em TO em eltncias socials devers eno, se mun ies PS epi aes ica (de natureza filoséfica © cientifica) «ages eo Me ert gion eeics prints og 30 8 rsedmenton pela propria pesquisa socal. aso conriio, usar reves sae posts, Pe confortéveis esquemas teéricos do senso comur nis ot POueO mals do que Sezes, a partir de uma “experiéncia ingénua do mune sm so ies atualizardo, a dinimica do CHAMBOREDON ¢ PASSERON, 1999, p. 32). Sucumbitd fale eoe oe © 205 es. que o senso comum jé fquemas do conhecimento espontineo e “descobir” ¢ fiformava sem ensinar, mas apenas persuadindo! arte de escrever, confundird os resultados da invest tantes de sua fat ide com os aspectos do munde jue pretendia cien- jcamente analis: Contre td tahennydy ¢ wie) fica, se entende), enfim, é uim momento necessério © ti tudo cientifico dos fendmenos sociais e, entre eles, os da co- Jo. No entanto, o desenvolvimento das teorias relativas as ciéncias da 9 o apenas d la observasio empirica dos fendmenos que dizem respeito as diversas instancias de claboracio, circulagio e recepgio de com opinides resul- 6 Nio se defende, aqui, o divcio completo entre conesimentocenificoe senso comm Apesar de serem dotados de diferentes “expectatvas de valid’, so formas de conbecimento teragio pode, por certosversos se revearprofcua (SANTOS, 1989, p. 31-5) Ademals€ lembrar que até o mais rigorosocentita, quando deve far sobre algo que este for de 5a especialdade, faz uso do senso comum, E mais: 0s prprios prsedimentos especicanen: cicatificos podem estar embebids de elements pris do sens comum pos S04 ‘numerasos i 3 entre cles, que podem ser preenchos por elementos mais pricos senso comum nio resulta de uma pritica especifica- clu espontanearete ma cnianse 8 Nio basta alg 4a nica forma de int terpretaao plaust ‘um mesmo evento (dotadas de diferent tuadas em posigBes sociais diversas oui etacdes diferenciadas. Expressies como “Eu €8 rgenuuidade e despreparo, podene Digitalizada com CamScanner oa Tene a vevlab ; a va, suas teorias sio passivels de revises continuas, tad a br cis de peel) dos fendmenos. Hé, portanto, uma cx SGreular entre teoria e pesquisa social empirica, tte Ceontribui para definigio eredefinicao daque. isa eavagzo erpirica poders conduzir o observador a wuivocos na teoria por ele utilizada, [58 nézodose tens de png em comics? Ahotn relagio estreta e A teoria orienta a pes ta, Em outraspalavas: a observaio Sop s, acunas, : (ate go, dante de tuna formidével oportunidade para propor revises, ear erpregdes ou, até mesmo, substicuigdes parciais ov Meegrals « ve proposigdes, quanto de esquemas demonstrar) serem mais rtinentes e adequados para uma explicay pets abrangentee satisfat6ria do fendmeno estudado. 122, 174). A pesquisa social deve, portanto, cons 7 ir seus “dados”. Assim como fatos no existem Simplesmente, nfo exstem tampouco dads em estado bruto, prontos para serem singelamente coletads pelo pesquisador que sejam vilidos independentemente de {qualquer construgio teérica, A realidade social forece dados “pré-construidos”, os uais 0 pesquisador deverd, incerpretagio e precisam seri J 96, p. 226-227). 6 conquistado (con- Importa frisar, entdo, que a rir-se aos critérios formais de rigo je uma pesquisa social, além de refe- ifico (segundo paradigmas intersub- ‘9 Para melhor comprensto acerca da concepo e dos momentos das problematic, vide, Pot exemple: Quiny € Campenbovdt. 1882, p. 89-106. PASSERON, 1999, PASSIM E MARRADI, 1980, p. 99), jetivamente codiicados), deve, in Yous resultados. Além disso, as p essas devem rev formagio da real i lade: Géncias socials deve ser a a eels iS sig ny eyo uu pe too 505 que norteiam a construcio da realidade social” (CRESPI, 2003, p. 22), com vistas a oferecer meios para a melhor compreensdo da sua complexidade e para fa sua transformagio. Por ilkimo, mas no menos importante: afirmar que a realidade & socialmente construida no equivale a dizer que a realidade nao exista. Exi socialmente (BERGER e LUCKMANN, por exemplo, nao é um simples “fato": fguém deixaria de dar ou aceitar dinheiro ao saber que a moeda 6 uma institu jal? © agente social informado disso tender, mesmo assim, a continuar a fa repassar a moeda no curso de suas transagGes no mercado. Todavia, el ieré, também, manter uma relacdo menos naturalizada com ela, com 0 mercado e com a sociedade. Ele entenderd que a moeda e 0 mercado nao sio dados da natureza, mas construg¢ ‘iais que obedecem a leis (sociais ¢ his- t6ricas) de organizagao s ies das relacdes entre os homens € as so- ciedades. Ao perceber isso, ano passa a se ver como um agente que pode ii ‘até radicalmente, nos processos de transformagio da realidade socioeconémica, como também de tantas outras. oe Wi al rofissionais em comunicagdo social sio mui- ticas para pesquisa. Tanto 0 jornalismo, como a piiblicas, a televisio, o rédio, o cinema permitem dife- .s, © primeiro passo é a escolha de um tema especifico, com uma abordagem determinada. Mas como definir um tema diante de tantas possibilidades? E importante optar por um tema relacionado com os interesses ‘académicos do pesquisador ou com sua experiéncia e/ou perspectivas de traba- Iho, érea de atuagio ou objeto de curiosidade académica. Escolher corretamente © tema é crucial para 0 éxito do trabalho. A escolha implica observar uma série de fatores fundame: + Afinidade: 0 pesquisador deve sentir-se & vontade com 0 assunto €s- o _ colhido, Convém eleger um que Ihe seja minimamente familiar ou par- Aes acabi'eos bo (apart gon» Yo trpvbo fone 2 Roteiro para a elaboracao de um projeto wrth 2.1 Primeiro passo: a escolha do tema a Digitalizada com CamScanner AO nacados¢rénica de pongeina em conaicags ticularmente desafiador. Pode estar relacionado com a drea em que pre. tende atuar ou ji atuou ou com uma disciplina que Ihe desperta interes. se. Pode ser il para estar uma ipstese ou descobrit processs qc trabalho, analisar bibliografia ou organizar idéias ¢ informagbes disper, ‘sas na literatura acerca de uma drea temitica. Pode optar por analisa, casos, situagdes, fendmenos relacionados com 0 campo académico ou profissional. Alguém que entenda de rock poder preparar um estudg Ebbre a cobertura desse tipo de misica pela imprensa ou a campanhs publicitiria de um grande evento ou festival, por exemplo. Interessadg em Cigncia? Poderd ter como tema a motivacio dos editores para traba, &: ‘na drea. Gosta de novas tecnologias? Poder fazer um trabalho so. go? bre a producio da noticia em sites ou, quem sabe, analisar 0 resultado, QO Assim otrabuho parecer mais file menos desgastante, Havers mais motivacio e prazer. & Oportunidade: a pesquisa pode ser oportunidade para exercitar a ca- 2p gpa Pacidade de ler, refleir, investigar, r, selecionar, redigir. Portan- J oe : to, pode representar também o passo inicial para uma especializago no > tema. Quem sabe ser preparatéria para um mestrado, um livro, uma & futura pesquisa mais ampla? O estudo pode, igualmente, preencher la- ccunas teGricas do estudante. E uma opo: le para ass ceitos importantes a0 bom desempenho de suas futuras atividades aca- démicas ou profissionais, assim como aprofundar conhecimentos ou dar continuidade a pesquisas anteriores. Pode ser também ocasiao de aproveitar um tema relevante e atual para rratar com afinco. Uma ‘guerra, uma competicao, uma campanha publicitéria, uma mudanga na linha editorial de um veiculo, uma reforma gréfica. Convém, ento, ter senso de oportunidade. * Relevancia: o trabalho deve ter importincia, nao somente para 0 pes- guisador, mas também para quem estiver interessado ou tiver dominio ‘no assunto. Deve-se buscar um assunto que desperte interesse e repre- sente avango, mesmo que aparentemente limitado, mas consistente no conhecimento sobre o assunto. Cabe indagar a si mesmo: que relevan- cia esta pesquisa teré, que contri ela poder dar a quem se inte- ressar pelo tema? O pesquisador deve empenhar-se para realizar um trabalho que, mesmo limitado, agregue valor, acrescente algo novo 20 existe. O orientador é quem geralmente tem a capacidade e expe- esta avaliagéo. A banca examinadora sabera que © 0 o pleiteado € nedfito em pesquisa, mas certamente terd desejo de também aprender com o que ele descobriu. 2 Propredade: © tema escolhido deve relacionar-se direta ou indireta- ” Com a area de atuacao ou interesse do pesquisador. E po: b ‘Aettorgi do projet de peng 41 até recomendavel que um estudi iit licidade debruce sobre fendmenos da comunicagie or sa ogee do que analise questdes relacionadas, por exemplo, a aspectos da area de engenharia de telecomunicagdes. Fugir do tema também pode ser Comprometido esté, por exemplo, o trabalho do estudioso jornalisticos e, ao final, chegar a + Delimitagdo: muitos jovens pesquisadores tendem a optar por temas cexcessivamente amplos. Além disso, ao tratar-se de temas abrangentes, AO" 4h geralmente fica-se na superficie. No caso de monografa, por ex xe ‘como o nome diz, ¢ estudo de tema tinico (mono), caramente delimita. do, tratado na profundidade possivel. Em linguagem simples, vale a necessério afunilar tema. Em vez de pesquisar 0 ‘0,y’universo, pesquisa-se determinada estrela. Em vez de analisar um bair- wi ro inteiro, estuda-se a parede do préprio quarto. Uma monografia (ou mesmo uma dissertago ou tese) nio é projeto de enciclopédia, mas a 1 > andlise de tema especifico, com rigor, clareza e foco. of + Realismo: nada de aventurar-se em empreitadas impossiveis. Ha, vez ou outra, a tentagao de se optar por assuntos de dificil abordagem, com 4 metodologias complexas para o tempo disponivel, entrevistados talvez SP desinteressados ou literatura inacessivel. © momento nio é para er heroismo. Embora ousadia seja sempre bem-vinda, é preciso “ter os pés no chao”. A empolgacio do inicio poder dar lugar & frustracao no final. O tempo correrd, e 0 pesquisador nao conseguird concluir 0 estu- do dentro do prazo. Antes, é recomendavel optar por assunto cuja and- lise seja factivel e o trabalho de campo, acessivel a0 pesquisador. Umberto Eco, no livro Como se faz uma tese (1999), apresenta algumas re- gras para a escolha do tema de pesquisa: (a) deve ser reconhecivel e definido de tal maneira que seja reconhecivel igualmente por outros, ou seja, deve ser aceito icamente relevante por uma comunidade de pesquisadores; (b) uma (© tema da futura pesquisa, € conveniente o pesquisador descrever qual foi sua trajetéria intelectual até chegar a ele - como se sentiu atraido por que matérias despertaram seu interesse durante a graduagio? que autores the inspiraram? analogia do fui 2.2 Segundo passo: a delimitagao do objeto de estudo © objeto de estudo deve ser restrito, especifico, bem delimitado, formul 4 partir do tema do trabalho. Um tema pode gerar virios abjetos. Ao restringlr foco, evita-se ficar perdido pelo caminho, ou que a amplitude demasiada impli- ue pouca profundidade. Um exemplo: um aluno de graduagio ou de pés-gra- ain cymes —e VKodey CW4GIOD Digitalizada com CamScanner 422 menos de pengianem comet duagio esté interessado em comunicagao ambiental. ane es algo; interessan, te, instigante, desafiador. Mas amplo. ‘Como dar . Lapses > E necessirio limiti-lo no tempo, 10 espa¢os 2 eo arenes lo com um faco claro e preciso. Citamos abaiso algumas possibilidades de objeto, eae ase de um exemplo da dea de Jomalismo, mas que éHustratyg para qualquer drea: Objeto 1: A gestio Petrobras no €2s0 Objeto 2: Responsabi eft ‘empresa X. -\ek*\opjeco 3: 0 marketing an de crises provocadas por desastres ambientais: io acidente X. dade social na area ambiental: estudo de caso da ‘ambiental do WWE Brasil na divulgacio do proje. jero 4 As fontes da revista Veja na cobertura de transgénicos em 2004, Objeto 5: Os crtrios de noticiabilidade do Globo Repérter na cobertura ‘sobre a fauna e a flora brasileiras. Objet 6 O notcirio ambiental veiculado pelo telejornal local no primeiro ssemestre de 2004. bjeto 7A trjetéra profissional de oralistas braileiros que se especializa- "fam em meio ambiente na tktima década: historias de vida de cinco jomnalistas (onal do Brasil, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Cor- ) reio Braziliense € Gazeta Mercantil). ce igualmente (ou mais) criat ter consciéncia da necessidade da delimitagao de objetos de pesquisa. Cabe lem- brar ainda que a monografia (0 que também vale para dissertagao ou tesc) nao é um estudo global e abrangente sobre o assunto, mas a andlise consistente de tum ou alguns aspectos relacionados 20 mesmo. 2.3. Terceiro passo: a formulagao do problema : Uma vez determinado o tema, é necessario formular a pergunta (ou varias) fe partda. E preciso problematizar o tema. Como? Parte-se de uma pergunta, @ qual pode gerar outras. Sio tais perguntas que sero respondidas (ou discuti- das) 20 longo da pesqui Rudio (1999, p, 96) apresenta uma série de questdes que podem ajudar © ae pesquisador a formular o seu problema de pesquisa e verificar sua viabili- tds + Reale ty bowso bn Croduts datos do proj de pesquisa 43 a) o problema pode ser resolvido por meio de uma pesquisa cientifica? ) oproblema é suficientemente relevante a ponto de justi quisa seja relevante a ponto de justificar que a pes ©) trata-se realmente de um problema original? 4) a pesquisa é factivel? ©) ainda que seja relevante, o problema é adequado para mit f) pode-se chegar a uma conclusio que tenha métitos académicos? ) tenho a necesséria competéncia para planejar ¢ executar um estudo sobre 0 tema proposto? h) os dados, que a pesquisa exige, podem ser realmente obtidos? hh recursos financeiros disponiveis para a realizagio da pesquisa? 2.4 Quarto passo: a formulagdo das hipéreses wassmnonsl Aue, be ‘A formulagao das hipéteses ajuda a encontrar um norte para a pesquisa. A partir da hipdtese, percebe-se qual rummo deve ser seguido. As hipéteses passam ser a busca de uma resposta para a questio inicial. Essa resposta pode ser a confirmagio parcial ou t se ou até mesmo a negacio dela. E impor- tante ressaltar que 0 pes: Indo deve forcar a confirmagio de suas hipéte- ses. Acima de tudo esti 0 exercicio da investigacto. jy year, fonn hes. ot 2.5 Quinto passo: a formulagio dos objetivos wavy Os objetivos traduzem-se, em nivel pritico, nas agGes que serio realizadas ra-se, portanto, de elementos factiveis, ;lacionados com a operacionalidade as hipéteses. Sio 0s objetivos que do problema e 1s (ou operacionais): expdem, em nivel micro, odas as ages fas para responder as questdes apontadas na problematica da v de tal forma que permitam a confirmacio ou refutagio das pesq hipéteses. Digitalizada com CamScanner (44, Mévodos e ténicas de pesquisa em comanicapso 2.6 Sexto passo: as justificativas da pesquisa vas $8 is tha de tod [As justificativas sio as raz6es do pesquisador para a escolha de todos g, fegpsicams de seu trabalho, tanto em nivel te6rico como metodolégico, téenicg ou pritico, Um orientador experiente rapidamente percebe se a pesquisa se jys, tifica ou no. Mas, para o nedfito, é mais um passo no sentido de organizar ag idéias, ver se o trabalho efetivamente trard alguma contribuigao, se Possui rele. |. Em nivel mais abrangente, deve-se explicitar a imp de sua pes, ‘a ¢ de seus desdobramentos. Em termos especificos, cars 2) a escolha do tema (por que ¢ importante?); }) a delimitagio do objeto de estudo (por que a escolha recaiu sobre 9 processo de recep¢ao, por exemplo?); © 6) cenfoque (por que, por exemplo, estudar tal objeto sob 0 ponto de vista yw da Semidtica?); JF" 4, «eo period do estudo (por que estudar a propaganda governamental my as? f 6poca da ditadura militar?); ) 6) instrum zados para a coleta dos dados (por que questions. ¥ rios ou entrevist 1) o tipo de material (por que estudar revistas espe auroméveis?); ) 8) 05 tipos de dados (primarios ou secundirios) e fontes utilizados (por que tal tipo de dados ou de fonte?); hy) 0 tipo de pesquisa (por que um estudo de caso?); i escolha da metodologia (por que usar andlise de contetido ¢ nao de discurso?). Provavelmente, nio ha necessidade de justificar todas as opcées. O detalhamento, entretanto, ¢ til para o préprio pesquisador, pois passa a haver clareza nas alternativas disponiveis, nos critérios de escolha e na decisio toma- a, Para o orientador, passa a certeza de que 0 pesquisador sabe exatamente 0 a cada escolha, mostra sua coerés ios de decisio. Ao mes- mo tempo, outros elementos poderio também ser justificados, desde que rele- vvantes para o estudo, 2.7 Sétimo passo: descri¢do dos procedimentos metodolégicos metodoldgicos é dos grandes desafios rojeto edo préprio trabalho final. A literatura em eesquisa ¢ ampla ¢ muitos pesquisadores iniciantes pet lade de titulos e opgdes disponiveis, com a variedade de dem-se com a quai ‘ctor d poo de penguin 45 técnicas de coleta de dados e até com diferentes nomenclaturas utilizadas pelos autores da drea. Na realidade, a logica do método cientifico é comum a todas as Oo ate. bor ental formas de apresenacto diferentes por parte dos vvirios autores. Por isso, a tarefa é mais si fo areata as is simples do que parece, desde que se tagoes. AAs técnicas de pesquisa disponiveis na literatura sio como um conjunto de ferramentas. A escolha adequada da ferramenta de trabalho é fundamental para conse; to na pesquisa. As opgdes sio varias, mas a definicio deve ser feita a partir do problema de pesquisa ¢ do objeto de estudo. Podemos examinar um tema de pesquisa partir de da literatura, andlise de contetido, anilise de discurso, entrevistas, estudo de caso ou mesclar diversos tipos. O autor pode apresentar um trabalho critico, a partir de pesquisa em varias fontes, fazer uma pesquisa de campo, desenvolver um estudo etnogrifico. Pode realizar uma ané- lise de conteiido de um programa de TV ou uma revisio bibliografica sobre um tema novo e relevante, uma pesquisa de clima organizacional ou de imagem institucional. Muitas vezes, a possibilidade de utilizar uma técnica desafiadora € © principal atrativo de uma pesquisa, tornando-a mais estimulante e criativa. 2.8 Oitavo passo: a construgio do referencial teérico O referencial teérico consiste na utilizagio de teorias cientficas reconheci- das no campo de conhecimento em que se insere o trabalho proposto, a fim de sustentar os argumentos das hipéteses e fornecer explicagdes plausiveis sobre (05 fenémenos observados. © método para a construgio do referencial teérico & © dedutivo, ou seja, vai-se do geral para o especifico. Isso significa que, a partir de teorias gerais ou de longo alcance, o pesquisador estabelece relagSes com 0 seu objeto especifico de pesquisa de forma logica, relacional e aplicativa, Essas relagées so construidas pelo proprio pesquisador. Mas o referencial teérico nio é mera compilagio de conceitos ou justaposicio de pensamentos opinides de diferentes autores. Devem set estabelecidos critérios claros para a srfica € a redagio dos capitulos teéricos, os quais devem ser 10s e diretamente relacionados com 0 objeto de estudo. Nao é adequado que se descrevam todas as teorias de comunicacio, por exemplo, se !as uma dlas se aplica ao estudo. Deve-se concentrat, por exemplo, com nalitica, naquela que pode ser aplicada no caso em jal tedrico nao deve consistir na descrigio ou na trans- anilise de tais conceitos, de forma critica e aplicada, Digitalizada com CamScanner AB Métodosetéenicas de penguiss em comunicasso diz respeito & diferenga entre capitulos tog, os e capitulos histéricos. Muitos pesquisadores iniciantes, quando perguny,” dos sobre o referencial teérico, espondem que esto escrevendo a histéria q, Internet, por exemplo, Esse é um equivoco irremediavel. O histérico de deter. (Outra observacio neces: teoria que dele trata, mesmo que uma breve ¢ 3 ajude a compecerider ch as, além de situaro leitor. Mace preciso ir além, Talvez seja por isso que ainda hoje so comuns capitulo de sertagbes ¢ teses com longos dados hist6ricos em forma de “histéria da TV”, “histéria das Relagdes Pablicas» ria do cinema”. Esses capitulos, em geral, con” grificas de amplo acesso e nig apresentam contribuigio nem a formagao do jovem pesquisador, nem ao tra. balho. 2.9 Nono passo: o sumério preliminar Na seqiiénciz, um exercicio recomendavel é a elaboragao do sumitio preli- ‘minar do trabalho. O sumério funciona como um mapa do trajeto a ser seguido, ‘mesmo que, eventualmente, seja necessério mudé-lo. Ele ajudard a organizar previamente a estrutura do trabalho e facilitard a compreensio das tarefas a ‘serem cumpridas. O sumério preliminar deve detalhar a quantidade de capitulos ‘€ uma breve descri¢ao do contetido de cada item ou capitulo, ‘Uma vez determinada a sintese do estudo, 0 Pesquisador deve avancar e Preparar seu projeto. Os elementos tipicos de um projeto so os seguintes: 1. identificagao do projeto: nome da ins do aluno, do professor-orientador, 2. descrigao do tema da pesquisa; 3. titulo provisério do trabalho; G40 do objeto de estudo; 5. problema de pesquisa; 6. hipéteses; icdo, da faculdade, do curso, 9. metodologia; 10. referencial tedrico; 11. cronograma de execugdo; 12, bibliografia bésica, Addbongiod peje pesquisa 47 2.10 Décimo passo: o cronograma da pesquisa © cronograma deve ser elaborado em conjunto com o professor-orientador. ‘Ambos devem levar em consideracZo o nimero de dias letivos, a data prevista para entrega do trabalho e a viabilidade de seu efetivo cumprimento. O cronograma deve ser seguido a risca sob pena de o trabalho no ficar pronto no prazo estabe- lecido. Naturalmente, poderd haver alterac6es no cronograma. Imprevistos acon- tecem. Determinado capitulo pode levar mais tempo do que o previsto, enquanto outro pode ser conclufdo antes. De qualquer forma, nada pode alterar o prazo final para a entrega do texto. ‘A experiéncia tem demonstrado que os capitulos referentes a andlise costu- mam tomar mais tempo que os capitulos de natureza teérica (normalmente os primeiros). O problema é que o pe iante, por inexperiéncia, pode demorar mais nos primeiros capitulos e fazer com pressa os tltimos. A introdu- G40 ea metodologia podem ser escritas por iltimo, depois até da concluséo. Em seguida, deve-se conferir se a introdugao e a conclusio combinam, ou seja, se 0 que foi proposto é, de fato, obtido ao final, A primeira etapa do trabalho serd a pesquisa bibliogrifica, com a leitura e © fichamento das obras selecionadas. O tempo que toma cada uma dessas fa- ses varia de trabalho para trabalho, mas no pode exceder em mais de um tergo © tempo disponivel, sob o risco de o pesquisador perder-se diante de tantas informagSes. O importante é definir uma data para encerrar a revisio biblio- gréfica e avancar no trabalho de campo - mesmo que eventualmente possa voltar para concluir uma leitura inacabada. Uma vez lida a bibliografia, 0 pes- quisador partir para a andlise dos produtos escolhidos para estudo. E eviden- te que, em caso de trabalhos que objetivem revisio de bibliografia, essa suges- {Go nio cabe. Referéncias bibliogréficas ANDRADE, Maria Margarida de. Introdujdo 4 metodologia do trabalho centfco. Sio Paulo: ‘Atlas, 1999. BACHELARD, Gaston. Le nouvel esprit scientifique. Paris: PUF, 1971 (traducao brasileira: Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995). La formation de Vesprit scientifique. Paris: Vrin, 1972 (tradugdo brasileira: Rio de Janeiro: Contraponto, 1996). BARROS, Aici de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: Propostas metodolégicas. 8. ed. Petrépolis: Vozes, 1999. —; __. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciagao cientifica. 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