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JOKO PEKOTO ‘Assictente Estagiario a Faculdade oe Economia {8 Universidade de Comora O CRESCIMENTO DA POPULAGAO URBANA E A INDUSTRIALIZACAO EM PORTUGAL * Normalneni onesies ba. renee noes econdmics oscil dos com sonidos ioinieos ‘08 aiterancisdst x ariculaga ania facto, nos bases mais 0 inavetvae ubensacio. (fos, eaoesTongmanos plaedo urban puese (30% dn popula Tote) Iraicado om todos on ectut proceso de urbanizagao, nem de um ponto de vista demo- gréfico, nem de ambito mais geral. Uma questao que nor- maimente se discute, neste campo, 6 a da relagao entre urba- nizagéo e industrializacdo. Habituaimente, s8o associadas uma 8 outra: pelo menos no caso dos paises mais desenvolvidos, @ concentragao populacional andou a par, no periodo de maior turbanizagao, com a concentragio geagratica das industrias. Hoje, parecem dissociar-se: a ldgica da localizagao industrial nao 6 t2o rigid, ¢ a disseminagao das industrias ¢ acompa- nhada pela desconcentracta demografica Neste artigo, iremos discutir, em primeiro lugar — breve- mente—, 0 probiema da delimitacao entre espagos «ruraiss € ‘urbanos»; de seguida, analisaremos 0 processo de cresci- mento da populagdo urbana, semi-urbana e rural em Portugal. de 1911 até 1981; por Ultimo, debrugat-nos-emos sobre essa mesma evolugao, mas a nivel regional. O problema que nos ira sobretudo ocupar serd o da forma como se tem proces- ‘Agradeyo eos membros do Conseino 6 Redacgto da Revieta Crit de Gidntas Scat © ao Neco de Ciencias Soca. st FEUC 08 Ute 101 102 oao Peixoto 1A delimi- tagao do «urbano» e do ururabs sado a articulagao do erescimento urbano com a industrial- aga. Nao 6 simples a distingao entre o surbano» @ 0 srurale. AS teorias dividem-se: para umas, 0s meios »urbanos» —em eral, as cidades— possuem uma especificidade interma que Ultrapassa, de alguma forma, as épocas @ Ihes atribui unidade. Para outras, tem havido tantas formas de «meios urbanos- quantos 0s tipos de sociedades existentes. A natureza da especiticidade «urbana, defendida pelas primeiras, pode ser multipla: econémica (existencia de multiplas actividades nao agricolas), geogratica (aglomeragao populacional, localizagao de fungdes centrais), social (interac¢ao social e inovagao, cultura urbana), ambiental, etc. A andlise em termos societais confere contornos distintos 20 =urbano=: a andlise de Max Weber (1982). a0 definir a originalidade da cidade ocidental 6 disso um exemplo, Distinguir claramente © urbano: do (8 volta de 10%), que no correspondem ‘a sua realidade economica, E neste nivel que é mais sensivel, pois. a fragilidade do indicador demogratico. A existéncia de laglomerados rurais acima do limiar estatistico do -urbanos € luma das criticas que normaimento Ihe ¢ feta; a nivel nacional, ‘este erro acrescenta-se a um outro: @ nao captacdo de Pequenas localidades com fungdes industriais ou terciarias O estudo demogratico oa urbanizacae «difusa-, ou da urbani- zacio de pequeno nivel portuguesa, ndo pode passar, assim Uunicamente pelo estudo das localidades de dimensao -semi- -urbanae. Os eritérios da actividade economica da populacdo (por sectores de actividade), ou das densidades populacionais, Poderdo ser essencials a sua caracterizacdo. A variedade regional dos modelos de urbanizacao é tao grande que dit. culta, no entanto, uma analise global ‘A analise dos numeros indices da PSU revela, todavia, algumas das dindmicas regionais enunciadas. Encontramos, de facto, um forte crescimento semi-urbano em LL, com a proliferagao de localidades satélites, e no Litoral Centro & Norte, sobretudo apés 1960. Ocorrem, nessa data, fortes aumentos da PSU nessas regides © decréscimos absolutos em todo 0 Interior e thas. © papel da «urbanizacao difusae do CL © NL parece ser assim mais explicito. Infelizmente, nao odemos avaliar se os seus aumentos ocorrem ou nao depois de 1970, apes a desaceleracao do processo de erescimento de Lisbos. Como pode caracterizar-se, em sintese, a urbanizacao 4—Conclusio Portuguesa e a sua relagao com a industrializagao? Em pri- meiro lugar, 0 nivel quantitative da urbanizagao & baixo, 112 Joke Peixoto quando comparado com os valores dos paises mais desen- volVidos. Es8e valor em parte revela, em parte esconde, nivel de desenvolvimento da sociedade portuguesa. Em segundo lugar, a distribuigao regional da PU é muito desigual: encon- ‘ramos uma inica regido muito urbanizada, nos moldes clas- sicos —0s distritos de Lisboa e Setubal — @ um traco nivel de concentragao nas restantes Podemos talvez partir daqui para duas conclusdes, A pri- ‘moira, articula-se com a nogdo, veiculada por todas as rete- réncias ao tema, de que a urbanizagao portuguesa ¢ débil quer em termos globais quer de constituicdo de redes urbanas regionals. Ora parte importante da explicagao dos seus niveis reside na fraqueza da nossa economia, @ nos movimentos Internacionais de mao-de-obra que tém ocorrido. A emigragao Portuguesa explica, j@ antes do séc. XX, 0 nao crescimento das cidades (Serrdo, 1977: 168-168). Inserimo-nos, assim, num sistema mundial em que a nossa PR alimenta a urbanizacéo de paises mais desenvolvidos; Portugal adopta 0 papel de pals peritérico — nao central— em relacao ao mundo desenvolvido, Uma segunda conclusto tem a ver com a regionalizagao do crescimento urbano. Parte importante do desenvolvimento industrial em Portugal, no NL e CL, escapa aos moldes da Uurbanizaglo classica, e desenvolve-se conjugando simulta: eamente caracteristicas urbanas e rurais. Esse tipo de desenvolvimento, em que a industria e a populagao se disse- minam pelo espaco, articulando-se industria ¢ agricultura, 6 fem grande parte inacessivel a uma abordagem demogratica simples. A fraca importancia da urbanizagao (PU) em Portugal esconde, assim, uma importante urbanizagdo «ditusas, com industrializagao em meio rural. Se admitirmos que as socie- ddades «semi-peritéricas» se caracterlzam por uma «descoinci- donciar entre as relacbes de produgdo capitalistas @ as (G0es de reprodugao social, essa descoincidéncia parece expressar-se muito claramente no espago portugues, nos ‘casos onde existe produgao industrial importante. ‘A industrializagao portuguesa tem provocado, assim, dois tipos de efeitos geograticos: a concentragao, em Lisboa (cujo ‘crescimento ¢ também baseado nos servicos), © a desconcen- ‘ragdo populacional, no NL e CL. No caso portugués, mais importante do que a andlise em termos de espago fisico, parece, pois, ser a do espago social e econdmico. . Reteréncias Bibliograficas Bodiguel, M. Castells, M. caval, Ferrao, J Fereeira, V. Haney, ©. INE INE Loarut, 8. Ledrut. &. Medeiros, F Medeltos, F Mingione, E. Pugliese, E ony. eis, J Ribeiro, F. et al Santos, B. 1979 1981 1088 1985 1917 1946 1985 1968 1976 1986 sa. 1987 1988 1986 1985 1985 © Crescimento da Populacéo Urbana fea Industralizagao em Portugal Les campagnes frangaises & la recherche dune nouvelle Igentites, 10" Congresso Europeu de Sociologia Fural, Braga (policop) Problemgs de Investigacdo em Sociologia Urbane, Usboa Presenga La Logique des vile, Paris, Litec Portugal nos ultimos vinte anos: estruturas socials. me « configuragées espaciass, Ponsamiento ‘beroamericano, 6. 225-256 +0 terrtério urbano-metropolitana do Lisboa — te era uma intervengao poliico-urbanistca, Sociedade e Territorio, Urbanism y Desigualdad Social, Madtia Siglo XxI de Espana Edt Vil A.G.P,, 1940, Relatdrio (condigaas de aumento 9 aisiribuigao), Vol XXIV, Sociedade Astonia Folhas de divuigacao— Inquérite ao Emprego= 2 timesire de 1985) L€space Social ge 1a Vile,Paris, Anthropos L'Espace en Question ou le Nouveau Monde Urbain, Pars, Anthropos sEspaces ruraux et dynamiques sociales en Europe du Suge, 13. Congresso Europeu de Socialogia Fursl Braga (solicop.) sOrdenamento social do terttorio @ rurbanizagao- ‘atioap.)

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