You are on page 1of 45
y VIO DC LITCRATURA CONOMCA INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA Urna Nota Introdutéria 9 Artigo “As Leis dos Rendinentos sob Condigdes de Concorréncia” Ce Pero Sratfor Ricardo Tolipan” Bduardo Augusto A. Guimaries** “The Laws of Returns under Competitive condi- tons" , sob o patrocfnio editorial de Keynes, pega ini- cial e importante da critica & ortodoxia marshalliana que se delineia a partir de neados da década de 20. Publica~ 0 por The Eeonomic Journal em 1926, reelaborando una ver ‘so italiana pouco anterior (1925), tem seu desdobranento polémico © imediato em um Simpésio sobre "Rendimentos Cres centes ¢ a Firma Representativa’, tanbém promovide por Keynes sob os auspicios ¢ yuela Revista (The Economie Jour nat, margo de 1930). Do ponte de vista biografico, 0 e- feito maior do artigo & assegurar a Sraffa um lugar de @estague no cfrculo académico de Canbridge, o que o resga ta do fescismo italiano e eria as condigdes Ge realizacio de sua obra posterior. © destague dado & céntribuigio de um desconhec @o autor continental pelo Editor de the Economte Journal indica, 2 nosso ver, uma vontade de erftica & ortodoxia que 34 se vinha conformando em Cambridge. Sob esse aspec to, © artigo “cai como uma luva", pois nio apenas respon- de & exigincia de riger analf{tico, cono faz dela un ele- mento de erftica interna & cigneia ortodoxa. Nisto, ele “ba Feasures. "bo APEA/INPES © do FEA/UFRI. Lit. coon, $(1):5-12, 1988, 4 te distingue das criticas precedentes formuladas por cor tents heterodoxas que - seja por sua insuficténcia analf tica, seja por se fixarem na questéo dos postulados ~ nfo ‘conseguiam ronper @ miralha do saber oficial ¢ podiam ser relegadas ao submundo da teoria econénica. ‘Alén do mais, associado a essa critica rigoro~ sa, 0 artigo di indicagdes de cono prosseguir positivanen te na reconstrugéo da anflise do mercedo capitalista, una vez abandonados 0s pressupostos criticados. Esta nova 1L nha seri Smediatanente explorada pela teoria da concorrén cia imperfeita, ¢ suas sugestdes reaparecerio tenbém na andlise mais moderna do oligopélio. © artigo tem uma estrutura de exposigao simples. Ua primeizo movimento de crftica que conclui: "torna-se necessério, portant, abandonar o caminho da livre concor réncia e voltar-se para o lado oposto, isto é, em direcio ‘ao monopélio". Esta conclusio anuncia © segundo movimen= to, onde se configura sua contribuigio positiva. A parte critica do artigo abre, tronicamente, aavertindo que néo val fazer mais que orgenizar 0 conjun~ to de qualificagdes, restrigdes © exceges, dispersas ¢ relegadas a notas de pé de pigina, buscando explicitar, a0 reunir este material, o potencial critico af latente,e a3 sin "distinguir o que est vivo do que esté morto no con~ ceito de curva de oferta e dos sous efeitos sobre a deter minagio do prego em concorréncia". Neste sentido, das duas pernas da tesoura que definen o prego de equilfbrio mar~ Shalliano, 0 alvo do seu atague & a lei de rendimentos no proporctonais, princfpto que fundanenta a curva de custo nédio em U da qual se deriva a curva de oferta da firma compet itiva. una primeira erftica formulada por Sraffa diz respetto & natureza hfbrida do furidanento tedrico deste princfpio. Efetivanente, a let de rendinentos nie propor chonais constréi-se a partir da Cusio da let de rendinen~ ‘ bit. econ, 4(1) 1982. tos decrescer 8 (desenvolvida no Snbito da teoria de ren @a ricardiana) con # lei de rendinentos crescentes (pré- : Pria da nogio de progresso econémico smithiano) - anbas las de seu contexto teSrico original e aplicadas § © de formagio dos pregos. A natureza desta prinei- ra critica mais geral € evidenciar, através da andlise da 9 génese do princfpio, que as propriedades geonétricas dese Jadas da curva de oferta comandan seu fundanento teérico: trateecse de ebter Initrten a corva,sindtrice A curve de: ‘manda, fe ae A critica mais decisiva, no entanto, questiona @ consisténcia de cada uma das referidas leis com outras caracterfsticas da anGlise marshalliana - 0 conceited \corréncia perfeita e @ anSlise do equilfbrio parcial, Wo tocante A tei de rendinentos dacroscontes Sraffa aponta que ela se contrapde & exigéncia de cetc! 7 paribus © de independéncia entre as curvas de demand: " Ge ofortn fonmuieda pele endliae Oe equiiibrio peretal Sis pars cnjute preter provevciente Sinn to de tndintrias (aqueiee que conscnen toninhas ta deters toad tatr de protuge)~ notes qe Satter jorn Gtocina no longo press, aio contemple 8 exiattacle Soguc Aer fator fino de produgio no interior au firma, haere So da que, mesmo n0 longo prase, o aaptenirio ou & one zegio interna da free conselecen ce favor fie, dando lugar a rendlnenton docrescertes, mio; portante @erada pelo autor. : consis . Quanto A lei de rendimentos crescentes, estes no podem resultar de econonias internas & firma, una ver save tels economtas so incompativeis con as condicies de concorréncia perfeite. De fato, so sio admitides rendi- Rentos globalmente crescentes © uma curva de demanda inti nitanente eldstica da firma, deixa de existir um equilf- brio estivel e abre-se a possibilidnde de expansio i1imi- teda de cada produtor, o gue se contrapSe 8 hipétese Ge Lit. eeon., 42) 1962. 4 6 atonizagio da produgao que caracteriza a concorréncia per, fetta, Assim, a existéncia de equilfbrio em concorréneta requer que, em algun momento, os rendinentos crescentes Sejam contrabalangados pela agio dos rendimentos decres~ centes, cono esclarece Sraffa en resposta a 0. H. Robert~ son no Simpésio anterfornente citado. No entanto, 3 vi- mos quais as razGes que Sraffs avanga para rejeitar a exis téncia de rendinentos decrescentes. Se 0s rendinentos crescentes nio podem derivar de economias internas & firma, eles deven resultar de eco nomtas externas. Estas, no entanto, nio podem ter origen no progresso da economia en geral, pois seriam inconpat{- vets coma andlise de equilfbrio parcial. Assim, a lei vale para os casos, pouco freglentes, om que as econonias so externas & firma mas internas & indistria, as quais, de resto, dificiimente resultariam de pequencs auentos de produgio. Ea resuno, Sraffa aponta que: a) a let de rendi mentos decrescentes &, no caso geral, incompativel com a anilise de equilfbrio parcial; b) a lei de rendinentos erescentes, justificada a partir de econoaias internas 5 firma, & incompativel com a hipétese de concorréncta per fetta; ec) a lei de rendinentos crescentes, justi ficada a partir de econontas externas 3 flrna, 8, no caso geral, incompativel con a andLise de equilibrio parcial. Essa andlise critica conclut, a partir da des- consideragio das causas que fazen variar os custos, pela Proposta de retorno & andlise clissica de formagio de pre gos em concorréncia. De fato, “nos casos normais,o custo de produgio de mercadorias produzidas en concorréncia - dado que nfo estanos em condigae de levar em consideragio 2 causas que 0 possam aunentar ou diminuir - deve ser visto cono constante em relagio a pequenas vartagdea na quantidade produzida™ (grifos nossos). Avesta conclusio, segue-se a recomendagio, $8 Let. eeon., 4(1) 1982. mencionada, de que “torna-se necessério, portanto, abando nor © coninho da Livre concorréncia e voltar-se para o 1a 40 oposto, isto &, em diregao ao monopélic™. Com estas duas proposigées, Sraffa aponta dois caminhos alternativos que podem resultar de sua erftica 3 anilise narshailiana: de un Jado, assunir rendimentos cong tantes cono Gnica forma de reter a andlise da concorrén- cla, © que corresponde a retomar a andlise eléssica do va lor, e, de outro, aceitar a evidéncia empfirica das econo- mias de escala e abrir mio da andlise da concorréncia per, feite. Convém assinalar que @ versio italiana, de apenas um ano antes, se esgota na primeira proposta. & no pre~ sente artigo que Sraffa introduz a segunda alternativa, cujo desenvolvimento constitui o que foi chamado de parte positiva do texto. Assim, a passagem da primeira para a segunda parte do trabalho ndo & apenas um mero dispositi- vo de organizagio do texto, mas envolve uma fratura na ua linha de argunento. Anote-se que Sraffa reverteria mais tarde, em outro trabalho,? & alternativa de retorno aot clissicos. A contribuigio positiva do artigo apdie-se na negagio de duas hipdteses cruciais da concorréncia perfes tar a de que o produtor individual no pode afetar delibe radamente © seu prego, © qual deve considerar cono dado Andependenterente da quantidade produzida: e 2 de que ca~ a produtor em concorréncia opera, necessarianente, em con @igdes de custos crescentes. Assim, Sraffa sugere que: a) © principal obstdculo enfrentado pelo produtor indivi- dual para aunentar sua produgio & eva incapacidade de ven sem reduzir os pregos ou aunentar seus custos de ven, da - vale dizer, a firma faz face a uma curva de demanda @escendente; © b) um Gnico prinefpio comandaré a nogdo de 1 Pp. Sraffa, Producio de Hat por Melo_de veresdories (Rio centes, os quais, face a sm resultar de economias in ternas A firma. Por conseguinte, Sraffa abandona as hipé B custos - 0 dos rendimentos ci proposigio anterior, ayora keses de equilibrio om concorréncia perfeita sen abrir mio da Stica da andlise de equilfbrio parcal. A nova a- bordagem que daf decorre pretende, a um tempo, ser logica mente mais consistente que a antertor e fundada no que mostra "a experiéneia cotidiana". Enbora Sraffa nio desenvolva de forma rigorosa lum modelo alternativo de fornagio de prego, aparecem nas Payinas finals de seu artigo muitos dos conceitos e iaéias que virdo configura desenvolvinentos mais recentes da concorréncia inperfeita e oligopolista. Assim, slo enfa- tizados por Sraffa: a 1déia de diferenciagio de produto: a iwportineia das preferéncias dos consunidores; 0 papel dos gastos de venda; a nocio de que a firma leva em consi, deragio as possiveis reagées de seus competidores ¢ resis, te a reduzir pregos; a possibilidade de as firmas apresen tarem luctos extraordinarios coo resultado da existéncia de barreiras a entradas de novos competidores: e a exis- \Sncta de Limites ao endividamento da firma. Assinale~se, em particular, cono desdobranento @ireto do artigo de Sraffa e do SinpSsic que o seguiu, o Gesenvolvimento da teoria da concorréncia imperfeita na Aécada de 30, A influéncia sobre Joan Robinson & reconhe clda por esta autora, No caso de Chamberlin, 0 artigo 43 margem @ mais um caso de coincidéncia histérica, j4 que este autor reivindica 0 desconhecimento do texto sraf- fLano. Para conclutr, cabe observar que o esforgo crf- theo de Sraffa nio teve o efeite demolidor que © autor pa recta esperar. Toda a ironia e forga do artigo nio inpe- Airam, vt pour cause, que a ele se aplicasse uma de suas consideragées iniciats: "De vez em quando acontece de al- guam ndo mats resistir a pressio de suas dividas, expres- 10 Ett. econ, 41) 1902. sando-as abertancnte. EntBo, a fim de evitar gue o escin Galo sc propague, ele & prontanente silenciado, freqtente mente com algunas concessies © aceitagio parcial de suas objegdcs, as quais cstavam, naturalnente, impl{citas na teoria". Isto no & de espantar. aAfinal de contas, como aponta licks, “tense que reconhecer que 0 abandono com Pleto da hipdtese de competigio perfeita... tem conseqtiin chas muito destrutivas para a teria econdmica".? Assim, se "s5 for possivel salvar alguna coisa destes esconbros = © deve ser lembrado que o que esti aneagado de destrui- go @ a maior parte da teoria do equilfbrio geral -, se pudermos admitir que os mercados confrontando @ matoria as firmas n3o @iferom demasiadanente de mercados de con- corréncia perfeita... vale a pena tentar oste escape".? Value and capital (Oxford: Clarendon Press, 21938 Lit. econ., 4(1) 1982. Hi As Les dos Rendimentos solo Condicées de Concorréncia Piero Sraffa [bo Trinity College, Universidade de Cambridge, Inglaterra]] uma caracterfstica notével da posigio atual da eléncta econémica 6 © acordo quase undnine @ que os econo mistas chegaran com relagio & teoria do valor em concor- réncia, Tal teoria, que se inspira na simetria fundamen- tal existente entre as forgas da denanda e da oferta, ba- seia-se na hipStese de que as causas essenciais na deter- minagio do prego de bens especificos podem ser simpli fica das, © agrupadas, de tal forma que possam ser representa- das por um par de curvas de demanda @ oferta coletivas gue se intercepten.? Este estado de coisas est em tananho contraste com as controvérsias sobre a teoria do valor, que caracte rizavan a economia politica do século passado, que se po- deria mesmo pensar que deste chogue de 1déias acendeu-se, finalmente, a centelha de una verdade definitiva. 0s cé- ticos poderian talvez pensar que 0 acordo em qucstio se deva mais ao desinteresse atual da maioria pela teoria do valor do que § sua aceitagao. Esta indiferenga justifi- {rot inarianente publicado em te Beane ‘ered reprodusido eo G. & ‘Stigter (chicago; Richard T.-K tradugao € de Jacob Frenkel io de Antonio de Lima Brito] coneto- publicads Hit. eoon., 4(1):18-84, 1982. i | | 12 ca-se pelo fato de que a referida teoria, mais do que qual quer outra parte da teoria econmica, perdeu muito de sua influéncia direta sobre a pritica polftica - particular mente con relacdo as doutrinas sobre as mudangas sociais ~ que Ihe fora atribufda inictalnente por Ricardo, depots Por Marx e, em oposigdo a eles, pelos economistas burgue- ses. Ela fol transformada cada vez mais num “instrunento da mente, uma técnica de pensar", que nie fornece nenhuna “conclusio estabelocida inediatamente aplicivel a polfti- cas".? £ essencialnente un instrunento pedagdgico, algo como 0 estudo dos classicos, © seus objetivos, diferente mente dos estudos das ciGncias cxatas e jurfdicas, sio ex clusivamente os do treinanento da mente, raio pela qual ela difictinente esta apta a estimular as paixdes dos ho mens, mesmo dos académicos. Em resuno, é una teoria da qual, cono tradigio formal e aceita, nio vale a pena se afastar. De qualyuer modo, ainda permanece a questio da concordancia. No quadro de trangUilidade que a moderna teoria do valor nos apresenta existe um ponto obscure que altera a harnonia do todo, representado pela'curva de oferta ba- seada nas leis dos rendinentos crascenteae docrescentes, OE en-contectto que Sues fundagSes sio menos sélidas que outras partes da estrutura, mas na realldade o fato de se em to fracas a ponto de no suportarem ox pesos a que So subsctides € uma divida que permanece adornectda no subconsciente de muitos, mas que a maioria consegue sutit mente ocultar. De vez em quando acontece de alguém ni mais resistir & pressio de suas divides, expressando-es abertanonte. Entio, a fim de evitar que 0 escindalo se propague, ele & prontanente silenct.ado, freqlentemente com algunas concessdes e aceitagio parcial de suas objeqdes, n Maynard Keynes, Tntrodusio aos "Canbes [ho"originat ny", que optanos po ‘para nio confundir com "Politica". (R. do ue Lit, econ, 111) 1992. a5 queis estavam naturalnente implfestas na teoria. Assim 13 sendo, com o passar do tenpo as qualificagics, restrigdes ¢ excogdes foran-se acumulando, acsbando por “engolir", se nio toda, cortanente a maior parte da teoria. E se seus efeitos conjuntos nao slo visfvets de inediate & porque se achan aispersos em rodapés e artigos, cuidadosanente separados uns dor outros. Mio & intengio deste artigo acrescentar nada & pilha J4 existente, mas simplesnente tontar coordenar cor tos conponentes, scparando os que ainda continuan vives dequeles que esto mortos no conceito da curva de oferta Te dos seus efeitos na determinagio dos precos em ccncor- end No momento, 98 1 ectal snportincia devide 99 papel que deserrenhan “RE EEETES 85 valor, nas sio essenciainonte mais antigay due a teoria particulsrfo Nalor onde_sio_ylilizadas, sen 4 procisanente de sua idade secular © de suas aplicagses originats que derivan tanto o seu prestigio quanto suse fraquezas nas aplicagios modernas. Estanos.dispostos. a aceitar as leis dos rendinepios_cama.un dada concrete, pit tenos diante de nds os enormes e indiscutivels servigos ‘Por elas prestados quando exerciam a sua antiga fungao,¢. “Favanente,nos-pexguntanos se os velhos barris ainda estio @m Condigées de armazenar un novo vinho. HE muito tempo, a les tes @ associada principainente 3 questo da “renda",e des be ponto de Vista era perfeitanente adequada, conforme for mulada pelos economistas elicsicos com referéncia & terra. Nunca houve divide de que o seu funcionanento afetava nio sonenig a “renda", como tanbén 0 custo do produto, mas is to Hao )tot enfatizado cono causa da variagio no prego re- Lats¥ dos bens individuais profuzidos, porque © funciona mento dos rendimentos decrescentes aunentava, na nesna me @iaa, 0 custo de todos. Isto permanecey coro verdade meg mo quando os economistas cléssicos ingleses aplicaram a Lit. eeon., #(1) 1982 as eS 44 lel & produg3o de cereais, pols, como mostrou Marshall, “o terme cereais foi usado por eles como abreviagio para a produgio agricola en gerai".? [A posigdo ocupada na economia classica pela let dos rendimentos crescentes era bem menos proeminente, 3 que era encarada meranente cono um aspecto importante na Aivisio do trabatho, no resultando, assim, do progresso econémico em geral, mas de un aumento na escala de produ gio. © resultado fol que nas leis dos rendinentos o- riginals a 4aéia geral de uma relagio funcional entre sgustos ¢ quantidades produzidas nio ocupou um lugar cons- pfeuc, parecendo, de fato, que esteve presente nas mentes dos economistas clissicos con menos proeminéncia go que a conexio entre denanda © prego de demanda. © acontecimento que enfatizou o primeiro aspec- to das leis dos rendimentos & conparativanente recente. Ro mesmo tenpo renoveu anbas as leis da posigio que, de acor do com a divisio tradicional da economia politica, costu- mavam ocupar, uma sob o titulo de “distribuigio" @ a ou- tra de “produgdo", e transferiu-as para o capitulo “valor de troca", 18 fundindo-as na “lei dos rendimentos nio pro porctonais" e derivando delas una lei da oferta num merca do, de tal manetra que pudesse ser coordenada com a cor- respondente lei da demanda; @ na simetria destas duas for gas opostas baseou-se a moderna teoria do valor. Para alcangar este resultado, achou-se que era necessirio introduzir certas modificagdes na forma das duas leis, Muito pouco fol necessario com respeito let dos rendimentos decrescentes, que simplesnente exigiu sua 16 Lee. econ, 401) 1982, genoralizagio do caso particular da terra para todos 08 15 catos em guc existisse um fator de producto, com quantida de aisponfvel constante. A lei dos rendimentos crescen- tes, porém, teve que sofrer una transformagio muito mais radical: 0 papel nela desempenhado pela divisio do traba- Aho ~ Limitado agora ao caso do surginento de empresas su plenentares independentes em face do aunento da produc de una deterninada indiistria - foi bastante restringido; enguanto isso, uma maior divisio interna do trabalho, re~ aultante do aumento das dinensdes da firma individual, foi Anteiramente abandonada, una vez que foi considerada in- conpativel com as condigdes de concorréncia. Por outro 1a @0, incentivou-se cada vez mais a importincia da "econo- mias externas", isto 6, das vantagens obtidas pelos produ tores individuais a partir do crescimento da indistria co mo un todo, © no de seus empreendinentos individuais. Mesmo em sua presente forma, as duas leis pre-~ servaran as caracteristicas que apontam suas origens cono sendo de forgas de natureza inteiranente diversas. £ fato que esta heterogeneidade constitui um obsticulo intranspo nivel quando se tonta coordenar e empregar as referidas leis em conjunto em problemas relacionados com os efei- tos das variagdes no custo, endo com as causas. Entretah to, introduz una dificuldede nova quando se tenta classi- ficar as varias indistrias conforme pertengan a una cu ov tra categoria. De fato, é da prépria natureza dos funda- mentos das duas leis qu quanto mais ampla a defini- so que se adnita para "indistria® - isto &, quanto mais ela abranja todos os empreendimentos que enpregam um dado fator de produgio, como, por exemplo, a agricultura ou a Sndistria met: rgica -, mais provivel é que as forgas que Ampulsionam os rendimentos decrescentes desenpenhem um pa pel importante; eb) quanto mais restritiva esta defini- glo ~ isto &, quanto mais ela se restrinja epenas a enpre Sas que produzam un dado tipo de mercadorta consunivel, bit, econ, #(1) 1982, ” 46 como, por exenplo, frutas ou pregos ~, maior seré a proba bilidade de predoninarem as forgas que acarretan rendimen tos crescentes, fm seus efeitos, esta dificuldade 6 para lela iquela que, j8 sobejamente conhecida, surge da consi, deragio do componente tempo, pele.qual quanto menor 0 pe~ rfodo de tenpo pernitido para os ajustanentos,maior a pro, babilidade de rendimentos decrescentes, e quanto maior 0 perfodo, lor a probabilidade de rendinentos crescentes. As aificuldades realmente sérias aparecem quan- do se analisa em que medida as curvas de oferta baseadas nas leis dos rendimentos satisfazem as condigées de con~ corréncia. Este ponto de vista admite que as condigées de produgio ¢ denanda de una mercadoria possam ser considera das, no que diz respeito a pequenas variagdes, praticanen te independentes, tanto entre si como em relaio i oferta fe domanda de todas as outras mercadorias. Sabe-se perfei, tanente que tal hipStese no seria ilegitima apenas pelo fato de a independéncia ndo ser absolutamente perfeita (co, mo de fato nunca pode sé-1o), podendo um pequeno grau de Anterdependincia ser desprezado, sem desvantagens, una vez aplicado a una segunda orden de variagdes. Seria 0 caso, por exenplo, se 0 efeito de una variagio na indistria que gostarfenos de isolar, e-g- um aumento de custo, fosse a reagio parcial no prego dos produtos de outras indistrias, fe este efeito, por sua vez, influenciasse a demanda do pro duto da primeira indistria, Mas isto, & claro, represen~ ta una questo totalmente diferente, e a hipétese torna- se Slegftima quando a variagio na quantidade produzia pe la indéstria em consideragio coloca en agdo una forga que age dirctanente sobre os custos das outras indistrias, e niio somente sobre os seus prdprios. Neste caso, as condi ges de “equilfbrio parcial"” que se pretendia isolar sio particular equilibrive™, (W. do 7.) 18 Lie. econ., 1962. ronpiéas, niio sendo mais possivel, sem incorrer-se em con tradigio, negligenciar os efeitos colaterats. Acontece que, infelizmente, & procisanente nes- ta categoria que se situa a maloria dos casos de aplica- gio.das lets dos rendimentos. De fato, com relagio acs rendimentos decrescentes, se na produgdo de uma determina 4a mercadoria & enpregada una consideravel parte ad fator = euja quantidade total & fixa, ou pode ser aumentada so- mente 8 un custo maior que © proporeional -, um pequeno aunento na produgo da mercadoria necessitard de una uti- Aizago mais intense deste fator. Isto afetars, da mesma maneira, 0 custo da mercadoria em questo, bem como o das outras em cuja producdo este fator entrar; e, desde que estes nercadorias (em cuja produgio existe um fator expe cfal comun) sejam até certo ponto freqllentemente substitu tas entre si (por exemplo, varios tipos de produtos agri- colas), a rodificagio nos seus pregos terio efeitos consi @eriveis sobre a denanda na indiistria em discussio, = Se tonarnos, entio, uma indistria que utiliza apenas uma pequena parte do “fator constante” (o que pare ce 0 mais apropriado para se estudar o equilfbrio parcial de uma indistria individual), verificarenos que um (peque no) aumento na sua produgdo € geralmente realizado muito mais com @ retirada de “doses marginais" do fator constan te de outras indiistrias, do que com a intensificagio da prépria utilizagio do mesmo. Assim sendo, 0 aumento no custo seri praticanente negligivel e continuars, de qual quer maneira, operando em grau i@éntico sobre todas ss in @istries do grupo. 7 Excluindo estes casos e - se adotarmos um ponto @e vista que abranja perfodos longos - nunerosos outros os quais a quantidade dos meics de produgdo possa ser en carada cono se estivesse fixada apenas tenporarianente em relagdo a una demanda inesperada, muito pouco restaré: @ estrutura dos rendinentos decrescentes montada esté dispo Lit. econ., 41) 1982, 38 18 nivel sonente para os estudos de uma diminuta classe de mercadorias em cuja produgao © fator de produgio & utili- zado. Aqui, & claro, por "nercadoria" deve-se entender um produto paca o qual & posafvel construir, ou no mfnino conceber, um diagrana de demanda que seja suficientemente honogéneo © independente das condigdes da oferta, @ nio una colegio de diferentes produtos, tais como os agrfco- Jas ou os de ferragens, como fregtlentenente est& impli- cite. Nio & por acaso que, a despeito da natureza pro fundanente diversa das duas leis dos rendimentos, as mes~ mas dificuldades tanbém aparegam, de forma quase idéntica, fem relagio 20s retornos crescentes. Aqui novanente veri~ ficanos que a realidade das econonias de produgio em gran de escala ndo se adaptam as exigéncias da curva de oferta: elas tém um campo de ago que € maior, ou mais restrito,do que seria necesséric. Por um lado, redugdes de custo pro, vocadas por “estas economias externas que resultan do pro gresto em geral do meio ambiente industrial", s quais se refere Marshall," devem, de fato, ser ignoradas, pois se mostram claramertte incompatfvets com as condigies do equi Aric parcial de uma mercadoria. Por outro lade, redu- Ses de custo decorrentes de um aumento da escala de pro- dugdo da firma, surgidas de economtas internas ou da pos~ sibilidade de distributr custos gerais sobre um maior ni~ mero de unidades, devem ser postas de lado, por se revela Fem inconpativets com as condigSes de concorréncia. As Gnicas economias que poderian ser tonadas em consideragio serian aquelas que ocupassen uma posigio internediaria en tre esses dois extremos, enbora seja justanente neste meto-terno que nada, ou quase nada, seré encontrado. aque. Las economias que sio externas do ponto de vista da firma Andividual, mas internas com relagio & indistria no seu todo, constituem precisanente a classe mais raranente en- 20 Lit. eeon., 4(1) 1982, contrada. Como disse Marshall no trabalho em que preten- 19 dev enfocar com mais precis3o as atuais condigées da in- Aistria, "as economias de produgio em larga escala rara~ mente poden ser alocadas com exatidio # alguna indistria: elas estio extrcnanonte 1igadas a grupos, fregdentencnte grandes grupos de indistrias correlacionadas".? Seja co- mo for, na medida em que existam economtas externas deste tipo, elas provavelmente néo surgem devido a pequencs au- mentos na produgio. Assim sendo, parece que curvas de o- ferta mostrando custos decrescentes no serio encontradas com mais fregléncia que a situagio oposta. Reduzido a estes limites, o esquema da oferta com custos variiveis nfo pode pretender ser um conceito geral aplicével a indGstrias normais, mas epenas provar ser un instrunento Gtil somente no caso de algumas indis- trias excepcionais que satisfagam razoavelnente as suas condiges. Nos casos normais, o custo de produgio de mer cadorias produzidas en concorréneia - e dado que nio esta mos en condigdes de levar em consideragio as causas que 0 possan aumentar ov diminuir - deve ser visto cono constan te com respeite a pequenas variagSes na quantidade produ- zida.® Assim sendo, como uma maneira simples de abordar and Trade, p. 188. as que tenden a fazer c fer 0 modo mais dbvio ¢ ‘a denanda © a oferta, of autores que legar 0 corrigir es co cone resul ye m0 po eber uh tado da covpensagso de duas variavels iguais © ope a1 20 © problema do valor em concorréncia, a velha e agora obso leta teoria que o considera dependente apenas do custo de Produgdo continua sendo a melhor éisponivel. Até 0 ponto en que & capaz de atingir, esta pri meira avaliagio € tio importante quanto til: enfatiza o fator fundanental, ou seja, a influéncia predominante do custo dé produgio na determinagio do valor normal das ner cadorias, © ac mesmo tempo nos induz ao erro quando dese Jamos estudar, com maiores detalhes, as condigdes sob as quais o intercinbio se realiza em casos particulares. Is- fo porque ela nos esconde o fato de que no podenos encon trar, dentro dos limites de suas hipdteses, os elementos requeridos para este propésito. Quando aprofundanos nossa avaliagio, mantendo- ‘nos no caminho da livre concorréncia, as complicagdes nio surgen gradualnente, cono seria o ideal, mas apresentan- se simaltaneanente, como um todo. Se os rendimentos de- crescentes surgidos de um “fator constante" si0 torados em consideragio, torna-se necessdrio entender o campo de in= vestigagao de mado a podernos examinar as condigdes do e- Quilfbrio simultaneamente em diversas indistrias; esta 3, aliis, uma concepgio bem conhecida, cuja complexidade, en tretanto, a impede de frutificar, pelo menos no atual es~ tAgio de nosso entendinento, no permitindo, inclusive, o so de esquenas muito mats simples de serem aplicados 30 estudo de condigées reais. Passando as economlas exter- as, deparano-nos com o mesmo cbsticulo, havendo tanbéa a Amposstbilidade de se poder confinar, dentro de condigses estiticas, as circunstancias nas quats elas se originan. Torna-se necessirio, portanto, abandonar o cant, tho da livre concorréncia e voltar para o lado oposto, 1s to 8, em dtregio a0 monopSlio, onde vanos encontrar una teorta bem definida, na qual vartagées de custos relacto- Radas com mudangas nas dimensdes dos enpreendimentos indi viduats desompenhan papel importante, £ claro que, quan- a Lit. eoom., 4(1) 1982. do nos deparamos com teorias sobre os dole casos extremos 21 e monopélio e concorréncia, como parte do instrumental necessario para estudar as condigdes reais nas diferentes AnéGstrias, somos advertidos de que estas geralmente nic ge enquadran exatanente en nenhuna daz categorias. Encon tram-se, isto sim, numa "zona intermediaria", eendo que a patureza de una indistria torna-se mais préxima do siste- ma monopolista, ou do concorrencial, de acordo com cir- cunstincias especfticas, como o fato de o niimero de enpre endinentos auténomos no sistema ger maior ou menor, ou es tarem eles ligados ou ndo por acordos parciais, ete. Sonos levados, entio, a acreditar que quando a produgio esti nas maos de muitos enpreendinentos, inteira mente independentes entre si quanto 3 questio do controle, as conclusdes proprias da concorréneia podem ser splica~ @as, mesmo que © mercado onde os bens sio trocados nfo se absolutanente perfeito. Isto porque suas inperfeicdes 1, em geral, constitufdas por fricgées que, enbora pos- sam retardar ou modificar ligeiranente os efeitos das for gas ativas de concorréncia, acabam sendo, em Gltima andlit se, sobrepujadas por estas forgas. Este ponto de vista pa rece ser fundanentalnente inadnisefvel, pois muitos dos obsticulos que alteram a unidede do mercado, que € a con @igdo essencial da concorréncia, ndo so de natureza “fric cional", mas forcas ativas que produzem efeitos permanen- tes ¢ mesmo cunvlativos. Além do mais, slo quase sempre Gotados de estabilidade suficiente que lhet permite serem objeto de andlise com base em hipSteses estatisticas. Dois destes efettos, os quais se encontram bas~ tante interligados, sio de especial importincia, uma vez gue poden ser freqlentemente encontrados em indistrias on de parecen predoninar as condigdes de concorréncia; so tanbén de especial interesse porque, como se relacionan com alguns dos elementos mais caracterfsticos da concep- 0 da teoria da concorréncia, denonstran quio raranente Bit. econ., 41) 1982. 23 22 estas condicdes sio encontradas em sua integridade; mos- tren, ainda, como um pequeno desvio destas @ suficiente para fazer com que a forma cono equilfbrie 6 atingido torne-se extremanente similar Aquela peculiar ao monopé- Lio. Estes dois pontos nos quais a teoria da concorrén- cha Aifere radicalmente da realidade em sua mani festagio mais geral sdo: primeiro, a idéia de que 0 produtor em concorréncia nio pode deliberadanente afetar 0 prego de mercado, podendo, portanto, encari-lo cono constante qual quer que seja a quantidade de bens que individualnente pos 38 colocar no mercado; segundo, a tdéia de que cada produ tor em concorréncia produz normalmente em circunstincias de custos individuats crescentes. A experigneia cotidiana mostra-nos que um gran- de niimero de enpreendimentos - e a maioria dos que produ- zem bens de consumo manufaturados - trabalha sob condi~ ges de custos individuals decrescentes. Quase todos os produtores destes bens expandirian bastante seus negécios = sem nenhum esforgo de sua parte, a no ser o de produ ziclos - se pudessem confiar que o mercado no qual vender seus produtos estaria preparado para absorver toda a pro- @ugio a0 prego corrente. Nao fGci1, em tempos de ativi dade normal, encontrar un enpreendinento que sistematica- mente produza menos do que & capaz de vender a0 prego cor rente, @ seja ao mesmo tempo impedido pela concorréncia de exceder Aquele prego. Os homens de negécio, que se jul gam sujeitos 4s condigées de concorréncta, considerariar absurda a afirmagio de que o limite para suas respectivas produgdes & encontrado nas condigdes internas de produgic de suas firmas, que nio permiten una produgio maior ser lun aunento no custo. 0 principal cbstdculo com que se de paran ac tentaren aunentar gradualnente suas produgdes nic reside no custo de produgdo ~ 0 qual, na realidade, geral mente 0s favorece -, maa aim na dificuldade de vender quantidade mator dos bens sem reduzir © prego, ou sem te~ rem de incorrer em despesas maiores de comerctalizagio. a Ute. econ., 4(1) 1982. Esta necessidade de diminutr os pregos para poder vender luna quantidade maior & apenas um aspecto da curva de de- manda descendente, com a diferenga de que en vez do se re ferir uma nercadoria como un todo, qualquer gue seja a sua origem, diz respeito aos bens produsidos por uma fir- ma especifica. Além disso, os gastos de conereialszagio necessirios para a anpliagdo do mercado corresponden a es forgos onerosos (com propaganda, viajantes conerciais, £2 ellfdades aos consumidores, etc.) para aunontar a disposi 30 do mercado de comprar seus produtos - isto &, elevar artifictalnente a curva de denanda. Este método de encarar 0 assunto parece ser o mais naturel, € 0 que mais se aproxima da realidade. Sem @ivida, do ponto de vista formal & poss{vel inverter es~ tas relagSes @ aceitar 0 fato de que cada conprador seja Andiferente na sua escolha entre os diferentes produtores, desde que estes Gitinos, a fim de se aproximarem do con- prador, nio se importem em incorrer nae diferentes despe- sas de conercializagio, nem tanpouco em computar estas despesas, aunentadas de conercializagio, no custo de pro- @ugdo de cada um. Deste modo, custos individuats crescen tes podem ser obtidos em qualquer extensio desejada, bon como um mercado perfeito com denanda {limitada, a pregos correntes, para os produtos de cada um. Mas a questio da alocagio das despesas de conercializagio nio pode ser de- cidida do ponto de vista da corregio, pois sob este aspec to 0s dots métodos so equivalentes. Tampouco pode ser @ecidide com base no fato de que estes custos sio efetiva mente pagos pele comprador ou pelo vendedor, uma vez que nfo afeta, en absoluto, sua incidéneia ou seus efeitos. 0 importante & identificar de que maneira as varias forgas fen funcfonanento podem ser agrupadas de forma mais honogé nea, de modo que se possa estimar mais rapidanente a in- Alvéneia de cada uma delas no equilfbrio resultante. Des te ponto de vista, o segundo método deve ser rejeitado, pois oculta inteiramente os efeitos que as circunstanctas Be. econ, #(2) 1962 Bs 24 forjadoras das despesas de conerciallzagio exercen sobre @ perturbagio da unidade do mercado. Além disso, ele al- tera o significado da expressio “custo de produgdo", tor nando-o dependente de elenentos estranhos 3s condigdes em que tom lugar a produgéo de una dada empresa, © deforma, consegtentenente, a mancira cono 6 afetado 0 processo efe, tivo de determinagdo do prego e da quantidade produzida ae cada empresa. Portanto, quando adotanos o primeiro ponto de vista, somos levados a atribuir a medida correta da impor tincia ao principal obstaculo, © qual impede o livre jogo da concorréncia, mesmo onde esta parece predominar, e a0 mesmo tenpo torna possfvel um equilfbrio estivel. Tato ocorre mesmo quando a curva de oferta para os produtos de cada firma individual 6 descendente, isto &, com a auséncia de indiferenga por parte dos conpradores de bens entre os Aiferentes produtores. Sio inimeros os motivos que levan jum deterninado grupo de compradores a preferir uma firma fem particular: hébito antigo, cunhecimento pessoal, confi anga na qualidade do produto, proximidade, conhecimento de aspectos espectficos, possibilidade de obtengio de crédi- to, reputag3o de uma marca comercial ou sinbolo, nome com altas tradigées, ou ainda devido as caracterfsticas espe- ciais dos modelos ou da apresentacio do produto que, sem se constituir numa mercadoria diferente destinada & satis fagio de necessidades espectficas, tem como propdsito dig tinguir-se dos produtos de outras firmas, 0 que estas e outras razées possivets da preferéncia tém em comin & © fato de mostrarem una disposigio (que pode ser ditada pe- 1a necessidade), por parte dos compradores a clientela da firma, de pagar, se neces: constituen 10, algo extra a fim de obter os bens de uma firma em particular, em vez de outra qualquer. Quando una firma que produz uma dada mercadoria encontra-se em tal posicdo, o mercado geral para essa mer. 26 Lit, econ, 401) 1988, cadoria subdivide-se em una série de mercados distintos. 25 Quaiquer firma que procure crescer além de sev préprio mercado, invadindo os de seus conpetidores, vé-se na con- tingéncia de contrair pesadas despesas de conercializagio para superar as barreiras que cercan esses mercados; por outro lado, entretanto, dentro de seu préprio mercado, e sob a protesio de suas préprias barreiras, cada uma des~ fruta de posigio privilegiada que Ihe proporciona vanta~ gens que so iguais - se niio em amplitude, pelo menos em natureza - Aquelas desfrutadas pelo monopolista: comun, Tampouco & necessério enfatizar © conhecido con, cesto de nonopélio para nele podermos enquadrar este ca- 80. De fato, nele também verificanos que a maicria das circunstincias que afetam a forga de um monopolista (tais como a posse de recursos naturais Gnicos, os privilégios legais, o controle de una proporgio maior ou menor da pro dugdo totel, a existéncta de mercadorias rivais, ete.) exerce sua influéncia essencialmente afetando a elastici- dade da demanda dos bens monopolizados. Quataquer que pos sam ser estas causas, est: & 0 Gnico fator decisive na eg timagiio do grau de inéependéneia que um monopolista tem pare a fixagio dos pregos: quanto menos elastica a denan- da de seu produto, maior 0 controle que exerce sobre 0 seu mercado. 0 caso extreno, que pode ser apropriadanen- te chamado de “monopélio absolute", & aquele em que a elasticidade da demanda para os produtos de uma firma & igual a 1.7 Neste caso, por mais que o monopolista eleve seus pregos, as quantias periodicanente gastas ma compra de seus bens nio sio, nem mesmo parcialnente, desviadas para canais diferentes de despesa, e sua politica de pre~ Let. econ, €(1) 1982. aD 26 G05 en nada ser afetada devido ao medo da concorréncia do outras fontes de oferta. Assim que a elasticidade au- menta, a concorréncia conega a se fazer sentir, tornando- se mais intonsa quanto maior for a elasticidade, até a elasticidade infinita da denanda para os produtos de um enpreendimento individual, a que corresponde um estado de concorréncia perfeita. Nos casos intermediarios, 0 signi ficado de uma elasticidade moderada da demanda reside no fato de que, embora 0 monopolista tenha uma certa Liberda de na fixagio de seus pregos, sempre que ele os aumenta é abandonado por uma parcela de seus compradores, os quais prefere gastar 0 dinheiro de algun outro modo. Ao mono- polista pouco inporta se eles o gastam na compra de bens muito diferentes ou iguais aos seus, mas que tenhag sido fornecidos por outros produtores que alo aunentaran seus pregos; em qualquer hipdtese ele deve sofrer - ainda que fem peguene grau ~ una concorréncia efetiva de tais bens, 3& que & precisamente a possibilidade de adquiri-los que leva os compradores a abandonaren de naneica gradual o uso de seu produto quando este aunenta de prego. 0s efeitos Giretos, assim, sio iguais, tanto se as somas liberadas cono resultado de um aumento de pregos por um empreendi~ mento forem gastas nun grande niinero de mercadorias dife- rentes, ou se, de preferéneia, forem empregadas na compra de una ou de algunas mercadorias rivais que estejam de certa forma disponivets para os compradores. & como o ca 0 de un empreendinento que, ebora controle apenas una pequena parte da produgio total de uma mercadoria, tem a vantagen de possuir um mercado particular préprio, enbora oa efeitos indiretos nos dois casos sejan substancialnen- te diferentes. © método Indicado por Marshall com relagdo aos produtos eriados para gostos espetificos & aplicivel 20 estudo deste Gitino caso. “Quando consideramos um produ- tor om particular", diz ele, “nés devenos combina sua cur va de oferta no com a curva geral de demanda para sua mor 28 Lee. econ., 401) 1983. cadoria nun mercado amplo, mas com a curva de demanda de 27 seu préprio mercado especial".® Nas indistrias onde cada firma ten um mercado de certa forma particular, ndo deve- mos utilizar esse método apenas nas ocasides em que esti- vermos considerando 0 produtor individual, mas também quan 40 examinarnos a maneira cono © equilfbric € atingido no mercado como um todo. Isto porque tais curvas, é claro, nfo podem de odo algum ser combinadas de modo a formar wun Gnico par de curvas de oferta e denanda coletivas. 0 método em causa & exatanente © mesmo seguide nos casos de monop6lio comum, sendo que em ambas as situages 0 produ- tor individual realmente determina seu prego de venda pe- Jo conhecido nétodo que torna sua receita de monopélic ou eeus lucros os mais elevadoe possiveis. A peculiarigade do caso da firma que néo possui tun monopSlio efetivo, mas simplesmente um mercado parti- cular, & que, na escala de demanda dos bens por ela produ zidos, 0s possiveis compradores sio admitidos em ordem de erescente, de acordo como prego que cada um deles ests preparado para pagar, sen deixar de comprar inteiranente © sen conprar daquele produtor em particular, ao invés de outro qualquer. Vale dizer, aqueles dois elementos en- tram na composigao de tais pregos de demanda, quais sejan: fa) aquele pelo gual os bens podem ser comprados de outros produtores que, na orden de preferéncia do comprador, ime @iatamente se seguem ao produtor em questao; eb) a medi- @a monetiria do valor (quantidade que pode ser positiva fou negativa) que leva o conprador a preferir os produtos @a firma em questio. Por conventéncia da discussio, suponha-se que, Anictalmente, numa indistria em que prevalecen condigies senelhantes, cada produtor vende a um prego que mal cobre Shar + ops cites Vy aiks 2. Lie. eoon., 4(1) 1982. 2 28 05 custos. 0 interesse individual levar cada produtor a Amediatamente aunentar seus pregos, de modo a obter 0 ator lucro possivel. A difusio desta pratica pele merca do Earl, no entanto, com que as varias escalas de demanda sejam modificadas, porque 0 conprador, quando vir que os fubstitutes que pretendia adguirir so aunenta ‘9 pagar um prego superior pelos produtos da firma da qual @ cliente, de modo que, mesmo antes que o primeiro aunento de prego se concretize, sero criadas con aigdes para permitir que cada enpresa proceda a aunentos posteriores - ¢ assim sucessivanente. £ claro que este Processo chega rapidamente «um limite, pols os frequeses que uma firma perde sempre que aunenta seus pregos podem procurar outros fornecedores, retornando a ele sempre que as outras também os elevaren. Entretanto, 3s vezes al- guns deles sbandonam intetramente a compra dos bens e re tiram-se definitivanente do mercado. Assim, toda enpresa tem duas classes de clientes marginals: aqueles que estio na margem apenas de eu préprio “onto de vista, e fixan un Limite para 0 excesso de seus pregos sobre os pregos predominantes, ¢ aqueles que ali estio do ponto.de vista do mercado geral, ¢ fixam um limite para o aumento geral no prego do produto. £ claro que um ausento geral nos pregos de un produto pode afetar as condigies de denanda ce oferta de certas firmas, de modo que se torne mais vantajoso para elas reduzir os pregos do que seguir @ alta. Mas numa in Aistria que atingiu certo grau de estabilidade na sua es- trutura geal, em relagdo a seus métodos de produgio, a0 niimero de enpreendimentos que a compdeme a seus hibitos conerciais - com respeito aos quais, conseqtientenente, hi péteses estéticas sio mais razoavelmente justificadas -, & muito menos provivel que esta alternativa seja adotada do que a oposta. Em primeiro lugar, ela envolve grande elaaticidade da denanda para os produtos de um empreendi- mento individual e custos rapidanente decrescentes para 30 Lit. econ, 41) 1982. ele - vale dizer, um estado de coisas cujo resultado ine 29 Aiato, © quase inevitivel, & a completa monopolizagao, © gue provavelmente nio seri encontrado, portanto, nun negé- cho operado normalmente por um conjunto de fixmas indepen Gentes. En segundo lugar, as forgas que Jevam os produto- res a aumentar os pregos slo muito mais efetivas ao que aquelas que os impelen a reduzi-los; e isto nio se deve apenas 20 medo que todo vendedor tem de prejudicar o seu mercado, mas principalmente porque um aumento dos lucros através de corte nos pregos é obtido de custae des firmes concorrentes, as quais se véem,conseqtientenente, compeli~ das a tomar atitudes defensivas que podem aneagar os mato res lucros obtidos. Por outro lado, quando lucros mais vantajosos so conseguides mediante aunentos dos pregos, os concorrentes, além de no se veren prejudicades, conse guem até mesmo um ganho positivo, conguista que pode ser encarada como de carSter duradouro. Portanto, uma empre- sa que se veja dlante da possibilidade de aunentar os lu- eros elevando ov reduzindo os pregos geralmente adotaré a primeira alternativa, a menos gue os lucros adicionais se Jam consideravelnente maicres do que aqueles que = segun~ da hipdtese pode oferecer. As mesmae razdee serven para desfazer a divide que poderia surgir se, no caso em consideragéo, 0 equili- brio fosse indeterminado, cone geralmente se observa com relagio ao monopSlio miltiplo. Em primeiro lugar, mesmo neste caso, cona notou Edgeworth, “a extensdo da indeter- minagio se reduz con a dininuigdo do grau de correlagio entre os artigos" produzidos pelos diferentes monopolis~ tas, ou seja, en nosso caso, coma diminuigio da elasti- cidade de demanda para os produtos da firma individual, Limitago cuja efetividade, ressalte-se, sera tanto maior quanto mais rapidanente decrescer © custo unitério com 0 Some Pure Theory of Monopoly”, in Pepers Relating to P.E., vol a, pia. Lit. ecom., 4(1) 1982. a 30 aunento da quantidade produaida, Anhas as condiges, co mo fot dito, estdo geralsente presentes em grande medida Ro caso em estudo. Além disso, a indeterminagio do equi- Librio no caso do monopélio miltiplo depends necessaria~ mente da hipStese de que, a qualquer momento, cada monopo Lista esteja iguatmente propenso a elevar ouareduzir seu Prego, conforme lhe convenha do ponto de vista do ganho Amediato - suposigao que, pelo menos em nosso caso, cono vinos, no se justifica.° A conclusio de que o equilibrio 6 em geral de- terminado nio significa que possam ser feitas afirmacdes gerais com respeito ao seu prego correspondente, pols es- te pode ser diferente no caso de cada enpreendimento, de- Pendendo bastante das condi¢ies especiais que o afetan. © Gnico caso em que se poderia falar de un pre G0 geral seria o de um rano em que a organizagdo produti~ va dos diferentes empreendinentos fosse uniforne e em que seus mercados particulares fossem senelhantes com relagio A natureza e & Fidelidade dos clientes. Neste caso, como se pode perceber imediatanente, o prego geral do produto, através da ago independente de um conjunto de firmas, ca da una das quais levada apenas por seus interesses indivi duais, tenderia a alcangar 0 mesmo nivel do que seria fi- xedo por una finica associagio monopolista, de acordo com 05 principios normais do monopSlic. Este resultado, lon- ge de estar condictonado pela existéncia de um isolamento a Lit, econ, 4¢1) 1982. guase completo dos mercados individuais, requer apenes un 31 Ligeiro grau de preferéncia por uma firma espectfica em cada un dos grupos de clientes. Este caso, em si, ndo ter nenhuna importincia, j8 que & extremamente improvével que tal uniformidade fosse efetivamente encontrida, nas & re- Presentativo de uma tendéncia que prevalece mesmo em ca- 808 reais, onde as condigdes dos virios empreendimentos Aiferem entre si través da qual a agio cunulativa de pe gquenos obsticulos & concorréncia produz sobre os presos efeitos que se aproximan dos de monopélio. Deve ser notado que foi negligenciada » infiuén cla perturbadora exercida pela concorréneia de novas fir- mas, atrafdes para uma indistria cujae condigdes permiten altos lucros monopolistas. Isto pareceu justificado por- que, em prineiro lugar, a entrada de recém-chegados & fre Bentenente impedida pelas pesadas despesss necessérias para estabelecer ums conexio num ramo em que as firnas existentes possuem uma imagen estabelecida ~ despesas que podem geralnente exceder © valor capitalizado dos lucros potenciais ~ e, em segundo lugar, este elemento nar-se significativo apenas quando os lucros moni jeravelnente acima do nive2 no: lueros nos ranos em geral, © que, entretanto, no impede que os pregos sejam deterninados até dentro do limite in- atcado. Além do mais, poderia parecer que a inportancsa das asficuldades de conercial‘zagio como limite do desen- volvinento da unidade progutiva tenha sido superestinada, fem comperagao com os efeitos, na mesma diregio, exercidos pelo aumento mais que proporcional no gasto em que una firma deve alguas vezes incorrer a fim de conseguir os eios adicionais de produgo que reguer. Maz observar-se- 4, geralmente, que tais aunentos nos custos sio um efei- to, @ niio uma causa determinante, das condigdes de nerca~ do que tornam necessario, ou dese jSvel, que uma firme res Lit. econ., 4(1) 1982, 3 32 trinja sua produgio. Assim sendo, 0 crédito limitado de muitas firmas, que hes permite obter apenas una quantia, de Limitada de capital § taxa corrente de juros, geralmen te & consegténcia direta do fato de que una determinada fixma no pode aumentar suas vendas fora de seu préprio. mercado particular sem incorrer em pesadas despesas de co meretalizagio. Se una firma que tem condigées de piodu- zir una quantidade maior de bens a um custo menor também est apta a vendé-los, sem dificuldade, a um prego cons tante, ela poderia no encontrar obsticulos nun mercado de capitais livre. Por outro lado, se um banqueiro - ou © proprietario da terra onde una firma se propde a aunen- tar suas préprias instalagées, ou qualquer outro supridor dos meios de produgio da firna - encontra-se em posicio privilegiada con relagio a ela, poder exigir da mesma um prego superior a0 prego corrente de seus bens. Esta pos sibilidade, porém, sor ainda conseqténcia direta do fato de que tal firma, estando por sua vez em posicio privile- giada com relagdo ao seu mercado partic: tanbém vende seus produtos a pregos acima do custo. 0 que acontece om tals casos @ que uma parcela de seus lucros monopolistas Ine 6 retirada, © no que tenha havido um aumento no seu custo de produgio. Mas estes sio, antes de tudo, aspectos do pro- cesso de difusio dos lucros através dos virios estagios de produgio e do processo de formagio de um nivel normai, de lucros por todas as indistrias do pats. A influgncia deles na formagio dos pregos de nercadorias individuais & de relativa importincia, e sua anilise, conseqtentenente, est além do alcance deste artigo. ue Lit, econ, Uma Nota Introdutéria ao Artigo “A Teoria dos Precos e 0 Comportamento Empresarial”, deR. L. Hall e C. J. Hitch * AcayLEs Bancetos pa Costa ** ‘Uma das questdes mais debatidas entre 0s economistas referese & questio do valor. Ou seja, 0 que determina a q ide de uma merca- doria que se dé em troca de outra? A resposta a esta pergunta nio € 36 importante para se saber 0 determinante daquela relagio, mas porque acredita-se que ela esclarece como funciona a economia ¢ A formulagio mais sistematizada sobre esse assunto iniciase com a economia politica cléssica, cujos representantes principais slo Adam Smith ¢ David Ricardo. Em gerais, afirmam que o que determina o valor de uma mercadoria (ou o seu preco natural, na linguagem de Si tempo de trabalho que ela requer, ou quanto custa produtila, por Marx ao demor no consegue ex; particular, a forca de trabalho, Com x« com 0 conceito de trabalho contido, fem que as mercadorias sio produzidas. No entanto, importantes desses autores para o desenvolvimento da sua propria teoria do valor. Em contraposi¢io a essa abordagem, comega a se desenvolver na Eu- ropa, por volta de 1870, a teoria da 1, Ou teoria subjetiva do valor. Os primeiros ham, Menger, Jevons — des. ocam 0 centro da analise sobre o valor do lado da produczo, para o lado ++ Do Departamento de Econ: 1 Nilo Intengio desta nota discuir a teria do valortrabalho © a sua contr. ‘era, Sobre ese astunio existe uma vasta exemplo, Nepoleoni ‘ase0) Lit, Econ, 83)368378, 1986 34 da demanda. Agora, a utilidade é o principal determinante do valor. Como ia de individuo para in vviduo, ¢ também nao pode ser medida, o valor € algo totalmente s depende da avaliagio que faca cada pessoa. Nas palavras de Hawkins, comentando a andlise de Jevons: “Apesar desta rejeigio dos custos de cular, das teorias do valor-trabalho, ele algumas vezes indireto sobre o valor na medida em que ao afe- Jevaria a uma variacio na utilidade. Nio & utilidade foi dado o principal papel (...)." [Hawkins (1979, Em 1890 Alfred Marshall publica os Principles of economics, em que desenvolve a tese de que o prego de uma mercadoria é determinado pela oferta € pela demanda, Ao contrério dos demais marginalistas, afir- Wo se poderia descartar os custos de produgio como sendo um importante na explicaglo do prego. Tanto 0 custo como a ui dade teriam um papel a desempenhar. O primeiro, na explicagio da oferta ‘io da demanda, Sobre isso afirmava: “Nés pode- aroivel se é a lamina superior ou inferior de uma tesoura a que corta uma folha de papel, lor é governado pela ie ou pelo custo de produgio" 979, p. 14) Para Marshall a livre concorréncia garantiria que 0 preco fosse determinado pelas forgas impessoais do mercado. A hipétese di empresas trabalham sob condigées de custos 4 sua expansio e, conseqiientemente, evitaria que o mercado se tornasse monopolista. .¢do em 1926 do artigo “The laws of returns under compe mms” por Piero Sraffa, agora traduzido em portugues [ver Sraffa (1982) tro do ataque do artigo foi o conceito de curva de oferta. O objetivo de Marshall era obter uma curva de oferta que fosse simétrica & curva de 1rdo, ambas retiradas do contexto em que foram desenvolvidas © aplicadas, entio, por Marshall na andlise da determinagio do prego [ver ‘Tolipan ¢ Guimaraes (1982, pp. 6-7)}- Sraffa demonstra através de 0 Lit, Econ, 83) out. 1986 Em 1983 vem a piblico na Inglaterra o livro The economics of 35 imperfect competition, de Joan Robinson, e simultaneamente, mas de ma neira independente, E. Chamberlin publica nos Estados Unidos 0 seu The theory of monopolistic compet No primeiro caso, como afirma a autora, o seu livro é resultado daquela sugestio de Sraffa. Ambos 0s auto- tres tratam da mesna questo, ot seja, daquelas condigées de mercado dife- rentes da concorréncia perfeita ‘As empresas, a0 contririo do que diz a concorréncia pe tam com uma curva de demanda negativamente inclinada. que elas tém algum poder discricionério (de mono| do produto que vendem, De onde provén este poder? No caso da expli tagio de Joan Robinson, seria devido aos custos de transporte, & garantia de qualidade fornecida por uma marca bastante conhecida, & publicidade, ao atendimento, etc. Ou seja, Aquelas condigoes que tornam o mercado imperfeito. Para Chamberlin, esse poder € proporcionado pela diferen- iagdo dos produtos, como a existencia de marcas registradas, forma ou ‘confecgio do produto, etc, sendo que esta diferenciagio, para os consumi- ores, pode ser real ou imagindria. Uma distingfo entre esses autores € trata principalmente do monopélio © perfeita © adapt wuagio, A utilizagio a hipétese de que as empresas tenham como Sobre isso, alirmava que“... € precisa 1a vidvel a andlise do valor” (Robinson (1972, Lit, Econ, (9) out. 1986 m 96 concorréncia imperfei a ser aceitou esta hipétese como o caminho necessirio na explicagio da formagio dos precos. Hall ¢ Hitch demonstraram, através de uma pesquisa empirica com 38 empresas britanica ss nfo tentavam igualar a receita marginal belecerem os seus precos ¢ os seus niveis de producto. A explicagio dada é de que as empresas no conhecem, ot no fazem esforgo para calcular, as suas curvas de receita e custo marginal Como se sabe, a hipdtese da maximizagio do lucro requer que as empresas, ‘conhegam essas curvas. No entanto, para que isto seja poss que elas determinem as suas curvas de demanda — para é necessitio obterem a receita marginal — e 08 seus cust (que se supée serem cres- Ques sirios mostraram-se indi- ‘ou vagos sobre a determinagio da elasticidade da demanda,? No caso dos custos, os dados, de acordo com os autores, nfo eram confi pois as empresas produziam uma ampla variedade de produtos. E con uem que a maioria dos empresirios “... aparentemente no tentava, ‘mesmo que implicitamente, estimar as elasticidades da demanda ou 0 ‘marginal (em oposigio a0 custo médio direto) ; e daqueles que 0 , a majoria considerou a informagio de pouca ou nenhuma rele vVincia para a fixagio do preco salvo, talvez, em condigées muito espe Se os empres custo marginal qual as empresas seguem o que ‘lo estabelecem o prego igualando a rece © procedimento adotado? Segundo os autores s denominaram de principio de “custo De acordo com este principio, os empresdrios para fixarem 0 prego tomam. © custo médio direto, adicionam uma percentagem para cobrit 0s custos fixos ou indiretos e uma percentagem para os lucros, Esses consi derados no como sendo maximos, mas como “razodveis". Qual & a rationale desse comportamento? A importante constataglo da pesquisa € de que as firmas no podem determinar as demanda, pois nao conhecem as preferéncias dos consumidores € porque hd uma interdependéncia nas politicas de prego ¢ producio das empresas, Ou seja, elas no sabem como os concorrentes reagiriam a uma fem seu preso ou no seu nivel de producio. Outros foram de que o preco cobrado dessa forma era o preco “justo” ou “correto", 2 No ponte de maximisgio do lucro, 3 dade € igual 8 seguinte rahe prego ee — custo marginal a Lit, Econ, 83) out. 1986 0 receio de desagradar s, 0 medo da reagio dos concorrentes, etc. 37 ‘As Tabelas 2 a 5 do artigo resumem as razées das 80 empresas que aderiam a politica do custo total. Assim, a demanda nfo tem aquele papel importante na determinacio do preco como preconizado pela teoria neaclissica, nem a ma do Iucro ¢ adequada para watar De acordo com Possas duas contribuigdes ... fundament a) Uma outa contribuigio importante de Hall e Hitch referese a0 con- ceito da “curva de demanda quebrada” desenvolvido simultaneamente inagio do prego, mas foi elaborada para mostrar a rigidez, ou a estabilidade, de pregos nos mercados oligopolisticos. O argumento desen- volvide pode ser assim resumido: para aumentos de pregos a curva de demanda com que defronta ¢ eldstica, pois ela teme que os ara redugbes la em que os rivais seguirio redugées para manterem a sua participagio no mercado. A pesquisa cons também que os salérios no guardam correspondéncia com a produ: lade marginal da mfo-deobra, 0 que ja havia sido desenvolvido. por Joan Robi the theory of imperfect compet © artigo abriu espago para uma intensa discussio, uma vex que um ataque dessa natureza causou — como era de se esperar — grande impacto no meio académico, As criticas a ele podem ser divididas em doi as de reaglo e as de superacio, Dentze as primeiras, as mais famosas foram as Fria Machlup, que negou enfaticamente os resultados da pesquisa de Hall e Hitch, com a publicagio de seu artigo “Marginal ysis and em| 16, um amplo debate conhecide como a “Controvérsia Machlup contesta 0 artigo de Hal gico, alegando que o procedimento a © Hitch sob o aspecto metodolé- tado ~ qui ", publicado em doas partes nests revista Considera (1982) € Camargo (1982) } Lit, Econ, 53) out. 1986 os 38 cios. O vocabuldsio dos econor empresirios e, por isso, esses corretamente o jargio econés em sua prépria linguagem, ve 20 contrario do que dizem Hall e Hitch, as empresas comportamse exata, ‘mente como prediz a teoria neocldssica. tas & diferente daquek interpretando No entanto, se formuladas as questes icarfamos, de acordo com Machlup, que, © fato de os empresitios nfo realizarem céiculos precisos doi val das variéveis envolvidas m: 8 (como, por exemplo, o de elasti cidade da demands) nio pode ser considerado como negando a teoria marginalista, O realismo das hipéteses nfo necessariamente, segundo precisa ser verdadeiro para que uma tcoria possa predizer resul idveis, Tudo o que se requer é que os empresirios se comportem dade do proprio carro, a distincia entre el sagens ocorrem corretamente. © mesmo ocorreria com o principi ‘mizasio do lucro: © empresirio sabe qual a combinacio de prego e pro dugio que Ihe confere Iucro miximo. entdo 0 custo médio direto ¢ igual 20 custo marginal e, portant, pode. se colocar a margem de lucro em termos de elasticidade da demanda tar @ priori a possibilidade de colocar g {margem di de da demanda signi tem de resolver”, em termos de mente o problema que No que se refere 4 curva de demand: detathada foi a realizada por € feita em planos. O primeiro referese & parte tedrica propriamente dita da curva de demands quebrada, O segundo considera 0 gran de correspon. Lit, Econ, 83) out, 1986 denci {nite 0 padrio de comportamento dos prego na ea previsto pela teoria ade ¢ aquele 39 No primeira caso, Stigler levanta objegSes 4 curva de demanda que- brada como, por exemplo, de que ela no se aplica & lideranca de presos, pois os aumentos de pregos serfo seguidos pelos rivais e, entio, a quebra ‘ha curva no ocorrerd; por outro lado, surgem diticuldades em tratsr com aquela teoria quando curva de custo marginal também apresenta uma descontinuidade. * Na parte empirica de seu trabalho, ele mostra que as indiistrias anali sadas tém um comportamento que nio di margem para a existéncia de uma quebra na curva de demanda, Nas indiistrias americanas do cigarro, automéveis, ago, potissio € outras, veificase que quando uma empresa eleva os precos as demais acompanham aquela al baixa, as redugdes no necessariamente $30 autor, nfo ocorre na pratica. A segunda ordem de criticas referese Aquelas feitas pelos autores que consideram pertinentes as objeqdes de Halll ¢ Hitch teoria neocldstica, mas que nao aceitam 0 io do custo total como sendo uma teoria da determinagdo do preco. © alvo principal dessas criticas foi de que os autores nfo conseguiram explicar o que determina @ percentual (mark-up) que ¢ adicionado aos custos. Obviamente, isto é fundamental para uma coneta teoria da formacio dos pregos. Hall ¢ Hitch afirmam apenas que, lum vez que 0 prego tenha sido fixado, ele tende a permanecer constante, salvo quando ocorre uma variagé custos de todas as empresas; ede que"... hi nos pregos vigen ialquer momento, um elemento que 36 pode ser explicado a luz da Como represent SylosLabini (1984, Ca tar a realizada por de que o principio do custo total 2. Embora rminglo do Iucro nfo fos a melhor hipétes, expondla, quecle que encontre um esconderijo melhor que 0 use.” Ver imp Lit, Econ, $13) out. 1986 m5 40 nio é importante para explicar a determinagéo do prego, embora a sua utilidade se manifeste quando da necessidade de as empresas variarem os pregos devido a uma alteragio em seus custos. E de que a curva de demanda quebrada, por sua vez, também nfo consegue explicar a determinagio do Prego assim como a propria estrutura da industria, Mas a importincia deste artigo no deve ser minimizada pelas ‘g6es acima apontadas. Ele deu origem a uma série de estudos ¢ pesquisas ‘que consideram 0 estabelecimento do prego como sendo determinado pelos ccustos. Os cxempls segundo Considera (1982, p. 414), seriam os modelos in, © do proprio SylosLi novas teorias da firma que en! do comportamento ‘como sua vertente aquele € Hitch, os manuais de microeconomia, de um m reproduzindo aqueles velhos chavOes da teoria ma fou nenhuma atengio as criticas e aos avangos havidos nesse campo do ‘conhecimento. BIBLIOGRAFIA Bunce, Mario. Economia » filosofia, Madri, Tecnos, 1982. Camanco, José Marcio, Uma nota introdutéria 20 “Andlise mar- ‘ginal € pesquisa empirica’, de Fritz Machlup. Literatura Econémica, Rio de Janeiro, 4 (6) :567-70, set.fout. 1982, Coxsioeea, Claudio Monteiro, Uma nota introdutéria a0 artigo “Andlise Hawnins, ©, J. Theory of the firm. Londres, Mact Koursoviansts, A. Modern microeconomics, 24 ed.; Londres, Mac. Millan, 1982. Mactur, F. Andlise marginal ‘mica, Rio de Janeiro, 4 ( fet.fout. 1982, pesquisa empirice. Literatura Econé- 1948, jul./ago. 1982, © 4 (5) 571-602, x8 Lit, Econ, 83) out. 1986 RovINsoN, Joan. Economia de la competencia imperfecta. Barcelona, Martinez Roca, 1972. Teoria del desarrollo: aspectos cri Roca, 1973. Barcelona, Martinez Siumenston, A. Surveys of applied economics: price behaviour of firms The Economic Journal, Cambridge, Inglaterra, set. 1970. dos rendimentos sob condigdes de concorrés ca, Rio de Janeiro, 4 (1) :18-34, jan./fev. 1 Srusn 6. J The Kinky rrve and rigid prices. Inglaterra, Pen; licado originalmente em 1947 no Journal of Poli- cago, $5.) Swerzy, P.M. Demand under conditions of oligopoly. Journal of Poli tical Economy, Chicago, 17, 1989. [Reimpresso em Smiter, G. J. ¢ Boutvine, K,, eds, Readings in price theory. Chicago, R. D. Ixwin, al Economy, Paolo. Oligopélio ¢ progresso téenico. Sio Paulo, Abril , 1984, € GuiMaRies, Eduardo A. A. Uma nota introdu jos rendimentos sob condigées de con Literatura Econémica, Rio de Janeiro, 4 ( fev., 1982, Lit, Econ 89) out. 1986 m A Teoria dos Precos ¢ 0 Comportamento Empresarial R. L. Hau, C.J. Hrren que aqui se indlui a evidéncia na qual eles se bascaram, bem como os dados que foram coletados desde entio: presente trabalho também amplia e modifica a estrutura tedrica que foi desenvolvida a partir dos fatos. Os dados aqui contidos foram coletados por virios membros do \dos foram debatidos durante as reunides. Os autores rma da apresentagio do artigo ¢ pela sua ‘grupo, € os seus resul 1s empresérios decidem que preso cobrar ¢ qual a qua (© artigo levanta algumas duividas sobre a generalizagio da andlise convencional no que se refere & politica de prego e produgio em f sugere uma modalidlade de compor- tual tende a ignorar. termos de custo € rece tamento empresa Relferimonnos 20 44 1 — IMPORTANCIA E LIMITAGOES DA EVIDENCIA OBTIDA © método seguide foi o de submeter 0 questionério aos empresdrios ‘Também € viesada pelo fato de a maior parte das empresas ter sido través de apresentagées pessoais, sendo No corpo do trabalho ser4 apresentado somente 0 resumo ia, Em grande parte ela foi obtida a partir das respostas especificas as , nas paginas 403-414, as respostas dos empresérios foram parafra- seadas sob titulos apropriados, devendo ser consideradas como uma parte integrante do artigo, do qual algumas segdes se tornario bem mais claras ‘quando ilustradas pelas expressSes reais em que se baseou 0 argumento. 2 — A DOUTRINA ATUAL SOBRE A POLITICA DE PREGO E PRODUGAO ‘A base da doutrina atual sobre a politica de prego € producio do empresirio é de que ele expande 2 produgio até 0 ponto em que a receita 80 Lit, Beon, 83) out. 1986 ores de produgho, 0 custo marginal & ecessérios para aumentar a produglo marginal. Em todos 0s outros ‘uma igualdade qui na verdade, uma que ele dese ha uma tendéncia : médio, de outras em que hi obstéculos ao livre ingresso e onde nio existe tal tendéncia. No geral, nao se define claramente o significado preciso dos termos para se encontrar o conteido apropriado das curvas. Entreta aqui existem questdes extremamente importantes: pelo lado dos custos, a questo da distribuicio dos custos de vendas; pelo lado da demands, a relagio funcional (08 custos de vendas e a curva de demanda sal” a curva de demanda relevante? it, Econ, (3) out, 1986 = teses particulares no que te re comportamento das outras firmas? Ou ela ¢ imagindria, no sent tentou uma solugio sistematica para estas questées, € no se pode con- siderar que ela soja uma solugio definitiva No famente negligenciado, perma pretagfo, e surgem outras. Aqui io é a igualdade do custo marginal & receita tanto, quais sio as curvas marginais relevantes? Sio ir das curvas médias a curto ou a longo prazo? Provavel: dos economistas diria que é 0 custo marginal a curto prazo que o empresirio consideraria a0 decidir @ quanto produzir com uma dada planta, e que 0 custo marginal a longo prazo seria relevante somente quando ele considerasse a necessidade de expandir ow redusir © tamanho da fabrica, Provavelmente, ambos iriam ignorar a importante distinglo entre as curvas de demanda a curto ¢ a longo prazo, uma ver que é comum supor-se que as condigées de demanda, de uma certa forma, permanecem constantes através do tempo. O fato de que a demanda futura depende tanto dos precos correntes como dos precos futuros — © que torna impossivel derivar a recei de uma curva ecem, “condigées” fem que as empresas produzem, de acordo cém a natureza dos mercados fem que vendem os seus produtos. Os autores consideram a dl 2 seguir, bascada principalmente na do Professor Chamber sendo exaustiva,? 1) Concorréncia pura, onde opblio no corresponde 4 do Tabela 9, p. $98, na qual as Grmas entrevintadas foram mows classifica) sae Lit, Econ, 83) out. 1986 presrio supe que uma alteraglo em seu preco ou na sua producio 47 ‘no causard as mesmas variagées por parte de outro produtor. 8) Concorréncia monopolistica, ou onde a curva de demanda da firma também é negativamente inclinada, porque o seu produto é diferente dos demais, O empresirio supde que a sua curva de demanda seja independente das reagdes dos outros produtores, no como no cas do monopélio em que nio hé bons substitutos, mas porque que nenhum deles indi iva por uma mudanga no existem tantos concorrentes dentro do “gray vidualmente & afetado de maneira si seu preco ow na sua producio. 4) Oligopétio (incluindo, como um caso especial, o duopélio) , onde poucas firmas produzem um mesmo produto, ¢ cada uma se d4 conta de que uma alteracio no seu preco ou producio poder induzir a uma alteragio da mesma natureza no prego ou na produgio de um ou mais concorrentes. incorréncia monopolistica com oligopélio” ou “concorréncia monopolistica em um pequeno grupo", que se assemelha 20 poli conquanto 0 produto é diferenciado, mas também ao oligopélio, em que (© produtor supse que a politica de pregos de seus concorrentes nio seja independente da sua prépria pol {ou um concorrente monopolis- ‘a pelo fato de que é insignificante a anda entre 0 seu produto ¢ © de qualquer outra sua propria curva de demanda é “determinada’”. manda entre o seu produto ¢ os das ele deveria levar em consideragio ‘qualquer m doit fatores que, se presentes, tendem a tornar menores lades cruzadas, Um deles ¢ a reduzidissima proporgio de ymidores? (ou consumidores potenciais) para os quais é elevada coutra, condigio da firma, Dada uma alteragio no preco, quanto menor for © némero de consumidores que transferem as suas preferéncias, menor a proba. bilidade de que a demanda de outra firma seja afetada significativamente, © segundo fator € a amplitude e 2 uniformidade da so" dos 4% Comsenientemente ponderada pelo mimero de compras que far cada consumider. Lit, Econ, $3) out. 1986 es jentado ela perderd alguns cl (de acorde com 0 sm provavelmente escolheriam formas ternativas to amplas de gastar a suz renda, que a demanda de qualquer outra firma nio seria afetada de maneira si 4) O caso de concorréncia monopol rentes no “grupo”, e em geral as ela duto de uma firma e aqueles de algumas outras do grupo sio altas para uma proporgio significativa dos consumidores daquela firma. Se ela aumentar o seu preco, perder4 consumidores, uma ver que a maioria deles excolheré produtos alternatives dentro do grupo, Mas, dado q 1h4 muitos produtos substitutos ¢ porque 2s preferéncias dos consumidores, esto razoavelmente divididas por igual entre os membros do grupo, provavelmente ser4 pouco importante © nimero de consumidores con- quistado por qualquer empresa particular. pesar do mimero de firmas esteja operando esa casiiagio em un (3) out. 1986 ¢., 20 oligopélio ¢ & concorréncia 4g , como casos especiais, slo relegados ‘2 notas de pé de pagina ou deixados aos matematicos, porque a curva de demanda para o produto da firma individual ~ a conseqiiente receita tmarginal — ¢ indeterminada quando as politieas de prego producfo das firmas sio independentes. Teme feito tentativas para resolver 0 pro Dblema do equilibrio nesses dois wltimos casos, através de complicadas variagées da regra mais simples, No entanto, nenhuma delas conseguiu 2 aprovacio suficiente de modo a ser considerada uma parte integrante da doutrina atwal. Provavelmente a maioria dos economistas, inconscientemente, quando trata de outros problemas ou quando esta Iecionando, considera a si tuagio de oligop6lio como excepeional e supde que a andlise mais simples fem termos de custo e receita marginal como tendo maior relevancia Eles supéem idade da demanda para 0 produto da firma seja uma boa medida do "grau de monopélio", que a produgio vai até reso Prego — custo marginal, fe que se a clasticidade € menor do que esta razio, 0 prego se eleva; 52 for maior, 0 prego é reduzido.* Supéem, ainda, que se emprega cada fator de produgio até 0 ponto onde 0 seu produto marginal ¢ igual 20 1, ou, de uma maneira geral, em que 0 seu custo marginal (depen- i marginal © ponto em que (dependendo da Para que a an: sitios de fato: a) jdade da demanda para o seu produt sivel, € necessério que os empre iva (mesmo que implicitamente) dda elasticidade ¢ da posigio de suas curvas de demanda; e b) tentem igualar a receita e 0 custo marginal estimados. Nés tentamos, com pouco sucesso, obter dos empresizios que entrevistamos as informagdes sobre a elasticidade da demanda e sobre a relagio entre © prego © 0 custo marginal. A maioria dos nossos informantes foi vaga sobre uma questio tho precisa como a je que a maior parte deles produzia ] Tuo porgue ste ser um ponte onde o custo marginal verd igual A recita 7 Veja, por exezipl, J. M. Keynes, The general theory of employment, interest "A. ©. Pigou, The economic of welfare © The theory of Anemployment; e J. E. Meade, Intreduction to economie analysis and policy. cand money, p. 5 © pais Lit, Boom, 43) out. 1988 co 50 uma ampla vi nos dados relat dade de produtos, nés nao 08 custos. Além direto); e, daqueles que o faziam, a maioria considerou a informagao de pouca ou nenhuma relevancia para a fixagko do preco, salvo, talver, em condigdes muito especiais, 3 — A POLITICA DO “CUSTO TOTAL” © aspecto mais notivel das respostas foi o mimero de firmas que aparentemente no visavam, nas suas politicas de precos, a0 que nos Parece ser a maximizagio dos lucros através da igualdade entre a receita © © custo marginal. Em poucos cas pode ser explicado pelo fato de que os empresirios pensam mais em lucros a longo prazo, ¢ em termos de curva de demanda e custo a longo prazo — ¢ inclusive @ curto prazo = do que em lucros imediat se manifesta, em certa medida, pela frase comumente usada na descrigio de suas politicas, qual seja “levar fem conta a imagem". Mas a maior parte da explicagio, cremos nds, ¢ que eles estio considerando em conjunto termos que slo diferen que na fixagio dos precos eles denominaremos de “custo tot da aplicagio dessa regra, serio um subproduto acidental (ou possivelmente evolutive) ‘A esmagadora mafora dot empresrios comiderou que © preso ba seado_no cist médio total (incuindo uma, perentagem conversional para locos), era © rege ” sr cbrada* Ex algae cae io tual de una "ade rmereadria © cobra in prego igual ao custo Em ots a de um prego tradicional ou convenient 00 comprovado om acitivel pelos connimiores,e adapat + qualidade do algo at ce Imente cobravam 0 prego de “ci sm que poderiam cobrar mais em periodos de demanda excepcionalmente alta; e im mimero ainda maior admitiu © Para uma clasificagio a do “easto firmas de scordo com ‘Tabelas 6, 7 © 8, pp 386 Lit, Beon, 99) out, 1986 que poderia cobrar menos em periodos de demanda excepcionalmente 51 da “concorréncia"? Essencialmente, parece ma margem de lucro que podia ser acres ,# de modo que vigo- rasem dentro do “grupo” aproximadamente os mesmos pregos para pro- lares. Um procedimento comum foi a fixagio do prego por uma grande firma ao nivel do ie al, € a sua aceitaggo por parte das outras firmas cchegar a um preco através do que de fato era um acordo, mesmo que implicito, no qual todas as firmas do grupo, atuando com base no mesmo pri procuravam alcangar © mesmo resultado de maneira in. dutos dependente.* ‘A férmula usada pelas diversas firmas no eéleulo do “custo total” a0 se recorrer & informagio este procedimento pode ser no jado como segue: tomasse como base o custo pri por unidade, adicionase uma percentagem para cobrit of custos fixos (ou custos “indiretos") e um acréscimo adicional convencional (freqientemente de 10%) para os Iucros. Os custos indi- retos freqientemente incluem os custos de vendas € muito raramente (of juros sobre o capital. Quando isto nfo ocorre, eles sfo incluidos na ‘margem para os lucros. para a andlise econdmica que a mag ude do “custo igbes téenicas total em qual de produgio € dos pr por quatro 1: € que a empresa nfo é necessariamente de tamanho lio qualquer, de modo que a extensio na qual as economias ou deseconomias internas reflitamse nos dados depende de acidente histérico. # A segunda é que o acréscimo a vers dequade que arentemente operando 0 sob condicoes de casts constantes. Dust fiemas ‘que of castor extavam sumentando porque 0 tabalho tornavasse male caro A medida que a producio se expundia: mas nio ficou daro se 2 deseconomia fem questo era interns ou externa Lit, Brom, 89) out. 1986 7 52 para as despesas gerais varia de acordo com a cealeular a produgio sobre a qual as despesas totais serio distribuidas. Come mostra a Tabela I, um pouco mais da metade das firmas usava dados de produgéo real ou estimada. As outras (incluindo, em geral, as firmas mais competitivas), usavam dados de produgio plena ou con- ‘A terceira € que 0 acréscimo convencional para os Tucros varia de firma para firma, ¢ mesmo entre as firmas com pro- tes. 1A quarta € que so incluidos os custos de vendas, os quais dependem da demanda. TABELA 1 PRODUGAO ESTIMADA PARA A DISTRIBUIGAO DOS CUSTOS INDIRETOS (FIRMAS CLASSIFICADAS DE ACORDO COM A RIGIDEZ DA ADESAO AO PRINCIPIO DO CUSTO TOTAL) Por que os empresirios baseiam prego no “custo total”, como se definiu anteriormente, em ver de tentarem igualar 0 custo marginal A receita marginal? As informagGes relevantes, fornecidas a esta pergunta pelos 80 empresirios que aderiam & politica do custo total, esto parafra- seadas na coluna C no Apéndice ¢ tabuladas nas Tabelas 2 a 5, a seguir. M1 Eom percentagem, quando dada, aparece na colusa B no Apéadice. 12 A informacio sobre a magnitude dor uot de vehdat seri encontrada ma coluna E no. Aptndice fel ‘Lit, Ezom,, 83) out. 1986 RAZOFS PARA ADERIR AO PRINCIPIO DO CUSTO TOTAL 53 TABELA 2 RAZOES GERAIS oo TABELA 3 RAZOES PARA NAO COBRAR MAIS DO QUE © GUSTO TOTAL TABELA 4 RAZOES PARA NAO COBRAR MENOS DO QUE. © CUSTO TOTAL TABELA 5 RAZOES PARA NAO ALTERAR OS PREGOS (SEJA COMO ‘TENHAM SIDO FIXADOS) UMA VEZ ESTABELECIDOS ‘oil 3 8A importinela que se pode atribuir aos dads reais em cada categoria & pe fquena, uma vez que na maioria dos casos semente foram incuidas aquelas radies {omecdas espontancamente pelos empresirio. Aim, o fato de que somente tls men. ‘Li. Econ, 3) out, 1986 9 — fariam se elevas comercanes ¢ consumidres. Vivi empreiiosreferiramse expic mente ao fato de que hé pregos convencionais aos quais os consumidores > meottamaden ¢ que exits thm que wer cobridon, 6 que grandes alteragées nos precos € joria dos caos cles eso cortetgs, uma ver que a clatcidade da demanda do grupo como um todo é menor do que aquela ara o produto de vidal preqor extio abaixo do que ot empresiros consideram 0 nf let terlo clevador através de acondos, precavendose sabre a possi mantélon 0 it, Ecam,, (3) out, 1986 Se desejamos ilustrar geometricamente a posiglo de equilibrio, pode ser feito, para o caso t{pico em que existam elementos de oligopd usando uma curva quebrada de demanda em que a quebra ocorre 20 nivel do prego, fixado pelo prinefpio do “custo total’. Acima deste onto a curva ¢ eldstica, porque um aumento no prego fio serd-#c0r PAihado ( ¢ este € o Feceio que B= Tem) peloy concomrenies, que Tearko Contentes “ent obereis-algumas”vendasexteas. Abaixo dele” ponte emanda ¢ muito menos elsstica, porque-uma redugto no prego tert conn ‘mente acompanhada pelos cSncorfefites, que de outro modo_teriamy vendas reduridas. Se este € o°cardier da curva de demanda, deduzse qu sobre uma ampla extensio do custo marginal.o-preco existente & 0 mais crativo. Também deduzse que, com_os.custos dados 0 mais | lucrative ao longo de um amplo intervalo de curva de‘detiands, uma ver-que onde-qué? ie possa estar, a quebra ocorrerd ao meiino nivel do preco. Os dois diagramas (Figuras 1 2) foram desenhados para ajudar 0 Ieitor a compreender um ponto do argumento; como todos os diagramas, les so muito mais precisos do que as circuns que pretendem explicar. siveisfhutaagbes uiva de. demands Na Figura 1, 44 representa a curva de demanda pelo produto de uma firma do “grupo” se todas as outras firmas mantiverem seus precos em P: BB representa a demanda pelo produto da firma se todas as demais firmas variam seu preco a exemplo dela, sendo esta a participacio propor. ional da firma na demanda de mercado, io forgados a reduzir os precos abaixo de P quando qualquer empresa inicia tal movimento, mas nao os aumentam acima este Ponto se somente uma empresa o fizer, entio & bastante provivel que compense a qualquer firma manter 0 preco em P. Isto porque sua Prépria curva de demanda tera a forma da linha mais forte, com a quebra em P, Se MR, é a curva de receita marginal para a curva AP, © MRy + Ena ordemasto encontra-se asim no original (N. da T). Lit, Beon, 80) out. 1986 Figure 1 0, haverd ainda um intervalo entre as duas curvas i baixo da posigio efetiva de P: marginal, cul para um extenso interval do cu presenta a eurva de custo médio a longo prazo de supe que venderd a a esse ponto 10% do seu custo médio para prego em OB estaré disposta a vender, a pri que quer que sej2 demandado Aquele prego. Se as outras firm: ee Lit, Boom, 8) out. 1986 Figure 2 dia mesma forma, o preso seri estAvel pelas raes explicadas na Figura 1 As curvas dd’, dd ¢ dd” representam as varias posigdes que a curva ipenas em P se obtém os lucros estima- nnas demais posigées. Por outro lado, que faga com que as curvas de ‘Se a curva de demanda se desloca muito para a esquerda de dd’ ¢ 14 permanece por algum tempo, o preco provavelmente seré reduside za esperanga de manter a produgio. A razio para isto nio pode ser explicada geometricamente, exceto em casos espet baixa da curva de demanda se toma muito le a parte mais elistica quando se desloca para a esquerda, ou quando os custos marginals caem conside. Eavelmente 4 medida que a producio é reduzida. Geralmente um empre- ‘rio € dominado pelo pinico: “hd sempre um tolo que reduz o prego’, Lit, Econ, 4) out, 1986 aa cos demais devem segilo. Se a curva de demanda deloea muito para 58 foc de d'd™ o prego provvelmente srt 1eduido 2 long par, fot curva de custo medio quse que ceramente care 08 eapresrios Menem que oats Iueoninduram 4 competigto (Na Figura 2a cava So eatolmédlo a longo przo extariaabuixa dx curva de cto prezo AC ton ambos os ads do pono abana dP) 4 — AMPLITUDE E RIGIDEZ DA ADESAO A POLITICA DO “CUSTO TOTAL” Com base em uma amostra tio pequena, tornase di a rigider com que as firmas adere exame das respostas resumidas no Aj a regta, e ndo a exceglo, é tentar agir assim. mas que investigamos, 12 confirmaram que aderiam a al fem todos os periodos & generalizar ram que, s€ os negécios est 10 pregos abaixo do c to recessivos, elas red seram que relutar fosse necessirio para direto, se ‘duas, das 80 firmas que aderiam, afirmaram que cobrariam mais do que al em periodos excepcionalmente présperos e quando est vessem enfrentando dificuldades para atender os pedidos; ¢ duvida-se rminaglo de prego eo fguala @ ” ‘mercado poderia suportar a curto prazo: talver, em ver de cobrar pregos 59 “excessivos", preferissem 0 racionamento recusando novos. pedidos ou negandose a atendé-los prontamente, TABELA 6 GRAU DE ADESAO AO PRINCIPIO DO CUSTO TOTAL (CLASSIFICADO DE ACORDO COM 08 TIPOS DE MERCADO) TABELA 7 ADES&O AO PRINCIPIO DO GUSTO TOTAL (CLASSIFICADO DE ACORDO COM Os TIPOS DE PRODUTOS) aren © comportamento de um certo mimero de firmas no pode ser clara- ‘mente explicado em termos de custo total. Elas foram omitidas no Apén. dice ¢ discutidas separadamente nas piginas 411-414. Uma delas parece Lit, Econ, 3) out. 1986 2 a 6 ‘ser monopolista, comportandose mais ou menos de acordo com 0s livros texto, Quatro tinham deliberadamente reduzido os precos nos periodos razoavelmente normais, porque estimavam (explicitamente em tr&s casos) ques demande 0 suficientemente eldstica para que esse procedimento Tucrativo. 5 — ESTABILIDADE E INSTABILIDADE Podemos distinguir dois casos principais que chamaremos de csta- bilidade ¢ instabilidade de prego, visto que 05 ‘Mfbrio © dese- quilforio possuem um significado muito preciso para uti tizados. A distingSo corresponde, quase que de uma m: feita recentemente por alguns economistas entre as agressivas € as ndo-agressivas. dentro de uma indus 0s consumidores serio sumidores com determinae ‘mais forte, ou por um proceso de tentativa ¢ erro com jrmas fazendo alguns ajustamentos. De qualquer modo, nio é provavel que as firmas pequenas ou novas se afastem desie procedimento para no chamarem a atengio sobre si, Nao podemos afirmar com se guranca qual serd este preco pelas indicadas; cestabelecido 10 sobre um amplo in que podemos chegar de uma ‘condigSes.provavelment custo total da firma representativa; e que se chega a este prego diretamente ‘através do consenso dos empresirios sobre 0 assunto, a0 contrério do modo indireto em que cada firma trabalharia 20 nivel de producto aproximard do fe Daas cuprems do grupo do “custo total afirmarain que seduniiam ot pregor ‘nos casot (ears) em que consderasem 2 demands suficientemente clstic cexemplo, J. M. Cases, Excess eapacity and monopolistic competition, yf Economics, mao de 1957. ws Lit, Beom, 80) out. 1986 mais lucrativo se as reaghes do: da concorréncia alterasse o mii fowem negligencidveis, e se 0 jogo 61 ‘As ocasides em que serio alterados os precos es custo total foram resumidas na coluna D no Apen Uma mudanga no preco poderé ou no perturbar a sentido aqui empregado, O wavelmente seré alterado sem per- ade_se houver_uia_alleragio_nos_eustos que afete pmo uma variaglo nos salrior ‘em que se generalize um novo” 5 ia de prego certamente mudard ¢, com ela, © proprio pr ponto de vista, pode-se justificar ‘a afirmagio dos empresérios que declararam que o imposto de renda é adicionado 20 prego, uma vez que, se todos os concorrentes quer indistria o considerassem como um custo, ele tenderia a se 7 em um fator desta classe. ih a estabilidade. A medida que se dete. ymo por exemplo em uma recessio, ribuigko dos custos indiretos sobre dando origem a um sentimento geral em Isto pode converterse em uma situacio encontrard ento em uma situagio diferente dos pr 6 provivel que fator para a transformaré em um arranjo form ibstituigo a0 que era antes apenas uma conve: inverso pode acontecer quando os pedidos aumentam a pomto TA vero o tne de iat pode seit sada 40 propite e tmar Tuco ete © capt a Ml somal Ani, nem" tora”

You might also like