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O que é Psicologia? Dilemas epistemológicos e repercussões contemporâneas.

A epistemologia é a área que busca refletir sobre o “lugar” de uma determinada ciência e questioná-lo:
como essa ciência foi constituída, quais as suas bases e fundamentos, como suas práticas são construídas
em determinado contexto, quais as suas fragilidades, impasses e desafios. Esses são aspectos que sempre
deveriam estar presentes com os pesquisadores, porém que muitas vezes são esquecidos ou apenas
desconsiderados (até mesmo no processo de formação de profissionais da área em questão, nesse caso, a
Psicologia).

 O que distingue a Psicologia das demais ciências e qual a especificidade/singularidade do seu fazer?
Qual é o local ocupado por um psicólogo (técnico, cientista, hermeneuta)? Suas origens filosóficas a
aproximam mais das ciências humanas e ciências, ou ela é mais próxima da ciência naturalista e
empiricista?

Sobre a importância: a reflexão sobre a construção e a fundamentação dos saberes se é necessária para
que seja possível fazer uma transição entre teoria e prática sem rupturas, de forma dinâmica e coerente. A
leitura crítica das ciências é importante porque implica o reconhecimento daquilo que a delimita.

Sobre o esquecimento: nos cursos de Psicologia, o estudo da Epistemologia é frequentemente vinculado e


aglutinado à outras disciplinas, como Filosofia ou História da Psicologia – o que forma uma barreira que
limita discussões mais amplas e profundas. Isso vem fazendo com que a Psicologia se torne uma ciência
tecnicista, acrítica, sem reflexões que a permita ocupar lugares menos idealistas. A ausência da reflexão
epistemológica gera fragilidades e desafios a serem enfrentados.

 “O que deveria ser uma teoria crítica das ciências, uma reflexão sobre seu estatuto e sua posição,
passa a ser considerado apenas como uma disciplina aplicada.”.

O paradoxo/a dicotomia indivíduo/coletivo: no campo da Psicologia, é praticamente constante a disputa


entre duas maneiras distintas de encarar o objeto de estudo: o sujeito intra-individual ou o ser-no-mundo.
Há duas alternativas: a primeira reducionista, desconsiderando-se as características externas. A segunda,
conciliatória, reconhecendo que há perspectivas importantes de ambos os lados e conectando indivíduo e
sociedade.

 “Basicamente constitui-se como disputas de poder em torno de qual premissa conceitual será a
dominante na formação das novas levas profissionais, agindo na ocupação ou desocupação
curricular.”.
 “A dinâmica de poder no interior dos coletivos responsáveis pela estruturação dos currículos faz
com que o aluno tenha ou não acesso a uma ou outra abordagem, quando não se segregam áreas
fundamentais, por discordâncias epistemológicas ou por reserva de espaço político”.

Imprecisão de filiações: as teorias psicológicas, na verdade, não possuem a primazia de independência ou


autonomia como se é propugnado. É importante reconhecer os limites e os entrelaçamentos com outros
contextos científicos, reconhecendo que há diversidade ao mesmo tempo que há uma certa uniformidade
conceitual coexistindo na multiplicidade teórica.

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