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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Ciências Sociais

Departamento de Relações Internacionais

Resenha “Carl Schmitt and The Politics of Identity” de Carl Schmitt

David Serrate Silva RA00232366


Carl Schmitt foi um autor e intelectual de extrema direita que nasceu em 1888

e morreu em 1985. Em seu longo período de vida, poucos menos de 100 anos,

vivenciou e assistiu de muito perto as mais importantes transições do século XIX

para o século XX. Durante este tempo, participou direta e indiretamente da primeira

guerra e do governo nazista, sendo que na guerra serviu no setor de logística do

exército da triplice aliança. Em sua vida, dedicou-se ao direito, completando

graduação, mestrado e doutorado no curso. Além disso, também se interessou pelas

áreas do direito público (Filosofia e teoria constitucional), e o ponto de convergência

entre a política e o direito, defendendo em seu doutorado que a política usa o direito

como um meio.

Para sua carreira como autor, a República de Weimar é o período mais

importante, pois é nela que ele escreve suas melhores e mais influentes obras,

sendo elas muito distintas, que se unidas se resumem ao antiliberalismo, ou seja,

todas dedicadas a criticar e derrubar o liberalismo da época. No período de

ascensão do partido nazista, ele utiliza de suas obras para apoiar e justificar o

terceiro reich, através da criação de caos para ser um estado de exceção para que o

ditador soberano imponha suas políticas de “salvação” como única forma de

resolução.

Em seu texto, assim como em todos os outros, o autor diz que a política é

uma continuação da guerra, dessa forma, precisa existir a noção de que pode haver

a guerra/o conflito. Para ele, política é guerra, o estrangeiro (aquele que por

qualquer motivo não se identifica identitariamente) há de ser eliminado, e para

encontrar o seu posicionamento político é necessário primeiro eleger um inimigo

para depois se opor, e o nazismo institucionaliza isso durante seu processo, há a

ideia de identidade, de certa forma.

O autor também traz para a discussão este ponto relacionado à identidade e

sua relação destrutiva com o liberalismo, uma vez que para ele, a modernidade

liberal representa uma forma de dominação burocrática racional, que passou pelo
tradicionalismo hierárquico e pela liderança carismática, ou seja, é uma forma de

corrosão da evolução que é perpetuada pelo liberalismo, abstração do estado e falta

de identidade.

Dito isso, observa-se que, assim como no autor da última aula, os discursos

de Schmitt são limitados ao estado e a identidade que dessa vez traz raça consigo,

a eleição dos inimigos do nazismo, da identidade “pura” alemã é repudiável em

todas as suas formas, reprimindo a evolução da discussão e a possibilidade de

debate nas relações internacionais da época, influenciando autores contemporâneos

a reproduzir ideias racistas, xenofóbicas e preconceituosas, o que é muito perigoso.

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