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Fnde SEI DPU 5549717 Oficio
Fnde SEI DPU 5549717 Oficio
5549717v2 08184.000131/2017-44
presidencia@fnde.gov.br
Assunto: Políticas Públicas de combate à discriminação da população LGBTQIA+
Referência: PAJ 2021/020-08592
Senhor Presidente,
Cumprimentando-o cordialmente, a DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, pela
Defensoria Nacional de Direitos Humanos e Defensoria Regional de Direitos Humanos, instituição
essencial à função jurisdicional do Estado, com fundamento no art. 5º, LXXIV, e no art. 134 da
Constituição Federal, bem como nos art. 4º, XI, e art. 44, X, da Lei Complementar nº 80/1994, tendo como
atribuição constitucional a proteção dos direitos humanos, a orientação jurídica e a defesa em todos os
graus dos necessitados, pelo órgão de execução subscrito, vem aduzir e requer o que se segue
É sabido no mundo e, em especial no Brasil, ainda existe cultura de intolerância,
desrespeito e violência contra a população LGBTQIA+, sigla que contempla lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais, transgêneros, pessoas queer, intersexuais, assexuais, e qualquer pessoa que não se
sinta representada pela sigla e não se identifique com o padrão hétero-cis.
Nesse contexto, a população LGBTQIA+ tem enfrentado uma série de preconceitos e
dificuldades impostos por padrões heteronormativos, em que o sexo biológico se impõe como padrão na
forma em que as pessoas devem se apresentar perante a sociedade e como expressam sua sexualidade.
Tal imposição coloca a maioria da população LGBTQIA+ em situação de
vulnerabilidade social e econômica, uma vez que a intolerância, o preconceito e a violência que sofrem se
iniciam no próprio âmbito familiar, quando muitos são expulsos de casa ou optam por saírem. Soma-se a
isso a precoce evasão escolar, também devido a estigmas, preconceitos e à violência que prejudica a
inserção no mercado de trabalho formal, sendo que muitos acabam em trabalhos precários, mal
remunerados e informais.
Esse quadro torna-se ainda mais grave quando há sobreposições de vulnerabilidades, ou
seja, quando há interseccionalidade de questões ligadas à população LGBTQIA+, como raça, classe,
gênero e sexualidade.
Segundo a “Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016”, feita
pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), 73% dos
alunos LGBTs já sofreram agressões verbais devido à sua orientação sexual e 68% por conta de sua
identidade de gênero, evidenciando como a escola pode ser um espaço hostil e violento para esses
jovens[2].
Dessa forma, cabe ao Poder Público transformar essa realidade por meio da promoção de
políticas públicas que viabilizem a redução de desigualdades, combata quaisquer tipos de preconceito,
discriminação ou violência contra a população LGBTQIA+, a fim de que se garanta dignidade,
desenvolvimento integral, vida plena e igualdade de oportunidades a essa população. É o que se espera do
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23/09/2022 06:15 SEI/DPU - 5549717 - Ofício
Poder Público em um Estado Democrático de Direito que possui como fundamento constitucional a
dignidade da pessoa humana (art.1º, inciso III, CF/88) e como um dos objetivos fundamentais a promoção
do bem de todos, sem preconceitos de raça, sexo, cor, ou qualquer tipo de discriminação (art. 3º, inciso IV,
CF/88).
Nesse sentido, a educação, direito de todos e dever do Estado, apresenta-se como
instrumento fundamental, pois, além de permitir a redução de desigualdades, tendo em vista que cria
efetivas condições de igualdade nas mais variadas vagas e postos existentes em uma sociedade (art. 205,
CF/88), é também o ambiente essencial para a promoção da transformação cultural, para compreensão
social e construção de uma sociedade aberta à diferença, livre de preconceito e de intolerância e com
respeito à diferença.
Cumpre destacar que a educação se rege por princípios constitucionais de igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola (art.206, inciso I, CF/88); liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento (inciso II); pluralismo de ideias e concepções (inciso III) e garantia do
direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (inciso IX).
Diante das considerações acima expostas, a Defensoria Pública da União, no uso de suas
atribuições e, consoante artigo 44, X, da LC nº 80/94, requisita:
Concede-se o prazo de 15 dias úteis para manifestação acerca das informações
solicitadas.
Para facilitar o contato interinstitucional, informamos que o presente será encaminhado
apenas por e-mail e que a resposta pode ser enviada para o e-mail: drdh.sp@dpu.def.br, com a indicação
do número PAJ 2021/020-08592.
Aproveitamos a oportunidade para apresentar votos de elevada estima e distinta
consideração.
Cordialmente,
GUILLERMO ROJAS DE CERQUEIRA CESAR
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23/09/2022 06:15 SEI/DPU - 5549717 - Ofício
08184.000131/2017-44 5549717v2
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