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Diocleciano
Diocleciano
(nascido Diocles; Salona, 22 de dezembro de 243/245 – Espalato, 3 de
dezembro de 311/312) foi o imperador romano de 284 até sua abdicação em 305. Ele nasceu
em uma família de baixa posição social, porém conseguiu ascender pelas patentes do exército
romano até se tornar um comandante de cavalaria do exército do imperador Caro. Diocleciano
foi aclamado imperador pelas tropas da Nicomédia depois das mortes de Caro e seu
filho Numeriano durante campanhas contra a Pérsia. O título também foi reivindicado
por Carino, o filho sobrevivente de Caro, porém Diocleciano o derrotou em julho de 285
na Batalha do Margo.
Nem todos os seus planos tiveram sucesso, como o Édito Máximo de 301, que tentou
controlar a inflação por meio de congelamento de preços, que foi contraprodutivo e
rapidamente ignorado. O sistema da Tetrarquia funcionou enquanto governava,
porém ruiu depois de ele deixar o poder devido a reivindicações dinásticas
de Magêncio e Constantino, filhos de Maximiano e Constâncio. A Perseguição de Diocleciano,
a última perseguição oficial contra o cristianismo, falhou em eliminar a religião do império.
Apesar destes fracassos, as reformas de Diocleciano mudaram fundamentalmente as
estruturas do governo imperial romano e ajudaram a estabilizar o império militar e
economicamente, permitindo que permanecesse intacto por mais 150 anos. Diocleciano
abdicou em 305 por motivos de saúde e viveu sua aposentadoria em um enorme palácio no
litoral da Dalmácia, onde morreu em 311 ou 312.
Início de vida
Ruínas do anfiteatro de Salona, cidade em que Diocleciano nasceu
Diocleciano nasceu em Salona, na Dalmácia, entre 243 e 245.[1] Seus pais lhe deram o nome
grego Diocles, ou possivelmente Diocles Valério.[2] O historiador Timothy Barnes considera que
seu aniversário oficial, 22 de dezembro, era sua data real de nascimento. Entretanto, outros
historiadores não têm tanta certeza.[3] Seus pais eram de baixa posição social; o
historiador Eutrópio registrou "que a maioria dos escritores diz que era filho de um escriba,
mas alguns dizem ter sido um homem liberto de um senador chamado Anulino". Pouquíssimo
se sabe sobre seus primeiros quarenta anos de vida.[4] Diocles era um iliriano que recebeu
educação e foi promovido pelo imperador Aureliano.[5] O crônico bizantino João
Zonaras afirmou que ele foi um "Duque da Mésia",[6] um comandante de forças militares no
baixo Danúbio. A muitas vezes não confiável História Augusta afirmou que Diocles serviu
na Gália, porém isto não é corroborado por outras fontes e é ignorado pelos historiadores
modernos.[7] A primeira vez que seu paradeiro pode ser estabelecido com certeza é em 282,
quando o imperador Caro o nomeou comandante dos Protetores Domésticos, uma força de
cavalaria de elite ligada à criadagem imperial, posto este que lhe valeu a posição de cônsul no
ano seguinte.[8]
Ascensão
Caro morreu durante uma campanha contra a Pérsia e em circunstâncias misteriosas,[9] tendo
supostamente sido atingido por um raio ou morto por soldados persas,[10] deixando seus
filhos Numeriano e Carino como os novos imperadores. Carino rapidamente partiu
para Roma de seu posto de comissário imperial na Gália e chegou na cidade em janeiro de
284, tornando-se o legítimo imperador, enquanto Numeriano permaneceu no oriente.[11] A
retirada romana da Pérsia foi realizada em ordem e sem oposição.[12] O xainxá Vararanes II da
Pérsia não conseguiu montar um exército para enfrentar os romanos por ainda estar lutando
para estabelecer sua própria autoridade. Numeriano só tinha conseguido chegar em Emesa,
na Síria, em março, enquanto em novembro avançou apenas até a Anatólia.[13] Ele ainda
estava aparentemente vivo e com boa saúde em Emesa, tendo emitido o
único rescrito sobrevivente em seu nome no local.[14][nota 1] Entretanto, depois de ele ter deixado a
cidade, sua criadagem, incluindo seu sogro e prefeito pretoriano Áper, uma figura de grande
influência, relataram que Numeriano estava sofrendo de uma inflamação nos olhos, passando
a viajar em um coche fechado.[16] Alguns soldados sentiram um odor emanando do coche
depois de o exército ter chegado em Bitínia.[17] Eles abriram as cortinas e descobriram o corpo
morto de Numeriano.[18]
Escultura de Carino
Carino tinha um exército maior e mais poderoso, porém mesmo assim se encontrava em uma
posição mais fraca. Seu governo não era popular e posteriormente foi alegado que ele havia
maltratado o Senado e seduzido as esposas de oficiais militares.[31] É possível que Flávio
Constâncio, governador da Dalmácia e companheiro de Diocleciano nos Protetores
Domésticos, já tivesse deserdado do lado de Carino no início da primavera.[32] Aristóbulo,
prefeito pretoriano de Carino, também deserdou para o lado de Diocleciano logo no início
da Batalha do Margo em julho.[19] Carino foi morto por seus próprios homens durante a batalha
e Diocleciano, após sua vitória, foi aclamado como o novo imperador pelos exércitos
ocidentais e orientais.[33] Ele fez o exército derrotado lhe jurar lealdade e em seguida partiu em
direção à Itália.[34]
Início de reinado
Antoniniano de Diocleciano
Mesmo que Diocleciano tenha entrado em Roma pouco depois de sua ascensão, ele não
permaneceu por muito tempo,[40] pois é relatado que ele estava de volta nos Bálcãs em 2 de
novembro de 295 em uma campanha contra os sármatas.[41] Diocleciano substituiu o prefeito
urbano de Roma por Basso. Entretanto, a maioria dos oficiais que haviam servido sob Carino
permanecerem em seus postos.[42] Ele também não matou ou depôs Aristóbulo, o prefeito
pretoriano e cônsul que havia traído Carino, mas sim confirmou suas duas funções,[43] um ato
de clemência que o historiador Sexto Aurélio Vítor descreveu como "incomum". Diocleciano
também depois deu a Aristóbulo o proconsulado da África.[44] Outras figuras que mantiveram
seus cargos talvez também tenham traído Carino.[45]
Maximiano coimperador
Busto de Maximiano
O conceito de dois imperadores compartilhando o poder não era algo novo no Império
Romano. Augusto, o primeiro imperador, tinha nominalmente compartilhado seu poder com
alguns colegas, com cargos mais formais de coimperadores existindo a partir de Marco
Aurélio no século II.[50] Mais recentemente, Caro e seus filhos tinham governado juntos, porém
sem sucesso. Diocleciano estava em uma posição menos favorável que a maioria de seus
predecessores, pois só tinha uma filha, Valéria, e nenhum filho homem. Seu coimperador
precisaria vir de fora de sua família, o que levantava a questão de confiança.[51] Alguns
historiadores afirmaram que ele adotou Maximiano como seu "filho augusto" ao nomeá-lo para
o trono, seguindo o precedente estabelecido por alguns imperadores anteriores.[52] Entretanto,
esse argumento não é aceito por todos.[53]