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Manual SBV ADULTO
Manual SBV ADULTO
FICHA TÉCNICA
TÍTULO
Manual de Suporte Básico de Vida
AUTOR
INEM- Instituto Naional de Emergência Médica
DFEM - Departamento de Formação em Emergência Médica
DESIGN e PAGINAÇÃO
DFEM - Departamento de Formação em Emergência Médica
ILUSTRAÇÕES
e-mail:
CAPA
DFEM - Departamento de Formação em Emergência Médica
© copyright
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INDÍCE
I. INTRODUÇÃO 4
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Suporte Básico de Vida Adulto
I. INTRODUÇÃO
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II. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA
Chamar os serviços de emergência, previamente Na maioria dos casos de PCR o coração pára
à eventual ocorrência de uma PCR, aumenta a devido a uma perturbação do ritmo designada
probabilidade de sobrevivência da vítima. fibrilhação ventricular (FV). O único tratamento
O rápido reconhecimento de um enfarte ou de eficaz para a FV é a administração de um choque
uma PCR é um fator fundamental para a ativação elétrico (desfibrilhação).
dos SE e para o rápido início de manobras de Cada minuto de atraso na desfibrilhação reduz a
Suporte Básico de Vida. probabilidade de sobrevivência entre 10 a 12%,
O número europeu de emergência nos países da sendo que nos casos em que o SBV é realizado o
união europeia é o 112. Em Portugal, ao ligar 112, declínio da taxa de sobrevivência é mais gradual.
a resposta na área da saúde é assegurada pelos
Centros de Orientação de Doentes Urgentes
(CODU), do Instituto Nacional de Emergência Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce e
Médica (INEM) - para mais informações, vide cuidados pós-reanimação - Estabilizar
página 19. O suporte avançado de vida (SAV) com recurso à
abordagem diferenciada da via aérea, utilização
de fármacos e correção das causas prováveis de
Suporte Básico de Vida (SBV) precoce - Reanimar PCR, são ações fundamentais após a abordagem
inicial da PCR.
O SBV consiste em duas ações principais: A qualidade dos cuidados pós-reanimação está
compressões torácicas e ventilações. O início diretamente relacionada com a qualidade de
imediato de manobras de SBV pode, pelo menos, vida pós evento de PCR.
duplicar as hipóteses de sobrevivência da vítima.
Quem presencia um evento de PCR deve,
quando treinado, iniciar de imediato manobras Leigos e o Suporte Básico de Vida
de SBV, enquanto aguarda a chegada dos SE.
Caso não exista treino prévio deve o Centro de Entenda-se para o efeito que se considera leigo
Orientação de Doentes Urgentes (CODU) instruir o individuo que presencia e / ou deteta uma PCR
telefonicamente a realização de compressões e que não tem formação em SBV.
torácicas até à chegada dos serviços de Está demonstrado que no intervalo de tempo
emergência. que decorre entre a ativação e a chegada dos
Na grande parte dos casos o SBV não irá serviços de emergência ao local da ocorrência,
recuperar a função cardíaca mas, se bem a execução de manobras de reanimação
realizado, prevenirá lesões de órgãos vitais e assume uma importância fundamental. O
aumentará a probabilidade de sucesso dos elos reconhecimento da PCR refere-se a uma
seguintes. situação em que a vítima está não reativa (não
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III. SUPORTE BÁSICO DE VIDA, Avaliar as condições de segurança: reanimador,
ADULTO vítima e terceiros.
Nota:
• Nos primeiros minutos após a PCR, a vítima
pode ainda apresentar respirações lentas,
Fig. 4 - Permeabilização da via aérea. ruidosas e irregulares. A respiração com estas
características, não deve ser confundida com
respiração normal para a vítima.
Se tiver ocorrido trauma ou suspeita de trauma, • Caso exista dúvida na “normalidade” da
devem ser tomadas medidas para proteção respiração, deve atuar como se a respiração
da coluna da vítima e não deve ser realizada a estivesse ausente.
extensão da cabeça. Como alternativa, deverá
ser realizada a protusão (subluxação) da Se a vítima respira normalmente colocar em
mandíbula (requer um reanimador à cabeça Posição Lateral de Segurança (PLS)
para estabilização/controlo da coluna cervical e
manutenção da VA permeável).
Avaliar Respiração
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• Reanimador único: se necessário abandone Realizar Ventilações
a vítima/local; equacione utilizar telefone
móvel em alta voz; Após 30 compressões efetuar 2 ventilações.
• Se estiver alguém junto a si, deve pedir a essa A ventilação quando eficaz provoca elevação
pessoa que ligue 112; do tórax (semelhante à respiração normal),
• Se CRIANÇA ou vítima de afogamento devendo ter a duração de apenas 1 segundo.
(qualquer idade) só deve ligar 112 após 1 Evitar ventilações rápidas e forçadas.
minuto de SBV.
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Acidente de viação
Se pára numa estrada para socorrer alguém
vítima de um acidente de viação deve:
• Ambiental (ex. choque elétrico, derrocadas, Nas situações em que o tóxico é corrosivo
explosão, tráfego); (ácidos ou bases fortes) ou em que possa ser
• Toxicológico (ex. exposição a gás, fumo, absorvido pela pele, como alguns pesticidas, é
tóxicos); mandatório, além de arejar o local, usar luvas e
• Infeccioso (ex. tuberculose, hepatite). roupa de proteção para evitar qualquer contato
com o produto, bem como máscaras para evitar
a inalação.
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Se houver necessidade de ventilar a vítima com De modo a realizar corretamente compressões
ar expirado deverá ser sempre usada máscara torácicas num adulto deverá:
ou outro dispositivo com válvula unidireccional, • Posicionar-se ao lado da vítima;
para não expor o reanimador ao ar expirado
• Certificar-se que a vítima está deitada de
da vítima. Nunca efetuar ventilação boca-a-
boca. costas, sobre uma superfície firme e plana;
• Afastar/remover as roupas que cobrem o
tórax da vítima;
Transmissão de doenças
• Posicionar-se verticalmente acima do tórax
A possibilidade de transmissão de doenças
durante as manobras de reanimação, apesar de da vítima;
diminuta, é real. Estão descritos alguns casos de • Colocar a base de uma mão no centro do
transmissão de infeções durante a realização de tórax;
ventilação boca-a-boca (nomeadamente casos
• Colocar a outra mão sobre a primeira
de tuberculose). No entanto, nem um único
caso de Hepatite B ou vírus da imunodeficiência entrelaçando os dedos;
humana (VIH) foi registado/declarado como • Braços e cotovelos esticados, com os ombros
resultado da realização de manobras de SBV. na direção das mãos;
O risco aumenta se houver contato com sangue
• Aplicar compressão sobre o esterno,
infetado ou com uma superfície cutânea com
soluções de continuidade (feridas). Durante a deprimindo o esterno 5-6 cm a cada
reanimação deve evitar o contacto com sangue compressão (as compressões torácicas superficiais
ou outros fluidos corporais como: secreções podem não produzir um fluxo sanguíneo adequado);
respiratórias, secreções nasais, suor, lágrimas,
• No final de cada compressão garantir a re-
vómito e outros. O dispositivo “barreira” mais
utilizado é a máscara facial (máscara de bolso e/ expansão total do tórax, aliviando toda a
ou insuflador manual), devendo existir o cuidado pressão sem remover as mãos do tórax (o
de minimizar as pausas das compressões ao retorno completo da parede torácica permite que
mínimo indispensável, aquando da sua utilização.
mais sangue encha o coração entre as compressões
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IV. VENTILAÇÃO COM
ADJUVANTE DA VIA AÉREA
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V. POSIÇÃO LATERAL DE
SEGURANÇA
TÉCNICA PARA COLOCAR UMA VÍTIMA EM PLS
1. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)
Ajoelhar-se ao lado da vítima
Nas situações em que a vítima se encontra não • Remover corpos estranhos do corpo da
reativa e com respiração eficaz, ou se tiverem vítima, os quais ao posicioná-la possam
sido restaurados os sinais de circulação após eventualmente causar lesões (ex: óculos,
manobras de reanimação, a manutenção canetas);
da permeabilidade da via aérea deverá ser • Assegurar-se que as pernas da vítima estão
obrigatoriamente garantida. estendidas;
A PLS garante a manutenção da permeabilidade
da via aérea, diminuindo o risco de aspiração,
e não se demonstrando riscos associados à sua
utilização.
Este posicionamento da vítima está
contraindicado em situações de trauma ou
suspeitas de trauma, bem como em vítimas que
apresentem respiração agónica.
Responde
• Deixe-a como encontrou
• Procure quaisquer alterações • Colocar o braço mais perto (do seu lado) em
• Solicite ajuda (ligue 112) ângulo reto com o corpo, e com o cotovelo
• Reavalie-a regularmente dobrado e a palma da mão virada para cima;
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Se trauma ou suspeita de trauma
Reafirma-se uma vez mais a contraindicação da
PLS no trauma ou na sua suspeita.
• Com a outra mão levantar a perna do lado
A proteção da coluna por via do seu alinhamento
oposto acima do joelho dobrando-a, deixando
é fundamental nestas situações e deve acontecer
o pé em contato com o chão;
antes da vítima ser mobilizada.
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PANCADAS INTER-ESCAPULARES COMPRESSÕES ABDOMINAIS
• Coloque-se ao lado e ligeiramente por detrás As compressões abdominais devem ser aplicadas
da vítima, com uma das pernas encostadas no caso das pancadas inter-escapulares não
de modo a ter apoio; serem eficazes.
• Passe o braço por baixo da axila da vítima
e suporte-a a nível do tórax com uma mão, Com a vítima de pé ou sentada
mantendo-a inclinada para a frente, numa
posição tal que se algum objeto for deslocado • Fique por detrás da vítima e circunde o
com as pancadas possa sair livremente pela abdómen da mesma com os seus braços;
boca; • Incline a vítima para a frente;
• Aplique até 5 pancadas com a base da outra • Feche o punho de uma mão e posicione o
mão, na parte superior das costas, ao meio, punho acima da cicatriz umbilical, com o
entre as omoplatas, isto é, na região inter- polegar voltado contra o abdómen da vítima;
escapular; • Sobreponha a 2ª mão à já aplicada;
• Cada pancada deverá ser efetuada com a • Aplique uma compressão rápida para dentro
força adequada tendo como objetivo resolver e para cima;
a obstrução;
• Repita as compressões até que o objeto seja
• Após cada pancada deve verificar se a expelido da VA;
obstrução foi ou não resolvida, aplicando até
5 pancadas no total. • Aplique cada nova compressão (até 5) como
um movimento separado e distinto.
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Assim:
• Suporte / ampare a vítima colocando-a no
chão em decúbito dorsal sobre superfície
rígida;
• Ligue de imediato 112, ou garanta que alguém
o faça;
• Inicie compressões torácicas e ventilações
(após 30 compressões, tente 2 ventilações
eficazes)
• Mantenha compressões e ventilações até a
vítima recuperar e respirar normalmente.
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VII. 112 Ao ligar 112:
O NÚMERO EUROPEU DE EMERGÊNCIA
• Procure manter-se calmo, de modo a facultar
Criado em 1991, o número universal de informação relevante;
emergência nos países da união europeia é o • Quando possível, deverá ser a vítima a fazer a
112; não precisa de indicativo, é gratuito e pode chamada – ninguém melhor do que a própria
ser marcado a partir de dispositivos das redes para fornecer informação relevante;
fixa (incluindo telefones públicos) ou móvel,
• Aguarde que a chamada seja atendida, cada
tendo prioridade sobre as outras chamadas.
nova tentativa implica que a chamada fica no
Deve ligar 112 quando presenciar uma das
final da fila de espera;
seguintes situações: doença súbita, acidente de
viação com feridos, incêndio, roubo/destruição • Identifique-se pelo nome;
de propriedade, agressão. • Faculte um contacto telefónico que
Em Portugal, ao ligar 112, a chamada é atendida permaneça contactável;
numa Central de Emergência da Polícia de
Segurança Pública (PSP); deverá informar qual • Diga o que aconteceu e quando – O quê?;
o tipo de ocorrência: doença súbita/acidente • Indique a localização exata (sempre que
com feridos, situação que requeira autoridade possível Freguesia, Código Postal, pontos de
(assalto) ou que necessite da intervenção referência) – Onde?;
de bombeiros (incêndio); após facultar esta
• Quem está envolvido (número, género, idade
informação a sua chamada será transferida,
das vítimas) – Quem?;
respetivamente, para os Centros de Orientação
de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto • Diga quais as queixas principais, o que
Nacional de Emergência Médica (INEM), para observa, situações que exijam outros meios
um Agente da Autoridade ou para o Comando – Como?;
Distrital de Operações de Socorro (CDOS)/ • Responda às questões que lhe são colocadas;
Bombeiros.
• Siga os conselhos do operador;
• Não desligue até indicação do operador;
• Se a situação mudar antes da chegada
dos meios de socorro, ligue novamente 112.
Lembre-se
”A Emergência Médica começa em si”
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