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Artigo 1 Do 1 - REFLEXOES SOBRE A HERMENEUTICA MEDICA - 2019
Artigo 1 Do 1 - REFLEXOES SOBRE A HERMENEUTICA MEDICA - 2019
RESUMO
Este artigo tem por objetivo refletir sobre os três níveis do julgamento médico
intrínsecos à relação interpessoal estabelecida entre médico e paciente. O
primeiro nível de julgamento possui uma dimensão prudencial. A partir do
momento em que é estabelecido um “pacto de confiança” entre as partes, tanto
o médico quanto o paciente devem levar em conta a virtude da prudência nas
situações singulares onde ambos devem tomar uma decisão. O segundo nível
de julgamento representa a transição do plano prudencial para o plano
deontológico. A fragilidade do pacto de confiança exprime a necessidade de se
normatizar o julgamento médico, isto é estabelecer preceitos éticos legais que
devem orientar a clínica e a pesquisa médica. O terceiro nível é constituído pela
bioética, que é definida com um julgamento reflexivo que busca legitimar a duas
dimensões anteriores – prudencial e deontológica.
ABSTRACT
This article has the aim to reflect upon three levels of medical judgement intrinsic
to the interpersonal relation established between doctors and patients. The first
level of judgement has a prudential dimension. From the moment a “trust
agreement” between the parties is established, not only the doctor but also the
patient should take into consideration the virtue of prudence in singular situations
when both have to make decisions. The second level of judgement represents
the transition from the prudential plan to the deontological plan. The fragility of
the trust agreement shows the need to follow patterns in medical judgements,
which means to establish ethical legal norms that should guide the clinic and
medical research. The third level is made of Bioethics, which is defined with a
reflexive judgement that searches to authorize the two prior dimensions –
prudential and deontological.
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Bacharel em Direito pela Pontíficia Universidade Católica de MG e Pós graduado em
Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais.
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não logratal desiderato falha no desempenho da sua missão. Nisso, precisamente, reside a
diferença entre as boas e as más constituições”. (Aristóteles,1103b, p 67, 1984).
ética. Isto significa dizer que para Aristóteles a virtude da comunidade social é a
medida da virtude de seus cidadãos. Segundo Aristóteles a finalidade (télos) da
vida humana é alcançar a felicidade (eudaimonía). No entanto, a aquisição da
felicidade não é algo que se obtém senão por meio do uso da racionalidade no
exercício habitual das virtudes. Sendo a felicidade a finalidade da dimensão
prática do agir ético, segundo Aristóteles, ela pode ser entendida racionalmente
a partir da compreensão de duas espécies de virtudes; as virtudes intelectuais e
as virtudes morais. Segundo Aristóteles:
A primeira via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino – por isso
requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em
resultado do hábito, donde ter-se formado o seu nome ἦθος por uma
pequena modificação da palavra ἔθος (hábito). Por tudo isso,
evidencia-se também que nenhuma das virtudes morais surge em nós
por natureza. (Aristóteles,1103b, p 67, 1984)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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