Professional Documents
Culture Documents
Enfermagem em Saúde Mental
Enfermagem em Saúde Mental
Saúde Mental
ÍNDICE
SAÚDE MENTAL
Conceitos ··················································································································· 2
Perspectiva Histórica ································································································· 2
Psiquiatria no Brasil ··································································································· 3
A Legislação da Reforma Psiquiátrica Brasileira ······················································· 4
Lei 10.216 ·················································································································· 4
Portaria MS 106 ········································································································· 6
As Conferências de Saúde ························································································ 7
Fatores Predisponentes a Transtornos Mentais························································· 8
Direitos dos Clientes ·································································································· 8
A Internação ·············································································································· 8
Lei 10.708 ·················································································································· 9
Setores de Atendimento em Saúde Mental ······························································· 10
Ambiente Terapêutico ······························································································· 10
Equipe Terapêutica ··································································································· 10
Interações Enfermagem-Cliente ················································································ 10
O Técnico de Enfermagem na Equipe de Saúde Mental ·········································· 11
Relações Terapêuticas ······························································································ 11
O Apoio ao Paciente ·································································································· 11
O Apoio à Família do Doente Mental ········································································ 11
Tratamento Medicamentoso ······················································································ 12
Eletroconvulsoterapia ································································································ 13
Tratamento Psicoterápico ·························································································· 14
Terapias Psicossociais ······························································································ 14
Emergência Psiquiátrica ···························································································· 15
Atendendo o Paciente ······························································································· 19
O Técnico de Enfermagem, e a sua própria Saúde Mental ······································· 19
Transtornos Mentais ·································································································· 20
Transtornos Mentais Orgânicos ················································································ 21
Transtornos de Humor ou Afetivos ············································································ 22
Transtornos da Ansiedade ························································································ 25
Distúrbios Dissociativos ···························································································· 27
Distúrbios Somatoformes ·························································································· 27
Transtornos da Alimentação ······················································································ 28
Transtornos da Personalidade ·················································································· 29
Transtornos da Conduta ···························································································· 30
Transtornos do Pensamento ····················································································· 31
Transtornos do Sono ································································································· 33
Transtornos por Uso de Substâncias ········································································ 33
Drogas que podem levar à Dependência ································································· 35
Transtornos Sexuais ·································································································· 40
Termos Técnicos em Psiquiatria ··············································································· 42
Bibliografia ················································································································· 43
1
Saúde Mental
SAÚDE MENTAL
CONCEITOS
1 - Saúde Mental
Organização Mundial de Saúde diz que o estado de completo bem estar físico, mental e social define o que é
saúde, portanto, tal conceito implica num critério de valores (valorativo), já que, lida com a idéia de bem-estar e
mal-estar.
Os seguintes itens foram identificados como critérios de saúde mental:
• Atitudes positivas em relação a si próprio
• Crescimento, desenvolvimento e auto-realização
• Integração e resposta emocional
• Autonomia e autodeterminação
• Percepção apurada da realidade
• Domínio ambiental e competência social
2 - Doença Mental
São transtornos de saúde, que podem afetar sentimentos, pensamento e comportamento. Pode ser entendida
como uma variação mórbida do normal, variação esta capaz de produzir prejuízo no desempenho global da
pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal) e/ou das pessoas com quem convive.
A definição de doença mental deriva do que se acredita serem os fatores causais.
Foram propostas as seguintes hipóteses como determinantes da ocorrência de doença mental:
• A hipótese biológica propõe disfunções anatômicas e fisiológicas.
• A hipótese do aprendizado sugere modelos de comportamento inadaptado aprendidos.
• A hipótese cognitiva propõe as inexatidões ou déficits no conhecimento ou consciência.
• A hipótese psicodinâmica sugere conflitos intrapsíquicos e déficits de desenvolvimento.
• A hipótese ambiental propõe estressores e respostas ambientais adversas.
3 - Deficiência Mental
A deficiência mental possui muitas etiologias diferentes e pode ser vista como uma via final comum de vários
processos patológicos que afetam o funcionamento do sistema nervoso central.
É o desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, caracterizado particularmente pela redução das
capacidades que contribuem para o nível global da inteligência. É o funcionamento intelectual significativamente
inferior à média.
Os graus de deficiência são convencionalmente estimados por testes padronizados de inteligência cujo resultado
(Quociente Intelectual ou QI) médio é 100 com desvio padrão de 15 pontos.
Classificação
• Leve – apresenta certa dificuldade na escola; muitos adultos serão capazes de trabalhar, ter e manter boas
relações sociais e contribuir para a sociedade. Alguns aspectos da aprendizagem podem ser mais lentos e
requerer treino mais sistemático. O intervalo aproximado do QI é de 50-69 (adultos com idade mental de 9 a 12
anos).
• Moderada – apresenta atraso de desenvolvimento na infância, mas muitos aprendem a desenvolver certo grau
de independência em cuidar de si e adquirir uma adequada escolaridade e capacidade de comunicação.
Quando adultos, necessitarão, em grau variado, de ajuda para viver e trabalhar na comunidade. O intervalo
aproximado de QI é de 35-49 (adultos com idade mental de 6 a 9 anos).
• Grave - pode responder a programas adequados de reabilitação, apesar das limitações físicas e orgânicas, mas
o indivíduo provavelmente permanecerá dependente e com necessidade de ajuda permanente. O intervalo
aproximado de QI é de 20-34 (adultos com idade mental de 3 a 6 anos).
• Profunda - limitação grave da capacidade de cuidar de si próprio, de continência, comunicação e mobilidade,
mas o indivíduo pode ser capaz de ter alguma resposta a programas de reabilitação. O QI situa abaixo de 20
(adultos com idade mental de 3 anos, no máximo).
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O conceito de loucura vem, através do tempo, se transformando. Acompanhou as mudanças do Mundo em
relação aos valores, cultura, avanços na área médica, etc.
Na Grécia antiga o conceito de doença mental estava ligado a explicações mágico-religiosas, que atribuíam a uma
força sobrenatural a origem dos transtornos mentais. Os loucos eram considerados detentores de poderes divinos.
Suas frases enigmáticas aproximavam os homens das ordens dos deuses. A sociedade a encarava tornava-se
ambíguo, pelo fato de que tanto poderia ser o enfermo um portador, ou intérprete da vontade divina, como
também um castigado pelos deuses ou um endemoninhado. O tratamento tinha como objetivo controlar, apaziguar
ou expulsar estas forças “demoníacas”.
No Império Romano, o tratamento dos transtornos mentais adquiriu novas idéias, que defendiam uma maior
relação individual entre o médico e o portador de transtornos mentais, e se diferenciava as alucinações das
ilusões, recomendando-se que o tratamento da primeira doença fosse realizado em salas iluminadas, devido ao
medo que o portador de alucinações tinha da escuridão. Galeno, em Roma, afirmava que as relações sexuais e a
masturbação serviriam de alívio para as tensões. Foi graças aos romanos que, pela primeira vez, surgiu uma
2
Saúde Mental
concepção diferente com relação aos doentes mentais. Foram criadas leis em que se detalhavam as várias
condições, tais como insanidade e embriaguez, que, se presentes no ato do crime, poderiam diminuir o grau de
responsabilidade do criminoso. Outras definiam a capacidade do doente mental para contratar casamento,
divorciar-se, dispor de seus bens, fazer testamento e até testemunhar.
Com o fim do Império Romano, em 476 d.C., iniciou-se um período que a História denominou de Idade Média. Foi
também o período em que o cristianismo expandiu-se. Isso fez com que todas as descobertas no campo científico
e nos outros campos do conhecimento humano progredissem muito lentamente. A possessão da mente de uma
pessoa por um espírito maligno, e suas alterações verbais e de comportamento, retornou como a principal causa
dos distúrbios mentais, como havia sido em épocas anteriores. Desta forma, muitos dos portadores de alienações
mentais morreram queimados nas fogueiras e nos patíbulos de suplícios. Os que escapavam da pena imposta
pelas idéias religiosas da época, eram abandonados à própria sorte.
No Século XVII, com o mercantilismo, começaram a ser encarcerados todos aqueles que não pudessem contribuir
para o movimento de produção, de comércio ou de consumo de mercadorias. Foram criados então, em toda a
Europa, estabelecimentos de internação, para onde eram enviados os velhos e crianças abandonadas, os
aleijados, os mendigos, os portadores de doenças venéreas e os loucos, não havendo nenhuma intenção de
tratamento. Os encarcerados eram obrigados a trabalhos forçados, que serviam como punição ao que era
considerado o maior vício da sociedade mercantilista: a ociosidade. A semente dos manicômios havia sido
plantada.
Em 1789, com a Revolução Francesa, este conceito se modificou. As palavras de ordem igualdade, liberdade e
fraternidade começaram a imperar. Iniciou-se então, um processo de reabsorção dos excluídos, buscando-se
alternativas para eles, tais como auxílio financeiro e médico em suas próprias casas. Os loucos permaneceram
encarcerados, já que eram considerados perigosos para o convívio social.
Antes do final do século XVIII, a medicina não tinha se interessado, especialmente, em saber o quê e o por quê do
que dizia o louco. Foi quando, no final desse século, Philippe Pinel, um jovem médico, liberta os alienados dos
porões destes hospitais. Com uma proposta de tratamento humanitário para os doentes, aliados à prática de
docência, Pinel desenvolveu uma corrente de pensamento de médicos especialistas em doenças mentais,
aprimorando as descrições detalhadas dos transtornos mentais através de longas observações. Foi fundamentada
a alienação mental como sendo um distúrbio das funções intelectuais do sistema nervoso, o cérebro foi definido
como sede da mente, e a mente como o local onde se manifestava a loucura. Mostrou a influência de tóxicos nas
alterações do comportamento, conceituou esquizofrenia e dividiu os portadores de doenças mentais em duas
classes: os degenerados,
que apresentariam estigmas morais e físicos, sendo propensos a apresentar acessos delirantes; e os não-
degenerados, que eram indivíduos normais, porém predispostos ao transtorno mental. Desenvolveu o conceito de
inconsciente, paralelamente à aplicação da hipnose como método terapêutico. Dividiu os sintomas em classes:
mania, melancolia, demência e idiotismo e teorizou suas causas como sendo físicas: de origem cerebral, como
pancada na cabeça, formação defeituosa do cérebro e hereditariedade e morais: consideradas as mais
importantes, são as paixões intensas e excessos de todos os tipos.
Enquanto os médicos franceses desenvolviam suas observações clínicas, na Alemanha uma nova corrente com
relação aos transtornos mentais surgia: a psiquiatria. Essa corrente seguiu os caminhos da medicina e o
estabelecimento de um sistema moderno de estudo dos transtornos mentais. Seu maior representante foi um
médico de origem austríaca chamado Sigmund Freud. Freud estabeleceu um sistema moderno de estudo dos
transtornos mentais: a catarse (violenta expressão de suas emoções). Desenvolveu os conceitos de “inconsciente
e repressão”, nos quais a emoção ligada às idéias reprimidas podia afetar o comportamento nos eventos do
presente.
A partir do século XIX inicia-se a utilização de substâncias (Haldol) que agem diretamente no sistema nervoso
central.
Mas foi no final dos anos de 1930, que para os casos de transtornos mentais graves houve a introdução do
tratamento de choque e da psicocirurgia, sendo esta última introduzida somente baseada nos resultados da
experimentação animal, sem qualquer base teórica, anatômica ou fisiológica. Após expectativas ilusórias, estas
práticas foram limitadas a condições clínicas específicas.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a terapia medicamentosa, com bastante sucesso.
PSIQUIATRIA NO BRASIL
A chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, provocou profundas transformações econômicas e
políticas. A criação do primeiro hospício brasileiro estava relacionada com o crescimento e o reordenamento da
cidade (urbanização) e a necessidade de recolher os habitantes desviantes que perambulam pelas ruas: os
desempregados (imigrantes principalmente, que não aceitam as condições de trabalho existentes), os mendigos,
os órfãos, os marginais de todo o tipo e os loucos. Esses habitantes eram recolhidos aos Asilos de Mendicância e
de Órfãos, administrados pela Santa Casa de Misericórdia.
Os loucos eram colocados no mesmo espaço que os outros desviantes, sendo submetidos a maus-tratos que
freqüentemente os levavam à morte.
Essa situação foi motivo de crítica até que, em 1852 foi inaugurado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, o
Hospício Pedro II. Seguindo a tendência européia, da França principalmente, a loucura começou a ser encarada
3
Saúde Mental
como doença e como tal, sujeita a tratamento médico. A criação do primeiro hospício no Brasil forneceu à loucura
o estatuto de doença, que se torna o objeto da nova especialidade médica - a Psiquiatria.
No entanto, apesar da criação do hospício, continuavam, por parte dos médicos, as críticas aos maus-tratos e à
ausência de cura dos doentes. O resultado dessas críticas, e o advento da Proclamação da República, levaram à
desanexação do hospício da Santa Casa em 1890. O poder das religiosas foi, então, substituído pelo poder dos
médicos. Os médicos consideraram-se os únicos capazes de levar adiante a proposta terapêutica do hospício.
Essa proposta terapêutica foi o tratamento moral. Esse tratamento compreendia o isolamento e a vigilância dos
internos, a organização do espaço terapêutico e a distribuição do tempo. O isolamento tinha como objetivo separar
o doente da sociedade e da família, consideradas em parte responsáveis pelo desenvolvimento da doença mental.
A organização do espaço previa a separação entre os sexos e entre os vários tipos de doentes. Por exemplo,
existiam os pacientes pensionistas e os indigentes.
A distribuição do tempo previa a terapêutica pelo trabalho. O trabalho era realizado em oficinas de costura,
bordados, colchoaria, móveis, calçados ou jardinagem. Os doentes trabalhavam também como serventes nas
obras, nos refeitórios e nas enfermarias.
Outras modalidades terapêuticas aplicadas no hospício são a clinoterapia (repouso no leito) e a balneoterapia
(tratamento pelos banhos).
Nessa época, a atribuição básica do pessoal da enfermagem era a vigilância.
A superpopulação do hospício e as críticas ao seu regime fechado – tipo prisão e as poucas altas entre os
pacientes internados, levaram a uma nova proposta terapêutica na assistência psiquiátrica brasileira: a do trabalho
agrícola e em pequenas oficinas que serviriam de base para a criação das colônias agrícolas. O psiquiatra Juliano
Moreira foi um dos seus teóricos mais importantes.
Outra proposta terapêutica, que surgiu nos anos 10-20 foi a assistência hetero-familiar (A.H.F.), que se
desenvolveu junto às colônias agrícolas e tinham como objetivo proporcionar aos internos um convívio familiar,
com famílias “adotivas” chamadas de famílias nutrícias. No entanto, essas propostas foram implantadas apenas
em alguns locais e não apresentaram muitos resultados. Já em 1916, o Código Civil prescrevia a interdição civil e
a conseguinte curatela aos “loucos” de todo os gêneros.
Nas décadas de 40 e 50, o discurso organicista passou a ser predominante. Ou seja, acreditou-se que as causas
da doença mental eram orgânicas, ou físicas. Surgiram as terapias biológicas, como a eletroconvulsoterapia
(E.C.T.), as psicocirurgias e já na metade da década de 50, os psicofármacos.
No fim da década de 1980, a partir das transformações sociais e políticas que vinham acontecendo no campo da
psiquiatria, em países da Europa (Inglaterra, França e principalmente Itália) e nos Estados Unidos da América,
inicia-se no Brasil o movimento da Reforma Psiquiátrica. Este movimento recebeu esta denominação por
apresentar e desencadear mudanças que vão muito além da mera assistência em saúde mental. Estas vêm
ocorrendo nas dimensões jurídicas, políticas, sócio-culturais e teóricas.
A LEGISLAÇÃO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA
A legislação brasileira que trata da questão dos direitos e da assistência dos usuários dos serviços de saúde
mental foi sancionada em 6 de abril de 2001 e foi o resultado da iniciativa conjunta dos trabalhadores de saúde
mental, dos usuários, da população solidária, do poder legislativo e do Ministério da Saúde. O modelo anterior,
amparado pelo decreto de 3 de julho de 1934, colocava o hospital psiquiátrico como o local de tratamento
adequado aos doentes mentais, proibia o seu atendimento em hospitais gerais e não lhes assegurava direitos ou
proteção.
O projeto de Lei do deputado Paulo Delgado tramitou por dez anos, sofreu modificações e se adaptou ao conjunto
de forças democráticas que compõem nosso país. O resultado, a lei 10216, foi sancionada pelo Presidente da
República em 6 de abril de2001.
Outra portaria importante é a nº106/2000, que cria os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental e os
define como “moradias ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores
de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte
social e laços familiares e, que viabilizem sua inserção social”. Esse tipo de serviço é também conhecido como
Pensão Protegida, e é definido que, para cada paciente transferido do Hospital para a Residência.
Os Serviços Residenciais devem abrigar um número máximo de oito usuários (até três por dormitório) e ter uma
equipe técnica composta de, no mínimo, um profissional de nível superior, da área da saúde com formação ou
experiência na área de saúde mental, e dois profissionais de nível médio, com experiência e/ou capacitação
específica em reabilitação psicossocial.
A LEI 10.216
Esta lei propõe a extinção progressiva dos manicômios (instituições fechadas) e sua substituição por instituições
abertas, tais como: unidades de Saúde Mental em hospital geral, emergência psiquiátrica em pronto socorro geral,
unidade de atenção intensiva em Saúde Mental em regime de hospital-dia, Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), serviços territoriais que funcionem 24 horas (NAPS), pensões protegidas, lares abrigados, centros de
convivência, cooperativas de trabalho e outros serviços que preservem a integridade do cidadão.
Prevê que o usuário tem o direito de receber o maior número de informação a respeito de sua doença e de seu
tratamento. A família é levada a refletir sobre o seu papel no processo de reintegração deste indivíduo, embora
existam famílias que continuem achando a internação uma solução. Inibe a construção de novos hospitais
4
Saúde Mental
psiquiátricos e a contratação ou financiamento de novos leitos nesta área pelo poder público, utilizando critérios
rígidos e atrelando sua aprovação a comissões intergestoras e de controle social dos três níveis de gestão do
SUS.
o
LEI N 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
o
Art. 1 Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são
assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção
política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu
transtorno, ou qualquer outra.
o
Art. 2 Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
o
Art. 3 É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção
de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a
qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que
ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
o
Art. 4 A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes.
o
§ 1 O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
o
§ 2 O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de
lazer, e outros.
o
§ 3 É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
o
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2 e que não assegurem aos pacientes os
o
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2 .
o
Art. 5 O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência
institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando
necessário.
o
Art. 6 A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os
seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
o
Art. 7 A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da
admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por
determinação do médico assistente.
o
Art. 8 A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no
Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
o
§ 1 A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério
Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo
procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
o
§ 2 O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou
quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
5
Saúde Mental
o
Art. 9 A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que
levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais
internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção
do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à
autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o
consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos
profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a
implementação desta Lei.
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
o o
Brasília, 6 de abril de 2001; 180 da Independência e 113 da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Jose Gregori
José Serra
Roberto Brant
(DOU 09/04/2001)
6
Saúde Mental
cabendo ao gestor local a responsabilidade de oferecer uma assistência integral a estes usuários, planejando as
ações de saúde de forma articulada nos diversos níveis de complexidade da rede assistencial;
d) estarem sob gestão preferencial do nível local e vinculados, tecnicamente, ao serviço ambulatorial
especializado em saúde mental mais próximo;
e) a critério do Gestor municipal/estadual de saúde os Serviços Residenciais Terapêuticos poderão funcionar em
parcerias com organizações não governamentais ( ONGs) de saúde, ou de trabalhos sociais ou de pessoas físicas
nos moldes das famílias de acolhimento, sempre supervisionadas por um serviço ambulatorial especializado em
saúde mental.
Art. 6º Definir que são características físico-funcionais dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental:
6.1 apresentar estrutura física situada fora dos limites de unidades hospitalares gerais ou especializadas seguindo
critérios estabelecidos pelos gestores municipais e estaduais;
6.2 existência de espaço físico que contemple de maneira mínima:
6.2.1 dimensões específicas compatíveis para abrigar um número de no máximo 08 (oito) usuários, acomodados
na proporção de até 03 (três) por dormitório.
6.2.2 sala de estar com mobiliário adequado para o conforto e a boa comodidade dos usuários;
6.2.3 dormitórios devidamente equipados com cama e armário;
6.2.4 copa e cozinha para a execução das atividades domésticas com os equipamentos necessários (geladeira,
fogão, filtros, armários, etc.);
6.2.5 garantia de, no mínimo, três refeições diárias, café da manhã, almoço e jantar.
Art. 7º Definir que os serviços ambulatoriais especializados em saúde mental, aos quais os Serviços Residenciais
Terapêuticos estejam vinculados possuam equipe técnica que atuará na assistência e supervisão das atividades,
constituída, no mínimo, pelos seguintes profissionais:
a) 01 (um) profissional de nível superior da área de saúde com formação, especialidade ou experiência na área de
saúde mental;
b) 02 (dois) profissionais de nível médio com experiência e/ou capacitação específica em reabilitação psicossocial
Art.8º Determinar que cabe ao gestor municipal /estadual do SUS identificar os usuários em condições de serem
beneficiados por esta nova modalidade terapêutica, bem como instituir as medidas necessárias ao processo de
transferência dos mesmos dos hospitais psiquiátricos para os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde
Mental.
Art. 9º Priorizar, para a implantação dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental, os municípios
onde já existam outros serviços ambulatoriais de saúde mental de natureza substitutiva aos hospitais psiquiátricos,
funcionando em consonância com os princípios da II Conferência Nacional de Saúde Mental e contemplados
dentro de um plano de saúde mental, devidamente discutido e aprovado nas instâncias de gestão pública.
Art. 10 Estabelecer que para a inclusão dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental no Cadastro do
SUS, deverão ser cumpridas as normas gerais que vigoram para cadastramento no Sistema Único de Saúde e a
apresentação de documentação comprobatória aprovada pelas Comissões Intergestores Bipartite.
Art.11 Determinar o encaminhamento por parte das Secretarias Estaduais e Municipais, ao Ministério da Saúde
Secretaria de Políticas de Saúde - Área Técnica da Saúde Mental, a relação dos Serviços Residenciais
Terapêuticos em Saúde Mental cadastrados no estado, bem como a referência do serviço ambulatorial e a equipe
técnica aos quais estejam vinculados, acompanhado das FCA- Fichas de Cadastro Ambulatorial e a atualização
da FCH- Ficha de Cadastro Hospitalar com a redução do número de leitos psiquiátricos, conforme Artigo 2º desta
portaria.
Art.12 Definir que as Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Saúde, com apoio técnico do Ministério da
Saúde, deverão estabelecer rotinas de acompanhamento, supervisão, controle e avaliação para a garantia do
funcionamento com qualidade dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental.
Art.13 Determinar que as Secretarias de Assistência à Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde e a Secretaria
Executiva, no prazo de 30 ( trinta) dias, mediante ato conjunto, regulamentem os procedimentos assistenciais dos
Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental.
Art. 14 Definir que cabe aos gestores de saúde do SUS emitir normas complementares que visem a estimular as
políticas de intercâmbio e cooperação com outras áreas de governo, Ministério Público, Organizações Não
Governamentais, no sentido de ampliar a oferta de ações e de serviços voltados para a assistência aos portadores
de transtornos mentais, tais como: desinterdição jurídica e social, bolsa-salário ou outra forma de benefício
pecuniário, inserção no mercado de trabalho.
Art. 15 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
JOSÉ SERRA
AS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE
1 - Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica – ocorrida em 1990 aconteceu em
Caracas, Venezuela, tendo a participação de diversas associações relacionadas com a área, juristas, membros
dos parlamentos e delegações técnicas de países latino-americanos. Como resultado de todos os trabalhos,
redigiu-se um documento denominado Declaração de Caracas, que direciona o processo de reestruturação na
América Latina. a assistência psiquiátrica tradicional, tendo o hospital psiquiátrico como única modalidade de
atendimento, não permite alcançar os objetivos compatíveis com um atendimento comunitário, descentralizado,
7
Saúde Mental
participativo, integral, contínuo e preventivo. os países devem procurar assegurar o respeito aos direitos humanos
e civis dos doentes mentais, e promover a organização de serviços comunitários de saúde mental que venham a
garantir o cumprimento dessa legislação.
2 - 2ª Conferência Nacional de Saúde Mental - aconteceu em 1992, e teve como principal inovação a participação
efetiva dos usuários e familiares, além dos técnicos e da sociedade em geral. Definiu a equipe de saúde como
necessariamente multiprofissional, integrada por profissionais de outros campos do conhecimento e articulada
com os setores populares, livre do tradicional loteamento de funções e marcada por uma participação mais efetiva
dos auxiliares e atendentes. A equipe de saúde adquiriu um perfil diferente. O papel dos profissionais de nível
médio, por exemplo, passou a ser reconhecido como de grande valor.
3 - 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental – ocorrida de 11 a 15 de dezembro de 2001, discutiu-se as
mudanças do modelo assistencial: a organização da rede de serviços, a capacitação de recursos humanos e a
garantia dos direitos dos usuários.
4 - Ministério da Saúde - em 1994, instituiu um novo modelo de atenção à saúde da população que busca a
reorientação do modelo tradicional vigente, o qual está centrado no Programa de Saúde da Família. Desta forma,
a família foi eleita em seu contexto sociocultural, como núcleo básico no atendimento à saúde.
FATORES PREDISPONENTES A TRANSTORNOS MENTAIS
FATORES BIOLÓGICOS
a) Fatores genéticos ou hereditários
Os avanços da Medicina têm permitido identificar alguns genes que possam ter influência no desenvolvimento de
transtornos mentais.
b) Fatores pré-natais
As condições de gestação, dentre eles os fatores emocionais, econômicos e sociais, o consumo de álcool, drogas,
cigarro e de alguns tipos de medicação podem prejudicar a formação do bebê, gerando problemas futuros
c) Fatores peri-natais
O bebê pode sofrer danos neurológicos devido a traumatismos ou falta de oxigenação do tecido cerebral que
podem formar a base para futuros transtornos psiquiátricos.
d) Fatores neuro-endocrinológicos
As mudanças hormonais podem influenciar nosso estado de humor e deflagrar até mesmo estados psicóticos
como é o caso da psicose puerperal ou da tensão pré-menstrual (TPM).
e) Fatores ligados a doenças orgânicas
O transtorno mental pode também aparecer como conseqüência de determinada doença orgânica, tal como
infecções, traumatismos, vasculopatias, intoxicações, abuso de substâncias e qualquer agente nocivo que afete o
sistema nervoso central.
FATORES AMBIENTAIS
a) Sociais
Todas as interações que temos com o outro, nossas relações pessoais, profissionais e com outros grupos.
b) Culturais
Todo o sistema de regras no qual estamos envolvidos nos dá a noção de certo e errado, de bom e mau
c) Econômicos
A miséria, aliada à baixa escolaridade, pode levar ao aumento da criminalidade e esta ao aumento de tensão em
nosso dia-a-dia.
FATORES EMOCIONAIS OU PSICOLÓGICOS
As interações que estabelecemos com o mundo, a partir de nosso nascimento, serão formadoras da
personalidade. A repetição constante à frustração, por períodos prolongados, pode levar o indivíduo, no futuro, a
desenvolver uma série de transtornos mentais.
DIREITOS DO CLIENTE
• Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
• Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
• Ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
• Ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
• Ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária;
• Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
• Receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
• Ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
• Ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de Saúde Mental”.
A INTERNAÇÃO
Só poderá se dar quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
8
Saúde Mental
Tipos de internação
• Voluntária, aquela consentida pelo usuário;
• Involuntária, aquela a pedido de terceiro,sem consentimento do usuário;
• Compulsória, aquela determinada pela justiça .
A internação involuntária a pedido da família deve ser comunicada ao Ministério Público, à autoridade sanitária e
ao Conselho Local de Saúde no prazo de 48 h. Deve também ser composta uma comissão interdisciplinar com
integrantes da administração pública, de entidades profissionais, de usuários e da sociedade civil, para avaliar a
pertinência legal da internação.
LEI N° 10.708, DE 31 DE JULHO DE 2003
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Fica instituído o auxílio-reabilitação psicossocial para assistência, acompanhamento e integração social,
fora de unidade hospitalar, de pacientes acometidos de transtornos mentais, internados em hospitais ou unidades
psiquiátricas, nos termos desta Lei.
Parágrafo único. O auxílio é parte integrante de um programa de ressocialização de pacientes internados em
hospitais ou unidades psiquiátricas, denominado "De Volta Para Casa", sob coordenação do Ministério da Saúde.
Art. 2° O benefício consistirá em pagamento mensal de auxílio pecuniário, destinado aos pacientes egressos de
internações, segundo critérios definidos por esta Lei.
§ 1° É fixado o valor do benefício de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), podendo ser reajustado pelo Poder
Executivo de acordo com a disponibilidade orçamentária.
§ 2° Os valores serão pagos diretamente aos beneficiários, mediante convênio com instituição financeira oficial,
salvo na hipótese de incapacidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil, quando serão pagos ao
representante legal do paciente.
§ 3° O benefício terá a duração de um ano, podendo ser renovado quando necessário aos propósitos da
reintegração social do paciente.
Art. 3° São requisitos cumulativos para a obtenção do benefício criado por esta Lei que:
O paciente seja egresso de internação psiquiátrica cuja duração tenha sido, comprovadamente, por um período
igual ou superior a dois anos;
A situação clínica e social do paciente não justifique a permanência em ambiente hospitalar, indique tecnicamente
a possibilidade de inclusão em programa de reintegração social e a necessidade de auxílio financeiro;
Haja expresso consentimento do paciente, ou de seu representante legal, em se submeter às regras do programa;
Seja garantida ao beneficiado a atenção continuada em saúde mental, na rede de saúde local ou regional.
§ 1° O tempo de permanência em Serviços Residenciais Terapêuticos será considerado para a exigência temporal
do inciso I deste artigo.
§ 2° Para fins do inciso I, não poderão ser considerados períodos de internação os de permanência em orfanatos
ou outras instituições para menores, asilos, albergues ou outras instituições de amparo social, ou internações em
hospitais psiquiátricos que não tenham sido custeados pelo Sistema Único de Saúde - SUS ou órgãos que o
antecederam e que hoje o compõem.
§ 3° Egressos de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico poderão ser igualmente beneficiados,
procedendo-se, nesses casos, em conformidade com a decisão judicial.
Art. 4° O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será suspenso:
quando o beneficiário for reinternado em hospital psiquiátrico;
quando alcançados os objetivos de reintegração social e autonomia do paciente.
Art. 5° O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será interrompido, em caso de óbito, no mês seguinte ao
do falecimento do beneficiado.
Art. 6° Os recursos para implantação do auxílio-reabilitação psicossocial são os referidos no Plano Plurianual
2000-2003, sob a rubrica "incentivo-bônus", ação 0591 do Programa Saúde Mental no 0018.
§ 1° A continuidade do programa será assegurada no orçamento do Ministério da Saúde.
§ 2° O aumento de despesa obrigatória de caráter continuado resultante da criação deste benefício será
compensado dentro do volume de recursos mínimos destinados às ações e serviços públicos de saúde, conforme
disposto no art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 7° O controle social e a fiscalização da execução do programa serão realizados pelas instâncias do SUS.
Art. 8° O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei.
Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 31 de julho de 2003; 182° da Independência e 115° da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Humberto Sérgio Costa Lima
Ricardo José Ribeiro Berzoini
9
Saúde Mental
10
Saúde Mental
11
Saúde Mental
Investindo nas potencialidades da família, ela poderá lidar com as condições que a doença mental lhes impõe,
valendo-se dos recursos comunitários disponíveis, tais como: serviços de saúde mental, rede básica de saúde,
agências sociais, instituições civis, associações de familiares e famílias e associações de usuários, que constituem
a ampla rede social de apoio.
TRATAMENTO
Classificação
• Somáticos - incluem as terapias medicamentosas e eletroconvulsivantes.
• Psicoterapêuticos - incluem as terapias psicossociais - psicoterapia (individual, em grupo ou familiar), as
técnicas de terapia comportamental (como os métodos de relaxamento e a hipnose) e a hipnoterapia.
1 – SOMÁTICO
A) MEDICAMENTOSO
Os psicofármacos são drogas cujo principal uso é modificar as funções psíquicas, normais ou alteradas. Portanto,
não curam o doente mental, apenas diminuem seu sofrimento. Para atuar no psiquismo, os psicofármacos
precisam vencer uma série de barreiras até atingir o SNC. A área onde irão atuar está intimamente ligada aos
efeitos que produzem, sejam eles desejáveis ou não.
Tipos
a) Psicolépticos - são drogas que atuam diminuindo a atividade psíquica normal ou alterada.
• Hipnóticos – induzem o sono (Pentobarbital®, Flurazepan®, Nitrazepan®, Metaqualona®, Trazolan®),
• Ansiolíticos - aliviam ansiedade e tensão sem interferir excessivamente em outras funções cerebrais.
(Diazepan®, Lorazepan®, Meprobamato®)
Efeitos colaterais
• Sonolência • Perda de coordenação • Fadiga • Passam no leite materno
• Mal formações fetais • Confusão mental • Lentidão
• Antipsicóticos ou Neurolépticos - reduzem sintomas psicóticos como alucinações e idéias delirantes
(Clorpromazina®, Haloperidol®, Reserpina®, Tioridazina®, Flufenazina®, Pipotiazina®, Tiotixene®).
Efeitos colaterais
• Retinite pigmentosa • Agranulocitose • Xerostomia (secura excessiva da boca)
• Náuseas e vômitos • Disfagia • Impotência ou alterações de ejaculação
• Esofagite de refluxo • Hipersalivação • Síndrome neuroléptica maligna
• Hiponatremia • Icterícia • Priapismo (ereção do pênis por período prolongado)
• Sedação, • Urticária • Distúrbios de ritmo cardíaco
• Tontura • Edema • Manchas avermelhadas
• Incontinência urinária • Galactorréia • Retenção urinária
• Distonia aguda • Amenorréia • Constipação intestinal
• Acatisia • Convulsões • Síndrome parksoniana
• Discinesia tardia • Poliúria • Hipotensão ortostática
Observação
A Síndrome Neuroléptica maligna se caracteriza por hipertermia,alteração do nível de ,hipertensão, taquicardia,
taquipnéia, leucocitose e aumentos dos níveis de creatinina no sangue.
Cuidados de Enfermagem
• Avaliar para ver se há alterações ortostáticas na pressão arterial e orientar o paciente: Ao levantar-se da cama
ou de uma cadeira, fazê-lo lentamente. Sentar-se ao lado da cama por alguns poucos minutos, balançando as
pernas.
• Orientar o paciente:
• Escovar os dentes, após cada refeição, com uma pasta de dente fluoretada.
• Lavar a boca freqüentemente.
• Limitar as bebidas cafeinadas ou alcoólicas, pois elas podem ser desidratantes.
• Parar de fumar devido à irritação da mucosa oral.
• Chupar bala ou mastigar chiclete dietético; evitar bombons açucarados a fim de reduzir o risco de infecções
fúngicas e de cáries dentárias.
• Evitar os alimentos secos ou condimentados.
• Beber líquidos entre as refeições, a não ser que esteja recebendo uma dieta com restrição específica a eles.
• Evitar as bebidas ácidas, em virtude da irritação potencial.
• Utilizar temperos, sucos ou molhos (se permitidos) para umedecer o alimento.
• Comer alimentos ricos em substâncias de fácil digestão: frutas, vegetais (por exemplo: folhas verdes) para
aumentar a massa fecal e ajudar a amolecer as fezes.
• Comer frutas secas, tais como ameixas ou tâmaras, por causa de seu efeito laxante.
• Manter o nível de atividade dentro dos limites normais.
12
Saúde Mental
• Consultar o médico para determinar o uso apropriado de laxativos obtidos sem receita médica e/ou emolientes
fecais prescritos.
• Tranqüilizar o paciente.
• Avaliar a capacidade funcional
• Administrar a medicação prescrita
b) Psicanalépticos - são drogas que atuam aumentando a atividade psíquica normal ou diminuída.
• Psicoestimulantes - estimulam a vigília, combatendo a fadiga ou aumentando o desempenho. Causam
dependência psíquica e por isso seu uso deve ser restrito em Medicina. (Anfetamina®, Cafeína®,
Metanfetamina®)
Efeito colateral
• Suprimem a fome • Aumentam o estado de alerta e atenção • Suprimem o sono
• Suprimem a fadiga • Comportamento compulsivo estereotipado • Aumento de ansiedade
• Idéias de perseguição • Aumento do apetite sexual • Alucinações visuais
• Alucinações olfativas • Alucinações auditivas, • Alucinações táteis
• Antidepressivos - combate formas patológicas de depressão mental (Imipramina®, Amitriptilina®, Fenelzina®).
Efeitos Colaterais
• Passa para o leite materno. • Hipotensão postural • Boca seca,
• Ausência de orgasmo (anorgasmia), • Edema de membros, • Obstipação,
• Contrações musculares involuntárias (mioclonias), • Retenção urinária, • Obesidade,
• Diminuição da libido (desejo sexual), • Distúrbios da memória, • Daltonismo
• Crises hipertensivas espontâneas. • Piora de glaucoma, • Visão turva,
• Cefaléia occipital ou temporal, • Náuseas ou vômitos, • Taquicardia,
• Lesões cutâneas • Sudorese profusa, • Tontura,
• Galactorréia • Sedação, • Calor,
c) Psicodislépticos - são drogas que promovem o aparecimento de estados psíquicos anormais, como
alucinações, idéias delirantes ou euforia. Seu uso se dá habitualmente de forma ilegal.
• Euforizantes - produzem desinibição e euforia (álcool, cocaína, heroína)
Efeitos Colaterais
• Incoordenação motora • Efeito hipnótico • Taquicardia,
• Comprometimento da memória • Náuseas e vômitos • Sonolência,
• Dificuldade em tomar decisões • Sedação profunda • Coma
• Liberação da agressividade, • Distúrbios digestivos, • Morte
• Respiração superficial, • Miose (contração da pupila), • Anorexia,
• Hipotensão ortostática, • Diminuição da força muscular, • Insônia
• Diminuição da mobilidade intestinal • Vasodilatação • Apatia
• Alterações da sensopercepção, • Olhos vermelhos, • Emagrecimento
• Diminuição do senso de identidade • Idéias de perseguição, • Convulsões
• Alucinações visuais e auditivas. • Despersonalização, • Letargia
• Perda da noção de tempo e espaço • Distúrbios de pânico. • Obstipação.
• Perda da noção de forma e cores, • Idéias delirantes de grandeza • Hipertensão.
• Midríase (dilatação da pupila), • Hipertermia • Excitação
• Psicotogênicos ou psicodélicos - altera a percepção, fazendo com que o indivíduo perca muitas vezes o
contato com a realidade (canabinóis, LSD, mescalina, psilocibina).
d) Normalizadores psíquicos - não atuam sobre estados psíquicos normais, mas podem ser utilizados para
corrigir os estados psíquicos alterados.
• Eutímicos ou normalizadores do humor - atuam de duas formas diferentes: normalizando o humor ou
prevenindo distúrbios afetivos (sais de lítio) Durante o tratamento, é imprescindível que freqüentemente seja
feita dosagem sangüínea dos níveis de lítio, para determinar a dose ideal da medicação. Em doses baixas, pode
não surtir efeito; e, em doses altas, pode agravar os efeitos colaterais. A diferença entre uma dose alta e uma
dose baixa é mínima.
Efeitos colaterais
• Sonolência • Cansaço, • Aumento de peso • Vômitos • Poliúria.
• Fraqueza, • Polidipsia • Mãos tremulas • Hipotireoidismo • Náuseas
• Energizantes ou estimulantes da memória - diminuir os distúrbios psíquicos decorrentes do envelhecimento.
B) ELETROCONVULSOTERAPIA OU ELETROCHOQUE (ECT)
Consiste em fazer passar uma corrente elétrica pelo corpo, por meio de eletrodos colocados em uma ou ambas as
têmporas, produzindo alterações neuroquímicas e neuroendrócrinas. O tempo de aplicação é de 5 a 15 segundos,
não bastando apenas uma sessão. Normalmente são prescritas várias aplicações.
13
Saúde Mental
A ECT é prescrita sempre pelo psiquiatra, e hoje em dia seu uso se restringe a casos de depressão grave que não
respondam a outras formas de tratamento e estados de grande agitação e desorganização.
É aplicado por uma equipe composta de psiquiatra, enfermeiro, anestesista e técnico de enfermagem.
É realizado em uma sala específica da unidade, que desde o início deve estar preparada para o caso de surgir
uma emergência, com medicações de urgência.
Material
• Aspirador, • Eletrocardiógrafo, • Protetor de língua • Material para infusão venosa,
• Desfibrilador, • Tubo endotraqueal, • Laringoscópio • Tubo de oxigênio com manômetro,
Cuidados de Enfermagem
• Manter jejum por pelo menos 4 horas.
• Administrar a medicação aproximadamente 30 minutos antes do procedimento.
• Solicitar que urine e evacue previamente.
• Oferecer mais conforto e evitar lesões corporais,
• Vesti-lo/a com pijama ou camisola larga,
• Pedir que retire grampos, jóias e/ou próteses
• Colocar protetor de língua
• Pedir ao paciente que se deite em decúbito dorsal sem travesseiro,
• Verificar os sinais vitais
• Untar as têmporas do paciente com geléia eletrolítica para instalação dos eletrodos e para melhor condução
elétrica,
• Auxiliar o anestesista na administração de anestésicos.
O ELETROCHOQUE
Imediatamente após a aplicação acontecem convulsões crônicas que podem ser acompanhadas de salivação,
lacrimejamento, sudorese e por vezes ejaculação e emissão de urina.
Cuidados de Enfermagem
• Proteger as articulações temporo-mandibular, escápulo-umeral, coxo-
femural e dos joelhos durante a
• Convulsão, para evitar luxações ou fraturas.
• Virar a cabeça do paciente para o lado, após a convulsão, mantendo as
vias respiratórias permeáveis, aspirando secreções e administrando
oxigênio.
• Permanecer junto ao paciente até que volte à consciência
• Manter em posição de segurança (de lado ou em sims) Eletrodos
• Verificar sinais vitais,
• Ajudá-lo a orientar-se ao acordar, pois seu estado de confusão dura
várias horas,
• Observar e registrar queixas de cefaléia, amnésia e confusão mental
• Ajudá-lo a levantar-se e verificar se há hipotensão postural.
• Deixá-lo dormir se desejar ou acompanhá-lo ao refeitório para o
desjejum. Cânula de Guedel
• Comportamental - Visa ajudar os pacientes a modificarem as maneiras condicionadas de reagir a eventos que
ocorrem ao seu redor.
Características da Psicoterapia
• Empatia e aceitação das dificuldades do indivíduo
• Uma explicação para o sofrimento do indivíduo e um método para aliviá-lo
• Informações sobre a natureza e a origem dos problemas do indivíduo e a sugestão de possíveis alternativas
para tratá-los
• Um reforço das expectativas do indivíduo em relação à sua saúde através de uma relação confidencial e de
confiança com o terapeuta.
• Aumento do conhecimento das emoções por parte do indivíduo, que permite uma mudança de atitude e de
comportamento
2 - TERAPIA AMBIENTAL
São atividades desenvolvidas visando facilitar o relacionamento do cliente com os que o cercam.
Atividades
• Exercício de cidadania
• Contato entre homens e mulheres, e jovens e idosos;
• Respeito às normas comunitárias;
• Participação em atividades;
• Reuniões de convivência;
• Reuniões de grupo operativo;
• Discussões sobre a sua vida e a dos demais;
• Assumir a responsabilidade pelo seu próprio bem-estar e dos outros
3 - TERAPIAS PELA ATIVIDADE
Agrupa as atividades terapêuticas que usam a atividade do paciente como ponto principal.
Objetivos
• Manter o cliente ocupado
• Possibilidade de ocupar outros papéis além do de doente.
Tipos
Terapia Ocupacional – oferece ao cliente a oportunidade de exercitar maneiras mais criativas de se expressar –
através da pintura, modelagem, música, teatro, etc., de se relacionar com os outros e de tornar-se mais
independente e responsável.
Terapia Recreativa – desenvolve atividades esportivas, jogos de salão, de cartas, passeios, festas, etc
4 - HIPNOTERAPIA
A hipnose e hipnoterapia vêm sendo cada vez mais utilizadas no tratamento da dor e de distúrbios físicos que
possuem um componente psicológico. Essas técnicas podem promover o relaxamento e, conseqüentemente,
reduzem a ansiedade e a tensão.
EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA
Emergência psiquiátrica é uma situação de alteração no pensamento (delírio) ou alteração nas ações (atos
agressivos) que requer atendimento rápido, pois está associada a casos de risco de vida significativo para
pacientes ou para terceiros ou ainda situação de alteração nas condições mentais decorrente do uso de drogas.
As salas de emergência psiquiátrica são usadas igualmente por homens e mulheres, pessoas solteiras ou
casadas; cerca de 20% dos pacientes são suicidas e 10% são violentos. Os diagnósticos mais comuns envolvem
depressão e mania, esquizofrenia e dependência de álcool. Cerca de 40% dos pacientes atendidos em
emergências psiquiátricas necessitam de internação.
Nas salas não devem ter objetos perfurocortantes ou objetos que podem se transformar em armas e serem
usados contra o outro no momento da raiva.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA
Junto com o tratamento de emergência cabe à Enfermagem fazer uma avaliação padronizada e inicial do estado
psíquico, já que é responsável, em casos de agitação psicomotora, por técnicas de contenção, sejam
medicamentosas ou físicas, nas quais o contato físico é inevitável. Além disso, geralmente é este grupo que
circula com o paciente nas dependências da unidade hospitalar, quando este submete-se a exames
complementares.
Geralmente os pacientes agitados portadores de transtornos mentais são excessivamente sedados, e podem
necessitar emergencialmente de proteção de vias aéreas por conta dos riscos de depressão respiratória. Por outro
lado, quando recebem medicações psicoativas, a despeito de terem se alimentado, correm o risco de
broncoaspirar, se não forem colocados em decúbito dorsal ou com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada.
Outra preocupação é com os sinais vitais, pois alguns psicofármacos podem ocasionar diminuição da pressão
arterial.
Essas precauções de segurança evitam agravos e complicações administrativas.
15
Saúde Mental
Aspectos da Avaliação
• Aparência - O paciente está extremamente limpo, sujo, agitado, calado? Olha nos olhos das pessoas que
conversam com ele? A atividade psicomotora está aumentada, diminuída ou assume posturas bizarras. Está
cheirando a álcool ou tem as pupilas dilatadas (midríase) por uso de cocaína ou anfetaminas? Interage com
aqueles que lhe trouxeram à emergência ou recusa a presença destas pessoas?
• Consciência - Está confuso e/ou sonolento? Compreende o que está se passando ao redor? Apresenta
distúrbios neuropsicológicos como linguagem, memória e atenção prejudicadas? Conhece as pessoas que lhe
trouxeram?
• Pensamento - Pensa e fala muito rápido, como em quadros de mania, ansiedade, intoxicações? Está com
pensamento lento, como em depressão? É estranho e incompreensível, como em psicoses? Vê vultos, insetos
nas paredes, como no caso de Delirium tremens? Escuta vozes, como na esquizofrenia? Pensa que alguém
quer lhe tirar a vida ou quer lhe prejudicar, como nas paranóias?
• Humor e afetividade - Está profundamente triste, eufórico ou normal? De repente se irrita com qualquer coisa?
Apresenta idéias suicidas ou homicidas? Mostra-se indiferente afetivamente?
• Julgamento e crítica - Demonstra bom senso em suas idéias? Entende os procedimentos que estão sendo
realizados pela equipe de saúde? Admite ter um problema psiquiátrico ou culpa outra pessoa por suas
dificuldades? Percebe que está doente?
Depois desta avaliação, a equipe de enfermagem estará mais segura para administrar os medicamentos
orais/parenterais e monitorar as reações adversas. Além disso, o diálogo com o paciente é sempre o melhor meio
para estabelecer uma relação de confiança, mesmo quando este necessitar de contenção e restrição no leito.
Os pacientes que se apresentam em crise, são pessoas com intenso sofrimento emocional e físico, por isso,
frágeis, com várias expectativas e fantasias, freqüentemente irreais, que influenciam suas respostas ao
tratamento. Portanto, deve prevalecer uma atmosfera de segurança e proteção, com comunicação clara e franca,
quando atos violentos não podem ser permitidos ou tolerados.
PRINCIPAIS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA
• Comportamento Violento
• Ansiedade aguda
• Delirium
• Psicoses agudas
Causas de emergência psiquiátrica
• Abuso de álcool e abuso de drogas
• Abstinência (síndrome da falta) de álcool e de drogas
• Doenças psiquiátricas como mania e esquizofrenia
• Transtornos neurológicos (problemas em certas áreas do cérebro)
• Efeitos colaterais de alguma medicação
• Problemas clínicos (doenças físicas) tais como infecções, falta de oxigenação do sangue, tumores, derrame,
problemas nos rins e no fígado, deficiência de vitaminas, traumatismos (lesões decorrentes de acidentes em
geral), convulsões ou efeitos cerebrais pós-cirurgias.
• Morte de um ente querido,
• Mudança de status (casamento, separação, gravidez especialmente fora do casamento ou indesejada)
• Perda de emprego,
• Mudança nas condições de trabalho,
• Aposentadoria,
• Climatério,
• Violência sexual,
• Desastres naturais (enchentes, quedas de barreiras).
CLASSIFICAÇÃO DAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS
1. Agitação e/ou agressividade
Geralmente, precisam ser fisicamente restritos. Entre a restrição medicamentosa e a mecânica, a primeira sempre
será a mais coerente. Quando agitado, precisa de observação constante e isolamento, sempre acompanhado por
membros da equipe, até que o tratamento emergencial se complete. A contenção mecânica é inevitável para evitar
quedas que gerem traumatismos e fraturas. Clientes com história de agressão e impulsividade, labilidade
emocional, baixa tolerância a frustração, história de delinqüência, idéias delirantes de perseguição, alucinações
auditivas de comando (vozes que o ordenam a fazer coisas) e comportamento agressivo recente são fortes
candidatos à agitação acompanhada de agressividade.
Comumente, durante a agitação o paciente se mantém inclinado para a frente, em estado de vigilância constante;
fala alto ou grita; faz comentários pejorativos e sua expressão facial é tensa, com os olhos arregalados. O excesso
de tensão pode ser percebido através da rigidez da musculatura corporal. A exigência da perfeição e a atividade
motora visível de irritabilidade são suas marcas registradas.
16
Saúde Mental
Cuidados de Enfermagem
• A equipe de enfermagem deve manter-se calma, porém com atitudes firmes, demonstrando que o domínio
daquele espaço não é apenas dele.
• A fala deve ser calma e suave, e não provocativa.
• Os movimentos devem ser lentos, evitando tocar o paciente
• A equipe que o assiste deve dispor-se na sala sempre mais próxima da porta do que do paciente
• Evitar que no recinto haja objetos que possam se transformar em armas, como cinzeiros, suportes de solução
móveis e luminárias.
• Solicitar a presença de pessoas na equipe que dominem as técnicas de contenção
• Após contenção, não abandonar o cliente à sua própria sorte
• Observar, nos casos de contenção no tronco, a respiração
• Observar, nos casos de imobilização dos quatro membros, o garroteamento dos vasos periféricos, diminuindo o
fluxo sangüíneo
• O controle freqüente dos sinais vitais e pulsos arteriais dos quatro membros.
• Manutenção de decúbito dorsal com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada
• Estimular a ingesta hídrica
• Monitorar a hidratação venosa
• Administrar medicação prescrita
• Chamá-lo para as atividades e conversar sobre assuntos gerais.
• Estabelecer limites para ele, porém somente após ter criado com ele uma relação de confiança
2. Depressão e tentativa de suicídio
O paciente levado à emergência com pensamento suicida ou após tentativa de suicídio exige da equipe de saúde
determinação e poder de decisão. A maioria ingeriu grande quantidade de medicamentos prescritos pelo próprio
médico, ou outros medicamentos de venda livre que causam danos e seqüelas graves. No comportamento
suicida, estão envolvidos o desejo de ajuda, o desejo de morrer e a agressividade subjacente.
Na emergência para retirá-los do risco de vida, é utilizado outra substância que inativa o efeito da substância
escolhida, lavagem gástrica, hemoperfusão e/ou hemodiálise. Passada esta fase, são utilizados medicamentos
antidepressivos.
Todo paciente que se apresenta com depressão na emergência precisa ser informado de que esta tristeza
profunda é uma doença, e que existe tratamento eficaz à disposição, sob o ponto de vista biológico e psicológico.
Cuidados de Enfermagem
• É necessário que o profissional se conscientize de que “sentir pena” não só não ajuda como pode atrapalhar.
• Deve ser mantido sob vigilância quando em uso de objetos pontiagudos e cortantes e cordas
• Pode perguntar ao paciente se deseja morrer, porém, é contra-indicado tecer comentários quanto a essa atitude.
• Fazê-lo sentir-se valorizado.
No caso de uma tentativa de suicídio
• Prestar os primeiros socorros (hemorragia, asfixia etc),
• Evitar deixar o paciente sozinho
• Atuar junto aos outros pacientes para evitar o pânico.
• A comida deve ter bom aspecto e temperatura adequada. No caso de se recusar a comer, deve-se fracionar a
dieta.
• Observar a hidratação atentando para a pele e mucosas, oferecendo líquido em abundância.
• Observar se está defecando
• Pesar diariamente.
• Examinar o paciente em busca de sinais que possam ocasionar uma solução de continuidade.
• Valorizar o aquecimento do corpo, pois sua circulação pode estar mais lenta.
• Estar bem vestido, arrumado e penteado também pode melhorar sua aparência e auto-estima.
• Evitar transtornos musculares por posições inadequadas.
• Observar o tempo que o paciente dorme e se pela manhã se sente pior.
• Estimulá-lo a realizar atividades físicas (pequenos períodos ao longo do dia), procurando saber como se sentiu
ao realizá-las e quais são as de sua preferência.
3. Ansiedade
Os transtornos de ansiedade relevantes para a emergência são: ataques de pânico e agorafobia, ansiedade
generalizada e transtorno de ajustamento com ansiedade, quadros conversivos, somatizações, quadros
dissociativos e estresse pós-traumático.
Eles levam o cliente e a família a procurar imediatamente os serviços de emergência em função da sensação de
morte iminente.
A fobia é tanta que estes pacientes se desesperam quando estão em algum lugar que não lhes garanta
assistência imediata disponível. Os pacientes suscetíveis são geralmente de meia-idade e incapazes de se
recordar de dados pessoais, como nome, idade, endereço. Nestes casos, retê-los na emergência ou interná-los é
17
Saúde Mental
uma medida de segurança para evitar que fiquem perambulando na cidade sob risco de maus cuidados pessoais
e de se tornarem vítimas de violência ou acidentes.
Cuidados de Enfermagem
• Ouvir as queixas e receios é essencial, em todos os casos.
• Mostrar-se tranqüilo, utilizando frases curtas, com um tom de voz firme
• Observar a possibilidade de estar usando roupas muito apertadas,
• Auxiliá-lo e estimulá-lo na execução de exercícios respiratórios,
• Observar a coloração de mucosas e leito ungueal.
• Observar também o padrão de alimentação (pode apresentar hiperfagia)
• As excretas devem ser observadas e anotadas.
• Orientar sempre o indivíduo em relação ao tempo, espaço e pessoas caso esteja desorientado
• É inútil tentar mostrar-lhe que o medo que sente é irreal.
• Estimular a sua participação em atividades simples, porém não competitivas,
• É inútil tentar provocar situações para que ele “perca o medo”,
• Comece participando com ele, até que se sinta seguro.
4. Conflitos interpessoais
Esses tipos de pacientes não suportam o abandono mesmo quando este é imaginário e tendem a misturar sua
identidade com as da pessoas ao redor. Geralmente chegam nas emergências após superdosagem de
medicamentos, auto-mutilações e vitimização repetida. As superdosagens e as mutilações não visam o suicídio,
mas servem para dispersar o vazio interno e a sensação de plenitude com eles próprios.
Esses pacientes resolvem mal os seus problemas, sendo que uma das metas da intervenção na emergência,
depois de socorrer os transtornos físicos, é auxiliá-los através do diálogo a encarar os obstáculos realisticamente e
utilizar mecanismos construtivos, sem fantasias, para enfrentá-los.
Cuidados de Enfermagem
Diante do paciente que se acha perseguido
• Evitar situações que lhe provoquem ansiedade.
• Deve-se permitir que escolha o que deseja comer
• Verificar sua boca após a administração de medicamentos, ou administrá-los na forma líquida.
• Manter uma conduta firme e franca com o paciente, ouvindo seus receios
5. Abuso de substâncias
O uso indiscriminado de substâncias como álcool, anfetaminas, estimulantes, sedativos, inalantes como colas,
tintas, removedores e gasolina, tem levado muitas pessoas a serem atendidas nas emergências.
As mais importantes, sem dúvida, são as relacionadas ao uso de álcool, tendo em vista que o indivíduo começa a
consumir esta droga na adolescência, chegando à vida adulta com uma sensação de plenitude sempre quando o
assunto é a disputa de quem consegue beber mais. Daí para o alcoolismo é um passo. Sempre que um paciente
chega confuso nas emergências, é bom desconfiar de ingestão de substâncias sedativas. Além dos
procedimentos usuais, como lavagem gástrica, a equipe pode utilizar substâncias antagônicas.
Cuidados de Enfermagem
• Em casos de agitação e/ou violência, a restrição medicamentosa e mecânica faz-se necessária.
• Dar ênfase à hidratação,
• Administrar medicação prescrita
• Manter próximo do leito a cânula de Guedel, para, em casos de convulsões,
• Proteger de trauma a mucosa oral.
•O bservação e monitoração da febre, hipotensão ou hipertensão.
Após o atendimento emergencial, este paciente pode ter dois destinos: a internação ou a alta com agenda para
tratamento ambulatorial. Isto irá depender, se de fato não corre o risco de se auto punir ou de tentar o suicídio.
Nas duas alternativas de encaminhamento pós-crise, é imprescíndível que paciente e familiares tenham as
informações devidas para evitar complicações futuras.
A CONTENÇÃO MECÂNICA
Material necessário
• Ataduras,
• Braçadeiras,
• Camisa de força e/ou lençóis,
Observação
O emprego das técnicas deve ser feito com firmeza e rapidez, longe dos olhos de outros pacientes para não
impressioná-los.
Acima de tudo, nunca se emprega uma contenção se não for absolutamente necessário e sem passar informações
ao paciente durante todo o procedimento.
É importante que durante o procedimento de contenção, o profissional com maior vínculo com o paciente, conduza
18
Saúde Mental
o diálogo, orientando, explicando e lembrando a ele, os motivos que levaram a necessidade da contenção.
Técnica
• Para evitar fraturas que podem ser ocasionadas por uma queda, procura-se
colocar o paciente no chão o mais depressa possível, segurando-o pelos
ombros, braços e pernas.
• Proceder a contenção mecânica com camisa-de-forças.
• Caso esse recurso não esteja disponível, pode-se colocar um lençol forte ou
cobertor debaixo do corpo do paciente.
• Segurando uma das extremidades, passá-la por cima do corpo, prendendo-a
entre o tórax e o braço oposto, abaixo do cotovelo.
• Fazer o mesmo movimento com a outra ponta do lençol ou cobertor.
• Aplicar esparadrapo para fixar enquanto for preciso.
• Transportá-lo para seu leito, colocar ataduras almofadadas nos punhos e
tornozelos, prendendo no estrado da cama.
• Quando prescrito, administrar a medicação por via parenteral (contenção
química).
• Conversar com os demais pacientes sobre o fato e após registrar o ocorrido e
os procedimentos realizados.
• Não deve demonstrar receio pelo potencial de violência, porém não deve se
expor desnecessariamente.
• Registrar o ocorrido e os procedimentos realizados.
ATENDENDO O PACIENTE
A) EXAME CLÍNICO
Pode-se dividir o Exame Clínico em duas partes:
I - A entrevista e anamnese
II - O exame do paciente (físico e psíquico)
I - Entrevista
A entrevista é um momento importante, no qual se estabelece o contato com o profissional. Esse encontro tem um
significado fundamental, pois é onde o paciente e a família entrevistada irão depositar toda sua esperança na
ajuda. É importante que o entrevistador demonstre interesse em ouvir o paciente, sua história, seus anseios,
demonstrando assim que não se preocupa apenas em saber dos seus sintomas, mas sim em ouvi-lo e acolhê-lo.
Durante a entrevista, o profissional irá colher informações, que de maneira organizada, irão constituir a anamnese.
Anamnese
Os elementos mais importantes de uma anamnese são:
• Identificação - nome, idade, sexo, estado civil, naturalidade, nacionalidade, profissão e residência.
• Motivo do atendimento - Deve-se sempre registrar com as próprias palavras do paciente, colocando entre
aspas. Muitas vezes, o motivo do atendimento não é dito no início da entrevista, necessitando se estabelecer
uma relação de maior confiança entre o paciente e o entrevistador.
• História da doença atual - Como começou a doença, como evoluiu, fatores que contribuíram para o
agravamento ou para amenizar o quadro, situações em sua vida que se modificaram em função do
adoecimento, etc.
• Antecedentes pessoais - Informações sobre a vida do paciente, independentes do adoecimento, desde o seu
nascimento até a situação presente. Os aspectos mais importantes são relacionados a: nascimento, infância,
puberdade, adolescência , vida sexual, vida profissional, história de doenças anteriores, hábitos de vida, etc.
• Antecedentes familiares - dados relacionados à história de sua família, relacionamento com os pais, irmãos,
situações de perdas, adoecimentos na família, etc.
II - O Exame do paciente
Pode-se dividir o exame em duas partes: exame psíquico e exame físico. Eles se diferenciam, pois o exame
psíquico se dá dentro da entrevista, nos relatos nas informações prestadas pelo paciente. Já o exame físico
restringe-se à observação e avaliação das condições físicas do paciente através do exame direto do corpo
O TÉCNICO DE ENFERMAGEM E A SUA PRÓPRIA SAÚDE MENTAL
O técnico de enfermagem precisa estar atento para o seu estado interno, isto é, como vem se sentindo, como
anda sua relação com os colegas de trabalho, com os pacientes, seus relacionamentos
fora do trabalho, pois quando trabalhamos com Saúde Mental nós mesmos passamos a ser nosso mais importante
instrumento de trabalho.
Dentre os fatores causadores destes sintomas, encontramos facilmente o estresse. Além de todo o estresse do
dia-a-dia, o auxiliar de enfermagem que trabalha com Saúde Mental está sujeito a um fator de estresse adicional,
que é o fato de lidar freqüentemente com pessoas portadoras de transtorno mental, que além de solicitarem muito
de nossas energias ainda “mexem” com coisas mal resolvidas em nossas vidas, pois todos somos humanos e, no
contato com o outro, sempre descobrimos muitos pontos em comum.
19
Saúde Mental
• Procure ser cooperativo - Perceber que trabalhamos (e vivemos!) junto de outras pessoas e que elas são tão
importantes quanto nós, ajuda a estabelecer um clima de cooperação.
• Ouça as razões do outro e expresse as suas - Evitar acumular mágoas e mal entendidos diminui em muito a
carga de tensão que temos que carregar.
• Não “empaque” diante dos problemas - Ao invés de ficar se queixando da vida (ainda que seja só em
pensamento), tome uma atitude, mude algo que esteja ao seu alcance. Pode não resolver todo o problema, mas
uma mudança sempre nos dá uma nova visão do problema.
• Reconheça e aceite os seus limites - Você não pode resolver tudo, sempre. Diante de algo que está fora do seu
alcance, aprenda a aguardar. Diante de uma tarefa muito grande, aprenda a dividir e a pedir ajuda.
• Fale de você, compartilhe seu estresse - Falar sobre o problema nos ajuda a pensar melhor sobre ele, alivia e
acalma. Procure alguém de sua confiança ou um profissional, se você achar que seu problema é muito grave.
• Cuide de você mesmo - Reserve um tempo para fazer o que você gosta. Pode ser que nem sempre você
consiga fazer tudo o que gosta, mas sempre poderá descobrir alguma coisa.
• Faça exercícios físicos (caminhar é grátis e é ótimo), melhore sua alimentação, evite álcool, cigarros, meios
inadequados de baixar a ansiedade.
• Comemore cada vitória - Não fique esperando o ideal de sua vida para ser feliz. Procure perceber as pequenas
vitórias e alegrar-se com elas. Com isso você se dá pequenas “folgas” no estresse diário.
TRANSTORNOS MENTAIS
TRANSTORNO - conjunto de sintomas que geralmente envolvem sofrimento pessoal e interferência nas funções
que o indivíduo necessita exercer em sua vida.
SINAIS E SINTOMAS DE TRANSTORNOS MENTAIS
1 - Alteração da sensopercepção – é a alteração que impede de formar uma síntese de todas as sensações e
percepções que temos a cada momento.
• Alucinações – são sensações ou percepções em que o objeto não existe, mas que é extremamente real para o
paciente, e ele não pode controlá-las pois independem de sua vontade. Ex: ouvir vozes.
• Ilusões - o objeto percebido existe, mas sua percepção é falseada, deformada. Ex: o teto está baixando e que
poderá esmagá-lo.
2 - Alterações do pensamento
a) Alterações da direção do pensamento
• Fuga de idéias - o indivíduo tem um aporte tão grande de idéias que não consegue concluí-las. Possui boa
fluência verbal e grande dificuldade de interromper o fluxo do seu pensamento, que é contínuo.
• Desagregação do pensamento - quando o indivíduo constrói sentenças corretas, muitas vezes até rebuscadas,
mas sem um sentido compreensível, fazendo associações estranhas
b) Alterações do conteúdo do pensamento
• Idéias sobrevalorizadas e obsessivas - as idéias assumem papel central no pensamento do indivíduo. Ele
mantém um discurso circular, retornando a elas por mais que se tente diversificar o assunto.
• Idéias delirantes - as idéias que não correspondem à realidade, mas que para o indivíduo são a mais pura
verdade.
3 - Alterações da linguagem
• Logorréia - fala acelerada e compulsiva;
• Gagueira - repetição de sílabas, com dificuldade para dar início e prosseguimento à fala.
• Ecolalia - repetição, como em eco, das últimas palavras proferidas por alguém;
• Glossolalia - usa a linguagem de forma estranha e incorreta, muitas vezes com a criação de novos termos,
incompreensíveis (neologismos).
• Mutismo - mantém-se mudo.
4 - Alterações da consciência
• Delírio - alteração transitória na qual o paciente não consegue reter, fixar e evocar informações, a atividade
mental organizada é reduzida.
• Despersonalização e desrealização - o indivíduo não reconhece a si e o que o rodeia, perdendo a sensação de
familiaridade, deixando de reconhecer a própria identidade.
• Alterações da consciência corporal – o indivíduo apresenta estranhamento ou não reconhecimento de partes do
próprio corpo
• Estados crepusculares - pode aparentar estar em pleno domínio de sua consciência, mas há um estreitamento
da mesma, como se estivesse totalmente voltado “para dentro”.
• Obnubilação - quando o indivíduo não consegue ter uma percepção globalizada das situações, havendo
geralmente considerável diminuição no padrão de sensopercepção, pouquíssimo entendimento das impressões
sensoriais e lentidão da compreensão
• Confusão - não consegue falar nem pensar “coisa com coisa”, não consegue integrar coerentemente o que está
vivendo, e a ligação que faz entre o que vê, ouve, fala sente e pensa, ocorre de forma muito estranha.
20
Saúde Mental
• Estupor - entra em um estado de profunda alteração sensorial, onde praticamente não se consegue estimulá-lo,
sendo somente possível mediante estímulos muito potentes.
• Hipervigília - aumento do estado de vigília, o que dá uma sensação de “estar ligado”, porém não quer dizer que
haja aumento de atenção.
5 - Alterações da atenção e da orientação
• Desorientação - é incapaz de relacionar os dados a fim de perceber onde e em que época se encontra
• Dupla orientação - oscila entre uma orientação adequada e uma inadequada, misturando os dados
6 - Alterações da memória
• Hipermnésia - há clareza excessiva de alguns dados da memória.
• Amnésia - impossibilidade de recordar total ou parcialmente fatos ocorridos antes do início do transtorno
(amnésia retrógrada), após o seu início (amnésia anterógrada) ou fatos isolados (amnésia lagunar) e se dar
como uma defesa, suprimindo da memória fatos muito carregados afetivamente (amnésia afetiva).
• Paramnésia - distorções dos dados da memória. Falseamento na recordação de determinados fatos
(paramnésia da recordação), ou lançar mão dos dados da memória para reconhecer alguém, alguma coisa ou
lugar (paramnésia de reconhecimento).
7 - Alterações da afetividade
• Labilidade afetiva - mudança dos estados afetivos sem causa externa aparente.
• Tristeza patológica - a pessoa sente profundo abatimento, baixa auto-estima, geralmente acompanhados de
tendência para o isolamento, choro fácil, inibição psicomotora.
• Alegria patológica - mostra-se eufórico, agitado, com elevada auto-estima, verborréia, grande desinibição.
8 - Alterações do sono
• Insônia - falta de sono durante uma parte ou toda a noite .
• Narcolepsia - sono em excesso durante todo o dia.
9 - Alterações do Movimento
• Estereotipia – repetição contínua e sem necessidade determinados movimentos, sem que haja uma lógica
facilmente observável.
• Tiques - movimentos rápidos e involuntários, também repetitivos.
• Catalepsia - atitude de imobilidade, tal como se fosse uma estátua, mantida pela pessoa inclusive com posturas
aparentemente incômodas.
21
Saúde Mental
22
Saúde Mental
23
Saúde Mental
24
Saúde Mental
• Pensar em reduzir a quantidade de sono durante o dia, incentivando a participação em alguma atividade.
• Discutir métodos alternativos para facilitar o sono.
• Evitar cafeína.
• Evitar discussões perturbadoras ou com alta carga emocional antes de deitar-se.
• Evitar exercícios 01 hora antes de ir para a cama.
• Aumentar a atividade física dentro dos limites funcionais.
• Utilizar técnicas de relaxamento.
• Tentar um banho ou leite mornos.
• Instruir o paciente e os membros da família sobre os sintomas biológicos da depressão.
• Instruí-los acerca da finalidade da medicação antidepressiva, dos efeitos, efeitos colaterais e seu controle, e de
como reconhecer os sinais e sintomas iniciais de recaída.
• Instrui-Io acerca do efeito de um distúrbio depressivo sobre o sistema familiar.
• Fornecer-lhes material por escrito sobre como lidar com a depressão.
• Fornecer-lhes informação acerca dos programas apropriados com base na comunidade e nos grupos de apoio.
C) TRANSTORNO BIPOLAR
Transtorno caracterizado por episódios nos quais o humor se eleva (hipomania ou
mania) e de rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade
(depressão). Era conhecido antigamente como psicose maníaco-depressiva.
Características
• Geralmente começa com depressão e inclui pelo menos um período de mania
em algum momento durante a doença;
• Os episódios de depressão geralmente duram três a seis meses;
• À medida que a doença progride, existe, freqüentemente, uma diminuição no
intervalo de tempo entre os episódios;
• Após aproximadamente cinco episódios, entretanto, o intervalo entre eles
freqüentemente estabiliza-se em cerca de 6 a 9 meses.
Prognóstico
Os transtornos bipolares têm um prognóstico pior do que ou transtornos depressivos.
Os pacientes com sintomas maníacos saem-se melhor do que aqueles com depressivos ou mistos.
A curta duração dos episódios maníacos, idade mais tardia, poucos pensamentos suicidas e poucos problemas
médicos ou psiquiátricos coexistentes, pesam a favor de um bom prognóstico.
O distúrbio bipolar não tratado pode resultar em exaustão física.
O raciocínio precário pode dar origem a problemas financeiros.
Podem surgir problemas relacionados ao álcool e ao abuso de droga:; que irão causar transtornos familiares.
Observação
O transtorno bipolar também pode se apresentar de forma mais leve, quando é chamado de ciclotimia.
3 - TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Compreendem os quadros em que há a presença de uma ansiedade acentuada, que desempenha papel
fundamental nos processos comportamentais e psíquicos do indivíduo, causando-lhe prejuízos em seu
desempenho profissional ou acadêmico e nas relações sociais.
Ansiedade é uma sensação (sentimento) subjetiva de apreensão e tensão que se manifesta por um despertar
psicofisiológico e uma ampla variedade de padrões comportamentais.
DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE
A) TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)
Preocupação e ansiedade excessivas e quase diárias (com duração superior ou igual a 6 meses) sobre uma
variedade de atividades ou eventos.
Sintomas
• Irritabilidade, • Suores constantes (frios ou não), • Tonteiras, • Atividades limitadas.
• Impaciência, • Sensação de “cabeça leve”, • Palpitações • Dificuldade para dormir.
• Apreensão. • Mal-estar gastrintestinal, • Tensão • Constantemente preocupada.
Observação
A pessoa com TAG não tem mania de doença e sim sintomas físicos de ansiedade (que também se expressa por
essa via).
B) TRANSTORNOS FÓBICO-ANSIOSOS
Os sintomas ocorrem diante de objetos ou situações bem definidos, que não costumam causar temor nas pessoas
em geral. A ansiedade é grave se não se puder evitar o objeto, a situação ou a atividade.
25
Saúde Mental
Tipos
C) TRANSTORNO DE PÂNICO
Caracteriza-se por ataques de pânico recorrentes e sem motivo inicial aparente.
Sintomas
• Falta de ar • Palpitações • Medo de “enlouquecer”
• Dor • Tremor • Dor de estômago
• Tontura • Agitação • Sensação de asfixia
• Desmaio • Sudorese • Sensação de irrealidade
• Sufocação • Náusea, • Distanciamento do ambiente
• Diarréia • Formigamento • Sensação de estranheza
• Dormência • Rubor • Desconforto torácico
• Calafrios • Medo de morrer • Medo de perder o controle
• Taquicardia
26
Saúde Mental
DISTÚRBIOS SOMATOFORMES
Sintomas
• Queixas de dores que não passam • Problemas gastrintestinais • Problemas cardiovasculares
• Queixas sexuais • Queixas menstruais. • Problemas respiratórios
• Problemas na pele
Observação
Um dos mais graves é o transtorno hipocondríaco, de difícil tratamento, no qual a pessoa se encontra
“convencida” de estar portando grave doença, buscando todos os recursos para confirmá-la.
Tratamento
Psicoterapia
Antidepressivos e os ansiolíticos (p.ex., benzodiazepínicos).
Cuidados de Enfermagem
• Ajudar o paciente a identificar as situações produtoras de ansiedade e a elaborar um plano para esses eventos.
• Ajudá-lo a desenvolver habilidades de afirmação e de comunicação.
• Praticar as técnicas de redução do estresse com o paciente.
• Monitorar quanto às manifestações objetivas e subjetivas da ansiedade:
• Taquicardia, taquipnéia.
• Verbalização das sensações de ansiedade.
• Sinais e sintomas associados com estimulação autônoma - transpiração, dificuldade em concentrar-se,
insônia.
• Utilizar frases curtas e simples ao comunicar-se com o paciente.
• Manter uma postura calma e serena.
27
Saúde Mental
• Utilizar coadjuvantes para a comunicação verbal, tais como recursos visuais e brincadeiras com representação
de papéis, a fim de estimular a memória e a retenção de informação.
• Administrar os ansiolíticos prescritos a fim de reduzir o nível de ansiedade.
• Incentivar as discussões das razões para o isolamento social e dos sentimentos acerca dele.
• Recomendar a participação em programas dirigidos para áreas específicas de conflitos ou deficiências de
habilidade. Esses programas podem focalizar as estratégias de afirmação, a percepção corporal, o controle de
múltiplas responsabilidades na representação de papéis, e o controle do estresse.
• Identificar os benefícios secundários, tais como menor responsabilidade e maior dependência, que inibam a
progressão do paciente para a independência.
• Proporcionar experiências nas quais o paciente possa ser bem-sucedido.
• Explorar métodos alternativos de satisfazer as necessidades de dependência.
• Explorar as crenças que apóiem um comportamento desamparado ou dependente.
• Ensinar e representar o papel de comportamentos corretos em situações específicas.
• Desenvolver uma relação honesta e sem condenação com o paciente.
• Não pressionar o paciente com informação ou memórias.
• Ajudar o paciente a incorporar o material dissociado em uma memória consciente incentivando a partilha de
memórias dolorosas e reprimidas.
• Orientar o paciente e os membros da família acerca da ansiedade.
• Definir ansiedade e diferenciá-la de medo.
• Explicar as causas da ansiedade.
• Identificar os seus sinais e sintomas relevantes.
• Descrever o esquema da medicação.
• Orientar a família para proporcionar um reforço positivo para o uso dos comportamentos sadios.
• Orientar a família para não assumir responsabilidades ou papéis atribuídos normalmente ao paciente.
• Orientar a família para dar atenção ao paciente, e não aos sintomas dele.
• Ensinar maneiras alternativas de realizar as atividades diárias se uma incapacidade física inibir a função e o
desempenho.
• Monitorar o paciente com freqüência acerca dos dispositivos restritivos e avaliar o nível de agitação dele.
4 - TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO
São caracterizados por perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo
(caquexia – devido à inadequada redução da alimentação), à obesidade (devido à ingestão de grandes
quantidades de comida), ou outros problemas físicos.
A) ANOREXIA NERVOSA
Caracterizado por perda de peso intencional, induzida e mantida pelo paciente
compreendendo um medo de engordar e de ter uma silhueta arredondada.
Existe comumente desnutrição de grau variável que se acompanha de modificações
endócrinas e metabólicas secundárias e de perturbações das funções fisiológicas.
B) BULIMIA NERVOSA
Caracterizada por acessos repetidos de hiperfagia e uma
preocupação excessiva com relação ao controle do peso corporal
conduzindo a uma alternância de hiperfagia e vômitos ou uso de
purgativos.
Os vômitos repetidos podem provocar perturbações eletrolíticas e
complicações somáticas.
C) HIPERFAGIA
Episódios de compulsão alimentar, porém diferentemente da Bulimia Nervosa,
não utilizam métodos purgativos para eliminar os alimentos ingeridos, nem a
preocupação irracional com o peso e a forma corporal.
Só conseguem parar de comer quando se sentem fisicamente desconfortáveis
Causas
• Pressão cultural por manter-se magro • Exigência de certas profissões • Baixa auto-estima
28
Saúde Mental
29
Saúde Mental
31
Saúde Mental
Tipos de Esquizofrenia
• Paranóide - é caracterizada por uma preocupação com os delírios ou
alucinações auditivas. A fala desorganizada e as emoções inadequadas são
menos proeminentes.
Freqüentemente se julgam personagens superiores, de qualidades
excepcionais, e acreditam que estão sendo perseguidos e visados por
maldade, inveja, motivos políticos, etc. Inimigos estão constantemente urdindo
planos contra eles, espiões os estão perseguindo, os jornais a eles se referem,
seus pensamentos estão sendo roubados, captados, influenciados; seus
alimentos estão sendo envenenados, gases nocivos são inalados nos seus
dormitórios, seus inimigos procuram prejudicá-los sob todas as formas, agindo
com grande habilidade.
• Hebefrênica - é caracterizada pela fala desorganizada, pelo comportamento desorganizado e pelo
embotamento afetivo ou pelas emoções inadequadas. Há a presença de maneirismos. Acomete mais
comumente os adultos jovens ou adolescentes.
• Catatônica - é dominada pelos sintomas físicos como a imobilidade, a atividade motora excessiva ou a adoção
de posturas esquisitas.
Diagnóstico
• Não existe um exame diagnóstico definitivo para a esquizofrenia;
• Avaliação geral da história e dos sintomas do paciente (devem persistir por um mínimo de 6 meses);
• Deterioração significativa da atividade laborativa, escolar ou social;
• Realização de exames laboratoriais para se descartar a possibilidade do uso abusivo de drogas ou de um
distúrbio clínico, neurológico ou endócrino subjacente que possa apresentar características da psicose.
Tratamento
Os objetivos gerais do tratamento são a redução da gravidade dos sintomas psicóticos, a prevenção de
recorrências de episódios sintomáticos e da deterioração associada do funcionamento do indivíduo e a provisão
de apoio para que o indivíduo consiga apresentar o melhor funcionamento possível.
• Medicamentos antipsicóticos,
• Reabilitação
• Atividades de apoio comunitário
• Psicoterapia
Prognóstico
Cada vez mais a esquizofrenia consegue possibilidades de vir a ter prognóstico de médio a bom, com os avanços
no tratamento.
Fatores de bom prognóstico Fatores de mau prognóstico
• Inserção social • Isolamento social
• Ser casado. • Ser solteiro, viúvo, ou separado.
• Tratamento precoce • Demora no início do tratamento.
• Ajustamento psicossexual adequado • Ajustamento psicossexual pobre.
• Bom ambiente familiar. • Ambiente familiar desfavorável.
• Pouco tempo de episódio psicótico. • Longo tempo do episódio psicótico anterior à avaliação inicial.
• Início agudo. • Início insidioso.
Cuidados de Enfermagem
• Ter uma atitude de acolhimento, tentando demonstrar que entendemos seu sofrimento e que estamos dispostos
a ajudá-lo no que for possível;
• Evitar a contestação do conteúdo dos comportamentos do paciente.
• Ter uma atitude calma, afetiva, escutar, buscando estabelecer um vínculo amistoso;
• Administrar medicamentos antipsicóticos;
• Incentivar o paciente a conversar sobre seus sentimentos;
• Colaborar com o paciente para estabelecer uma rotina diária;
• Controlar os efeitos dos medicamentos antipsicóticos:
• Mudar lentamente de posição;
• Aumentar gradativamente a atividade física;
• Limitar o trabalho excessivo no tempo quente e ensolarado;
• Usar precauções contra o sol;
• Observar comportamentos que indiquem aumento da ansiedade;
• Retirar do quarto todas as armas potenciais e artigos que possam causar uma lesão;
• Usar uma linguagem simples e clara ao falar com o paciente.
• Explicar todos os procedimentos. testes e atividades a ele antes de iniciá-Ios e proporcionar material por escrito
32
Saúde Mental
33
Saúde Mental
• Dependência Psíquica - está relacionada ao hábito. Há o desejo compulsivo pela droga em busca de efeitos
agradáveis, ou para alívio de um problema.
Tolerância
É a necessidade de crescentes quantidades da substância para atingir o efeito desejado, em conseqüência da
utilização repetida da droga ou da capacidade de resistir à ação de uma droga ou um efeito acentuadamente
diminuído com o uso continuado da mesma quantidade da substância.
Abstinência
É um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta da droga em usuários dependentes. Essa síndrome se
caracteriza por sensações de mal-estar e diferentes graus de sofrimento mental e físico, particulares para cada
tipo de droga. A abstinência pode ser complicada por convulsões e delirium.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A OMS
Quanto ao uso
• Uso na vida: uso de droga pelo menos uma vez na vida.
• Uso no ano: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos doze meses.
• Uso recente ou no mês: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.
• Uso freqüente: uso de droga seis ou mais vezes nos últimos 30 dias.
• Uso de risco: padrão de uso que implica alto risco de dano à saúde física ou mental do usuário, mas que ainda
não resultou em doença orgânica ou psicológica.
• Uso prejudicial: padrão de uso que já está causando dano à saúde fisica ou mental.
Quanto à freqüência
• Não-usuário: nunca utilizou drogas;
• Usuário leve: utilizou drogas no último mês, mas o consumo foi menor que uma vez por semana;
• Usuário moderado: utilizou drogas semanalmente, mas não todos os dias, durante o último mês;
• Usuário pesado: utilizou drogas diariamente durante o último mês. A OMS considera ainda que o abuso de
drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e freqüência de uso. Assim, uma pessoa
somente será considerada dependente se o seu padrão de uso resultar em pelo menos três dos seguintes
sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze meses:
• Forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
• Dificuldades em controlar o uso, seja em termos de início, término ou nível de consumo;
• Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena consciência dessa prática;
• Estado fisiológico de abstinência;
• Evidência de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses maiores da substância para alcançar os
efeitos obtidos anteriormente com doses menores;
• Estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a consumir
drogas em ambientes inadequados, a qualquer hora, sem nenhum motivo especial;
• Falta de interesse progressivo de outros prazeres e interesses em favor do uso de drogas;
• Insistência no uso do substância, apesar de manifestações danosas comprovadamente decorrentes desse
uso;
• Evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a uma rápida
reinstalação do padrão de consumo anterior .
DEPENDENTE QUÍMICO
Características
• A atividade relacionada à droga passa a ocupar uma grande parte do dia;
• A adição interfere na capacidade laborativa, nos estudos ou na interação com a família e amigos;
• Os pensamentos e as atividades são direcionados à obtenção e ao uso da droga;
• Pode manipular, mentir ou roubar para satisfazer a sua adição;
• Têm dificuldade para abandonar as drogas e retornam a elas após períodos de abstinência;
• Deve ser tratado como doente crônico e a terapia de recaídas deve ser multifatorial;
Princípios de Tratamento do Dependente Químico
• O dependente deve ter algum desejo de se tratar;
• O objetivo do tratamento é a abstinência total das drogas;
• Ao decidir pelo tratamento, a interrupção deve ser feita de uma só vez e não gradualmente;
• A família deve participar do tratamento.
Tratamento
• Promoção da Abstinência;
• Tratamento das Complicações;
• Prevenção de recaídas;
• O tratamento é longo;
34
Saúde Mental
• Trêmulo.
• Diminuição do rendimento profissional.
• Irritabilidade e agressividade.
• Criança começa a ter medo do pai.
• Desprezo da família.
• Desempenho sexual prejudicado.
Filhos têm um menor rendimento na escola.
36
Saúde Mental
37
Saúde Mental
38
Saúde Mental
h) Inalantes
Nome Aerossóis (éter), colas, nitrato de amido, óxido nitroso, gasolina, removedores
de tinta, os fluidos para isqueiro, fluidos de limpeza e tintas em spray.
Origem Sintética
Quantidade média ingerida Variável
Forma ingestão Inalável
Duração 1-3 horas
Dependência psicológica Risco alto
Dependência física Risco nenhum
Tolerância Possível
Efeitos a curto prazo Relaxamento, euforia, coordenação prejudicada
(quantidade média)
Efeitos a curto prazo Estupor, morte
(grandes quantidades)
Efeitos a longo prazo Alucinações, danos ao cérebro, aos ossos, rins e fígado, morte
Utilização médica Dilatação dos vasos sanguíneos, anestésico leve
São, geralmente, utilizados por pessoas de baixa renda e jovens, por serem acessíveis e de baixo custo. Ainda
não se sabe se provocam síndrome de abstinência.
i) Cannabis Sativa
Nome Haxixe, Maconha, THC
Origem Cannabis, sintética
Quantidade média ingerida Variável
Forma ingestão Inalável, oral, injetável
Duração 2-4 horas
Dependência psicológica Risco moderado
Dependência física Risco moderado
Tolerância Não
Efeitos a curto prazo Relaxamento, quebra das inibições, alteração da percepção, euforia, aumento do
(quantidade média) apetite
Efeitos a curto prazo Pânico, estupor
(grandes quantidades)
Efeitos a longo prazo Fadiga, psicose, crise amotivacional
Utilização médica Na tensão, depressão, dor de cabeça, falta de apetite, glaucoma e para alívio
das náuseas provocadas pela quimioterapia nos casos de câncer
j) Narcóticos
Nome Codeína, Demerol, Metadona, Morfina, Ópio, Percodan
Origem Papoula de ópio, papoula de ópio sintética
Quantidade média ingerida 15-50 mg, 50-150 mg, 05-15 mg, 10 mg
Forma ingestão Oral, injetável, nasal
Efeitos a curto prazo Relaxamento, alívio da dor e da ansiedade, diminuição da consciência, euforia,
(quantidade média) alucinações
Duração 4 horas
Efeitos a curto prazo Estupor, morte
(grandes quantidades)
Dependência psicológica Risco alto
Dependência física Risco alto
Tolerância Sim
Efeitos a longo prazo Letargia, prisão de ventre, perda de peso, esterilidade e impotência temporária,
enjôos pela privação
Utilização médica Na tosse, na diarréia, analgésico, combate à heroína
A abstinência provoca sintomas comportamentais (ansiedade, insônia, agitação e possível violência) e físicos. A
superdosagem de opióides é caso de emergência médica.
l) Nicotina
Nome Cachimbos, charutos, cigarro, rapé
Origem Folhas de tabaco
Quantidade média ingerida Variável
Forma ingestão Inalável, oral
Duração 1/2-4 horas
39
Saúde Mental
40
Saúde Mental
• Transtorno Orgásmico Feminino - é um atraso, ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma
fase normal de excitação sexual
• Transtorno Orgásmico Masculino - é um atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma
fase normal de excitação sexual
• Ejaculação Precoce - é o início persistente ou recorrente de orgasmo e ejaculação com estimulação mínima
antes, durante ou logo após a penetração e antes que o indivíduo o deseje
• Dispareunia - é dor genital associada com o intercurso sexual
• Vaginismo - é a contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço
inferior da vagina, quando é tentada a penetração vaginal com pênis, dedo, tampão ou especulo
• Disfunção Sexual Devido a uma Condição Médica Geral - é a presença de uma disfunção sexual
clinicamente significativa, considerada exclusivamente decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma
condição médica geral.
• Disfunção Sexual Induzida por Substância - A disfunção é considerada plenamente explicada pelos efeitos
fisiológicos diretos de uma substância (droga de abuso, medicamento ou exposição a uma toxina)
PARAFILIAS
São anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Em geral envolvem
1) objetos não-humanos;
2) sofrimento ou humilhação, próprios ou do parceiro,
3) crianças ou outras pessoas sem o seu consentimento,
Tipos
• Exibicionismo - envolve a exposição dos próprios genitais a um estranho. Às vezes o indivíduo se masturba
durante a exposição (ou enquanto fantasia que se expõe).
• Fetichismo - envolve o uso de objetos inanimados ("fetiches"). Entre os objetos de fetiche mais comuns estão
calcinhas, soutiens, meias, sapatos, botas ou outras peças do vestuário feminino. O indivíduo com Fetichismo
freqüentemente se masturba enquanto segura, esfrega ou cheira o objeto do fetiche ou pode pedir que o
parceiro sexual use o objeto durante seus encontros sexuais.
• Frotteurismo - envolve tocar e esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento. O comportamento
geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas, dos quais o indivíduo pode escapar mais
facilmente de uma detenção.
• Pedofilia - atividade sexual com uma criança pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos). O indivíduo com
Pedofilia deve ter 16 anos ou mais e ser pelo menos 5 anos mais velho que a criança.
Masoquismo envolve o ato (real, não simulado) de ser humilhado, espancado, atado ou de outra forma
submetido a sofrimento.
• Sadismo - envolve atos (reais, não simulados) nos quais o indivíduo deriva excitação sexual do sofrimento
psicológico ou físico (incluindo humilhação) da vítima.
• Fetichismo Transvéstico - envolve vestir-se com roupas do sexo oposto. Geralmente, o homem com mantém
uma coleção de roupas femininas, que usa intermitentemente. Enquanto usa roupas femininas, ele em geral se
masturba, imaginando-se tanto como o sujeito masculino quanto como o objeto feminino de sua fantasia sexual.
Este transtorno tem sido descrito apenas em homens heterossexuais.
• Voyeurismo - envolve o ato de observar indivíduos, geralmente estranhos, sem suspeitar que estão sendo
observados, que estão nus, a se despirem ou em atividade sexual. O ato de observar ("espiar") serve à
finalidade de obter excitação sexual, e geralmente não é tentada qualquer atividade sexual com a pessoa
observada.
• Parafilia Sem Outra Especificação - nesta categoria são incluídas as parafilias que não satisfazem os critérios
para qualquer das categorias específicas. Os exemplos incluem a escatologia telefônica (telefonemas
obscenos), necrofilia (cadáveres), parcialismo (foco exclusivo em uma parte do corpo), zoofilia (animais),
coprofilia (fezes), clismafilia (enemas) e urofilia (urina), entre outras.
TRANSTORNOS DA IDENTIDADE DE GÊNERO
Forte identificação sexual com o gênero oposto, acompanhada por desconforto persistente com o próprio sexo
atribuído. Consiste do desejo de ser, ou a insistência do indivíduo de que ele é do sexo oposto.
41
Saúde Mental
42
Saúde Mental
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRASIL. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da área de Enfermagem.Cadernos do Aluno: saúde
mental.Fundação Osvaldo Cruz, Escola Nacional de saúde Pública = Brasília, Ministério da saúde, Rio de Janeiro,
Fiocruz, 2001.
BRASIL. Temas Básicos de Saúde Mental. Textos Básicos – CBDA. Brasília .1998.
BRASIL. Lei nº 10.216 de 06.04.2001. DOU. de 09 de abril de 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde, Relatório final da 2ª Conferência Nacional de Saúde Mental, Brasília. DF, 1994.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Norma Operacional Básica do SUS/NOAS-01, Brasília, 2001.
NEGRO, P. J. Atualização em neuropsiquiatria: emergências psiquiátricas. São Paulo:Lemos Editora & Gráficos,
1999.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de transtornosmentais e de comportamento da CID - 10:
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas.Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.
Ministério da Saúde - http://www.saude.gov.br/bvs
43