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DISCIPLINA LITÚRGICA

A GESTUALIDADE E AJOELHAR-SE – IGMR 43C

Compete, porém, à Conferência dos Bispos adaptar, segundo as normas do


Direito, à índole e às legitimas tradições dos povos, os gestos e posições do corpo
descritos no Ordinário da Missa. Cuide-se, contudo, que correspondam ao sentido
e à índole de cada parte da celebração. Onde for costume o povo permanecer de
joelhos do fim da aclamação do Santo até ao final da Oração Eucarística e antes
da Comunhão quando o sacerdote diz Eis o Cordeiro de Deus, é louvável que ele
seja mantido.

O terceiro parágrafo da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR 43c)


refere-se à disciplina litúrgica quanto a posição corporal em geral e dirige seu foco
ao ajoelhar-se durante a Oração Eucarística e antes do convite para participar da
Comunhão Eucarística.

A Igreja sempre assumiu o direito e o dever de estabelecer uma disciplina


para o culto litúrgico, como lemos nesta IGMR 43c e em outras referências. Para
casos que envolvem conceitos teológicos e Bíblicos, as instruções disciplinares são
feitas pela Santa Sé. Em outros casos, como este da IGMR 43c, a Santa Sé passa a
competência às Conferências dos Bispos de cada nação.

DISCIPLINA LITÚRGICA: DUAS ANOTAÇÕES

Nos primeiros tempos da Igreja, a Liturgia era celebrada de modo


espontâneo, mas com princípios disciplinares gerais propostos pela Igreja, como se
conhece pela História da Liturgia. Nunca houve uma espontaneidade total, do padre
ou bispo fazer como quisesse. Com o passar dos anos e dos séculos, devido a
desvios teológicos de bispos e padres, principalmente na Idade Média, a Igreja se
viu na necessidade de regularizar (colocar regras) para a celebração Litúrgica de
todos os Sacramentos. Existe, portanto, uma legislação litúrgica, e existem
orientações litúrgicas que formam o corpo disciplinar da Liturgia. É o que se
denomina de disciplina litúrgica.

Minha segunda anotação é considerar que a disciplina litúrgica não pode ser
vista como impedimento à espontaneidade, mas entendê-la como uma proposta de
comunicação disciplinada, como acontece com toda comunicação que envolve
grande número de pessoas. Além disso, é útil considerar a disciplina litúrgica como
manifestação eclesial de unidade, de todos celebrarem o Mistério da Salvação com
o mesmo espírito eclesial e não de acordo com os sentimentos de um bispo ou de
um padre individualmente. É sempre a Igreja que celebra.

CRITÉRIOS PARA A “ADAPTAÇÃO” DOS GESTOS


O primeiro critério, dizem as entrelinhas da IGMR 43c, que não compete
nem ao bispo e nem ao padre, isoladamente, determinar ou introduzir gestos na
Missa. Esta competência vem da Santa Sé e, no caso presente, necessita do parecer
das Conferências Episcopais, que determina como proceder.

Para disciplinar a gestualidade e posições corporais (que também são


gestos), a IGMR 43c considera três aspectos: primeiro as normas do Direito
Canônico, ou seja, naquilo que diz respeito à legislação litúrgica presente no
Código de Direito Canônico. Depois, o respeito pela índole do povo, considerando
que gestos têm significados diferentes em diferentes contextos sociais de países e
povos. Terceiro, uma consequência, o respeito pelas tradições dos povos em favor
da participação e compreensão da celebração por parte dos celebrantes.

Como se pode intuir, não é algo muito simples, considerando que algumas
linhas depois, a IGMR 43c ressalta que mesmo estando de acordo com a índole e as
tradições dos povos, esta não pode afetar o sentido original daquilo que a Igreja
propõe com os gestos e as posturas corporais na Liturgia.

Vários elementos gestuais, como a genuflexão ou inclinação, o beijo no


altar ou o tocar o altar com a testa, a saudação do abraço da paz com um aperto de
mão ou com abraço ou beijo… comunicam uma mensagem de adoração, de
acolhimento, de prece, de partilha da paz e reconciliação de acordo com o costume
de cada povo. Em alguns países com culturas bem diferentes da nossa, não se faz
genuflexão, mas inclinação; em outros, não se beija o altar ou o Evangeliário, mas
o tocam com a testa porque tais gestos têm significados diferentes. Tudo isso em
vista de se comunicar gestualmente com aquilo que é próprio do povo onde é
celebrada a Eucaristia e para que os celebrantes, entendendo, participem ativa e
compreensivamente.

AJOELHADOS NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA E ANTES DA COMUNHÃO

A IGMR 43c, depois de lembrar o principio disciplinar que regular a


Liturgia, conclui dizendo ser louvável respeitar o costume de comunidades onde se
permanece de joelhos durante toda a Oração Eucarística e não somente no
momento da Epíclesis (invocação do Espírito Santo) e consagração. O mesmo é
considerado quanto ao modo de acolher o convite para a Comunhão Eucarística de
joelhos.

Para o Brasil, a orientação da CNBB para a participação da consagração é


de ajoelhar-se no momento da invocação do Espírito Santo (epíclesis) até o final da
consagração do vinho. Isto significa que a aclamação do “Mysterium fidei” é feita
de pé. O mesmo se diga quanto a postura corporal, de ficar de pé, no momento do
convite para participar da Comunhão Eucarística, depois do “Cordeiro de Deus”.

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