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Resumo P1 MICRO – Citologia Bacteriana

José Alexandre de Carvalho Salerno – 2017.1

Parede Celular

Membrana
Celular

Essenciais Mesossomas

Ribossomas
Estruturas celulares

Cromossomas
bacterianas

Cápsula

Camada Limosa

Flagelo

Acessórias Pili/Fímbria

Esporos

Grânulos de
Reserva

Plasmídeos

1 – Parede Celular
Estrutura rígida que reveste a célula, com espessura entre 10-25 nm, sendo indispensável a sobrevivência e
reprodução bacteriana.
Suas principais funções são manter a forma celular (conferindo seus formatos característicos), proteção
osmótica (já que a pressão osmótica interna das células bacterianas é muito grande devido ao influxo permanente de
nutrientes) e permeabilidade não seletiva (a parede celular é porosa, e por esses poros qualquer substância pode
entrar, enfrentando como única limitação o tamanho dos poros, nas Gram-, por exemplo).
A parede celular é composta basicamente por 3 estruturas: [1] Peptideoglicano/Mucopeptídeo/Mureína, [2]
cadeias laterais de tetrapeptídeos e [3] pontes interpeptídicas. O peptideoglicano é o componente básico principal da
parede celular, e consiste em um polímero rígido formado de cadeias paralelas de N-acetilglicosamina (NAG) e
ácido N-acetilmurâmico (NAM) alternados, ligados por ligações β 1-4.
As cadeias laterais de tetrapeptídeos estão ligadas ao NAM e compostas por aminoácidos que se alternam
nas configurações L e D. O D-glutamato, D-alanina e ácido meso-diaminopimélico, por exemplo, não são
encontrados em qualquer outra proteína conhecida. Portanto, acredita-se que essa malha formada confira maior
resistência a parede celular contra a maioria das peptidases. As pontes interpeptídicas (Gly5/Pentaglicina em
Staphylococcus aureus, por exemplo) fazem ligações intercadeia nas bactérias Gram+, ou ligações peptídicas
cruzadas entre um tetrapeptídeo e outro nas Gram-.
Parede Celular de Bactérias Gram+:
A camada de peptideoglicano corresponde a 60% de suas paredes, e contém também proteínas (que atuam
como adesinas, têm propriedades antigênicas, etc.), polissacarídeos (que podem atuar como antígenos), e os ácidos
teicoicos e lipoteicoicos.
Estes últimos são polímeros de rimitol ou glicerol conjugados à fosfatos, ligados covalentemente à parede
aumentando sua rigidez; (1) facilitam a ligação e regulam a entrada e saída de cátions na célula (como Mg, por
exemplo) devido à sua carga negativa; (2) regulam atividade das autolisinas, durante a divisão celular, que são
enzimas que fazem digestão dos componentes da parede celular no momento da divisão/reprodução; (3) atuam como
sítio receptor para bacteriófagos, que são vírus que infectam bactérias; (4) podem atuar como adesinas em algumas
bactérias patogênicas; (5) tem propriedades antigênicas ou fatores de virulência.

Parede Celular de Bactérias Gram-:


A parede celular das Gram- é composta pela membrana externa, lipoproteínas e peptideoglicano, que nesses
microrganismos só representa 10% da parede. As lipoproteínas promovem a ligação do peptideoglicano à parede.
A membrana externa constitui uma barreira hidrofóbica parcialmente seletiva, devido a presença de porinas, que
são proteínas transmembranares triméricas que permitem a passagem passiva de solutos hidrofílicos; é considerada uma
barreira parcialmente seletiva pois os solutos atravessam de acordo com seu peso molecular, ou seja, dependem do
diâmetro das porinas presentes. Além das (1)porinas, a membrana externa é composta por (2)Lipopolissacarídeo (LPS),
(3)
fosfolipídeos e (4)Proteínas da Membrana Externa (OMPs).
A membrana externa dificulta o processo de secreção de proteínas. Por isso, patógenos desenvolveram sistemas
especializados de secreção, mais complexos que os de Gram+, como Sec protein.
O espaço entre a membrana celular e a membrana externa das Gram- é chamado de espaço
periplásmico/periplasmático, contendo várias enzimas hidrolíticas armazenadas, como proteases, penicilinases,
hidrolases, proteínas de ligação envolvidas no transporte e quimiorreceptores. Bactérias quimiolitotróficas e
denitrifcantes, por exemplo, apresentam muitas vezes proteínas transportadoras de elétrons no periplasma, outras
apresentam enzimas envolvidas na síntese de peptideoglicano. (Obs.: A presença do periplasma bactérias Gram positivas é
ainda motivo de controvérsias, devido ao enorme potencial secretor que este grupo apresenta)
O LPS fica ligado ao folheto externo da membrana externa, e sua estrutura apresenta três componentes
principais: Lipídio A (também chamado de endotoxina das Gram-, é composto por 6 ácidos graxos formando um dos
mais potentes indutores de inflamação existentes na natureza, e algumas bactérias precisam realizar lise do LPS para
liberá-lo enquanto outras não); Core (é a cerne ou porção central da estrutura do LPS, composta por polissacarídeos sem
variação química, ou seja, não tem grande importância antigênica); e Antígeno O (cadeia de açucares que conferem
maiores propriedades antigênica ao LPS, também utilizados na identificação sorológica das Gram-).

As Proteínas da Membrana Externa (OMPs) atuam como transportadoras de alguns solutos, são as
porções responsáveis pelo reconhecimento de bacteriófagos, e podem atuar na virulência, como adesinas, etc.

• Sítios de Adesão ou Junções de Bayer: Canais formados por um prolongamento da Membrana Celular que se une
à Membrana Externa, estabelecendo um contato mais direto entre o citoplasma e o limite externo da célula em
regiões (gaps) onde não há peptideoglicano;
• Autolisinas (glicosidades, amilases e peptidades produzidas pelas bactérias e que participam normalmente da
divisão celular) ≠ Lisozima (presente na lágrima, saliva, colostro, secreções nasais, etc. Atuam quebrando a ligação
β 1-4 entre NAG e NAM);
• Micoplasma não apresenta parede celular;
• Parede Celular de Arqueobactérias (metanogênicas, halófilas extremas e hipertermófilas): Ausência de
Peptideoglicanos! Em algumas Archea encontra-se pseudomureína, formada por um polissacarídeo similar ao
peptideoglicano, mas em outras encontra-se camadas de proteínas ou glicoproteínas.
• Parede Celular de Micobactérias: Complexa e particular, é rica em lipídios e ceras, especialmente ácidos micólicos
que são ligados covalentemente a lipídios acil (ácidos arabnogalactamicos). Os diferentes lipídios da parede celular
das micobactérias formam uma bicamada assimétrica com cadeias curtas de glicerol-fosfolipídios que atuam como
barreira a substâncias aquosas tornando a superfície celular hidrofóbica e resistente a numerosos desinfetantes,
álcoois e ácidos. A parede celular das micobactérias é responsável por muitas características das bactérias (por
exemplo, ácido resistência, crescimento lento, resistência aos detergentes, resistência aos antibióticos comuns).

2 – Membrana Celular
Formada por duas camadas de fosfolipídeos com proteínas inseridas. Diferencia-se dos eucariotos por não conter
esteroides associados sendo, portanto, uma estrutura fluida, que permite a mobilidade de proteínas (permeases, enzimas
respiratórias, etc.); possuir rede de enzimas do metabolismo respiratório e controlar e a divisão celular através de seu
mesossoma.
Suas principais funções são: 1permeabilidade seletiva realizando transporte de solutos e excreção de substâncias;
2
produção de energia (já que as células bacterianas não possuem mitocôndrias a quimiosmose – transporte de elétrons
e fosforilação oxidativa – ocorrem a nível de membrana através de Mesossomas); 3biossíntese, já que contém enzimas
para síntese lipídica e de várias classes de macromoléculas, enzimas estas que serão armazenadas no espaço
periplasmático de Gram-; 4Secreção de enzimas hidrolíticas e de toxinas.
O transporte através da membrana pode não ser mediado (difusão simples; não requer energia, ocorre a favor do
gradiente de concentração e transporta água, nutrientes gasosos, poluentes hidrofóbicos, etc.) ou mediado*.
Transportes mediados:
Uniport
Difusão Facilitada
(Passivo)
Transporte
Symport
Mediado
Ativo

Antiport

Translocação em
grupo

3 – Mesossomas
São invaginações da membrana celular formando estruturas tubulares que podem ser septais ou laterais.
Participam ativamente formando os septos na divisão celular, separam os cromossomos após sua replicação e contém
a rede de enzimas respiratórios responsáveis pelo metabolismo energético das bactérias.
4 – Ribossomas
Assim como nos eucariotos, também composto por RNA ribossomal, e são as estruturas responsáveis pela
síntese proteica. Estão em grande número nas células bacterianas, e conté as subunidades 30S e 50S. O que as diferencia
dos eucariotos é que o coeficiente de sedimentação dos ribossomas bacterianos é 70S e se encontram dispersos no
citoplasma, enquanto nos eucariotos é 80S e eles se encontram acoplados ao retículo endosplasmático rugoso.

5 – Material Genético
O DNA cromossomal das bactérias é uma fita de dupla hélice, enolvelada e dispersa no citoplasma. Armazena
as informações genéticas essenciais a sobrevivência da célula bacteriana.

6 – Cápsula
A cápsula, estrutura acessória facultativa, é o envoltório mais externo das bactérias que a apresentam,
firmemente aderida á parede celular, e composta principalmente por polissacarídeos. Sua principal função é dificultar
a fagocitose pelos fagócitos do hospedeiro, facilitando a invasão, mas apresenta importatíssima propriedades
antigênicas também, permitindo inclusive diferenciação em sorotipos.
Como a carga da cápsula é negativa, em métodos convencionais de coloração, a cápsula repulsa corantes ao
redor da célula. Então, para evidenciá-la, após o uso do corante negativo pode-se adicionar fucsina ao esfregaço seco.
Exemplos de bactérias capsuladas: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Klebsiella pneumoniae,
Haemophilus influenzae.

7 – Camada Limosa
Substâncias poliméricas extracelulares (SPE) de composição predominantemente polissacarídica,
frouxamente ligadas à parede celular (o que diferencia camada limosa de capsula), também chamadas de glicocálice
ou slime. Forma uma estrutura amorfa que pode evoluir para uma matriz altamente organizada composta por camadas
sobrepostas de células e denominada biofilme, através de modificações na expressão gênica e metabólica das células
que passam sua forma de crescimento para o modo biofilme.
O biofilme promove aderência inespecífica (não envolve reconhecimento de receptores, como ocorre através de
adesinas no pili, por exemplo) a corpos estranhos, tecidos biológicos ou sintéticos, facilitando a colonização. Promove
comunicação entre as células bacterianas presentes na matriz organizada (quorum sensing; assim como outros fatores
de virulência que também são expressos por esse sistema), além de proporcionarem uma reserva nutritiva, proteção
contra dessecação (perda total de água no meio), proteção contra a resposta imune do hospedeiro e contra agentes
antimicrobianos.

Exemplos de bactérias produtoras de biofilme e doenças infecciosas associadas: Staphylococcus aureus,


Staphylococcus epidermidis (principal causadora de infecção hospitalar por biofilme em processos de implantes),
Streptococcus mutans (precursor da placa dentária = biofilme), Pseudomonas aeruginosa (infecção pulmonar de
pacientes com fibrose cística).
Biofilmes ambientais: Em reservatórios de água, nódulos de raiz de leguminosas para fixação de nitrogênio,
tanques de tratamento de esgoto, caixas de lentes de contato, etc.
8 – Flagelo
São filamentos delgados e longos que existem na superfície de algumas bactérias. A subunidade básica
componente dos flagelos é proteína flagelina, presente no filamento da estrutura. A principal função dos flagelos é a
taxia, ou seja, reação de motilidade em resposta a um estímulo externo atrativo ou repelente. Entretanto, como a
composição química é variável, os flagelos apresentam importantes propriedades antigênicas também (Exe.: Antígeno
H). Dependendo do seu número e localização, podem ser classificados em:

A visualização dos flagelos pode se dar de modo direto, realizando coloração do flagelo, ou métodos indiretos
como por inoculação em um meio semissólido para observar motilidade; avaliação de swarming (fenômeno com
algumas peritríquias altamente móveis; é um movimento feito em um conjunto de bactérias através de ondas
concêntricas, observável em meio sólido. Comumente método empregado para visualizar Proteus mirabilis); ou ainda
o método da gota pendente (gota da suspensão bacteriana, observada em uma lâmina especial que possui uma área côncava no
centro; coloca-se a gota da suspensão bacteriana em uma lamínula > inverte-se a lamínula colocando-a sobre a lâmina, de tal sorte
que a gota fique pendente no centro da área côncava > observa-se a motilidade das células bacterianas).
Exemplos de bactérias com flagelos: Escherichia coli, Salmonella typhi, Proteus mirabilis e Clostridium tetani.
Existe ainda uma forma particular de flagelo, chamados de endoflagelos ou filamentos axiais. São estruturas
semelhantes aos flagelos, mas que se localizam no periplasma. Estão ancorados nas extremidades das células e
estendem-se ao longo de todo seu comprimento. Eles giram da mesma forma que flagelos convencionais, mas quando
ambos endoflagelos giram em uma direção, o cilindro protoplasmática gira da direção oposta provocando uma torção
na célula, o que confere um movimento de “saca-rolhas” permitindo que atravessem materiais viscosos e tecidos.
Presentes em 3 gêneros de espiroquetas: Treponema, Leptospira e Borrelia.

9 – Pili ou Fímbria
São filamentos mais finos e curtos que os flagelos, não móveis, localizados na superfície de algumas bactérias.
A unidade básica componente é a pilina, e podem ser de adesão (somáticos; participam de adesão dependente de
receptores às células do hospedeiro ou autoagregação entre bactérias produtoras de biofilme) ou sexuais (ligação para
transferência de material na conjugação entre bactérias Gram-).
As principais funções são adesão, autoagregação (somático) e conjugação (sexual), podem ainda apresentar
atividade antifagocítica em algumas bactérias, e por apresentarem variação química significante tem importantes
propriedades antigênicas também.
Apesar de não serem móveis e isso ser uma característica fundamental das fímbrias, o Pili retrátil tipo IV pode
permitir movimentação em: Pseudomonas aeruginosa e Neisseria gonorrhoeae.

10 – Esporo
Estrutura formada por algumas bactérias quando expostas a condições adversas (esgotamento de água e
nutrientes). São formas desidratadas, impermeáveis e sem atividade metabólica. Suas principais funções são
relacionadas a permitir sobrevivência em condições ambientais adversas como temperaturas extremas, dessecação,
radiações, pH extremos, alta osmolaridade, etc. Aumentando a viabilidade/resistência a essas condições, proporciona
mais transmissibilidade de doenças relacionadas para o homem.
Bactérias esporuladas podem sobreviver horas em água fervente, sobrevivem a temperaturas superiores à 100ºC.
O esporo não é corado na coloração pelo método de Gram. A estrutura do esporo é composta pelos cromossomos da
bactéria, proteínas essenciais em concentrações mínimas, ribossomos e dipicolinato de cálcio (substância que confere
resistência à altas temperaturas). Bactérias podem liberar toxinas inclusive durante a esporulação.
Possui uma dupla membrana que envolve o DNA composta por uma membrana interna e uma externa; entre as
duas formam-se: uma camada de peptideoglicano (parede do esporo) + camada externa à parede do esporo mais grossa
(Córtex); externamente à membrana externa forma-se uma camada de uma proteína semelhante à queratina (Capa); a
qual é recoberta por um material lipoproteico (Exosporo).

O processo de esporulação pode ocorrer em 6-8h, enquanto a germinação das formas esporuladas ocorre em
cerca de 90 min. Para induzir a germinação de uma bactéria esporulada é necessário um estímulo ambiental, além de
água e um nutriente desencadeador, como aminoácidos, por exemplo. A localização do esporo na célula (central,
terminal ou subterminal) pode auxiliar na identificação da bactéria.

Na ausência de autoclave, a única forma de destruir bactérias produtoras de esporo usando aquecimento de
apenas 100ºC, é através do processo de tindalização, que consiste em fervuras repetidas intercaladas com períodos de
repouso à temperatura ambiente. Desta forma a germinação é induzida, aumentando a chance de bactérias estarem em
sua forma germinada nos ciclos de fervura.
Os gêneros Clostridium (BG+ anaeróbios restritos, presentes em intestinos animais e esporulados no solo) e
Bacillus (BG+ aeróbios ou anaeróbios facultativos presentes no solo) englobam os exemplos de espécies esporuladas:
Clostridium tetani (Tétano), Clostridium perfringens (Gangrena gasosa e toxi-infecção alimentar), Clostridium
botulinum (Botulismo), Bacillus anthracis (Antraz/Antrax) e Bacillus cereus (Toxi-infecção alimentar).

11- Plasmídeos
Material genético extra-cromossomial de replicação autônoma. Pode ocorrer integrado ao cromossomo também
(raro). Codifica característica adicionais às bactérias, se apresentando em diferentes tipos de plasmídeos numa mesma
bactéria ou até várias cópias do mesmo plasmídeo. Podem ser transferidos de uma bactéria a outra. Exemplos de
características adicionais: produção de pili F (plasmídeo F), resistência a antimicrobianos (plasmídeos do tipo R),
toxinas, metais pesados, bacteriocinas, etc.

12 – Grânulos de Reserva
Granulações intracitoplasmáticas que contêm material nutricional estocado sob a forma de grânulos
dispersos no citoplasma (pode ser glicogênio, amido, fosfato, etc). Portanto, sua função é de reserva nutricional e
energética.
Para evidencia as granulações citoplasmáticas de volutina, por exemplo, presentes em bacilos com esse tipo de
granulação (metacromáticas, ou seja, cor ≠ do resto da célula) é pelo método de coloração Albert-Laybourn. Exemplo:
Corynebacterium.

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