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capa: Dept? de Arte da TAQ 12 edicao, 1990 17 eimpressio, 1991 24 reimpresio, 1998, 34 reimpresao, 1995, Dados de Catalopagao na Publicado (CIP) smernacional (Camara Brasicra do Lis, SP. Braet) Agradectmentos Pano, Mats Helena Sousa Apresentacao A ppl dora ecole bio e Imtroducao «cbc Mati Hees Som Pat ao Fao“ Onto Feimpresao, 1993 ~ (bloc ce psn paca) : PRIMEIRA PARTE © FRACASSO ESCOLAR COMO OBJETO DE ESTUDO. Brat ai {cas das concepgbes sobre o fracasso escolar: 0 trtun- ISBN soosmna9e9 are eae ee ee 1. Blac ado — Bal 2. Picologs educational AA era das revolucdes ¢ a era do capital +3. Repeténcia — Brasil 4, sociologia educacional — Brasil I. TE Ws sistemas nacionais de ensino tuo" sone ‘As teoriasracistas. ‘A psicologia diferenciai cong 20981 ‘A genialidade hereditiria 38 ae den UEpaT Eanes Gore S38 (Quem sera educado? Teoria da caréneia cultural: 0 preconceito distargado? 2. 0 modo capitatista de pensar a escolaridade: anotagoes sobre 0 caso brasiletro Indices para catalog sistema 1 Bo: Eda ine 370 098 Fracasso escolar: dados sobre a pré-histOria de uma explicagao Dee ee Primeira Repablica e liberalismo . 4 Bran: Repetci Edsegio 971.290961 © contraponto das teorias racistas 5. aio © eateaao 3701 Jeca Tatu: 0 poder de um mito ‘© lugar da Medicina na constituigio da psicologia educa ional. Fracasso escolar: a naturera do discurso oficial A Revista Brasileira de Estudos Pedagogicos A marca liberal Das causas do fracasso escolar: um discurso fravurado as causas do fracasso escolar; uma tentativa de sutura do dis ‘curso fraturado. Diretios desia edicdo reservados *Liberal-democracia e politica educacional:afinal, quem si0 08 ‘mais aptos? TA, QUEIROZ, EDITOR, LTDA Situago do ensino: um diagndstico que se repete.. Rua Joaguim Fléslano, 733 — 9? ‘Outras publicagdes. : '04534-904 Sao Paulo, SP A tworia da caréncia cultural As teorias critico-reprodutivistas e a pesquisa do fracasso 1993 ‘escolar A pesquisa recente: ruptura repeucao Impresso no Brasil, Sumario vu 1x 9 & 36 36 40 46 48 33 33 33 64 R 100 106 109 10 43, 18 © perqutsador dev sempre esforcar So pata apreendr a reaidade total concrt mes ue atba no po- er ateangétta, aco sr de mae ta parla limita, para so, de Teempenbante para integrar aoe tuo dos fatossctas a bistora des teoriasd respeito dese fatos, bom Como para tigar 0 estudo dos fats ‘a conscious loeb tric ed sua tnfrevesratra econ intca seta Lucien Goldmann 4 drvore que nao da frutos F singadtes de estértl. Quem Esamina 0 solo? 0 galbo que quebra E xingudo de podre, mas Nao bavla neve sobre ele? Do rio que tudo arrasta Se dis que é viotento, Nongudim diz viotentas ‘As margens que 0 cerceiam Bertold Brecht Raizes bist6ricas das concepcées sobre o fracasso es- colar: 0 triunfo de uma classe e sua visio de mundo atualmente em vigor no Brasil a respeito das dificul de aprendizagem escolar — dificuldades que, todos sabemos, stam predominantemente entre criancas provenientes dos mentos mais empobrecidos da populacio — tém uma hist6r jando tentamos reconstitu‘-la, percebemos rapidamente que pa- intender 0 modo de pensar as coisas referentes 4 escolaridade te entre nds precisamos entender 0 modo dominante de pensé- que se instituiu em pafses do leste europen e da América do Nor- durante o século xix; € visivel que os primeiros pesquisadores ileiros que se voltaram para o estudo desta questo — e que im- ram um rumo duradouro ao pensamento educacional no pais © fizeram bascados numa visio de mundo que se consolidou nesse npo € nesse espaco. ‘Quando falamos em visto de mundo trazemos tona a questo itureza das tdélas; scrao clas resultado de “puro esforco inte- il, de uma elaboracio teGrica objetiva e neutra, de puros con- 08 nascidos da observacao cientifica e da especulagao metafisi sem qualquer laco de dependéncia com as condigdes sociais € {Oricas” ou ‘so, a0 contrario, expresso destas condig6es reais”? dias explicam a realidade hist6rica e social ou precisam ser ex- eidas por ela? Quando um teérico clabora uma explicagio do indo, cle esta produzindo idéias verdadeiras que nada devem a ‘existncia histérica c social ou esti realizando uma transposi- Minvoluntiria para o plano das idéias de relagdes sociais muito lerminadas? (Chau, 1981a, p. 10-16) Partindo do modo materialista histérico de pensar esta relago je afirmamos a necessidade de conhecer, pelo menos em scus ectos fundamentais, a realidade social na qual se engendrou uma erminada versio sobre as diferengas de rendimento escolar exis- entre crlangas de diferentes origens sociais. E este o objetivo Me capitulo: reunir informacGes que nos permitam ao menos vis- brar a filiacdo hist6tica das idéias — quer assumam a forma de » quer a de certezas cientificamente fundadas — sobre a po- 9 inclui a dificuldade de scio das quais se claboram justificativas para breza © seus reveses, entre 0s quais se ‘organizar a vida social.’ escolarizar se Segundo Hobshawm (1982), “a grande revolugio de 1789-1848 Realizat esta tarefa requer, além do retorno a que nos referi- Do tao he da eS oo oo de 1789-184 ‘mos, um contorno, de natureza epistemolégica, que possibilite cap- Sorta crdade-e'dagmaldecieeen gecatiras ar tar 0 que esta realidade social é (incluindo 0 entendimento do que fia socledade “‘ourguesa" Uberal tdlo-ts os acme €a ciéncia que nela se faz), a partir ¢ além do que ela parece ser. “Estado moderno’ mas das economias € estados em uma det \ Nesse retorno, é inevitavel 0 encontro com o advento das socieda- ida regio geogrifica do mundo (parte da Europa ¢ alguns tre- des industriais capitalistas, dos sistemas nacionais de ensino ¢ das, os a Arica do Norte), cujo acne ot ada Pa it ‘humanas, especialmente da psicologia) Esse contorno, por 10s da Gra-Bretanha e da Franca” (p. passagem do modo cnc mam pecan YO ee ee idas em seu Ambito, condicao necessaria para que grandes convulsdes sociais, que culminaram no periodo de ee eee : 189-1848; em termos sociais € politicos, o advento do capitalis- se faca a critica destas idéias. Sem qualquer intengao de resumir a iat mudou gradual mas inexoravelmente a face do mundo: até 0 hist6ria do século xix ou de reproduzir a andlise materialista histo- Be eecela oe pencissienae art attaee rica do modo capitalista de produgao, propomo-nos a claborar um iia como regime px ante, destituiu a nobreza € o clero. quadro de referéncias hist6rico e socioldgico apenas suficiente pa- oder econdmico e politico, inviabilizou a relagio servo-senh ‘a encaminharmos uma reflexio a respeito da natureza das concep- Esaniouslicio detain aodaalenr ee meni ‘ges dominantes sobre o fracasso escolar numa sociedade de classes. contingentes das populagoes rurais para os centros industriais, w.0s grandes centros urbanos com seus contrastes, velo coroar icdo dos estados nacionais modernos e en- wurguesia — e uma nova ‘dominada — 0 proletariado — explorada economicamente , 3 \do as regras do jogo vigente no novo modo de produgao que © século xr, em todas as suas manifestagdes,¢filno lestimo TBA sraa c tunfa no decorter desse seculo, Na primes wecee da dupla revolugio que se deu na Europa ocidental no final do sé- século xx, as mudangas propiciadas pela dupla revolucdo foram culo xvi: a revolucio politica francesa (1789-1792) ¢a revolucio tais proporgdes que alguns historiadores, como Hobsbawm industrial inglesa, que tem. como marco a construgio, em 1780, do 982), ndo hesitam em consideri-las como “a maior transforma, _primeiro sistema fabril do mundo moderno: as hist6ricas indistrias lo da historia humana desde os tempos remotos, quando 0 homem ‘téxteis localizadas na regiéo britanica de Lancashire. Ambas yém 2 agricultura € a metalurgia, a escrita, a cidade € o Esta- i i io inéditas na histOria, Dae ea ee ea ee nae Se a ofdem feudal ainda estava socialmente muito viva nesta em _de século, ela se mostraya cada vez mais ultrapassada ¢ rodutiva em termos econdmicos; tecnicamente, a agricultura cu- eco ee ia era, com raras excecdes, tradicional e ineficiente, colocan- Deg ee ie care aoeraere esa commen Obstaculos as novas exigencias de producto agricola, que tor. se panes mn Pe es ee ate (Oe en nae ferenga quando afirma: “'E evidente. que uma transformacio to profur ito scente de camponeses. ‘Dre er ented sem citceemoe ma istriabemae.de 1789, 00 me © oposto ocortia simultaneamente no mundo comercial e in- Dee ee nnn ne a rial manufatureiro; seu desenvolvimento, proporcionado pela ee epee ee eee ‘ada vez mais Complexa das relagoes comerclas tecida pela “Piclebas deo anformigo | extavam pre rma parte a Pu ‘fopa suficientemente grande para revolucions 'Nosso problema € ex- Plea no eistencia deste elements de uma nova economia esoiedade, as (0 leit encontrar uma anise do proceso da passagem das socicdades feuds Pica unl, tngar i eolugio do gradalsolapemento qe fram exefcen- Bars as sociedades capitalists na Europa, bem’ como de sua consoliacto, em ‘Socm seculos anteriores, minando avelha sociedade, mas sua deisiva conqus- Hobsbawm (1979,1982) As elas que apresentamos a seul sao pou ls on . que um resumo de algomas de sus principals pasagcne A era das revolugées e a era do capital (A) A respeito desta distincto, veja Kosik (1969). 10 u ampliagio da exploragao colonial e pelo crescimento em volume e capacidade do sistema de vias comerciais maritimas, foi acompa- nhado por intensa atividade intelectual e tecnol6gica. Neste con- texto, fo-se consolidando uma categoria social ativa ¢ determina. da que se beneficiou, mais do que os demais setores da burguesia ‘emergente, das novas oportunidades de enriquecimento: 0 merca- dor, precursor do capitalista industrial. ‘O mercador "comprava os produtos dos artesaos ou do tempo de trabalho nio-agricola do campesinato para vendé-los num mer- ‘cado mais amplo"’. Nesta nova relacio, o artesio transformou-se pou- co a pouco num trabalhador pago por artigo produzido, principal mente nos casos cada vez mais freqiientes em que o mefcador era ‘ fornecedor de matéria-prima e o arrendatirio dos instramentos de producto. Neste novo processo produtivo, o mestre-artesio podia transformar-se num empregador ou num subcontratador de mao-de- ‘obra assalariada, a especializacao de processos e funcSes comecou, or sua vez, actiar subcategorias de trabalhadores scmiqualificados Entre os camponeses, Precursores dos grandes industriais capitalis- tas, estes novos empregadores que saiam das proprias fileiras dos pro- dutores ainda nao passavam, neste periodo de transico, de simples _gerentes, dependent lores ¢ longe, portanto, de se trans- formar nos proprietarios de industrias que ji existiam, como exce- Gio. em pequeno niimero, na Inglaterra. O mercador era controla- lizada e elemento de ligagao entre 0 “produtor ¢ 0 A coexisténcia da nobreza com este no _dor, que apostava no processo econdmi co viab peli facionalidade, nao se dava sem antagonismos. A medida que S anacronismo da produgio ageiria diminuia seus rendimentos, 2 aristocracia_procurava_ocupar os altos cargos_governamentais, valendo-se de seus privilégios hereditarios de prestigio € posicao so- ‘Gal Nesta luta, freqiientemente esbarrava com os “mial-nascidos” {que, pelas mos dos proprios monarcas, ji ocupavam muitos destes postos na maquina estatal.* Segundo analises histOricas, a determi- G) Segundo Hobsbawm, os monarcasasolutos qucreinavam em todos 0s Estados (® Sthopens, com excegao da Gra-Bretanka ja haviam pereebido que para entre *ntrnacional era preciso povermar de modo cos ¢€ fo wera a rina €4 ineoeporagio pelos vizio mals Forts, “Conteh osioldade © a disipago da nobrem,procvraram preencher 0 aparato ‘Gaiam pestnt cil o arifocrata, Neva conneura todo Indie que os Stonareas steam este médiailsttada e empreendedors par implant om lead que, con base em slogans lumina, ga3808- as dur Tiguerae de seu poder, cave mei, Porava Ver cces dipole da noyargulacikuminads para realizar seu teresies ¢ {Caperancis: Amba, pottunto,apoivanse mutuamente em busca da ralizagi0 atintrcncs proptios¢eascntamenteinconeliavels (1982, p. 39). rr nobreza em expulsar do aparetho estatal os altos funcio- plebeus e sua rejei¢ao aos que adquiriram titulos de nobreza as que nao a do nascimento — movimento conhecido como feudal’ — parece ter sido um dos precipitadores da revo- o francesa. Mas a ‘reacio feudal” no consistiu apenas cm contr dada dos comerciantes ¢ industriais ambiciosos que faziam for- inas cidades e suas pretensdcs politicas reformistas; economica- Wwe ameagada, a nobreza procurava recuperar o controle politico ondmico da situacio ocupando, a qualquer prego, os postos ofi- di ico central e provinciana ¢ usando os diretos ad- Fidos nestes postos para extorquir o campesinato. Portanto, “a a nao so exasperava a classe média mas também 0 campe- )" (Hobsbawm, 1982, p. 75). Andlises historicas indicam que, rintes anos que precederam a revolucto, a situagio do homem francés piorou sensivelmente; compreendendo 80% da julacio, o campesinato francés, embora proprietério majoritario erras, nao as possuia em quantidade suficiente, defrontava-se com uuldades advindas do atraso técnico, nao conseguia fazer frente yressGes que 0 aumento populacional exercia sobre producto ‘ola € era saqueado por tributos de toda ordem. As di les financeiras de monarquia agravavam ainda juadro, Uma estrutura fiscal e administrativa obsoleta, aliada a fativas de reforma incipientes € malsucedidas, gastos palacianos ‘envolvimento com a guerra de independéncia americana, numa tativa de enfraquecer o poderio inglés, tornaram a situacdo in- Bersrel_ Nes palavas de Hobebawma (1992), 'a germs e de ronarquia”” (p. 76). foi obra, no movimento revolu- leranca partidiria nem se deu garantida pelo consenso exis- nic entre os integrantes de um grupo bastante coerente — a bur- sia — Constituido de adyogados, negociantes € capitalistas, O ferceiro Estado” — entidade ficticia destinada a representar todos gue no eram nobres nem membros do clero, mas de fato domi- la pela classe média — tinha cm sua retaguarda uma massa popu- faminta e militante que se acumnulava em Paris. Na verdade, 2 re- lucdo francesa foi uma reacio politica da burguesia, cujos lideres radicais, militantes e instruicios — os jacobinos — tornaram-se ‘a-vozes dos interesses dos trabalhadores pobres das cidades (os -culottes).e de um_campesinato insatisfeito € revolucionario > ‘casio da revolugio francesa, ndo haviaainds na Franga uma classe oper fia stricto sensu; esta restringiase 2 uma massa de assalarlados contratados em fstabelecimentos quase sempre nio-industrais. B Os sans-culottes — grupo militante formado por trabalhadores po- bres, pequenos artesios, lojistas, artifices, pequenos empresirios, ete. — formavam a linha de frente das manifestagdes, agitacdes ¢ barricadas.° /__-Mas na transigio do modo de produgio feudal para o capitalis- ta, 0s antigos artesios e camponeses vio perdendo suas condigdes anteriores de produtores independentes e de agricultores que ocu- Payam ¢ cultivavam a gleba; destituidos de seus instrumentos de pro. dugdo, de sua matéria-prima c da terra para cultivar; suas condigdes de vida tornaram-se insustentiveis, a pest ‘clin tribuiram para tornar o quadro mais dramatico, Sio eles que Va0 integrar os grandes contingentes famintos que se acumularam nas cidades © que vieram 4 constituir um tipo de trabalhador inédito ‘na historia da humanidade: o trabalhador assalariado, que vende no mercado de trabalho o tinico bem que lhe resta, a energia de seus _Amtisculos e cérebro._Sio eles que vao formar o contingente dos tra, balhadores da indistria e as populagoes pobres das cidades, subme- tidos a um regime e a um tipo de trabalho que thes cram estranhos mas dos quais no podiam fugir. S40 eles que vio trabalhar nas ma. Quinas e na industria extrativa de sol a sol, em troca de saliios aquém ou no limite fisiolégico da sobrevivencia, medida que o'capitalista ia acionando diversos mecanismos _t€cnicos ¢ politicos que garantissem 0 aumento do lucro ea acumen lagao do capital, a situacio do proletariado ia-se deteriorando pro- ssivamente. Se no momento da revolugao francesa burguescs ¢ trabalhadores pobres ¢ explorados pela nobreza se itmanaram na luta contra o inimigo comum, 3 medida que os anos passam a divi- fo social se expressa basicamente pelo antagonismo entre capita. listas ¢ proletarios. A concentracio crescente da renda nas maos dos grandes financistas e capitalistas e a primeira crise de crescimento que sc abateu sobre a producao capitalista em torno da década de 1830 geraram miséria ¢ descontentamento; nesta época, os taba. Ihadores pobres quebravam as mAquinas, acreditando que clas cram. responsiieis pela onda de descmprego, tal como ja havia aconteci- do na década de 1810. Mas a insatisfago no era apenas da classe trabalhadora: a pequena burguesia de negociantes também foi viti- ma da nova economi Saar RF A partir de um perfodo inicial de expansio da produglo e do mercado € de lucros fantésticos, crises periédicas afetaram a vida (6) "0s sans-eulottes sto um ramo daquela importante € universal tendéneia polit- fet que procura expressac os interesses da grande massa de ‘pequenos horaens? Aue existe entze 08 patos do ‘burgues'c do ‘proletirio’,feeqlentemente talvex Ills proximos deste do que daquele porque sto, em sia maior, pobees.” Hobs. baw, 1982 p. 81) nOmica entre 1825 € 1848, No contexto destas crises, a dimi- valor da mercadoria “'forga de trabalho” foi diminuido, traba- ores mais caros foram substituidos e o trabalho da maquina in- iu sobre a quantidade € a qualidade de trabalho humano ne- rio.” Nas palavras de Catani (1982), da “aurora do capitalis- quando ele se desenvolvia no invélucro de uma sociedade pre- ninantemente feudal” (p. 53) € no existia ainda o trabalhador io, até a desintegracio final da produgio artesanal (na qual testo ja semiproletarizado se tornou um operdrio industeial que 0 financiavam e muitos dos que produziam nas condigdes iindustriais se transformaram nos capitalistas em ascensio), os Kles desafios enfrentados pela industria capitalista foram a ra- acho € o aumento da produgio ¢ o incremento das vendas, ora_a producio por trabalhador tivesse aumentado muito até os 30 ¢ 40 do século XIX, Hobsbawm (1982) nos informa que celeracdo realmente substancial das operacoes da indiistria iria rer na segunda metade do século" (p. 59). alienado tem suas origens no momento em que 0 gutor comega a ser destituido dos meios de producio e comega oduzir para outrem € os homens comecam a dividir-se em pro- Hos exclusivos das maquinas © da marerlprimhe Habalka- que nao as possuem. As relagdes de produgao que assim sc elecem fazem parte da propria natureza do modo de produ- que comeca a vigorar. No Primeiro Manuscrito Economico e ntirio mas the € imposto, € trabalho forcado; b) 0 trabalho a satisfago de uma necessidade mas apenas um meio para sa- +f ouitras necessidades; c) o trabalho no € para si, mas para s.€ d) o trabalhador nao se pertence, mas sim a outra pessoa. Marx, a alienacio do objeto do trabalho simplesmente se rest- alienacao da propria atividade do trabalho. © caréter alienado deste processo de trabalho fica patente, se- Marx, pelo fato de que, sempre que possivél, ele € evitado. cs da inddstria capitalista, significa jo que sacrificar-se, significa mortificar-se.\De vida produt 0s que, segundo a anlise de Marx, o aumento da mals-valla€ possivel jante duas medidas fundamentals: o aumento da jornada de trabalho (nals: ‘4bsoluta) ea redugio do tempo de trabalho necessirio (mats-vala feat pelo recurso 4 mecanizacio da produgio e & segmentacao lo trabalho. 15 vva, 0 trabalho reduz-se a meio para satisfagio da necessidade de man- tera existencia, Esta identificagao com a atividade vital € caracte- | ristica do animal, que ndo distingue a atividade de si mesmo: cle | € sua atividade. J4 0 homem faz de sua atividade vital um objeto /_de sua vontade econémica. A atividade vital consciente do homem € que 0 distingue da atividade vital dos animais; mas quando sub- -metido a um trabalho alicnadbo, o trabalhador s6 se sente livre quan- __do desempenha suas fungdes animais: comer, beber, procriar ctc., \enguanto atos 2 parte de outras atividades humanas e convertidos \_ em fins definitivos ¢ exclusivos. Uma tal condigao de vida produz Neeser eee eee ee cence ere | Manas, o trabalhador animaliza-se; no exercicio de suas fungdes ani- mais, humanizase ~~ Kmedida que a reagio do proletariado foi se delineando e pas- sou ase expressar através de formulag6es teéricas socialistas e mo- ‘vimentos revolucionirios concretos, como ocorreu entre 1815 € 1848, os varios tipos de governo reformista que se sucediam nic ppassavam de formas de defender os interesses da burguesia das pres- s0es revolucionirias socialistas e monarquistas. Mas a ruptura entre burguesia e proletariado ndo se daria, exceto na Gri-Bretanha, an- tes de 1848, Nesta primeira metade do século, 0 proletariado, mes- ‘mo o mais consciente € militante, considcrava-se um dos extremos de uma tuta comum em pro! da democracia e via a epublica democratico-burguesa como 0 caminho em direcie a0 socialismo." ‘Mas a historia deste periodo € também a historia da desintegracio dessa alianga. Durante o século XVII e nas primeiras décadas do século se- _guinte, a burguesia foi port: bo bunano d ‘igualitdrio, fraterno e livre; mais do que isto, do lugar que ocupa- ‘va na nova ordem social gerou e disseminou a crenca de que este sonho se concretizaria na sociedade industrial capitalista liberal, em ‘meados do século XIX, 0 sonho havia acabado para alguns setores mais conscicates das classes trabalhadoras € para seus intelectuais orginicos. Em torno de 1830, um movimento socialista ¢ proleta- -rio era visivel na Gri-Bretanha e na Franca; uma massa de trabalha- dores pobres “‘via nos reformadores € liberais scus provaveis trai- _dores e nos capitalistas seus inimigos seguros”” (Hobsbawm, 1982, p.139). Em contrapartida, os liberais moderados e os situacionistas ‘passaram a nao ver com bons olhos os criticos da sociedade capita- lista c os radicais militantes, especialmente em sua Versio operiria (8) Para lobsbawm (1982, p. 146), 0 Manifesto Comunista de Marx ¢ Engels (1848) ‘© uma declaragao de guerra futura contra a burguesia, mas de allanca presente. bluciondria, oque resultou no rompimento da alianga de radi- , republicanos € proletdrios com 0s grupos liberals conserva- “ 6 que inviabilizon o sono? Segundo Hobsbawm (1979), “a si , vasta e aparentemente inesgotivel expansio da economia ca- ‘ta mundial forneceu alternativas politicas aos paises mais avan- "'k revolugio politica recuou, a revolugao industrial avan. "1a revoluclo industrial havia engolido a revolugio politica” 22), quebrando a simetria destas duas dimensOes. A sociedade co- ie relyouiainales tee oporaicad aaa ys, da melhoria das condigdes de vida que o liberalismo econ6- p supostamente viabllizaria, a sociedade real fol a do triunfo da guesia, 2 custa do sacrificio das classes trabalhadoras, que és de seu esgotante trabalho cotldiano produziam a sua pr6- ‘miséria ¢ o enriquecimento crescente dos empresérios. Esta Con- (fundamental, instalada na medula do modo de produgio lista, seré o motor da hist6ria nos anos posteriores a 1848. i"era do capital”, que se inicta em 1848, a politica se carac- x reformas socials que tinbam como meta defender os ses da burguesia; dirigivas massas,tradusir suas retvinds- ‘om termos assimilavels pela ordem social existente era 0 inbo mais eficaz para Ibes permitir uma participacdo politi (que se tornassem ameagas incontrolavels, j& que no pO- plesmente exclufdas desta participagao. A superiorida- Kc podmics, tecnolégica € conseqiientemente militar de estados do norte e de paises fundados em outros conti- igrantes, especialmente os Estados Unidos, tom periodo, Embora poucos dos paises restantes se iretamente pela economia capitalista estava basicamente dividi- Ts forgas socials que crgiram o que hoje se chama de século xx encontraram Ia frente duas batalhas.Forsm tempos de coroagio do capitaliamo, da conso- dacs da burgusia, mas foram tempos também de uma critica socal violent, Je cosalos revoluclondros,. de protugtofos6lica constantee cca, de de- inci da miserivel exploragzo do homem pelo homem, de questonamentos.” Jonamo, fcr. a historia do s6culo sx sigafic fazer a histia do captalisn0 riicapitalismo, (Costa, 1982, p. 1514) Qndo, ene 1865-1875, uma onda de grevese agitasio da classe rabalhado- Phspalnowse pelo contin alguns governos e alguns stores da burguesia farany aprcensivos com o ctescimento do trabalhismo, As formas sociais en ‘io desencadcadss iam como objtivo prevent o surpimento deme movimento ino forca politica independent, as aividades e organtzagBestrabalhstas (0 recontcidis para sere contrladss, medida profiica conta conn Tass, (Hobsbawm, 1979, p. 130-131) do.em perdedores ¢ vencedores, tanto dentro quanto fora das fron- {elras nacionais. Em termos nacionais, os perdedores, nos esticlos ‘europeus capitalistas, eram sobretudo os grandes contingentes de Uabathadores assalariados, no campo ¢ nas cidades, que se dedica- ‘yam a producio agricola, as indtistrias de extracdo e de transform: io € a variedade crescente de scrvigos bracais subalternos ¢ mal fice ¢ a impossibilidade de continuar 0 trabalho" (p.231). A maio- Femunerados. As condigdes de vida no campo produziram nao $6 s familias operiias com filhos ainda pequenos para 0 traba- ee eee ree irs terror ters yesmo que trabalhasse no limite de suas possibilidades duran- eect ae ees orcas conigeabras Aarm anos especialmente favoriiveis 20 comércio, nao podia espe- hag mais do que viver abaixo da linha divisGria da miséria. Aos qua- ‘anos o trabalhador bragal via sua capacidade de produgiio de- com ela seu nivel de vida.” : ora a classe trabalhadora nfo fosse homogénea — havia des diferenas salariais, de estabilidade no emprego e, portan- ‘condicdes de vida entre as varias categorias de operatios — va-unida pelo destino comum do trabalho manual, da ex- Jo, da prOpria condicio operiria, enfim, No entanto, 0 @ lado € até mesmo a classe operaria faziam uma distingao en-_ cl” © 0 “pobre sem respeit ‘A inseguranca cra 0 fator que dominaya a vida dos trabalhado- do século XIX; a miséria era uma ameaca constante. f por isso ‘Hobsbawm (1979) afirma: “O caminho normal ou mesmo ine- 1 da vida passava por estes abismos nos quais 0 trabalhador familia iriam inevitavelmente cair: 0 nascimento de filhos, © capitalismo agritio, resultado do crescimento e aprofunda- mento da economia mundial do perfodo pés-1848, provoco: expulsio de grandes massas camponesas que se dirigiam as cidades do continente ¢ aos paises de além-mar. Hobsbawm (1979) situa nes. 1a segunda metade de século ‘‘o inicio da maior migracio dos po- vos na Hist6ria’” (p.207), que assumiria proporgdes ainda maiores ‘nos primeiros anos do século XX. De outro lado, a crescente de- ‘manda de forca de trabalho nos setores da producao industrial e de servigos atra‘a massas camponesas falidas ¢ famintas para as cidades ‘O que cram a cidade, a indstria e classe trabalhadora a partir dle meados do século XIX? Industrializacao, urbanizacio ¢ migra. io andam juntas. A cidade industrial tipica neste periodo era uma Cidade superpovoada, carente de infra-estrutura, centro de comér- io e de servigos que enquistava os trabalhadores na periferia € em ‘s€culo XIX caracteriza-se por uma contradicZo bisica; neste vilas operirias que contrastavam com os baittos que abrigavam a do a sociedade burguesa atinge seu apogeu, segrega cada vez vida burguesa.'" A grande industria, por sua vez, ainda nio era a re- 0 trabalhador bracal e se torna inflexivel na admissao dos que ‘gra; 2 manufatura ainda era freqiiente no processo produtivo capi- aixo. No nivel politico e cultural, mantém-se viva a crenca {alista; as indistrias geridas pelos membros de uma mesma familia ibilidade de uma sociedade igualitiria num mundo onde, na Ainda nao se haviam defrontado com as questées de diregio, de or- Me, a polarizacao social € cada vez mais radical. Entre as pe- Sanizagio © de aumento de produtividade nos moldes em que elas r onquistas de uma minoria do operariado ¢ 2 acumulagao comecavam a se colocar para as grandes organizacdes capitalistas, Fe eae epi bo Ge aba) que OOH ‘ ‘na passagem do capitalismo liberal para o capitalismo monopolista da alta burguesia cavara-se um abismo que saltava aos ct cidncias humanas que nascem as cr ar cee ag ams mononalit iifcio ser atarefadas c sibtica da primeira metade do século tinha sido financiada dc forma ais que se desse énfase a methoria geral das condigdes € rivada — por exemplo, com recursos familiares — e softide ex: petivas de vida trazida pela nova estrutura social, a pobreza Panato nave reinvestment do nero" (ct Hobsbawam 1979, ; a damaor parte dos traalhadores rs por ‘empresa que comega a se consolidar na segunda metade aa jente as palavras de ordem da j€ na mobilizagio de capital para o desenvolvimento in- stern tae ogee nie rmeadon do su Frio do que acontcta mala burgess, qu eve nos mea ee dade de ouro das pessoas em idade madura, na qual os homens atin- opto cman devas carreras, de tn rendae desu alice abe W929, p. 233) 0 Hobsbawm, em 1848 a populagio do mundo, mesmo na Europa, ain: ta, sobretudo, de homens do campo. No final da década de 1870, a Fhivla Ye modifiado substanciatmente mas a populagao rural ainda pre oh jn funcionalistanarte-amercana, eta Sasa na dass operas € en es nae eee one ‘como um processo de consttuigso de duas classes socais distin j ‘do que acontecesse na e com a terra (1979, p. 139) eS ee 19 Fevolugto francesa, Tal como ocorrera neste movimento revolucio. nario, batalhdes de miseriveis participaram ativamente da Comuna de Paris (1871), liderada ndo mais pela burguesia mas pelos seus 1 {igos aliados, agora antagonistas."* Mesmo entre os operitios cs) cializados que conseguiram atingit um padrao de vida que guard. va semelhangas remotas com 0 estilo de vida burgués, 2 vida ¢ pesada. Consegulam, a duras penas, manter uma fachada de respe! tabilidade: comiam pouco, dormiam mal, economizavam migalhas ¢ cram constantemente perseguidos pela iminéncia da miséria. Se gundo Hobsbawm (1979), ‘a distancia que os separava do mundo burgués era imensa — e intransponivel” (p.240) A visio de mundo da burguesia nascente foi profundamente marcada pela crenca no progresso do conhecimento humano, na racionalidade, na riqueza e no controle sobre a natureza. O idedrie luminista se fortaleceu com o visivel progresso ocorrido na produ. $40 € no comércio, resultado, segundo se acreditava, da racionalt dade econdmica ¢ cientifica. E, fato compreensivel, esta ideologi encontrou maior receptividade e entusiasmo entre aqueles mais a, retamente beneficiados pela nova ordem econdmica ¢ social em as censio: “os circulos mercantis e os financistas ¢ proprietirios, os administradores sociais e econdmicos de espirito Cientifico, a clas Se média instruida, os fabricantes e os empresdrios" (Hobsbawmn, 1982, p. 37). A partir dos dois principais centros dessa ideologia (Franca ¢ Inglaterra), ela irradiou-se para as mais diversas e disten tes regides, tornando-se voz corrente internacional. Em termos in dividuais, 0 self'made man, racional e ativo, representava 0 cida. lao ideal © fato de os novos homens bem-sucedidos 0 serem aparente- ‘inente pot habilidade e mérito pessoa! — j4 que no o eram pelos privilégios advindos do nascimento — confirmava ‘mundo na qual o sucesso dependia fundamentalme duo; como afirma Hobsbawm (1979), “um indi Facionalista ¢ progressista dominava 0 pensamento (©.37). Tudo contribuia, entre 0s vitoriosos na nova ordem, para © desenvolvimento da crenca na liberdade individual um mundo Jacional como o valor maximo de onde adviriam todos os resulta. dos positivos em termos de progresso cientifico, técnico ¢ cond. mico. A ordem feudal ainda em vigor, com seus esforcos no sent in (etomada por H. Marcuse quase cem anos depols) de que a poten {late Insurreiao estava mais nos marginaise subproletiios do que no prole lurlado propriamence dito. Sore ke Os avancos econdmicos e politicos de uma par _constitula 0 mais sério obstaculo a realizagao das irgucsia; por isso, um dos principais objetivos politi- ¥¢ organizavam em defesa da ideologia ilumi odlucao capitalista era instalar uma ordem soc {todos 08 cidadiios do tradici icioso e irracional, que divi iquicas segundo critérios indefensaveis. lismo cldssico, tal como formulado pelos filésofos € dos séculos xvu-xviu, era 2 ideologia politica da bur. gclaracio dos Direitos do Homem e do Cida 17 eprcsentativo clas exigencias burguesas, ndo €, segun jwm, um libelo a favor de uma sociedade democritica ¢ privilég m a propriedade privada como um direito natural e ina. preconiza a igualdade dos homens frente a Lei ¢ 4s opor- de sucesso profissional, mas deixa claro que, embora se- Liosos os competidores a possibilidade de comecar no mes- de largada, “os corredores néo terminam juntos’ nas nacionais de ensino 108 trilhados pela psicologia nascente escolars0 nacionalismo, cuja pri- express oil ¢ obra da burgoesia de 1789 ¢ 0 pano de que nos permite entender, pelo menos em parte, o advento ier natnet death sare cent Ge ur editava estar sendo porta-vor dos in- tomado como sinénimo de “‘nacao™.* pesquisa histérica revela que uma politica educaciona ido estrito,'° tem inicio no século XIX e decorre de tres ver- can ep evant nies fis soinae —ecaustatc pu cout uns concern ce montero Peedaier oc nna que uc aprcegio ca ealce tcl ose eo cerna exten de eget cwcpocdnc onde Mi cones [riers incocavel ed ita cibetnde onde se seosnenes ona va forma de deigiade sd opresso. esundy Zeno C9", pcs ntact € a agi semi e permanent Bicol octneo,supevtaepovbio iosmrns choca fol 2 tentes da ’nante na nova ordlem social: de um lado, a erenga no poder da razio e da ciéncia, legado do iluminis- mo; de outro, 0 projeto liberal de um mundo onde a igualdade de oportunidades viesse a substituir a indesejavel desigualdade basea- dda na heranga familiar; finalmente, a luta pela consolidacio dos es- tados nacionais, meta do nacionalismo que impregnou a vida pol tica européia no s€culo passacio Mais do ne os dois primeiros, a ideologia nacionalista parece ter sido a principal propulsora de uma politica mais ofensiva de implantacio de redes publicas de ensino em partes da Europa e da América do Norte nas tltimas décadas do século xix ‘A crenga generalizada de que chegara o momento de uma vida social igualitiria e justa era o cimento ideolbgico que unia forcas € punha em relevo a necessidade de instituir mecanismos sociais que garantissem a transformaedo dos stiditos em cidadaos. Para isto, a constituicio determinaria direitos e deveres;.0 aparelho judiciario, considerado um poder independente, garantiria a cada cidadio a defesa de seus di i re ficaria encarregada da d iniincia € da critica dos desvios,\as eleigdes garantiriam a particip: ‘cio popular nas decis6es, através da escolha de seus repre: € da rejeicao dos maus governantes. Para garantir a soberania na- ional ¢ popular, que entao se supunha possivel numa sociedade de classes, a educagio escolar recebe, segundo Zanotti (1972), uma fun- damental missio: "a ilustracao do povo, a instruelo piblica univer- sal, obrigat6ria, a alfabetizacdo como instrumento-mie que atingiré © resultado procurado, 4 escola universal, obrigat6ria, comum — €, para muitos, leiga — serd também o meio de obter a grande uni. dade nacional, seri o cadinho onde se fundirao as diferencas de cte- do € de raga, de classes e de origem”(p.21). Dai para a concepcio da escola como instituicio “'redentora da humanidade” foi um pas- ‘50 pequeno, 0 que nao significa afirmar que os sistemas nacionais ‘de ensino tenham assumido proporcdes significativas de imediato; 20 contrario, do final do século xvittaté meados do século seguin- te, a presenga social da escola € muito mais intengio de um grupo de intelectuais da burguesia do que realidade. ‘A inexisténcia de uma efetiva politica educacional neste perio- do, apesar de sua prescricio legal, deveu-se, segundo anilises his- toricas, a varias circunstincias: 1) a pequena demanda de qualifica ‘gio de mio-de-obra no advento do capitalismo e as maneiras alter- nativas de supri-la; 2) a desnecessidade de acionar a escola enquan- to aparato ideol6gico nos anos que se seguem 4 revolugio francesa, ‘€ pelo menos o final da primeira metade dos oitocentos; 3) as pres: ses inexpressivas das classes populares por escolarizagAo, nos pri- meiros anos da nova ordem social; 4) a propria marcha do naciona- lismo € suas contradigoes. Quanto a relagao entre escola e capital, fontes hist6ricas dispo- 4g ndo autorizam a conclusto de que, de 1780 até pelo menos 0, a escola tenha sido uma instituicao necessaria 4 qualificacao sses populares para o trabalho que movia os setores prima- secundério da economia capitalista. Na Gra-Bretanha, por Jo, a transferéncia de mio-de-obra do campo para a cidade resultado da passagem para uma economia industrial que im- uma diminuica0 da populacio agricola € aumento crescente spulacdo urbana, Estas andlises indicam também que a raciona- 10 do modo de produgao no campo foi obtida muito mais por lormagbes sociais do que pela introducio de inovagdes tecno- na producio agricola.” Com estas transformacées, os cam- es ficaram reduzidos, a partir de 1815, a uma massa expro- | © que levou Hobsbawm (1982) a afirmar que “em termos odlutividade econémica esta transformagao social foi um imen- 580; em termos de sofrimento humano, uma tragédia” (p.66). ustrializacdo beneficiou-se deste contingente de camponeses feados que se amontoavam nos centros industriais ¢ se teans- am, segundo Igiésias (1981), em “farta mao-de-obra dispo- que se sujeita a qualquer salatio, vivendo em condigdes de , promiscuidade, falta de conforto e higiene, em condicoes nanas’' € constituindo “variantes do que Marx chamou de cito industrial de reserva’ (p.77). questio da adequacdo dessa nova classe de trabalhadores as condigdes de trabalho era resolvida atrav 10 a escolarizacio. Na medida em que a maqui principal instrumento de producio, as existentes eram de fun- mento simples € grande parte da producio téxtil se dava atra- trabalho manual ou em teares rudimentares que funciona- ‘casas ou em pequenas oficinas, o grande problema de qua- glo da mao-de-obra nao era a aquisicao de habilidades especi- mas de atitudes compativeis com a nova maneira oduzir: “... todo operério tinha que aprender a trabalhar de nancira adequada 4 indstria, ou seja, num ritmo regular de i didirio ininterrupto, inteitamente diferente dos altos e Bai- ovocados pelas diferentes cstacOcs no trabalho agricola ou ermiténcia autocontrolada do artesdo independente. A mao- ra tinha também que aprender a responder 10s incentivos (Hobsbawm, 1982, p.67) ‘as cercas, por exemple, acabou com o cultivo comunal da Idade Média, ura de subsisténcia € com a relagio nao-comercial com a tern, \Bretanha um terst6rio de alguns grandes proprietirios ¢ de muitos ‘clos comerclas que contratavam trabalhadores rurals, 0 que promo Wa Intertorizugao do modo capitalista de producto. 23 2s € eficazes de capacitagio da classe Ho elibertitio, As vias que ofereciam aos pobres alguma pos- \por uma disciplina rigida no ambiente de ile de se aproximarem de alguma forma dos ricos eram as teabalho, pagar pouco 20 operatio para forgi-lo trabalhar sem des riam prestigio, mas nao rique7a: 0 sacerd6cio, 0 magistério ‘canso durante toda a semana para poder sobreviver, recorrer a uma deracia. A maquina estatal se ampliara, aumentando 0 niime- mio-de-obra mais décil, como as mulheres c as criangas, € ;ionatios publicos; formalmente, o século XIX esta distante a relagio entre patroes e empregados pela aco vigilante e cobrado- itica sociedade hierarquica do passado. As duas revolucdes rade intermedirios que garantiam a disciplina do trabalhader. De possiblidades de carreiras profissionais ¢ as linhas que di- ‘outro lado, a demanda de trabalhadores tecnicamente habilitados fas classes eram menos impermediveis. Porém, a maioria da csiava suprida no primeiro pais capitalista; ainda segundo Hobs “io nto tinha acesso aos cargos burocriticos de maior pres- bawm, a lenta semi-industrializacio da Gra-Bretanha nos séculos an devia se contentar com modestos cargos enquanto servido- tcriores ao dezenove produziu um contingente suficiente de habili vis, mais isto bastava para que os que 0 conseguiam vivessem tados. Este fato a levou, a0 coniririo dos paises do continente, MMe oc cies 4 categocs do Galiatce teaicial Roa re ica e geral durante muito tem- ede de ensino pablico fandamental existente nesta prim po. No entanto, mesmo quando a especializacdo técnica do operi de século teve alguma fungio social, esta foi a de preparar tio passa a ser uma necessidade, samento € feito no proprio trabalho; por isso, cabe afirmar que a fibrica foi, nos anos de con c solidacio do capitalismo, a escola profissionalizante por exceléncia nalmente, andlises hist6ricas do nacionalismo tem permitido ‘Neste periodo, a escola também nao é necessdria enquanto ins jir que os movimentos nacionalistas conscientes praticamen- tituigio destinada a fixar i tiram antes de 1830." Mais que isso, tudo indica que na -sua dimensao reprodutora das relagdes de producao, via manipula. ‘metade deste século os movimentos nacionalistas fora do slo ¢ domesticagio da consciéncia do explorado, também era dis Jj burgués e fora da Europa no passavam dle movimentos pro- pensivel num momehto em que este ainda ndo se constituira blonalistas. Mesmo em sua. segunda metade, 0 nacionalismo de Torca de oposicio ao estado de coisas vigente € enquanto as insti eS ae: cra de cole vera cate ss ings docs saat nasties mero, ple dades existentes. Além disso, é preciso lembrar que “no inicio do processo de ascensio, é verdade que a nova classe representa um interesse coletivo: o interesse de todas as classes nao-dominantes (Chaui,1981a, p. 100). Neste sentido, a universalidade de suas idéias € real num certo momento e A medida que a classe ascendente se transforma em classe dominante criam-se as condigdes para que seus interesses particulares aparecam como universais.e se tornem sonso comum. Como vimos, € somente em torno de 1830 que a classe ope: ; ritia comeca a se organizar e a engrossar as fileiras dos desconten tes com a nova estrutura social; porém, nao sera antes das Gltimas décadas desse século c dos primeiros anos do século XX que as or zrpltalstas Gerais eavels eomroeneroel anizacbes operarias se tornarlo ativas como forgas antagbulcay nos Bsomente nos paises capitalists Urals. ctévels ¢présperos, || ee partir de 188 due significado deren pasa | ‘compartilham da ilusio da chegada de um mundo novo, livre de Lss_BruDOS ¢ scgmentos de classe: pertinent opressio € pleno de oportunidades ¢ formam uma espécie de "co. foes relacces sock de: produsay: NEE 2 ethene uinidade de destino" com as demais parcelas sociais insatisfeitas bine jastrumento real de ascensio ¢ de prestigio socta! pelas fom a dominagio da nobreza. Nao se esta ainda na “era do capi Tene ee een ee lu’; embora rica de mobilizacao politica, a primeira metade do s€ desenvolvimento tecnolégico necessirio para enfrenta eulo XIX € sobretudo a “era das revolugdes" que, como vimos, tém NY alvo 08 antigos regimes Be scis ons povsncate sates at eke oe oy secon Lote Bicerto que o desejo de ascensio social fazia parte deste sonho yt i979, oe) de consolidaco dos estados nacionais modernos, segundo Ju- arias (cf. Zanouti, 1972, p. 14), € “a partir de 1870 que a na- o grande pressuposto da vida politica européia”. Até ento, i io muito mais anseio da pequena burgues yequena nobreza, As classes empresariais, /¢poca, preferiam os grandes mercados em expansio, ea grande popular, para quem a rcligito cra o grande indicador da na- idade, ainda no tinha qualquer interesse digno de nota pela clementar.Afinal, os aparatosideologicos por exceléncia in- 25 rises do novo modo de produgio, de modo a racionalizar, jumentar ¢ acclerar a producio, cla interessa aos empresirios. Co- mo manttenci0 do sonho de deixar a condi¢io de trabalhador bra- gal desvalorizado e de vencer na vida, la € almejada pela grande massa de trabalhadores miseraveis de uma forma ainda fragil e pou- co organizada, terns de ensino ndo so, portanto, uma realidade duran- te 05 setenta primeiros anos do século pasado. Embora os ntime- ros referentes 0s virios tipos de escola revelem um inegavel pro- _gresso, € preciso lembrar que este aumento foi sensivel nos niveis secundario e superior. Mesmo nos paises que ja contavam com um sistema puiblico de ensino, a educacao primria, segundo Hobsbawm (1982, p. 211-12), era negligenciada ¢ onde existia limitava-se a en- sinar rudimentos de leitura, aritmética e obediéncia moral. Além dis- so, nao se deve esquecer que em torno de 1850 a grande maioria dos que se dedicavam ao ensino das primeiras letras era constituida dle professores privados ¢ governantas dedicados as criancas da bur- P’iuesia. Apesar da vulgarizaczo do livro e da enfase na necessidade | de uma lingua nacional oficial, a imensa maioria da populagao mun- _{ dial permaneceu analfabeta até por volta de 1870. Certamente, foi levandlo em conta todos estes aspectos que Za- notti (1972), a0 periodizara histria da politica educacional no mundo ‘ocidental em trés grandes etapas, coloca como marco da primeira 2S oano de 1870, quando, até 19 14, se atribui a escola a missa0 de redi- ‘mira humanidade. A partir de 1870 vigora, em varias partes do mun- do, o ideario nacionalista em sua segunda versio: 0 da construcao de nacdes unificadas, independentes ¢ progressistas, Para que a di- ‘mensio desenvolvimentista se efetive, faz-se necessirio que as nagdes- ‘mica, teenoldgica e militarmente vidveis. Os idedlogos das nacoe ‘estado insistiam em que deveria haver somente uma lingua e um meio _de instrucio oficiais: € assim que a unificagio da lingua, dos costu- ‘Ines ea aquisicdo da consciéncia de nacionalidade sera primeira mis- -sio da escola no mundo capitalista do século pasado. O tema da igual- ‘dade dos cidadios, independentemente da raca, do credo ¢ da classe social servia tanto ao ideario nacionalista quanto ao liberal. Portan- 10, a constituigao das nagdes no era vista como algo espontineo mas como algo que precisava ser construfdo; nesta construcio, a escola, como instituicao estratégica na imposi¢ao da uniformidade nacio: ‘hal, expandiu-se como sistema nos paises mais desenvolvidos.” (00) Ao impor uma tingua, uma cultura e uma nacionalidade escola ¢outras ist {ules de uitiesgto nacional provocavam eagoes conta natonalistas em teas Mle ivoamentonio:nomogenco, apenas nas areas mals homogéness & que To | tlie macs sctats embarcaram na iealieasio da escola como insttaigho Jesestors(Hobsbaw, 1982, cap.7) (© sentido missiondrio atribufdo a escola e 0, papel de apostolos 3s de que 0s professores foram investidos ficam patentes na a documental realizada por Zanotti. Entre os documentos anali- dos, 0 discurso feito pelo presidente da Argentina quando da inau- 9, € exemplar: “Inaugurar uma escola € fazer um chamado a to 8 Os poderes do bem; sendo o ato mais benéfico, é também 0 ato ssolene, porque significa colocar-se, como nunca, diante do por- (...). ASSisto Com 0s senhores 4 majestosa cerimonia e pego 20 hor bispo que a encerre deixando cair suas bengos sobre 0 no: édificio para que ele fique santificado como um templo e as es- da em seguida sobre o herco da crianga, sobre a terna solicitude mie, sobre os campos e colheitas, sobre 0 nosso povo e seu des ” (@anotti, 1972, p. 25) ‘A crenga no poder da escola foi fortemente abalada pela pri que a escola obrigatéria ¢ gra nidade, para redimi-la da ignorncia e da opressio. A posse do que acreditavam nos superpoderes da escola e os levou a inves- -dagogia tradicional, na elaboragio de uma peda- que promovesse espiritualmente 0 ser humano. Se 0 movi: nto escolanovista ja era uma realidade no final do século XEX (as meiras escolas novas datam da década de oitenta desse século), (6 —a segunda etapa da politica cducacional, segun- Zanotti — que ele se propaga com uma clara intengio: rever Os “as priticas da educacdo, 2 fim de fazer da escola uma ico da paz e da democracia, Seus propositores par- da critica 4 escola tradicional que sc expandira no decorrer do lo XIX e a responsabilizam pelos desastres sociais: se a escola sstava formando democratas isto se devia a0 fato de ela mesma een ae ee alcada nos conhecimentos acumulados pela psicologia |tuisse 0 verbalismo do professor pela participacio aliva do alu- proceso de aprendizagem.”” Os pedagogos liberais, no ini- Feguinte passagem de Lourengo Fito (1974) confirma esta afirmacio: ‘Cres penido em numero e capacidade de matricula, difundindo-se pelas cidades ¢ os Pos, escola passava a admitirelientela a mais variada procedencia, con Wes de sade, diversidade de tendéncias ¢ aspiracoes. Os procedimentos dh leas que logravam éxito com certo niimero de cetancas, de igual modo no lam a outras, Seria natural que, 20 didatismo corrente, scedesse certa 27 \¢A0 da Escola Normal Nacional de Professoras de Rosirio, em_ Wo lo do século XX, estavam carregados de um humanismo ingénuo ‘mas bem intencionado que os levava a acreditar na possiblidade de. 4 escola realizar uma sociedade de classes igualitaria, ou seja, uma Sociedade no qual os lugares sociais seriam ocupados com base no mérito pessoal, psicologia cientifica coube buscar a explicacio ¢ a mensura- ‘slo das diferencas individuais. F neste sentido que a anilise desta ciéncia, enquanto expressio cultural da nova ordem social que emer. ge do mundo feudal, torna-se fundamental a compreensio da natu teza da pesquisa e do discurso educacionais sobre 4 reprovagao es colar que vigoram nos paises capitalistas desde o final do século pas- sado. No entanto, seu surgimento se dé no mesmo lugar ena mes. Ina €poca em que foram formuladas as primeiras teorias racistas res, -Paldadas no cientficismo do século XIX, fato que nio pode ser i norado quando nos propomos a desvendar a natureza de seu di curso, As teorias racistas Como vimos, a grande movimentacdo politica que caracteriza © final do século XVII ¢ os primeiros cingiienta anos do século se- guinte tem como mével a luta dos nao-dominantes na ordem feu. dal contra um inimigo comum, Vimos também que o cimento ideo. logico desta unio de forgas é 2 crenga no surgimento de um mune do novo no qual reinarao a igualdade de oportunidaces, a liberds. de € a fraternidade: contra os privilégios advindos do nascimento, 08 privilégios decorrentes do esforgo ¢ da capacidade individuais, contra servidio ¢ a exploragio econdmica, o trabalho livre e af vre iniciativa. O saber © o poder ao alcance de todos fazer parte do projeto social em andamento. No discurso dos ideOlogos da re- » francesa ¢ na visio de mundo dominante na organizagao social que cla consagra, a idéia de escola universal ¢ geatuita encontrava presente. Inicialmente parte integrante muito mais das outrinas filosdficas, da legislacao e do privilégio de alguns, a0s pou- -£08 ela vai-se tornando realidade, i medida que o desenrolar dos contecimentos econémicos, sociais ¢ politicos desdguam na trans formagio do sonho de todos em pesadelo da maioria ‘A escola inicialmente imposta como instrumento de unifi losade na indagagio das causas ou razdes destas diferengas, Do interesse 4m teyular as aividades dos mesires, ow do ato unilateral de ensiaa, impondio Howden felts, passou-se a procurar entender os dscipulos no ato de aprender, 4 elreunnncias a isso favordveis ou destavorivets segundo as Condiebes tx, Unde desernoteimento.” ssa ser desejada pelas classes trabalhadoras quando de ma se apercebern da desiguldade embucia na nova 1. ‘almente act ‘escapar, pelos caminhos socialmente ack aaa sadiaio A escolaizagio € una das formas que as smo piiblico ¢ privado fiz c ddescen Lona Pinos piers 1 ascensho socal a fitegracio 2 seus quadros, Neste sentido, nas altimas déca- SS Nid nas primeiras do século XX, a5 presses popu W educagio desempenham um papel importante na €xpan- Tee escolar nos pales capitals GT via Rgualdade ¢ chave na decifracio da producdo cu Ao ee efecto ances © 3 suede. Nas ¢imporante fF que no pensamento liberal nao se rata de preconlzar una dade na_qual_as desigualdades desaparecerio: tatise ila sem colocar em xeque a tese da existéncia de igual de aE cr | que vem substituir a sociedade ortunidades na ofdem social q sa sociedad as, esta sim, tida como inevitavelmente injusta. d srpmage se sues glade fra pr ei ie = ha -apitalista di-se pe- fal real inerente 20 modo de produeto capitalists di-se pe- . cca das desigualdades sociais em desigualdades raciais, pes Bos cutaerats encarregar destas cbc, contibuindo, no decorrer do séeulo XIX, pars const at sc ica. ft burguesia enquanto classe hegemoni ‘s frac soiesades enolase 0 poi ‘membros da nobreza, € um fato na Gra-Bret 1 “Puno vite e trina do séeulo pasado, neta misma éDoce favam em discussi0 25 quests clo iatismo edo carter n2ci "No entanto, segundo Hobsbawm (1982, p. 315) a tendéne isa ita pobeera @ uma inferionidade iat € os pies abuso ¢ 4s 56 se dari ingiienta -culo,Ne as racists 86 se daro aps 03 an0s ci geal, New primctas decadas, se de wm lado a crenga na erreiraaberca 10 lento € a competicio individualista ja ist, arto no ano ci -ducagao, se as bolsas de estudo ja jos negdcios como no da € esto cn i smpetitivo no qual os crit fusibuidas mediante exame compettivo no qual os crtérios eram tid “givilizados” ja nutriam pre Grito e a8 aptides, se os “civil am preconesio aan ca ebaros" de outro o se pode eaquccer due natn “cin do pensamento religioso foi marcante e wm forte conservavl sno fia rene ieologia leg secular, dificulando o bale agio 6 desenvolvimento das ciéneli ivulgagio e, portanto, o proprio des Hoa setae (ef Hobsbavrm, 1982, p. 315). Anilises do panorama intelectual europeu nesse sécul, infor: madas por outra perspectiva e voltadas especificamente para 0 obje- tivo de investigar o curso das teoriasracistas, revelam, como €0 ea: 0 de Poliakoy (1974), no entanto, que ainfluencia conservadora da Igreja foi maior na Gra-Bretanha do que na Franca, 0 que permite spor que afirmacio precedente € menos valida paca oque ocorria ‘no continente. De acortio com estas investigacbes, Frama #0 berco fas do determinismo racial que comegam 1 ser formuladas Togo apés 0 triunfo da revolucio burguesa, ainda no final do século XVII. Nela, aadesio 3 tadigo anticlerical eciemtifiesta das luzes eacontrou menos obsticulos, o quc permitiu que logo no infcio dos novecentos as leis da ciencia se emancipassem do controle divino \ Na Gri-Bretanha, a0 contrério, 0 determinismo ractal s6 comecou ase tomar opinio dominante em meados desse século; se na Franga © debate sobre as teorias das racas corria com desenvolturs, na Gri. Bretanha encontrou fortes obstaculos. A doutrina cristicontinuava a defender ostensivamente as teses da origem comum de todos os homens da regenerabilidade dos "homens exoticos" 0 que fez com que antropélogos anglo-saxdes que defenderam teses naturalistas ¢ polignite fosem sivo de persegugoe. primeia vista, estas considcragGes poclem parecer itrelevan- tes a0 objetivo de pensar criticamente as idcias 2 respelto das die. rengas de rendimento escolar vigentes no Brasil. No entanto, basta lembrar que os intelecruais brasileios comecaram a voltarse para as questOes da escola e da aprendizagem escolar num momento em que 0 pais vivia mergulhado nium coloniatismo cultural que Faria de nossa cultura, segundo expressio usida por Cunha (1981), uma “cultura reflexa’, sobretuddo sob a influencia da flosofia eda cien, cia francesas. 4 construgio das teoriasracistas ser obra, nessa Epoca, tanto jobreza deposta e dos simpatizantes da monarquia — que se mo entam no rastro de ressentimento deixado pela revoluclo co. mo dos proprios ide6logos da burgucsia, ou seja, dos prprios pen. sadores revolucinarios francescs, ‘Aadesao a0 anticlericalismo € 20 cientificismo, caracte Wes thsstateen: permitrsaecassoase ee ee lenares adquirissem um novo status. o de conhecimentos neuttos, | ‘objctivos e verdadeiros que a ciencia experimental e positiva con. feria 2s ideias geradas de acordo com os seus principios. Das inter. Dretagdes teoldgicas do mundo passou-se as interpretagbes cient ‘1s; como diz Poliakov (p, 207), a Providencia fol substiutda pela fislologia ciencia experimental e positiva que, antes da psicologia, vollovse para a questo das diferencas raciais¢ individuais A slivulgacio mais intensa das ideias racistas ise a parti dos “Primigitos anos do século XIX-e seu prestigio atinge o ponto mats lio aproximacmente entre 1850 € a década de 1930. Neste perio- fv as doutrinasancsopolOgicasFormUladas pelos fsiSlogos desem- ehharim um papel estruturante no pensamento das novas elites banis (1757-1808), médico e fil6sofo francés, € consideradio o mais Mhasnte destes ideGiogos. Como representante da nova geracto pOs- olucionaia, defende teses poligenistas segundo as quals a origem espécie humana € miilipla, o que autoriza a conclusio de que em racasanatGmnca ¢ isiologicamente distinas e, por isso mes- 0, psiquicamente desiguais, Estas teses contrariam a antropologia siz monogenista, segundo a qual todos os homens foram criados ager esemelhanga de Deus, €o proprio mito da origem propa dio pela Igceja Catdlica de que todos os homens descencem de "Seu pal comum, Para Cabanis, 0 fisico determina o moral € rrebro secreta o pensamento do mesmo modo que outros 6rga0s, eretam suas substancias (Poliakov, p, 200). Suas idéias exerceram fande influéncia sobre Saint-Simon (1760-1825) ¢ Lamarck 744-1829), que publicaram suas principals obras no mesmo ano 1809. Alids, a presenca da teoria antropolégica de Cabanis nas orias sobre a natureza humana se faré sentir pelo menos nos cento {rinta anos subseqiientes: a afirmagio da desigualdade das racas omb tiqlifssimas sobre a relacio entre clima e tem- aes icitfua crenga na beranca de caracteres adquiridos 6 denominador comum das teorias racistas formuladas em varias es do mundo até pelo menos os anos trinta do século XX. \Em_ 1803, Suin-Simon (cf. Poliakov, p.199), por exemplo, iha-s¢ com veeméncia aos que defendiam o principio da igual lade: “Os revoluciondrios aplicaram aos negros os principios de ada: se tivessem consultado os fisoldgicosteriam aprendido gue o negro, de acordo com sua organizagio, nao € susceptive, em tual condicdo de educagio, de ser elevado 4 mesma altura de inte- pencia dos europeus. lids, as critica as tses igulitrias fazem. ouvir cada vez mais alto durante o século XX e so compartilha- das até mesmo . © paradoxo, no entanto, € ape- has aparente; andlises mais detidas revelam que a maioria dos psores da aboligio da escravatura nlo 0 fazia por “simpatia com “fundamental. segundo Schwartz (1973), 0 modo de produgio es- {vo velo Ser menos rentvel que o rabalho asslariado”, 0 que rlow as condigdes para o que o “altuismo implantasse a mais-valia ee): ci i Jo, segundo, ‘Um cientificismo ingénuo ¢ um racismo militante sao, seg Zs Poliakov, das das caracteristicas marcantes da época de ouro das “icorias racistas. De fato, datam desta época as primeiras tentativas ile comprovacao empirica das teses da inferioridade racial de po- 31 bbres-€ ndo-brancos.:' Como 4 prova empicica ern cond Ico para 7 Conteh 8 prova empitica tro auardat 0 cardter clentifico das afirmagdes, surge a escola ces, Sung a pologica norte-am¢ Iveram novos méto dante eect otte-americana, onde se desenvol 'a, portanto, por mero dile tropdlogos se dedicavam €s” diferiam dos que res” (Klineberg apitalistas, 0 ra- folate eyes de cfeito sto comu 10 slo comuns nas publi questao das diferencas €m 1837 por Courtet Haine ee logica de Paris, d0-nos am dade que as teorias racistas icagdes especialmente vol is: duas afirmacdes feitas Je, endo secictdlo a edida do dogmatismo ede da qualidade das racas € sun canaeianae tes, pordetinigfo, so sige sends. Jade de dominagiovot aon (spor defini, cravos",“encontrarelsa it Pera oslo dsc ea ecrvdno no ioe te Bayan rendade, as idéias veiculadas Gaidos do seco pasado connham, de sigue Sina lade racial, a ponto de Poliakoy Rater 1 “no fm do século XIX a teorin arian naa iguiro pelos intelectuais mais desta- Jarado, 08 lo desprvo pelosi os dos paises do Tercera Mundo noone eldadania entre o9 sibios'' (p.Xvi). Na Franga, A, Comte sem tofrio de meados do século, que a elite ou Vanguard idade era constituida pela raga branca da Europa ociden- Hutor da filosofia positivista reconhecia somente tres ragas dis- ya branca, a qual atribufa a inteligéncia}.a amarela, portadora i dt atividadee a negra, movida principalmente pela afeti- im Schelling, Hegel, Feuesbach, Stirner, Marx € Engels € pos- Tocalizar a influéncia das idéias racistas da época. O que di in os liberais dos socialistas, neste aspecto, cram, segundo Po- | as conclusdes hist6rico-filos6ficas que tiravam das desigua constitucionais que acreditavam privilegiar uma raga. £ inte inte notar que, quando nao era explicita em suas obras oficiais sho a esta crenga acabava por se manifestar na correspondén- fe estes autores mantinham com amigos (cf. Poliakov, p.21-38 im) im meio a tantas teorias € a tantos intelectuais que marcaram a, destacar 0 conde de Gobineau (1816-1882) é um procedi- 10 que se justifica porque, na qualidade de diplomata, este fetual francés morou no Brasil, mantinha ‘‘relagGes cordiais € lectuais com D.Pedro Il" e marcou presenca na corte do Segundo perio, Fste fato certamente explica sua presenca constante na bi iogeafia dos trabalhos publicados no pais sobre o carater nacional fe iferencas raciais, desde 0 s€culo passado at juase meados do século XX “autor de uma das obras mais divulgadas no século XIX ~ 0 Ear to sobre a desigualdade das racas bumanas, publicado em 1854 se Gobineat pretendia provar, como membro que era da nobreza decadente, a superioridade de sua gencalogia, Para cle, “a raga su perior € ariana, da qual o ramo ilustze € 0 dos teutos —a que per~ Pencla, naturalmente, a nobreza francesa — enquanto 0s servos se- fiam da raga galo-romana’’. De sua filosofia das ragas, contradit6 fia quanto 2 origem das diferengas raciais® e pessimista quanto 20 futuro da humanidade, seus leitores selecionaram 0 que mais inte- fessava na época: ‘2 idéia de caracteristicas permanentes das ragas"” (Morcira Leite, 1976, p.27) Gobineau praticava o cicnt kov; quando nao conseguia prova rematar: "€ assim porque nao poder Feira Leite, p.27). Em carta a um amigo, confessava que esta ciencia “Neea para ele apenas tam meio de satisfazer seu Odio pela democra- cia e pela Revolucio” (cf. Poliakov, p.217). Embora seus trabalhos ificismo ingenuo de que fala Poli Ge Sgundo Potiakov,o caolieismo de Gobineau o levava a ser monogenist em Sean's que aio o impedia de see poligenisia na pritica (p. 218) 33 grande acolhida na Franga, a maneira apai ida como cram redigidos € o estilo literario ¢ crudito com que formulou concepeses ji arraigadas na época fizeram com que sa obra tivesse grande repercussio sobretudo na Alemanha ¢ nos pat. ‘ses escravocratas. Parte de seu livro € dedicada a consideracoes so. bre as conseqiiéncias desastrosas da mesticagem; afima que nos pai ses em que 2 raga branca ja impura se mistura ao sangue de negtos € indios, as conseqiiéncias serio trigicas, pois resultario na ‘juste, posigao dos seres mais degradados”. Talvez um dos motivos mais, fortes da grande acolhida de suas idéias no Brasil resida no fato de que cle ndo s6 trazia reforgo “‘cientifico"” a0 preconceito racial dis. seminado no pais como colocava aos intelectuais brasileiros a dif. cil tarcfa de conciliar esta visio negativa da miscigenacio com a ne. cessidade de esbocar teorias positivas sobre 0 carter nacional. A publicacio da Origem das espécies (1859) nao muda 6 rumo ddas ideias dominantes a respeito das diferencas entre grupos hum. fos. Ao contrério, as teorias racistas encontraram na teoria evolu- cionista elementos para sua reafirmacio. A tcoria de Darwin (1809-1882) foi assimilada e transformada pelos intelectuais da bur- guesia na formulacao do darwinismo social ¢ colocada a servico da justificagao da reconstrucio da hierarquia social que se operara no interior da nova ordem social. Darwin nao formulou o evolu. cionismo biol6gico tendo em vista justificar o racismo ou as desi gualdades sociais. A transposicao de suas idéias para 0 universo so. cial — onde supostamente também se daria uma selecdo dos mais io — resulta numa biolo- o mistificadora da vida em sociedade e justificadora da ex. Ploracao ¢ da opressdo exercidas pelas classes dominantes dos pai. ses colonialistas, tanto dentro como fora de suas fronteiras, Por is |80: cabe afirmar, como 0 faz Hobsbawm (1982), que “o darwinis- | mo social e a antropologia racista pertencem nao a ciéncia do sécu. lo pasado, mas a sua politica’ (p.227). Sc-existe uma certa unanimidade no reconhecimento da genia- lidade de Darwin, o mesmo nao ocorre em relagio a Herbert Spencer (1820-1903), fildsofo inglés que desenvolveu o biologismo -S0ctolégico. Segundo Hobsbawm, Darwin foi um cientista e Spen- ‘cer um pensador mediocre que teve imensa influéncia na visio de mundo que predominou na cra da ascensio do capitalismo indus. trial © da consolidacio da cultura burguesa.”* (25) 0 proprio Mar, segundo andlises histico-sociolopicas, mostrou entusiasmo pelo durwinismo, a0 defintlo como “base das cients naturals" «pelo cen, lista ao demonstrar a intenglo de dedicar a Darwin o segundo voleme de 0 eupita, 194) As observacdes de Potiakov sobre Spencer ¢ Darwin caminham nesta mesma iiregdo, Apr ressaltar que as expressbes "Sobrevivencia do mais apto"'e "huts indo deste chio social cultural, a sociologia, a antropolo- ¢ a psicologia, que sc oficializam a partir desta Spam, aio i rama visio de mondo dominant, mancira como concebemy ‘cial legitima a sociedade de classes ¢ a i ie ihe €inerente, A exatencla de excelents ands reas da. titulo e ca natureza desta céncias, em suas verses func tas, nos dispensam desta rarefa que, de resto, ns seria impos- el elizar. Para nonsos fins, €suficinte registrar que 2 antropo- 1. clentifica que se fez no século XIX e nas primeira décadas do éculo XX foi gravemente falseada pelo etnocentrismo europe fmbora renha.aseu favor a oposia ia, 0 fez através de outros dogma: mnarios, que tena sr verdadesabjtvas Este capo da histra dace : 4 J € possivel entender como se lustra bem a afirmacio de que s6 € possivel e ose gern a seprsentagbes de mundo se tentarmos para 0 fh como os omens se felacionam pra prod «repeat av iy mumma estrutura social como a das sociedades industri cumbadas por So ania, fl cine” foram pecs «an Darin pra, a gc una get de nlctans~ ete qr reese genie Davin ao and tcora i evolu praia oligo a seit as Stgc"o teanalornsmno permis iq tstemagrandino, ave F emdeate Jos ses v0, ip a0 homem, aoe es de chad aga avanalan- Ao conrisio de Spe er a neha inexorvel dos homens para re bc Cee er vincn Darwin era mais pradente nesta presi, emboracre- ae oe caixtnca Je ug superores © Inferior, adi te 0 costes Spe ieancacs cl Tura egurantira sobreviv ae sponta caso da IMO tc wran Sbrei- chide ser nmer pel qeitbncas eseriam condenados 0 desape Stoimenty(p:282-268, pas). i cae Ch 981) sume o que estamos que ret 2) ei bequest em clo noice ono Pg ‘Fs aga burgess, ota» sa pron ds macs, ds oe cit de tc amen en Ue Pa aaa ete umiprogism seu mado de dominar a Natureca ede dom Sauron Comese clo do pro xargs ess 2 i dita do cpkaan de clon ox pov os Primos ser enor pare hence ds pogo a Seas sin i serpolog sor exlealniicamete at sociedad sages ida ert eias como endo gre oie, como fr Ly Br, Ove, doo aniropologospevecem que a caractrzacio € colonialist «Das es agers de modoa revcar queso difere “ re yn peranecean sa a gemini ds Koi barge (Poe {hears moran que as sciedades plan sto dierent dt noe ots ‘Ein sotecdes sem eset, som merci sem sta © sem Hse) “1 Sige do so es prmivas), tas im gue sua cnc He defender 0s ens rcionaigade © ama clentfcidade que conser, let manece press a uma racional Drguesa T2I-122), 35 io de Wundt, na Alemanha de 1879, a con- sulta a qualquer manual de psicologia diferencial — ow scja, da psi- ‘cologia que se quer investigacao quantitativa ¢ objetiva das diferen- ‘g25 existentes entre individuos € grupos — pdc cm relevo um no- me: 0 de Sir Francis Galton (1822-1911), descendente de familia tra- icional inglesa que produziu homens eminentes no mundo da alta administragio ¢ das artes. No decorrer de suas atividades intelec: ron transitou pelas quatro vertentes da psicologia das di fuais. dedicou-se ao estudo da biologia, e a investi- gacdes nas dreas da estatistica (contribuindo significativamente pa- ta o.desenvolvimento das nogdes de distribui¢io normal, signifi- Cincia estatistica e correlacio), da psicologia experimental (atc vvés da pesquisa, em laborat6rio, das manifestagoes psiquicas) ¢ dos testes psicoldgicos (criando varios textes ¢ medidas de processos sen- soriais, precursores dlos testes de inteligéncia). No entanto, seu ob- jetivo principal era medir a capacidade intelectual e comprovar 2 sua determinacao hereditaria, Um dos mais conhecidos adeptos Ga teoria de Darwin, Galton foi o primeiro a fazer o transplante dos, principios evolucionistas de variagio, selecio € adaptacio para 0 estudo das capacidades humanas, ‘Seu primeiro livro, Hereditary Genius, publicado em 1869, € um estudo de homens de reconhecido brilho, através do método a histéria familial. Seu objetivo € claro: “Pretendo demonstrar, nes- te livro, que as aptidoes naturais bumanas sao berdadas exatamen- te da mesma forma como os aspectos constitucionais ¢ fisicos de todo o mundo orginico”’ (p. 1, grifo nosso). Como o niimero de parentes (pais, irmaos, filhos) eminentes era maior nas familias es- tudadas do que se poderia esperar pelo acaso, Galton cor que esta era uma prova suficiente de que a genialidade € herdada. ‘Todo o restante de sua obra est4 voltada para este mesmo fim, Gomo precursor dos testes psicoldgicos, tentou medir proces- sos sensoriais (como a discriminacao visual, auditiva c cinestésica) e motores (como a velocidade do tempo de reagao), tendo em vista estimar 0 nivel intelectual. Dizia ele: “Tudo indica que as Gnicas informagdes sobre os acontecimentos externos que nos aleancam passam pela via de nossos sentidos; quanto mais os sentidos detec tarem diferengas, maior 0 campo sobre o qual nossa avaliac2o € nossa inteligéncia podem agir.” (1883, p.27)" ita forma de atribuicao de ia fore de uma gencalogia distinta 20s que Monin 2 sob a pretensa dbjetividude ¢ neatadiune A Sociologia cientific: “As ea que se desenv suit veZ, padece dos mesmos problemas ¢ sha ma imagen € semelhan- eS Ongios (ou diferentes classes) precizam Tingle eee Charon diferentes classes) precisam funcionar integra plementares em benetici Gonccitos. Durkheim & o mais difundido representante deen oye, cones K ifundido representante dest ic entender a vida social; preocupado com insubtliaa ea oe buigao das pessoas as pels classes socials sf Igo ds 3 fzesse com base apenas

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