You are on page 1of 35

Unidade 1 - História, cultura e arte

Apresentação

Entende-se que cultura é o conjunto de conhecimentos, expressões e saberes


da humanidade e a arte, sendo uma destas expressões, tem como finalidade a criação das
obras culturais. Desta forma, podemos entender que arte é cultura e cultura é um conjunto
de ideias, tradições e costumes que, somados, formam o patrimônio cultural, material ou
imaterial, de um determinado grupo ou região.

Neste contexto, abordaremos como as circunstâncias históricas induziram as


expressões artísticas, como a arte foi mudando e se readaptando e como os fatores sociais
influenciaram e continuam influenciando na formação da arte e da cultura. Entre estes
fatores estão a industrialização e a globalização, que ampliaram e facilitaram a
transmissão e o conhecimento da arte e dos valores culturais, mas também modificaram
sua concepção, sobrepuseram os valores existentes de uma determinada cultura ou
experimentaram o processo da miscigenação.

O patrimônio cultural, como as obras de arte ou de arquitetura, não tem apenas


um caráter de apreciação pela história, é também um instrumento de conhecimento que
permite olhar o passado com uma visão crítica da arte e dos elementos e materiais
utilizados para a sua elaboração. Além disso, esse patrimônio cultural permite saber como
foram empregados esses elementos e materiais, de acordo as características do entorno e
do contexto, de forma a enriquecer o desenvolvimento dos novos projetos de interiores e
exteriores, adicionando elementos de diferentes aspectos culturais, utilizando os sistemas
construtivos, os materiais e as técnicas, conservando, assim, a memória e mantendo a
identidade.
Conceito de cultura

Existem muitas maneiras de classificar a cultura, podendo ser segundo


o seu estrato social, como a cultura das classes privilegiadas e a cultura popular; segundo
o uso da escritura, que pode ser oral, ágrafa ou escrita; segundo seu estado de
desenvolvimento histórico como a cultura primitiva, a cultura originária, a nômade, a
cultura agrícola, a cultura urbana ou a cultura industrial; e até mesmo segundo a religião,
como a cultura islâmica, a cultura judaica, a cultura muçulmana etc.

Segundo Santos, em O que é cultura?, publicado em 1996, toda cultura


se conforma a partir de elementos básicos como os valores sociais, as normas e as leis
pelas quais as sociedades escolhem seguir, as crenças sobre a vida e o seu lugar no mundo,
os símbolos, as formas e os emblemas que possuem algum significado dentro da cultura
e que muitas vezes representam uma tradição ancestral, o idioma e suas derivações na
forma de utilizar as palavras e do modo específico de pronunciá-las, na utilização da
tecnologia e na aplicação do conhecimento para as revoluções tecnológicas, dentre outras.
Podemos citar alguns exemplos de cultura: a cultura chinesa, umas das mais
antigas e que possui diversos elementos facilmente identificáveis, como a arte, a
caligrafia, a culinária, a dança, a arquitetura, o comportamento, as artes marciais, a
medicina, a religião etc. A cultura europeia, que engloba muitas culturas e que inclui
valores próprios da religião, da tecnologia e do sistema comercial do mundo antigo. A
cultura pré-colombiana, que denomina o conjunto de civilizações americanas prévias a
chegada dos colonizadores, como os incas, os astecas, os maias etc. E o conceito mais
atual que inclui a cultura digital, própria da internet e da interação nas redes sociais.

Uma das funções da cultura é garantir a sobrevivência e facilitar a adaptação


dos sujeitos, pois sendo ela constituída pelas ações criativas de um povo, com suas formas
de fazer uma determinada atividade, está estabelecida pelas características singulares de
tempo, espaço e tradição; a cultura engloba a forma de uma sociedade criar, fazer, viver
e de se comunicar, abrangendo tanto a linguagem utilizada na comunicação, na contação
de histórias, nos cantos, nas rezas até a escolha do material utilizado nas construções ou
na distribuição dos espaços em uma edificação; a cultura está na forma como as
sociedades celebram suas festividades, preparam os alimentos e constroem seus
instrumentos. (IPHAN, 2012). Dessa forma, o conjunto desses saberes, fazeres,
expressões e práticas é o resultado de produtos que remetem à história, memória e
identidade de um povo, denominado, assim, como patrimônio cultural.

(Assistir vídeo 1.Cultura)


Arte e cultura

A arte é sinônimo de criatividade. Ela permite gerar expressões artísticas


com base nos símbolos, nas técnicas e nos materiais. Ela também plasma diversos
rasgos de cultura, especialmente na atualidade, em que estão presentes todas as classes
de expressões artísticas, resultado de uma grande mescla de grupos sociais existentes.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


(Unesco) estabeleceu, na Semana Internacional da Educação Artística de 2020 que “a
arte, em toda a sua diversidade, é um componente essencial de uma educação
abrangente para o pleno desenvolvimento do indivíduo”, ou seja, o domínio da arte e da
cultura é fundamental para o desenvolvimento das pessoas, pois oferece diversos
benefícios, como o pensamento alternativo e a busca por soluções diferentes e criativas
para a resolução dos problemas, favorece qualidades como a tolerância, a sensibilidade,
ajuda a apreciar a diversidade e o diálogo intercultural, além de desenvolver habilidades
intelectuais e criativas nos indivíduos.

A arte pode ser decorativa, narrativa, filosófica, religiosa ou para simples


entretenimento, ela é um reflexo da cultura humana e é influenciada pelo contexto
social, político, religioso e econômico no qual está inserida, seu propósito muda
constantemente e é reflexo da sua época. Ela expressa uma linguagem universal e
compreensível para qualquer ser humano já que aflora o pensar, o sentido e as emoções.
A HISTÓRIA DA ARTE

A história da arte estuda a evolução da arte ao longo do tempo e baseia suas


análises nas expressões artísticas do homem e como ele representa sua visão particular do
mundo por meio das diferentes técnicas e manifestações artísticas em cada um dos
períodos históricos.

As primeiras manifestações artísticas foram encontradas no período


Paleolítico. As pinturas rupestres nas cavernas correspondiam às expressões de uma
cultura em que a caça era o tema principal.

O período da arte é conhecido pelo


surgimento das primeiras grandes
cidades e o início da escritura, como os
hieróglifos egípcios. A civilização
egípcia foi uma das mais avançadas da
Antiguidade, seu desenvolvimento e
cultura impactaram a humanidade e suas
pinturas correspondiam às expressões da
vida após a morte e tinham um caráter
religioso, conforme pontua Hodge, em
Breve história da arte, publicado em
2018.

Entre as expressões artísticas desse período estão as esculturas, que eram


talhadas em tamanho real sobre as pedras, resultando em estátuas realistas que, em
conjunto com a escrita hieroglífica, serviam para situar e adornar as tumbas e murais
funerários dos mais ricos. A pintura, de igual maneira, era utilizada para decorar as
paredes das tumbas, templos e também os papiros, empregados para o registro de
informações sobre a religião e sobre a vida cotidiana.

Uma característica tanto da pintura como da escultura é que todas as figuras


eram desenhadas de perfil, com a ausência da perspectiva e com a utilização de cores
sóbrias.
A grandiosidade arquitetônica egípcia também merece destaque: as esculturas
e edifícios tinham proporções gigantescas, como observado na Grande Pirâmide de
Gizé.

A arte da Grécia e de Roma, por sua vez, trouxe uma evolução tanto científica
como inovadora na utilização dos materiais e na criação de uma ordem estética que
contribuiu para a história da arte. Dessa forma, os antigos artistas gregos eram
caracterizados por buscar a beleza ideal, simulando ou imitando a natureza, e exibindo
suas pinturas na decoração de pratos e vasilhas de cerâmica.

As esculturas buscavam representar a perfeição e o equilíbrio das formas


humanas. Na arquitetura, esse período foi marcado pelo uso das colunas e da criação
das ordens clássicas como a dórica, a jônica e a coríntia, utilizadas na construção de
templos, teatros, aquedutos, acrópoles e estádios (HODGE, 2018).
No período da Idade Média, todos os aspectos da vida foram influenciados
pelo domínio da Igreja Católica, e isso se refletiu também na produção de arte do período,
que ficou marcado por diferentes correntes artísticas.

A primeira sobre a qual falaremos é a arquitetura românica, em que


edificações como igrejas, templos e monastérios se caracterizavam por amplas paredes
com pinturas murais que possuíam mensagens religiosas, figuras bidimensionais,
ausência de perspectiva, pouca luz e, fundo liso, ou seja, pinturas com uma simples função
simbólica cujo objetivo era a divulgação da religião para os analfabetos. Assim como na
pintura, a escultura era utilizada para representar o divino, estabelecendo um caráter
educativo sobre a religião.

A outra corrente artística desse período foi a arte gótica, que se desenvolveu
na baixa Idade Média. Essa arte também nasceu ligada à Igreja Católica, tendo como
características o emprego de figuras cada vez mais realistas e a utilização da perspectiva
nas pinturas, porém a sua máxima expressão foi na arquitetura. Um exemplo são as
catedrais góticas, como a Catedral de Notre-Dame, em Paris. A arte gótica se diferenciava
da românica por utilizar novas tecnologias de construção que permitiam realizar grandes
aberturas e criar janelas com vidros pintados, os vitrais.

No período da Idade Moderna,


o Renascimento e o Barroco foram as
principais correntes artísticas. É
precisamente a partir do Renascimento que
Leonardo da Vinci e Michelangelo
começaram a ser vistos como artistas. Esse
período se caracterizou pelo interesse em
aprender e imitar a arte antiga da Grécia e de
Roma e pelo seu contexto histórico: a Igreja
Católica estava perdendo o poder e o
controle em muitos aspectos da vida da
sociedade, dessa forma, na cultura, o homem
começava a ser o centro de todas as coisas.

Dentre as características da pintura no período, podemos citar a temática


variada com os temas mitológicos, retratos e relatos históricos. Além disso, o artista da
época dava muita importância às proporções, à beleza da figura humana e à composição
da obra, com a organização de padrões geométricos básicos como a simetria.

Na escultura, os materiais utilizados eram a pedra, a madeira e o bronze, por


meio deles, os artistas buscavam a perfeição nos detalhes e na proporção do ser humano.
Na arquitetura, o estilo renascentista esteve presente na construção de edifícios religiosos
e civis, utilizando elementos arquitetônicos como a cúpula para cobrir parte dos edifícios
e materiais como o tijolo e o mármore para a sua construção. Nesse período, eram
utilizadas as guirlandas, os querubins e a balaustrada para decorar os edifícios.
A arte barroca nasceu da Contrarreforma e dos esforços da Igreja em educar
seus membros, tratando de ajudá-los a entender melhor a fé. Deste modo, o Concílio de
Trento declarou que a arte deveria ser usada para explicar os dogmas da fé e, para que
isso ocorresse, deveria ser direta, persuasiva e desenhada para inspirar seus espectadores.
Nasceu, então, a arte barroca, cujas obras foram desenhadas com o objetivo de integrar o
espectador com a cena, contrastando luz e escuridão, carregando as obras de
ornamentação e decorados extravagantes, com imagens diretas, óbvias e dramáticas.

A época da Revolução Francesa foi caracterizada pelas grandes


transformações artísticas, demográficas, sociais, políticas, tecnológicas e econômicas.
Neste contexto, os artistas inovadores surgiram buscando uma nova linguagem estética.

A principal característica da arte foi a liberdade de expressão. Desse modo,


a arte deixou de lado conceitos antigos como a imitação da natureza, as cores tradicionais
e a perspectiva única e começou a adotar a linguagem das formas, com a criação dos
desenhos geométricos, utilizando várias perspectivas e elementos abstratos tanto nas
pinturas como nas esculturas (GOMBRICH,1999).

O romantismo é um exemplo
do movimento cultural da época e nasceu
como uma reação revolucionária contra as
tradições e regras estereotipadas. Por se
tratar de uma maneira de sentir e conceber a
natureza, bem como a vida e o ser humano,
se desenvolveu de maneira diferente e
particular em cada país, em cada
representação de arte e, inclusive, dentro da
mesma cultura.
Diversos movimentos surgiram com as mudanças sociais que ocorreram
durante o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX, assim como a
Revolução Francesa e as revoluções burguesas. Desta forma, o crescimento econômico,
a intensificação do comércio e o progresso técnico levaram também a uma consolidação
da burguesia e a arte sofreu mudanças em conjunto com a sociedade.

A Revolução Industrial também aconteceu nesse período e se caracterizou


pelo avanço na metalúrgica, na siderúrgica, na consolidação da eletricidade e no uso do
petróleo. O constante progresso tecnológico dos países era exibido nas exposições
universais e um ícone mundial fruto destas exposições é a Torre Eiffel, localizada em
Paris, França.

O estilo que marcou uma mudança desse período é o impressionismo,


classificado como uma ruptura com toda arte vista anteriormente. Esta arte capturava as
paisagens cotidianas vistas das mais inúmeras perspectivas e de uma forma criativa,
utilizando cores puras e formas de uma naturalidade extrema.
Este estilo foi o ponto de partida para que se desenvolvessem, no século XX,
diversos movimentos artísticos, como o fauvismo, o construtivismo, o cubismo, o
expressionismo, o futurismo e o dadaísmo, de forma que todas estas correntes têm uma
série de elementos comuns na sua ideologia, inovando e concedendo à arte um espaço
diferente do que ela tinha antes, porém diferenciando-se na formação do estilo de cada
artista. Assim, podemos dizer que se caracterizava por ter uma consciência de grupo
dentro de cada um dos estilos. Estes artistas negavam o passado e buscavam uma nova
linguagem, encontrando uma nova forma de expressão e adquirindo propriedades
marcantes em suas obras.

A ARTE NO DESENHO DE INTERIORES

Ele surgiu no antigo Egito, em que as tumbas esplendorosas demonstravam


que a decoração não era apenas uma homenagem aos faraós, mas também uma forma de
equipar o aconchego daquela divindade no mundo dos mortos.

No Império Romano surgiu o conceito de que o desenho interior de um


edifício era tão importante quanto sua parte exterior; foram criados espaços que buscavam
conforto para temporadas de frio e de calor, e a distribuição dos cômodos era pensada de
forma a aproveitar as potencialidades naturais de ventilação e iluminação.

Durante o Renascimento, os mais influentes e ricos se interessavam pelas


artes e contratavam artistas para decorar suas casas. Desse modo, função, forma e cor
foram os principais temas dos palácios mais ricos, como na França, em que o reinado de
Luís XV foi marcado pelo desenvolvimento da arte decorativa e pelo estilo que levava o
seu nome, decorativo e exuberante, combinando curvas e elementos como folhas, conchas
e guirlandas.
Os móveis de Luís XV eram desenhados para serem leves, cômodos e estarem
em harmonia com as linhas e com a decoração delicada, talhada na madeira. Desse modo,
Luís XIV e Luís XV competiam pelo melhor desenho de interiores dos seus palácios e
dos seus chateaux (casas de campo), utilizando o estilo rococó, que se caracterizava pelo
luxo, pela elegância e pelo emprego das cores vivas, representando nas pinturas os temas
da vida diária, sem conexão com a religião e simbolizando a superficialidade.

Com a Revolução Industrial, surgiu


também a oportunidade para que uma
outra classe da sociedade pudesse
utilizar o desenho de interiores nas suas
casas e nos seus negócios. Com a
chegada das máquinas, foram criados
vários outros estilos que influenciaram o
desenho de interiores e um movimento
que ia contra o essencial e o simples.

Dessa forma, nasceu o art nouveau, corrente artística e cultural que tentava
resgatar elementos do passado por meio de figuras orgânicas, inspiradas em elementos de
arte da Idade Média, a natureza e os materiais orgânicos. Dessa forma, plasmava a
sensualidade e o erotismo nos objetos decorativos, conjugando várias referências
culturais com a finalidade de realçar as qualidades estéticas e artísticas do objeto, como
o uso dos gravados japoneses e a influência do barroco, conforme pontuado por
Gombrich, em História da arte, publicado em 1999. Dois grandes representantes desse
período foram Alfons Maria Mucha e Victor Horta.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, os designers americanos, entre eles


Eero Saarinen, Charles Eames e Harry Bertoia, começaram a colaborar com a indústria e
produziram modelos que seriam desenvolvidos em série, acessíveis a todo o público e
que serviriam para decorar as casas americanas. O mesmo aconteceu na Itália e na
Escandinávia, que exploravam a possibilidade de novos materiais, como a madeira, o
plástico e seus derivados, permitindo a versatilidade e a criatividade, resultando nas peças
de Hans Wegner e Arne Jacobsen.

Na década de 70, surgiu um estilo mais radical, oposto ao modernismo e


resultando nas obras do grupo Memphis. Inspirados na pop arte, na art déco e no kitsch,
criaram objetos, móveis e espaços completamente diferentes. Na década de 80 e 90,
surgiu uma variedade de estilos inovadores, resultando nas obras de Philippe Starck,
Frank Gehry, Jasper Morrison, representantes da arte moderna. Logo após, surgiram
outros estilos, entre eles, o minimalismo.

A HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL


As primeiras manifestações de arte no Brasil ocorreram no período anterior à colonização.
A arte rupestre, ou o registro rupestre, datam entre 3000 e 10.000 anos atrás, e as mais
antigas foram encontradas no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí.

No Período Colonial, a Igreja Católica tinha o interesse de ocupar e catequizar


as novas terras, cumprindo um papel preponderante na formação da cultura brasileira
como o maior centro irradiador de arte e de cultura da nação, vinculando-se diretamente
às quatro ordens religiosas (jesuítas, beneditinos, franciscanos e carmelitas). Instaladas a
partir de meados de 1500, elas iriam representariam um papel essencial no
desenvolvimento cultural e artístico da colônia portuguesa durante todo o século XVI e
XVII.
Dessa forma, a arte foi utilizada no intuito educacional e catequizador,
contribuindo significativamente para a construção da identidade brasileira na produção
artística, com a escultura, o desenho, a pintura e a arquitetura, que eram utilizadas na
construção e na ornamentação das igrejas, dos conventos e dos monastérios, servindo para
facilitar o doutrinamento católico.

O barroco mineiro e o rococó são dois grandes exemplos de estilos artísticos


encontrados no Brasil Colônia. O rococó manifestava-se, principalmente, no campo da
arquitetura religiosa nas cidades históricas dos estados de Minas Gerais, Pará e de
Pernambuco.

No século XVIII, a pintura teve um maior desenvolvimento, principalmente


devido à concentração de artistas em centros em desenvolvimento, como a cidade do Rio
de Janeiro, que desde 1763 havia sido transformada na capital da colônia e era o principal
escoadouro da produção dos minérios vindos das Minas Gerais, propiciando a formação
de uma classe burguesa que competia com a nobreza e o clero na encomenda de obras de
arte. Dessa forma, a cidade se expandiu rapidamente com o processo de urbanização, com
a construção de residências e edifícios como bibliotecas, teatros, escolas, hospitais e
igrejas, que seguiam padrões e tendências europeias da mesma forma como na moda e no
mobiliário.

A missão artística francesa em 1816 surgiu com a preocupação do


desenvolvimento cultural da colônia portuguesa. Um grupo de artistas franceses, com a
missão de ensinar artes plásticas na então capital do Império português, chegou ao Rio de
Janeiro e, a partir disso, pintaram, desenharam, esculpiram e construíram à moda
europeia, obedecendo ao estilo neoclássico e propondo a volta aos padrões da arte clássica
da Antiguidade e do Renascimento e o abandono do estilo barroco colonial português.

Tal missão deu origem ao decreto de 1816, que criou a Escola Real de
Ciências, Artes e Ofícios, com o objetivo de promover e difundir o ensino de
conhecimentos, abrangendo áreas da indústria, do comércio e da agricultura. Em 1822,
esta escola recebeu o nome de Imperial Academia e Escola de Belas Artes, propagando
os novos ideais estéticos e educativos para o ensino da arte superior, excluindo as ciências
naturais, físicas e exatas, dedicando-se apenas ao ensino da arquitetura, da escultura e da
pintura. A missão artística francesa, além da importância como fundadora do ensino
formal de artes no Brasil, também significou a valorização e a fixação do ofício do artista
como homem livre, já que antes eram submetidos à Igreja e a seus temas.

A Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) funcionou de 1826 até 1889 e


passou por duas reformas, com diferentes gestores. A primeira reforma criou as
exposições gerais de belas artes, que contemplavam mostras anuais de obras de arte com
a concessão de prêmios aos artistas. A segunda reforma adicionou outras duas áreas de
especialização na Academia, como a música e as ciências acessórias. Na pintura, esse
período tentava modernizar a Academia e suas bases teóricas para o ensino da pintura
realística voltado para a fauna, a flora e a paisagem nacional.

Com o fim do Brasil Império, a


Academia, que recebia apartações da Coroa,
perdeu financiamento e caiu em declínio,
voltando em 1890 com o nome de Escola de
Belas Artes, estruturada como uma rígida e fixa
forma de ensino acadêmico, prezando pela
individualidade, a autenticidade das obras e uma
maior liberdade e flexibilidade na produção dos
alunos, marcando a formação profissionalizante,
ensinando escultura, arquitetura, gravura de
moedas, de pedra preciosas e indumentárias.
O movimento artístico denominado impressionismo foi o primeiro estilo
adotado posterior a estas mudanças e, apesar de ser um movimento europeu, os
impressionistas brasileiros tiveram certa autonomia em expressar as características desse
estilo nas suas pinturas.

O Liceu de Artes e Ofícios foi uma das mais importantes instituições de


ensino artístico profissionalizante no Brasil até a primeira metade do século XX e surgiu
com a finalidade de difundir o ensino das belas artes aplicadas aos ofícios e à indústria,
com ênfase no desenho de figuras e nos ornatos.

Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, aluno de Grandjean de Montigny na


aula de arquitetura da Academia Imperial de Belas Artes, acreditava que os
conhecimentos artísticos eram fundamentais para que as nações alcançassem o
desenvolvimento material e de bens (COLLARES, 2015). Esse mesmo movimento já
ocorria na Europa e pregava a valorização do trabalho manual do artesão na indústria
capitalista.

Nasceram, em 1856, a Sociedade Propagadora das Belas Artes e o Liceu


de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, visando estimular e aperfeiçoar o talento e as
habilidades dos alunos por meio do ensino artístico aplicado às artes e aos ofícios,
consolidando e fortalecendo o desenho industrial brasileiro e a arquitetura.
Em São Paulo, o Liceu de Artes e Ofícios foi fundado em 1873 por um grupo
da elite cafeeira nacional que pretendia formar mão de obra especializada. Eram
ministrados cursos de marcenaria, serralheria, gesso, desenho etc.

O início do século XX foi marcado por uma grave crise econômica, social,
política, ideológica e cultural. As grandes cidades sofriam com a precarização do
saneamento e da higiene, o País recebia imigrantes de origem italiana e japonesa para o
trabalho no campo e os operários reivindicavam melhores condições de trabalho.

No ano de 1922, o Brasil comemorava o centenário da independência e


muitos eventos relevantes para a história do País ocorriam, entre eles a Exposição
Internacional do Centenário da Independência e a Semana de Arte Moderna, que foi um
grande movimento cultural, artístico e literário de modernização da cultura nacional,
inovando e valorizando os trabalhos produzidos por brasileiros com a intenção de deixar
de lado a cultura europeia (COLI, 1995). A Semana de Arte Moderna tinha como
característica a ruptura com o academicismo e o tradicionalismo, a valorização da
identidade e da cultura brasileira, as temáticas nacionalistas e cotidianas, a liberdade de
expressão e a ausência de formalismo.

https://www.youtube.com/watch?v=LdO_ebONK9I

(Assistir vídeo 2. Arte)


Cultura de massa

Com a expansão e o aumento da produção, se fez necessária a intervenção


dos meios de comunicação, mediando o produto e o consumidor massificado. Até o século
XIX, os meios massivos de comunicação foram os jornais e os panfletos. Depois disso,
surgiu o rádio e, em seguida, a televisão. Na década de 1980, por fim, houve o surgimento
da internet.

Com meios de comunicação massivos, determinados produtos, serviços e


ideologias foram instaurados. Para Morin (2018), as principais funções sociais da cultura
de massa foram a integração dos homens no sistema existente, a mercantilização da
cultura, a distração massiva, a distensão emocional e o jogo de imaginação que levava o
homem a um mundo dos sonhos, criando necessidades e ideias estereotipadas, assim
como maneiras adequadas de incorporar-se ao mundo capitalista.

Para Santaella, em Da cultura das


mídias à cibercultura: o advento do pós-humano,
publicado em 2003, o lado positivo dessa cultura
é que ela favoreceu a sociedade do ponto de vista
econômico, ajudando na evolução e no
progresso, pois como os produtos possuíam um
baixo custo, eles poderiam alcançar a maioria da
população. O ponto negativo é que a cultura de
massa instaurou na sociedade determinados
aspectos e opiniões influenciadas pelo que os
meios de comunicação transmitem. sem
considerar a individualidade de cada pessoa,
focando apenas no produto, não no consumidor.
A cultura de massa se caracteriza pela indústria e pela rede amplamente
ramificada de meios de comunicação, que influenciam a consciência social por meio da
propaganda necessária para assegurar a demanda dos produtos, ou seja, a sua necessidade.
Segundo Morin, a cultura de massa “constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens
concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e imaginações
específicas. Ela se acrescenta à cultura nacional, à cultura humanista, à cultura religiosa
e entra em concorrência com estas culturas” (MORIN, 2018, p. 15).

Para o filósofo italiano Umberto Eco, em Apocalípticos e integrados,


publicado em 2008, na difusão dessa cultura de massa existe uma destruição das
características culturais de cada grupo étnico. Em contraponto, essa cultura traz a
igualdade na vida pública e o acesso à cultura para a população.

A CULTURA POPULAR, A CULTURA POP E A ARTE


POP

A cultura popular se diferencia da cultura de massa por ser um conjunto de


manifestações artísticas e folclóricas que diz respeito a um determinado povo e que possui
significados estabelecidos socialmente, os quais muitas vezes são parte das tradições, dos
valores e das crenças que foram passadas de geração em geração por décadas. A cultura
popular é produzida individualmente e se origina de grupos regionais, locais ou
representantes somente de uma cultura específica.
A cultura pop é definida por imagens, atitudes, ideias e pensamentos que são
preferidos pela população dominante. De acordo com Soares (2014):

(...) reconhecemos um lugar da experiência e das práticas dos indivíduos


que são permeadas por produtos, gerados dentro de padrões normativos das
indústrias da cultura, que se traduzem em modos de operações estéticas
profundamente enraizados nas lógicas do capitalismo (n.p.).

A arte pop nasceu da cultura pop, em meados do século XX, como resultado
de uma manifestação plástica da sociedade que começava a ser cada vez mais tecnológica.
Esta arte se caracteriza pela reprodução de temas relacionados com o consumo massivo,
em que os objetos deixam de ser únicos, levando os móveis, os vestidos, as latas de
conserva e alguns personagens a um estilo mecanizado e descontextualizado.
A CULTURA DIGITAL

Conforme a tecnologia evolui, os processos culturais e comunicacionais a


acompanham. Dessa forma, cada época tem sua mídia e elas “não são neutras, a exemplo
da televisão, que influencia a linguagem e a sociedade em diversas ações, como na
política, nos negócios, nos esportes, arte etc.” (COUTO, 2008, p. 111).

As imagens se comunicam o tempo todo e produzem estímulos e emoções,


diminuindo também as distâncias culturais. Assim, se em um primeiro momento os
veículos de comunicação atingiam apenas um público massivo, a partir do instante em
que certos desenvolvimentos tecnológicos foram acontecendo, esse público foi mudando,
tornando-se mais seleto e segmentado.
Cultura brasileira

Tudo isso resultou na nossa própria identidade, que continua em constante


evolução, com a finalidade de revalorizar os conteúdos simbólicos do nosso patrimônio,
que nos vinculam e nos fazem reconhecer como sendo parte de uma mesma cultura
(IPHAN, 1995).
A cultura brasileira é reconhecida pela sua variedade cultural, e a mistura de
sotaques, dos costumes e das tradições é um reflexo tanto da cultura indígena (tupi e
guarani), como das culturas europeia e africana, e está refletida nas cinco regiões
brasileiras (Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

Na região Nordeste, as manifestações culturais estão representadas pelo


maracatu, bumba meu boi, frevo, ciranda e capoeira. Nas manifestações religiosas,
podemos destacar a festa de Iemanjá e a do Senhor do Bonfim. No artesanato, as rendas
e o bordado. Por fim, não podemos deixar de mencionar a literatura de cordel.

Na região Norte, as manifestações culturais são marcadas pelas festas do Círio


de Nazaré, pela a congada, que tem influência de religiões africanas e católicas, folia de
reis, o carimbó, a festa do Divino e o Festival Folclórico de Parintins.

Na região Centro-Oeste, as manifestações recebem contribuição de influência


indígena, mineira, boliviana, paraguaia, paulistana e dos gaúchos. Com destaque para a
cavalhada e o fogaréu. O artesanato é ressaltado pelo tear, pelos objetos cerâmicos, redes
bordadas, a viola de cocho e pelo uso de capim dourado.
Na região Sudeste, as manifestações recebem influência indígena e de vários
imigrantes europeus e asiáticos, com destaque para os festivais japoneses matsuris. A
região Sul, com os imigrantes portugueses, espanhóis, italianos e alemães, é caracterizada
por manifestações culturais como a Oktoberfest, festa típica alemã celebrada anualmente
em Santa Catarina.

Todas as obras, manifestações ou produções artísticas brasileiras antes,


durante e depois do Período Colonial buscavam uma identidade nacional. Apesar de terem
sido submetidas a mudanças, imposições, transformações e heranças tanto europeias
como africanas, atribuíram um significado e um valor a cada uma delas, moldando-se e
reconhecendo-se como cultura brasileira.

Cultura material e imaterial

A cultura imaterial está associada aos hábitos, às práticas e costumes de um


grupo social em particular. Os elementos intangíveis de uma cultura estão formados por
elementos abstratos relacionados com as tradições, os modos, os comportamentos, as
técnicas, as crenças etc. A cultura imaterial se transmite de geração a geração e é
considerada enquanto cultura quando é reconhecida pelas comunidades, indivíduos ou
grupos que as geram, as transmitem e as mantêm no tempo.
O PATRIMÔNIO CULTURAL

O patrimônio cultural de uma nação ou de uma região específica é aquilo que


possui importância histórica e cultural, como uma herança particular, ou seja, o conjunto
de bens materiais, como os edifícios, os objetos, os móveis, ou seja, tudo que se pode
tocar.

Há também os bens imateriais, que são os saberes, os ofícios, o modo de fazer,


as crenças, os rituais, ou seja, tudo que não pode ser percebido por meio do tato. Esses
bens estão vinculados à sua identidade social e cultural e são percebidos como
características de certo país ou região. Um exemplo disso são as expressões gráficas do
grupo indígena Wajãpi.
Entre as manifestações culturais que compõem o patrimônio cultural,
podemos encontrar uma diversidade de coisas, como os lugares, as construções, as praças
e até mesmo as danças, a literatura e a escultura.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, define:

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I. as formas de
expressão; II. os modos de criar, fazer e viver; III. as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; IV. as obras, os objetos, os documentos, as
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais; V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

No Brasil, a responsabilidade pela preservação do patrimônio cultural


nacional é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Instituto,
desde o ano 2000, estabelece o registro de bens culturais de natureza imaterial que é
“instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio imaterial
do Brasil, composto por bens que contribuíram para a formação da sociedade brasileira”
(IPHAN, s.d.).

https://www.youtube.com/watch?v=S2ePvIcSsH0

Ao serem registrados, estes bens recebem o título de Patrimônio Cultural


Brasileiro e são divididos em:
Livro de registro dos saberes

Reúne o conhecimento dos saberes e dos modos de fazer relacionados à cultura e ao


cotidiano das comunidades. Como exemplo, podemos citar o ofício das baianas de
acarajé, o modo de fazer a viola de cocho, o modo artesanal de fazer queijo de Minas, o
ofício dos mestres de capoeira, as tradicionais doceiras da região de Pelotas, o ofício das
paneleiras de Goiabeiras etc.;

Livro de registro das celebrações

Reúne os rituais e as festas que marcam a vivência coletiva, envolvem a


preparação, o consumo de comidas e bebidas, a produção dos vestuários e indumentárias.
Como exemplo, podemos citar a festa do Senhor do Bom Jesus do Bonfim, o complexo
cultural do bumba meu boi, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a festa do Divino
Espírito Santo etc.;

Livro de registro das formas de expressões

Reúne as manifestações literárias, plásticas, musicais e cênicas desenvolvidas


por atores sociais reconhecidos pela sociedade. Como exemplo, podemos citar o frevo, a
roda de capoeira, o samba de roda do recôncavo baiano, o carimbó, a literatura de cordel,
o maracatu, o caboclinho etc.;
Livro de registro dos lugares

Reúne os lugares onde se produzem as práticas sociais coletivas, como as


feiras, os mercados, as praças, os santuários. Como exemplo, podemos citar a Feira de
Caruaru que engloba os fazeres, saberes, produtos e expressões artísticas típicas; a Feira
de Campina Grande, que inclui a venda de produtos como verduras, frutas, roupas,
comida regional; e mestres com seus ofícios tradicionais como os seleiros, barbeiros,
raizeiros, balaieiros etc.

A
ssim como o patrimônio cultural imaterial é registrado para a sua salvaguarda,
o patrimônio cultural material é registrado naquilo que o Iphan determina como
livro do tombo, estando dividido em:

Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico

Engloba tanto as áreas naturais como as criadas pelo homem e que se


destacam pela sua relação com o território no qual estão inseridas ou pela sua
configuração paisagística. Como exemplo, podemos citar o Parque Nacional Serra da
Capivara, no Piauí, que preserva vestígios arqueológicos como as pinturas rupestres, o
conjunto arquitetônico e paisagístico de Lençóis na Bahia etc.;
Livro do tombo histórico

Reúne bens móveis, como as imagens, os mobiliários, os quadros e as


xilogravuras, e os imóveis, como as fazendas, pontes, chafariz, edifícios etc. Como
exemplo, podemos citar a cidade de Ouro Preto, que preserva edifícios, igrejas, fontes e
residências do período colonial; o conjunto urbanístico e arquitetônico do centro histórico
de Salvador; o conjunto urbano da cidade da Lapa no Paraná etc.;

Livro do tombo das belas artes

Reúne as artes com caráter não utilitário. Como exemplo, podemos citar o
conjunto de estátuas denominado Os Profetas, de Aleijadinho; os azulejos aplicados nas
obras da Reitoria da Universidade Federal da Bahia; a imagem de Nossa Senhora da
Conceição no estado do Espírito Santo etc.;
Livro do tombo das artes aplicadas

Reúne as artes com caráter utilitário, como os objetos, as peças, as tapeçarias,


as pinturas etc. Como exemplo, podemos citar as Missões Jesuíticas Guaranis, no Rio
Grande do Sul, o Forte dos Reis Magos, no Rio Grande do Norte, o forro da capela-mor
da Igreja Matriz de São José de Ribamar, no Ceará etc.

O patrimônio cultural mundial é preservado pela Organização das Nações


Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco) e promove a preservação dos bens culturais,
históricos e naturais da humanidade, que possuem valor universal excepcional. A Unesco,
na Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial de 2003, cita a
importância da proteção do patrimônio cultural imaterial como “fonte de diversidade
cultural e garantia de desenvolvimento sustentável” (UNESCO, 2012, p. 3).

Outra categoria que a Unesco protege é a do patrimônio cultural subaquático,


que inclui os rastros de existência humana que tenham caráter cultural, histórico e
arqueológico e que estiveram debaixo de água parcialmente de forma periódica ou
contínua. Como exemplos, temos as cidades submersas, os restos de naufrágio, os
destroços marinhos e as pinturas em covas subaquáticas.
Os patrimônios culturais da humanidade totalizam 869 e entre eles estão as
obras do arquiteto Gaudí, em Barcelona, a rota de Santiago de Compostela, entre França
e Espanha, o Palácio de Versalhes, na França, a Ópera de Sydney, na Austrália, a Habana
vieja, ou Havana velha, em Cuba, a Zona Arqueológica de Chichén Itzá, no México,
dentre muitos outros.

No Brasil, a roda de capoeira e o rito cultural do bumba meu boi são alguns
dos patrimônios imateriais da humanidade, assim como o Parque Nacional do Iguaçu e o
conjunto Moderno da Pampulha são alguns exemplos de patrimônio cultural material.
SINTETIZANDO

Nessa unidade, vimos que uma das características da cultura é que ela é
aprendida e, por meio desse processo de aprendizado, os seres humanos fizeram e
continuam fazendo suas pautas, guiando seu comportamento e agregando valores nas suas
representações culturais em diversas áreas, como na arquitetura, na literatura, na escultura
e até mesmo no desenho de interiores.

Aprendemos que a cultura se modificou conforme os mais diversos contextos


históricos. Um dos acontecimentos marcantes foi a Revolução Industrial, cujos avanços
tecnológicos favoreceram a produção em massa de produtos, que, mais tarde, deram
origem à arte pop, à cultura pop e à cultura digital.

A história da arte no Brasil não foi diferente: ela também evoluiu e se


modificou com a chegada dos portugueses, com a colonização, com a implantação de
escolas de arte e, depois, com os movimentos modernistas. Essa evolução, somada à
grande diversidade cultural dos vários grupos étnicos que participaram do
desenvolvimento do nosso País, trouxeram uma identidade cultural brasileira que faz
parte do nosso patrimônio cultural.

Em relação ao patrimônio cultural, vimos que ele pode ser classificado em


bens materiais ou imateriais. Muitos foram agrupados em livros do tombo e livros de
registros para a sua salvaguarda, porém seu reconhecimento, sua prática e o cuidado é
parte da sua conservação, pois cada cultura é especial e ela nos dá uma identidade e o
sentido de pertencer a um determinado grupo.

(Assistir vídeo 3. Preservação da cultura)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENÉVOLO, L. História da arquitetura moderna. 3. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2004.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de


1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Poder Executivo, 05 out. 1988.
Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/DOUconstituicao88.
pdf>. Acesso em: 05 fev. 2021.

BURY, J. Arquitetura e arte no Brasil colonial. Brasília, DF:


Iphan/Monumenta, 2006. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br//uploads/publicacao/ColObrRef_ArquiteturaArteBr
asilColonial.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2021.

COLI, J. O que é arte? Coleção Primeiros Passos. 15. ed. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1995.

COLLARES, M. Franceses no Brasil: 200 anos da missão artística. 1. ed.


São Paulo: Queen Books, 2015.

COUTO, E. S. Da cultura de massa às interfaces na era digital. Revista


FACED, Salvador, n. 14, p. 105-118, 2008. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/1185>. Acesso em: 12 fev. 2021.

CULTURA. In: Michaelis. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.


São Paulo: Melhoramentos, 2021. Disponível em:
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/cultura/>. Acesso em: 02 mar. 2021.

ECO, U. Apocalípticos e integrados. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.

GOMBRICH, E. H. História da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

HODGE, S. Breve história da arte. 1. ed. São Paulo: Editora Gustavo Gili,
2018.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO


NACIONAL. Carta de Brasília. Brasília, DF: Iphan, 1995. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20Brasilia%201
995.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2021.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO


NACIONAL. Dossiê Iphan 2: Wajãpi. Expressão gráfica e oralidade entre os
Wajãpi do Amapá. Brasília, DF: Iphan, 2002. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_wajapi.pdf>.
Acesso em: 12 fev. 2021.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO


NACIONAL. Frevo. Brasília, DF, [s.d.]. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/62>. Acesso em: 12 fev. 2021a.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO


NACIONAL. Patrimônio cultural imaterial: para saber mais. 3. ed. Brasília,
DF: Iphan 2012. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/cartilha_1__parasabermais_we
b.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2021.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO


NACIONAL. Registro de bens culturais de natureza imaterial. Brasília,
DF, [s.d.]. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/687>.
Acesso em: 12 fev. 2021b.

MORIN, E. Cultura de massas no século XX – o espírito do tempo –


neurose e necrose. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

PATRIMÔNIO imaterial. Postado pelo canal Iphangovbr. (10min. 56s). son.


color. port. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=S2ePvIcSsH0>. Acesso em: 12 fev.
2021.

PESAVENTO, S. J. Exposições universais: espetáculos da modernidade do


século XIX. São Paulo: HUCITEC, 1997.

PORTA, P. Política de preservação do patrimônio cultural no Brasil:


diretrizes, linhas de ação e resultados: 2000/2010. Brasília, DF:
Iphan/Monumenta, 2012. Disponível
em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/PubDivCol_PoliticaPreser
vacaoPatrimonioCulturalBrasil_m.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2021.

SANTAELLA, L. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-


humano. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 10, n. 22, 2003. Disponível em:
<https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/
3229>. Acesso em: 16 jan. 2021.

SANTOS, J. L. dos. O que é cultura? Coleção Primeiros Passos. 12. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1996.

SEMANA de arte moderna. Postado pela TV Cultura. (40 min. 52 s.). son.
color. port. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=LdO_ebONK9I>. Acesso em: 07 fev.
2021.

SOARES, T. Abordagens teóricas para estudos sobre cultura pop. Logos, Rio
de Janeiro, v. 2, n. 24, 2014. Disponível em: <https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/viewFile/14155/10727>. Acesso
em: 07 fev. 2021.

UNESCO – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A


EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Textos base. Convenção de
2003 para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. Paris: Unesco, 2012.
Disponível em: <https://ich.unesco.org/doc/src/2003_Convention-
Basic_texts_version_2012-PT.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2021.

UNESCO. – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A


EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Semana Internacional da
Educação Artística 25 - 31 de maio de 2020. [s.l.], 25 maio 2020. Disponível
em: <https://www.cvunesco.org/comunicacao/dia-mundial-da-radio/10-
cnu/413-semana-internacional-da-educacao-artistica-25-31-de-maio-de-2020>
. Acesso em: 12 fev. 2021.

You might also like