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Agora Eu Passo Concursos Públicos

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Imunidades����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Imunidade Recíproca��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Visão Moderna – Supremo Tribunal Federal������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
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Agora Eu Passo Concursos Públicos

Imunidades
Imunidade Recíproca
Visão Moderna – Supremo Tribunal Federal
O princípio da imunidade tributária recíproca foi interpretado pelo Supremo Tribunal Federal
em uma visão finalista (ou seja, não literal).
Antes de iniciarmos o estudo de tais entendimentos prestigiados pelo Supremo Tribunal Federal,
vamos relembrar a literalidade da Constituição Federal:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (...)
§ 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou
às delas decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos
serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a em-
preendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário,
nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”.
Em sua visão finalista, o Supremo Tribunal Federal, inicialmente, consolidou o entendimento de
que a imunidade recíproca não se restringe aos impostos que incidem imediatamente sobre o patri-
mônio, a renda ou os serviços. De fato, o STF entendeu que a imunidade recíproca relaciona-se com o
pacto federativo (verdadeira cláusula pétrea), não fazendo sentido que um Ente Federado “imponha
um imposto” sobre outro Ente Federado. Neste sentido, o STF, por mais de uma vez, reconheceu a
aplicabilidade da imunidade tributária recíproca ao IOF relativo às aplicações financeiras realizadas
pelos Estados, sendo certo concluirmos que a imunidade recíproca abrange todos os impostos e não
se estende às demais espécies tributárias (taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsó-
rios e contribuições especiais).
Em um segundo momento, o Supremo Tribunal Federal passou a reconhecer a aplicabilidade
da imunidade tributária recíproca para as empresas públicas (capital 100% estatal) e sociedades de
economia mista (ações negociadas em bolsa de valores, mas com controle estatal), desde que:
a) Destinem-se a prestar serviços públicos, sendo irrelevante o pagamento de preço público ou
tarifa pelos usuários;
b) A concessão da imunidade não deve causar grave desequilíbrio à livre concorrência e à
livre iniciativa;
c) Não haja finalidade principal de conceder acréscimo patrimonial ao Estado ou aos seus acio-
nistas (ou seja, não deve estar direcionada à distribuição de lucros!);
d) Caso haja exercício concomitante da prestação de serviços públicos com a exploração de ativi-
dade econômica, a imunidade restringe-se às atividades afetas à prestação dos serviços públicos.
Portanto, a prestação de serviços de transporte público por empresa estatal, em concorrência
com a iniciativa privada (ex.: Metrô de São Paulo), nunca gozará de imunidade, pois acarretaria uma
injusta vantagem ao Estado. Da mesma forma, sociedade de economia mista prestadora de serviços
públicos de água e esgoto, ainda que atue em setor no qual é inviável a concorrência, não gozará da
imunidade quando evidente a finalidade lucrativa.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
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Ademais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividades econô-
micas, como a Petrobrás e os bancos públicos, não se encontram abrangidas pela imunidade recíproca.
Apenas a título ilustrativo, indica-se algumas empresas públicas / sociedades de economia
mista prestadoras de serviços públicos que já obtiveram em juízo o direito ao gozo da imunidade
tributária recíproca:
→→ Correios;
→→ Infraero (prestadora de serviço público de infraestrutura aeroportuária);
→→ Companhia Docas do Estado de São Paulo (serviços de administração de porto marítimo consti-
tucionalmente outorgados à União).
Relembremos, por relevante, algumas decisões do STF em relação ao tema em foco:
“A Infraero, que é empresa pública, executa como atividade fim, em regime de monopólio, serviços de in-
fraestrutura aeroportuária constitucionalmente outorgados à União Federal, qualificando-se, em razão
de sua específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que se refere
o art. 21, XII, c, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental, em matéria de impostos,
por efeito da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a), do poder de tributar dos entes políticos
em geral. Consequente inexigibilidade, por parte do Município tributante, do ISS referente às atividades
executadas pela Infraero na prestação dos serviços públicos de infraestrutura aeroportuária e daquelas
necessárias à realização dessa atividade fim. O alto significado político-jurídico da imunidade tributária
recíproca, que representa verdadeira garantia institucional de preservação do sistema federativo.”
[RE 363.412 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 7-8-2007, 2ª T, DJE de 19-9-2008.]
“O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (I) da caracterização econômica da ativida-
de (lucrativa ou não), (II) do risco à concorrência e à livre-iniciativa e (III) de riscos ao pacto federativo
pela pressão política ou econômica. A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobrás, pois:
Trata-se de sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acio-
nistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial
dissociado de interesse público primário; A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capa-
cidade contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados; A tributação de atividade
econômica lucrativa não implica risco ao pacto federativo.”
[RE 285.716 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 2-3-2010, 2ª T, DJE de 26-3-2010.]
“Imunidade recíproca. Caracterização. (...) Segundo teste proposto pelo ministro relator, a aplicabilidade da
imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, da Constituição) deve passar por três estágios, sem prejuízo
do atendimento de outras normas constitucionais e legais: A imunidade tributária recíproca se aplica à pro-
priedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado,
cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia política. Em consequência, é incorreto ler a
cláusula de imunização de modo a reduzi-la a mero instrumento destinado a dar ao ente federado condições
de contratar em circunstâncias mais vantajosas, independentemente do contexto. Atividades de exploração
econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem
ser submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a au-
tonomia política. A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da
livre concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita. Em princípio, o sucesso ou a
desventura empresarial devem pautar-se por virtudes e vícios próprios do mercado e da administração, sem
que a intervenção do Estado seja favor preponderante. (...) Segundo se depreende dos autos, a Codesp é instru-
mentalidade estatal, pois: Em uma série de precedentes, esta Corte reconheceu que a exploração dos portos
marítimos, fluviais e lacustres caracteriza-se como serviço público. O controle acionário da Codesp pertence
em sua quase totalidade à União (99,97%). Falta da indicação de que a atividade da pessoa jurídica satisfaça
primordialmente interesse de acúmulo patrimonial público ou privado. Não há indicação de risco de quebra
do equilíbrio concorrencial ou de livre iniciativa, eis que ausente comprovação de que a Codesp concorra com
outras entidades no campo de sua atuação. Ressalva do ministro relator, no sentido de que “cabe à autorida-
de fiscal indicar com precisão se a destinação concreta dada ao imóvel atende ao interesse público primário
ou à geração de receita de interesse particular ou privado”.
[RE 253.472, rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, j. 25-8-2010, P, DJE de 1º-2-2011.]

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“Casa da Moeda do Brasil (CMB). Empresa governamental delegatária de serviços públicos. Emissão de papel
moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas telefônicas e impressão de selos postais. Regime cons-
titucional de monopólio (CF, art. 21, VII). Outorga de delegação à CMB, mediante lei, que não descaracteriza a
estatalidade do serviço público, notadamente quando constitucionalmente monopolizado pela pessoa política
(a União Federal, no caso) que é dele titular. A delegação da execução de serviço público, mediante outorga
legal, não implica alteração do regime jurídico de direito público, inclusive o de direito tributário, que incide
sobre referida atividade. Consequente extensão, a essa empresa pública, em matéria de impostos, da proteção
constitucional fundada na garantia da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a).”
[RE 610.517 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 3-6-2014, 2ª T, DJE de 23-6-2014].
Destarte, podemos criar um novo esquema relativo à imunidade tributária recíproca, que já não
se restringe apenas aos Entes Políticos, às suas autarquias e às fundações públicas, e que reconhece a
irrelevância do pagamento de preço público ou tarifa pelo usuário.

Necessário apontar, por fim, que a imunidade tributária reconhecida pelo STF aos Correios não se
restringe à prestação do serviço postal propriamente dito. Segundo polêmica decisão do STF, os Correios
gozam de imunidade tributária em relação a todos os serviços atualmente desempenhadas, pois as receitas
advindas de atividades diversas do serviço postal visam apenas viabilizar o regular exercício do serviço
postal, notadamente em diversos lugares totalmente desinteressantes à iniciativa privada (sistema de sub-
sídios cruzados). Vejamos um pequeno excerto desta decisão do STF (RE 601.392):
“Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa
privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista
no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. (...)
Manter o serviço entregue à cura da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos cada vez mais me parece
que é manter a qualquer custo, a qualquer preço, de qualquer maneira, ainda que sob retumbante, aca-
chapante prejuízo. É uma atividade que não pode deixar de ser prestada, que não pode sofrer solução de
continuidade; é obrigação do poder Público manter esse tipo de atividade. Por isso que o lucro eventual-
mente obtido pela Empresa não se revela, com muito mais razão, como um fim em si mesmo; é um meio
para a continuidade, a ininterrupção dos serviços a ela afetados.”
Frise-se, por fim, que a aplicação da imunidade tributária recíproca aos Correios não se estende
para os franqueados, em decorrência do caráter subjetivo desta imunidade.
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Exercícios
01. Em relação aos limites do poder de tributar, julgue o item que segue.
Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a imunidade tributária recíproca
prevista na Constituição Federal de 1988 foi estendida às empresas públicas.
Certo ( ) Errado ( )
02. Assinale certo ou errado:
A imunidade constitucional recíproca abrange todos os entes integrantes da administração
indireta de cada unidade federada.
Certo ( ) Errado ( )
03. Considerando os limites ao exercício do poder de tributar, julgue o item seguinte.
A imunidade recíproca beneficia sociedades de economia mista que prestem serviços públicos
estatais essenciais e exclusivos, como, por exemplo, o serviço de saneamento básico, ainda que tais
serviços sejam remunerados por tarifas.
Certo ( ) Errado ( )
04. Sobre a imunidade recíproca, que é a vedação constitucional à instituição e cobrança, por
parte das pessoas políticas tributantes, de impostos sobre patrimônio, renda e serviços uns dos
outros, podemos afirmar que:
a) a imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil não é da espécie recí-
proca, na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado.
b) no caso de sociedades de economia mista controladas pela União, é relevante para definição
da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempe-
nhada pela empresa estar ou não sujeita a monopólio estatal.
c) a imunidade tributária recíproca não é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimô-
nio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
d) as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social
seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária recíproca.
e) a imunidade tributária recíproca aplica-se, inclusive, às taxas.
05. Sobre o alcance da chamada imunidade constitucional recíproca, de acordo com a jurispru-
dência do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a) tanto os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da imunidade constitu-
cional recíproca são passíveis de submissão ao crivo jurisdicional, em um exame de ponde-
ração, não bastando a constatação objetiva da propriedade do bem.
b) sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é abrangi-
da pela imunidade tributária recíproca.
c) tal imunidade, em alguns casos, pode ter como efeito colateral relevante a relativização dos
princípios da livre concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.
d) o reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autori-
dade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Cons-
tatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal poderá, sendo o caso, constituir o crédito
tributário e tomar as demais medidas legais cabíveis.
e) é relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstân-
cia de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal.
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
04 - D
05 - A
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