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ESTIGACAO DA PERSONALIDADE va psicologia na mensuragao d da inteligéncia no final do século XIX e inicio do algumas criticas, prineipalmente por nao levar em consi outros importantes da mente, entre Como ocorrera com os testes de inteligéncia, duas cor de investigagio da person: com cont , segue a tradicao de Bi uso de provas psi- col6gicas de aplicacéo individual vo ara a singularidade © 0 diagnéstico dif ; 10s Estados Unidos, segue a » quantitativa e da comparagao do desempenho do individuo com o de uma determinada populacao, Desenvolvimentos na Europa continental Europa continental, particularmente na Alemanha e em de lingua germénica, como Austria e parte da Suica, a lagem qualitativa fundamentada nas tradigdes filos6ficas predomina nos estudos da personalidade. O projeto wundtiano de icologia voltada para processos e a estreita li filosofia e psicologia na Alemanha levam os estudi nicos da area a nutrir certo desprezo pel or consider ficiais. X algumas vozes apontam a ina- cologia experimental para is influente é a de Wilhelm Dilthey iador e critic literario alemao. rimental seriam imi ra o historiador, por exemplo, que precisas mpreender as alguns individuos sob condi histéricas especificas. Em sua opinido, essa abordagem levaria no maximo a uma explicaeao do comportamento humane equi- valente a do fisico que descreve um objeto inanimado; mas a maneira de se conhecer o humano € diferente, pais o estudioso reconhece, no outro, experiéncias, sentimentos e desejos que também experimenta, Dessa forma, as ac >utros tem significado para aquele que as estuda. Para Dilthey, as expe- riéncias dir ivenciamos devem fundamentar outro tipo de psicologia: a Verstehen (termo aleméo cujo significado se aproxima de €9 ouinterpretaeao), uma “psicologia de base” ees equuivalentes nlégico que pode se re de a andlise das conexées entr t6rico-social ¢ os individuos, suas unidades vitais, e a identificacio das necessidad lores em torno dos quais se organiza a realidade historico-social. Outros autores alemées, de sélida bagagem filoséfica, como Theodor Lipps* e Ludwig Klages”, desenvolvem essas ideias, produzindo uma nova forma de pratica da psicologia em que a fronteira entre o investigador € 0 objeto investigado é menos definida. As reagoes afetivas ador constituem um importante componente da priitica investigativa e suas caracteristicas pessoais passam [ central no proceso (DANZIGER, 19: em técnicas de interpretacéo de express postura fisica e movimento, qualidade da voz e ec tuigdo corporal, considerados reveladores da vida afetiva personalidade do individuo. estabelec para o desenvolvimento de métodos de investigagao a: psicologia profunda e a outras di human Em 1904, o psiquiatra suico Carl Gu elabora uma prova psicologiea em que as assoc te sao interpretadas para revelar suas tendénei Embora Francis Galton tenha us palavras em seus testes mentais, somente com a obra de Junge sta visita aos BUA a técnica ganha impeto. A provadesenvolvida por Jung é a primeira de uma s L. K. Frank (1939), no artigo Pr of lity, publicado no Jornal of Psychology, denomina ‘sécnicas projetivas”: métodos de investigacéo da personalidade ie fazem uso de material ambiguo e consideram as respostas duzid ngulares e determinadas pela histéria indi- vidual (ANZIEU, 1978) E 5 suigo que, n dara na escola psiquiatrica de Bleuler em Zurique, cria o Psicodiagnéstico de Rorschach, um método de diagnéstico que usa manchas de tinta. Embora esse tipo de estimulo jé tiv ado em estudos sobre imagina {rio autor e eles Binet, para Rorschach a perc que o examinando tem das manchas ¢ fruto da organiz personalidade individual; dessa forma, pela andlise da pereep¢ao, Christiana T)-um nach (1884-1922), outro psiquiatra ‘Murray 6 americano, formou-senos EUA, mas foi na oportu nidade de uma viagem de estudos a Buropa que se firmou 0 peloestudo da personalidade, Ou mais exatame LARIACCECILIADE VILHENAMORAES SILVA fia partir de seu encontro pessoal com C. G-Jung: Odetalhe nao 6 castal, Delineia claramentea trajetoriadas téenieasde ede Associagiiode ‘exame profindoda personalidade. DoT assando pelo Psicodiagn Palavras de dungatéo'TAT, ps ico de Rorschach, a filiagio é patente, o parentesco, Sbvio. esses eS Para Murray e Morgan, as histérias eliciadas riam as principais preocupacoes do, individuo, timulos revel aliqumas tendéncias inconscientes subjacentes, mostrando 08 Situacdes ¢ relacoes que sugerem ao individuo-temor, deseios dificuldades, assim como as necessidlades e presses fundamen~ tais na dindmica subjacente de sua personalidade. ‘Nas décadas de 1920 e 1930, os psicanalistas passam a usar desenhos, principalmente no atendimento de criangas, Q_uso ojetivo de desenhos se desenvolverd mais tarde, a partir da Gringfo do teste da drvore pelo psiquiatra suigo Karl Koch, em 9 (ANZIBU, 1978). Tssas técnicas, voltadas para a compreensio do individuo em «ua singularidade, nem poderiam ser denominadas rigorosamen- te ttestes” no sentido psicométrico, dada a dificuldade de estimar sua fidedignidade e validade pelas vias psicométricas tradicional Blas tém em comum um método préprio que, se por um lado tendea menor rigor estatistico, por outro contribui sobremaneira para a agudeza na pratica clinica efetiva (ANZIEU, 1978) Desenvolvimentos nos Estados Unidos tados Unid sada de 1930 as tée cas projetivas passam a atrair algun interesse, com a introd) do Psicodiagndstico de Rorschach no pais, por Samuel J. Beck (1986-1980), em 1933, ¢ a imigragio de psicanalistas europeus durante o periodo nazista, Mesmo assim, 1940 apenas um pequeno grupo se dediea ao método das mav- chas de tinta (ZILLMER et al., 195). No inicio do omente apés a d inda na década de 88 0s psiquiatras, com forte A ional no pafs, adquirem crese obre a psicoterapia e 0 tratamento psicolégico. De modo geral, sao eles que fazem U po de atuagdo eas fungi; ta aos psicdlogos, que atuam Amargem dos tratamentos nos hospitais e também nas escolas, o papel de me O produto valorizado pels e s profis- sionais passam a tise profissional — uma categoria bastante abs gitimem sua prete amplamente aceitos e método cientifico. Legitimar suas priticas em termos de prinefpios suposta- mente universais ¢ ¢ Jo cientifico era, por tanto, uma preocupaciio permanente ~ frequentemente ao ponto da obsessio - dos profissionais que viam mais longe. NZIGER, 1990, p. 119). assim um conjunto de regras institueionaliza- das para regular e coordenar a atividade de seus profi de modo que estes contribuissem para, ou pelo menos nao pre judicassem, o projeto da disciplina. A Psicologia como um todo sempre teve dificuldade em chegar a um cons seus profi A imposigdo de uma’ sua base de conhecimento sem diivida ofereceu uma solugio para essa dificuldade: itens quantificados de conhecimento pa- Tecem néo ambiguos ¢ s de comandar 0 reconhecimento universal. Mas os psicdlogos comegam a confundir a realidade estatistica construida com a realidade psicologica (DANZIGER, contram, no desenvolviment mas mais simp répidas de avaliagées “objetivas” da personalidade, uma nova oportunidade de atuacio profissional. Ao longo da década de 1920 constata-se que vantadas a partir dos testes de inteligé expectativas que em torno deles se ¢1 predigdes le- ia nao atendem as altas ra. No sistema escolar, a principal area de aplicagao, os testes vinham apresentando algumas correlagées com o desempenho académico, mas nada que fosse muito impressionante (DANZIGER, 1990). A defasa- gem entre a predicao fundamentada nos resultados dos testes € odesempenho real logo dé origem a erenca de quea inteligéncia € apenas um dos determinantes do desempenho na vida real; seria necessario investigar outros determinantes existentes, compreendidos pelo nome genérico de “personalidade” ou “ca- rater”. A literatura da época mostra que essa é a opinido domi- nante; entretanto, como destaca Danziger, ninguém questiona os objetivos administrativos dos programas de testagem ou a sua metodologia fundamental. Assume-se como inquestiondvel que 0 objetivo dos testes é a predicdo do sucesso individual de acordo com critérios definidos em termos administrativos. Se ses instrumentos ainda ndo atendiam satisfatoriamente ae: expectativas, o problema nao estava na inadequacéo do método; 0 contrério, o dominio de aplicagao do método deveria m ser ampliado. Mas para oferecer predicdes mais fidedignas, os testes de inteligéncia precisavam ser complementados com me- didas de caracteristicas nao intelectuais que eles nao atingiam. ~ Considerando que determinadas tarefas socialmente defi- nidas podiam ser executadas com graus varidveis de éxito por diferentes individuos, os psiedlogos americanos adotam, mais uma vez, a quantificagao do desempenho. A partir da crenca de que as diferengas de desempenho diante de diferentes tarefas dependem de qualidades pessoais especificas, a predigao quanti- tativa do grau de éxito passa a ser automaticamente vineulada.a essas qualidades pessoais. De inieio as avaliacdes restringem-se ico, como aquelas feitas por Walter por ocasio da Primeira Guerra Mundial, ‘Maso modelo implicito de personalidade humana que psicslogos mo 90 tt usavam logo atrai a atengao de psiedlogos interes em desenvolver uma ciéncia natural das caracteristice universais de individuos human: de selecdo de pessoi um modelo se conjunto de qualidad observada entre individuc de grau 1s qualidades se manifestam sempre da m forma, independentemente do contexto; assim, é aveitdv tabelecer a partir do desempenho nas situagdes de avaliacdo, a predigéo de como elas se manifestarao nas situagoes-critério a.a qual a predicao é estabelecic O potencial desse modelo ndo demora aser reconhecido e plorado, levando os psicélogos americanosa redefinir o problema dit colégicas individuais em termos de comparagéio ia um padrao definido. As tarefas que mais se prestam & mensuracao das diferencas individuais nesse tido sao aquelas nas quais as res 0, inequivocamen adas. O desemp sssas tarefas pode ser amente expresso em termos aritméticos ~ um fi bastante usada no sistema educacional e que, gré ie Galton, levou a construgao de testes de inteligéncia onais, como vimos anteriormente neste livro. idos instrumente de seguindo o mod niente e potico oneroso dos testes de inteligéncia: no formate diam ser rapidamente administrados em grandes grupos de sujeitos e, mais importante, avaliados com lidade e “objetivamente”, uma vez que dispensavam qualquer contribu 2” por parte do avaliador. ‘A primeira avaliacao da personalidade em lépis e papel foi 0 formulirio de dados_pessoais (Personal Data Sheet, PDS), desenvolvido em 1917, por Robert S. Woodworth (1869-1962), com o objetivo de sclecionar reerutas americanos para o servigo militar na Primeira Guerra Mundial. Para identificar aquel que precisariam de aconselhamento psicolégico, Woodworth ‘etine uma lista de centenas de sintomas de traumas de guer- ra, coletados a partir de historieos de casos, e os organiza em um questiondirio. Sao 116 questoes simples, a ser respondid: com “sim”, “nao” ou “nao sei”, voltadas para a identificacto de aspectos como humor, moral, ansiedades, medos, que varias outr eas da personalidade neurtica”. © desenvolvimento do t da pela comparacéo dos resultados de universitarios “aj aos de pacientes, diagnosticados como neursticos. Os itens envolvem perguntas como “Vocé s sente cansado na maior parte do tempo?” “Algum membrod familia ¢ alcodlatra?” ou “Voce se sente inquieto ao atravessa uma rua larga ou uma praca aberta?” A guerra termina antes que o inventério possa ser aplieadio de modo abrangente, eo pré- prio Woodworth perde o interesse pelo instrumento. Entretanto, nutros au ‘am e passam a usé-lo amplamente em empresas, escolas e clinicas. O sucesso do inventario estimula varios outros testes de personalidade nas décadas de 1920 e 1930. No inicio da década Floyd Allport e Gordon Allport ofam uma abordagem multidimensional para a classificacdo e io da personalidade, com um conceito de personalida- de que abrange quatro dimensées: inteligéncia, temperamento, oexpressio e sociabilidade, A auto a0 6 subdividida nas dreas de extroversio-introversao, ascendéncia-submissio, p-reclusdo, compensacao-insight e autoavaliagéo. Em conjunto com testes de inteligéncia, essas dimensoes passam a ser medidas por meio de uma Escala de Classificacdo da Per nalidade. Cerca de uma década mais tarde, o instrumento evolu para o Teste Pe muito mais elaborado, Ao final da década de 1920, L. L. Thurstone e ‘Thelma Thurstone, do La- boratério de Psicologia da Uni Chicago, desenvolvem uma escala de personalidade de 223 itens para medi “tendéncias 60 inventirio de pe nvolvido por Robert nreuter, com bas que apresentou na Uni jidade de Stanford. O autor defende que o comportamento de um individuo em uma tnica situagdo pode ser ind de varios tragos. Para captar o que ele denoming “p dade integrada total”, cria a eseala eonhecida.como P-I composta de 125 questées extra autossuficié ibmissao emplo, um escor ;cala de neurose indica que a pessoa tem propensao A culpa e padece de timidez e sentimentos de inferioridade; resultados altos na escala introversio-extroversdo so ind{- cios de condigao neurdtica; um baixo resultado na escala de ascendéncia-submissao indica falta de autoconfianea e poues iniciativa para dirigir pessoas ou atividades (WARD, 2002 Ao longo da déeada de 1930, varias medidas de personalidade so criadas para avaliar, por e: ajustamento domést cial, emocional ede s Je Ajustamento de Bell 1985); personalidade inf lifornia Test of Person 1 mento de Humm e Wadsw ). Entretanto, o amplo uso dessas escalas encontra al ma resisténcia por parte dos que as consideram instrumentos pouco confidveis, seja pela possibilidade de oe seja pela pouca representatividade dos itens quanto ao universo jondem medir. Esse ceticismo diminui gradualmente no inicio da década de 1940, quando o psiedlogo Starke Hathaway © 0 neuropsiquiatra J. C. McKinley apresentam 0 Minnesota ultiphasic Personality Inventory (MMPI), um inventério eriado para medir a patologia da personalidade. 0 MMPI se tornaria, nas déeadas seguintes, o inventario de personalidade mais am- plamente usado nos EUA. Ele ajuda a estabelecer os testes de personalidade como parte-padréo da avaliagio, nio s6em clinicas e hospitais, como também em e tribunais e corpora: sua capacidade de Particularmente no contexto juridico, “0 MMPI frequentemente é visto como uma ‘teste ‘aha’ profissional objetiva que assegura uma, WARI Na década de 1940, os testes de personalidade, como os tes de inteligéncia, sio usados rotineiramente em rias empresas e instituicées nos Estados Unidos. Du a Segunda Guerra Mundial, so adotados para identificar “personalidades submissas” e “individuos potencialmente problematicos” pare cito, Na década de 1950, sao ado. 90, 28% das empresas ericanas usam testes de personalidade para av: cionari cutivos (WARD, 2002). Embora clinic 0 até hoje s psiedlogos am ¢ reformularam alguns dos conceitos centrais da prépria disciplina, remodelaram sua prépria organize politica e puderam ir muito além dos limites de suas ativide académicas e de seus laboraté ponto de vista, os test psicolégic: enharam vi des important © estabelecimento e a promocio do conhecimento psicol6gico e para a consolidagio da identidade onal dos psicélogos ne Estados Unidos ~ identidade que se disseminaré pelo mundo & medida que o pais emerge como poténcia no contexto global.

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