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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MARIA GABRIELA SANTOS RIBEIRO


AMANDA SOUSA RODRIGUES

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA-HIV: UM ESTUDO DE


CASO.

Teresina
Julho de 2022
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MARIA GABRIELA SANTOS RIBEIRO


AMANDA SOUSA RODRIGUES

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA-HIV: UM ESTUDO DE


CASO.

Estudo de caso apresentado à Coordenação do Curso de


Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí, em
cumprimento parcial das exigências para conclusão da
disciplina TRABALHO EM CAMPO - "Doenças
infecciosas".

Orientador: Prof. Dr. Mauro Roberto Biá da Silva

Teresina
Julho de 2022
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3

2 OBJETIVOS 4

3 METODOLOGIA 5

4 RESULTADOS 6

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8

REFERÊNCIAS 9
3

1 INTRODUÇÃO
Idosos são especialmente vulneráveis às ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) por se
autoexcluírem dos riscos e possuírem pouco conhecimento da temática. Autores reforçam que
ações educativas devem ser direcionadas para a desconstrução social do conhecimento de
idosos sobre o HIV/Aids, o que é visto por eles como um problema de saúde do outro. Creditar
o HIV/Aids a um problema de jovens deprecia a adoção de medidas preventivas, o que
influencia o aumento da susceptibilidade ao HIV. Além disso o desconhecimento sobre os
sintomas e supressão dos mesmos dificulta o diagnóstico precoce da doença (SOUSA, 2019).

No período de 2000 a 2018, foram registrados 222.205 óbitos por Aids no Brasil. Entre esses
óbitos, 580 (0,3%) não tinham informação de faixa etária, 40 (0,02%) não evidenciaram dados
referentes ao sexo, 13.709 (6,2%) se encontravam sem dado de raça/cor registrado e 19.065
(8,6%) não apresentavam registro de estado civil. No Brasil, os índices mais expressivos foram
verificados na faixa de 30 a 59 anos, observando-se recrudescimento entre aqueles com 60 anos
ou mais. Todavia, as tendências foram decrescentes nas faixas de 0 a 14 anos, 15 a 29 anos e
30 a 59 anos, e crescentes na faixa 60 anos ou mais. A mortalidade por HIV/Aids se caracteriza
como um evento complexo que é permeado por questões sociais que precisam ser incorporadas
às políticas e aos programas de resposta ao HIV/Aids diante da mudança desse cenário
(CUNHA, 2022).

O atual avanço do número de pessoas idosas infectadas pelo vírus da imunodeficiência


humana (HIV) representa um desafio aos profissionais de saúde, às políticas públicas e à
população em geral no que concerne à necessidade de discutir sexualidade, práticas sexuais
no processo de envelhecimento e o impacto dessas questões na promoção de saúde da pessoa
idosa (SILVA, 2015).

Em 2019 o Piauí apresentou 207 novos casos de HIV/AIDS, a incidência referente ao ano todo
foi de 6,32 novos casos/100.000 habitantes. A detecção de novos casos foi de maior incidência
para o público masculino onde totalizou 153 notificações correspondendo a 73,91% dos casos
(COSTA JÚNIOR, 2019).

Dentre os piores indicadores para HIV/Aids encontra-se a região nordeste, cenário este que vem
sofrendo mudanças nos seu perfil epidemiológico marcada por processos tais quais:
pauperização, envelhecimento, juvenização, heterossexualização, feminização e interiorização,
evidenciando que não são apenas determinados grupos, os quais podem ser considerados
vulneráveis ao HIV, ao passo que desmistifica a relação do vírus com a homossexualidade,
promiscuidade e outros estigmas que permeiam a doença (PIAUIENSE, 2018).

O diagnóstico de HIV/aids implica uma reorganização na maneira como se relacionam com


pessoas; no autocuidado; nas práticas sexuais; na realização de atividades cotidianas e nas
possibilidades de manterem sua participação em grupos sociais. Segundo estudos, os
pacientes relatam constrangimento, medo da rejeição e discriminação, experiências de
isolamento e preconceitos enfrentados. Com base nisso, pode-se concluir que a maioria dos
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problemas enfrentados pelos idosos está vinculada aos estigmas e estereótipos socialmente
construídos em relação à doença e aos esforços empreendidos pelos mesmos para manter o
diagnóstico em segredo (SILVA, 2015).

Os fatores associados à não adesão a terapia antirretroviral (TRV) são: desconhecimento


sobre carga viral e motivo do tratamento; bebida alcoólica; efeitos colaterais; coincidência
entre o horário de trabalho e o horário de ingestão de qualquer dose de medicamento; tempo
de assistência no Serviço; frequência de consultas; e necessidade de alguém que o leve ao
Serviço. Esses fatores implicam na saúde do paciente e estarão associados ao cuidar de si, de
modo a minimizar as possibilidades de adoecimento, e cuidar do outro, referindo-se ao
potencial de transmissão de infecção em nível coletivo (PADOIN, 2011).

Dessa forma, o profissional de saúde deve ser capacitado para realizar intervenções de saúde
votadas para o tratamento e educação permanente ao paciente com o vírus do HIV, sendo
capaz de aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem SAE, no que diz respeito a
observação e delimitação dos problemas do paciente, posteriormente elaboração de um plano
de intervenções, além delegação de tarefas a equipe de enfermagem para colocar em prática
as intervenções para posterior avaliação dos resultados esperados na evolução do paciente.
Com isso, consolidando o trabalho da equipe de enfermagem baseado em evidencias.
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2 OBJETIVOS

2.1 Geral
✓ Desenvolver o processo de enfermagem ao paciente diagnosticado com HIV.

2.2 Específicos
✓ Descrever o caso clínico de um paciente com HIV.
✓ Elaborar um plano de cuidado com base na SAE ao paciente com HIV.
✓ Implementar a sistemática de intervenções de enfermagem nos cuidados com o paciente.
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caso clínico descritivo, realizado com base na Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), durante o estágio de Trabalho em campo XIII da disciplina
de doenças infecciosas, no mês de julho de 2022 em um Hospital geral da cidade de Teresina-
PI, elaborado no contexto do acompanhamento de um paciente diagnosticado com o vírus da
imunodeficiência humana adquirida (HIV) e com o quadro de Rebaixamento do nível de
consciência. A coleta de dados foi realizada através da anamnese e entrevista com o
acompanhante do paciente. os Diagnósticos de Enfermagem foram extraídos da International
Nursing Diagnoses: Definitions & Classification (NANDA), com base nos dados clínicos da
paciente. De acordo com os diagnósticos elencados, estabeleceram-se as intervenções através
do Nursing Interventions Classification (NIC) para implementação dos cuidados ao paciente.
Como também, os Resultados esperados os quais foram eleitos conforme o Nursing Outcomes
Classification (NOC). Além disso, foi realizada uma busca nas bases de dados MEDLINE,
LILACS e BDENF, com os descritores: Idoso, HIV e AIDS para o desenvolvimento da
temática.

4 RESULTADOS

PROCESSO DE ENFERMAGEM

4.1 Histórico
F. S. F, sexo masculino, 65 anos de idade, cidade de origem Esperantina- Pi, casado há 45 anos,
possuí 4 filhos, reside em casa própria com esposa e um dos filhos. É aposentado, trabalha como
abatedor de carnes em uma granja, é etilista cônico e tabagista. Veio regulado do hospital de
Esperantina-PI, acompanhado do filho. Paciente foi diagnosticado com HIV + durante a
internação, sem tratamento prévio. A família é ciente do quadro. Evolui com perda de peso,
astenia, cefaleia e rebaixamento do nível de consciência (RNC). Paciente foi internado na UTI
e após estabilização do quadro foi transferido para ala E, adquiriu uma lesão por pressão estágio
II na região sacral durante a internação no serviço.
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4.2 Evolução
18/07/22 – 9h – Paciente no 25º DIH com diagnóstico de retrovirose (HIV) + sepse com foco
AE. Segue restrito ao leito com rebaixamento do nível de consciência, em estado de
obnubilação. Respirando AA, sem aporte de O2. Dieta por via oral com boa aceitação.
Eliminações fisiológicas espontâneas em fralda. Apresenta úlcera por pressão estágio 2 em
região sacral. Sono e repouso preservados.

4.3 Diagnósticos (NANDA), Intervenções (NIC) e Resultados Esperados (NOC) De


Enfermagem

DIAGNÓSTICO PRESCRIÇÕES RESULTADOS


Mobilidade física prejudicada 1. Identificar Manter em 5 ocorrências de
relacionada a diminuição da comportamentos e queda
força muscular e controle fatores que afetem o
muscular caracterizada por risco de quedas.
diminuição da amplitude de 2. Identificar
movimentos características
ambientais capazes de
aumentar o potencial
de quedas
3. Travar as rodas da
cadeira de rodas, da
cama ou maca durante
a transferência do
paciente
4. Colocar os objetos
pessoais ao alcance do
paciente.

Risco de comportamentos de 1. Orientar o paciente ou Espera-se que não aconteça


manutenção doméstica familiar sobre o uso comportamentos de manutenção
ineficazes relacionado a das medicações doméstica ineficazes
mobilidade física prejudicada e 2. Ensinar ao paciente
suporte social inadequado e/ou familiares a ação e
os efeitos adversos
esperados do
medicamento
3. Encorajar a
manutenção do contato
com os membros da
família
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4. Ensinar os planos de
cuidados médicos e de
enfermagem à família
5. Auxiliar cuidador a
adquirir
conhecimentos,
habilidades e
equipamentos
necessários para
manter a decisão sobre
os cuidados do
paciente
6. Explicar aos familiares
a necessidade de
manterem o cuidado
profissional de saúde,
conforme apropriado.
7. Ajudar os familiares a
identificar os serviços
de saúde e os recursos
na comunidade que
possam ser usados para
melhorar a condição de
saúde do paciente.

Comunicação verbal 1. Desenvolver formas Reconhecimento das mensagens


prejudicada evidenciada por especiais de recebidas 2/5 em 24 horas
capacidade de falar prejudicada comunicação, se
relacionada a percepção necessário.
alterada 336 2. Monitorar as
mensagens não verbais
do paciente

Risco de infecção relacionado a 1. Orientar o paciente e a Espera-se que o Paciente não


integridade da pele prejudicada família sobre os sinais apresente infecção
e imunossupressão e sintomas de infecção
e sobre o momento de
relatá-los ao
profissional de saúde.
2. Assegurar o emprego
da técnica adequada no
cuidado de feridas.
3. Promover a ingestão
nutricional adequada.

Lesão por pressão em adultos 1. Aplicar o curativo Tamanho reduzido da ferida de 1


relacionado a pressão sobre a apropriado ao tamanho / 4
proeminência óssea e e tipo da ferida,
diminuição da mobilidade conforme apropriado.
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evidenciada por rompimento na 2. Manter técnica


integridade da pele asséptica durante a
realização do curativo
3. ao cuidar da lesão,
conforme apropriado.
4. Trocar o curativo
conforme a quantidade
de exsudato e
drenagem.
5. Monitorar as
características da lesão,
inclusive drenagem,
cor, tamanho e odor.
6. Examinar a lesão a
cada troca de curativo.
7. Posicionar o paciente
de modo a evitar tensão
sobre a lesão,
conforme apropriado.
8. Orientar o paciente e a
família sobre
procedimentos de
cuidado com a lesão.
9. Orientar o paciente e a
família sobre sinais e
sintomas de infecção.
10. Posicionar a cada uma
a duas horas para evitar
pressão prolongada
Risco por Lesão por pressão em 1. Utilizar escala de Paciente não apresentará lesão
adulto relacionado a pressão Braden para monitorar
sobre a proeminência óssea e os riscos
diminuição da mobilidade 2. Monitorar o
física surgimento de áreas
avermelhadas
3. Mudar o decúbito a
cada três horas
4. Examinar a pele sobre
as saliências ósseas e
outros pontos de
pressão ao reposicionar
5. Manter limpa, seca e
sem rugas a roupa de
cama.
6. Monitorar surgimento
de fontes de pressão e
atrito
7. Orientar
familiar/cuidador
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sobre sinais de
degradação da pele
Risco de volume de fluido 1. Avaliar presença de Espera-se que o paciente não
desequilibrado relacionado a edema apresente volume de fluido
regime de tratamento 2. Administrar desequilibrado
medicação conforme
prescrição médica
3. Monitorar diurese
Risco do nível de glicose no 1. Monitorar os níveis de Espera-se que o paciente
sangue instável relacionado ao glicose sanguínea apresente níveis de glicose
regime de tratamento 2. Orientar paciente sobre estáveis
sinais e sintomas de
hipoglicemia
3. Administrar terapia
com insulina,
conforme apropriado

4.4 MEDICAMENTOS EM USO


MEDICAMENTO UNI/FRE VIA APRAZAMEN INDICAÇÕES
Q. TO
Furosemida 2 frascos EV ACM Edemas
10mg/ml
Paracetamol 1 cp. VO ACM Se febre,
200mg/ml (4/4h) alternar com
dipirona
Hidrocortisona 1 frasco EV 6h Manejo da
100mg (12/12h) 18h sepse
Insulina humana 1 frasco SC 6h Controle
NPH 100 UI/ml 2X ao dia 14h hiperglicemia
5UI às 6h
5UI ás
14h

Heparina 5000 1 frasco EV 6h Profilaxia


UI/ml (12/12h) 18h trombolítica
Sulfato ferroso 250 1cp VO 10h Suplementação
mg (12/12h) 22h de ferro
Ácido fólico 5mg 1cp. VO 10h Suplementação
1x ao dia vitamínica
Tenofovir + 1 cp VO 10h Terapia anti-
Lamivudina retroviral
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4.5 PLANO/ ORIENTAÇÕES DE ALTA


1. Identificar as necessidades de ensino do paciente e familiar para o cuidado após alta
2. Orientar paciente e família sobre ações e efeitos adversos dos medicamentos à serem
utilizados em domicílio
3. Orientar cuidados com o armazenamento das medicações e horários de administração
4. Orientar sinais e sintomas de complicações
5. Ensinar à pessoa ou familiar procedimentos de cuidado de ferimentos
6. Orientar o controle do uso do álcool e hábito tabagista
7. Ensinar e reforçar conceitos de uma boa nutrição com o paciente
8. Educar familiar sobre fatores de risco que contribuam para quedas e a forma de reduzir
esses riscos
9. Orientar o retorno para consultas de acompanhamento

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A terapia antirretroviral tem contribuído significativamente para a redução de mortes em


pessoas com HIV, no entanto, a incidência de internações ainda mantém números expressivos.
Nesse contexto, a assistência de enfermagem deve seguir um plano de gerenciamento de
cuidados, respaldado cientificamente, que atenda às necessidades do paciente contribuindo para
a estabilidade do seu quadro clínico.
A aplicação do Processo de Enfermagem torna-se um potente instrumento para organizar essa
assistência, uma vez que a sistemática aplicada permite a visualização do paciente por inteiro,
proporcionando julgamentos sobre as suas necessidades e direcionando cuidados específicos
para atendê-las.
As Classificações de Enfermagem muito contribuem para o fortalecimento do planejamento de
Enfermagem, facilitando a organização e sistematização das ações, apontando condutas a serem
adotadas e dando segurança e autonomia para o enfermeiro implementar os seus cuidados.
Dessa forma, a experiência vivenciada na aplicação do processo de Enfermagem, durante o
estágio de Enfermagem e Doenças Infecciosas, favoreceu o despertar de um senso crítico para
organização de cuidados prestados à pacientes com HIV, bem como fortaleceu a capacidade de
julgamentos acerca de diagnóstico e intervenções de enfermagem. Ademais, contribui para o
aprofundamento de conhecimentos científicos acerca da patologia abordada.
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REFERÊNCIAS
1. COSTA JÚNIOR, I. G, et al. Perfil epidemiológico HIV/AIDS no estado do Piauí em
2019. Revista Ciência Plural, v. 8, n. 1, p. e25682, 2022. Disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/25682/14880.

2. CUNHA, A. P, et al. Análise da tendência da mortalidade por HIV/AIDS segundo


características sociodemográficas no Brasil, 2000 a 2018. Revista Ciência & Saúde
Coletiva, v. 27, n. 3, p. 895-908, 2022. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232022000300895.
3. PADOIN, A. M. M, et al. Fatores associados a não adesão ao tratamento
antirretroviral em adultos acima de 50 anos portadores de HIV/AIDS. Revista
Brasileira de Doenças sexualmente transmissíveis, v. 23, n. 4, p. 194-197, 2011.
Disponível em: https://www.bjstd.org/revista/article/view/1023.
4. PIAUIENSE, J. N. F, et al. Epidemiologia da HIV/AIDS em teresina-pi: análise
retrospectiva. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 21, p. 07-12,
2018. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/download/25682/14880/.
5. SILVA, L. C, et al. Impacto psicossocial do diagnóstico de HIV/AIDS em idosos
atendidos em um serviço público de saúde. Revista Brasileira de geriatria e
gerontologia, v. 18, n. 4, p. 821-833, 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbgg/a/hQpQxrRmhXn7HBm84mcspxn/?format=pdf&lang=pt
.
6. SOUSA, L. R. M, et al. Social representations of HIV/AIDS by older people and the
interface with prevention. Rev Bras Enferm, v. 72, n. 5, p. 1129-36, 2019. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0748.
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