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Portugal, uma sociedade capitalista dependente

Regeneração
A Regeneração iniciou-se em 1851 e correspondeu ao período de consolidação do liberalismo.
• Em termos políticos, traduziu-se na pacificação das diferentes correntes políticas liberais.
• Estabilidade política através do rotativismo (alternância dos partidos políticos no
governo).
• Em termos económicos, na consolidação do capitalismo.
• No domínio social, na afirmação da burguesia enquanto classe dominante.
• Modernização do país.
Até à Regeneração, a prática económico-política varia entre o protecionismo e o livre-
cambismo, prevalecendo o primeiro. Contudo, as medidas protecionistas favorecem, em geral, a
grande indústria, tendendo a prejudicar os pequenos produtores.
Com a Regeneração, no período de 1853 a 1892, instala-se uma política de tendência livre-
cambista, conjugada pela proteção a determinadas indústrias ou produções agrícolas tidas
como cruciais.
A aplicação das teorias livre-cambistas tem duas fases: se, por um lado, obriga alguns setores
agrícolas e indústrias a dinamizarem-se para se adaptarem à concorrência feroz dos países
mais industrializados, leva, noutros setores, à desistência de investimentos.
Regeneração - consolidação do liberalismo e do capitalismo
Desenvolvimento das infraestruturas
• Associado à figura do ministro Fontes Pereira de Melo, ficou conhecido por fontismo.
• Impulsionou o desenvolvimento económico através da construção de infraestruturas,
dos transportes e das comunicações.
• Contribuiu para a modernização do país.
• Recorreu a empréstimos ao estrangeiro para colmatar a falta de capitais.
Atividade produtiva: progressos e fragilidades - Agricultura
• Aumentou a produção agrícola devido:
• À extinção dos morgadios.
• À desamortização dos bens das corporações e dos baldios.
• Ao desbravamento de terras.
• À introdução de adubos químicos.
• À divulgação de novos instrumentos agrícolas.
• À criação de associações agrícolas.
• À participação em feiras e exposições agrícolas.
• À publicação de guias práticos.
• À introdução de novas culturas.
• À expansão da vitivinicultura.
• Aumentou a dependência face ao mercado externo (para escoar a produção).
• Manteve-se a fraca procura dos produtos agrícolas nacionais ao mercado externo.
Atividade produtiva: fragilidades - Indústria
Manutenção do atraso estrutural devido:
• Fraca capacidade de exportação.
• Limite da expansão do mercado interno e fraca competitividade.
• Ausência de uma política protecionista eficaz.
• Falta de capitais e dependência ao exterior.
• Falta de mão de obra qualificada.
• Baixa produção.
• Concentração das unidades industriais em Lisboa e Porto.
• Ausência de recursos naturais (petróleo, gás, ouro, (...)).
Atividade produtiva: modernização - Indústria
• Adoção de medidas livre-cambistas para fomentar a entrada de matérias-primas.
• Adoção de medidas protecionistas em épocas de crise.
• Generalização da máquina de vapor.
• Surgimento de novas indústrias e de grandes companhias industriais.
• Aumento do número de operários.
• Participação em exposições industriais, o que favoreceu a introdução de tecnologia.
Necessidade de capitais e os mecanismos de dependência
• A construção das infraestruturas exigiu um financiamento avultado de que o país não
dispunha.
• Os governos foram obrigados a recorrer a medidas que possibilitassem obter o maior
número de receitas para poderem efetuar despesa e fazer face à insuficiência de
capitais.
• O aumento dos impostos foi o expediente mais utilizado pelos Governos para
arrecadarem receitas.
• O crescimento das receitas não foi suficiente para fazer face ao ritmo do aumento das
despesas.
• Houve necessidade de recorrer aos empréstimos (sobretudo no estrangeiro).
As remessas dos emigrantes, sobretudo do Brasil, foram insuficientes para colmatar o
desequilíbrio orçamental.
O recurso ao crédito era visto como uma forma de garantir o crecimento económico, através do
investimento em infraestruturas que, a longo prazo, reverteria em receitas para o reino e, assim,
permitia amortizar a dívida contraída.
A despesas não assumiram a rentabilidade desejada, o que obrigou a recorrer, continuamente,
ao crédito.
A bancarrota (situação que ocorre quando o país abre falência) era inevitável.
Entre a depressão e a expansão (1880-1914)
• A partir da segunda metade do século XIX, verifica-se um aumento lento e progressivo
da população ativa.
• As exportações crescem, reduzem-se as importações (através da produção nacional) e o
consumo aumenta.
• O país moderniza-se e integra-se nos circuitos mundiais de circulação de bens, capitais e
pessoas.
A crise financeira de 1880-90
• Durante a Regeneração, a crise de 1891-1892 foi a que mais afetou as condições de vida
dos trabalhadores.
Fatores de crise:
• Redução das exportações vinículas.
• Diminuição das remessas de emigrantes brasileiros.
• Dificuldades de acesso ao crédito, devido à crise de 1890, no principal banco inglês, que
emprestava dinheiro do Estado.
A crise instalou-se entre 1891 e 1892.
Consequências da crise
• Diminuição da circulação da moeda (O Estado vê-se obrigado a trocar o ouro por papel-
moeda cada vez mais desvalorizado).
• Aumento de impostos.
• Aumento do desemprego.
• Diminuição dos salários.
• Aumentos dos movimentos migratórios internos e externos.
• 1892: a crise gerou a bancarrota parcial quando diminuíram as remessas dos emigrantes
do Brasil.
A crise abalou o sistema político, provocando o descrédito da Monarquia.
Críticas ao Fontismo
• Grande endividamento externo.
• Dependência face ao estrangeiro.
• A construção de infraestruturas não corresponde às necessidades do país.
O surto industrial de final de século
• Investe-se na diversificação da produção industrial e no desenvolvimento das colónias
africanas com o objetivo de se criar um espaço económico próprio e mais
autossustentável.
• A crise económica provocou a adoção do protecionismo e a constituição de grandes
companhias industrias e de serviços com vista a promover o desenvolvimento industrial.
• Estas políticas económicas vão ter algum sucesso: a produção industrial diversifica-se e
aumenta.
• Este sucesso e desenvolvimento económico é feito às custas de uma dependência
externa em capitais e equipamentos.
A solução republicana e parlamentar
A Primeira República
O problema da sociedade portuguesa e a contestação da monarquia
• O período que se situa entre o fim da Regeneração é também o de crise financeira (o
Estado, frequentemente, à beira da bancarrota), de crise social e de crise política.
Fatores de consolidação da Monarquia Constitucional
Fatores políticos
• Esgotamento do rotativismo.
• Incapacidade dos partidos políticos e dos governos em resolver os problemas do país.
• Ascensão progressiva do Partido Repúblicano Português.
• Cedência da monarquia perante o Ultimato.
• Descrebilização da monarquia.
• Descontentamento com a ditadura de João Franco (filantropo que tinha conhecimento
e que era distinguido em várias áreas, como a botânica).
• Tentativas republicanas de derrube da monarquia.
Fatores económicos
• Défice elevado das finanças públicas.
• Endividamento do Estado.
• Dependência da economia nacional face ao estrangeiro.
• Questão dos adiantamentos à Casa Real provocou fortes protestos.
• Atraso do país face aos outros países europeus.
• Persistência de atrasos estruturais nos vários setores económicos.
• Aumento de impostos.
• Diminuição do poder de compra das classes médias.
Fatores sociais
• Descontentamento perante a cedência face a Inglaterra.
• Gastos exessivos do rei e da rainha.
• Limitação das liberdades individuais.
• Campanha republicana na imprensa para desacreditar a monarquia.
• Multiplicação das greves.
Medidas implementadas na Primeira República
Abolição das instituições e dos símbolos monárquicos e adoção dos símbolos
repúblicanos
• Os partidos monárquicos foram dissolvidos.
• A bandeira azul e branca foi substituída pela bandeira verde e vermelha.
• O hino da Carta foi subtituído pelo hino "A Portuguesa".
• O real deu lugar a uma nova moeda, o escudo.
Medidas no domínio civil e religioso
• Criação da lei dos divórcios; o casamento passou a ser um ato possível de ser
dissolvido.
• Criação do registo civil obrigatório para os casamentos, os nascimentos e os óbitos.
• Instituição da liberdade de imprensa.
• Liberdade de culto.
• Extinção das ordens religiosas.
Medidas educativas (domínio civil)
• Criação do ensino laico, obrigatório e gratuito, para as crianças a partir dos 7 anos.
• Criação de jardins-escola nos bairros de Lisboa e Porto para as crianças entre os 4 e os 7
anos.
• Surgimento de novas universidades (a de Lisboa, a do Porto, e o Instituto Superior
Técnico).
• Elevação das médico-cirúrgicas a faculdades de medicina.
Medidas na saúde e na assistência (domínio social)
• Criação da Direção-Geral da Saúde e dos hospitais civis de Lisboa.
• Criação de dispensários e sanatórios para assistência aos tuberculosos.
• Criação dos dispensiários materno-infantis.
Primeira República
Constituição de 1911
• Institui a República como regime político.
• Estabeleceu a separação de poderes.
• Consagrou os direitos e as liberdades individuais.
• Consagrou a igualdade jurídica.
• Institui um sistema bicamaral (o Congresso era formado pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado).
• O Presidente da República era eleito pelo Congresso, que podia destituí-lo.
• Consagração da liberdade religiosa e da laicização do Estado.
• Instaurou a supremacia do poder legislativo sobre o executivo.

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