Unidade e diversidade na sociedade oitocentista

Principais transformações no século XIX (sociedade de classes)

• A abolição da sociedade de ordens, baseada no privilégio do nascimento;
• A igualdade de cidadãos perante a lei;
• Desigualdades de natureza económica e política;
• O lugar de cada indivíduo na sociedade do século XIX era diferenciado:
• Com base na sua riqueza;
• No seu papel económico;
• Na função desempenhada;
• Nível de instrução.
• Os indivíduos pertenciam a classes sociais diferenciadas e a mobilidade social dependia
do mérito individual;
• Criou-se um novo tipo de sociedade: a sociedade de classes.
O século XIX correspondeu à afirmação da burguesia.
A burguesia não constituía um grupo homogéneo.
No topo da hierarquia, estava a alta burguesia:
• Era abastada, possuidora de grandes fortunas;
• Detinha o capital e os meios de produção (fábricas, empresas, propriedades).
No nível abaixo, estava a média burguesia e, abaixo, a pequena burguesia.
Composição da alta burguesia
• Grandes industriais e banqueiros;
• Grandes proprietários;
• Homens de negócio.
A alta burguesia formava um grupo poderoso e influente: na administração, na diplomacia e nas
magistraturas.
A alta burguesia ocupou um lugar de liderança na política e na sociedade.
Valores e comportamentos
• A burguesia distinguia-se pela fortuna, profissão, cultura, nível de estudos e pelo
sentimento de pertença a um grupo distinto na sociedade;
• A burguesia perpetuou-se como classe dominante com base na valorização da família;
• A alta burguesia exaltava o percurso de sucesso e de êxito, iniciado pelos antepassados,
através do esforço e do trabalho (self-made man). Aquele que nasce pobre e, através
do trabalho, audácia e oportunismo, sobe na escala social, passando de assalariado a
 patrão e, depois, a grande capitalista.
• A burguesia apoiou a cultura e a as artes, as atividades de lazer e a moda;
• Difundiu, na sociedade oitocentista, o gosto burguês.
A média e pequena burguesia
Fatores de proliferação das classes médias e do setor terciário
• As classes médias não pertenciam nem à alta burguesia, nem ao operariado;
• O setor terciário exigiu a constituição de um corpo de empregados e de funcionários
com diversas funções;
• O desenvolvimento dos cuidados de saúde e do ensino alargaram o setor terciário;
• O trabalho nos serviços dos escritórios das empresas industriais, dos bancos, do
comércio e a complexificação/burocratização do Estado levaram à criação de novas
profissões.
Composição
• Tinha poupanças do trabalho ou dos rendimentos de pequenos negócios;
• Desempenhava funções económicas ou administrativas;
• Profissões especializadas e profissões liberais (caracterizada pelo desempenho de uma
atividade independente, só possível através de anos de estudo);
• Os chamados "colarinhos brancos" (pequenos funcionários ou empregados de
escritório, encontram-se um grau acima do assalariado pobre).
Valores e comportamentos
• Constituía um grupo heterogéneo;
• Tinha uma fraca consciência de classe e interesses muito variados;
• Procurava seguir os valores e imitar as formas de vida da alta burguesia;
• Com o alojamento do direito do voto e do sufrágio universal masculino, este grupo social
passou a ter um papel mais destacado.
Condições de trabalho e vida do operariado
Condições de vida:
• Viviam em bairros operários nos subúrbios;
• Famílias amontoavam-se em pequenos espaços;
• As suas habitações eram insalubres, ou seja, não dispunham de condições de higiene,
sem esgotos e com problemas de abastecimento de água;
• Alimentação insuficiente;
• A miséria, o desemprego, a criminalidade e a prostituição faziam parte da realidade
operária.
Condições de trabalho:
• Recurso ao trabalho infantil e feminino;
• Baixos salários;
• Longas jornadas de trabalho (trabalhavam sem horas regulamentadas);
• Trabalhavam em espaços insalubres, sem condições e com poucas pausas;
• Estavam sujeitos a várias doenças (raquitismo, pneumonia, entre outras).
O movimento operário
• As más condições de trabalho e os baixos salários levaram ao surgimento de associações
destinadas a defender os interesses dos trabalhadores;
• Direito de associação surgiu primeiro em Inglaterra;
• O movimento operário fez das greves e das manifestações as formas de luta mais usuais
para pressionar o patronato;
• Procurou lutar por melhores salários: horários de trabalho regulamentados; estabilidade
no emprego; melhores condições de trabalho.
• O movimento operário internacionalizou-se, pois os problemas e os interesses do
operariado eram comuns em todo o mundo.
As propostas socialistas de transformação da sociedade
• Modelo revolucionário de transformação da sociedade;
• Defendia que a oposição entre o capital e o trabalho só podia acabar com recurso à
força;
• Era necessário abolir a propriedade privada e abolir o mercado;
• Através da revolução, o proletariado devia tomar o poder, impondo a ditadura do
proletariado;
• A ditadura do proletariado era uma etapa intermédia para alcançar a construção do
comunismo;
• No final, a sociedade não teria classes e os meios de produção estariam nas mãos dos
trabalhadores, deixando o Estado de ser necessário.
Associativismo e sindicalismo
• Formação de uma consciência de classe, perceção clara de que pertencem a um mesmo
grupo social e que a defesa dos direitos de cada um passa pela defesa dos direitos de
todos.
• Organização dos trabalhadores em sindicatos para lutarem:
• Por melhores salários e condições de trabalho;
• Pela estabilidade do emprego;
• Pela regulamentação do horário de trabalho.
 • Ação dos sindicatos:
• Através do recurso à greve, conquistaram direitos para os trabalhadores.
• O movimento operário ganhou dimensão internacional;
• Realização da I Internacional Operária, em 1866, em Genebra. Foi feito um
balanço favorável, tendo em apenas dois anos depois da sua fundação,
acolhido mais de uma centena de sindicatos e organizações políticas;
• A II Internacional foi formada em 1889, por iniciativa de Friedrich Engels, na
ocasião do Congresso Internacional de Paris, em que participaram delegações
de vinte países e que decidiu promover a realização de congressos
internacionais periodicamente. Pretende desenvolver ações de solidariedade
internacionais, com o objetivo principal de evitar guerras, consideradas como
servindo exclusivamente os interesses da burguesia, e para consertar as
ações de partidos e sindicatos, com os objetivos de obter o sufrágio universal
e investir na redução da jornada de trabalho.
Em 1889, no Congresso de Paris, com a formação da II Internacional ou
Internacional Socialista, pretendeu-se:
• Unir os vários partidos socialistas, que, entretanto, se haviam formado na Europa;
• Estabelecer o 1.º de Maio como o Dia Internacional da Solidariedade Operária (Dia
Internacional do Trabalhador);
• Iniciar a luta pela jornada de oito horas de trabalho;
• Realizar reuniões periódicas;
• Incentivar e apoiar a criação de partidos socialistas nos diferentes países.
As propostas socialistas de transformação revolucionária na sociedade
O socialismo, ideologia que surgiu na primeira metade do século XIX, criticava o
capitalismo e o liberalismo individualista, que considerava responsáveis pelas más
condições de trabalho e de vida do operariado.
Defende:
• A transformação da sociedade para eliminar as desigualdades e promover uma
maior justiça social.
Marxismo
Desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels.
• Defende a transformação revolucionária da sociedade;
• O sistema capitalista era criticado na obra "Manifesto do Partido Comunista" de Karl
Marx e Engels;
• No "Manifesto Comunista", Karl Marx e Friedrich Engels expressaram a ideia de que os
lucros do trabalho devem pertencer aos trabalhadores.
• Defendem que o proletariado deve unir-se para derrubar o sistema capitalista;
• Karl Marx e Friedrich Engels defendem que o proletariado devia destruir o sistema
capitalista e a propriedade privada dos meios de produção;
• Defende a ideia da luta de classes que opõe a burguesia e o operariado, o qual deve
somar o poder pela força, com vista a implementar o comunismo: ditadura do
operariado.
• Defende a apropriação dos meios de produção por parte do proletariado: coletivização
dos meios de produção.
• Foi a base doutrinária do movimento operário.