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PARECER JURÍDICO
I – RELATÓRIO
Em primeiro lugar, extrai-se dos depoimentos que tanto Aline, quanto
Marcos, assumem que viviam em uma relação poligâmica e que desta relação
provém um filho, o qual é biologicamente de Aline e Marcos. Ademais, retira-se
em comum dos depoimentos que Marcos foi quem decidiu romper a relação e
sair de casa, e que a partir deste momento, Aline assume uma relação
monogâmica com Daniel.
Além disso, não possuímos a versão de Daniel, terceira pessoa da
relação poligâmica, e tampouco do filho Pedro, portanto nos basearemos
unicamente nos depoimentos de Aline e Marcos.
A partir desta análise pretende-se resolver a questão da guarda de
Pedro, filho biológico do relacionamento entre Aline e Marcos, se lhe é de
direito o fornecimento de alimento, e se em caso positivo, de quem é a
obrigação de prover.
II – FUNDAMENTAÇÃO
A partir da observação dos dois depoimentos e inicialmente utilizando-
nos da Lei nº 6 da Sexta Tábua entendemos que a Aline é posse de Marcos, já
que a partir da ótica legislativa romana “a mulher que residir durante um ano
em casa de um homem, como fora sua esposa, será adquirida por este
homem e cairá sob o seu poder, salvo se se ausentar da casa por três noites”,
logo é Marcos quem detém poder sobre Aline e sobre a residência.
Além disso, depreendemos do depoimento de Aline que foi Marcos
quem levou Daniel para dentro de casa e que era complacente com a relação,
ou seja, nenhuma das partes apresentara queixa diante da situação
anteriormente. Portanto, é possível aplicarmos a Lei nº 10 da Segunda Tábua,
a qual afirma que “se alguém se conformar com um furto, que a ação seja
considerada extinta” e já que havíamos alcançado o raciocínio de Aline ser um
objeto posse de Marcos, então, ele se exima de reclamar a situação. Por
último, temos a Lei nº 8 da Primeira Tábua, que diz “se as partes entrarem em
acordo em caminho, a causa estará encerra.”, isto é, se Marcos era
complacente com a situação e Daniel não procurou ocupar o comando da
família, entendemos que se mantém a estrutura familiar padrão de Marcos
ocupar o papel de pater, detendo posse de Aline e do filho Pedro, e Daniel
sendo um amante autorizado temporariamente por Marcos.
III - CONCLUSÃO
Dessa forma, concluímos que a guarda de Pedro deverá
obrigatoriamente manter-se com o pater Marcos, visto que ele detém sua
posse a partir da legislação exposta. Ademais, o filho Pedro não possui direito
a alimentação, visto que o entendimento romano era de que ele se
assemelhava a um objeto, podendo inclusive ser vendido ou morto
dependendo da vontade do pater.