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livro “A guide to musical analysis de Nicholas Cook” (Paginas 22 a 25): As outras decisées [analiticas] que mencionei foram: em quantos acordes a misica deve ser segmentada e quais séo eles. (...) usaremos a introducio lenta da Sonata Patética (op. 13) como ilustraggo (ver figura abaixo). Desta vez, decidir a tonalidade ¢ facil (46 menor}, mas quais acordes ciframos? O que nao se deve fazer cifrar cada acorde a medida em que eles aparecem — por exemplo, dizendo que o primeiro compasso consiste em dois acordes |, seguidos por um V5, seguido por outro |, seguido por... Bem, qual é 0 préximo acorde? € um acorde de sétima diminuta: como analisamos isso em relagio & tonica? A maneira usual seria dizer que ele esté funcionando como uma espécie de V° de V, ou seja, como uma espécie de Ré maior. Mas tente tocar como um acorde de Ré, substituindo o Mib por um Ré, e vocé veré que © efeito musical é bastante desperdicado. Por outro lado, se vocé substituir 0 acorde diminuido por um IS (toque um Sol na mao esquerda), ver que a musica funciona muito melhor. Por que isso? E porque 0 acorde diminuido nao é realmente um acorde estrutural. E uma formagio de apojaturas mailtiplas que leva ao V, com o qual a frase termina; & por isso que é perfeitamente correto substitui-lo por um Is (que é, em esséncia, apenas uma apojatura dupla do V). No entanto, se vocé alterd-lo para um V/V, vocé obtém um acorde extra que soa como estrutural e & isso que obstrui o movimento harménico. E se vocé insistir em aplicar algum rétulo harménico ao acorde diminuido, entdo serd essa versio entupida da misica da qual vocé esta falando, no a de Beethoven. (...). Questdes como esta inevitavelmente surgem se vocé tentar entrar em muitos detalhes usando algarismos romanos. Se vocé analisa tudo, do ponto de vista harménico, acaba com uma série imponente de cifras, mas sem uma ideia clara de como a miisica funciona; e uma andlise que nao simplifica a miisica para voce ¢ realmente uma completa perda de tempo. Afinal, ndo ha virtude neste tipo de reducao: apenas no tipo de reducdo que torna aparente algo que nao era aparente anteriormente. Mas como os algarismos romanos podem ser usados para esclarecer a introdugdo da Patética? A resposta é que vocé precisa se afastar da miisica e analisar cada frase como um todo, ao invés de comecar do inicio e ir distribuindo rétulos um a um até chegar ao fim. Em vez disso, pergunte-se de onde sai cada frase e para onde vai: em outras palavras, observe a estrutura cadencial. As duas primeiras frases (compassos 1-2) formam um par, passando de 1a Ve de volta aI. A terceira frase (compassos 3-4) parece estar indo para V, mas se desvia da sua rota e cadencia - com um padrdo II-V-I — no Ill, © relativo maior. A musica retorna a ténica menor, primeiro com uma cadéncia interrompida (compasso 9) e depois com uma cadéncia II-V-|, cujo acorde final é o inicio do Allegro. Pelo menos temos uma anélise agora. Dissemos que certos acordes sao essenciais e omitimos todo o resto por nao serem to essenciais. Por exemplo, omitimos 0 acordes enfétticos que abrangem os compassos 6 e 7, ¢ isso é absolutamente correto, porque esses acordes realmente ndo tém nenhuma func3o harménica. Toque-os e pergunte-se para onde a musica esta indo. Vocé descobriré que eles no implicam nenhum movimento cadencial definido. Eles estdo dentro de um bloco sustentado por uma harmonia de sétima diminuta, que dura desde o Ultimo tempo do compasso 5 até © segundo tempo do compasso 8; eles nao fazem parte de uma progresso maior. Portanto, omiti-los representa uma percep¢do analitica, Grave Piano acaba TAMegro

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